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~ 1 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII PATOLOGIA DIGESTÓRIA PATOLOGIA DO ESÔFAGO Paciente característico refere história de refluxo na anamnese. Esôfago de Barret O esôfago de Barrett é uma complicação de DRGE crônica caracterizada por metaplasia intestinal dentro da mucosa escamosa esofágica. Mudança do epitélio escamoso estratificado por epitélio metaplásico colunar. Fatores de risco do Esôfago de Barret: o História de refluxo gastroesofágico o Obesidade – devido alterações do esfíncter gastroesofagiano e diafragma o Sexo masculino o Idade o História familiar o Tabagismo Os homens brancos são acometidos com mais frequência e, normalmente, apresentam-se entre 40-60 anos de idade. A maior preocupação no esôfago de Barrett é que ele confere risco aumentado de adenocarcinoma de esôfago. Paciente que tem potencial para adenocarcinoma esofagiano – deve ser pesquisado. A quantidade de ácido, a característica do pH (quanto mais ácido, mais agressivo) e o tempo que a doença vem acometendo o esôfago. Adenocarcinoma de esôfago – sempre relacionado com a metaplasia colunar. Paciente com esôfago de Barret tem potencial para evoluir para um carcinoma. Morfologia: O esôfago de Barrett é reconhecido por via endoscópica como línguas ou placas de mucosa vermelha aveludada que se estendem para cima a partir da junção gastroesofágica. Essa mucosa metaplásica alterna com mucosa lisa residual, escamosa, pálida (esofágica) proximalmente e faz interface com mucosa colunar marrom-claro (gástrica) distalmente. O diagnóstico do esôfago de Barrett requer endoscopia e biópsia, geralmente motivadas por sintomas de DRGE. Câncer de esôfago Duas variantes morfológicas são responsáveis pela maioria dos cânceres de esôfago: adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas. Fatores associados com o câncer de esôfago: Câncer de células escamosas/epidermoide/ espinocelular: ~ 2 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII ▪ Falta de vitamina A – vit A é protetora de mucosa e epitélio ▪ Fumo ▪ Alcoolismo crônico ▪ Alimentos muito condimentados e defumados ▪ Alimentos muito quentes ▪ Falta de vitamina A, C, riboflavina ▪ Síndrome de Pummer-Vinson ▪ Doença celíaca Adenocarcinoma: ▪ Esôfago de Barret ▪ Tabagismo ▪ Sexo masculino ▪ Obesidade A neoplasia mais frequente do câncer de esôfago é o carcinoma escamoso espinocelular, que pode se apresentar em qualquer altura do esôfago; o mais acometido é o terço médio, seguido do inferior e depois o superior. Carcinoma de esôfago: Disseminação: ▪ Contiguidade ▪ Via linfática ▪ Via hematogênica ▪ Intramural Por ser muito agressiva, às vezes não dá nem tempo do câncer metastizar. ADENOCARCINOMA TERÇO INFERIOR, PADRÃO ANULAR E ESTENOSANTE. Geralmente surge em um fundo de esôfago de Barrett e DRGE de longa data. O risco de adenocarcinoma é maior em pacientes com displasia documentada e ainda maior pelo uso de tabaco, obesidade e radioterapia anterior. Por outro lado, o risco reduzido de adenocarcinoma está associado a dietas ricas em frutas e vegetais frescos. Ocorre mais frequentemente em brancos e mostra um viés de gênero forte, sendo sete vezes mais comum em homens que em mulheres. A progressão do esôfago de Barrett para adenocarcinoma ocorre ao longo de um período prolongado através da aquisição gradual de alterações genéticas e epigenéticas. Alterações genéticas adicionais e inflamação também são consideradas contribuintes de progressão neoplásica. O adenocarcinoma de esôfago geralmente ocorre no terço distal do esôfago e pode invadir a cárdia gástrica adjacente. Embora lesões precoces possam aparecer como placas planas ou elevadas na mucosa íntegra em outros aspectos, os tumores podem formar grandes massas exofíticas, infiltrar difusamente ou ulcerar e invadir profundamente. No exame microscópico, o esôfago de Barrett frequentemente está presente adjacente ao tumor. Os tumores tipicamente produzem mucina e formam glândulas. Manifestam-se mais comumente com dor ou dificuldade para engolir, perda de peso progressiva, dor torácica ou vômitos. Quando os sinais e sintomas aparecem, o tumor geralmente já se espalhou para os vasos linfáticos submucosos. Como resultado da fase avançada ao diagnóstico, a taxa de sobrevida global em cinco anos é inferior a 25%. CARCINOMA EPIDERMÓIDE TERÇO MÉDIO, PADRÃO PROTUSO ULCERADO. O carcinoma de células escamosas de esôfago tipicamente ocorre em adultos com mais de 45 anos de idade e acomete os homens quatro vezes ~ 3 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII mais frequentemente que as mulheres. É quase seis vezes mais comum em afro-americanos do que em brancos. Metade dos carcinomas de células escamosas ocorre no terço médio do esôfago. O carcinoma de células escamosas começa como uma lesão in situ na forma de displasia escamosa. As lesões iniciais aparecem como espessamentos semelhantes a placas pequenas, branco- acinzentadas. Durante meses a anos, elas crescem em massas tumorais que podem ser polipoides e projetam-se para dentro da luz, obstruindo-a. Outros tumores são lesões ulceradas ou difusamente infiltradas que se espalham pela parede do esôfago, onde causam espessamento, rigidez e estreitamento luminal. Esses cânceres podem invadir estruturas adjacentes, incluindo a árvore respiratória, causando pneumonia; a aorta, provocando sangria catastrófica; ou o mediastino e pericárdio. A maioria dos carcinomas espinocelulares é moderadamente a bem diferenciados. As variantes histológicas menos comuns incluem carcinoma espinocelular verrucoso, carcinoma de células fusiformes e carcinoma de células escamosas basaloide. Independentemente do tipo histológico, os tumores sintomáticos geralmente são muito grandes no momento do diagnóstico e já invadiram a parede do esôfago. A rede linfática submucosa rica promove disseminação circunferential e longitudinal, e nódulos tumorais intramurais podem estar presentes vários centímetros de distância da massa principal. Os locais de metástases linfonodais variam de acordo com a localização do tumor: cânceres no terço superior do esôfago favorecem linfonodos cervicais; aqueles no terço médio favorecem linfonodos do mediastino, paratraqueais e traqueobrônquicos; aqueles no terço inferior disseminam para os gástricos e celíacos. As manifestações clínicas do carcinoma de células escamosas do esôfago começam de maneira insidiosa e inclui disfagia, odinofagia (dor à deglutição) e obstrução. Tal como acontece com outras formas de obstrução esofágica, os pacientes podem involuntariamente adaptar-se à obstrução progressivamente crescente, alterando a sua dieta de alimentos sólidos para alimentos líquidos. A perda de peso extrema e a debilitação resultam tanto da nutrição deficiente como dos efeitos do tumor em si. Hemorragia e sepse podem acompanhar a ulceração do tumor. PATOLOGIA DO ESTÔMAGO O estômago é dividido em quatro grandes regiões anatômicas: cárdia, fundo, corpo e antro. A cárdia está revestida principalmente por células foveolares secretoras de mucina que formam glândulas superficiais. As glândulas antrais são semelhantes, mas também contêm células endócrinas, como células G, que liberam gastrina para estimular a secreção de ácido luminal pelas células parietais dentro do fundo gástrico e do corpo. As glândulas bem desenvolvidas do corpo e fundo também contêm células principais que produzem e secretam enzimas digestivas como a pepsina. Gastrite O fator para as patologias gástricas é a bactéria H. pylori. Geralmente quando presente provoca gastrite. Locais recomendados para a coleta do material: Após endoscopia o médico deve fazer biópsia e devem ser retirados 5 fragmentos:2 do corpo, 2 do antro e 1 da incisura. Nesses locais estão localizadas a atrofia, a metaplasia intestinal e a ~ 4 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII displasia. A mucosa pode apresentar-se aparentemente normal e apresentar alguma intercorrência, por isso deve-se realizar a biópsia. GASTRITE CRÔNICA Presença de alterações inflamatórias mucosas crônicas que levam a atrofia e metaplasia intestinal da mucosa, geralmente na ausência de erosões, constituindo uma base para o desenvolvimento de carcinoma gástrico. Náuseas e desconforto abdominal superior podem ocorrer, às vezes com vômitos, mas hematêmese é incomum. Etiologia: o Helicobacter pylori (causa mais comum, infecção desse bacilo). o Álcool o Fumo o Quimioterapia o Pós-cirurgia o Irradiação Obs.: A gastrite autoimune, a causa mais comum de gastrite atrófica, representa menos de 10% dos casos de gastrite crônica e é a forma mais comum de gastrite crônica em pacientes sem infecção pelo H. pylori. Morfologia: Mucosa aplana, adelgaçada Mucosa avermelhada, irregular, pregas grosseiramente enrugadas. Atrofia: o Helicobacter pylori o Gastrite auto-imune Metaplasia intestinal: o Glândulas de intestino delgado e colônico Displasia Diagnóstico: o Manifestações clínicas o Endoscopia o Biópsia (diagnostico definitivo) – o endoscopista não pode definir só pela imagem endoscópica, a biopsia é obrigatória. Os pacientes com gastrite por H. pylori geralmente melhoram após o tratamento, embora possam ocorrer recidivas após erradicação incompleta ou reinfecção. Úlcera Péptica DUP: doença ulcerosa péptica Lesões crônicas, geralmente solitárias que ocorrem em qualquer local do trato gastrointestinal que esteja exposto à ação agressiva dos sucos pépticos ácidos. Obs.: pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal exposto a sucos gástricos ácidos, mas é mais comum no antro gástrico e primeira porção do duodeno. A hiperacidez gástrica é fundamental para a patogenia da doença ulcerosa péptica. A acidez que impulsiona a DUP pode ser causada por infecção por H. pylori, hiperplasia de células parietais, respostas secretórias excessivas ou inibição prejudicada de mecanismos estimuladores, como a liberação de gastrina. Fatores de risco: o H. pylori o AINEs o Fatores genéticos o Consumo de cafeína o Obesidade o Consumo de álcool o Tabagismo A infecção por H. pylori e o uso de AINEs são as principais causas subjacentes da doença ulcerosa péptica (DUP). Os desequilíbrios de defesas das mucosas e as forças prejudiciais que causam gastrite crônica também são responsáveis pela DUP. Assim, a DUP geralmente se desenvolve em um fundo de gastrite crônica. Macroscopia: 80% das úlceras são solitárias. Lesões de 2-3 cm, arredondadas, ovais e delimitadas; Bordas ligeiramente elevadas. Menos frequente ~ 5 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Lesões de menos de 0,3 cm de diâmetro tendem a ser superficiais, enquanto aquelas com mais de 0,6 cm apresentam probabilidade de ser mais profundas. Complicações: Sangramento – podendo evoluir para hemorragia digestiva alta; Perfuração; Úlcera duodenal penetrando em pâncreas – 3ª complicação mais importante; Pouco frequente, mas pode acontecer: fibrose e contratura da parede gástrica. A perfuração é uma complicação que requer intervenção cirúrgica de emergência. Diagnóstico: Pesquisa para presença do HP: o Endoscopia e biopsia o Teste da uréase o Antígenos fecais o Testes sorológicos de anticorpos anti-HP13 Neoplasias gástricas Benignas: o Adenoma o Tumor de estroma benigno Malignas: o Adenocarcinoma gástrico distal o Carcinoma difuso o Linfoma o Sarcoma Fatores associados: o H. pylori o Tabagismo o Comidas industrializadas e deficiência de comidas in natura o Fatores genéticos o Fatores pré-disponentes: gastrite crônica, anemia, metaplasia intestinal, pólipos adenomatosos gástricos >2 cm, displasia epitelial gástrica, úlcera peptídica crônica). Carcinoma gástrico: ~ 6 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Distribuição do carcinoma gástrico nas subdivisões anatômicas do estômago: Classificação: 1. Padrão de crescimento – qual aspecto que apresenta 2. Profundidade 3. Subtipo histológico – se é profundo, superficial, precoce ou avançado. Tipos de câncer gástricos: O último é o mais agressivo por acometer toda a parede gástrica. Cânceres gástricos difusos exibem um padrão de crescimento infiltrativo e são compostos por células desconexas com vacúolos grandes de mucina que ampliam o citoplasma e empurram o núcleo para a periferia, criando uma morfologia de célula de anel em sinete. Essas células permeiam a mucosa da parede do estômago individualmente ou em pequenos grupos. Uma massa pode ser difícil de avaliar no câncer gástrico difuso, mas esses tumores infiltrativos geralmente evocam uma reação desmoplásica que enrijece a parede gástrica e pode causar achatamento rugal difuso e uma parede rígida e espessa que confere aparência de “garrafa de couro” denominada linite plástica. CARCINOMA GÁSTRICO PRECOCE Invasão confinada à mucosa ou submucosa, sem considerar presença de metástase para linfonodos regionais. ~ 7 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Não invade lâmina própria Excelente prognóstico Sobrevida: cinco anos (90% após tratamento cirúrgico, endoscópico). O câncer gástrico precoce inclui três subtipos: tipo I (polipoide), tipo IIa (elevado em menos de 5 mm), tipo IIb (superficial sem elevação), tipo IIc (depressão inferior a 1,5 cm), tipo III (ulcerado). O tratamento padrão-ouro é cirúrgico, mas certos subgrupos de pacientes podem ser curados apenas com a ressecção endoscópica. CARCINOMA GÁSTRICO AVANÇADO Classificação de Borrmann RESIDÊNCIA I. Vegetante/ polipoide/ fungoide – lesão é bem demarcada com áreas de tecido normal em toda a sua volta; II. Ulcerado – margens bem demarcadas e nenhuma infiltração. III. Ulcerado e infiltrante – com margens rasas e pouco definidas; geralmente há infiltração da submucosa, muscular própria e serosa. Esta é a apresentação mais comum do câncer gástrico. IV. Infiltrante; linite plástica: » Acomete toda a parede do estomago, deixando a parede espessada, de consistência inelástica e coriácea. As pregas ficam achatadas ou obliteradas. » Reação desmoplásica (linite plástica) – muito agressiva. Características microscópicas: o Metaplasia intestinal o Adenocarcinoma (+90% das neoplasias gástricas) – variedade mais frequente. o Pode ser mucoprodutor e apresentar células em anel de sinete; o Apresentar diferentes graus de diferenciação o Desmoplasia (Borrmann tipo IV) Células em anel de sinete: células secretoras de mucina. Muco ocupa quase todo o citoplasma claro e o núcleo fica direcionado na periferia e achatado. Classificação de Laurén para o carcinoma gástrico: o Carcinoma gástrico tipo intestinal o Carcinoma gástrico tipo difuso ~ 8 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII A classificação de Lauren para o adenocarcinoma gástrico o diferencia histologicamente em dois subtipos: (1) intestinal; e (2) difuso. O subtipo intestinal é um tumor bem diferenciado, com formação de estruturas glandulares (tal como o adenocarcinoma de cólon, explicando a nomenclatura “intestinal”). Este subtipo é o mais comum no Brasil e em outros países com alta incidência de Ca gástrico predominando em homens (2:1), idade média em torno de 55-60 anos, e manifestando-se como lesões expansivas, polipoides e ulceradas na endoscopia, mais comumente encontrado no estômago distal. Sua disseminação é quase sempre hematogênica. Osubtipo difuso é um tumor indiferenciado sem formações glandulares,apresentando as famosas células em anel de sinete (acúmulo de muco no citoplasma deslocando o núcleo para a periferia). É um tumor “infiltrativo”, manifestando-se na endoscopia com úlceras infiltradas ou linite plástica (infiltração difusa do órgão). Acomete mais o estômago proximal (cárdia) e tem prognóstico pior que o subtipo intestinal (maior probabilidade de metástases precoces, inclusive com disseminação intraperitoneal). Incide igualmente em ambos os sexos e a idade média de apresentação é mais precoce (em torno dos 40-48 anos). Sua disseminação se faz mais comumente por contiguidade (transmural) e ~ 9 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII pela via linfogênica (metástases nodais). Possui relação com o tipo sanguíneo A e existem relatos de casos familiares. Metástases: Linfonodos regionais Fígado Pulmões Ovários – tumor de Krukenberg: tumor metastático de ovário de característica mucinosa RESIDÊNCIA Avaliação diagnóstica 1. Manifestações clínicas não são características 2. Endoscopia digestiva alta e biópsia: » Pacientes com mais de 45 anos e dispepsia de início recente se pensa em carcinoma gástrico e faz a endoscopia com biópsia » Pacientes com úlcera gástrica suspeitas fazer endoscopia e biópsia. » Pacientes com sintomas de dispepsia associados a sintomas de alarme (emagrecimento anorexia, disfagia, sangramento digestivo e anemia). 3. Planejamento cirúrgico » TC: estadiamento » US endoscópico: avalia profundidade de invasão, linfonodomegalias perigástricas (permite diferenciar tumores precoces de avançados) » PET scan » Laparoscopia 4. Marcadores tumorais – NÃO ajudam no câncer precoce CEA: câncer avançado, recidiva (45-50%) CA 19-9: no câncer (40-60%); Sulfoglicoproteina fetal antigência (97%). Obs.: O adenocarcinoma gástrico envia metástases para o fígado, pulmão e principalmente para o peritônio. Os sintomas decorrentes das metástases são os mais variados e dependem evidentemente do local em questão: tosse (metástase pulmonar); icterícia somada à dor no quadrante superior direito (metástase hepática); ascite (metástase peritoneal) etc. As alterações no exame físico que denotam doença avançada incluem massa abdominal palpável (20% dos casos), linfonodo supraclavicular esquerdo palpável (linfonodo de Virchow), linfonodo periumbilical palpável (linfonodo da irmã Maria José), metástase peritoneal palpável pelo toque retal (prateleira de Blumer), massa ovariana palpável (tumor de Krukenberg), hepatomegalia, ascite, icterícia e caquexia. Diversas síndromes paraneoplásicas podem preceder a detecção de um tumor subjacente ‒ são exemplos: 1. Tromboflebite migratória superficial (Síndrome de Trouseau) 2. Ceratose seborrêica difusa (Sinal de Leser- Trelat) 3. Acantose nigricans – lesão cutânea elevada e hiperpigmentada, que atinge principalmente as superfícies flexoras do corpo. 4. Síndrome nefrótica (nefropatia membranosa). ESTUDAR: Gastrite aguda Refluxo gastroesofágico Tumor do estroma gastrointestinal (GIST) – está caindo muito na residência. ~ 10 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII PATOLOGIA DO INTESTINO Tumores intestinais Pólipos não neoplásicos o Pólipos hiperplásicos – geralmente não evoluem para neoplasia. Lesões epiteliais neoplásicas: o Pólipos benignos: adenomas o Lesões malignas: adenocarcinomas Outras neoplasias: o Linfomas o GIST o Tumor carcinoide Carcinoma colorretal O câncer colorretal é, na maioria das vezes (95% dos casos), o adenocarcinoma, derivado do epitélio glandular colônico (criptas). Geralmente paciente com câncer de colorretal apresenta: o 50 anos o Acomete igualmente homens e mulheres; câncer de reto predomina no sexo masculino; o 98% intestino grosso o 70-75% reto, retosigmóide, cólon sigmóide o Começo “in situ” o Sintomas relativamente precoces Fatores de risco: 1. Não modificáveis: o Idade o História familiar da doença (principalmente de familiar de primeiro grau) o História pessoal (aumento de recidiva) o Presença de pólipos no cólon e no reto o Doenças inflamatórias (colite ulcerativa, doença de Crohn); o Síndrome de Lynch o História familiar de pólipos adenomatosos 2. Modificáveis: o Álcool o Tabagismo o Obesidade o Consumo abundante de carne vermelha/ processadas o Dieta pobre em fibras, frutas e vegetais. EMBRIOGÊNESE!!!! O câncer se mostra diferente, pois embriologicamente, o cólon direito é diferente do esquerdo, se mostram como dois órgãos distintos, ~ 11 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII pois embriologicamente, surgem de forma diferente. Manifestações clínicas: o Quadrante inferior esquerdo o Desconforto abdominal, cólicas o Mudança do hábito intestinal (diarreias em alternância com constipação) – isso acontece, pois o tumor cresce para dentro da luz do intestino, obstruindo-o. o Obstrução intestinal o Sangramento oculto – passagem das fezes pela superfície do tumor pode causar o sangramento. o Crescimento anular, envolvente, construtivo, estenosante, em forma de “argola de guardanapo” o Crescimento ao longo da circunferência, infiltrando a parede rapidamente o Causando a estenose luminal A capacidade infiltrante desse carcinoma faz com que o carcinoma de cólon esquerdo seja mais precoce que do direto. Obs.: fecaloma só cólon esquerdo. Manifestações clínicas: o Sangramento precoce o Sangramento oculto o Anemia por deficiência de ferro o Fraqueza o Mal-estar o O carcinoma de cólon direito não consegue obstruir as alças direitas do intestino, pois são alças largas, com diâmetro grande. o O crescimento desse carcinoma é de forma fungóide, exofítico, protuberante, vegetante, polipoide. o Geralmente em pacientes com mais de 65 anos e tem mais chances dos linfonodos das áreas loco regionais mais acometidos que o do cólon esquerdo. o Sempre tem pior prognóstico, por ser silencioso e as manifestações e sintomas serem raros. Quando se apresentam clinicamente, tem um prognóstico muito ruim. Variedades histopatológicas: Adenocarcinomas Adenocarcinoma mucoprodutores – variedade histopatológica mais frequente e de pior prognóstico. Apresenta células em anel de sinete. A mucina abre espaço, com isso o tumor consegue invadir e colonizar mais facilmente. Obs.: Embora padrões histológicos pouco diferenciados e mucinosos estejam associados a pior prognóstico, os dois fatores prognósticos mais importantes são profundidade de invasão e presença ou ausência de metástases linfonodais. A invasão na muscular própria significa sobrevida significativamente reduzida, que é diminuída ~ 12 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII ainda mais pela presença de metástases linfonodais. Disseminação e metástases Extensão direita a estruturas adjacentes: o Parede intestinal o Peritônio Invasão de perineural Metástases: o Linfonodos regionais o Fígado o Pulmões o Ossos o Cérebros Diagnóstico: o Exame físico e anamnese o Toque retal o Sangue oculto o Marcadores tumorais plasmáticos: CEA o Retosigmoidoscopia e biopsia o Imagenologia (contraste) o Tomografia, RMN o Marcadores tumorais teciduais: ˲ CEA ˲ CA 242, CA 19-9, CA72-4 ˲ Citoqueratinas ˲ P53 – obrigatório realizar ˲ VEGF Adenocarcinoma de cólon – imagem em –argola de guardanapo– Adenocarcinoma de cólon direito: crescimento exofítico Prognóstico: o Extensão do envolvimento intestinal: obstrução o Presença, ausência de infiltração para linfonodos locais, distantes o Extensão vascular extramural, linfática e perineural o Neoplasias pouco diferenciadas, indiferenciadas, mucoprodutoraso T4/perfuração o Poucos linfonodos dissecados o Expressão genético-molecular o CEA sérico: recidiva/recorrência; pouca resposta ao tratamento. ~ 13 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Doença diverticular ou Diverticulose Distúrbio adquirido no qual a mucosa e a submucosa herniam através da camada muscular própria do intestino grosso. Evaginações saculares do cólon, principalmente do retosigmóide (90-95%) Pacientes com mais de 60 anos, devido à fragilidade da camada muscular da parede do intestino grosso. Divertículos do cólon são evaginações pequenas, semelhantes a frascos, geralmente de 0,5-1 cm de diâmetro, que ocorrem em distribuição regular entre as taeniae coli. Patogenia » Focos de fraqueza muscular da parede colónica » Aumento da pressão intraluminal » Motilidade desordenada do cólon » Herniações da mucosa e submucosa em pontos de fraqueza muscular Os divertículos colônicos tendem a desenvolver-se sob condições de elevada pressão intraluminal no cólon sigmoide. Isso é facilitado pela estrutura única da camada muscular própria do cólon, onde os nervos, os vasos retos arteriais e as suas bainhas de tecido conjuntivo penetram o revestimento interior do músculo circular criando descontinuidades na parede do músculo. Em outras partes do intestino, essas lacunas são reforçadas pela camada longitudinal externa da muscular própria, mas no cólon essa camada muscular é descontínua, sendo reunida em três faixas denominadas taeniae coli. Altas pressões luminais podem ser geradas por contrações peristálticas exageradas, com sequestração espasmódica dos segmentos intestinais que podem ser exacerbados por dietas de baixo teor de fibra, o que reduz o volume das fezes. A obstrução dos divertículos leva a alterações inflamatórias, produzindo diverticulite e peridiverticulite. Como a parede do divertículo é suportada apenas pela muscular da mucosa e uma fina camada de tecido adiposo subseroso, inflamação e aumento da pressão dentro de um divertículo obstruído pode levar a perfuração. Com ou sem perfuração, diverticulite recorrente pode causar colite segmentar, espessamento fibrótico na parede do cólon e em torno dela ou formação de estenose. A perfuração pode levar à formação de abscessos pericolônicos, desenvolvimento de tratos sinusais e, ocasionalmente, peritonite. Fatores predisponentes: o Qualquer evento que compromete a motilidade do intestino o Baixa ingesta de água o Dieta com baixo teor de fibras o Aumento da pressão intraluminal o Diminuição da elasticidade do tecido conjuntivo intestinal Manifestações clínicas: o 80% dos pacientes são assintomáticos ao longo da vida; 20% desenvolvem queixas como: cólicas intermitentes, desconforto abdominal inferior contínuo, obstipação e diarreia. o Sangramento crônico (mínimo, intermitente, maciço). o Alterações inflamatórias agudas (febre, leucocitose). o Inflamação crônica: massa palpável em forma de linguiça no quadrante inferior esquerdo. Pacientes sintomáticos: ▪ Refere desconforto no abdome inferior continuo ou cólica ▪ Distensão abdominal ▪ Sensação de esvaziamento incompleto do reto ▪ Alternância de constipação/diarreia – mudança do hábito intestinal ▪ Macroscopia Maioria (90-95%) se apresenta no retosigmóide ~ 14 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII São projeções esféricas, alargadas (0,5-1 cm de diâmetro), ao largo das tênias do cólon. Consistência elástica Compressivas e facilmente esvaziáveis do conteúdo fecal Mucosa revela abertura arredondada que pode conter fezes. Microscopia Parede fina, composta por: o Mucosa atrófica o Submucosa comprimida o Muscular diminuída ou ausente o Reação inflamatória inespecífica o Fibrose Complicações o Diverticulite – processo inflamatório da mucosa do divertículo que pode sangrar o Perfuração o Fibrose da parede vizinha ao divertículo o Propagação da inflamação/infecção: Formação de abscessos peri-cólicos Fistulas Peritonite pélvica, generalizada. PATOLOGIA DO APÊNDICE Apendicite aguda Epidemiologia: Pico 10-30 anos Raro nos extremos etários Prevalência discreta no sexo masculino Abdome agudo (em crianças, adolescentes e adultos jovens). Fisiopatologia Obstrução luminal por: o Hiperplasia linfoide: crianças (60%) o Fecalitos: adultos (35%) o Corpos estranhos: sementes, fibras vegetais. o Vermes: Enterobius, Ascaris o Neoplasias: apêndice, ceco, metástases. Ocorre obstrução do lúmen Proliferação bacteriana Secreção ativa de muco Distensão do lúmen: aumento da pressão intraluminal Obstrução venosa e linfática Inflamação aguda: edema, isquemia, necrose, perfuração; Bloqueio pelo omento: peritonite localizada, abscesso, plastrão (95%) Não bloqueio: peritonite difusa (5%) Acredita-se que a apendicite aguda seja iniciada por aumentos progressivos da pressão intraluminal, que comprometem o fluxo venoso. Em 50-80% dos casos, a apendicite aguda está associada a obstrução luminal evidente, geralmente por uma massa de fezes pequena, semelhante a uma pedra, ou fecalito, ou, menos comumente, um cálculo biliar, tumor ou massa de vermes. Lesão isquêmica e estase de conteúdo luminal, que favorecem a proliferação bacteriana, desencadeiam respostas inflamatórias que incluem edema do tecido e infiltração neutrofílica da luz, parede muscular e tecidos moles periapendiceais. 4 tipos de apendicite aguda: o Supurativa: extensão até a serosa; o Catarral: intraluminal, mucosa; o Gangrenosa: trombose venosa, isquemia da borda antimesentérica; o Perfurativa: 90% por fecalito; rompe-se o apêndice. Na apendicite aguda precoce, vasos subserosos estão congestionados, e um modesto infiltrado neutrofílico perivascular está presente em todas as camadas da parede. A reação inflamatória transforma a serosa normal, brilhante, em uma superfície eritematosa embaçada, de aparência granular. Embora neutrófilos da mucosa e ulceração superficial focal frequentemente estejam presentes, esses achados não são ~ 15 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII específicos, e o diagnóstico de apendicite aguda requer infiltração neutrofílica da muscular própria. Em casos mais graves, abscessos focais podem formar-se dentro da parede (apendicite supurativa aguda) e podem até evoluir para grandes áreas de úlcera hemorrágica e necrose gangrenosa que se estende para a serosa, criando apendicite gangrenosa aguda, que muitas vezes é seguida por ruptura e peritonite supurativa. Quadro clínico TRÍADE DE MURPHY o Dor em fossa ilíaca direita o Náuseas ou vômitos o Febre Tipicamente, a apendicite aguda precoce produz dor periumbilical que finalmente localiza-se no quadrante inferior direito, acompanhada de vômitos, náuseas, febre baixa e discreto aumento na contagem de leucócitos periféricos. Um achado físico clássico é o sinal de McBurney, sensibilidade profunda observada em um local a dois terços da distância do umbigo até a coluna ilíaca anterossuperior direita (ponto de McBurney). Esses sinais e sintomas muitas vezes estão ausentes, no entanto, criando dificuldade para o diagnóstico clínico. Um dos achados mais precoces é a hipersensibilidade cutânea no quadrante inferior direito, percebida quando realizamos pinçamento da pele com o polegar e o indicador. Microscopia Inflamação aguda Dilatação, congestão vascular parietal; Exsudato fibrinopurulento; Neutrófilos infiltrando a serosa e a camada muscular. Inflamação aguda: a presença de neutrófilos entre as células musculares lisas é essencial para o diagnostico histológico de apendicite. Complicações o Gangrena e perfuração o Infecção de parede: frequente o Abscesso abdominal o Abscesso hepático e pileflebiteo Fistulas: ˲ Necrose e perfuração da parede do ceco ˲ Neoplasia ˲ Necrose por abscesso o Óbito Obs.: A perfuração do apêndice apresenta-se com dois quadros clínicos distintos: perfuração bloqueada, com formação de abscesso periapendicular, ou perfuração para o peritônio livre, com peritonite generalizada. No primeiro caso, o paciente pode se encontrar oligossintomático, queixando-se de algum desconforto em fossa ilíaca direita. Pode haver massa palpável (plastrão). No segundo caso, a dor abdominal é de grande intensidade e difusa, com presença de abdome em tábua (rigidez generalizada). Nestes casos a temperatura encontra-se muito elevada (39°C a 40°C), e o paciente pode evoluir para sepse. Diagnóstico o Manifestações clínicas o Exame clínico o Exames de laboratório: leucocitose o Radiografia simples do abdome o USG abdominal o Laparoscopia ~ 16 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Obs.: Sinais importantes que podem ser encontrados: BLUMBERG – descompressão dolorosa indicando irritação peritoneal. ROVSING – dor na fossa ilíaca direita quando se comprime a fossa ilíaca esquerda. LAPINSKY – dor à compressão da fossa ilíaca direita enquanto o paciente eleva o membro inferior esticado. LENANDER – diferencial das temperaturas axilar e retal maior do que um grau (isto é, a temperatura retal encontra-se mais elevada do que comumente é, quando comparada com a axilar). SINAL DO PSOAS – dor à extensão da coxa direita seguida de sua abdução, com o paciente deitado sobre o seu lado esquerdo. SINAL DO OBTURADOR – dor em região hipogástrica ao realizar a rotação interna e passiva da coxa direita flexionada com o paciente em decúbito dorsal. ESTUDAR: Adenomas Pólipos PATOLOGIA hepática Principais causas: ◈ Hepatite viral ◈ Hepatite alcoólica ◈ Hepatite crônica ativa ◈ Cirrose ◈ Hepatocarcinoma Avaliação da função hepática: Proteínas totais Albumina Gama GT (GGT) Aspartato aminotransferase (AST, TGO) Alanino aminotrasferase (ALT, TGP) Fofatase alcalina Bilirrubina total Bilirrubina direta Coagulograma Achado laboratorial mais sensível e específico sugestivo de cirrose no conjunto das doenças hepáticas crônicas: PLAQUETOPENIA <150.000/mm³ Hipertensão portal, hiperesplenismo. Fígado produz trombopoetina – se o fígado está cirrótico, produzirá pouca trombopoetina, logo a síntese de plaquetas também ficará diminuída e por isso a plaquetopenia é o principal achado para diagnosticar doenças hepáticas crônicas. A doença hepática pode ou não apresentar ictérica, depende do momento e do tempo da doença. Essa icterícia por originar uma colestase. Colestase Síndrome resultante do deficiente fluxo de bile para o duodeno de causa intra-hepática e extra- hepática (icterícia obstrutiva/mecânica). Classificação: 1. Extra-hepática a. Carcinoma de cabeça de pâncreas b. Cabeça de dutos extra-hepáticos 2. Intra-hepática a. Hepatites b. Infiltrações c. Carcinoma primário de fígado d. Carcinoma secundário de fígado e. Cirrose Histopatologia: Bilirrubinostase intracelular, intraductal e no interior dos ductos biliares. Ductos biliares neoformados Formação de cilindros e tampões biliares Infiltrado de neutrófilos periductais, diretamente no epitélio e luz do ducto biliar – vai depender do grau a patologia de base que está provocando essa síndrome. Uma doença que pode ser resultado da colestase é a hepatite. Hepatites Doença inflamatória e infecciosa do parênquima hepático Etiologia: Infecções virais (mais frequente) Ingestão abusiva de bebidas alcoolicas Fármaco, agentes químicos hepatotóxicos Autoimune – cria anticorpos contra os hepatócitos Infecções bacterianas, fúngicas e por protozoários. ~ 17 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Toda hepatite obrigatoriamente passa por uma fase aguda. Hepatite aguda Infiltrado inflamatório mononuclear ao redor da veia porta – linfocitoplasmocitário; Parênquima pode apresentar extensas áreas de necrose – se tratar, o parênquima volta ao seu estado normal, caso não for tratado, não se regenera. Outro detalhe histológico seriam os hepatócitos balonizados; Também estão presentes as colestases intra e extra-hepatocítica; Obs.: sintoma pródromo (que antecede) a uma hepatite, principalmente viral tipo A – paciente fumante que passa a ter nojo do fumo. Não se sabe o porquê, mas essa característica pode acontecer. HEPATITE A Transmissão oro-fecal É uma hepatite branda (geralmente benigna), que pode evoluir para uma hepatite fulminante aguda, e levar o paciente a morte. Período de incubação de 2-5 semanas (em média, 28 dias). Hepatite B, C, D e G evoluem para cronicidade ⟶ sem cura; da hepatite pode evoluir pra cirrose e posteriormente morte (insuficiência ou hepatocarcinoma). Hepatite B e C ⟶ mais comuns na população mundial e principais causas de insuficiência e descompensação hepática. HEPATITE B Período de incubação: 6 semanas – 6 meses (12 semanas); Via de transmissão: percutânea ou permucosa; Tem evolução crônica com melhoras, devido o tratamento, mas é uma doença crônica. Se não tratar o paciente morre. Paciente infectado com a hepatite B quando criança ⟶ mais de 90% dos pacientes desenvolve a cronicidade da doença. Da hepatite crônica o paciente pode evoluir para carcinoma hepático (4-6%) ⟶ pode evoluir para morte; e cirrose (30%). Da cirrose o paciente pode, ainda, evoluir para insuficiência hepática e terminar em morte. ~ 18 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII História natural da Hepatite B: Biópsia dos hepatócitos: Observa-se o citoplasma em aspecto de vidro fosco/vidro despolido (HBsAgs – antígeno de superfície) – indica que o paciente está infectado pelo vírus de hepatite B e que o vírus se encontra no citoplasma dos hepatócitos. Quando se observa núcleos em aspecto de areia (HBcAgs) – indica que o patógeno está no núcleo e o paciente está infectado com hepatite B. Núcleo e citoplasma podem estar envolvidos ao mesmo tempo, ou apenas um dos dois. O vírus da hepatite B pode produzir: ▫ Hepatite aguda com resolução e desaparecimento do vírus ▫ Hepatite fulminante com necrose hepática maciça ▫ Hepatite crônica não progressiva ▫ Hepatite crônica progressiva, em alguns casos culminando em cirrose ▫ Estado de portador assintomático HEPATITE C Período de incubação longo de 6-7 semanas como média; 15-180 dias; Doença aguda assintomática, leve – mais incidente; É uma doença crônica; Quando o paciente está apresentando sintomas é porque já está na cronicidade. Causas: Desconhecidas: nasocomial, iatrogênica e perinatal. Drogas injetáveis (60%), sexual (15%), transfusão (10%), ocupacional (4%). Pacientes com hepatite C: procurar também hepatite B, HIV e tuberculose – pacientes “promíscuos”, outras doenças infecciosas podem estar presentes. São 3 doenças virais e uma doença bacteriana que sempre se apresentam juntas (pacientes imunodeprimidos). ~ 19 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII História natural: Detalhes da biópsia hepática: Agregados linfóides (HCV) e áreas de esteatose hepática. Hepatite crônica Evidência sintomática, bioquímica, sorológica de doença hepática continuada ou recidivando durante mais de 6 meses com inflamação e necrose histologicamente documentadas. Características histológicas comuns: dano hepático irreversível = FIBROSE (deve estar presente obrigatoriamente). A etiologia, e não o padrão histopatológico, é o indicador mais importante da probabilidade de desenvolvimentode hepatite crônica progressiva. Em particular, o HCV é reconhecido por causar hepatite crônica que evolui para cirrose, independentemente das características histológicas encontradas na avaliação inicial. Fatores promotores de progressão ou severidade: ▫ Alto consumo de bebidas alcoólicas ▫ + 40 anos no momento da infecção ▫ Co-infecção com HIV ▫ Co-infecção crônica com HBV ▫ Sexo masculino ▫ Obesidade ▫ Esteatose hepática 4 fases: Fase 1: fibrose periportal; Fase 2: septos fibróticos; Fase 3: septos fibróticos envolvendo maior quantidade do parênquima; Fase 4: envolve nódulos de hepatócitos Pseudolóbulo: septos fibrosos, infiltrado inflamatório crônico. Cirrose hepática Processo difuso caracterizado por fibrose e pela conversão da arquitetura hepática normal em nódulos estruturados anormais. Suas principais características por definição não são focais, mas envolvem a maioria (se não todo) o fígado afetado e incluem: septos fibrosos e nódulos parenquimatosos. Estágio terminal (fase 4) de hepatopatia crônica que reflete lesão hepática e é IRREVERSÍVEL (fase 3 já é irreversível). Quando o paciente apresenta cirrose, vai a óbito devido a descompensacão hepática ou hepatocarcinoma que se desenvolve a partir da cirrose. Etiologia: ▫ Hepatite alcoólica ▫ Hepatite viral crônica ▫ Criptogênica – causa desconhecida (15%) Fator desencadeante: Injúrias das células de Kuppfer (macrófagos residentes): ↑ secreção de citocinas inflamatórias – resposta inflamatória exacerbada Célula de Ito (semelhante às células mesangiais, que estão ao redor dos ductos dos sinusóides e permitem a compressão e liberação da bile): Síntese de colágeno As citocinas fazem com que as células de Ito se transformem em miofribroblastos, que vão contrair, diminuindo o diâmetro dos espaços sinusoidais. ~ 20 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Hipertensão portal intra-hepática Capilarização dos sinusóides e perda das fenestrações: Perda das trocas gasosas entre o sangue e hepatócitos. CIRROSE ALCOÓLICA Cirrose hepática é um diagnóstico anatomopatológico. Três processos são essenciais para a patogenia da cirrose: morte dos hepatócitos, deposição de matriz extracelular e reorganização vascular. As alterações no tecido conjuntivo e na matriz extracelular (MEC) são comuns a todas as formas de cirrose. ~ 21 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Autópsia: Macroscopia: o Fígado contraído o Peso menos de 1 kg o Superfície deformada o Nódulos irregulares, de diferentes tamanhos. o Feixes de tecido fibroso (colágeno) de largura variável separam os nódulos. Obs.: paciente com cirrose e com fígado aumentado de tamanho – tem câncer associado, pois fígado com cirrose NÃO AUMENTA DE TAMANHO. Histopatologia: nódulos de hepatócitos em regeneração circundados de faixas de fibrose. CIRROSE MICRONODULAR: Nódulos pequenos menores que 3 mm Corresponde à cirrose alcoólica (paciente alcoólico) ou começo de evolução da cirrose. CIRROSE MACRONODULAR: Nódulos grandes, maiores que 3 mm Corresponde a hepatite crônica viral ou regeneração sustentada de cirrose micronobular – prestar atenção na história clínica do paciente. Todas as formas de cirrose podem ser clinicamente silenciosas. Quando os sintomas aparecem, são tipicamente inespecíficos e incluem anorexia, perda de peso, fraqueza e, na doença avançada, debilitação franca. Insuficiência hepática incipiente ou manifesta pode desenvolver-se, usualmente precipitada pela carga metabólica imposta ao fígado, como pela infecção sistêmica ou hemorragia gastrointestinal. A maioria dos casos de cirrose fatal envolve um dos seguintes mecanismos: ▫ Insuficiência hepática progressiva ▫ Complicação relacionada com hipertensão portal ▫ Desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. Paciente em fase final de cirrose: Perda de panículo adiposo Caquético Atrofia testicular Varizes esofágicas Paciente pode evoluir para: Insuficiência hepática irreversível Carcinoma hepatocelular E morte. Única solução seria o transplante hepático. Resumo: As três principais características da cirrose são: (1) comprometimento da maior parte ou de todo o fígado, (2) pontes de septos fibrosos e (3) nódulos parenquimatosos contendo um misto de hepatócitos senescentes e replicativos (frequentemente derivados de células progenitoras). A cirrose geralmente é um processo final que pode ter sido originado de múltiplas causas. As mais frequentes são hepatite crônica B e C, e esteato-hepatite não alcoólica. As menos frequentes são doenças autoimunes e biliares, e condições metabólicas, como a hemocromatose. As principais complicações da cirrose estão relacionadas com diminuição da função hepática, hipertensão portal e aumento do risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. Hepatocarcinoma o Tumor maligno que deriva dos hepatócitos o 90% desenvolvem-se na cirrose o Sexo masculino ~ 22 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII o Alta mortalidade o Pouco frequente antes do 60 anos o 5ª causa de óbito por neoplasia maligna no sexo masculino e 7ª nas mulheres. Fatores de risco: o Hepatite C viral crônica o Alcoolismo o Hepatite B crônica Paciente sem nenhum antecedente e sem nenhuma dessas doenças – suspeitar de ANTICONCPCIONAIS, em mulheres. Risco menor, mas se a mulher não apresenta nenhuma das outras alterações suspeitar dos anticoncepcionais. Todo epitélio que se renova constantemente tem maiores chances de desenvolver neoplasias – como no fígado: nódulos de regeneração. Macroscopia: Tumor unifocal, volumoso e maciço Nódulos multifocais Difuso Infiltrante Borda hepática irregular. Hepatomegalia com massa palpável – fígado aumentado de tamanho devido tumor ser grande de 2000-4000g Massas branco-amareladas, esverdeadas (neoplasias bem diferenciadas por secretar bile); Áreas de necrose e hemorragia- crescimento rápido do tumor Invasão dos canais vasculares Patogênese do carcinoma: Transformação Nódulo regenerativo Nódulo displásico Carcinoma Historia natural: Microscopia: Hepatite de base Características da cirrose hepática Diferentes graus de diferenciação Necrose Hemorragias ~ 23 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Apesar do conhecimento detalhado sobre os agentes etiológicos do CHC, a patogenia do tumor permanece incerta. Na maioria dos casos, ele se desenvolve a partir de nódulos displásicos de alto grau com pequenas células em fígados cirróticos. Esses nódulos podem ser monoclonais e conter aberrações cromossômicas similares àquelas vistas no CHC. A célula de origem do CHC é um tópico de grande discussão. Acredita-se que os tumores se originam tanto de hepatócitos quanto de células progenitoras (chamadas de células ductulares ou ovais). A distinção entre nódulos displásicos de alto grau e um CHC inicial é difícil mesmo em biópsias porque não há marcadores moleculares específicos para esses estágios. Um critério importante é a vascularização do nódulo, que é quase sempre uma indicação clara de malignidade. Uma característica quase universal do carcinoma hepatocelular é a presença de anomalias cromossômicas estruturais e numéricas, um indicativo de instabilidade genômica. A origem precisa da instabilidade genômica nesse tumor não é conhecida, mas vários fatores parecem ser importantes: Inflamação e regeneração, vistos em todas as formas de hepatite crônica, são tidos como os principais contribuintes para as mutações adquiridas no DNA genômico. Mutações adquiridas em oncogenes específicos(como b-catenina) e supressores de tumor (TP53) contribuem para descontrolar o crescimento e, assim, aumentar a instabilidade genômica. Os defeitos adquiridos no reparo do DNA, particularmente aqueles adquiridos no sistema de reparo de quebras da dupla fita, também perpetuam danos no DNA e podem causar defeitos cromossômicos. A capacidade tumorigênica do vírus da hepatite provavelmente se relaciona primariamente à sua capacidade de causar inflamação crônica e à proliferação celular aumentada. Diagnóstico: Anamnese, exame físico. Exames complementares Seguimento de paciente de risco Exames complementares: Hemograma – para ver as plaquetas Enzimas hepáticas Bilirrubinas Tempo de protrombina Eletroforese de proteínas α-fetoproteína Análise do líquido ascítico Ultrassom abdominal (doppler), TC, RNM Endoscopia digestiva alta – devido a ocorrência de varizes e hipertensão porta Biópsia hepática; Obs: dosagem de alfafetoproteina - é um fator prognóstico do tumor, ate 30% de CHC a α- fetoproteína se mostra norma e pode estar elevada em outras patologias, como em tumores embrionários. Diagnóstico precoce: ▫ Portadores de VHB e VHC ▫ Cirróticos (qualquer etiologia) ▫ Doenças metabólicas ▫ USG + dosagem de AFP (3-6 meses/sintomas); PATOLOGIA DO PÂNCREAS Tumores periampulares: Câncer do pâncreas Câncer da papila de Vater Câncer do colédoco distal Adenocarcinoma duodenal Câncer de pâncreas ADENOCARCINOMA DUCTAL INFILTRANTE DO PÂNCREAS 4ª causa de neoplasia tanto em homens como em mulheres. Surge a partir do pâncreas exócrino, no epitélio ductal e acinos. Ocorre na 6ª e 8ª década de vida Diagnóstico histológico mais frequente é o adenocarcinoma ductal pancreático e a taxa de mortalidade de 100% (3-6 meses após o diagnóstico). Fatores de risco/ Etiologia: Tabagismo – influencia externa mais forte Obesidade H. pylori Diabetes mellito Carcinógenos químicos: hidrocarbonetos policíclicos, nitrosaminas; Alta ingestão de gorduras e café Pancreatite crônica MUTAÇÕES GENÉTEICAS: K-ras, DPC-4 PROVA ~ 24 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII O KRAS é o oncogene mais frequentemente alterado no câncer pancreático e é ativado por uma mutação pontual em 80-90% dos casos. A mutação prejudica a atividade intrínseca GTPase da proteína Kras para que ela esteja constitutivamente ativa. Em troca, o Kras ativa uma série de vias sinalizantes intracelulares (genes “efetores KRAS”) que promovem a carcinogênese. Fatores hereditários Câncer muito agressivo ⟶ o câncer não chega nem a metastizar, pois o paciente morre antes. Diagnóstico: Não tem diagnostico precoce. Quando o paciente apresenta clínica já está em doença avançada. Perda de peso ponderal – pensar em câncer de pulmão e câncer de cabeça de pâncreas. Prurido está presente em todas as doenças que tem relação com a bile. SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS: Síndrome de Trousseau: tromboflebite migratória (10% dos pacientes) – migração as áreas corporais. Sinal de Courvoisier-Terrier: icterícia e vesícula biliar distendida e palpável. Tipicamente, os carcinomas do pâncreas permanecem silenciosos até que sua extensão afete outras estruturas. O primeiro sintoma é geralmente a dor, mas, nessa altura, esses cânceres frequentemente já não têm cura. A icterícia obstrutiva pode estar associada aos carcinomas na cabeça do pâncreas, mas raramente chama a atenção para o câncer a tempo de uma intervenção oportuna. Perda de peso, anorexia, mal-estar generalizado e fraqueza são manifestações da doença em seu estágio avançado. O curso clínico do carcinoma pancreático é rapidamente progressivo e aflitivamente breve. Autópsia: Macroscopia: Vai depender do momento do diagnóstico e também da localização do tumor: Massa de margens pouco definidas, homogênea, castanho-esbranquiçada e aspecto denso, fibrótico. Hemorragias dependem da angiogênese e mitose do tumor; Infiltração, invasão do duodeno, ducto biliar, ducto comum e ampola de Vater; Distensão da vesícula biliar Colestase. ~ 25 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Microscopia: Adenocarcinoma ductal pouco diferenciado: podem ser mucinosos ou não. Invasão a linfáticos A vasta maioria dos carcinomas é de adenocarcinomas ductais, assemelhando-se, até certo ponto, ao epitélio ductal normal, com formação de glândulas e secreção de mucina. Dois traços caracterizam o câncer pancreático: ele é altamente invasivo (mesmo os cânceres pancreáticos invasivos em estágio inicial invadem extensivamente os tecidos peripancreáticos) e induz uma intensa reação não neoplásica do hospedeiro composta por fibroblastos, linfócitos e matriz extracelular (resposta desmoplásica). Colecistite aguda Tem caráter obstrutivo Obstáculo mecânico ao esvaziamento da vesícula biliar Litíase biliar Obstrução do infundíbulo da vesícula ou ducto cístico (90% dos casos); Infecção pode sobrevir como complicação. Pacientes com colecistite aguda: 4 Fs: female, forty, fat, fertile História da colelitíase Antecedentes de cólica biliar COLELITÍASE: Colesterol Cálcio Bilirrubina indireta Sais biliares Fosfolipídios (lecitinas); Metástases: Linfonodos regionais Fígado, baço, supra-renal Invasão: veia esplênica Extensão: retroperitônio, estômago, cólon transverso. Diagnóstico: Manifestações clínicas Ultrassonografia endoscópica Tomografia computadorizada Biopsia por agulha percutânea Fases: 1. Colecistite edematosa – 2 a 4 dias; 2. Colecistite necrotizante – compressão da parede e edema – rompimento de estruturas vasculares e rompimento da parede; 3. Colecistite inflamatória e supurativa Colecistite crônica: atrofia da mucosa e fibrose da parede; Formas de colecistite aguda: Colecistite gangrenosa Enfisematosa Síndrome de Mirizzi: colecistite aguda e sinais de obstrução da via biliar; Colecistite xantogranulomatosa Colecistite alitiasica – geralmente por pacientes que tem alimentação por via paraenteral, não tem movimento da vesícula, a bile fica parada e adquire aspecto de barro. Muito frequente em pacientes HIV positivos (não se sabe o porquê) Torção da vesícula biliar; ~ 26 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Macroscopia: Vesícula biliar, aumentada de tamanho, distendida; Hemorragia subserosas: coloração de vermelho- brilhante, violácea, verde-enegrecida; Serosa coberta de fibrina, exsudato purulento. Tumefação da parede 90% ocorre por obstrução do colo da vesícula ou ducto cístico pelo cálculo. Parede edemaciada, espessada, hiperêmica e necrótica; A luz fica preenchida por bílis turva, densa, rica em fibrina e pus. Na colecistite aguda, a vesícula em geral está aumentada e tensa, e pode assumir uma alteração de cor vermelho-vivo ou manchada, violácea a verde- negro, conferida por hemorragias subserosas. A serosa é frequentemente coberta por fibrina e, nos casos graves, por um exsudato fibrinopurulento. Em 90% dos casos, os cálculos estão presentes, frequentemente obstruindo o colo da vesícula biliar ou o ducto cístico. A luz da vesícula biliar está cheia de bile enevoada ou turva que pode conter fibrina, sangue e pus franco. Quando o exsudato contido é virtualmente pus puro, a condição é chamada de empiema da vesícula. Nos casos brandos, a parede da vesícula está espessada, edematosa e hiperêmica. Nos casos mais graves, ela é transformada em um órgão necrótico verde-negro, condição chamada de colecistite gangrenosa. Microscopia: Microscopicamente, as reações inflamatórias não são distintivas e consistem nos padrões usuais de inflamação aguda (p. ex., edema, infiltração leucocitária,congestão vascular, formação de abscesso franco ou necrose gangrenosa). Complicações: ▫ Empiema ▫ Gangrena vesicular ▫ Perfuração vesicular ▫ Perfuração vesicular ▫ Plastrão vesicular ▫ Abscesso subfrênico ▫ Pancreatite aguda ▫ Íleo biliar ▫ Fistula biliar externa ▫ Fistula biliar interna ▫ Colangite obstrutiva aguda supurada Diagnóstico: Clinico Por imagem: Ultrassonografia (método de eleição) Radiografia panorâmica de abdômen Tomografia computadorizada Colecistografia Colangiorresonância magnética Pancreatite aguda Processo inflamatório agudo do pâncreas, com envolvimento variável de outros tecidos regionais ou sistemas de órgãos remotos, de inúmeras etiologias, manifesta-se com dor abdominal e elevação das enzimas pancreáticas sanguíneas e/ou urinária, três vezes o valor normal. É um distúrbio inflamatório reversível que varia quanto à gravidade: de edema focal e esteatonecrose a necrose hemorrágica parenquimatosa difusa. A pancreatite aguda é relativamente comum Causas mais frequentes: L: litíase biliar A: álcool D: drogas ~ 27 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Quadro clínico: SINAL DE CULEN – equimose periumbilical; só está presente na pancreatite necro-hemorrágica; Na pancreatite intersticial NÃO PODE estar presente. SINAL DE GREY-TURNER – região de flanco com hemorragia – também só está presente em pancreatite necro-hemorrágica Macroscopia: Pâncreas normal, edemaciado, hiperêmico, friável; Destruição do parênquima Áreas hemorrágicas Áreas de necrose gordurosa amarela esbranquiçada, icterícia. Colecistite, colelitíase (fator desencadeante) Cavidade abdominal ocupada por caldo de galinha Peritonite supurativa (infecção secundaria) Icterícia As alterações básicas nos casos de pancreatite aguda são (1) vazamento microvascular, o que causa edema, (2) esteatonecrose causada por lipases, (3) reação inflamatória aguda, (4) destruição proteolítica do parênquima pancreático e (5) destruição dos vasos sanguíneos, o que acarreta hemorragia intersticial. Em formas mais brandas, alterações histológicas incluem edema intersticial e áreas focais de esteatonecrose no parênquima pancreático e na gordura peripancreática. ~ 28 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII A esteatonecrose decorre da destruição enzimática das células de gordura; os ácidos graxos combinam-se com o cálcio para formar sais insolúveis que se precipitam in situ. Em formas mais severas, como a pancreatite aguda necrosante, a necrose do tecido pancreático afeta os tecidos acinares e ductais, assim como as ilhotas de Langerhans. O dano vascular causa hemorragia dentro do parênquima do pâncreas. Macroscopicamente, o pâncreas exibe áreas hemorrágicas vermelho-escuras com focos de esteatonecrose branco-amarelados e grumosos irregularmente intercalados. Na forma mais severa, a pancreatite hemorrágica, necrose parenquimatosa extensa é acompanhada por hemorragia difusa dentro da glândula. Microscopicamente: Necrose das células acinares Inflamação aguda intensa Necrose extensa de adipócitos Hemorragias Patogenia: As alterações histológicas observadas na pancreatite aguda sugerem fortemente a autodigestão do parênquima pancreático por enzimas pancreáticas ativadas inapropriadamente. as formas zimogênicas das enzimas pancreáticas precisam ser quebradas enzimaticamente para serem ativadas, e a tripsina é central nesse processo. Por isso, a ativação da tripsina é um evento ativador crítico da pancreatite aguda. Se a tripsina for gerada inapropriadamente a partir de suas proenzimas tripsinogênicas, ela pode se autoativar, assim como a outras proenzimas (p. ex., fosfolipases e elastases) que podem, então, participar do processo de autodigestão. A tripsina também converte a precalicreína em sua forma ativada, o que ativa, como consequência, o sistema de cininas e, pela ativação do fator XII (o fator Hageman), também põe em movimento os sistemas de coagulação e complemento (Capítulo 2). Três vias podem incitar a ativação enzimática inicial que pode levar à pancreatite aguda: Obstrução do ducto pancreático; Dano primário às células acinares; Transporte intracelular defectivo de proenzimas nas células acinares. Obs.: O consumo de álcool pode causar pancreatite por diversos mecanismos. Aspectos clínicos: Dor abdominal é a principal manifestação da pancreatite aguda. Sua gravidade varia de moderada e desconfortável a severa e incapacitante. A suspeita de pancreatite aguda é comprovada principalmente pela presença de elevados níveis plasmáticos de amilase e lipase, e pela exclusão de outras causas de dor abdominal. As manifestações da pancreatite aguda severa são atribuídas à liberação sistêmica de enzimas digestivas e à ativação explosiva da resposta inflamatória. A avaliação clínica inicial pode revelar leucocitose, coagulação intravascular disseminada, síndrome da angústia respiratória aguda (devido ao dano ao capilar alveolar) e esteatonecrose difusa. O colapso vascular periférico (choque) pode rapidamente se seguir como resultado da aumentada permeabilidade microvascular e da consequente hipovolemia, agravada pela endotoxemia (do colapso das barreiras entre a flora gastrointestinal e a corrente sanguínea), e da insuficiência renal causada pela necrose tubular aguda. Complicações: ▫ Peritonite ▫ Sepse ▫ Abscesso pancreático ▫ Síndrome da angústia respiratória ▫ Insuficiência renal Diagnóstico: Avaliação laboratorial ▫ Para prever o grau de comprometimento: ▫ Envolvimento pulmonar ▫ Envolvimento Renal ▫ Envolvimento Hepático ▫ Infecção ▫ Hemorragia digestiva Hemograma completo Eletrólitos, cálcio Ureia, creatinina Glicemia Proteínas totais, frações; Gasometria arterial e eletrólitos LDH – dano de comprometimento de necrose do tecido pancreático e tecidos vizinhos. Amilase Lipaese Gasometria arterial (<PO2) Cálcio Função hepática: ~ 29 ~ Patologia Ana Ramilo TXVIII Transaminases: TGO, AST Fosfatase alcalina Bilirrubinas PCR Radiografia simples do abdome Ultrassonografia (etiologia biliar) Colangiopancreatite retrograda endoscópica TC com contraste: necrose, avaliação da gravidade (padrão ouro).
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