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Economia Politica

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Módulo 1 – A economia política como gênese das Ciências Econômicas: a análise de textos primários e o 
 papel dos comentadores. 
 Texto 1 
 Em primeiro lugar, quando as ciências econômicas passam a existir como área específica do 
 conhecimento e do saber? É geralmente aceito pelos economistas que a economia ganha corpo e musculatura 
 com o advento da Revolução Industrial e com o desenvolvimento dos mecanismos de mercado de formação de 
 preço e alocação dos recursos de produção. Seu estatuto de ciência é estabelecido já no século XIX e, desde 
 então, economistas debatem incansavelmente sobre seu objeto de estudo, sua metodologia, seu campo de 
 atuação e seus limites, o que só demonstra a vitalidade e a energia desse corpus científico. 
 Em segundo lugar, os atos econômicos precedem a existência da economia como ciência. Do ponto de 
 vista antropológico, o ser humano vem estabelecendo relações de troca com seu grupo e com a natureza desde 
 sempre, assim o fazendo, em parte, para garantir as condições materiais necessárias à sua sobrevivência. 
 Havia, em período anterior ao século XVIII (data que marca o nascimento da economia), atividade econômica, e 
 sobre ela foram escritas obras e realizados estudos. Por que, então, entender que a economia investiga uma 
 determinada forma de organização econômica, qual seja, aquela que resulta das relações existentes no 
 mercado? 
 Uma resposta possível é que, apenas a partir do nascimento da economia de mercado tornou-se 
 possível falar em atos econômicos com interesses e objetivos essencialmente econômicos; as relações sociais 
 passaram a ser explicadas em função de um sistema econômico organizado. Antes disso, seriam as relações 
 sociais as variáveis explicativas das formas de produção material. Do ponto de vista histórico afirma-se que a 
 humanidade conseguiu resolver os problemas de produção e distribuição de apenas três maneiras. Ou seja, 
 dentro da enorme diversidade das instituições sociais que guiam e dão forma ao processo econômico, o 
 economista descortina apenas três tipos abrangentes de sistemas que, separadamente ou em combinação, 
 habilitam a humanidade a resolver seu desafio econômico. Esses três grandes tipos sistêmicos podem ser 
 designados como economias governadas pela Tradição, pelo Mando e pelo Mercado, na visão de Robert 
 Heilbroner em seu A construção da sociedade econômica . 
 I Antes da economia de mercado, o chefe de família provê sua prole porque isso é o que a sociedade espera 
 dele. As trocas se realizam não para o lucro, mas para a sobrevivência material. O governo distribui a riqueza 
 para os cidadãos, porque esse é o seu papel. É apenas com o advento do capitalismo que os fatores de 
 produção (mão de obra, terra, conhecimento técnico, capacidade empresarial e dinheiro, entre outros) não 
 apenas se dirigem ao mercado, mas fazem mesmo parte 
 dele. O que fazer, então, com os atos econômicos anteriores às sociedades capitalistas, ou que nelas não 
 estejam inseridos? Normalmente são transferidos, como objeto de estudo, para os antropólogos econômicos, 
 embora essa transição não ocorra de forma tranquila, nem para os economistas tampouco para os antropólogos. 
 Digamos então que, para fins desta disciplina, basta não confundirmos a economia (ciência) com o 
 próprio sistema de mercado. Não há relação de sinonímia entre as duas. Economia é (ou tem a pretensão de 
 ser) a ciência que investiga como fatores escassos de produção são alocados para a produção de bens e 
 serviços que se destinam a saciar necessidades ilimitadas. Economia de mercado, por outro lado, é a maneira 
 pela qual – nas sociedades capitalistas – a reprodução material das sociedades passou a se processar, por meio 
 de instituições orientadas exclusivamente para objetivos econômicos, como os mercados (Cerqueira, 2001). 
 Nestes, o padrão implica a existência de trocas que produzam preços, ou seja, “trocas realizadas como resultado 
 de barganha, de uma negociação, em que cada parte é livre para buscar sua vantagem e não tem que se 
 submeter, por exemplo, a preços preestabelecidos por algum agente regulador externo” (ibidem, p. 400). 
 Texto 2 
 Portanto, compreenderemos que, na economia de mercado, toda a organização da produção é confiada 
 aos mercados, que compõem um sistema autorregulado: indivíduos perseguindo apenas seu interesse pessoal 
 ofertam e demandam mercadorias, fazendo com que estes bens alcancem um preço determinado. As decisões 
 sobre o que e quanto produzir serão tomadas como base apenas nos preços informados pelos mercados, que 
 sinalizam as expectativas de ganho em cada processo produtivo. Da mesma maneira, a distribuição do produto 
 depende apenas de preços, já que eles formam os rendimentos de cada indivíduo: aluguel e salários são os 
 preços do uso da terra e da força de trabalho; o lucro é a diferença entre o preço do produto e os preços dos 
 insumos necessários para sua produção. Em resumo, a reprodução material da sociedade depende de que tudo 
 alcance um preço, ou seja, se comporte como uma mercadoria, inclusive a terra e o trabalho (ibidem, p. 402). 
 Em nossa opinião, a economia surge como ciência não apenas porque a estrutura econômica passa a 
 ser a de mercado (quer dizer, porque finalmente há o que se investigar), mas porque as condições do 
 pensamento científico daquele momento permitem que ela, como um saber, se organize de forma sistemática e 
 autônoma, e porque, àquele momento (e, de forma hegemônica, até os dias de hoje), o que se há para investigar 
 são justamente as relações que se estabelecem no mercado. Isso quer dizer que, embora isso acrescente 
 dificuldade à investigação econômica, há que se considerar, porém, que o sistema de mercado em bases 
 capitalistas foi historicamente construído, não sendo “uma entidade acima do tempo e do espaço” (Silveira, 
 2007, p. 8). Da mesma forma, os pressupostos comportamentais de racionalidade econômica (autointeresse e 
 propensão para o lucro) não são “naturais”, mas socialmente construídos. 
 Finalmente, há economia sem mercado? Apesar de a antropologia ter demonstrado a existência de 
 outras racionalidades socioeconômicas, “é intrínseca à racionalidade econômica moderna, como uma espécie de 
 monopólio epistemológico e moral, a desvalorização dos outros modos de vida diferentes do conduzido pela lei 
 do valor” (ibidem, p. 7). Os economistas não são unânimes na resposta a essa pergunta, mas, a despeito de ser 
 extremamente interessante, esse debate extrapola os limites da nossa disciplina. Assim, assumiremos que, 
 segundo os parâmetros científicos da modernidade, a economia nasceu à época de Adam Smith, no século 
 XVIII, sendo Riqueza das nações um texto fundador, obra que marca “uma mudança na natureza da reflexão 
 sobre os temas econômicos não tanto pela criação de novos conceitos, mas pelo estabelecimento de um novo 
 arranjo dos conceitos, de um novo ponto de vista” (Cerqueira, 2001, p. 397). 
 A compreensão desse entorno conceitual resulta em tarefa de extrema complexidade: se a economia 
 surge por meio do esforço de se distinguir da história, da sociologia, da ética, da filosofia moral e da política, 
 poderíamosser levados a crer que ela não deveria ter qualquer compromisso com essas áreas, especialmente 
 do ponto de vista da delimitação do seu objeto de estudo ou da determinação de sua metodologia de 
 investigação. 
 Módulo 2 – O pensamento de Marx: crítica à economia clássica; mercadoria, valor, valor de uso e valor de 
 troca; trabalho útil e trabalho abstrato. 
 Texto 1 
 Marx, o mais influente de todos os socialistas, dizia em suas obras que o capitalismo, com suas 
 contradições, chegaria inevitavelmente à sua destruição. Baseando seu estudo da sociedade capitalista numa 
 abordagem metodológica conhecida como materialismo histórico e, focando sua atenção nas relações que 
 determinavam a direção geral dos movimentos dos sistemas sociais, “procurou simplificar as complexas relações 
 de causa e efeito que interligavam as múltiplas facetas dos sistemas sociais, isto é, a teia de idéias, leis crenças 
 religiosas, códigos morais, instituições econômicas e sociais presentes em todos os sistemas sociais” (HUNT & 
 SHERMAN, 1992: 91/92). 
 Marx afirmava que a base econômica de uma sociedade, ou seu modo de produção, que era composto 
 pelas forças produtivas e pelas relações de produção, exercia influência poderosa sobre todas as instituições 
 sociais. Identificando também quatro modos de produção (comunismo primitivo, escravismo, feudalismo e 
 capitalismo), em todos eles apontava contradições entre as forças produtivas e as relações de produção, que se 
 manifestavam sob a forma de luta entre suas respectivas classes sociais. Porém, 
 “duas características essenciais diferenciavam o capitalismo dos outros sistemas 
 econômicos: (a) a separação do produtor dos meios de produção, dando origem à classe 
 de proprietários dos meios de produção, ou seja, capitalista, e uma classe de 
 trabalhadores que se distinguia da outra classe por ter sua força de trabalho por ela 
 controlada e explorada; (b) a infiltração do mercado, ou do nexo monetário, em todas as 
 relações humanas, tanto na esfera da produção, quanto na esfera da distribuição” 
 (HUNT & SHERMAN, 1992: 94) 
 Influenciado pela teoria do valor de Adam Smith e de David Ricardo, procura refinar tais teorias para seu 
 tempo, interessado em explicar a natureza da relação social entre capitalistas e trabalhadores. Sua maior crítica 
 será com os clássicos Malthus e Say, principalmente, por entender que para aqueles faltava perspectiva histórica 
 vez que não conseguiam entender que a produção é uma atividade social. Tinham dificuldades em 
 separar/diferenciar características específicas da produção capitalista de outros modos de produção. O que 
 estudava a economia política, até então? 
 A economia política da época estava preocupada somente com as trocas, reduzindo todos os fenômenos 
 econômicas à trocas. Portanto, a troca era a única relação econômica percebida pelos clássicos. Nesse sistema, 
 de trocas, os indivíduos começam com as mercadorias que possuem, mercadorias essas que têm incorporado 
 um valor: valor de troca, inclusive o trabalho. Para tal escola de pensamento: 
 Trabalho = Valor de Troca 
 =Mercadoria 
 Para a escola clássica, com tal igualdade, desaparece toda e qualquer distorção econômica, social e 
 política entre os homens mas, por outro lado, pode ser considerada como uma igualdade abstrata pois cada 
 indivíduo é um trocador igual a qualquer outro. Não há qualquer diferença. Tal igualdade retrata a economia de 
 liberdade de Adam Smith e sua “mão invisível”. Assim, a principal crítica a ser efetuada por Marx é a não 
 consideração dos efeitos da moeda em tal sistema de trocas. 
 Texto 2 
 Marx (1996: livro 1, volume I, 44-46) estava interessado em estudar e analisar as mercadorias e a esfera 
 de circulação das mesmas. Acreditava que o valor de troca de uma mercadoria era determinado pelo tempo de 
 trabalho necessário para produzi-la, percebendo também que o tempo de trabalho despendido na produção de 
 uma mercadoria inútil, criaria uma mercadoria cujo valor de troca não corresponderia ao tempo de trabalho 
 englobado nela. No entanto, o desejo de maximizar lucros levaria o capitalista a evitar a produção de 
 mercadorias de baixa procura. Assim, o nível de procura no mercado determinaria que mercadorias seriam 
 produzidas, e em que quantidades. 
 Na análise de Marx, a mercadoria reúne algumas características: 
 1 – é uma coisa que satisfaz necessidades humanas, tem utilidade. 
 2 – é depositária material de valor de troca enquanto medida de quantidade. 
 3 - todas as mercadorias apresentam valor de uso . 
 4 – todas as mercadorias eram produzidas pelo trabalho humano (elemento comum a todas as mercadorias). 
 Vamos melhor entender os termos grifados. A mercadoria é o mesmo que uma coisa qualquer, desde 
 que tal coisa apresente alguma utilidade. Para Araújo (1989, p. 58), 
 “valor de uso é a capacidade de um bem responder a necessidades específicas” 
 enquanto “valor de troca representa a qualidade de um bem ser equivalente a outro com 
 o qual pode ser trocado.” 
 O que é o trabalho humano? “O trabalho ... que forma a substância do valor é trabalho humano 
 homogêneo, o gasto de uma força de trabalho uniforme” (HUNT, 1982). O trabalho humano será entendido 
 como o trabalho que é despendido por um homem na produção de alguma mercadoria, e trabalho incorporado. 
 Marx aborda dois diferentes tipos de trabalho: trabalho útil (concreto) e trabalho abstrato. 
 O trabalho útil produz valor de uso sendo a causa do valor de uso de todas as mercadorias. Representa 
 suas características específicas com suas qualidades diferenciadoras e particulares. Um artesão trabalha de 
 forma diferente da de um padeiro, que trabalha de forma diferente de um ferramenteiro, que trabalha de forma 
 diferente de um maquinista e assim por diante. Portanto, o trabalho concreto, útil, é produzido pelo homem, força 
 de trabalho. Já o trabalho abstrato, o trabalho que determina o valor de troca representa o gasto da força 
 humana de trabalho. 
 Módulo 3 - O pensamento de Marx: Processo de circulação de mercadorias. 
 Esse módulo apresenta considerações acerca do processo simples de circulação de mercadorias bem como da 
 circulação capitalista. 
 Texto 1 
 Para Marx, no processo simples de circulação de mercadorias, ou processo não capitalista de circulação 
 da produção, as mercadorias eram produzidas para venda e, como fruto da venda, possibilidade de aquisição de 
 outras mercadorias para uso. Assim, o processo pode ser descrito da seguinte forma: 
 M 
 – D 
 – 
 M 
 O que se entende por tal processo? M, representa a mercadoria. D o dinheiro. Assim, uma mercadoria, 
 ao ser produzida, incorporava valor de troca e seria trocada por certa quantidade de dinheiro. O antigo possuidor 
 da mercadoria, agora possuidor do dinheiro pode utilizar o dinheiro para trocar por qualquer outra mercadoria 
 que achar necessário ou que apresente valor de uso. Portanto, a produção era encarada como fonte de 
 aquisição pois o fruto da produção geraria um processo de trocas. Podemos escrever tal processo com outras 
 letras: 
 Me – 
 Mo 
 –Me 
 onde, Me = mercadoria e Mo – dinheiro, moeda. 
 O resultado de tal processo é o de que: há troca de mercadoria por outra, vez que a moeda 
 também é encarada como mercadoria (que apresenta características específicas e diferentes de todas as outras 
 mercadorias); há circulaçãode trabalho materializado por meio do trabalho concreto incorporado às mercadorias 
 pelo processo de produção; é um sistema baseado no princípio de vender para comprar. 
 No processo de circulação capitalista o tratamento deve ser diferenciado e o processo pode ser 
 descrito da seguinte forma: 
 Mo – Me - Mo 
 Tal processo, em que Mo representa a moeda e Me representa mercadoria, faz mais sentido. 
 Trata-se de transformação de moeda em mercadorias e transformação de mercadorias novamente em moeda ou 
 seja, comprar para vender. 
 Texto 2 
 No processo de circulação capitalista, a forma Mo, dinheiro, é o desdobramento da forma mercadoria 
 simples, Me, e esta é o gérmen da forma dinheiro. Assim, Marx chega à forma de dinheiro na qual todas as 
 mercadorias têm seu valor representado numa mercadoria de aceitação geral que assume a função de dinheiro. 
 O dinheiro é mercadoria geral que funciona como materialização do trabalho humano abstrato. Mas qual o lugar 
 da mercadoria nessa história? Para Marx, a mercadoria desempenha papel fundamental no sistema de trocas 
 pois, sem elas, o sistema de trocas não acontece. Mas e o papel do dinheiro nesse processo? Também é 
 importante pois sem o dinheiro o processo de trocas também não ocorre. 
 Então, os homens trabalham por dinheiro e, com seu uso, conseguem adquirir as mercadorias que 
 desejam. Nesse aspecto, Marx desenvolve raciocínio peculiar que é o do fetichismo da mercadoria. Em que 
 reside tal raciocínio? Reside em que quando o homem lança-se ao sistema de trocas de mercadorias, como 
 tanto como comprador quando como vendedor, pouco se preocupa com as relações sociais existentes naquele 
 momento e antes desse momento acontecer pois, simplesmente, está preocupado com seu consumo ou sua 
 venda. Mas as mercadorias para serem produzidas, passam por um processo de produção, um processo de 
 organização da produção e, no momento das trocas, desaparece. 
 Assim, entende-se por fetichismo da mercadoria relação material entre pessoas e relação social entre 
 coisas. No modo de produção capitalista, Mo – Me – Mo, a mercadoria torna-se um meio sendo o dinheiro 
 somente o que interessa. Com relação do fetichismo da mercadoria, conforme Feijó (2001, 213), a 
 argumentação de Marx é muito peculiar: 
 “Diz que a mercadoria é uma coisa muito complicada, cheia de sutileza metafísica e 
 manhas teológicas. Os homens trabalham uns para os outros, e o trabalho adquire uma 
 forma social. O trabalho ganha um caráter enigmático quando assume a forma de 
 mercadoria. As relações entre produtores tornam-se relação social entre mercadorias, 
 uma relação existente fora deles, uma relação entre objetos. O complexo de trabalhos 
 privados transforma-se em trabalho social total e o fetichismo adere aos produtos do 
 trabalho.” 
 Para Marx, mercadoria não é sinônimo de produto ou bem. Mercadoria é o produto que se destina à 
 troca no mercado. Uma sociedade que só produz para seu próprio consumo não produz mercadorias, mas bens 
 ou produtos. Uma sociedade que consome o fruto de sua produção não produz mercadorias. 
 Módulo 4 – O pensamento de Marx: mais valia, troca e esfera de circulação. 
 Texto 1 
 Lembrando do processo de circulação, Mo – Me – Mo, transformação de moeda em mercadorias e a 
 transformação de mercadorias novamente em moeda, tal sistema somente fará sentido numa sociedade 
 capitalista se for repensado. No modo de produção capitalista, os detentores de capital dirigem-se aos mercados 
 para adquirir mercadorias com a finalidade de aumentar o dinheiro inicialmente empregado no sistema de trocas. 
 Assim, o processo de circulação capitalista deve ser reescrito: 
 Mo – Me – 
 Mo’ 
 Onde: 
 Mo = Moeda 
 Me – Mercadoria 
 Mo’ – Moeda 
 Ou então simplesmente podemos escrever que o dinheiro (D) é transformado em mercadoria (M) 
 e que a mercadoria, quando oferecida e vendida nos mais diversos mercados, é transformada em mais dinheiro 
 (D´). Reescrevendo: 
 D – M – D’ 
 Assim, num sistema de trocas capitalista, o dinheiro inicialmente empregado será transformado em 
 mercadoria e, ao ser vendida, gera ao seu possuidor um dinheiro maior do que o anteriormente empregado. 
 Parece fazer mais sentido. D – M – D’ assume a fórmula geral do capital e aparece dentro da esfera de 
 circulação. 
 Entende-se por esfera de circulação o processo de trocas de mercadorias. Portanto, a esfera de 
 circulação ocorre nos mercados. Se em qualquer mercado as mercadorias são trocas por seu mesmo valor, há 
 trocas de valores equivalentes, jogo de soma zero. Se num mercado qualquer determinada mercadoria é trocada 
 por valor abaixo do que o produzido, há ganhos para o comprador e perdas para o vendedor. Se determinada 
 mercadoria é trocada por valor acima do que o produzido, há elevação de poder de troca para o vendedor. 
 Dessa forma, na esfera de circulação existe obtenção de lucros com o capital comercial, ou seja, com o capital 
 que está disponível para trocas comerciais mas não geração de lucros pelo capital Para Marx, na esfera da 
 circulação, onde os agentes compram para vender mais caro, existe somente trânsito de capital dos 
 comerciantes que, para Marx, é “capital parasita”, capital que não gera nada além do que trocas. Esse capital 
 não está envolvido com o processo de geração de lucros, na está envolvido com a esfera da produção que é a 
 fonte geradora de mais valia. 
 Texto 2 
 É na esfera da produção que está inserido o capital industrial e esse sim é responsável pela geração de 
 mais valia. Conforme Araújo (1986, p.64), 
 “É importante salientar que a mais-valia não é criada na esfera da distribuição. Não é 
 porque o industrial resolve fixar um preço acima do valor para seu produto que ele obtém 
 mais-valia. Num regime de concorrência isto é impossível, porque todo vendedor é 
 também comprador e este industrial não é exceção. Não será só ele que terá esta idéia. 
 E assim o ganho que ele obterá na venda de seu produto será anulado pela perda que 
 ele terá ao comprar produtos de outro. Todos pensarão como ele e os ganhos tenderão a 
 se anular.” 
 Na esfera da produção, para Marx a mais importante, o capital industrial constitui o mecanismo em que a 
 mais valia era criada e expropriada no capitalismo. Para tanto, é necessário entender como o capital industrial se 
 insere no esquema de circulação bem como na esfera da produção. É na esfera da produção que o dinheiro 
 assume a forma de capital. 
 A forma que assume o dinheiro-capital no esquema de circulação torna necessário reescrever o sistema 
 de trocas: 
 D – M . . . P . . . 
 M’ –D’ 
 Onde: 
 D – dinheiro capital inicial investido 
 M – mercadoria representando meios de produção (matéria prima, máquinas e equipamentos, mão-de-obra) 
 P – processo de produção (combinação de todos os fatores de produção utilizadas no processo de produção de 
 mercadorias) 
 M’ – mercadoria acabada pronta para ver vendida 
 D’ – dinheiro capital retirado do mercado por meio das vendas da mercadoria 
 Qual a origem, então, da mais valia? O capitalista adquire um conjunto de mercadorias (M) e vende um 
 conjunto diferente de mercadorias (M’). É na transformação de meiosde produção em mercadoria que surge a 
 mais valia. 
 Módulo 5 - O Pensamento De Marx: Acumulação E Concentração De Capital. 
 Texto 1 
 Marx, o mais influente de todos os socialistas, dizia em suas obras que o capitalismo, com suas contradições, 
 chegaria inevitavelmente à sua destruição. Baseando seu estudo da sociedade capitalista numa abordagem 
 metodológica conhecida como materialismo histórico e, focando sua atenção nas relações que determinavam a 
 direção geral dos movimentos dos sistemas sociais, “procurou simplificar as complexas relações de causa e 
 efeito que interligavam as múltiplas facetas dos sistemas sociais, isto é, a teia de idéias, leis crenças religiosas, 
 códigos morais, instituições econômicas e sociais presentes em todos os sistemas sociais” (HUNT & SHERMAN, 
 1992: 91/92). 
 Marx afirmava que a base econômica de uma sociedade, ou seu modo de produção, que era composto 
 pelas forças produtivas e pelas relações de produção, exercia influência poderosa sobre todas as instituições 
 sociais. Identificando também quatro modos de produção (comunismo primitivo, escravismo, feudalismo e 
 capitalismo), em todos eles apontava contradições entre as forças produtivas e as relações de produção, que se 
 manifestavam sob a forma de luta entre suas respectivas classes sociais. Porém, 
 “duas características essenciais diferenciavam o capitalismo dos outros sistemas 
 econômicos: (a) a separação do produtor dos meios de produção, dando origem à classe 
 de proprietários dos meios de produção, ou seja, capitalista, e uma classe de 
 trabalhadores que se distinguia da outra classe por ter sua força de trabalho por ela 
 controlada e explorada; (b) a infiltração do mercado, ou do nexo monetário, em todas as 
 relações humanas, tanto na esfera da produção, quanto na esfera da distribuição” 
 (HUNT & SHERMAN, 1992: 94) 
 Influenciado pela teoria do valor de Adam Smith e de David Ricardo, procura refinar tais teorias para seu 
 tempo, interessado em explicar a natureza da relação social entre capitalistas e trabalhadores. Sua maior crítica 
 será com os clássicos Malthus e Say, principalmente, por entender que para aqueles faltava perspectiva histórica 
 vez que não conseguiam entender que a produção é uma atividade social. Tinham dificuldades em 
 separar/diferenciar características específicas da produção capitalista de outros modos de produção. O que 
 estudava a economia política, até então? 
 A economia política da época estava preocupada somente com as trocas, reduzindo todos os fenômenos 
 econômicas à trocas. Portanto, a troca era a única relação econômica percebida pelos clássicos. Nesse sistema, 
 de trocas, os indivíduos começam com as mercadorias que possuem, mercadorias essas que têm incorporado 
 um valor: valor de troca, inclusive o trabalho. Para tal escola de pensamento: 
 Trabalho = Valor de Troca 
 =Mercadoria 
 Para a escola clássica, com tal igualdade, desaparece toda e qualquer distorção econômica, social e 
 política entre os homens mas, por outro lado, pode ser considerada como uma igualdade abstrata pois cada 
 indivíduo é um trocador igual a qualquer outro. Não há qualquer diferença. Tal igualdade retrata a economia de 
 liberdade de Adam Smith e sua “mão invisível”. Assim, a principal crítica a ser efetuada por Marx é a não 
 consideração dos efeitos da moeda em tal sistema de trocas. 
 Texto 2 
 Marx (1996: livro 1, volume I, 44-46) estava interessado em estudar e analisar as mercadorias e a esfera 
 de circulação das mesmas. Acreditava que o valor de troca de uma mercadoria era determinado pelo tempo de 
 trabalho necessário para produzi-la, percebendo também que o tempo de trabalho despendido na produção de 
 uma mercadoria inútil, criaria uma mercadoria cujo valor de troca não corresponderia ao tempo de trabalho 
 englobado nela. No entanto, o desejo de maximizar lucros levaria o capitalista a evitar a produção de 
 mercadorias de baixa procura. Assim, o nível de procura no mercado determinaria que mercadorias seriam 
 produzidas, e em que quantidades. 
 Na análise de Marx, a mercadoria reúne algumas características: 
 1 – é uma coisa que satisfaz necessidades humanas, tem utilidade. 
 2 – é depositária material de valor de troca enquanto medida de quantidade. 
 3 - todas as mercadorias apresentam valor de uso . 
 4 – todas as mercadorias eram produzidas pelo trabalho humano (elemento comum a todas as mercadorias). 
 Vamos melhor entender os termos grifados. A mercadoria é o mesmo que uma coisa qualquer, desde 
 que tal coisa apresente alguma utilidade. Para Araújo (1989, p. 58), 
 “valor de uso é a capacidade de um bem responder a necessidades específicas” 
 enquanto “valor de troca representa a qualidade de um bem ser equivalente a outro com 
 o qual pode ser trocado.” 
 O que é o trabalho humano? “O trabalho ... que forma a substância do valor é trabalho humano 
 homogêneo, o gasto de uma força de trabalho uniforme” (HUNT, 1982). O trabalho humano será entendido 
 como o trabalho que é despendido por um homem na produção de alguma mercadoria, e trabalho incorporado. 
 Marx aborda dois diferentes tipos de trabalho: trabalho útil (concreto) e trabalho abstrato. 
 O trabalho útil produz valor de uso sendo a causa do valor de uso de todas as mercadorias. Representa 
 suas características específicas com suas qualidades diferenciadoras e particulares. Um artesão trabalha de 
 forma diferente da de um padeiro, que trabalha de forma diferente de um ferramenteiro, que trabalha de forma 
 diferente de um maquinista e assim por diante. Portanto, o trabalho concreto, útil, é produzido pelo homem, força 
 de trabalho. Já o trabalho abstrato, o trabalho que determina o valor de troca representa o gasto da força 
 humana de trabalho 
 Esse módulo apresenta considerações acerca do processo simples de circulação de mercadorias bem como da 
 circulação capitalista. 
 Texto 3 
 Para Marx, no processo simples de circulação de mercadorias, ou processo não capitalista de circulação 
 da produção, as mercadorias eram produzidas para venda e, como fruto da venda, possibilidade de aquisição de 
 outras mercadorias para uso. Assim, o processo pode ser descrito da seguinte forma: 
 M 
 – D 
 – 
 M 
 O que se entende por tal processo? M, representa a mercadoria. D o dinheiro. Assim, uma mercadoria, 
 ao ser produzida, incorporava valor de troca e seria trocada por certa quantidade de dinheiro. O antigo possuidor 
 da mercadoria, agora possuidor do dinheiro pode utilizar o dinheiro para trocar por qualquer outra mercadoria 
 que achar necessário ou que apresente valor de uso. Portanto, a produção era encarada como fonte de 
 aquisição pois o fruto da produção geraria um processo de trocas. Podemos escrever tal processo com outras 
 letras: 
 Me – 
 Mo 
 –Me 
 onde, Me = mercadoria e Mo – dinheiro, moeda. 
 O resultado de tal processo é o de que: há troca de mercadoria por outra, vez que a moeda também é 
 encarada como mercadoria (que apresenta características específicas e diferentes de todas as outras 
 mercadorias); há circulação de trabalho materializado por meio do trabalho concreto incorporado às mercadorias 
 pelo processo de produção; é um sistema baseado no princípio de vender para comprar. 
 No processo de circulação capitalista o tratamento deve ser diferenciado e o processo pode ser descrito 
 da seguinte forma: 
 Mo – Me - Mo 
 Tal processo, em que Mo representa a moeda e Me representa mercadoria, faz mais sentido. Trata-se de 
 transformação de moeda em mercadorias e transformação de mercadorias novamente em moedaou seja, 
 comprar para vender. 
 Texto 4 
 No processo de circulação capitalista, a forma Mo, dinheiro, é o desdobramento da forma mercadoria 
 simples, Me, e esta é o gérmen da forma dinheiro. Assim, Marx chega à forma de dinheiro na qual todas as 
 mercadorias têm seu valor representado numa mercadoria de aceitação geral que assume a função de dinheiro. 
 O dinheiro é mercadoria geral que funciona como materialização do trabalho humano abstrato. Mas qual o lugar 
 da mercadoria nessa história? Para Marx, a mercadoria desempenha papel fundamental no sistema de trocas 
 pois, sem elas, o sistema de trocas não acontece. Mas e o papel do dinheiro nesse processo? Também é 
 importante pois sem o dinheiro o processo de trocas também não ocorre. 
 Então, os homens trabalham por dinheiro e, com seu uso, conseguem adquirir as mercadorias que 
 desejam. Nesse aspecto, Marx desenvolve raciocínio peculiar que é o do fetichismo da mercadoria. Em que 
 reside tal raciocínio? Reside em que quando o homem lança-se ao sistema de trocas de mercadorias, como 
 tanto como comprador quando como vendedor, pouco se preocupa com as relações sociais existentes naquele 
 momento e antes desse momento acontecer pois, simplesmente, está preocupado com seu consumo ou sua 
 venda. Mas as mercadorias para serem produzidas, passam por um processo de produção, um processo de 
 organização da produção e, no momento das trocas, desaparece. 
 Assim, entende-se por fetichismo da mercadoria relação material entre pessoas e relação social entre 
 coisas. No modo de produção capitalista, Mo – Me – Mo, a mercadoria torna-se um meio sendo o dinheiro 
 somente o que interessa. Com relação do fetichismo da mercadoria, conforme Feijó (2001, 213), a 
 argumentação de Marx é muito peculiar: 
 “Diz que a mercadoria é uma coisa muito complicada, cheia de sutileza metafísica e 
 manhas teológicas. Os homens trabalham uns para os outros, e o trabalho adquire uma 
 forma social. O trabalho ganha um caráter enigmático quando assume a forma de 
 mercadoria. As relações entre produtores tornam-se relação social entre mercadorias, 
 uma relação existente fora deles, uma relação entre objetos. O complexo de trabalhos 
 privados transforma-se em trabalho social total e o fetichismo adere aos produtos do 
 trabalho.” 
 Para Marx, mercadoria não é sinônimo de produto ou bem. Mercadoria é o produto que se destina à 
 troca no mercado. Uma sociedade que só produz para seu próprio consumo não produz mercadorias, mas bens 
 ou produtos. Uma sociedade que consome o fruto de sua produção não produz mercadorias. 
 Módulo 6 - O Pensamento De Marx: Da Acumulação Primitiva À Tendência Ao Declínio Da Taxa De Lucro. 
 Texto 1 
 Lembrando do processo de circulação, Mo – Me – Mo, transformação de moeda em mercadorias e a 
 transformação de mercadorias novamente em moeda, tal sistema somente fará sentido numa sociedade 
 capitalista se for repensado. No modo de produção capitalista, os detentores de capital dirigem-se aos mercados 
 para adquirir mercadorias com a finalidade de aumentar o dinheiro inicialmente empregado no sistema de trocas. 
 Assim, o processo de circulação capitalista deve ser reescrito: 
 Mo – Me – 
 Mo’ 
 Onde: 
 Mo = Moeda 
 Me – Mercadoria 
 Mo’ – Moeda 
 Ou então simplesmente podemos escrever que o dinheiro (D) é transformado em mercadoria (M) e que a 
 mercadoria, quando oferecida e vendida nos mais diversos mercados, é transformada em mais dinheiro (D´). 
 Reescrevendo: 
 D – M – D’ 
 Assim, num sistema de trocas capitalista, o dinheiro inicialmente empregado será transformado em 
 mercadoria e, ao ser vendida, gera ao seu possuidor um dinheiro maior do que o anteriormente empregado. 
 Parece fazer mais sentido. D – M – D’ assume a fórmula geral do capital e aparece dentro da esfera de 
 circulação. 
 Entende-se por esfera de circulação o processo de trocas de mercadorias. Portanto, a esfera de 
 circulação ocorre nos mercados. Se em qualquer mercado as mercadorias são trocas por seu mesmo valor, há 
 trocas de valores equivalentes, jogo de soma zero. Se num mercado qualquer determinada mercadoria é trocada 
 por valor abaixo do que o produzido, há ganhos para o comprador e perdas para o vendedor. Se determinada 
 mercadoria é trocada por valor acima do que o produzido, há elevação de poder de troca para o vendedor. 
 Dessa forma, na esfera de circulação existe obtenção de lucros com o capital comercial, ou seja, com o capital 
 que está disponível para trocas comerciais mas não geração de lucros pelo capital Para Marx, na esfera da 
 circulação, onde os agentes compram para vender mais caro, existe somente trânsito de capital dos 
 comerciantes que, para Marx, é “capital parasita”, capital que não gera nada além do que trocas. Esse capital 
 não está envolvido com o processo de geração de lucros, na está envolvido com a esfera da produção que é a 
 fonte geradora de mais valia. 
 Texto 2 
 É na esfera da produção que está inserido o capital industrial e esse sim é responsável pela geração de 
 mais valia. Conforme Araújo (1986, p.64), 
 “É importante salientar que a mais-valia não é criada na esfera da distribuição. Não é 
 porque o industrial resolve fixar um preço acima do valor para seu produto que ele obtém 
 mais-valia. Num regime de concorrência isto é impossível, porque todo vendedor é 
 também comprador e este industrial não é exceção. Não será só ele que terá esta idéia. 
 E assim o ganho que ele obterá na venda de seu produto será anulado pela perda que 
 ele terá ao comprar produtos de outro. Todos pensarão como ele e os ganhos tenderão a 
 se anular.” 
 Na esfera da produção, para Marx a mais importante, o capital industrial constitui o mecanismo em que a 
 mais valia era criada e expropriada no capitalismo. Para tanto, é necessário entender como o capital industrial se 
 insere no esquema de circulação bem como na esfera da produção. É na esfera da produção que o dinheiro 
 assume a forma de capital. 
 A forma que assume o dinheiro-capital no esquema de circulação torna necessário reescrever o sistema 
 de trocas: 
 D – M . . . P . . 
 . M’ –D’ 
 Onde: 
 D – dinheiro capital inicial investido 
 M – mercadoria representando meios de produção (matéria prima, máquinas e equipamentos, mão-de-obra) 
 P – processo de produção (combinação de todos os fatores de produção utilizadas no processo de produção de 
 mercadorias) 
 M’ – mercadoria acabada pronta para ver vendida 
 D’ – dinheiro capital retirado do mercado por meio das vendas da mercadoria 
 Qual a origem, então, da mais valia? O capitalista adquire um conjunto de mercadorias (M) e vende um 
 conjunto diferente de mercadorias (M’). É na transformação de meios de produção em mercadoria que surge a 
 mais valia. 
 Módulo 7 - Teorias imperialistas e sua importância: Hobson e Hilferding 
 Texto 1. 
 Inicialmente, é preciso entender o que se entende por imperialismo. Uma das definições possíveis para 
 essa palavra é a forma de política aplicada por um Estado em relação a outro cujo objetivo é se expandir via 
 dominação territorial ou econômico ou político ou social ou cultural. Esse conceito foi bastante usado entre 1890 
 e 1914 para exemplificar as práticas militares e culturais que Estados mais fortes econômico e politicamente 
 exerciam sobre Estados que eram independentes politicamentee eram dominados. 
 No início do século XX, 26 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, 93% do território africano, 
 tinham sido colonizado por países imperialistas. A França tinha dominado cerca de 40% desse território (em 
 grande parte no deserto do Saara); a Inglaterra, cerca de 30%, e os 23% restantes tinham ficado com a 
 Alemanha, Bélgica, Portugal e Espanha. No final do século XIX, quase todo o restante do território asiático 
 estava repartido entre as potências capitalistas europeias. Em 1878, os ingleses dominaram o Afeganistão e 
 colocaram-no sob o governo hindu, que era dominado pela Inglaterra. Em 1907, a Pérsia foi dividida entre a 
 Inglaterra e a Rússia. Em 1887, foi a vez de toda a Indochina ser colonizada pela França. A península e o 
 arquipélago da Malásia (com uma extensão de quase cinco mil quilômetros) foram subjugados e retalhados. Os 
 ingleses tomaram Cingapura e a Malásia, a parte setentrional de Bornéu e o sul da Nova Guiné. A outra parte da 
 Nova Guiné ficou subjugada aos alemães e quase todas as demais ilhas (uma área equivalente a dois milhões 
 de quilômetros quadrados) ficaram com os holandeses. 
 O imperialismo norte-americano também avançou bastante naquele período. Na primeira guerra 
 mundial, eles invadiram e dominaram a Samoa, a Ilha Midway, o Havaí, Porto Rico, Guam, as Filipinas, Tutuíla, 
 Cuba, República Dominicana, Haiti, Nicarágua e a Zona do Canal do Panamá. 
 O economista inglês John Atkinson Hobson foi o primeiro de forma sistemática as características do 
 imperialismo. Segundo esse autor, esse período corresponde à passagem do capitalismo concorrencial – 
 período marcado principalmente na primeira metade do século XIX - para o capitalismo monopolista, ou seja, da 
 passagem do século XIX para o XX. Essa fase seria marcada por novas características do sistema capitalista. 
 Esse estágio teria sido marcado pela crescente concentração do capital, pelo monopólio das patentes, pelo 
 poder de monopsônio sobre os mercados de trabalho e de matérias-primas. 
 Hobson analisou o período a partir dos relatórios oficiais do governo britânico. O material coletado 
 estava embasado em fatos e dados territoriais e populacionais. De acordo com o levantamento dele, 
 principalmente a partir de 1870, várias nações europeias dominaram colônias na África e na Ásia, sob diferentes 
 formas de domínio. Assim, podemos definir o termo imperialismo como uma submissão de uma colônia ao poder 
 da metrópole como forma de absorção política de terras, subjugando trabalhadores, industriais e comerciantes 
 aos mandos do império. 
 Texto 2 
 Rudolf Hilferding nasceu em Viena, Áustria, em 10 de agosto de 1877. Após estudar – obteve o título 
 de doutor em 1901 - e exercer a atividade da medicina até aproximadamente 1906, Hilferding que também se 
 dedicava a estudar economia desde a juventude, começou a escrever estudos econômicos. 
 Já, a partir de 1902, era colaborador na área econômica do jornal Die Neue Zeit , principal jornal 
 dos pensadores marxistas na época. Ficou bastante conhecido após publicar, em 1904, uma réplica à crítica do 
 austríaco da escola marginalista Böhm-Bawerk à análise da economia política de Marx. 
 Em 1910, Hilferding publicou “O capital financeiro” com o intuito de resgatar diversos problemas citados 
 por Marx em O capital , mas que não tinham sido atualizados diante da nova dinâmica capitalista naquele 
 momento. Esse estudo foi concebido como um desenvolvimento da teoria de Marx diante das mudanças 
 ocorridas na economia capitalista. De acordo com a introdução da obra, ela estava centrada na análise 
 econômica da fase capitalista e não exatamente na análise pormenorizada do imperialismo. 
 Novos conceitos e formulações foram elaborados a partir da análise inicial do autor sobre dinheiro e 
 crédito. Em seguida, investigou sobre o crescimento das sociedades anônimas, dos cartéis e dos trustes, 
 identificando a particularidade do capitalismo do início do século XX, que tendia a monopolizar o mercado. Após 
 isso, concentrou-se no estudo das crises econômicas e, por final, descreveu uma teoria do imperialismo. 
 Na investigação sobre o surgimento e a expansão das sociedades anônimas, Hilferding 
 destacou temas importantes como o processo crescente de concentração e centralização de capital nas grandes 
 empresas, a formação de carteis e trustes, o papel dos bancos – que também passavam pelo processo de 
 expansão e fusão – na formação das grandes empresas monopolistas. A partir disso, o autor explorou os efeitos 
 econômicos e políticos relacionados às transformações na estrutura da economia capitalista. 
 A fusão do capital industrial, diante do processo de concentração e centralização, com o capital 
 bancário constituiu aquilo que Hilferding cunhou o termo o capital financeiro . A consequência desse processo 
 seria a formação de oligopólios e a diminuição da concorrência no mercado interno, resultando numa tendência 
 de aumento de preços. 
 O autor chama a tenção para o caráter improdutivo do movimento de ações, pois o movimento da ação 
 enquanto um título de rendimento já não o mesmo que o movimento do capital – industrial que na concepção de 
 Marx passava pelo D – M – D’ – mas apenas compra e venda de títulos de rendimento que buscam se valorizar, 
 sem necessariamente passar pelo mundo da produção. As oscilações dos preços das ações não afetam 
 diretamente o capital industrial realmente ativo, ou seja, aquele disponível para realizar investimento produtivo. 
 Hilferding exemplificou esse processo, então vejamos como o lucro do fundador aparece com um 
 exemplo adaptado à nossa realidade: 
 Digamos que uma empresa brasileira tenha um capital de R$ 1 milhão em estrutura produtiva. 
 Suponha também que a taxa de lucro seja de 15%, ou seja, de um capital de um milhão, o lucro seria de R$ 150 
 mil. Agora vamos imaginar quanto seria necessário de capital para garantir esse lucro. Esse lucro se aplicado em 
 algum título que remunere a taxa de juros anual de 5%, teremos que ter R$ 3 milhões. Se você quiser checar, 
 basta fazer uma regra de três simples: se 5% está para R$ 150.00, então x está para 100%. A partir dessa 
 conta, você chegará nos R$ 3 milhões. Digamos que essa aplicação tenha um certo risco e que a instituição 
 bancária queira pagar algo por precaução, ou seja, a instituição paga um prêmio de risco de 2% e cobra uma 
 taxa de administração de R$20.000. Então, agora o lucro disponível para ser aplicado será reduzido dos R$ 
 20.000, resultando em R$ 130.000 que serão remunerados a uma taxa de rendimento de 7% (5% de taxa de 
 juros mais 2% de prêmio de risco). Fazendo novamente a regra de três simples, temos um capital que será 
 distribuído na forma de ações de R$ 1,9 milhão. Observe que, para gerar um lucro de R$ 150mil, foi necessário 
 um capital de R$1 milhão. Em relação aos R$1,9 milhão levantados com a venda de ações, quando a empresa 
 abriu seu capital, sobram R$ 900 mil (R$ 1,9 milhão menos R$ 1 milhão) que agora estão liberados para serem 
 aplicados pelo empresário, pois o capital industrial se transformou em capital portador de juros ou de dividendos 
 (no caso de ações). Esse R$ 900 mil representam a diferença entre um capital que gera um lucro de 15% e a 
 mesma quantia que remunera a 7%. Esse R$ 900 mil nada mais é que o lucro do fundador, ou seja, o resultado 
 da transformação do capital gerador de lucros em capital portador de juros. O autor enfatizou que o lucro do 
 fundador não é nenhuma fraude ou indenização, mas uma categoria econômica suis generis. 
 Mòdulo 8 - Teorias imperialistas e sua importância: Luxemburg e Lenin. 
 Texto 1 
 Rosa Luxemburg nasceu em 5 de março de 1870 no vilarejo Zamosc, Polônia, que estava sob domínio 
 da Rússia czarista. A família judia mudou-se para Varsóvia para proporcionar melhores estudos aos filhos. Ainda 
 muito jovem, Rosa fazia resistência na escola por conta do número limite de estudantes judeus que a escola 
 aceitava. Em 1889,ela já na militância política, foi para o exílio em Zurique, Suíça. No exílio, militou nos 
 movimentos suíço e polonês, de forma bastante combativa. (SINGER, 1985) 
 Em 1899, publicou o livro “ Reforma ou revolução?” que era um conjunto de artigos sobre o debate que 
 ela havia estabelecido com Eduardo Bernstein, cuja tese era que o capitalismo se desenvolvia com diversos 
 mecanismos de adaptação de maneira a evitar crises futuras e, portanto, os movimentos socialistas deveriam 
 rever suas táticas. Ele ficou conhecido como um revisionista que propunha pequenas mudanças de maneira a 
 melhorar as condições de vida da classe trabalhadora. A tese de Rosa era que a luta proletária prepararia as 
 condições para a revolução e que a evolução do capitalismo o levaria à sua própria destruição. 
 Era dirigente da ala de esquerda do Partido social-democrata alemão e militou também na formulação 
 da revolução russa de 1905 ao lado de Lênin, Trotsky e Parvus. Ela se opunha à tática de greve de massa como 
 arma revolucionária, entre outros motivos, destaca a aliança entre o proletariado e o campesinato, pois esse 
 segundo, de acordo com a pensadora, era pequeno-burguês, defendendo a propriedade privada da terra e a 
 economia de mercado. 
 Em 1907, Rosa Luxemburg substituiu Hilferding na escola de formação de quadros em Berlim. Ao se 
 deparar com o problema de análise do processo de reprodução ampliada, ela se dedicou a investigar de forma 
 crítica as teorias clássicas e a obra de Marx. Assim, o livro “ A acumulação do capital: contribuição ao estudo 
 econômico do imperialismo ” surgiu como produto desses estudos da autora e foi publicado em 1913. 
 Esse livro constitui uma das obras primas para os que se dedicam a estudar o capitalismo de forma 
 crítica. Nela, Luxemburg buscava popularizar a teoria de Marx, além de superar os esquemas de reprodução d’O 
 Capital de Marx. Mas, ao buscar isso, contribuiu imensamente para a análise da acumulação do capital. 
 O livro começa problematizando a reprodução ampliada, os seus traços gerais e específicos do modo 
 de produção capitalista. Reforça que no capitalismo, a realização não se dá no consumo ou na satisfação de 
 necessidades, como em sistemas anteriores, mas na apropriação da mais-valia, enquanto condição essencial 
 para a acumulação do capital. Então, o limite da expansão capitalista estava centrado na capacidade que a 
 sociedade tem para vender a mais-valia e não na capacidade de extração da mais-valia, ou seja, o que interessa 
 é a conversão da mais-valia em mercadoria realizada ou em moeda. 
 Em A Acumulação de Capital , com base no modelo de dois setores de reprodução capitalista ampliada, 
 de Marx, a autora tinha como propósito apontar que, em uma sociedade dividida em capitalistas e trabalhadores, 
 o crescimento econômico equilibrado seria impossível, conforme as teorias liberais nos mostravam. Então, a 
 autora nos mostrou que, quando ambos os setores crescessem, ou seja, o setor I produzindo os meios de 
 produção e o setor II produzindo os bens de consumo, havia, inevitavelmente, desequilíbrio entre os dois, algo 
 inerente ao próprio funcionamento e desenvolvimento do capitalismo. 
 Particularmente, esse desequilíbrio entre os setores era dado pela impossibilidade da demanda por bens 
 de consumo produzidos no setor II crescer tão depressa quanto a capacidade de produção desses bens, nesse 
 setor. 
 Diante disso, a proposta dela era demonstrar que o capitalismo precisa incessantemente buscar novos 
 mercados não capitalistas, para escoar a produção excedente de mercadorias, pois sem isso os capitalistas 
 poderiam perceber lucros inferiores. Nas primeiras fases do capitalismo, segundo a argumentação dela, havia 
 sobrevivido muitos resquícios da produção não capitalista no interior de todo país capitalista, portanto a 
 expansão capitalista ocorria no interior da própria nação. Portanto, não havia a necessidade de expansão 
 territorial para além das fronteiras nacionais, uma vez que havia condições de explorar as áreas de produção 
 com base em trabalhos artesanais ou na produção em escala reduzida e independente de alguns produtos como 
 na agricultura. Entretanto, à medida que o capitalismo foi se expandindo, essas fontes potenciais de domínio da 
 produção capitalista foi se esgotando. Desse modo, a expansão imperialista para além da fronteira nacional 
 tornou-se mandatória para a continuidade do capitalismo. 
 Texto 2 
 Em 1970, nasceu em Simbirsk, na Rússia, Vladimir Ilitch Ulianov que mais tarde ficou mundialmente 
 conhecido como Lenin. Desde muito jovem Lenin participava de atividades políticas revolucionárias junto com 
 um dos irmãos, Alexandre Ulianov. Após o irmão ser morto por ordem do czar Alexandre III, Lenin continuou 
 seus estudos e teve contato com as obras de Marx e Engels a partir de Plekhanov, considerado o pai do 
 marxismo russo. E foi estudar direito na Universidade de São Peterburgo. 
 Por conta de suas atividades de militância política, foi preso numa manifestação e, em 1892, traduziu o 
 Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels para o russo. Lenin foi um dos maiores seguidores da obra de 
 Marx e Engels e tinha uma preocupação que era incorporar à prática a base teórica. Um de seus jargões mais 
 conhecido é “sem teoria revolucionária, não há prática revolucionária”. 
 Em 1893, mudou-se para São Petersburgo e, posteriormente, fundou a Liga da Luta pela Emancipação 
 da Classe Operária. Em dezembro de 1895, ficou preso por quatorze meses por conspirar contra Alexandre III. 
 Após isso, a partir de fevereiro de 1897, ficou exilado na Sibéria. Sua primeira obra sobre a realidade russa foi 
 “O desenvolvimento do capitalismo na Rússia”, publicada em 1899. 
 Após esse exílio, em 1900, Lenin foi para Munique, fundou o jornal Iskra – publicação Partido Operário 
 Social-Democrata Russo (POSDR) - junto com Martov. Em 1902, mudou-se para Londres. É neste mesmo ano 
 que ele publicou “ Que fazer? ”, uma obra de cunho principalmente político em que o autor propõe um novo tipo 
 de partido revolucionário. Após isso, ele passou a liderar a ala bolchevique ("maioria", em russo) contra os 
 mencheviques ("minoria"). 
 Após um interregno em Genebra, entre 1903 e 1905, ele voltou à Rússia para participar da Revolução de 
 1905 como grande líder. Em 1906, foi eleito presidente do POSDR, porém precisou se exilar diante das 
 perseguições czarista contra a revolução. Em 1917, ele volta ao seu país e cooperou na liderança da revolução 
 de outubro. 
 Em 1917, ele publicou “ Imperialismo, fase superior do capitalismo ”. Nesta obra, o autor resgatou os 
 escritos de Marx para analisar o capitalismo no seu tempo. Assim como Marx, Lenin buscou expor a estrutura e 
 a dinâmica de funcionamento do capitalismo, seja na esfera da produção como na da circulação. 
 No prefácio da edição russa, Lenin advertiu que a obra foi escrita no primeiro semestre de 1916 sob 
 censura czarista, portanto, diante tal limitação política e material, a obra faria uma análise exclusivamente teórica 
 e, principalmente, econômica do fenômeno daquele momento. Ademais, chamou a atenção para a influência que 
 Hobson exercera sobre sua interpretação. 
 O objetivo de Lenin era elucidar os fundamentos econômico-sociais do imperialismo e explicitar a sua 
 particularidade histórica. Um destaque importante foi colocar o imperialismo como uma fase histórica particular 
 do desenvolvimento capitalista, cuja origem estaria em torno de 1880. De acordo com autor, houvera muitas 
 formas de imperialismo na história, mas esse era um imperialismo particular, um imperialismo capitalista. É 
 notável considerar que a fase imperialista, além de preservar o conteúdo fundamental do capitalismo, elevou as 
 suas contradições a um novo e mais elevado nível, gerando violência e guerra. 
 Para ele, o imperialismo era o estágio mais recente do capitalismo naquele momento e os cinco traços 
 fundamentais eram: 
 ● Concentração da produçãoe do capital – com papel decisivo na dinâmica econômica; 
 ● Fusão do capital bancário e do capital industrial – formação de uma “oligarquia financeira”; 
 ● Exportação de capitais (diferente da simples exportação de mercadorias); 
 ● Formação de associações monopolistas internacionais; 
 ● Partilha territorial do mundo entre potências capitalistas (as mais importantes). 
 No primeiro capítulo, “A concentração da produção e os monopólios”, o autor, assim como Hobson, inicia 
 o capítulo tratando do processo capitalista de concentração industrial - da produção e do capital - do final do 
 século XIX e início do XX “o enorme aumento da indústria e o processo notavelmente rápido de concentração da 
 produção em empresas cada vez maiores constituem uma das particularidades mais características do 
 capitalismo.” (LENIN, 2012, p.37). 
 A partir de dados concretos estatísticos, ele destacou a situação, principalmente, na Alemanha, nos 
 Estados Unidos da América e nos demais países capitalistas industrializados para explicar o surgimento dos 
 monopólios, dos oligopólios, das estratégias de carteis e trustes. Ademais, o autor destacou, assim como 
 Hobson, Hilferding, a importância dos bancos e do capital financeiro no processo imperialista: 
 À medida que os bancos se desenvolvem e se concentram num número reduzido de 
 estabelecimentos, eles convertem-se de modestos intermediários que eram, em 
 monopolistas onipotentes que dispõem de quase todo o capital-dinheiro do conjunto 
 dos capitalistas e de pequenos patrões, bem como da maior parte dos meios de 
 produção e das fontes de matérias-primas de um ou de muitos países. Esta 
 transformação dos numerosos intermediários modestos num punhado de monopolistas 
 constitui um dos processos fundamentais da transformação do capitalismo em 
 imperialismo capitalista [...] (LENIN, 2012, p.55) 
 Para o autor, essa crescente importância dos bancos, constituindo o capital financeiro, estava 
 relacionada a uma tendência histórica em que os capitalistas tinham se afastado da administração dads tarefas 
 diárias do processo produtivo, entregando essa atividade a uma classe de administradores profissionais. 
 Enquanto isso, os capitalistas constituíam uma classe que progressivamente vivia de rendas, ou seja, parasitária 
 em relação à acumulação de capital industrial. 
 Já a classe dos administradores ficava subjugada à classe capitalista. Era função de alguns capitalistas 
 controlar ou gerenciar essa classe não capitalista de maneira a garantir os interesses dos capitalistas. Quem 
 exercia essa atividade, segundo o autor, era o setor bancário ou financeiro. Portanto, o capital financeiro ao 
 supervisionar os interesses de todos os capitalistas, controlava o capital industrial. Essa seria uma das 
 peculiaridades dessa fase imperialista do desenvolvimento capitalista, o que a tornava distinta da fase anterior 
 concorrencial. Lenin (2012, p. 89) destacou esse processo: 
 É próprio do capitalismo, em geral, separar a propriedade do capital da sua aplicação 
 à produção; separar o capital-dinheiro do industrial ou produtivo; separar o rentista, que 
 vive apenas dos rendimentos provenientes do capital-dinheiro, do industrial e de todas 
 as pessoas que participam diretamente na gestão do capital. O imperialismo, ou 
 domínio do capital financeiro, é o capitalismo no seu grau superior, em que essa 
 separação adquire proporções imensas. O predomínio do capital financeiro sobre todas 
 as demais formas do capital implica o predomínio do rentista e da oligarquia financeira 
 [...]. 
 Nessa fase do capitalismo, a superioridade do capital financeiro era desempenhada pelo domínio de 
 uma rede complexa e interligada de controles sobre as empresas industriais e comerciais. Isso ocorria a partir da 
 propriedade de ações e por intermédio da arquitetura de diretorias interligadas dos bancos com as demais 
 empresas não bancárias. 
 Simultaneamente, desenvolve-se, por assim dizer, a união pessoal dos bancos com as 
 maiores empresas industriais e comerciais, a fusão de uns com as outras mediante a 
 aquisição das ações, mediante a participação dos diretores dos bancos nos conselhos 
 de supervisão (ou de administração) das empresas industriais e comerciais, e 
 vice-versa. (LENIN, 2012, p.68).

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