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Os pensamentos de Marx e Keynes

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História do Pensamento 
Econômico
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Luiz Paulo Ribeiro Siqueira
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Os pensamentos de Marx e Keynes
5
• Karl Marx
• John Maynard Keynes
Apresentar as principais contribuições de Karl Marx para o pensamento econômico, a saber:
	 o conceito de mais-valia;
	 tendência decrescente da taxa de lucro;
	 consequências do desenvolvimento capitalista na visão de Marx.
Apresentar as principais contribuições de John Maynard Keynes para o pensamento 
econômico e a macroeconomia, a saber:
	 função consumo;
	 fluxo circular;
	 os motivos da demanda por moeda;
Leia com bastante atenção o conteúdo desta unidade, pois, nela, serão abordados assuntos so-
bre os quais se espera que um economista tenha pleno conhecimento e que são importantes não 
apenas para esta disciplina, mas para todo o curso de graduação em Economia. 
Assim sendo, certifique-se de que conceitos como o da mais-valia, da tendência decrescente da taxa 
de lucro e da origem das crises econômicas, para Marx, sejam bem compreendidos. No que diz respeito 
a Keynes, é importante compreender, em primeiro lugar, o contexto histórico no qual a obra Teoria 
Geral foi escrita. Além disso, é vital compreender suas ideias relativas à função consumo e ao fluxo cir-
cular e sobre os motivos de demanda por moeda além de sua análise a respeito das crises do capitalismo 
e das políticas recomendadas para contornar os problemas.
Você também encontrará, nesta unidade, uma atividade composta por questões de múltipla 
escolha relacionada com o conteúdo estudado. Além disso, não deixe de se dedicar a elaborar um 
bom texto na atividade reflexiva.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em 
informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.
Os pensamentos de Marx e Keynes
6
Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
Contextualização
Para iniciarmos esta unidade, convido você a ler a entrevista dada por Robert Skidelsky, 
principal biógrafo de John Maynard Keynes, à revista Veja. A entrevista tem como tema a 
crise imobiliária de 2008. 
Explore: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/gracas-a-keynes-nao-tivemos-outra-grande-depressao/
No texto indicado, Robert explica por que o pensamento de Keynes é mais atual do que 
nunca e ajudou sobremaneira os formuladores de políticas econômicas no processo de implan-
tação de medidas para retomada da economia. Na entrevista, é feita uma breve comparação 
entre as crises de 1929 e de 2008. Nela, o autor, ainda, faz-se passar por Keynes, imaginando 
quais conselhos ele poderia dar à Barack Obama em meio à situação vivida alguns anos atrás.
Outro interessante texto para a leitura é a entrevista dada pelo grande historiador Eric 
Hobsbawm (1917 – 2012), que trata da importância da leitura de Marx para entender as crises 
atuais do capitalismo, com destaque para a crise de 2008.
Explore: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-crise-do-capitalismo-e-a-importancia-atual-de-Marx/4/14529
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/gracas-a-keynes-nao-tivemos-outra-grande-depressao/
7
Karl Marx
Karl Heirinch Marx (1818-1883) foi um intelectual 
alemão cujas ideias e pensamentos exerceram grande 
influência em diversas áreas do conhecimento, como 
economia, filosofia, história, ciência política, direito, 
sociologia e teologia. Marx conseguiu influenciar tantas 
áreas distintas do conhecimento porque formulou um 
sistema intelectual completo e integrado, que incluiu 
concepções bem elaboradas sobre ontologia (o estudo do 
ser) e epistemologia, a natureza humana, a natureza da 
sociedade, a relação entre o indivíduo e o todo social e a 
natureza do processo da História Social (HUNT, 1981). 
A obra de Karl Marx é extensa e abrangente. Por esse 
motivo, nesta unidade, discutiremos apenas suas ideias 
relativas ao modo de funcionamento de uma economia 
capitalista. A análise de Marx sobre o capitalismo foi 
elaborada em sua obra de três volumes intitulada O Capital. 
Apenas o volume I foi publicado enquanto Marx ainda era vivo, em 1867. Os volumes II e III 
foram escritos ao longo da década de 1860 e ainda não estavam prontos quando Marx morreu, 
em 1883. Assim, coube a seu amigo Frederick Engels (1820-1895) a tarefa de organizar, 
finalizar e publicar o restante dos escritos. 
Além de O Capital, Marx escreveu muitas outras publicações menores, como panfletos 
e artigos, nas quais analisava o capitalismo. Dentre estas, destacou-se também a série de 
cadernos e anotações inacabados chamados de Grundrisse, que constituiriam uma obra 
posterior e mais ampla que O Capital, cuja análise foge ao escopo deste curso.
A crítica de Marx à economia clássica
O pensamento de Marx sobre a economia teve expressiva influência de David Ricardo e 
Adam Smith, principalmente por conta de suas ideias sobre o valor e os lucros. Por outro lado, 
entretanto, Marx foi um crítico ferrenho das ideias de Bentham e Say, por exemplo.
A principal deficiência de autores como Say e Bentham, na opinião de Marx, era a falta 
de perspectiva histórica. Marx analisava que o primeiro passo para entender qualquer modo 
de produção, como o capitalismo ou o feudalismo, seria isolar as características específicas 
de cada modo de produção. Entretanto Marx ponderou que alguns dos economistas clássicos 
demonstravam as relações sociais existentes como eternas, o que levava a uma série de 
distorções e confusões na análise do funcionamento da economia capitalista. Nesse contexto, 
Marx entendia, por exemplo, que, só no capitalismo, os instrumentos de produção e o trabalho 
Fonte: Thinkstock/Getty Images
8
Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
acumulado (tal como propôs Ricardo) eram a fonte de renda e do poder da classe social 
dominante, os capitalistas (HUNT e SHERMAN, 2001).
Outra crítica de Marx dava-se por conta da ideia de alguns economistas de que toda atividade 
econômica podia ser reduzida a uma série de trocas - compra e venda de mercadorias. Dessa 
forma, o centro de toda a atenção nas análises era a troca ou a esfera de circulação da moeda 
e das mercadorias, concebendo todos os indivíduos como trocadores totalmente iguais, fossem 
eles ricos ou pobres. Na visão de Marx, admitir essa igualdade levava os economistas clássicos, 
como Say, a interpretarem erroneamente o sistema capitalista como harmonioso e baseado 
apenas em relações monetárias puras.
Valor de Uso e Valor de Troca, as Mercadorias, Circulação Simples e Circulação 
Capitalista para Marx
Marx enxergava, assim como pontuamos na primeira unidade, que as mercadorias tinham 
duas características essenciais. A primeira eram as qualidades físicas e particulares que 
tornavam as mercadorias úteis para as pessoas e, então, faziam com que as mercadorias 
tivessem valor de uso. A segunda, o valor de troca, era uma relação entre a quantidade 
da mercadoria que se poderia conseguir em troca de uma certa quantidade de outra ou outras 
mercadorias (HUNT e SHERMANN, 2001). O valor de troca, por sua vez, seria expresso, em 
geral, em termos do preço monetário de uma mercadoria, ou seja, em termos da quantidade, 
na nomenclatura usada por Marx, da “mercadoria dinheiro” que se poderia obter em troca de 
uma unidade da mercadoria em questão.
Para pensar
Marx explicava que, por exemplo, se o preço de uma vassoura fosse 10 reais, isso significava 
que uma vassoura seria trocada por 10 unidades da mercadoria dinheiro (no caso R$ 10,00) 
ou por uma quantidade de qualquer outra mercadoria que pudesse ser trocada por 10 reais. 
O dinheiro, então, era uma mercadoria especial que servia de numeral em termos do qual os 
valores de troca eram, geralmente, estabelecidos e que também funcionava como equivalente 
universal de troca. Essa perspectiva de Marx é bem clara; afinal, todas as mercadorias 
produzidas, para possibilitar sua troca, têm seu valor expresso em unidades monetárias: reais,dólares, euros etc. 
Marx também rejeitou o valor de uso como possível determinante dos preços, ao 
entender que, por conta da variedade praticamente infinita de qualidades físicas que davam 
às mercadorias, seu valor de uso ou utilidade, não era possível compará-las diretamente no 
sentido quantitativo. Marx via o tempo de trabalho necessário à produção de uma mercadoria 
como o único elemento comum a todas as mercadorias e, assim sendo, poderia ser diretamente 
comparável. Assim, Marx também foi um adepto da teoria do valor-trabalho como principal 
determinante dos valores de troca de uma mercadoria. 
Na visão de Marx, contudo, um produto do trabalho humano, como uma cadeira ou uma 
mesa, apenas se transformaria em uma mercadoria a partir do momento em que sua produção 
fosse destinada para a troca por dinheiro no mercado. Dessa forma, para ele, um produto 
fabricado por uma pessoa apenas para seu uso não seria considerado uma mercadoria; os 
produtos transformar-se-iam em mercadorias a partir do momento em que existisse um 
mercado desenvolvido no qual essas mercadorias fossem transacionadas.
9
Nas sociedades mais primitivas, que operavam em um sistema não capitalista, Marx apontava 
que as mercadorias eram produzidas visando arrecadar dinheiro com sua venda, para depois 
adquirir outras mercadorias para uso, no seguinte esquema:
Mercadoria Moeda Mercadoria
Me → Mo → Me
Esse esquema, que Marx denominou de circulação simples, demonstra um processo de 
circulação no qual as mercadorias eram “transformadas” em moeda e, em seguida, de moedas 
em novas mercadorias; vender para comprar. No capitalismo, além dessa forma, herdada de 
sociedades mais antigas, encontraríamos outra especificamente diferente:
Moeda Mercadoria Moeda’
Mo → Me → Mo’
Ou seja, a transformação de moedas em mercadorias e a transformação das mercadorias 
em moeda com um valor superior ao inicial, portanto comprar para vender mais caro 
(Mo’> Mo), numa prática típica dos comerciantes. Essa esfera de circulação Marx denominou 
de capitalista, pois terminava com um valor maior que o inicial.
Mais-valia, troca e a fórmula geral do capital
A diferença entre Mo’ e Mo (valor final menos valor inicial) foi o que Marx denominou 
como mais-valia, sendo que a busca de quantidades cada vez maiores de mais-valia era a 
força que movia o sistema capitalista (HUNT, 1981). A fórmula Mo→Me→Mo’ foi o que 
Marx chamou de fórmula geral do capital. 
Em seu livro O Capital, Marx reservou muitas páginas ao estudo e pesquisa do processo 
de geração de mais-valia no processo de produção industrial, uma vez que ele observava a 
mais-valia via comércio, ou ganhos de agiotagem (empréstimos), como mais antiga, existindo 
desde o período feudal. No processo de produção industrial, assim sendo, Marx entendia que 
a geração de mais-valia ocorreria segundo o seguinte processo:
Mo → Me → P → Me’ → Mo’
Nesse esquema mais “complexo” de circulação, o capitalista comprava, com seu dinheiro 
(Mo), um conjunto de mercadorias (Me) e transformava-os através de um processo produtivo 
(P), transformando o conjunto de mercadorias (Me) em uma nova mercadoria (Me’), que seria, 
então, vendida no mercado por um preço superior (Mo’) ao gasto inicial com as compras.
Para pensar
Observe que, nesse esquema, Marx estava apenas descrevendo o típico processo em uma 
indústria capitalista. Vejamos, por exemplo, a indústria de tecidos. O capitalista gasta dinheiro 
(Mo) para comprar algodão e demais matérias-primas (Me). No processo de produção (P), as 
matérias-primas são transformadas em camisas, calças, vestidos etc. (Me’), que são vendidos 
pelo valor Mo’, que é superior ao valor inicialmente investido, Mo.
10
Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
Durante o processo de produção, o capital era transformado em mercadorias acabadas, 
sendo que o valor das mercadorias acabadas provinha de três fontes: as matérias-primas, os 
instrumentos e a força de trabalho. As matérias-primas e os instrumentos (máquinas, ferramentas 
etc.) utilizados na produção eram definidos por Marx como Capital Constante. A força de 
trabalho que o capitalista comprava, ou seja, os operários contratados, por outro lado, era 
designada como Capital Variável, sendo que era no Capital Variável que se encontrava a 
fonte da mais-valia.Quando dizia que a fonte da mais-valia se encontrava no que ele chamou 
de capital variável, Marx explicava que o valor da força de trabalho de um operário possuiria o 
mesmo valor que o tempo que o operário precisava para produzir o suficiente para receber o 
seu salário e, assim, garantir a subsistência de sua família. Entretanto, no sistema capitalista, 
o valor desse tempo era menor que a quantidade de força de trabalho total, ou seja, é menor 
do que o total de horas trabalhadas diariamente (MARX, 1996).
Para pensar
Vamos expressar com números o que Marx quis dizer no parágrafo anterior. Continuando 
com o exemplo de nossa indústria têxtil, vamos supor que um trabalhador precisa apenas de 
4 horas por dia de trabalho para produzir camisetas no valor que pague seu salário mensal. 
Assim, considerando o mês com 22 dias úteis, o trabalhador precisaria trabalhar 88 horas 
por mês para produzir camisetas no valor de seu salário. Entretanto, ele não pode trabalhar 
apenas 4 horas por dia, uma vez que a jornada mínima de trabalho, em geral, é de 8 horas, ou 
seja, ele deve continuar produzindo nas outras 4 horas. O lucro obtido com o seu trabalho no 
restante das horas vai para o capitalista e é designado como mais-valia ou mais-valia absoluta 
por Marx.
O capital investido, assim, sempre gerava mais-valia, que era a fonte de mais capital, que, 
por sua vez, gerava outra mais-valia em um processo contínuo e incessante de acumulação de 
capital, através do sistema de circulação Mo→Me→P→Me'→Mo’.
11
Tendência decrescente da taxa de lucro e crises econômicas
A vontade insaciável e sem fim de acumular capital e a concorrência ferrenha entre os 
capitalistas, para Marx, caracterizaram os padrões de desenvolvimento do capitalismo ou o 
que ele chamou de suas “leis de movimento”. As consequências geradas por esse padrão de 
desenvolvimento do capitalismo, entretanto, não gerariam um quadro de sustentabilidade no 
longo prazo, pois culminariam nas quatro situações listadas abaixo e discutidas na sequência:
1) concentração econômica;
2) tendência à queda da taxa de lucro;
3) crises econômicas;
4) alienação da classe operária.
Na medida em que o capitalismo se desenvolvia, Marx pontuava que o poder e as riquezas 
tenderiam a se concentrar na mão de um número cada vez menor de capitalistas. Tal processo 
de concentração aconteceria como resultado da ação de duas forças. A primeira seria o fato 
de que a concorrência entre os capitalistas tenderia a criar uma situação na qual o forte 
“esmagaria” ou absorveria o fraco, ou seja, o grande suplantaria os pequenos. A segunda dar-
se-ia pelo fato de que, na medida em que a tecnologia de produção se aperfeiçoasse, haveria 
um aumento do volume mínimo de capital necessário para o funcionamento de uma empresa. 
Para continuar concorrendo, assim, as empresas teriam sempre que aumentar a produtividade 
de seus operários e sua escala de produção, criando um movimento sem volta, no capitalismo, 
rumo à existência de empresas cada vez maiores, concentradas nas mãos de um número cada 
vez menor de capitalistas.
Para ilustrar a perspicácia dessas observações de Marx, avaliemos, no caso da primeira 
força, por exemplo, o movimento de concentração bancária no Brasil nas últimas duas 
décadas. Já como segunda força, podemos pensar, por exemplo, na situação atual na 
indústria automobilística. Nos dias de hoje, criar uma nova fábrica de automóveis é 
tarefa muito mais árdua do que na década de 1950, principalmente por conta do alto 
investimento necessário em tecnologia e escala de produção.
Tal como já foi abordado, Marx dividia o capital em constante (meios de produção) e variável 
(força de trabalho). Em complemento a essa classificação,Marx definiu, ainda, a razão entre 
capital constante e capital variável como composição orgânica do capital.
Por conta do processo incessante de acumulação de capital, Marx achava que, com o 
passar do tempo, o valor do capital constante tenderia a aumentar em ritmo mais rápido 
do que o do capital variável. Dessa forma, ocorreria um aumento contínuo da composição 
orgânica do capital (aumentaria C, diminuiria ou manter-se-ia a constante V), o que diminuiria 
a taxa de lucros, visto que a mais-valia seria gerada apenas pelo capital variável e não poderia 
ser aumentada de forma contínua (um trabalhador não pode, em tese, assumir uma jornada de 
trabalho de mais do que 12h por dia, por exemplo). Marx observava, contudo, que uma queda 
na taxa de lucro não indicaria uma queda no lucro total das empresas.
A tendência à expansão da produção com menos emprego de mão de obra (aumento de 
C sobre V), na visão de Marx, levaria, também, a uma situação de desequilíbrio na economia. 
Enquanto novas mercadorias inundavam os mercados, os salários dos operários eram reduzidos 
ou permaneciam fixos, o que limitava a procura para o consumo dessas novas mercadorias. 
Os operários ainda gerariam mais-valia, mas os capitalistas não poderiam transformar essas 
mercadorias em dinheiro nem obter lucro vendendo-as no mercado, pois não haveria procura 
para consumi-las. (HUNT e SHERMANN, 2001). Tal processo geraria crises constantes e 
exclusivas do sistema capitalista de produção.
12
Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
Para pensar
Marx tinha como concepção, em seu tempo, que o emprego cada vez maior de máquinas 
na indústria faria com que o lucro dos capitalistas diminuísse tanto quanto a renda total na 
economia, já que menos salários seriam pagos, uma vez que os trabalhadores fossem trocados 
pelas máquinas. Nesse ponto, podemos observar um dos equívocos da análise de Marx sobre 
o futuro do capitalismo, uma vez que se provou que a mecanização tende a aumentar e não 
a reduzir o lucro dos capitalistas.
Como última consequência do padrão de desenvolvimento do capitalismo, Marx pontuou a 
questão da dependência e fragilidade dos operários perante os capitalistas. Marx, assim como 
outros economistas clássicos, analisava que a classe dos operários nada tinha a vender no 
mercado além de sua força de trabalho, sendo que o produto de seu trabalho, as mercadorias, 
estava totalmente fora de sua vida, sendo propriedade do capitalista. Marx utilizou o termo 
alienação para descrever as condições dos homens nessa situação. Tal como pontuou Hunt 
(1981, pg. 248):
Eles, os trabalhadores, se sentiam alienados ou divorciados do seu trabalho, de 
seu meio institucional e cultural e de seus colegas. As condições de trabalho, 
o objeto produzido e, na verdade, a própria possibilidade de trabalhar eram 
determinados pela classe numericamente pequena de capitalistas e pelos seus 
cálculos de lucro e não por suas necessidades ou aspirações humanas.
Assim, Marx nos dizia que, com o desenvolvimento do capitalismo, os trabalhadores 
atingiriam um grau cada vez maior de alienação no processo produtivo e de dependência dos 
capitalistas. Marx, de maneira pessoal, não concordava com tal situação e era um defensor da 
chamada ditadura do proletariado, situação na qual, em síntese, a classe trabalhadora é que 
deveria ter o controle do poder político.
O capitalismo é muito complexo para permitir previsões feitas com base em sonhos ou 
adivinhações. Marx, todavia, apresentou uma análise muito bem estruturada bem como 
inúmeros esclarecimentos teóricos e históricos concretos que, ainda hoje, são muito úteis para 
que a estrutura e o funcionamento do capitalismo possam ser entendidos (HUNT, 1981).
Fonte: Thinkstock/Getty Images
13
John Maynard Keynes
John Maynard Keynes (1883 – 1946) foi um 
economista, professor, empresário e assessor do tesouro 
e do banco central britânico. Keynes, que foi aluno de 
Alfred Marshall, é considerado um dos economistas 
mais importantes da história e uma das pessoas mais 
influentes do século XX. Apenas a título de curiosidade, 
foi Keynes, por exemplo, que chefiou a delegação 
britânica na conferência de Bretton Woods, em 1944, 
que deu origem a instituições como o Banco Mundial e 
o Fundo Monetário Internacional (FMI). Sua principal 
obra, o livro Teoria Geral do Emprego do Juro e 
da Moeda, de 1936, é considerado por muitos a mais 
influente obra em teoria econômica do século XX.
As ideias e os postulados de Keynes exercem, nos dias 
de hoje, grande influência na macroeconomia prática 
e teórica e foram a base para a fundação da escola do 
pensamento econômico conhecida como Keynesiana. 
Keynes e seus seguidores são defensores da intervenção 
do Estado na economia através de políticas monetárias e 
fiscais com o intuito de reduzir os impactos das crises e 
depressões econômicas. 
Nesta unidade, concentraremos nossas discussões apenas em alguns aspectos das discussões 
do livro a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, também chamado apenas 
de Teoria Geral. Tal limitação faz-se necessária, neste momento, pois muitos dos assuntos 
tratados por Keynes na Teoria Geral demandam conhecimentos em economia que ainda 
serão adquiridos em outras disciplinas, como macroeconomia e economia monetária.
O Contexto Histórico anterior à escrita da Teoria Geral
A economia utilitarista, no final do século XIX e início do século XX, atingiu seu estado mais 
elevado na defesa ideológica do capitalismo laissez-faire (HUNT, 1981). Os três principais 
elementos do utilitarismo neoclássico eram: (1) a teoria da distribuição baseada na produtividade 
marginal, que retratava o capitalismo concorrencial como um ideal de justiça distributiva; (2) o 
argumento da “mão invisível”, que retratava a eficiência e racionalidade do capitalismo e (3) a 
fé na natureza automática e autorregulável do mercado (Lei de Say), que atribuía ao governo 
um papel secundário na economia, apenas fazendo cumprir os contratos e protegendo a 
propriedade privada.
A ideia de que os mercados eram autoajustáveis servia como argumento para limitar as 
funções do governo, que deveria favorecer o ganho irrestrito de lucros e não dificultá-lo, como 
fazia quando tentava regular os mercados de alguma forma. O sistema capitalista de mercado, 
entretanto, nunca se ajustou de forma tranquila e automática, sendo a história do capitalismo 
uma história de instabilidade econômica (HUNT, 1981).
Para pensar
Marx tinha como concepção, em seu tempo, que o emprego cada vez maior de máquinas 
na indústria faria com que o lucro dos capitalistas diminuísse tanto quanto a renda total na 
economia, já que menos salários seriam pagos, uma vez que os trabalhadores fossem trocados 
pelas máquinas. Nesse ponto, podemos observar um dos equívocos da análise de Marx sobre 
o futuro do capitalismo, uma vez que se provou que a mecanização tende a aumentar e não 
a reduzir o lucro dos capitalistas.
Como última consequência do padrão de desenvolvimento do capitalismo, Marx pontuou a 
questão da dependência e fragilidade dos operários perante os capitalistas. Marx, assim como 
outros economistas clássicos, analisava que a classe dos operários nada tinha a vender no 
mercado além de sua força de trabalho, sendo que o produto de seu trabalho, as mercadorias, 
estava totalmente fora de sua vida, sendo propriedade do capitalista. Marx utilizou o termo 
alienação para descrever as condições dos homens nessa situação. Tal como pontuou Hunt 
(1981, pg. 248):
Eles, os trabalhadores, se sentiam alienados ou divorciados do seu trabalho, de 
seu meio institucional e cultural e de seus colegas. As condições de trabalho, 
o objeto produzido e, na verdade, a própria possibilidade de trabalhar eram 
determinados pela classe numericamente pequena de capitalistas e pelos seus 
cálculos de lucro e não por suas necessidades ou aspirações humanas.
Assim, Marx nos dizia que, com o desenvolvimento do capitalismo, os trabalhadores 
atingiriam um grau cada vez maior de alienaçãono processo produtivo e de dependência dos 
capitalistas. Marx, de maneira pessoal, não concordava com tal situação e era um defensor da 
chamada ditadura do proletariado, situação na qual, em síntese, a classe trabalhadora é que 
deveria ter o controle do poder político.
O capitalismo é muito complexo para permitir previsões feitas com base em sonhos ou 
adivinhações. Marx, todavia, apresentou uma análise muito bem estruturada bem como 
inúmeros esclarecimentos teóricos e históricos concretos que, ainda hoje, são muito úteis para 
que a estrutura e o funcionamento do capitalismo possam ser entendidos (HUNT, 1981).
Fonte: Thinkstock/Getty Images
14
Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
Para expressar essa instabilidade, temos que, na primeira metade do século XIX, por 
exemplo, ocorreram duas crises nos Estados Unidos (1819 e 1837) e quatro na Inglaterra 
(1815, 1825, 1836 e 1847), ao passo que, na segunda metade do século XIX, foram cinco 
nos Estados Unidos (1854, 1857, 1873, 1884 e 1893) e seis na Inglaterra (1857, 1866, 
1873, 1882, 1890 e 1900), (HUNT e SHERMANN, 2001). Foi apenas no século XX, 
entretanto, que o capitalismo experimentou sua maior e mais profunda crise: a Grande 
Depressão ou crise de 1929.
A Grande Depressão foi um fenômeno de amplitude mundial que afetou, praticamente, 
todas as economias capitalistas, grandes e pequenas, inclusive a do Brasil. Embora a produção 
industrial já estivesse em baixa nos Estados Unidos e em outros países, a data que marcou o início 
da Grande Depressão foi o dia 24 de Outubro de 1929, também conhecido como “quinta-feira 
negra”. Nesse dia, a Bolsa de Valores de Nova Iorque teve uma queda brusca nas cotações dos 
títulos, fenômeno que, praticamente, destruiu a confiança dos agentes na economia. Por conta 
da queda da confiança na economia, os empresários reduziram a produção e os investimentos, o 
que causou a diminuição da renda nacional e o expressivo aumento do desemprego, diminuindo 
ainda mais a confiança na recuperação da economia capitalista.
Os números negativos da Grande Depressão são grandiosos. Apenas nos Estados Unidos, 
por exemplo, entre 1929 e 1932 foram registradas a falência de mais de 85.000 empresas; mais 
de 5.000 bancos suspenderam suas operações; os valores das ações na Bolsa de Nova Iorque 
caíram de 87 bilhões para 19 bilhões de dólares; o desemprego aumentou expressivamente e 
o produto industrial caiu quase 50%. (HUNT, 1981, apud HACKER, 1970).
Em meio a esse cenário desesperador, os economistas da época debruçavam-se em entender 
por que a produção de bens e serviços tinha diminuído tanto, tendo em vista que os recursos 
naturais eram abundantes, os países ainda tinham suas fábricas e máquinas para produção e a 
população tinha as mesmas habilidades e queria trabalhar. 
O fato era que os empresários não produziam, pois não estavam tendo lucros e, fazendo 
isso, desempregavam em massa a população. Sem emprego e renda, as pessoas mendigavam 
nas ruas em busca de caridade, e muitas morreram de fome nesse período. Diante dessa 
situação, ficou claro, para muitos economistas, que o “mito” do mercado autoajustável, 
segundo o qual o governo não deveria interferir na economia, tinha perdido sua utilidade 
ideológica. Começou-se, então, a perceber que o sistema quase “anárquico” de mercado sem 
regras e que visava apenas à busca do lucro máximo estava ameaçando a própria existência 
do sistema capitalista.
Não houve dúvida, então, para muitos economistas, de que a saída dessa situação passaria, 
de forma necessária, pela tomada de medidas drásticas em uma escala e nível que só o Governo 
poderia pôr em prática. Foi a essa tarefa que se propôs Keynes quando escreveu sua Teoria 
Geral, livro que também serviu para justificar as práticas adotadas, a partir de 1932, pelo New 
Deal, plano de recuperação da economia americana adotado durante o Governo de Franklin 
Delano Roosevelt (1882-1945).
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As contribuições de Keynes e a economia neoclássica da “prosperidade” do início 
do século XX.
A teoria que Keynes propôs é uma análise de um processo contínuo de produção, circulação 
e consumo. Antes de discutirmos melhor esse processo, devemos ter em mente o esquema 
de funcionamento simples de uma firma, como uma indústria, por exemplo. Uma indústria, a 
cada período de produção, produz um determinado valor em reais de mercadorias e coloca-as 
à venda. Com a receita da venda dessas mercadorias, a firma paga seus custos de produção, 
que incluem os salários, a matéria-prima utilizada, aluguéis, juros de empréstimos, etc. O que 
sobra após o pagamento desses custos é o lucro.
Em meio a esse processo, aquilo que é um custo de produção de uma firma é, também, a 
renda de um indivíduo ou de outra firma. É sempre importante observar que, enquanto o salário 
é um custo para a empresa que o paga, para o funcionário que o recebe, trata-se de sua renda. 
Da mesma forma, a matéria- prima utilizada na fabricação dos produtos representa um custo 
para a firma produtora, mas é renda para a firma que vende a matéria-prima. O lucro, assim 
sendo, também é renda, mas a renda do dono da firma. Assim, como o valor da produção se 
resume aos custos do que foi produzido mais os lucros e como tudo isso é renda, conclui-se que 
o valor do que foi produzido tem que ser igual às rendas geradas em sua produção. 
Já que se verifica isso em uma firma, também se pode verificar em a economia como um 
todo, de forma que o valor de tudo o que é produzido na economia, durante qualquer período 
(um mês, um ano etc.), será igual à renda total recebida no mesmo período. Portanto, para 
as firmas venderem tudo o que produzem, as pessoas terão que gastar, no agregado, todas 
as suas rendas. Se isso ocorrer normalmente, os lucros permanecerão altos e os empresários 
continuarão a produzir a mesma quantidade de produtos, ou mais, no período seguinte.
Tal como Keynes propôs, esse processo pode ser visto como um fluxo circular: o 
dinheiro vai das firmas para o público sob a forma de salários, aluguéis, juros e lucros; 
esse dinheiro, depois, retorna às firmas, quando o público compra seus bens e serviços. 
Enquanto as firmas venderem tudo o que produzirem e tiverem lucros satisfatórios, o 
processo continuará indefinidamente.
Esse processo, contudo, tende a não acontecer de forma tão natural como pode parecer à 
primeira vista, visto que as pessoas não, necessariamente, irão gastar toda a sua renda. Afinal 
muitos poupam, outros, ainda, compram produtos importados, além da parcela que é retida a 
título de impostos diretos e indiretos cobrados pelo governo.
Na visão neoclássica do capitalismo, esses “vazamentos” poderiam ser compensados, de 
forma que tenderia sempre a reinar a prosperidade. Nessa situação de prosperidade, ainda, 
o desemprego involuntário (quando a pessoa está procurando emprego, mas não encontra), 
para os economistas neoclássicos, teria como única causa: a recusa dos trabalhadores em 
aceitar reduções de seus salários. Ou seja, as pessoas estariam desempregadas não por falta 
de vagas, mas por que não aceitam os salários ofertados no mercado. 
Uma das suposições coerentes e importantes de Keynes na Teoria Geral é a de que a taxa 
de utilização da capacidade produtiva declina rapidamente nas épocas de depressão. Ou seja, 
enquanto num período de euforia uma fábrica opera com 100% da capacidade, por exemplo, 
em uma depressão esse percentual cai rapidamente para 60% ou 50%, o que faz com que o 
desemprego também aumente rapidamente. 
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Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
O diferencial na abordagem de Keynes, se comparada com o que a maioria dos economistas 
de sua época pensava, dava-se em dois pontos principais. O primeiro era que a poupança total 
de um país dependia muito mais da renda agregada de um país do que da taxa de juros. Já o 
segundo era que a poupança e o investimento não determinavam a taxa de juros básica em 
uma economia.
O primeiro diferencial da abordagem de Keynes ocorria por conta de sua crença emque 
o quanto as pessoas poupam por mês está muito mais atrelado à sua renda (valor de seu 
salário) do que à taxa de juros. Quando Keynes fala em taxa de juros, imagine as taxas que 
remuneram as aplicações financeiras, como a caderneta de poupança. Como Keynes entendia 
tal afirmação como válida, então, quanto maior fosse a renda agregada de um país, maior seria 
seu nível de poupança. 
Para pensar
Veja que a hipótese de Keynes parece bem razoável; afinal, o mais comum é que as pessoas 
com mais renda poupem maior parcela do seu salário. Embora a remuneração das aplicações 
também influencie o volume total, por exemplo, da poupança, é difícil imaginar que uma 
pessoa com baixa renda abra a mão da compra de alimentos para guardar dinheiro na 
poupança apenas porque a remuneração aumentou.
Dessa forma, Keynes afirmou que o nível de consumo e o nível de poupança eram função 
do nível de renda, o que foi chamado por ele de “função consumo”. A função-consumo 
de Keynes, assim sendo, retrataria a relação entre poupança, consumo e nível de renda das 
famílias. Keynes nomeou essas relações da seguinte forma:
»» a relação entre uma variação da renda e a variação resultante da poupança foi definida 
como “propensão marginal a poupar”;
»» a relação entre uma variação da renda e a variação resultante do consumo foi definida 
como “propensão marginal a consumir”.
O segundo diferencial, na abordagem de Keynes, era a rejeição da teoria neoclássica da 
determinação da taxa de juros. Keynes entendia que a taxa de juros era a recompensa pela 
desistência da liquidez. Assim a taxa de juros seria uma medida da falta de interesse dos que 
possuem dinheiro em abrir mão do controle líquido sobre o seu dinheiro (KEYNES, 1996). 
Quando falamos em liquidez, estamos falando da manutenção do dinheiro em espécie em um 
cofre, embaixo do colchão ou em uma conta corrente de um bom banco, de forma que possa 
ser facilmente utilizado.
Ainda segundo Keynes, (1986, p. 168), criticando os neoclássicos e colocando seu 
ponto de vista:
A taxa de juros não é o “preço” que equilibra a procura de recursos para 
investimento e a disposição de se abster do consumo presente. É o “preço” 
que equilibra a vontade de reter riqueza sob a forma de dinheiro e a quantidade 
de dinheiro disponível...se esta explicação estiver correta, a quantidade de 
dinheiro é o outro fator que, em conjunto, com a procura de moeda, determina 
a verdadeira taxa de juros em determinada circunstância. 
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Assim, Keynes postulou que a taxa de juros era determinada pela procura e pela oferta de 
moeda, podendo ser influenciada, entre outros, pelos atos do Banco Central ou das autoridades 
monetárias. Se, por um lado, a oferta de moeda era controlada inteiramente pelo Banco Central, 
por outro, a procura de moeda pelas pessoas, para Keynes, era determinada por três motivos:
1 Motivo transação: 
que se refere à retenção de moeda para as transações 
correntes pessoais do dia a dia, pagamento de contas, compra 
do almoço etc.;
2 Motivo precaução:
que se refere à retenção de moeda para atender às contingências 
inesperadas e às oportunidades imprevistas na realização de 
negócios vantajosos (despesas com hospitais, barganhas etc.);
3 Motivo especulação: 
isto é, a retenção de moeda com o objetivo de auferir lucros, 
investindo no mercado de ações, conforme as variações das 
taxas de juros.
Essas e outras contribuições de Keynes serão estudadas de forma mais profunda em outras 
disciplinas. Por hora, contudo, nossa discussão será direcionada para as respostas de Keynes 
para resolução das crises do capitalismo.
Keynes e a Análise das Crises do Capitalismo
As diversas crises pelas quais o sistema capitalista passou, em geral, tiveram origens e 
causas variadas, sendo mais claramente percebidas pelos agentes quando ocorre uma queda 
generalizada na demanda. Quando cai a demanda, aumentam os estoques nas fábricas. 
Percebendo o aumento dos estoques, os empresários diminuem a produção e demitem 
funcionários para ajustar a produção à nova realidade, o que causa aumento do desemprego 
e queda da renda agregada. Com a queda na renda, caí ainda mais o consumo no período 
sequente, aumentando, novamente, os estoques nas fábricas, o que faz com que os empresários 
diminuam a produção e demitam funcionários novamente, ocasionando novo aumento do 
desemprego e nova queda na renda agregada, em um processo que leva a economia para 
o limbo. Em uma situação como essa, que era a verificada no período da crise de 1929, as 
empresas tinham pouco ou nenhum incentivo para comprar bens de capital (máquinas) ou 
expandir suas fábricas e escritórios, o que reduzia, sensivelmente, os investimentos.
Chegando a tal situação, Keynes via como necessária uma intervenção profunda e poderosa 
na economia por parte do Governo através de políticas fiscais e monetárias, uma vez que 
o “ajuste-automático” do mercado poderia levar muito tempo para se realizar, trazendo 
consequências desastrosas para a sociedade como um todo.
Keynes analisava que, em situações como essas, o governo poderia interferir na economia, 
tomando o excesso de poupança da economia e investindo-o em projetos socialmente úteis, que 
não aumentassem a capacidade produtiva da economia e nem diminuíssem as oportunidades 
de investimento no futuro. Para Keynes, esses gastos do governo poderiam concentrar-se, por 
exemplo, em obras públicas úteis, como a construção de escolas, hospitais, parques e outras 
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Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
comodidades para a população. Keynes, todavia, era muito perspicaz e sabia que, talvez, fosse 
necessário, do ponto de vista político, canalizar parte desses gastos para as mãos das grandes 
empresas, mesmo que fosse feito pouco diretamente em benefício da sociedade.
Para pensar
Em uma de suas metáforas famosas, Keynes chegou a propor que, em situações de crise, 
para o Governo, seria melhor encher garrafas velhas de dinheiro e enterrá-las bem fundo, 
em minas antigas, deixando as empresas privadas, dentro dos princípios do laissez-faire, 
desenterrarem o dinheiro. Essa prática faria com que as empresas contratassem escavadores, 
o que diminuiria o desemprego e aumentaria a renda.
Embora a metáfora citada por Keynes seja uma situação extrema, a saída da Grande 
Depressão dos anos 30 passou, decididamente, por grandes programas de investimentos 
dos Governos, com destaque importante para os volumosos gastos militares por conta da 
eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939. Apenas como ilustração, entre 1939 e 1944, 
o produto das indústrias de mineração, transformação e construção, nos Estados Unidos, 
aumentou 50% (HUNT, 1981). O desemprego alto, que tinha durado uma década inteira, 
inverteu-se rapidamente e a economia americana experimentou uma forte e aguda escassez 
de mão de obra, por conta dos gastos com a manutenção do estado de guerra.
A maioria dos economistas achava que essa experiência durante a guerra comprovou as 
ideias de Keynes. “Provou-se”, então, que o capitalismo, poderia ser salvo se o Governo 
usasse corretamente seu poder de tributar, tomar emprestado e gastar dinheiro. O capitalismo 
era tido, uma vez mais, como um sistema econômico e social viável. A confiança do público 
tinha sido restabelecida (HUNT, 1981).
Entre as diversas contribuições do pensamento de Keynes sobre o funcionamento de uma 
economia capitalista e sobre como tirá-la de situações de crise, a contribuição imprescindível 
de Keynes foi mostrar como a relação entre poupança e renda poderia levar a um nível de 
renda estável, porém, em depressão e com desemprego generalizado, tal como se verificou 
em 1929 e em outras crises que o capitalismo enfrentou ao longo do século XX.
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Material Complementar
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, leia as seguintes obras:
Livros:
História do pensamento econômico – (Capítulos 9 e 12), livro de Emery Kay 
Hunt, que é o principal manual utilizado nas universidades brasileiras para 
aprendizagem de HPE.
O capital,volume 1, - prefácio. O prefácio do livro, na coleção de publicações Os 
Economistas, disponível gratuitamente na internet, traz um panorama resumido 
das principais contribuições de Marx ao pensamento econômico.
A teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda – prefácio. O prefácio do livro, 
na coleção de publicações Os Economistas, disponível gratuitamente na internet, 
traz um panorama resumido das principais contribuições de Keynes à economia.
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Unidade: Os pensamentos de Marx e Keynes
Referências
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1981. 
HUNT, E. K; SHERMAN, H. J. História do Pensamento Econômico. Petrópolis: Editora 
Vozes, 2001. 
KEYNES, J. M. A teoria geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Nova 
Cultura, 1996. 
MARX, K. H. O Capital: crítica da economia política – volume 1. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
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Anotações

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