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Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 1 DIREITO PENAL I Prof. Antenor Ferreira Pavarina E-mail: antenorpavarina@unitoledo.br 06/02/2012 DIREITO PENAL LOCALIZAÇÃO SISTEMÁTICA NO ORDENAMENTO JURÍDICO - ramo do direito público CONCEITO - conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado (Frederico Marques) FUNÇÃO - proteção de bens jurídicos (direitos) essenciais ao indivíduo e à comunidade CARACTERES 1. CIÊNCIA CULTURAL - pertence à classe das ciências do dever ser, tutela as relações dos individuos entre sí e destes com a sociedade 2. CIÊNCIA NORMATIVA - tem por objeto o estudo da norma, do Direito positivo, do conjunto dos preceitos legais, o dever ser, bem como as consequências jurídicas do não-cumprimento dos preceitos normativos 3. VALORATIVO - estabelece uma escala de valores que varia de acordo com o fato que lhe dá conteúdo, e com as consequências dele decorrentes. 4. FINALISTA - visa a proteção de bens jurídicos fundamentais para a sociedade, como garantia de sobrevivência da ordem jurídica 5. SANCIONADOR - protege a ordem jurídica comuninando sanções (penas ou medidas de segurança) Conteúdo: Teoria da Lei Penal e do Crime Bibliografia: Luis Regis Prado; Julio Fabrine Mirabete – Curso de Direito Penal, Volume I (Parte Geral) Filme: Meu nome não é Johnny (Medida de Segurança – clínica, hospital psiquiátrico). Livro: Teoria do Ordenamento Jurídico – Norberto Bobbio Constituição Federal Direito Penal Processo Penal mailto:antenorpavarina@unitoledo.br@unitoledo.br Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 2 Administrativo Direito Civil (Direito privado, Direito Previdenciário) Processo Civil Trabalho Processo do Trabalho 1) Direito Penal – Características Ciência cultural Normativa Valorativa Finalista Sancionadora Direito Penal é o ramo do Direito Público que através da lei define as infrações penais (crimes e contravenções penais) fixando a pena aos imputáveis e medida de segurança aos inimputáveis, ditando as regras que delimitam o direito de punir do Estado. 07/02/2013 DIREITO PENAL E SUAS RELAÇÕES COM AS OUTRAS CIÊNCIAS CIÊNCIA DO DIREITO PENAL (dogmática penal) -conjunto de conhecimentos (normas e princípios), ordenados metodicamente POLÍTICA CRIMINAL - análise crítica do direito positivo, visando ajustá-lo aos ideais jurídico-penais e de justiça CRIMINOLOGIA - ciência empírica, interdisciplinar, que estuda o fenômeno criminal MEDICINA LEGAL e CRIMINALÍSTICA - exerce papel fundamental na construção da prova e na responsabilidade penal DIREITO PENAL E SUAS RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL - estabelece, explícita ou implicitamente, princípios basilares do Direito Penal, próprios do Estado Democrático de Direito, limitando o direito de punir do Estado ADMINISTRATIVO - trata da organização e funcionamento dos serviços públicos, aplicando sanções disciplinares PROCESSUAL PENAL - disciplina a atividade desempenhada pelos órgãos estatais com a finalidade de determinar se a lei penal foi violada e qual pena deve ser aplicada CF DP PP Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 3 DIREITO PRIVADO (Direito Civil e Comercial) - auxiliam na interpretação e aplicação dos preceitos penais Ordenamento Jurídico Localização / Função do Direito Penal Relações do Direito Penal Direito Penal Criminologia Política Criminal Direito Penal é uma ciência cultural porque cuida das relações entre os indivíduos e dos indivíduos com o próprio Estado. É normativo – ramo do direito ligado à Lei. É valorativo – pois seleciona dentro dos direitos que possuímos qual tem maior valor. O Direito Penal seleciona alguns bens considerados essenciais à convivência humana em sociedade; sua função principal é de proteger direitos fundamentais (ex.: vida, igualdade). 14/02/2013 DIREITO PENAL é uma ciência cultural, normativa com aspecto valorativo Define crime, estabelece sansões e os limites de Punir do Estado. Protege alguns direitos fundamentais (aspecto valorativo – escolhe os direitos que são de maior importância para serem tutelados). Finalidade Protege Direitos Fundamentais (maioria dos doutrinadores); Dar Eficácia a Norma (outros doutrinadores) Se alguém praticar aquela conduta lesiva ao direito, vem o aspecto sancionador do direito penal. CF É a norma fundamental, estabelece princípios. DC x DP Condutas (Lícitas / Ilícitas) Trafegar em uma velocidade superior a permitida a via Conduta Ilícita Interessa ao Direito Penal? Se expor as pessoas a situação de risco, é crime segundo o Código de Transito (Lei 9503/97). Nem toda conduta ilícita, configura ilicitude penal. O Direito Penal se preocupa com fragmentos de ilicitude. Portanto algumas condutas ilícitas devido a sua gravidade é que vão interessar ao DP. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 4 Algumas condutas como o adultério foi descriminalizado, no entanto continua sendo ilícito segundo o código civil, que permite nesse caso que cônjuge peça a dissolução do casamento. A partir dos preceitos morais pode haver uma sanção da sociedade mas não uma sanção do Estado. Algumas condutas protegidas pelo DC, pode interessar ao DP. Quando a ofensa provoca uma instabilidade social, mas há eu existir descrição na lei como crime, ai temos o interesse do DP. A Sanção Penal é independente da Sanção Civil, Política e/ou Administrativa. DP Brasileiro Princípio da Legalidade É necessário que haja crime! DIREITO PENAL ROMANO No Direito Penal Romano A Pena era a Morte O sujeito não recebia nenhum procedimento formal, feita a revelia Sob Tortura havia a Confissão Aplicava-se a sanção para aplacar a irá dos Deuses (Vingança Divina) Passou-se então para a fase de Vingança Privada Cada um defendendo o seu interesse particular. Até a evolução da sociedade, onde o Estado passou a ditar as regras de convívio em sociedade (Vingança Estatal). Direito PENAL GERMÂNICO Permitia a composição do Dano para que o indivíduo não ser preso. As sanções eram as mais severas possíveis, e não ficava apenas no autor da conduta, mas se estendia a sua família. Ex. Se ele fosse banido do grupo social que vivia, era estendido a toda sua família. No período Germânico a tentativa não era punida. Direito Romano e Germânico Penas de Morte, Castigo Físico, Penas de Mutilação Não existia penas privativas de liberdade Apenas existia a privação da liberdade enquanto aguardava o julgamento que culminava com as outras penas. DIREITO CANÔNICO Contribuição do Direito Canônico ao Direito Atual Se o “condenado” conseguisse vencer os Gladiadores do Rei, ele teria clemencia. Hoje semelhante ao Perdão Legal. Inspiração na Divindade Humanização do cumprimento de penas Penas privativas de liberdade, multa e reparo de danos sofrido pelo indivíduo. Penitenciaria vem de penitenciar que é do Direito Canônico. Em geral: Dolo É a intenção A vontade de fazer algo. Culpa Sem intenção Falta do Dever do Cuidado (Imprudência, Imperícia ou Negligencia) Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 5 Confissão não é suficiente para condenar É necessário que as demais provas estejam compatíveis com ela. Crime Processo Prova Sanções. Submissão, Desistência ou Transação Forma de resoluções de conflitos. Ex. acidente de transito com danos matérias. o O culpado pode ser submisso a vontade da vítima de consertar seu carro e pagar tudo. o A vítimavendo a situação do culpado pode desistir de cobrar o prejuízo. o Ou pode haver uma transação, um acordo, como por exemplo, o culpado pagar a franquia do veículo da vítima que possui seguro. Movimento Lei e Ordem ou Direito Penal Máximo Aplicação da Lei com todo seu rigor. Abolicionismo Penal Oposto do Direito Penal Máximo, seria o Direito Penal Mínimo, com o mínimo de intervencionismo do Estado. 20/02/13 DIREITO PENAL NO BRASIL Elementos do Estado de Direito Visa Proteger a Dignidade da Pessoa Humana Crime Pena Regras do Direito de Punir Direito da Sociedade Normas para manter os Direitos Fundamentais. HISTORIA PERIODO COLONIAL O Brasil ainda não tinha uma população que necessitasse uma legislação própria, e a legislação que vigorava era a portuguesa. Os representantes do Rei, tinham a função de dar solução as práticas criminosas. Não havia nenhum processo formal, que permitisse que alguém se defendesse de forma justa. Nessa época houve um grande genocídio dos índios. PERIODO IMPERIAL Houve a confecção da primeira legislação genuinamente brasileira Código Criminal do Império. A responsabilidade penal era aos 14 anos de idade (imputável). PERÍODO REPUBLICANO Em 1940 é que foi editado o CP, decreto Lei 2848/40. A Lei 7209/84, reestruturou a parte Geral do CP. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 6 Possuem reformas pontuais ao longo do tempo ECA, Transito, Drogas, Estatuto do Idoso, Estatuto do Desarmamento, etc fora do CP talvez exista mais normas penais do que no próprio CP (Legislação especial ou extravagante). O Direito Penal se preocupa em manter a eficácia da norma. o Define Crime e estabelece sanções mantendo os direitos fundamentais do ser humano; o O DP tem cumprido sua finalidade? ABOLICIONISMO PENAL Direito Penal Máximo Movimento Lei e Ordem Surgiu em NY, e consiste em um endurecimento da norma Pune de Forma Severa – Sem Benefício Nenhum. Direito Penal sendo usado como primeiro ramo do direito e não como último. A Advertência pode funcionar pra alguns, e a cadeia pode não funcionar para outros. Por isso o que utilizamos hoje: Direito Penal Mínimo Intervenção mínima escolhemos alguns direitos, e punimos as condutas mais severas. Em razão da diversidade da criminalidade, já há uma vertente diferente do DP Mínimo. Direito Penal do Inimigo Existe uma classe de cidadãos que ocasionalmente cometem crime Criminoso Ocasional Diferente do sujeito que mesmo dentro de uma penitenciaria continua cometendo crime, e quando sair continuará no crime. Estes indivíduos merecem o mesmo tratamento? Portanto o DP do Inimigo prega que deveríamos tratar de forma mais severa os que frequentemente delinquem e mais branda os que ocasionalmente delinquem. o Só que isso vai contra a constituição que diz que todos são iguais perante a lei. 21/02/2013 PERIODO HUMANITÁRIO (Codificação) CESARE BARESANA Marques de Beccaria (jornalista) o Livro Dos Delitos e das Penas o Se mostrava assustado com a realidade que se vislumbrava na época. Nesse período é que se começa a pensar em uma forma de se formar a consciência do delito, ou seja, descrever as condutas ilícitas para que o indivíduo saiba que esta cometendo um delito principio da legalidade. o Limita o direito de punir do Estado, por isso é chamado de período humanitário; Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 7 CESARE LOMBROSO o Criminoso Nato (através das características físicas, estudava uma forma de identificar os possíveis criminosos) o Antropologia Criminal Médico, trabalhava em uma unidade prisional, tinha a atribuição de realizar necropsia. Passou a estudar os criminosos de acordo com suas características físicas. Tornando-se o pai da antropologia criminal. o O estudo da estrutura óssea, hoje pode determinar a idade do individuo, e esse estudo teve como base os estudos de Lambroso. ENRICO FERRI Reflexos do Meio Social fatores exógenos que estimulam a criminalidade. Sociologia Criminal o Papel da mídia e da própria sociedade na formação da criminalidade. Tudo que esta a volta de um indivíduo pode ser determinante para a prática da criminalidade. Ex. o excesso de carga tributaria, que praticamente obriga a empresários sonegarem impostos. RAFAEL GAROFALO Propulsor da Criminologia o Como aplicar uma pena a um criminoso, para que quando terminar o cumprimento da mesma, ele poder voltar ao convívio social e se ajustar? o O Estado adota Politicas Publicas de Combate a Criminalidade. A analise do individuo deve ser realizada (incidente ou primário, como ele é em família, na sociedade fatores antropométricos) mas também analisar o comportamento onde ele vive (ex. o comportamento de alguém que vive recluso a um sítio pra outro que vive na capital, a forma de pensar é diferente, a cultura é diferente... ESCOLAS Clássica Preocupação em definir o crime, apenas no seu aspecto jurídico, sem se preocupar com o social. Não é apenas o indivíduo mas também o meio. Então o crime não pode ser visto apenas no aspecto jurídico. Positiva Propõem uma reflexão distinta da Clássica dizendo que a reflexão deve ir além do aspecto jurídico, devendo contemplar tudo o que foi estudado no período codificador, o crime é jurídico, mas é sobretudo social, cultural. o Dentro da reflexão do crime hoje, temos o crime conceituado dentro de uma posição jurídica, mas também social, pois o individuo não recebe uma pena apenas por ter infligido uma regra jurídica, mas também por ter atentado contra a estrutura social. Hoje temos um DP preocupado com a Defesa Social! Defesa da Sociedade. 27/02/2013 O Direito Penal é cultural (não lida com regras imutáveis), valorativo (seleção de alguns direitos fundamentas para a coexistência em sociedade) e normativo (segue normas e possui algumas garantias que devem ser observadas), que tem a finalidade de tutelar os direitos fundamentais, e quem os lesar, vai ficar submetido a uma sanção penal Promover a paz social. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 8 Crime Pena Regras que vão delimitar o direto de punir do Estado. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS A definição de crime, não esta na CF, mas sim os princípios da legalidade. De que não há crime sem lei, etc. Dignidade Humana Art. 1º, III, CF Mesmo o individuo praticando uma conduta criminosa, ele não deixa de ser humano, por isso ele deve receber tratamento respeitando sua dignidade humana, preservada em nossa CF para qualquer indivíduo. Quando escolhemos direitos para serem protegidos, é claro que tomamos como principio a dignidade humana. Art. 5. CF Todos são iguais perante a lei [...] Legalidade (art. 5. XXXIX, CF) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal Garantia individual constitucional, de que ninguém pode ser condenado por fato não previsto na lei. o Anterioridade A Lei deve ser anterior ao fato. A Legalidade traz implícita a anterioridade da Lei. o Irretroatividade (XL) A Lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. o Taxatividade Texto que permita a qualquer cidadão entender o que o Estado esta disciplinando, ou seja, o que de fato o Estado esta definindo como crime. Todos os elementos tem que estar demonstrados para que haja tipicidade, caso contrario é uma conduta atípica. o Direito Penal do Fato Normativo Definição de Crime na Lei; Valorativo Bens Jurídicos Penais analisar quais os direitos são essenciais para coexistência dos indivíduos a sociedade; Proteção de Direitos Fundamentais Intervenção mínima (Direito Penal do Equilíbrio) o O legislador hoje oscila entre o abolicionismo penal ou se inspira no movimento lei e ordem (direito penal máximo)o Nosso ordenamento tenta ser um direito residual (de ultima utilização) Direito penal tem a ver com segurança jurídica proteção dos direitos fundamentais Os demais ramos do direito tendo as suas sanções devem tentar solucionar o problema jurídico antes do Direito Penal, que deve ser utilizado em ultimo caso. Fragmentariedade (tem haver com a conduta selecionado pra ser um tipo penal) pegamos algumas condutas ilícitas e os descrevemos como crime. Portanto, apenas algumas condutas ilícitas é que interessam para o Direito Penal. A ilicitude é o gênero, o ilícito penal é o fragmento que tem que ser lesivo o suficiente para justificar a intervenção do DP. Lesividade (tem haver com a conduta em si do agente) Ex. alguém que furta uma borracha de trinta centavos (R$ 0,30) é suficientemente lesiva ao patrimônio, de tal sorte que mereça mandar alguém pra cadeia? Ou ela se mostra insignificante? Taxativamente nos conseguimos enquadrar no crime de Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 9 Furto, no entanto neste caso não há lesividade suficiente para desencadear o DP. Para tanto então a conduta taxada deve ser lesiva o suficiente para causar uma instabilidade social. o Insignificância Ou bagatela Uma lesão ao patrimônio pode ser insignificante pra um, mas não ser para outro. STJ e STF raciocinam vendo se o sujeito que cometeu a conduta é perigoso, e não apenas no valor econômico, para constatar a insignificância (atipicidade material). o Existe ofensa a integridade física, quando se faz uma tatuagem ou quando se fura uma orelha se pegar na lei, buscando a taxatividade encontraremos um dispositivo legal que se enquadre, no entanto a lesão não é significante para se recorrer ao direito penal Nos crimes violentos ou com grave ameaça, não se admite o principio da insignificante, mesmo que o valor econômico ou a lesão a integridade física seja mínima. Sanção Penal (apenas aquilo que estiver cominada na lei) Penas permitidas (XLVI) privação ou restrição da liberdade; perda de bens; multa; prestação social alternativa, suspenção ou interdição de direitos; Penas vedadas (XLVII) de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; cruéis e de morte; Personalidade Menos de 21 na data do fato, ou mais de 70 na data da sentença, tem a pena atenuada. Individualização (XLV e XLVI) ela é intrancedente, apenas e tão somente o autor da conduta criminosa é que será punido. Proporcionalidade (XLVIII) Ponderável de acordo com o crime cometido, os métodos aplicados no crime, etc. PROCESSO Devido Processo Legal (LIV) o Contraditório o Ampla defesa (LV) o Provas lícitas o Rito procedimental Pesquisar: Principio da Proteção Eficiente ou Princípio da Infra-Proteção. Ex. Antes o simples porte de arma, fazia com que o infrator não pudesse pedir a liberdade provisória. Se ele matasse alguém com aquela arma ele poderia pedir a liberdade provisória. Então é uma proteção excessiva demais para a conduta A proteção tem que se adequar as condutas. Crime Protegendo Direito Fundamental Estabelecemos uma Sanção Para que a Sanção possa ser aplicada é necessário o Devido Processo Legal. 06/03/2013 Princípios Constitucionais DP Crime / Pena / Regras do Direito de Punir do Estado Constitucional DP DPP Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 10 Lei + Doutrina + Jurisprudência Para entendermos como julgar uma conduta criminal. Não há crime, não há pena sem uma lei que o defina. Lei anterior ao fato (irretroativa em fato) característica do autor só é utilizada na dosagem da pena. A Lei tem que ser taxativa o legislador deve narrar naquele dispositivo de crime, a conduta com tal clareza, que qualquer pessoa que leia o texto entenda qual é a regra que o Estado esta regulando, o que é proibido e o que é permitido, e saiba que se ele praticar aquela conduta, estará sujeito a sanções descrita na mesma. Se não se ajustar ao modelo do crime, temos uma conduta atípica. Estabelecendo a sanção, o legislador tem como finalidade tutelar o direito fundamental (a vida, a igualdade, a propriedade, etc) DP é residual, pois só deve ser utilizado quando os outros Direitos não conseguem resolver. Intervém de forma mínima, fragmentariada escolhe as condutas fundamentais (ilhas no mar da ilicitude é que interessam ao DP). Lesividade / Ofensividade não basta a conduta ser típica, para que seja considerado um crime. Por Ex. quem furta 1 real, 1 pão, 1 caneta, deve sofrer sanção só devo tratar como crime se a ofensa tiver relevância suficiente para justificar restringir a liberdade do praticante. Mas se alguém mesmo que para furtar algo insignificante utilizar de violência ou algo que constranja o ofendido, por haver reprovação social (culpabilidade) devido a periculosidade, receberá sanção mesmo assim, não podendo aplicar a teria da bagatela ou insignificância. FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Fonte Natural ou Material (de produção) o Competência legislativa União (art. 22, I CF) Congresso Federal Estados Membros (art. 22, § Único CF) Deputados Estaduais Em situações excepcionais, o poder legislativo delega ao executivo, a liberdade para elaborar uma lei (lei delegada), no caso do DP, isso é vetado segundo Art. 68, § 1º. É também é vetado a edição de MP sobre o Direito Penal, expresso no Art. 62, § 1ª, I, b. Isso é uma segurança pra evitar que um déspota assuma o poder e crie leis abusivas. Fonte Formal (de conhecimento) A maneira como tomamos conhecimento do crime. o Imediata Lei (objeto de nosso estudo) o Mediata (indireta) Costumes (prática reiterada de uma conduta, que passa a ter obrigatoriedade jurídica. O costume não pode revogar a lei, pois esta só pode ser revogada por outra lei, mas o costume funciona para Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 11 pressionar o legislador a mudar a lei, pois caso contrario, podemos ter uma fonte formal no entanto sem mérito. O costume ajuda a interpretar a lei por exemplo antigamente dar um beijo na namorada era um ato totalmente obsceno, hoje em dia, namorar agarrado, passando a mal por todo o corpo já não é mais considerado ato obsceno. A vadiagem, antes considerado um crime, pode ser considerado hoje em dia ilícito penal? Esse seria o Direito Penal do Autor, ou seja, é o estilo de vida dele. Costume serve como inovador da legislação e para a interpretação da lei. Princípios Gerais do Direito Preceitos éticos morais que são extraídos do direito igualdade, equidade, etc. fonte mediata do direito penal. Interpretação o Quanto ao Sujeito; Quem editou (legislador), os estudiosos do direito, e os juízes na 1ª (juiz de direito), 2ª (desembargadores), 3ª (ministros) e 4ª (ministros) instâncias, gerando as jurisprudências (súmulas vinculantes). São estes a quem cabe interpretar a lei. o Quanto aos Meios; Gramatical: é a primeira forma de interpretação, buscando os recursos da língua portuguesa. Lógica: vontade do legislador punir de forma mais severa; Teleológica: finalidade da lei para que o cidadão se vigie para que não sofra a sanção. o Quanto aos Resultados: Declaratório: quando o interprete entendeu completamente o que o legislador pretendia; Para que a lei seja taxativa, o resultado deve ser este. Integração o Analogia É permitida no DP? As Leis penais não são apenas proibitivas (como o art. 121. CP - Matar alguém), mas temos Leis, explicativas, mandamentais e permissivas também. Com por exemplo as excludentes de ilicitude ou juridicidade (Ex. legitima defesa – art. 25. CP), as excludentes de culpabilidade; Portanto nos modelos de crime, a analogia não pode ser utilizada (forma restritiva), pois ela é prejudicial a parte (só pode ter crime atravésda lei anterior que o defina). Só podemos utilizar da analogia se for para favorecer o réu. A analogia no direito penal, portanto é possível desde que não se refira aos tipos penais incriminadores. Não há na legislação a previsão de autorizar o aborto de feto anencefálico, no entanto o crime de aborto tutela a vida, se não temos a possibilidade de vida, que bem jurídico estamos tutelando? o Interpretação Analógica Extensiva Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 12 Art 171. CP Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: [...] o legislador não esgotaria todas as formas que configuraria fraude, então ele cita exemplos e depois generaliza Temos que utilizar a interpretação extensiva, pra entender se a maneira empregada pelo agente foi fraudulenta. Art 121. § 2º III CP qual é a situação que o legislador entende que seja qualificado o homicídio e assim agravar a pena dentre elas existem alguns exemplos seguido da colocação: [...] ou outro meio insidioso ou cruel [...] quais são as hipóteses que configura meio cruel? O legislador também não conseguiria esgotar as hipóteses. o Interpretação Extensiva se da quando o legislador da uma serie exemplificativa, seguida de uma cláusula genérica. 07/03/2013 A lei tem que ser: escrita (no texto legal), estrita (não podemos fazer uso da analogia pra preencher lacunas), prévia (anterior ao fato) e certa (texto elaborado de tal forma que qualquer pessoa entenda o texto de lei) LEI PENAL NO TEMPO Princípio da Atividade o A Lei vige em regra de forma indeterminada, até que outra Lei a revogue. o Conflito Intertemporal Surge a extratividade da lei Princípio da Extratividade o Retroativa somente para beneficiar o agente; o Ultrativa quando ela vai além da sua atividade (ex. quando a lei posterior for mais severa, a anterior continua sendo utilizada além do seu tempo de vigência, para as condutas realizadas antes da entrada da vigência da lei mais rigorosa); Conflito Intertemporal o “abolitio criminis” (art. 2. CP) abolir o crime se a lei posterior disser que a conduta não é mais considerada crime, cessa em virtude dessa, todos os efeitos penais da lei condenatória anterior. O inquérito é arquivado, o processo é extinto, a pena cessa. (art. 107. III CP) Ex. Durante o vigor da Lei A, o individuo cometeu o crime, durante o processo entra em vigor uma Lei B que extingue o crime, portanto extinguisse o processo e não há culpabilidade. Os efeitos extrapenais, estes sub-existem (art. 91. 92. CP) o que cessa com o “abolitio criminis” é o direito de punir do Estado, no entanto os efeitos civis prevalecem, caso já tenham sido julgados. o “novatio legis in mellius” uma nova lei que melhora segue o mesmo do “abolitio criminis” beneficiando o réu na forma da nova Lei, mesmo Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 13 que a conduta tenha sido realizada durante a vigência da Lei mais severa. Retroatividade Ex. Portar drogas para o consumo. o “novatio legis in pejus” uma nova lei que piora não retroage, servirá apenas para as condutas realizadas de seu vigência para frente. A irretroabilidade a lei que piora a situação do réu esta descrita no Art. 2. CP, e no 5º XL CF. o Combinação de lei pegar partes mais benéficas de mais de uma lei que apresentam conflito intertemporal. A corrente majoritária, acredita em não ser possível visto que este ato estaria gerando uma nova lei, portanto deve-se escolher a melhor lei para julgar o conflito beneficiando o réu mas não mitiga-las. A Lei penal em regra é para viger em prazo indeterminado, até que outra lei a revogue, de forma expressa ou tácita. Quando uma nova Lei é mais severa, que a anterior, ela não retroage e a Lei anterior tem ultraatividade para os casos ocorridos até a entrada da vigência da nova lei. Leis Temporárias (art. 3. CP) o O período de sua duração (vigência) vem expressamente descrita na lei. Ex. Lei Seca, no período eleitoral / Há um período do ano em que não se pode pescar piracema. Leis Temporárias ou Excepcionais (art. 3. CP) o A insegurança da circunstância determina a duração da nova regra. Ex. Seca intensa, guerra, calamidade pública, epidemias, etc. o Características Auto-revogável A temporária estabelecida na lei e a excepcional depende do estabelecimento dos nossos legisladores quando cessado o problema que a originou. Ultrativas Tanto a Lei Temporária como a Excepcional tem ultratividade, ou seja, mesmo que o período de sua vigência cesse, os que as infringiram durante o período de suas vigências sofrerão as consequências descritas nas mesmas. Se após a vigência da lei temporária ou excepcional houver uma lei que abrande a pena, há mesmo assim uma garantia constitucional para a aplicação da lei mais benéfica ao agente, pois não há nenhuma contradição na legislação que diz que não se deve aplicar a lei mais branda nos casos de leis temporárias ou excepcionais. No entanto se durante uma regra excepcional, por exemplo, que hoje diz que pode-se vender o litro do combustível a R$ 1,00 real, se alguém tiver vendendo a R$ 1,20, esta cometendo crime, mesmo que amanhã surja uma nova regra que diga que pode-se vender a R$ 1,50, ou seja, mesmo assim o agente respondera por crime contra a economia pública. 13/03/2013 Art. 1. CP Não há crime, sem lei anterior que o defina. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 14 Características da Lei Tem que ser escrita, prévia (principio da anterioridade), estrita (não é possível emprego de analogia pra criar tipos penais novos) e certa (taxatividade da Lei). Fonte Material de produção, onde é gerado a Lei penal Processo Legislativo Fonte Formal Direta ou Imediata a própria Lei. Fonte Formal Indireta ou Mediata costumes (serve pra interpretar a lei, mudar a lei, mas nunca pra revogar a lei), princípios gerais do direito (analogia, equidade) Hermenêutica Jurídica Preocupados com os significados da Lei, o próprio legislador a interpreta, os estudiosos do direito (doutrina) e os juízes (responsáveis por interpretar os conflitos jurídicos Súmulas, servem de orientações) Estes que interpretam a Lei se valem das regras gramaticais (interpretação literal), da lógica (reconstruir a vontade do Legislador) e da Teológica (Finalidade da Lei). Meramente Declaratório quando o resultado da interpretação é precisa; Extensivo ou Restritivo quando o resultado da interpretação permite uma elasticidade. Por ex. o que se interpreta como sendo uma arma? Preceito Primário Descrição da conduta na Lei Penal Preceito Secundário Estabelecimento da sanção na Lei Penal LEIS PENAIS EM BRANCO o Preceito Primário – (descrição da conduta) – Toda vez que tivermos que nos reportar a uma outra regra fora do direito penal – portaria, decreto, na própria lei, etc. O preceito primário do tipo penal precisa ser completado. Por isso ele é dito Incompleto. Ex. art. 28 Lei 11343/06 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar [...] Para se interpretar quais são as drogas sem autorização, é necessário se reportar a uma portaria do ministério da saúde. o Se o complemento for encontrado na própria Lei temos: Lei Penal em Branco em sentido Amplo. o Se o complemento for encontrado fora da Lei (portarias, decretos, etc) temos a Lei Penal em Branco em Sentido Estrito. LEIS PENAIS INCOMPLETAS o Secundariamente remetidas quando o preceito secundário é que precisa ser completado. Ex. art. 304 CP Pena – a cominadaà falsificação ou á alteração Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 15 14/03/2013 Quem depois de definitivamente condenado, comete nova infração é reincidente. No Caso de haver uma abolitio criminis, o juiz não pode utilizar aquele crime anterior, para agravar a pena baseado na reincidência. TEORIA DA LEI PENAL Tempo do Crime (art 4. CP) o Conduta (ação / omissão) fato que é imputado a alguém que é ofensivo ao direito (toda conduta descrita na lei que provoca lesão ou perigo interessa ao direito penal), para definir o tempo do crime, sempre levaremos em conta o momento do crime seja ele de ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado; Ex. A com 17 anos agrediu B. B veio a óbito e A já possuía 18 anos, ele não será responsabilizado pelo CP, e sim pelo ECA, sofrendo medida de segurança por ter cometido um ato infracional, ao passo que no momento da conduta ele ainda era menor, portanto inimputável. Nos crimes permanentes, que são aqueles que a conduta se prolonga no tempo por vontade do agente, como por exemplo, o sequestro. Se o menor iniciar a conduta enquanto menor e continuar a conduta sendo maior, ele será responsabilizado segundo o CP. Outros exemplos de crimes permanentes são: Extorsão mediante sequestro, receptação, trafico de drogas, etc. Neste caso se uma nova lei entrar em vigor durante o mesmo, não há conflito intertemporal de leis. Então se o crime for instantâneo e o agente for menor, ele estará sujeito ao ECA, o mesmo ocorre nos crimes instantâneos de efeito permanente (as consequências do crime que se prolongam independente da vontade do agente). Agora quanto aos crimes permanentes, se o agente for pego, e já ter maioridade, mesmo tento iniciado o crime na menoridade, ele será responsabilizado pelo CP. o Resultado (lesão / exposição a perigo do ato) Teoria da atividade o Consequência Morosidade Conflito intertemporal Crime Continuado (art. 71. CP) Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 16 20 e 21/03/2013 Sentença transitou em julgado, quem comete crime novamente é reincidente. Se nesse intermédio ocorre abolitiu criminis, a condenação anterior deixa de ser considerada. Art. 4. CP preocupa-se com fatos que são ofensivos ao direito. Se o fato produz ou poderia produzir algum tipo de lesão, ele passa a interessar ao Direito Penal Teoria da Atividade Ação ou Omissão. CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS: Formal Prevê o resultado; Material Quando há o resultado ou elemento consumativo. Ameaça: Só é considerada quando for uma promessa, séria e fundada. Homicídio se consume quando se mata alguém descrição da conduta (Neste caso não há crime de ameaça) Se A com 17 anos mata B, acidentalmente, recebera as sanções previstas no ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) não é considerado crime, mas sim ato infracional As medidas sócio educativas permitem a reclusão de no máximo 3 anos. Tendo como limite neste caso ficar recluso até completar 21 anos. CLASSIFICAÇÃO DO TEMPO DO CRIME Instantâneo Conduta e resultados imediatos; Instantâneo de Efeito Permanente Conduta imediata, mas com resultados permanentes. Ex. Lesão corporal que deixa o indivíduo paraplégico; Permanente A conduta se prolonga por vontade do agente. Ex. Sequestro. Princípio da Razoabilidade: O instituto do crime continuado é uma ficção jurídica que exigindo o cumprimento de requisitos objetivos (mesma espécie,condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes) equiparam a realização de vários crimes a um só. É manifestamente um benefício ao réu. É causa especial de aumento de pena (majorante), pois "aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços Ex. Um indivíduo que furta o cd player de vários veículos, em dias alternados, se for somar as penas para cada furto, provavelmente ele ficaria preso mais do que alguém que cometeu um homicídio. Art. 71. CP, que ainda no seu parágrafo único, define que a pena deve ser triplicada nos casos de crimes dolosos contra pessoas diferentes e que haja violência ou grave ameaça à pessoa. Nos casos destes crimes continuados, caso uma nova lei passe a vigorar entre os diversos crimes, mesmo ela sendo mais severa, o infrator responderá sobre suas condições, visto que o crime continuado é visto como um só crime. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 17 LEI PENAL NO ESPAÇO Territorialidade Temperada / Mitigada / Relativa o Conceito jurídico de território Solo / Subsolo Espaço Aéreo Mar Territorial / Plataforma Continental Rios Divisores são plurilocais considera-se uma linha equidistante entre as margens como ponto de divisão. o Território por extensão Embarcações Aeronaves 27/03/2013 Extraterritoriedade Lei Penal foi feita pra ser aplicada aos crimes cometidos no território nacional. Mas o principio da territoriedade não é absoluto, excepcionalmente alguns crimes cometidos fora do território brasileiro, serão julgados sobre a lei brasileira, e alguns crimes cometidos aqui não serão julgados pela lei brasileira. Território real: Solo, Subsolo, Espaço Aéreo, Mar Territorial, Plataforma Continental, Rios Divisores (plurilocais utilizado apenas para fixar competência para processar e julgar no caso de um processo penal) etc. Território fictício ou por extensão: Embarcações e Aeronaves. Se for pública, responderá pela legislação brasileira, em qualquer lugar que estejam, seja em território internacional ou estrangeiro. Caso seja Privada ou Mercante é extensão de território brasileiro desde que elas se encontrem em território corresponde aos espaços internacionais. Se elas estiverem em território estrangeiro, responderão sobre a legislação dos países onde estiverem. Extraterritoriedade Incondicionada: Um funcionário da união, prestando serviço na França, e lá ele cometeu crime contra a administração pública, mesmo ele sendo lá julgado e absolvido, será submetido no Brasil a novo julgamento e se considerado culpado, arcar com as sanções previstas. Art. 7. I C § 1º Se ele for condenado no exterior ele poderá ser condenado aqui também, tornando-se uma exceção ao no bis in idem, que no Brasil é proibido. No entanto a pena neste caso pode ser reduzida por ele já ter cumprido uma pena no exterior. A mesma coisa vale para punições com multa ou serviços sociais. Bis in idem condenação por um mesmo ato criminoso duas vezes. Extraterritoriedade Condicionada Art. 7. II § 2º: Brasileiro nato, não pode ser extraditado. Mas é possível a aplicação da lei brasileira, para alguém que comete, por Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 18 exemplo, um homicídio, através do princípio da nacionalidade (no caso brasileira) que autoriza a utilização da Lei Brasileira para um crime cometido no exterior. Porem existem condições, dispostas a seguir: A primeira exigência é que ele retorne ao território brasileiro, a segunda é que seja crime lá também, esse crime precisa permitir extradição, ele não pode ter sido absolvido ou cumprido pena lá, nem pode ter havido por qualquer uma das legislações a extinção da punibilidade. Eficácia de Sentença Estrangeira: A sentença condenatória estrangeira, pode ser homologada pelo STF e ter validade no Brasil. Art. 9. CP Crime a distancia: Conduta fora do território brasileiro e o resultado se deu aqui, ou vice versa, em ambos aplicamos a lei brasileira, pois adotamos a teoria da ubiquidade quanto ao local do crime, ou seja tanto o ato quanto o resultado são adotados na nossa legislação. Art. 6. CP Por exemplo, alguém que prepara uma bomba no exterior e manda para explodir no Brasil, é aplicado a legislação brasileira, pois apesarda conduta ser no exterior o resultado se faz aqui. Crime plurilocal: condutas e resultados que se dão em locais diferentes, por exemplo em diferentes cidades, pro código penal não interessa porque de qualquer forma será aplicado a legislação brasileira. LEI PENAL EM RELAÇÃO ÁS PESSOAS É possível aplicar a lei estrangeira, em um crime cometido dentro do território brasileiro, excepcionalmente, pois ressalva-se as regras de direitos internacionais. Cujo o Brasil faz parte. Intraterritorialidade o Imunidade Diplomática Chefe de Estado estrangeiro e toda sua comitiva, embaixadores e seus familiares, secretários da embaixada, ou representantes de organizações internacionais (ex. ONU, OEA, Cruz Vermelha), gozam de imunidade diplomática. Nestas circunstancias abrimos mão da aplicação da lei brasileira, e deixamos que o Estado de origem julgue o crime aqui cometido. O Estado creditante, pode abrir mão de sua prerrogativa. Ex. suponhamos que o crime de embriagues não seja tratado com tanto rigor, como é aqui no Brasil, e um indivíduo do determinado país gozando de imunidade diplomática comete este crime aqui, o país creditante pode abrir mão da prerrogativa de julga-lo e deixa- lo ser julgado aqui, ou simplesmente não julga-lo por embriagues visto não ser crime no país de origem dele. Imunidade Parlamentar (para que o indivíduo possa exercer sua função completamente, e falar sem censura, visto que representam o “povo”). o Imunidade Material Total – Possuem imunidade Material os parlamentares, sejam eles Deputados Federais, Senadores, Deputados Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 19 Estaduais e Vereadores (este último tem imunidade nos limites do município). Senador / Dep. Federais art. 53. CF Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Dep. Estaduais art. 27 § 1º CF Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-se lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. Vereadores art. 29 VIII CF inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Nestas situações de imunidade parlamentar, por conta da liberdade que deve ter o parlamentar, a conduta deixa de ter tipicidade, ou seja, torna-se uma conduta atípica que não interessa o DP. o Imunidade Processual – Dentro do DP, não interessa a imunidade processual. Os parlamentares gozam de algumas imunidades que relativas ou chamadas processuais. Por exemplo, o foro por prorrogativa de função. Cessando a atividade parlamentar, cessa o foro por prorrogativa de função e volta por de regra no lugar onde foi consumado a infração. Só podem ser presos em flagrante por crimes inafiançáveis. Também tem direito, de omitir a fonte de informação, assegurando o sigilo da fonte, se ele, por acaso, for chamado a depor. Todas estas prerrogativas são processuais. Deputados Estaduais são julgados na mais alta corte do Estado Tribunal de Justiça. O Deputado do Estado de SP, que comete crime no Estado de MT, portanto será julgado pelo TJ de São Paulo. Outra forma de fixar competência Quem julga os crimes contra a vida? O Juri; Os crimes militares são julgados em tribunais próprios; quem é que julga crimes eleitorais? O tribunal eleitoral são outras formas de fixar competência que não o local onde ocorreu a conduta. CONTAGEM DO PRAZO Art. 10. CP O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Prazo Penal o Incluo o dia do inicio e excluo o dia final. o Os prazos penais são contínuos e peremptórios (definitivos), não se interrompem nem são suspensos, a exceção do prazo prescricional. o Ex. o individuo que é preso por 1 ano em 27/03/2013 sai em 26/03/2014 no final do expediente (por segurança – despreza-se a fração do dia). E se for sábado, domingo ou feriado? Mesmo assim é colocado em liberdade naquele dia. Art. 11. CP Desprezam-se, nas penas privativas de Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 20 liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Processual Art. 798. § 1º 3º CPP Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento / O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. Misto (hibrido) – Depende do crime e do direito que esta sendo protegido, existe a possibilidade da ação ser pública condicionada. Ex. Art. 147. CP Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Parágrafo único: Somente se procede mediante representação. o Estado não processará o criminoso, se a vítima não apresentar queixa dentro do prazo legal. Art. 38. CPP Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único e 31. Art. 107 CP – Extingue-se a punibilidade: IV – pela prescrição, decadência ou perempção. o Toda vez que o prazo interferir no direito de punir do Estado, ou na livre disposição do processo, deve ser calculado de forma a favorecer o réu, aplicando-se a regra do Art. 10. CP, ou seja, incluo o dia de inicio e excluo o dia final. o Então no caso de ameaça hoje, e o prazo expire 6 meses depois, caindo em um sábado, domingo ou feriado, se ele for no primeiro dia útil subsequente, não adiantará pois o Estado já perdeu o direito de punir. Art. 12. CP As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. 03/04/2013 Ninguém pode ser punido duas vezes pelo menos fato (non bis in idem), e se o fato é único, não é possível que ele se adeque e seja punido por 2 ou mais tipos de crimes. Por isso a importância de se estudar os conflitos aparente de Leis Penais. Concurso material de crime: 2 ou mais condutas que ensejam a pratica de 2 ou mais crimes. O agente responde por todos os crimes separadamente, somando-se as penas. Ex. o indivíduo furtou um veículo e na fuga atropelou matando uma pessoa. Ele responderá pelo furto, e pelo atropelamento. Concurso formal de crime: 1 só conduta praticar 2 ou mais crimes. Ex. um atropelamento onde mata-se 2 ou mais pessoas Exaspera apenas 1 das penas se for idênticas, ou a mais grave se houver diversas. CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 21 No conflito aparente de ilícitos penais, temos um crime, e aparentemente DUAS ou mais leis aplicáveis. O pressuposto obvio é que existam DUAS leis vigentes. Fora disso, não há como se cogitar um conflito aparente de ilícitos penais. Para evitar bis in idem, devemos utilizar alguns requisitos para solucionar o conflito aparente. Requisitos o Temos apenas uma Unidade de conduta o Com uma Pluralidade “aparente” de leis o E com Vigência simultânea das leis Difere totalmente do conflito de Leis no tempo Difere do concurso de crimes – Art. 60/70/71 CP Princípios o Especialidade Ocorre quando uma lei especial “revoga” (afasta) a lei geral. Lei Especial além de conter a norma geral possui uma ou mais especialidades. Análise abstrata da lei Art. 121 CP Matar alguém é uma lei geral. Vaihaver morte em várias situações, como ex. estupro seguido de morte, lesão corporal seguida de morte, atropelamento seguido de morte, etc. Art. 123 CP Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após o legislador abranda o teor punitivo, quando a gestante esta sob esta condição psicológica. o Concordamos que no 123 temos a regra geral descrita no 121, só que a mesma agrega algumas circunstancias que tornam a conduta especial. Temos portanto uma conduta que aparentemente, se encaixa no 121 e 123, e para solucionar o problema devemos analisar o modelo de crime. E se conseguirmos todos os requisitos para caracterizar o infanticídio, assim iremos julgar, e utilizar o 123 pois ele se adequa melhor ao modelo de crime. o Quem traz mercadoria de introdução proibida no Brasil (Art. 334 CP), esta praticando contrabando, se essa mercadoria for droga, temos o tráfico, Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 22 definido em lei especial, se for medicamento, há outra lei especial, com punição mais severa que o tráfico. Então no caso esta última é que se aplica no caso da ingresso no país portando drogas ou medicamentos respectivamente, mesmo que não deixe de ser uma forma de contrabando. o Outros Ex. Art. 138 / 139 CP (Calúnia x Difamação). Na calúnia alguém imputa falsamente a alguém, fato definido como crime. Já o objeto de difamação, não é um fato definido como crime. Ou seja, aplicaremos o primeiro sempre que se enquadrar no objeto um fato definido como crime, e aos demais casos o imputado pelo 139, que é mais generalista. o Um sujeito que esta dirigindo um automotor e atropela alguém e mata. Usaremos o art. 121. CP ou o art. 302 CTB? Usa-se o art. 302 CTB, de forma culposa, porque é lei especial. Atropelamento com bicicleta (Morte da Vítima). Aplica-se o 121 do CP, porque não é crime de transito. Não se aplica o CTB. Foi crime no transito. E se foi no trânsito, quer dizer que não se encaixa no tipo da lei especial de transito. o Crime privilegiado afasta o simples. o Subsidiariedade (relação do principal ao subsidiado) Ocorre quando uma lei principal derroga a lei subsidiária. Mas, existe a subsidiariedade explicita ou tácita. Análise abstrata da lei Expressa: Ocorre quando a lei expressamente se diz subsidiária. Ex. Art 132 CP Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (Um terço) se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. o Se alguém cair e se machucar alguém ou ainda perder a vida, ele não responderá pelo 132, e sim pelo 129 ou 121, que é mais grave. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 23 Lesão Corporal seguida de morte. Art. 129 § 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. o A lesão corporal seguida de morte, é subsidiada expressa, pois se ele tivesse agido com animo de matar, o crime seria de homicídio. Ex. Art. 15 da Lei de Armas – “desde que essa conduta não tenha como finalidade a pratica de outro crime”. Só aplica o 15 se você disparar por disparar, sem colocar qualquer bem jurídico em risco. Se o tiro foi dado para matar, desconsidere o 15 e considere o crime de tentativa de homicídio no CP. O 15 é subsidiário. o Porte de Arma ainda que não mate alguém, subsidiariamente temos o porte de arma. o Toda vez que o crime de perigo, resultar em crime de dano, a pessoa responde por este último. O mesmo ocorre com o pensamento de alguém que transporta pessoas no local destinado a cargas (carroceria), se alguém cair e se lesionar ele responderá pelo crime de lesão corporal, se morrer pelo crime de homicídio. Tácita: Ocorre quando um crime menor aparece implicitamente na descrição típica de um crime maior. Ex. o furto está no roubo; o roubo está no latrocínio, assim o 1º crime é subsidiário do roubo e do latrocínio respectivamente. Logo: o roubo afasta o furto. E se for latrocínio, esqueça o roubo. O maior afasta o menor. Ex. Art. 146 CP constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: [...] / Art. 157. CP Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. o O constrangimento ilegal é subsidiado em relação ao roubo, pois se configurou o crime mais grave de roubo, nós não aplicamos os demais (os subsidiados). Essa subsidiariedade é implícita, não é expressa como os modelos anteriores. o Consunção ou Absorção Não há como matar alguém, sem atingir a integridade física, ou saúde da pessoa. Sendo assim para chegar no crime mais grave, precisa-se passar pelos crimes que chamados de passagem. Para solucionar isso utilizamos a consunção ou absorção. Ou seja, neste caso analisamos a conduta praticada pelo sujeito. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 24 Para que haja o estupro, é necessário que haja um ato libidinoso com violência ou grave ameaça, atentando contra a dignidade sexual. Mas a violência ou grave ameaça esta descrita no crime de constrangimento ilegal, mas só aplicaremos este, se não ocorrer o crime principal, que é o estupro. Aplica-se para que o crime final absorva o crime do meio. É mais um conflito de lei onde se exclui uma lei e aplica-se a outra. Para resolvermos estes conflitos é necessário: Análise dos fatos Crimes conexos são fases de preparação e/ou de execução do crime mais grave, e são absorvidos por ele. O crime consumado absorve a tentativa; O crime maior absorve o crime menor. A autoria ou co-autoria absorve a participação, pois a co- autoria é mais grave que a participação. Crimes progressivos: Aplica-se ainda este princípio nos casos de crime progressivo. O crime progressivo ocorre quando um sujeito, para alcançar um crime mais grave, necessariamente passa por um menos grave. Ex. Homicídio Ele sempre passa antes pela lesão corporal. O roubo passa pelo furto. O latrocínio passa pelo roubo. O delito pelo qual eu passo para chegar ao maior é o Crime de Passagem. o Crime progressivo: A intenção inicial do agente já é o crime mais grave. E para isso passa pela fases de preparação ou de execução do crime mais grave, e estes por ele fica absorvido. Ex. Não consigo praticar um homicídio sem praticar a lesão corporal, é um meio necessário. Não podemos praticar um estupro sem o constrangimento ilegal, é um meio necessário. o Diferente de: Progressão criminosa: ocorre quando o sujeito quer o delito menor e consuma. Depois, ele delibera o maior e tenta consumá-lo ou consuma. Ex.: sujeito quer lesar, vai lá e bate, e consuma. Depois, ele diz para a vitima que ela tem que morrer, deliberando um crime maior e o executa. Ou seja o sujeito inicia querendo um crime e acaba dando sequencia na execução e acaba praticando um crime mais grave. Na progressão criminosa, a intenção inicial é o crime menor, e o agente consome o menor, depois delibera o maior, sendo Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 25 assim há uma substituição do dolo. Se aplica também a consunção Se o crime fim é consumado, o crime meio fica absorvido. Crimes Complexos: ocorre crime complexo quando há fusão de 2 ou mais crimes. Ex. Roubo – lesão + subtração de um bem.Aplica-se o princípio da Consunção também. Os dois em separado são crimes autônomos. O STF entende, por exemplo, que o estupro é um crime complexo também, pois há o fato de constranger alguém + sexo (não consentido). “ante factun” Impunível é outra situação de incidência da consunção. Ocorre quando o fato precedente esta na linha de desdobramento da ofensa principal, tratando-se da mesma vítima. Ex. Toques corporais que precedem o estupro. Grave Ameaça + Estupro (ameaçar com a arma para que alguém tire a roupa para haver o estupro). o Se ocorrer coito anal durante um estupro, pela jurisprudência atual, há concurso material, porque não tem como um absorver o outro, porque o 1º não é um desdobramento natural do secundo. Então, há atentado violento ao pudor + o estupro. Na prática, há quem entenda que existe concurso formal, ou ainda, crime único (tudo realizado num ato só). Diferença entre: Crime Progressivo e “Ante Factum” Impunível = no Crime Progressivo, o fato precedente é crime obrigatório. Enquanto no “Factum” impunível, o fato precedente pode ocorrer, mas, não é obrigatório. Ex. Um sujeito pode estuprar alguém e não tirar a roupa da vítima (mandou ela levantar a saia, por exemplo), aqui não houve toque corporal precedente ao estupro. No “ante factum”, o dolo do agente se orienta para a ofensa maior, ou seja, eu quero o estupro, vou para o estupro e consumo o estupro. “pos factun” Impunível ocorre quando o mesmo agente, depois de ter afetado o bem jurídico, incrementa a lesão precedente. Ex. O Ato de vender um relógio furtado, não é considerado um ilícito penal, pois é um pós fato não punível. É a conduta que visa tornar proveitoso o crime. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 26 Outro exemplo é a corrupção ativa / passiva, prometer algo a alguém pra obter vantagem indevida, o crime se consuma no ato da promessa e da aceitação. Quando ele vai pagar o que prometeu não é punível, pois novamente temos a conduta que visa tornar proveitoso o crime. Outro exemplo é o sujeito que furta o objeto, e depois o destrói, é furto, dano ou ambos? Aplica-se ao crime a absorção, e o crime é apenas de furto. o Diferença entre Post factum e Exaurimento do Crime No exaurimento, o fato posterior está descrito no tipo penal. Ex. Extorsão – quando o sujeito obtém a vantagem, exauriu. Caso: Indivíduo que compra um talão de cheques, e vai até uma loja e falsificando a assinatura, obtém vantagem indevida. O Art. 297. CP institui que: Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa (se trata de um crime contra a fé publica) já o Art. 171. CP institui que: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Crime contra o patrimônio). Existem 4 posições doutrinarias: 1) Existe Concurso Material e soma-se ambas as penas; 2) Existe Concurso Formal e pega-se a pena do mais grave e exaspera; 3) O crime de Falsidade absorve o Estelionato, sendo um post factum não punível; 4) O Estelionato absorve o de Falsidade. De acordo com a Sumula 17 do STJ Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. o pensamento se baseia, que a vontade desde o inicio seria o crime de estelionato, e portanto o crime meio (falso) mesmo que mais grave, fica absorvido pelo estelionato. o Alternatividade Aplica-se esse principio para o crime múltiplo, variado ou plurinuclear. É o crime que possui vários verbos. O crime campeão, que tem 18 verbos, é o crime de drogas (Art. 33. CP). Por força deste principio, várias condutas (condutas alternativas), no mesmo contexto fático, significam um único crime. Tipos de conteúdo variado Ex. Receptação – Art. 180. CP Adquirir, receber, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: [...] 04/04/2013 10/04/2013 11/04/2013 TEORIA DO CRIME Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 27 Para haver crime a conduta precisa estar taxativamente descrita na lei. As condutas descritas na lei possuem a finalidade de proteger um direito fundamental. E toda vez que houver a conduta, e esta for lesiva ou colocar em perigo o direito, temos o crime. O sujeito então pratica uma conduta que vai se ajustar ao que esta descrito na lei. CRIME CONCEITO No aspecto Formal: Crime é a conduta descrita na lei (um tipo penal incriminador = modelo de crime), e que tem como consequência uma sanção. Ex. Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. Pena: reclusão No Aspecto Material: Crime é a conduta que lesa ou expõe ao perigo o direito protegido pela lei penal. Ex. vida, propriedade, segurança, igualdade, etc. Pois pode haver o crime no aspecto formal, mas não no aspecto material, como nos casos da insignificância Ex. Furto de uma borracha, furar uma orelha, etc. No Aspecto Jurídico (analítico): Devemos associar o conceito formal ao material. Ou seja ela deve estar descrita na lei, e apresentar lesividade a um direito, e em consequência disso pensamos na aplicação de uma pena. Juridicamente a doutrina diverge no conceito do que é Crime para uns o crime é um fato Típico e Ilícito, outros é Típico, Ilícito e Culpável, e por fim para outros é Típico, Ilícito, Culpável e Punível (esta ultima corrente quase não é mais usada, pois a punibilidade é consequência do crime e não parte do crime) o Pode-se matar alguém, e não ser crime, nos casos dos excludentes de ilicitudes. Não existe crime se esta conduta estiver autorizada pelo ordenamento jurídico. Art. 23. CP o A conduta pode ainda ser típica e ilícita, e o agente ficar isento de pena, descrito nos casos de excludentes de culpabilidade. Arts. 21, 22, 26, 27 e 28 § 1º CP. Para pensarmos em crime necessariamente temos que pensar na legalidade, ou seja na garantia constitucional, de que esta conduta esteja descrita na Lei anteriormente ao fato. Essa conduta possui uma sanção, cuja a finalidade é obrigar as pessoas a seguirem uma forma de convívio social, protegendo direitos fundamentais. Não há crime se a conduta não apresentar lesividade ou ofensividade a um direito fundamental. Se pensarmos formalmente ao conceito de crime, observamos o principio da legalidade, ou seja, não há crime sem lei. Pensando materialmente, devemos observar o principio da lesividade, sendo que não basta estar descrita na lei, mas é necessário que a conduta ofenda de forma lesiva um direito. Por isso temos o principio da bagatela. Crime ou delito (sinônimo de crime) é a conduta lesiva ao direito! A conduta que produz uma lesão mais intensa, a reprovação social é mais intensa e a pena será também mais intensa, ao passo que a contravenção vem de uma Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 28 conduta também lesiva ao direito só que em menor intensidade, a reprovação social também é com menor intensidade e portanto a pena segue o mesmo caminho sendo menos intensa. Ex. Formação de Quadrilha é crime, Perturbação ao sossego é contravenção. Portar arma de fogo é crime, portar uma faca (delito de menor potencial ofensivo) é contravenção. A distinção de crime para contravenção penal, não é qualitativa mas sim quantitativa. Contravenções possuem como pena, prisão simples e/ou multa. Penas Privativas de Liberdade Prisão simples e detenção só podem ser cumpridas em regime semi-aberto e aberto. Reclusão Pode ser cumprido em regime fechado, semi-aberto e aberto. ELEMENTOS DO CRIME Tipicidade Conduta descrita na lei, cuja a lesividadeé relevante a um direito protegido pelo direito penal. Ilicitude Contraria ao ordenamento jurídico, portanto ilícita. Culpabilidade E essa conduta deve ter reprovação social. o Punibilidade: não é elemento do próprio crime, e sim a consequência do crime. FATO TÍPICO Pra termos o fato típico necessitamos 4 elementos, sendo sempre necessário uma ação ou omissão que pode-se atribuir a alguém. Conduta: É a Ação ou Omissão, consciente e voluntária dirigida à lesão ou exposição a perigo de um direito protegido pela lei penal. o Crimes Omissivos, o Crimes Comissivos (Ação); o Crimes Comissivos por Omissão. Resultado: Lesar ou expor ao perigo o direito. Causalidade: Nexo causal, a conduta deve ser a responsável por aquela lesividade apresentada. Tipicidade: O fato de ser típico significa que aquela conduta se ajusta a um modelo de crime, descrito na lei. Para haver fato típico, necessariamente precisamos pensar no principio da legalidade. CONDUTA Conceito: É a Ação ou Omissão, consciente e voluntária dirigida à lesão ou exposição a perigo de um direito protegido pela lei penal. o Conduta Consciente / Voluntaria: Há necessidade de manifestação livre e consciente da vontade. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 29 A conduta para poder ser imputada alguém, haja consciência, se a conduta for inevitável ou imprevisível não podemos imputar ao agente o resultado da mesma, e neste caso afasta-se a conduta. Nas hipóteses de hipnose, violência física, sonambulismo, afasta-se a conduta. Ou seja, nestes casos não há como imputar uma conduta que gere um resultado a alguém. Da mesma forma, nos casos fortuitos ou de força maior, como fenômenos da natureza, também afasta a conduta do agente. o Ex. Forçar fisicamente alguém a assinar um documento falso, neste caso, o autor do falso é o coator. o Ex. dirigindo o carro de repente cai uma chuva torrencial, e o carro cujo condutor estava dando carona pra alguém, é levado pela água, e devido a isso, o carona acaba morrendo afogado não há como imputar a conduta, que levou a morte ao motorista, pois não houve a vontade e/ou consciência. Temos, portanto a força da natureza, afastando a conduta do agente (força maior). o Ex. Caso de mãe que não sabe se a criança tem alergia a algum medicamento, e o médico prescreve um medicamento de forma adequada, na dosagem adequada, e quando administrado a medicação, a criança vem a óbito, não podemos imputar este fato a alguém, devido à imprevisibilidade. o Ex. Caso de alguém pegar um carro em uma concessionaria pra fazer um test drive com um passageiro, e trafegando em velocidade compatível com a via, seguindo a legislação de transito, percebe-se então que o pneu do carro se soltar, e por conta disso ocorre um capotamento e vem a morrer o passageiro. Também não há como imputar a conduta ao motorista, pois é um caso de imprevisibilidade. A responsabilidade penal não se aplicaria também à concessionária, no entanto a responsabilidade civil sim. o Ex. Se o dono de um animal deixa de tomar a devida cautela, e este foge do quintal e ataca alguém, há como responsabilizar o dono do animal por lesão corporal culposa, devido a sua imprudência. o Ex. O cara que dirige a noite sem a parte elétrica funcionando age sem o devido cuidado Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 30 (culposamente), beira o dolo eventual, pois ele quase assume o risco de que ocorra um acidente e venha a provocar um ato lesivo a alguém. Não há conduta que interessa ao direito penal, que não seja praticada dolosamente ou excepcionalmente culposamente. Ato Infracional: é a conduta descrita no tipo penal, mas sem culpabilidade. Há aplicação de medida sócio educativa. Formas o Ação o Omissão TEORIAS DA CONDUTA Causalista ou Naturalista: Se pensava na conduta apenas no seu aspecto objetivo. Ou seja, aquela ação ou omissão que produziu um resultado. Não existia qualquer valoração da conduta. A conduta produzindo um resultado lesivo a um direito, já se considerava uma conduta, sem nenhuma avaliação subjetiva. Essa teoria se valia das ciências naturais e não das ciências jurídicas. Neo Kantista: Valoração da conduta. Não tinha apenas uma observação de causa e efeito. Analisar a relevância da conduta. Finalista: Esta conduta é evidente, precisa produzir um resultado. Mas o que motiva um sujeito quando pratica uma conduta deve ser analisada. Quem pratica a conduta dirige a sua conduta a um determinado resultado. Ai já há o elemento subjetivo, do dolo ou culpa. o O Dolo e a Culpa são elementos subjetivos do tipo. o Sem agir dolosa ou culposamente, não há se quer a conduta. Funcionalista: Independente da finalidade, além da conduta ter que ser dolosa ou culposa, nesta visão funcionalista, só há conduta punível quando gerar uma situação de risco não permitida pela norma. Um sujeito pode matar alguém, e não cometer necessariamente um homicídio (para haver crime, há necessidade de termos um Fato Típico + Conduta Ilícita + Culpabilidade), por isso um menor que mata alguém, apesar de termos um fato típico e uma conduta ilícita, não é considerado crime, pois não há culpabilidade nos atos praticados por menores. O Direito Penal serve para proteger direitos fundamentais e para isso impomos uma sanção ou a imposição da sanção é a forma de assegurar a vigência da lei? LOCALIZAÇÃO DO ELEMENTO PSICOLÓGICO Hoje o dolo e a culpa, são tipos psicológicos dentro da conduta. Art. 18 CP Dolo: o sujeito prevê que sua conduta vai determinar um resultado. Ele quer o resultado ou assume o risco de causa-lo. O Dolo é a regra, a culpa é a exceção. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 31 Culpa: Quando o agente falta com o dever de cuidado. Se manifesta através da imperícia, imprudência ou negligencia. o Ex. um rapaz que trafega que com seu veiculo em perfeito estado e na velocidade compatível com a via, atropela um individuo que se atira na frente do veículo. O condutor não agiu com dolo e também não tem culpa, portanto não há se quer conduta que interesse ao direito penal. Se o resultado proveniente da conduta for imprevisível ou inevitável, não há conduta e se quer interessa para o direito penal. Para interessar o Direito Penal tem que haver: Tipicidade, Ilicitude e Culpabilidade SUJEITO DO CRIME Ativo: São pessoas físicas com consciência e vontade que agem com dolo ou culpa. É o que pratica a conduta ou que deixa de praticar quando deveria. o Pessoas jurídicas: Apesar de uma Pessoa Jurídica não ter como prever os resultados, é possível criminalmente impormos conduta a Pessoas Jurídicas, em algumas situações previstas na Constituição Federal, sendo elas no caso de crimes ambientais, crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Art. 225 §3º e 173 § 5ºCF. Penas de Multa e Restritivas de Direito, como a Suspensão da atividade, podem ser aplicadas a pessoas jurídicas. Mas isso não significa dizer que a Pessoa Jurídica pratica conduta criminosa, visto que a mesma, não possui consciência, vontade ou capacidade de previsibilidade, mas sim seus gestores. Passivo: Formalmente sempre é o Estado, pois toda conduta criminosa é contraria a estrutura social da sociedade. Por isso os crimes em sua maioria são de ação pública incondicionada. Toda conduta atenta contra a estrutura do Estado. o Em um segundo momento temos o sujeito passivo eventual, que é o indivíduo cujo direito foi lesado pela conduta. 02/05/2013 TEORIA DO CRIME Fato Típico o Conduta Dolosa ou Culposa o Resultado Todo crime produz um resultado, que é a lesão ou exposição ao perigo de um direito protegido pelo direito penal. o Causalidade Nexo objetivo (suprimiu a conduta, impediu o resultado hánexo objetivo) a partir disso há que se ver o nexo psicológico (Subjetivo temos o Dolo e o Normativo a Culpa). o Tipicidade Resultado (lesão ou perigo) Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 32 o Naturalístico Crimes em que há um resultado que se constata fisicamente. Ex. O crime de dano produz um resultado que é constado fisicamente, portanto é naturalístico. Não é necessariamente uma lesão física a pessoa, mas lesão física ao direito. o Normativo Crimes em que não há um resultado que se constata fisicamente. Ex. Porte ilegal de arma, dirigir embriagado, violação de domicilio, ato obsceno. Todo crime, portanto é normativo, mas nem todo é naturalístico. Crimes Materiais: São aqueles em que o legislador descreve a conduta, prevê o resultado e exige este para a consumação. o Ex. O crime de homicídio se consuma com a morte; o crime de lesão corporal se consuma com a lesão corporal, etc. Crimes Formais: São aqueles em que o legislador descreve a conduta, prevê o resultado, mas não o exige para a consumação. São denominados crimes de resultado cortado ou de consumação antecipada. o Ex. Art. 317 CP – Crime de corrupção passiva. Não há necessidade de que o individuo receba o prometido ou o solicitado, para que o crime esteja consumado. o Descreve a conduta, e prevê o resultado, mas não importa que o resultado ocorra. Crime de Ameaça e Concussão também são crimes formais. Crimes de Mera Conduta: Nestes crimes o legislador descreve a conduta e não prevê nenhum resultado naturalístico. O crime se consuma com a simples conduta. Ex. Porte de arma, ato obsceno, etc. Causalidade (Há necessidade de se demonstrar que a conduta é que deu causa ao resultado) o Causa = Conduta (ação ou omissão) o Causa Resultado – O legislador adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (“conditivo sine qua non”). O Resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe deu causa (Art. 13 CP). Processo de eliminação hipotética de Thyren mentalmente suprime a conduta e observa se o resultado se reproduz. Se retirando a conduta o resultado ainda ocorrer, ela não é causa do resultado, do contrário se retirando a conduta o resultado não ocorre, então ela é causa do resultado e, portanto considerado Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 33 conduta para o resultado. Não havendo nexo de causalidade não há possibilidade de se haver responsabilidade. Ex. sujeito agrediu outro fisicamente, acabando por ocorrer á morte do mesmo. Mentalmente excluímos a agressão, o resultado então não ocorreria, portanto sabemos que foi a conduta que deu causa ao resultado. Limite ao regresso “ad infinitum” - Análise do elemento psicológico Há de se observar se há dolo ou culpa. A maioria dos tipos penais só pune as condutas dolosas, e em alguns casos pune nos casos culposos. Culpa é a falta do dever objetivo de cuidado Imprudência, Negligencia ou Imperícia. Ex. O sujeito pede uma faca emprestada, e com ela comete um homicídio. Não é razoável imputar a responsabilidade à pessoa que emprestou a faca, mesmo não conseguindo pelo processo de eliminação hipotética de Thyren eliminar o resultado, pois se pensarmos por este último se o empréstimo da faca não tivesse ocorrido o homicídio não teria como ter sido cometido daquela forma com aquela faca, portanto a conduta de emprestar a faca deu causa ao resultado, no entanto pensando na análise do elemento psicológico, já se exclui a conduta, pois não há dolo ou culpa de quem emprestou a faca. Não sendo assim, teríamos que responsabilizar o comerciante da faca, o fabricante da mesma e assim por diante. o Resultado = Lesão / Perigo ao Ato Art. 13. CP O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Limite ao regresso “ad infinitum” - Análise do elemento psicológico. Teoria da imputação objetiva do resultado. Entre o nexo objetivo e subjetivo se propõe uma analise de um nexo normativo. Conhecido como teoria do risco, onde só haveria o nexo normativo se aquela conduta gerasse ou aumentasse um risco não permitido pela norma. 08/05/2013 Formalmente crime é a conduta descrita na lei, que tem como consequência uma sanção. Aquela conduta descrita na Lei interessa ao Direito Penal, porque lesa ou expõe a perigo um direito fundamental. No aspecto jurídico, crime é um fato típico, ilícito e culpável. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 34 RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Todos os fatos são considerados causas. Tudo quando concorre para o resultado é causa. Teoria da equivalência dos Antecedentes ou da “Conditio sine qua non” (condição sem o qual o resultado não teria ocorrido). Ex. (A) tenha desferido tiros de revolve em (B), provocando a morte deste. Pode apresentar vários fatos antecedentes: a) o revolver foi fabricado; b) o revolver foi vendido ao comerciante; c) o agente adquiriu o revolver do comerciante; d) emboscada. De acordo com a teoria, o revolver ter sido fabricado é uma causa. O autor ou agente é aquele que desferiu os tiros. O nosso código, adotou a teoria da equivalência dos antecedentes. Art. 13 CP O resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu a causa. Considera-se causa (ação ou omissão) sem a qual o resultado não teria ocorrido. Analise Objetiva: Relação entre causa e resultado, não levando em conta o elemento subjetivo. o Ex. Emprestar moto para alguém sem saber que o mesmo ira utiliza-la para um roubo, há relação objetiva, pois sem a moto não haveria aquele crime praticado com aquela moto. Por isso há necessidade de se avaliar o elemento subjetivo. Analise Psicológica: Analise do dolo ou culpa nexo de natureza psicológica ou subjetiva. A análise deste elemento constitui em limite ao regresso causal “ad infinitum”, descrito anteriormente. Causa: Ação ou omissão que produz um resultado. Ela pode ser preexistente, concomitante ou superveniente relativa ou absolutamente independente do comportamento do agente. o Causas Absolutamente Independentes em relação à Conduta do Agente Não guarda dependência nenhuma com o resultado que estou aferindo. Preexistente: (A) desfecha um tiro de revolver em (B), que vem a falecer pouco depois, não em consequência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno. Esta, portanto é uma causa absolutamente independente preexistente. Resolvido pelo caput do Art. 13. do CP; Concomitante: (A) fere (B), no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por força de um colapso cardíaco. Resolvido pelo caput do Art. 13. do CP; Superveniente: (A) ministra na alimentação de (B) veneno que, quando esta comendo o mesma vem a falecer em consequência de um desabamento. Resolvido pelo caput do Art. 13. do CP; (A), portanto, cujas ações não deram causa ao resultado, responde tão somente pelos atos realizados, mas não pelo resultado morte, sendo que não há nexo de casualidade. Direito Penal I Kleber Luciano Ancioto Página 35 No entanto os que deram causa ao resultado, responderão pelo mesmo em qualquer um dos casos citados acima. Concausa: Uma causa que associada á outra produz o resultado. Não necessariamente, ambas as causas são originadas em ações humanas, pode ser, por exemplo, uma complicação no estado clinico. o Causas Relativamente Independentes em Relação á Conduta do Agente guarda dependência com o resultado aferido. Preexistente: (A) golpeia (B), hemofílico, que vem a falecer em consequência dos ferimentos a par da contribuição de sua particular condição fisiológica. O agente responde pelo resultado, pois se considera causa a ação. Art. 13. CP.
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