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NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Na pediatria, é relevante a observação e avaliação dos padrões de crescimento do nascimento até adolescência o Crescimento → processo de aumento da massa corporal, respondendo pela hiperplasia e hipertrofia celular ▪ Seu estudo inclui a avaliação de peso e altura da criança ao longo do tempo → sendo um dos indicadores mais importantes o Desenvolvimento → se refere ao ganho de funções, sejam as habilidades neuropsicomotoras adquiridas nos primeiros anos de vida, ou as funções reprodutivas adquiridas durante a puberdade ▪ É um parâmetro avaliado qualitativamente → por exemplo, na avaliação motora se confere se a criança senta, anda engatinha... • Fatores extrínsecos como alimentação adequada, estímulos biopsicossociais e atividade física, assim como fatores intrínsecos (genética, sistema neuroendócrino), influenciam muito no crescimento e desenvolvimento da criança • Diversas doenças, sejam de natureza carencial, genética, infecciosa... podem influenciar negativamente o crescimento / desenvolvimento • Período de intenso crescimento e desenvolvimento, onde o individuo é produzido a partir da célula-ovo • ~30% das gravidezes sofrem aborto espontâneo, e a principal causa são malformações e anomalias cromossômicas. o Diversos fatores influenciam positiva ou negativamente o crescimento e desenvolvimento fetal → sendo que o 1º tri é o mais vulnerável, pois a organogênese é mais intensa nesse período FATORES NEGATIVOS ❖ Desnutrição → risco de recém-nascido com baixo peso ❖ Ingestão de álcool → risco de síndrome alcoólica fetal, com deficiência de crescimento pré e pós-natal, deficiência intelectual, microcefalia, fissuras palpebrais curtas, narinas pequenas, filtro longo e lábio superior fino ❖ Ingestão de anticonvulsivantes → risco de síndrome da hidantoína fetal, com deficit de crescimento pré e pós-natal, deficiência intelectual, fontanela anterior ampla, hirsutismo, baixa implantação de cabelos o Hipertelorismo ocular, ponte nasal achatada, hipoplasia das falanges distais e unhas pequenas o Risco da síndrome do Valproator → fronte ampla, epicanto, narinas antevertidas e ponte nasal baixa, filtro longo, micrognatia, anomalias cardíacas e dedos longos) • Ingestão de Warfarin → risco de síndrome do warfarin fetal, caracterizada por hipoplasia nasal, microcefalia, hidrocefalia, deficiência intelectual e anomalias ósseas • Ingestão de Metotrexate → risco de síndrome do metotrexate fetal, com deficit de crescimento fetal, microcefalia, hipoplasia de osso frontal, parietal, temporal e occipital, baixa estatura, mesomelia, hipodactilia e sindactili • Ingestão de Ácido Retinoico → risco de embriopatia caracterizada por defeitos no SNC, microtia ou anotia (ausência ou hipoplasia de pavilhão auricular e conduto auditivo externo) e defeitos cardíacos ❖ Hipertermia → relacionada a varias malformações o Doenças infecciosas (gripe, pielonefrite, faringite estreptocócica), elevando temperatura > 38.9ºC por > 1 dia, principalmente no 1º tri, têm sido relacionado a malformações. ▪ Principais defeitos ocorrem sobre formação e desenvolvimento do tubo neural ❖ Tabagismo → risco de RNMBP, baixo comprimento, microcefalia, diminuição do QI e dificuldades de aprendizagem • Cocaína → efeitos neurotóxicos e diminuição do fluxo uteroplacentário DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO • Inicia na 3ª semana com a placa neural, espessamento do ectoderma que formará o tubo neural, o qual origina as estruturas do SNC → ao longo do tubo, forma-se a crista neural, que dará origem às estruturas do SNP • As células do neuroectoderma se diferenciam em neurônios, células ependimárias, astrócitos e oligodendrócitos, enquanto as células da micróglia derivam do mesoderma o Ao final da 5ª semana a divisão básica do SNC está completa → prosencéfalo (hemisférios cerebrais e diencéfalo), mesencéfalo e rombencéfalo (cerebelo, ponte e bulbo). • Mielinização começa no meio da gestação e se completa ao final do 2º ano de vida NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Existem dois picos de DNA, pré e pós-natal → o 1º em torno da 20ª semana corresponde à proliferação de neurônios, e o 2º em torno do 3º mês de vida extrauterina corresponde à proliferação da glia. • Por volta de 3 anos de idade os indivíduos possuem ~100 bilhões de neurônios, e cada um possui ~15.000 sinapses, número que permanece constante até 10 anos o A partir dai, começa um processo de reorganização e remodelamento sinaptico, havendo reforço das redes mais utilizadas, e enfraquecimento e “poda” das sinapses menos utilizadas ▪ Por isso, experiência externa (ambiente) influencia as propriedades físicas do cérebro (genética) ▪ O aprendizado e memorização são altamente dependentes dessa plasticidade neural DESENVOLVIMENTO ENDOCRINOLÓGICO ❖ Placenta → secreta estrogênios placentários e progesterona o Somatotrofina (hCS) e gonadotrofina coriônicas humanas (hCG), hormônios hipotalâmicos o IGF-I e IGF II → principais substâncias que participam do crescimento intrauterino e extrauterino ▪ Após o nascimento, o GH assume papel importante atuando via receptores, e estimulando a síntese hepática de IGF-I ❖ Suprarrenal → desenvolvida a partir da 4ª semana de gestação o 2/3 do cortisol fetal é produzido pelas suprarrenais e o restante deriva da placenta ❖ Tireoide → secreção de hormônios tireoidianos começa ~12ª semana e atinge pico entre 35-40 semanas o Mas apenas 20% do T3 e T4 fetais derivam da transferência materna ❖ Pâncreas Endócrino → células b-pancreáticas se desenvolvem a partir da 8ª semana, mas a secreção de insulina é insignificante no período pré-natal → glicemia plasmática fetal é quase constante, pela transferência materno-feta o Após o nascimento ocorre rápida maturação de todo o eixo glicêmico TRANSIÇÃO PARA VIDA EXTRAUTERINA • O trabalho de parto determina a transferência placentária de uma série de hormônios maternos (cortisol, adrenalina, noradrenalina, dopamina) para o feto, que possibilitarão as modificações funcionais necessárias a transição ❖ Adaptação respiratória → cortisol permite síntese de surfactante e melhor reabsorção do líquido pulmonar ❖ Adaptação cardiovascular → cortisol, adrenalina e dopamina têm efeito inotrópico e cronotrópico cardíacos, mantendo a PA e diminuindo a sensibilidade do ducto arterioso às prostaglandinas (facilita o fechamento) ❖ Adaptação térmica → tecido gorduroso marrom é abundante no neonato, permitindo a utilização de substratos energéticos (principalmente ácidos graxos) para produção de calor pelo estímulo de catecolaminas ❖ Adaptação endócrina → catecolaminas estimulam síntese de hormônios adrenais o Exposição do neonato às temperaturas ambientais mais baixas estimula síntese de TSH, levando a aumento da síntese tireoidiana de T4 e conversão periférica em T3 ❖ Adaptação metabólica • Glicose → após a saída da placenta, os níveis séricos de glicose tendem a diminuir, e as reservas hepáticas de glicogênio são pequenas e transitórias → por isso, há maior susceptibilidade à hipoglicemia. • Catecolaminas, cortisol e glucagon estimularão gliconeogênese, utilização periférica de ácidos graxos como substrato energético, e síntese de corpos cetônicos para utilização energética dos neurônios • Cálcio → no período fetal, a manutenção dos níveis de cálcio é mantida adequada graças ao PHT e calcitonina o Após o nascimento, os níveis de PTH caem e o sistema tubular renal ainda imaturo responde inadequadamente à ação do paratormônio ▪ Causa tendência à hipocalcemia, que se resolve entre 1-2 semanas (2-3 no pré-termo) FATORES EXTRÍNSECOS ❖ Ambiente • A divisão celular é maior nas 8 primeiras semanas, sendo determinada pelo conteúdo genético do organismo em formação → este processo podesofrer influências do meio externo • No período pré-natal, condições como DM materno mal controlado, uso de drogas, exposição à irradiação e as infecções congênitas, podem levar a malformações • Após o parto, há também influência significativa → como baixa estatura encontrada em crianças com problemas na afetividade/vítimas de violência doméstica (afeta desenvolvimento ósseo, neuropsicomotor e emocional) NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 o Há também a aceleração do crescimento e desenvolvimento em grandes centros urbanos, representada por estatura mais elevada e maturidade biológica alterada o Provável que estímulos ambientais diversos exerçam influência no sistema límbico e hipotálamo, alterando a secreção hormonal e sensibilidade dos órgãos efetores o Doenças intercorrentes, principalmente crônicas, como estados inflamatórios, cardiopatias e desnutrição, trazem prejuízo enorme ao crescimento, que não se processa de forma adequada ❖ Nutrição • Energia derivada das calorias da dieta é aproveitada de forma significativa durante o crescimento e desenvolvimento • No 1º ano, cerca de 40% da energia é direcionada para este processo, caindo para 20% ao final deste período • Carboidratos, proteínas e gorduras devem ser ofertados de forma balanceada, e as necessidades calóricas devem ser obedecidas → hidratos de carbono e lipídios responsáveis pela maior parte da energia oferecida • Proteína é fundamental no crescimento, tendo suas necessidades aumentadas no 1º ano e infância → diminuindo gradualmente até a idade adulta o Recomenda-se que cerca de 1/2 a 2/3 da proteína ingerida seja de fonte animal. • Carboidratos têm função quase exclusivamente calórica, representando ~50% das calorias fornecidas • Gorduras fornecem grande quantidade de energia, veiculam vitaminas lipossolúveis (A, D, K, E) e são responsáveis pela sensação de saciedade e sabor da dieta o Ácido linoleico, ácido graxo essencial, é fundamental para o crescimento o Na criança, a gordura representa ~12% do peso corpóreo → sendo fundamentais para a formação das MC e síntese de hormônios esteroides • Minerais de maior importância para o crescimento → cálcio, fósforo e magnésio (metabolismo ósseo) o Potássio, íon principal no interior das células que estão se expandindo e dividindo o Ferro, importante na hemoglobinização das hemácias e transporte de oxigênio o Iodo, importante para função da glândula tireoide, pois baixa da tiroxina e tri-iodotironina leva ao retardo mental e diminuição da velocidade de crescimento o Vitamina C, necessária para manutenção da substância intercelular do tecido conjuntivo, ossos e dentes o Vitamina A, regula a atividade osteoblástica e atua na proliferação do endotélio na zona de ossificação o Vitamina D, que atua no metabolismo do cálcio e fósforo influenciando na mineralização óssea. ❖ Atividade Física • Atua beneficiando a velocidade, flexibilidade, equilíbrio, contração/relaxamento muscular, coordenação o Além de estimular e melhorar qualidades biopsicossociais como força de vontade, concentração, coragem, confiança e solidariedade • Prática esportiva promove avanço na idade óssea em relação à cronológica • Atividades competitivas não devem ser estimuladas → risco de aparecimento de desordens osteoarticulares, alterações comportamentais, hipertrofia cardíaca, crescimento desigual de membros o Além disso, a criança não possui personalidade formada, controle de sua agressividade e estabilidade emocional, que permitam o envolvimento com esportes agonísticos (competitivos) ▪ Estão reservados para os adolescentes com idade óssea (importância fundamental) > 14 anos. FATORES INTRÍNSECOS ❖ Genéticos • O perfil genético envolve um aspecto que se refere a ausência de anormalidades estruturais/numéricas cromossômicas, e mutações genéticas influenciem negativamente o crescimento • E outro que se refere ao próprio potencial genético determinado pelos genes herdados de pai e mãe, que permite através de uma fórmula matemática (alvo genético) prever a estatura final. ❖ Neuroendócrino • Hipotálamo é o maior centro endocrinológico do organismo, regulando a síntese de peptídeos tróficos da hipófise através de fatores de estimulação ou inibição e por sua vez, a síntese hormonal de todas as glândulas efetoras • São exemplos → o fator de liberação do hormônio do crescimento (GHRF), estimula liberação do GH hipofisário • O fator de liberação da corticotrofina hipotalâmico libera a corticotrofina (ACTH) hipofisária, que estimulará a secreção de cortisol pela glândula suprarrenal NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 o O hormônio liberador de tireotrofina (TRF) libera o TSH, e este atua na tireoide estimulando a síntese T4/T3 o Fatores de estimulação das gonadotrofinas (LHRF e FSHRF) estimulam a secreção hipofisária de LH e FSH... • Destaca-se o papel dos neurotransmissores, produzidos pela porção basal mediana do hipotálamo → norepinefrina, dopamina e serotonina • A importância do hipotálamo para o crescimento é ratificada pela identificação de inúmeras condições patológicas associadas a lesões na glândula → hipotireoidismo, puberdade precoce/atrasada, hipogonadismo hipogonadotrófico o Baixa estatura por deficit ou resistência ao hormônio do crescimento (GH) entre outros. ❖ GH é sintetizado pela hipófise anterior, de forma pulsátil, principalmente a noite nas fases III e IV do sono → fatores como sono, atividade física, nutrição e esteroides sexuais alteram a secreção de GH • Exerce seu efeito no crescimento através dos fatores de crescimento insulina-like (IGF), principalmente IGF-I e II o Circulam no plasma acoplados a proteínas séricas chamadas IGFBPs → e são sintetizados no fígado, podendo ter síntese diminuída na presença de desordens hepáticas ou alterações enzimáticas desta via ▪ IGF-I sérico é diretamente relacionado à secreção de GH, aumentando no seu excesso e diminuindo com a deficiência ▪ IGF-II diminui com a queda do GH, mas não aumenta com seu excesso ❖ Crescimento linear pós-natal resulta da ação do GH e IGF-I → o IGF-I atua na placa de crescimento levando à proliferação e hipertrofia, enquanto o GH atua na diferenciação celular • O principal hormônio efetuador do crescimento linear tanto pré quanto pós-natal é o IGF-1 (somatomedina C), sintetizado pelo fígado por estímulo de GH e hormônios tireoidianos o Cuja principal ação é atuar na cartilagem de crescimento promovendo sua hiperplasia e hipertrofia • Hormônios tireoidianos tambem são necessários, pois atuam na estimulação da produção de GH e diferenciação da epífise → crianças com hipotireoidismo podem dar falsa impressão de deficiência de GH o O GH e o hormônio tireoidiano produzidos pelo feto não parecem ter participação importante no crescimento linear pré-natal → mas no período pós-natal, são fundamentais • Glicocorticoides estimulam o crescimento de modo agudo, mas exposição prolongada a eles diminui a síntese de GH e a sensibilidade dos órgãos efetores a ele • Esteroides sexuais → aumentam a síntese de GH e agem diretamente na placa de crescimento, sendo que o fechamento das epífises é provocado pela ação dos estrogênios • Nas fases iniciais do crescimento há acúmulo de água intracelular, atraída pelos sais de hidrato de carbono → “retenção hídrica” que representa 70% do ganho ponderal nesse período • Em seguida, proteína e sais minerais passam também a ser incorporados, contribuindo para aumento da massa tecidual → a partir daí, proteínas passam a ser as principais responsáveis no processo de crescimento do organismo o Aumento do tamanho e divisão celular constituem a base do processo de crescimento junto a esses eventos ❖ CRESCIMENTO SOMÁTICO não ocorre de forma homogênea ao longo do tempo,existindo fases aceleradas e lentas Primeira Fase de crescimento rápido → acontece da vida IU até 2 anos, sendo determinada pela nutrição da criança o Potencial genético e GH parecem não tem grande importância e o peso é bom avaliador isolado do crescimento Fase de crescimento regular → dos 2 anos até a puberdade, havendo crescimento relativamente homogêneo, com aumento de 2-3 kg/ano e 6-7 cm/ano o Potencial genético e GH são os principais determinantes → a criança entra em seu canal de crescimento Segunda Fase de crescimento rápido → na puberdade, determinada pelos hormônios sexuais e GH ❖ CRESCIMENTO DO TECIDO NEURAL é próprio → a maior velocidade de crescimento se dá no 1º ano de vida o Uma forma de se avaliar é pela monitorização do perímetro cefálico, realizado até 2 anos • Tecido linfoide cresce pouco no 1º ano, porém cresce rapidamente em seguida, involuindo após puberdade NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Faz se um acompanhamento ao longo do tempo dos seguintes fatores, para estimar a adequação do crescimento o Peso, estatura e perímetro cefálico ▪ Peso e estatura são os parâmetros mais importantes • Peso sofre influência de muitos fatores, sendo indicador (mais sensível, menos específico) • Estatura é indicador mais confiável (menos sensível, porém mais específico) o Medidas do segmento inferior (sínfise púbica até o chão), segmento superior (estatura menos segmento inferior) e a relação entre o tamanho do tronco e dos membros inferiores PESO • Dobra o peso do nascimento aos 4-5 meses, triplica aos 12 meses e quadruplica entre 2-2,6 anos o De 2-8 anos, cada criança ganha em média 2 kg/ano • Existe uma fórmula para cálculo aproximado do peso que pode ser usada para crianças de 3-11 anos → Peso (kg) = Idade (anos) x 2 + 9 • Bebês até 2 anos ou até 16 kg devem ser pesados deitados/sentados na balança mecânica pediátrica, e crianças > 2 anos e adultos usam a balança tipo plataforma ESTATURA • “Comprimento” é usado para determinar o crescimento linear em crianças até 2 anos, e a partir dos 2 anos, usamos “altura” → “estatura” referencia ambos • Comprimento médio das crianças ao nascimento é 50 cm o No 1º semestre cresce 15 cm e no 2º semestre 10 cm o Ao final do 1º ano a criança cresce 25 cm → 50% do comprimento ao nascimento o Com 4 anos a criança mede em torno de 1 metro ❖ Fórmula da altura de acordo com idade de 3-11 anos → altura (cm) = (Idade – 3) x 6 + 95 • Até 2 anos o comprimento deve ser medido com a criança deitada, colocando-se a regra em contato com o vértice da cabeça e sobre a sola dos pés posicionados a 90º o Após 2 anos, a estatura é medida com a criança em pé, apoiando-se a região occipital e os calcanhares sobre a régua vertical (estadiômetro) PERÍMETRO CEFÁLICO • Representa o crescimento do cérebro, útil nos primeiros meses p identificar desvios do desenvolvimento neurológico o Nos primeiros meses de vida é mais fácil identificar anomalia cerebral pelo PC do que pelas provas de desenvolvimento • Medido passando uma fita métrica do ponto mais elevado do occipital até o sulco supraorbitário • Medida confiável do crescimento cerebral, sendo um índice que varia menos para diferentes grupos etários • No RN é maior do que o perímetro torácico NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 PROPORÇÕES CORPORAIS ❖ SS:SI • Relação entre o segmento superior (Estatura - SI) e o segmento inferior (distância entre a sínfise púbica e o chão) é maior ao nascimento (1.7), diminui para 1.3 aos 3 anos, e na puberdade alcança valores entre 0,9-1 o Doenças ósseas como displasias ósseas e raquitismo levam ao aumento da relação SS:SI ❖ Envergadura:Estatura • Envergadura é a distância entre os dedos médios de ambas as mãos estando os braços abertos o Na adolescência a relação envergadura:estatura atinge valores próximos a 1 ALVO GENÉTICO • Fórmula do alvo genético permite calcular o canal genético de crescimento de uma criança com base na hereditariedade → com base na estatura dos pais • Consegue prever o limite mínimo, média e limite máximo de estatura que a criança poderá alcançar ao final da puberdade o 20% apresentam altura diferente da média ao final da puberdade DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO E SAÚDE BUCAL • Limpeza da cavidade oral deve ser iniciada ainda na lactância, através da limpeza das gengivas do bebê com gaze umedecida em água filtrada ou fervida → mesmo processo feito quando houver erupção dos incisivos centrais • Escova de dente macia pode ser utilizada quando surgirem os dentes molares posteriores o Pasta de dente fluorada liberada apenas após os 4 anos, em pequeníssimas quantidades (um grão de arroz), pois antes a criança pode engolir • Importante evitar o oferecimento de doces, balas e bebidas açucaradas no intervalo das refeições, que podem precipitar a formação de cáries • Considera-se atraso na dentição primária quando não houver dente algum após 13 meses (3 desvios padrões) o Causas mais comuns → hipotireoidismo, hipoparatireoidismo, origem familiar e a mais comum, idiopática • Causas de perda precoce dos dentes decíduos/primários → histiocitose, neutropenia cíclica, leucemia, idiopático • Certas medicações (como tetraciclina) e doenças crônicas prolongadas podem alterar a coloração dentária e causar malformações do esmalte • Gráficos de crescimento ponderoestatural padronizados que fornecem uma definição estatística da normalidade, comparando crianças do mesmo sexo e idade • Crescimento infantil é excelente parâmetro para se avaliar desenvolvimento socioeconômico de uma região, pois a infância é um período de susceptibilidade às variações ambientais da sociedade • Temos várias curvas de crescimento, específicas para meninos e meninas • As diversas curvas que “cruzam” o gráfico significam os percentis (3, 15, 50, 85, 97) → a comparação estatística da criança atendida com outras do mesmo sexo e idade o Quando dizemos que o paciente encontra-se no percentil 85 para o peso, significa que ele tem peso superior a 85% das crianças do mesmo sexo e idade • O padrão adotado pelo MS é o da OMS, usando as curvas de percentis em crianças de adolescentes de 0-19 anos. NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ❖ Em cada consulta o pediatra marca com um ponto no gráfico o peso em relação à idade e a estatura em relação à idade, que “cai” em um determinado percentil • A curva de peso e estatura comporta-se normalmente de maneira ascendente e, usualmente, ligam-se os pontos marcados no gráfico com um traço, desenhado a caneta ou lápis o Esta é a curva de crescimento da criança, mais importante do que cada ponto isolado Gráfico NCHS/CDC • Apresenta 7 percentis → 5, 10, 25, 50, 75, 90, 85 • O perímetro cefálico é acompanhado, e valores normais são encontrados entre p10 e p90 Gráfico OMS • Apresenta 5 percentis → 3, 15, 50, 85, 97 • Existe outra forma de comparar peso e estatura de um pcte com a média populacional → depende do cálculo do desvio padrão, feito através da fórmula: ❖ Crianças prematuras (< 37 sem) deverão ter crescimento acompanhado realizando-se correção da idade cronológica • Considera-se termo completo as 40 semanas de IG → deve-se descontar da idade cronológica o número de semanas que faltam para as 40 semanas completas o Esta correção deve ser feita até 2 anos, pois é o período necessário para que alcance o crescimento igual ao das crianças nascidas a termo ▪ Esse crescimento compensatório é alcançado ainda no 1º ano de vida em prematuros, e tem também melhor prognóstico do que nascidos com baixo peso (≤ 2.500 g) • Crianças nascidas com baixo peso e RCIU tem risco de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas,como HAS, infarto, AVCs e DM, especialmente se ao longo da vida houver ganho de peso excessivo VARIAÇÕES PONDEROESTATURAIS • MS recomenda que utilizemos os gráficos da OMS para avaliar peso, estatura e IMC de crianças e adolescentes • Segundo o Nelson 20ª Ed - para classificação nutricional ainda se utilizam as curvas antigas do NCHS-CDC (2000) o Considera-se sobrepeso a criança-adolescente (2-20 anos) cujo IMC encontra-se = ou > percentil 85 o Obesidade aquela cujo IMC encontra-se = ou > percentil 95 Classificação nutricional do MS, para crianças/adolescentes de 5-19 anos o Sobrepeso → IMC > percentil 85 o Obesidade → IMC > percentil 97 o Obesidade grave → IMC > p99,9 • Nas crianças < 5 anos, existem apenas as categorias - risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • O desenvolvimento neuropsicomotor envolve todas as reações da criança, todo o seu comportamento que evolui progressivamente ao longo do tempo como funções e habilidades cada vez mais específicas o Esses comportamentos são inicialmente reações reflexas e estereotipadas, se tornando voluntárias e aprendidas progressivamente • Essa evolução neuropsicomotora é explicada pelo próprio crescimento somático e desenvolvimento das vias motoras, sensitivas, sensoriais, de linguagem, raciocínio e memória dos SNC e SNP ❖ No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança disponibiliza uma sistematização para a vigilância do desenvolvimento infantil até os 3 anos → permite acompanhar a aquisição dos principais marcos do desenvolvimento o Com base na presença ou ausência de alguns fatores de risco e de alterações fenotípicas, a caderneta orienta para tomadas de decisão • As avaliações do desenvolvimento devem acontecer em todas as visitas de puericultura, de forma individualizada e compartilhada com a família → fundamental conhecer o contexto familiar e social no qual a criança está inserida o Quando foi gerada, se planejada, quem é o responsável pelos cuidados, como é a rotina, quais mudanças ocorreram nas relações familiares após o seu nascimento. • Importante obter dados relacionados a possíveis fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento → ausência de pré-natal, dificuldades no nascimento, BPN, prematuridade, intercorrências neonatais, uso de drogas... • Tambem é fundamental indagar sobre a opinião da mãe em relação ao processo de desenvolvimento do filho • A análise tambem observa o comportamento da família e da criança → quem traz a criança, como ela é carregada, sua postura, o seu interesse pelo ambiente e a interação com as pessoas. o Além da reciprocidade estabelecida na relação com sua mãe, sendo interessante observar o vínculo ❖ A avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor infantil envolve o acompanhamento do ganho de funções e habilidades nas 5 grandes áreas ou domínios Conduta adaptativa → reações da criança frente aos estímulos apresentados (bola, chocalho, cubos), que dependem da interação da sua capacidade motora, sensorial, de coordenação e cognitiva para exploração e aprendizagem o É a conduta precursora da inteligência, na qual é avaliada a capacidade da criança em “resolver” problemas e aprender a partir de novas experiências ▪ Exemplo → ao mostrar um chocalho a um lactente de 4 meses, espera-se que ele leve a mão à linha média para observar o objeto, podendo levá-lo à boca para iniciar a exploração Conduta motora fina → compreendem as habilidades cada vez mais precisas e específicas com o uso da mão e dedos, garantindo exploração cada vez mais delicada do objeto o Espera-se que um lactente tenha uma pega palmar aos 4 meses, pega radial aos 7 meses, e pega em pinça aos 12 meses Conduta motora grosseira → habilidades motoras gerais, como sustentar cabeça, tronco, sentar-se, rolar, engatinhar, andar, pular... o Também é uma conduta dependente da interação das vias motoras centrais e periféricas, assim como órgãos dos sentidos especiais e vias de equilíbrio Conduta de linguagem → capacidade de compreender e exprimir sensações e pensamentos o Incluem reações de comunicação não verbal (sorriso, riso alto, choro, apontar, expressões faciais) e verbal (sons guturais, balbulcio, lalação, primeiras palavras, frases, histórias) Conduta pessoal-social → reações da criança frente às outras pessoas (mãe, pai, examinador, outras crianças) e frente às situações de vida diária (alimentação, sono, higiene, vestimenta, controle esfincteriano) ❖ A sequência do desenvolvimento ocorre no sentido céfalo-caudal, proximal-distal e da borda ulnar-borda radial • Lactente adquire primeiro controle de cabeça, para depois adquirir controle de tronco, sentar, engatinhar e andar • Primeiro se adquire a capacidade proximal de levar as mãos à linha média, para depois se aprimorar a capacidade de preensão o Pega é palmar ulnar inicialmente, se tornando pega palmar radial, para depois alcançar o controle mais fino que é o de pega em pinça (oposição entre polegar e indicador) NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Reconhece-se no RN padrão motor muito imaturo, com presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que confere postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e hipotonia na musculatura paravertebral • Seus movimentos são, geralmente, reflexos, controlados por partes primitivas do cérebro. • Continuando a evolução, durante os primeiros meses, há diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor → se faz na direção craniocaudal, sendo o quadril e mmii os últimos a adquiri-lo o A partir do 2º semestre, não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor, e a criança, por alternância entre os tônus, consegue rolar e, posteriormente, mudar da posição deitada para sentada • A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas o Assim, a primeira musculatura a ser controlada é a ocular o Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco o No 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática → o apoio progressivo na musculatura dos braços permite o apoio nos antebraços e primeiras tentativas de engatinhar. ▪ Algumas crianças andam sem ter engatinhado • O desenvolvimento motor fino se dá no sentido próximo-distal o Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo. o No 3º mês, pela redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas por período maior de tempo → crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá-los o Entre o 5-6º mês, conseguem apreender um objeto voluntariamente e iniciam o movimento de pinça, que será aprimorado progressivamente até se tornar completo, polpa com polpa. REFLEXOS PRIMITIVOS NEONATAIS • São respostas motoras estereotipadas deflagradas por estímulo externo do examinador, que representam as primeiras reações do neonato ao meio • Não são voluntárias ou aprendidas, estando sob controle dos centros subcorticais, tronco encefálico e medula • Possuem caráter transitório, estando presentes ao nascimento e tendo época determinada para desaparecer o O desaparecimento permite o surgimento da conduta motora voluntária, aprendida e sob controle cortical → possível pelo processo de amadurecimento do SNC – que envolve mielinização e formação de sinapses • Permanência de um reflexo além da idade preconizada é sinal patológico, podendo anunciar a presença de alguma doença neurológica de base que impede que o córtex assuma o controle das funções cognitivas e motoras❖ Reflexo de Moro (do abraço) → em supina (tronco para cima) eleva-se o bebê pelo tronco acima da mesa e repentinamente solta, apoiando-o em seguida → objetivo de produzir extensão rápida do pescoço e cabeça o Obtemos abdução seguida da adução e flexão das extremidades superiores, flexão do pescoço e choro o Desaparece aos 3 meses em sua forma “típica” ou completa → aos seis meses desaparece definitivamente • Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (Magnus de Kleijn) → rotação da cabeça para um lado por 15s na posição supina → se espera extensão das extremidades do lado do queixo e flexão das extremidades do lado occipital o Desaparece aos 3-4 meses → desaparecimento nesta época é fundamental para permitir o desenvolvimento da postura simétrica, com cabeça e tronco centrados e mãos na linha média e início da preensão palmar • Reflexo de Preensão Palmar → posição supina, examinador coloca o dedo na face palmar do bebê → flexão dos dedos e o fechamento da mão como resposta o Aparece nas 28-32 semanas de idade gestacional e desaparece aos 4 meses • Reflexo de Preensão Plantar → posição supina, examinador comprime seu polegar sobre a face plantar, abaixo dos dedos → como resposta acontece a flexão dos dedos do pé o Desaparecimento aos 15 meses • Reflexo de Galant → bebê em prona com o tronco apoiado no braço do examinador, e com o dedo da mão contralateral, estimula a pele do dorso em movimento linear do ombro até as nádegas a 2 cm da coluna o Se espera como resposta a flexão do tronco, com a concavidade virada para o lado estimulado o Desaparece aos quatro meses • Reflexo do Extensor Suprapúbico → posição supina, pressiona-se a pele acima do púbis com os dedos, se esperando a extensão de ambos os mmii, com rotação interna e adução da articulação coxofemoral o Desaparece ao final do 1º mês NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Reflexo do Extensor Cruzado → bebê colocado em posição supina e uma das extremidades inferiores é submetida à flexão passiva → se espera extensão do membro inferior contralateral com adução e rotação interna da coxa o Desaparece após 6 semanas (1 mês e meio) • Reflexo de Rossolimo → posição supina, percute-se 2-4x a superfície plantar, havendo flexão dos dedos. o Desaparecimento com um mês. • Reflexo do Calcanhar → posição supina, percute o calcanhar do bebê estando ele com o membro em flexão de quadril e joelho, e tornozelo em posição neutra → resposta é extensão do MI o Desaparecimento em 3 semanas • Reflexo do Apoio Plantar e Marcha → segura-se o RN de pé pelas axilas e, ao colocar seus pés apoiados sobre uma superfície, ele retificará o corpo e iniciará a marcha reflexa o Desaparece aos 2 meses • Reflexo de Landau → com uma das mãos suspendemos o lactente pela superfície ventral, e com a outra flexionamos a cabeça rapidamente → todo o corpo entra em flexão o Surge aos 3 meses e desaparece ao final do 2º ano • Reflexo de Babkin → pressionamos a mão do lactente e verificamos a abertura da boca • Reflexo de Sucção → ao tocar os lábios de um lactente, há movimentos de sucção. o Desaparece em vigília aos 3 meses e durante o sono com 6 meses. • Reflexo de Procura → tocar suavemente bochecha - bb roda o pescoço em direção ao lado estimulado e abre a boca • Reflexo de Expulsão → ao tocar a língua do RN com colher, por ex., ele faz movimentos de protrusão da mesma o Desaparece por volta dos 2 meses → permanência maior deve levantar suspeita de paralisia cerebral ❖ Achados normais que desaparecem e reaparecem como atividade voluntária o Reflexo de preensão → voluntário ao longo do segundo semestre o Reflexo de sucção e da marcha ❖ Achados normais na criança que persistem no adulto o Reflexos profundos e Reflexos superficiais o Reflexo cutaneoplantar → obtido ao estimular a sola do pé com um objeto de ponta romba, fazendo-se um risco do calcanhar à base do quinto dedo ▪ Até 4º mês, 100% dos lactentes têm resposta de extensão do hálux com ou sem abertura em leque dos dedos → no 12º mês, resposta passa a ser flexão dos dedos, e assim permanece ❖ Achados normais que aparecem no lactente e persistem no adulto • Reflexo do Paraquedista → segura-se o lactente pela região ventral e o aproxima da mesa de exame bruscamente, para dar-lhe a impressão de que está caindo → a criança estende os braços e abre as mãos para proteger-se. o Surge aos 8-9 meses e permanece toda a vida • A avaliação principalmente da audição e da visão, deve ser feita desde os primeiros atendimentos • Importante indagar os familiares se a criança focaliza objetos e os segue com o olhar, e se prefere o rosto materno. o Desde os primeiros dias de vida, o RN é capaz de focalizar um objeto a poucos cm de seu campo visual, e detém nítida preferência pelo rosto humano. • No exame dos olhos, deve-se avaliar o tamanho das pupilas, pesquisar o reflexo fotomotor bilateral, assim como o reflexo vermelho que avalia a transparência dos meios • A audição inicia-se por volta do 5º mês de gestação → ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus familiares o Deve-se perguntar se o bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a origem dos sons. ▪ No Brasil, é obrigatória a realização da triagem auditiva neonatal, para todos os RN, por meio de emissões otoacústicas evocadas • Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação • Entre a 4-6ª semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente a face humana o No 2º sem, a criança não responde mais com sorriso a qualquer adulto → distingue o familiar do estranho. NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Relativo à linguagem, nos primeiros meses de vida, o bebê expressa-se por mímica facial e pelo choro • Entre o 2-3º mês, a criança inicia a emissão de arrulhos e, por volta do 6º mês, de balbucio ou sons bilabiais • Entre 9 e 10 meses, emite balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural o A primeira palavra geralmente corresponde a um encontro silábico reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada” • A linguagem gestual também aparece no 2º semestre e é fruto da significação dada pelos adultos do seu meio o Nessa fase, é comum a criança apontar e obedecer aos comandos verbais (bater palmas, acenar) • Por volta dos 12 meses, surgem as primeiras palavras denominadas palavras-frase • Aos 18 meses a criança inicia frases simples → a partir daí, ocorre grande aumento no repertório de palavras o Também começa o diálogo → criança fala e aguarda a resposta do outro para nova interferência Marcos Do Desenvolvimento Segundo A SBP • Apresenta alguns marcos característicos até os 2 anos de idade → a partir dessa idade, o contexto cultural em que a criança se insere passa a ter influência maior e, consequentemente, também há maior variação entre os marcos 2 meses o Observa um rosto o Segue objetos e ultrapassa linha média o Reage ao som o Vocaliza (emite sons diferentes do choro) o Eleva a cabeça e ombros na cama em prona o Sorri 4 meses o Observa a própria mão o Segue c olhar até 180° o Grita o Senta com apoio, sustenta a cabeça o Agarra um brinquedo colocado em sua mão 6 meses o Tenta alcançar um brinquedo o Procura objetos fora do alcance o Volta-se para o som o Rola no leito o Inicia uma interação 9 meses o Transmite objetos de uma mão para a outra o Pinça polegar-dedo o Balbucia o Senta sem apoio o Estranhamento (prefere pessoas que convive) o Brinca de esconde- achou 12meses o Bate palmas, acena o Combina sílabas o Fica em pé o Pinça completa o Segura o copo ou a mamadeira 15 meses o Primeiras palavras o Primeiros passos o É ativa e curiosa 18 meses o Anda o Rabisca o Obedece ordens o Nomeia objetos 24 meses o Sobe escadas, Corre o Formula frases simples “dá água”“quer papar” o Retira uma vestimenta o Tenta impor a vontade • Hereditariedade parece contribuir com 50% da pontuação do QI e com 50% de alguns traços de personalidade, como sociabilidade e desejo por novidade • O temperamento (parte do comportamento, inclui reação emocional (choro, riso, mau humor), nível de atividade motora, atenção, sociabilidade e persistência), é influenciado 20-60% pela genética e 80-40% pelo ambiente. • Pode ser caracterizado por nove componentes 1. Atividade motora → ex. ele prefere ficar sentado a correr por todo o lado 2. Ritmicidade dos ciclos biológicos → ex.: ele nunca tem fome o mesmo horário todos os dias 3. Aproximação e retirada a um novo estímulo → ex.: ela rejeita toda comida na primeira vez 4. Adaptação a novo estímulo → ex.: mudanças em geral deixam ele chateado, ela se adapta facilmente 5. Limiar de responsividade → ex.: ele percebe todos os carocinhos em sua comida, ela come qualquer coisa 6. Intensidade da reação → ela grita quando está feliz e resmunga quando está triste, ela não é de chorar 7. Humor → ele parece que está sempre feliz, ela não é de sorrir muito 8. Distraibilidade → ela facilmente se desvia da comida quando tem outra criança por perto, ela nem parece me ouvir quando está brincando 9. Atenção e persistência → ela troca de brinquedo a toda hora NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • O desenvolvimento emocional e da inteligência na infância e juventude passa por diversos estágios, desde as fases da lactância, passando para a fase do pré-escolar, escolar e adolescência o Através das quais a criança/adolescente amadurece sentimentos, emoções, capacidade de pensar/aprender • Neste período, o lactente utiliza suas habilidades motoras cada vez mais coordenadas e intencionais (praxias), e suas percepções sensoriais para explorar o meio ambiente, aprender novas funções, e comunicar-se • Neste período podem ser identificados cinco estágios: ❖ Primeiro estágio (0-2 meses) • Movimentação do lactente apenas de maneira reflexa • Mãos permanecem cerradas e membros semifletidos → estendem e abrem quando se desencadeiam os reflexos • Vias motoras são pouco mielinizadas e o controle cortical do movimento é difuso • Bebê é capaz de escutar, e nesta fase pode se observar o apoio da cabeça de um dos lados (geralmente esquerdo), liberando o ouvido do outro lado (dominância hemisférica da via auditiva) • Bebê se aquieta com a voz humana, e ao ouvir outro choro de criança desencadeia resposta de choro • Capacidade de comunicação verbal limitada, fazendo apenas através do choro o Características já podem denunciar fome, irritação ou dor • Já existe percepção da luz, e a cabeça se vira em direção à luz da lanterna ❖ Segundo estágio (2-4 meses) • Aos 4 meses, lactente já está com mãos mais abertas e já as conduz até a linha média • Permitindo a colocação do objeto apreendido na boca • As vias piramidais já estão mais mielinizadas • Lactente já vira a cabeça em direção ao som • Há melhora da coordenação entre a visão e a preensão do objeto. • Aos 3 meses ocorre o acompanhamento do objeto em uma rotação de 180º no campo visual • Ele olha a mamadeira e abre a boca, e os olhos seguem o que a mão faz o Assim, desenvolvem-se as reações circulares primárias, através das quais a criança observa o objeto, executa a preensão manual, leva o objeto a boca, chupa-o e repete a sequência ▪ São novos atos descobertos por acaso, e por isso, são descritos como ações pré-inteligentes • Há imitação dos sons ouvidos, principalmente os fonemas vogais → aah, eeh etc. ❖ Terceiro estágio (4-9 meses) • Coordenação para preensão do objeto melhora mais, e a intenção de pegá-lo torna-se mais voluntária (praxia) o O objetivo é segurar, sacudir, balançar e virar • Acuidade visual melhora e com ela a noção de profundidade e direção do brinquedo. • Criança pega uma pastilha com toda a mão, sacode o sino para ouvir o barulho e segura um brinquedo pelo fio. • São reações circulares secundárias, descobertas ainda por acaso, porém com maior intenção o Esse desenvolvimento é possível pela mielinização de áreas parietoccipitais e temporoparietais ❖ Quarto estágio (9-12 meses) • Desaparecem reações circulares, ações são realizadas com finalidade → momento em que se desenvolve as praxias • Criança investiga mais o brinquedo – aperta, apalpa, arranha, arrasta, olha-o em diferentes perspectivas • Aos 11 meses começa a colocar um objeto dentro do outro o Preensão é mais precisa, com oposição entre o polegar e o indicador. o Surgem sons mais complexos, mas ainda sem significado “pfs, mam, baba, ppa” • Aos 12m, criança já fala “mama” e “papa” com significado, compreende ordens simples como “dá”, “tchau” e “vem” ❖ Quinto estágio (12 a 18 meses) • Começa a brincadeira simbólica, na qual a criança inventa finalidades para os objetos, abre a caixa de fósforos, faz torres de cubos e já brinca de “casinha” • Há aumento do vocabulário e a criança nomeia objetos simples em uma gravura ❖ Sexto estágio (18 meses a 24 meses) • Início da fase de imitação de gestos e palavras • Desenvolve ações manuais mais complexas → desembrulhar bala, virar páginas, fazer rabiscos circulares/lineares NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 PERIODICIDADE DAS CONSULTAS PEDIÁTRICAS • De acordo com o MS, as consultas pediátricas devem ocorrer com a seguinte periodicidade: • 1º semana de vida, 1 mês, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses, 18 meses, e 24 meses o Após 2 anos, as consultas poderão ser feitas anualmente, preferencialmente próximas ao mês de aniversário • É importante que em todas as consultas o pediatra observe o Crescimento → peso, altura e PC (até 2 anos) o Desenvolvimento neuropsicomotor → conduta motora grosseira e fina, conduta adaptativa, conduta de linguagem e conduta pessoal-social o Alimentação da criança o Vacinas o Prevenção de acidentes o Identificação de problemas e riscos para a saúde • As necessidades nutricionais da lactância refletem a alta taxa de metabolismo deste período de crescimento e desenvolvimento → o requerimento energético do lactente é 2x maior que de um adulto normal ENERGIA • Não há evidências em relação à superioridade dos carboidratos sobre as gorduras para o fornecimento de energia • A quantidade de carboidrato para evitar a cetose e hipoglicemia é de 5 g/kg/dia o Quantidade de gordura necessária para prover teores suficientes de ácidos graxos essenciais (ácido alfalinoleico e linoleico) é de 0,5-1 g/kg/dia • Os principais ácidos graxos de cadeia longa (> 18 carbonos) – PUFAs – são o Ácido Araquidônico e Docoexanoico o Participam da constituição de membranas no SNC e retina • Organismo é capaz de sintetizar estes AG de cadeia longa a partir dos AG essenciais adquiridos na dieta → o ácido linoleico é convertido a ácido araquidônico, e o ácido alfalinoleico a ácido docoexanoico o Porem, essa via sintética não está suficientemente desenvolvida nos lactentes ▪ Amamentados com leite materno têm muita vantagem em relação aos alimentados com fórmula → leite humano contém naturalmente PUFAs • Crianças amamentadas com leite materno têm melhor desenvolvimento neurocognitivo, e esta diferença de composição lipídica é uma das razões para tal PROTEÍNA • Lactentes requerem maiores quantidades de proteínas por Kg do que adultos • Aminoácidos essenciais → leucina, isoleucina, valina, treonina,metionina, fenilalanina, triptofano, lisina, histidina • Cisteína, tirosina e às vezes arginina também são essenciais no período da lactância o Cisteína é essencial neste período é devido a diminuída atividade da cistationase hepática, que converte a metionina em cisteína → seus níveis só alcançam o normal com 4 meses • Leite de soja bruto contém quantidades reduzidas de metionina → mas quando fortificado, os níveis se assemelham aos do leite de vaca • Leite humano e as fórmulas são equivalentes em relação aos aminoácidos essenciais o A necessidade proteica de um lactente de 0-6 meses é de 1,5 g/kg/dia ELETRÓLITOS, MINERAIS E VITAMINAS • Estoques de ferro de um RN são suficientes até os 4-6 meses → a partir daí, devido à elevada taxa metabólica, é comum o desenvolvimento de anemia ferropriva o Recomenda-se suplementação com sulfato ferroso a partir dos 6 meses de idade • Se a ingestão proteica for inadequada, pode haver deficiência de ácido nicotínico e colina → vitaminas sintetizadas a partir do triptofano e da metionina • Suplementação com vitamina D está indicada para todos os lactentes amamentados ao seio materno ou amamentados com fórmula infantil (desde que recebam < 1.000 ml/dia) • Aplicação de vitamina K IM a todos os RN para prevenção da doença hemorrágica do recém-nascido ❖ ÁGUA → necessidades hídricas dos lactentes variam de 75-100 ml/kg/dia NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 – • Após 6 meses, o aleitamento exclusivo não atende necessidades nutricionais do lactente, sendo necessária a introdução de outros alimentos → mas aleitamento materno é recomendado até os 2 anos • O início da alimentação complementar (desmame) é o período de introdução de qualquer outro alimento além do leite materno → considera-se a criança “desmamada”, quando ocorre suspensão total do leite materno DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO • Aquisição de marcos como sustentação da cabeça, pescoço e tronco, perda do reflexo de protrusão da língua e a capacidade de mastigação aos 5 meses habilidades necessárias para o desmame • Aparecimento dos primeiros dentes auxilia no processamento dos alimentos o Incisivos centrais inferiores aos 6 meses - superiores aos 7 meses o Incisivos laterais superiores aos 8 meses - inferiores aos 9 meses o Primeiros molares inferiores aos 12 meses - superiores aos 14 meses • Importante que os pais sejam orientados a permitir que filho aprenda a comer sozinho → por ex, aos 6 meses o lactente é capaz de segurar a mamadeira e aos 9 segura uma caneca o Com ~10/12 meses conseguem segurar uma colher e levá-la à boca ▪ Essa liberdade deve ser permitida (apesar da “sujeira”), pois auxilia no desenvolvimento da coordenação motora fina o Com 2 anos espera-se que a criança seja capaz de alimentar-se de modo independente TÉCNICA • Introdução da alimentação complementar deve ser gradual, com cada alimento novo introduzido separadamente • A não aceitação inicial de um alimento não deve ser interpretada como uma recusa definitiva, devendo ser oferecido semanas depois → necessárias ~8-10 exposições para que ocorra aceitação plena • Consistência também deve ser modificada, com oferecimento de alimentos inicialmente pastosos, até pedaços sólidos com a colher → e não devem ser processados no liquidificador o Devem-se evitar dietas muito diluídas e volumosas como, por exemplo, sopa • Higiene no manuseio, estocagem e administração são fundamentais para evitar contaminação • Sal e condimentos não devem ser usados no preparo, e leite e açúcar também não devem ser misturados à papa o É necessário que a criança conheça o real sabor dos alimentos que estão sendo introduzidos • Caso seja recomendado aumento no valor calórico da dieta, pode-se acrescentar óleo vegetal, margarina/azeite ao preparo das refeições → geralmente para desnutridos ou com dietas a base de leite desnatado COMPOSIÇÃO DA DIETA • Primeiros alimentos a serem introduzidos são as frutas, na forma de papas ou sucos o Nenhuma fruta é contraindicada, a menos que a criança desenvolva alergia o Não se deve oferecer volume de suco de frutas > 240 ml/dia → para que a ingestão de alimentos mais calóricos não seja prejudicada • Dietas do desmame devem ter 1 alimento básico e 1+ alimentos do grupo complementar o Alimentos básicos são os tubérculos e cereais, sendo os demais grupos considerados complementares • Alimentos industrializados, aqueles que oferecem risco de broncoaspiração, os mais implicados no desenvolvimento de alergia e mel devem ser evitados no primeiro ano • Ovos e carnes podem ser introduzidos na alimentação do lactente a partir de 6 meses ❖ Tubérculos • Fonte de amido → importante na oferta calórica o Tubérculos → batatas, mandioca, inhame, cará o Cereais → arroz, milho (angu), macarrão ❖ Leguminosas • Fonte de proteína vegetal o Feijões, ervilhas, lentilhas, grão-de-bico e soja ❖ Hortaliças • Fonte de vitaminas e minerais o Legumes → cenoura, abóbora, chuchu, abobrinha, berinjela e vagem o Verduras → (parte comestível são as folhas) couve, taioba, espinafre, brócolis, bertalha e agrião ❖ Carnes • Fonte de proteína animal o Carne de boi, frango e peixe NEONATOLOGIA E PUERICULTURA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ESQUEMA ALIMENTAR PARA LACTENTE AMAMENTADOS AO SEIO • Até o 6º mês → aleitamento materno exclusivo • 6º mês → aleitamento materno + papa de frutas o Inicialmente 1x/dia e depois 2x/dia • 6º ao 7º mês → aleitamento materno + papa/ suco de frutas (2x/dia) o + uma papa salgada/dia (final da manhã) • 7º ao 8º mês → aleitamento materno + papa/ suco de frutas (2x/dia) o Duas papas salgadas/dia (uma no final da manhã e outra no final da tarde) • 9º ao 11º mês → manter o esquema, tornando a alimentação complementar mais próxima dos hábitos da família ATIVIDADE FÍSICA • Recomenda-se até 1 ano atividades do tipo mudança de decúbito, psicomotricidade, andar, engatinhar e natação a partir de 6 meses sob devida orientação – • Taxas de crescimento diminuem após o 1º ano, sendo comum após este período alguma falta de interesse da criança por certos alimentos e redução da ingesta → deve-se explicar aos que é transitório • Criança passa a demonstrar preferências de paladar, e esta seleção deve ser respeitada, porém, os pais devem tentar oferecer aquele alimento rejeitado outras vezes • Alimentação balanceada e isenta de consumos prejudiciais é fundamental entre 1-2 anos, pois nesta fase os hábitos e padrões alimentares são definidos até a idade adulta • Recomenda-se que a criança receba 3 refeições principais e dois lanches SUPLEMENTAÇÃO ❖ Vitamina D → deve ser administrada de forma PROFILÁTICA a crianças em aleitamento materno ou uso de FI (< 1.000 ml/dia) ou leite de vaca, independente da região do país o Primeira semana de vida até 12 meses → 400 UI/dia o 12-24 meses → 600 UI/dia ▪ Geralmente dose de 200-220UI, sendo 2 gotas/dia em < 1ano e 3 gotas/dia em < 2anos ❖ Vitamina A → em regiões de alta prevalência em hipovitaminose A (nordeste, Vale do Jequitinhonha e Mucuri (MG) o Lactentes 6-11 meses → 100.000 UI, 1x a cada 6 meses o Crianças 12-59 meses → 200.000 UI, 1x semestralmente ▪ As doses deverão ser repetidas a cada 4-6 meses LITERATURA: - Tratado de Pediatria da SBP 4ª Ed. - 2017 - MEDCURSO 2019 PEDI – Vol. 2 Aleitamento Materno; Alimentação em Pediatria - MEDCURSO 2019 PEDI – Vol. 3 Crescimento e Desenvolvimento Infantojuvenil e Seus Distúrbios
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