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Infância A infância é uma das fases da vida onde ocorrem as maiores mudanças físicas e psicológicas. Essas mudanças caracterizam o crescimento e desenvolvimento infantil e precisam ser acompanhadas de perto. O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento indica as condições de vida e de saúde da criança. Ao nascer, o pediatra realiza uma série de exames para identificar possíveis alterações, principalmente no tocante ao desenvolvimento (a ausência de algumas reações pode indicar o comprometimento do sistema nervoso, por exemplo). Além de acompanhar de perto o crescimento e o desenvolvimento da criança, é muito importante anotar as informações coletadas na ficha clínica. Crescimento – Pode ser observado e medido (aspecto quantitativo). Por exemplo, ganho de peso, altura...; Desenvolvimento – Só pode ser acompanhado. É o aprendizado da criança em fazer coisas mais difíceis ao longo da vida. Crescimento refere-se essencialmente às transformações progressivas de cunho quantitativas que ocorrem nas dimensões do corpo humano, enquanto desenvolvimento engloba simultaneamente transformações quantitativas e qualitativas, sendo resultante de aspectos associados ao próprio processo de crescimento físico, à maturação biológica e ao desempenho motor. Apesar de que se defina o que é crescimento e o que é desenvolvimento, esses dois conceitos não costumam ser dissociados, pois o ciclo biológico é muito dinâmico, o que torna difícil separa-los. Crescimento da Criança Como já dito, o crescimento da criança se refere a aspectos biológicos quantitativos, que devem ser anotados na ficha clínica. São aspectos dimensionais de hipertrofia e hiperplasia celulares, ou seja, trata-se de um fenômeno anatômico que precisa ser sempre monitorado (o quanto o paciente ganhou de quilo, de cm de altura...), sendo um dos melhores indicadores de saúde existentes. O crescimento da criança é um aspecto dinâmico/contínuo, que pode ser sujeito a variações do ambiente, inclusive durante a gestação. No processo de crescimento da criança se analisa o aumento de peso e o aumento de altura, podendo ser descritos como G/dia, G/mês, CM/ano... Alguns fatores intrínsecos (genéticos/metabólicos e malformações) podem interferir negativamente nesse processo de crescimento. Igualmente, fatores extrínsecos também podem influenciar, como: Alimentação; Saúde (vacinas); Higiene; Habitação; Cuidados gerais com a criança (incluindo carinho e afeto); Má nutrição; Uso de drogas (incluindo o consumo de drogas pela mãe durante a gestação); Stress crônico derivados de maus-tratos emocionais e físicos por parte de pais e cuidadores; Falta de exercícios físicos; Sono inadequado. Crescimento Diferencial O crescimento diferencial define a forma do corpo (o que é menino e o que é menina). Trata-se, portanto, do crescimento em diversas partes do organismo, ao mesmo tempo, com velocidades diferentes. Define a forma do corpo. Maturação A maturação é quando os órgãos sexuais começam a se maturar, prevendo no futuro a procriação. Trata-se de um fenômeno biológico qualitativo relacionado com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas. Desenvolvimento da Criança Embora não seja possível anotar quantitativamente o desenvolvimento da criança, é imprescindível que seja acompanhado. Por exemplo, crianças com síndrome de Down nascem normalmente com o peso e tamanho compatível com o normal, mas desde o início o desenvolvimento desses pacientes já apresenta algumas alterações. Pode-se definir o desenvolvimento como a interação entre as características biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio ambiente. Dessa forma, assim como ocorre no crescimento, fatores extrínsecos e intrínsecos podem influenciar o desenvolvimento. O desenvolvimento é um fenômeno fisiológico Crescimento e Desenvolvimento da Criança Período Intrauterino onde ocorre o aumento da capacidade do indivíduo em realizar funções cada vez mais complexas. Por exemplo, um bebê primeiro aprende a sentar, depois passa a engatinhar, em seguida começa a caminhar para que finalmente possa correr. A fala, o hábito de andar, a aquisição de destreza... tudo isso deve ser observado e acompanhado (anotando) para que se possa detectar precocemente algum traço e/ou desvio da normalidade. Na síndrome de Down, por exemplo, o crescimento é normal, no entanto, o desenvolvimento é deficiente. Crescimento X Desenvolvimento O crescimento e o desenvolvimento, como já dito, são processos altamente relacionados que ocorrem continuamente durante todo o ciclo de vida, desde a concepção. Eles seguem uma lógica biológica, que é super organizada. Além disso, levam o corpo da imaturidade a níveis crescentes de maturação. Ciclos de Crescimento Neste ponto serão abordados fenômenos que ocorrem na barriga da gestante e distúrbios que ocorrem nestas etapas e que serão apresentados no exame clínico do paciente. 1° Ciclo – Feto-infante O primeiro ciclo se inicia na fase fetal e vai até os dois anos e meio de idade. No segundo trimestre de gestação ocorre o maior surto de crescimento de toda a vida, pois em três meses o feto cresce cerca de 35cm. 2° Ciclo – Estirão da Adolescência O segundo ciclo ocorre na adolescência. Para as meninas, a puberdade começa a ocorrer a partir dos 9 anos de idade, enquanto que para os meninos começa a partir dos 11 anos. Vale lembrar que a puberdade é aquilo que se observa fisicamente, enquanto que a adolescência é o processo em que o indivíduo se encontra. O Início da Vida Assim que o espermatozoide fecunda o óvulo ocorre a formação do zigoto. Desde essa fase tão precoce algumas características já são determinadas, como o sexo, a cor dos olhos e a cor dos cabelos. Segunda Semana de V.I.U Com o desenvolvimento da embriogênese, o zigoto passa a se proliferar até chegar no estágio de mórula, onde se observa um conjunto de células chamado de blastocisto. O blastocisto evolui para um disco oval, onde se observa duas camadas: o ectoderma e o endoderma. Para a odontologia, a camada (ou folheto) mais importante é o ectoderma, pois ele dá origem a estruturas como pele, cabelos, pelos, unhas e os dentes. Terceira Semana de V.I.U Na terceira semana de vida intrauterina o blastocisto irá se fundir. Com isso, passa-se a ter um embrião trilaminar, onde, além do endoderma e ectoderma, se observa o mesoderma. O mesoderma reveste os músculos e vasos sanguíneos, além das 33 vértebras da coluna vertebral (a partir dos somitos). Essa camada só começa a aparecer após a formação completa do endoderma e ectoderma, que se juntam e formam esse novo folheto no meio. Quarta Semana de V.I.U Na quarta semana ocorre o surgimento de várias estruturas chaves para o desenvolvimento da cabeça e pescoço. 1° Arco - Mandibular O primeiro arco, chamado de mandibular, dá origem à saliência maxilar, que origina a maxila, o osso zigomático e a porção escamosa do osso temporal, e à saliência mandibular, que origina a mandíbula. 2° Arco - Hioide O segundo arco origina o estribo (os ossinhos do ouvido), o corno menor do osso hioide e parte do osso temporal. 3°/4°/5° Arcos Com a evolução da gestação, o terceiro, quarto e quinto arcos dão origem ao corno maior do osso hioide e à cartilagem da tireoide. Final da Quarta Semana V.I.U No final da quarta semana já se observa um esboço da região facial. As proeminências maxilares e mandibulares começam a se parear (ficarem mais próximas) e ocorre também a formação da proeminência frontonasal. Nesse período também ocorre a formação d aboca primitiva, também chamada de estomodeu, que é revestida por ectoderma. Além disso, os processos faciais e fendas vão se unindo. Quando isso não acontece, os pacientes apresentam fissuras (no palato e/oulábio). Dessa forma, uma série de deformidades ou fendas podem ocorrer a partir da fusão parcial ou incompleta dos arcos branquiais. Também no final da quarta semana ocorre a formação do primeiro esboço da língua, que é a elevação triangular mediana que aparece no dorso da faringe primitiva, sendo denominada como broto lingual mediano. Segundo Mês No segundo mês de vida ocorre a formação do esboço do restante de órgãos. O crescimento do embrião se intensifica, mas possui a forma de girino, onde a cabeça é maior do que o corpo. Nessa etapa ocorre a distinção do orifício da boca e do nariz, além dos botões dos ouvidos e olhos. As mãos e os pés vão se desenvolvendo (ainda com as membranas entre os dedos), além dos órgãos do aparelho digestivo, fígado, pâncreas e rins. 6° a 7° Semana Entre a sexta e a sétima semana ocorre o início da formação dos dentes. A lâmina dentária primária dá origem a 10 brotos no arco superior e 10 brotos no arco inferior, originando os 20 dentes decíduos. A lâmina secundária é formada imediatamente após a lâmina dentária primária. Essa lâmina, após a formação dos dentes decíduos, inicia a formação dos dentes permanentes de substituição, que são os incisivos, caninos e pré-molares. A lâmina terciária também começa a se desenvolver nessa fase, dando origem aos 1°, 2° e 3° molares permanentes, que se formam por distal dos segundos molares decíduos. A lâmina dentária primária se origina entre a 6° e 7° semana de V.I.U. e vai até o segundo mês de V.I.U. A lâmina secundária vai do 4° mês de V.I.U até o 10° mês de idade. A lâmina terciária vai do 4° mês de V.I.U. até o 5° ano de idade. Terceiro Mês No terceiro mês o feto mede cerca de 10 cm e pesa cerca de 30 gramas, além de adquirir um aspecto mais humano. Os olhos assumem a posição mais frontal; os lábios vão ganhando forma; as orelhas ocupam uma posição mais baixa; os dedos começam a ser distinguidos; o fígado se encontra muito desenvolvido; o tubo digestivo começa a funcionar e o feto ingere líquido amniótico. Além disso, o feto começa a sugar o polegar. Quarto Mês No quarto mês o feto mede cerca de 16 cm e pesa em torno de 150 gramas. A pele se encontra protegida pelo vérnix caseoso, que é uma espécie de verniz. Além disso, ocorre um crescimento muito significativo, mas o queixo é pequeno. As papilas gustativas começam a se desenvolver; a mãe começa a sentir movimentos e já dá para ver o gênero no ultrassom. Por conta dessa formação das papilas gustativas, recomenda-se que as grávidas evitem um pouco o consumo de alimentos açucarados no quarto mês de gestação, pois a tendência é que no futuro a criança queira comer mais doces. Estudos demonstram que, durante o ultrassom, ocorre um aumento da deglutição de líquido amniótico quando a mãe se alimenta de alimentos mais doces e uma redução com a ingestão de alimentos salgados. Quinto Mês No quinto mês o feto mede cerca de 15 cm e pesa cerca de 300 gramas. Nesse período ocorre o amadurecimento do funcionamento dos órgãos. Os olhos ficam mais proeminentes, com as pálpebras fechadas. Além disso, observa-se movimentos super nítidos e a criança apresenta períodos de sono e períodos de atividade. O lanugo, que são pelinhos bem ralinhos do bebê, são substituídos por cabelo e a criança chupa o polegar com satisfação. Sexto Mês No sexto mês o bebê mede 32 cm e pesa 600 gramas. A cabeça deixa de ser tão desproporcional ao corpo e ocorre a maturação do sistema auditivo. O bebê consegue ouvir e reconhecer a voz materna (nessa fase se recomenda ouvir músicas calmas para que o bebê seja mais calmo). Além disso, observa-se um “bebê em miniatura”, mas que possui pouca chance de sobrevivência fora do útero em decorrência da fala de maturação dos pulmões. Ressalta-se que o bebê chupa frequentemente o polegar nessa fase. Sétimo Mês No sétimo mês o bebê mede cerca de 40 cm e pesa 1,4 kg. Ocorre um amadurecimento significativo do sistema nervoso central e o feto passa a abrir e fechar as mãos e os olhos, além de reagir a luz e a sons. Os pulmões ainda se encontram imaturos, mas a chance se sobrevivência é maior (mas com o auxílio de incubadoras). Além disso, ele se movimenta menos, pois o ambiente se encontra mais apertado dentro da barriga. Oitavo Mês No oitavo mês o feto mede 47 cm e pesa de 2 a 2,5 kg. Ocorre o amadurecimento dos pulmões, onde os alvéolos são revestidos de surfactante (por conta disso, se nascer, o bebê possui altas chances de sobrevivência, sem necessitar de incubadora). Além disso, há o aumento do vérnix caseoso e a pele fica mais lisa. O bebê se posiciona de cabeça para baixo, preparando-se para nascer. Também nesta fase a sucção se encontra super amadurecida e o bebê passa a realizar a sucção e deglutição coordenadas. Nono Mês No nono mês o bebê mede 50 cm e pesa de 3 a 3,5 kg. O organismo se encontra preparado para nascer; a pele se apresenta mais espessa (o lanugo desaparece); a cabeça é mais proporcional; as orelhas são separadas do crânio; o nariz se encontra bem formado e os reflexos se encontram muito apurados, com destaque para o reflexo inato de sucção. Influências Ambientais As influências ambientais existem desde o momento da concepção. É preciso ficar atento à idade da mãe, pois, a depender disso, a possibilidade de aborto ou parto prematuro é maior. Uma pobre nutrição da mãe também pode afetar o filho, pois a criança pode ficar com baixo peso, além da possibilidade de ter o comprometimento do desenvolvimento cerebral e de ter menor resistência a doenças. Podem acontecer algumas doenças, como rubéola, sífilis, AIDS, Zyka e diabetes, que afeta o desenvolvimento do bebê. Transtornos como a ansiedade e a depressão são outros fatores que podem afetar a criança no ventre, além do uso de substâncias tóxicas como o álcool e drogas. O estado físico e emocional da mãe, bem como o ambiente pré-natal, exerce influência para o desenvolvimento do feto. O estado emocional da mãe pode influenciar as reações do feto. A raiva/medo/ansiedade promove a liberação de catecolaminas endógenas na placenta, atingindo o feto. Odontogênese e Anomalias Dentárias O conhecimento da odontogênese é fundamental para o entendimento dos distúrbios de crescimento e desenvolvimento dentários. Os dentes decíduos e permanentes, para alcançar suas maturidades morfológicas ou funcionais, passam por um ciclo vital característico (que começa na quarta semana de V.I.U.). Portanto, a odontogênese é um processo fisiológico de evolução contínua. A depender da fase de desenvolvimento em que o feto foi afetado ocorrem anomalias distintas. Por exemplo, se a mãe teve alguma intercorrência na gravidez no início da gestação (na fase de iniciação dos brotos), ocorrerá um problema X. Mas, se a intercorrência ocorrer em uma fase mais tardia (estado de mineralização dental), ocorrerá um problema Y. No processo de desenvolvimento dos elementos dentais, tudo se inicia com a formação da lâmina dentária, que é prosseguida pela fase de botão, fase de capuz, fase inicial de campânula (formato de sino) e fase inicial de campânula, respectivamente. Se o problema ocorrer na fase de formação da lâmina dentária, ou seja, na fase de iniciação, se observará dentes a mais ou dentes ausentes (agenesias ou supranumerários). Se o problema ocorrer na fase de botão, se observará alterações na proliferação do broto. Se o problema ocorrer em fazes mais avançadas, por outro lado, se observará alterações na diferenciação tecidual do dente. Por fim, se o problema ocorrer na fase mais avançada de campânula, se observará alterações na morfodiferenciação, ou seja, o dente que teria formato de canino pode permanecer no mesmo lugar e apresentar uma morfologia diferente. Resumindo: Lâmina Dentária – Iniciação; Fase de botão – Proliferação; Fase de capuz – Proliferação;Fase inicial de campânula – Histodiferenciação; Fase avançada de campânula – morfodiferenciação. As diversas fases são sensíveis à teratogênese, gerando, cada uma delas, anomalias variadas e clinicamente distintas. Fase de Lâmina Dentária Na fase de lâmina dentária (iniciação) ocorre o potencial para formação de mais dentes e fatores que induzem ou iniciam o desenvolvimento dos dentes. Problemas nesses processos levam a: Ausência de um ou mais dentes ou anodontia (ausência de todos os dentes) – Incisivo lateral superior, 3° molares e 2° pré inferior; Dentes supranumerários Fase de Proliferação A fase de proliferação compreende as fases de botão, capuz e campânula. Basicamente, nesta fase ocorre a proliferação nos pontos onde ocorreu a iniciação. Falhas nesse processo levam a: Mudanças no tamanho e proporção dos germes em desenvolvimento (odontomas).
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