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Toxicologia

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Aula 02 – Toxicologia 
 
Desafio 
J.F., 45 anos, sexo masculino, tabagista, foi diagnosticado com cardiopatia isquêmica e, em 
função disso, iniciou tratamento com o fármaco propranolol. O propranolol é um fármaco 
antagonista adrenérgico. Ele tem sua ação baseada no bloqueio não seletivo de adrenoceptores 
do tipo beta. 
Dessa forma, atua sobre os receptores beta-1 cardíacos, ocasionando a redução da força de 
contração e da frequência cardíaca. O propranolol foi prescrito ao paciente para reduzir a 
frequência dos episódios de angina e melhorar sua tolerância a exercícios. Porém, após duas 
semanas do tratamento, o paciente retornou à consulta médica, relatando episódios de frieza 
nas mãos e dificuldade respiratória ao realizar caminhadas leves. Ele contou ainda que, 
mediante outras pequenas atividades físicas, como subir escadas, também sentia-se ofegante. 
 
O quadro desse paciente foi levado ao restante da equipe de saúde da qual você faz parte e 
alguns questionamentos sobre o mesmo foram levantados. Tente ajudar a sua equipe, 
respondendo às seguintes perguntas: 
 
A. Os efeitos descritos pelo paciente podem se tratar de reações adversas a medicamentos? De 
que tipo? 
 
Sim, as reações descritas pelo paciente são reações adversas do propranolol que ocorrem devido ao seu 
próprio mecanismo de ação. Dessa forma, são consideradas efeitos colaterais do fármaco. Como 
descrito, o propranolol ocasiona o bloqueio não seletivo de receptores beta adrenérgicos. Dessa forma, 
ao bloquear os receptores beta-1 cardíacos, o propranolol reduz a força de contração e a frequência 
cardíacas, exercendo seus efeitos benéficos ao paciente. Porém, a sua ação sobre os receptores beta-2 
leva a efeitos indesejáveis. Ao bloquear os receptores beta-2, localizados nos vasos sanguíneos de 
músculos esqueléticos, o propranolol ocasiona vasoconstrição periférica e, assim, redução do fluxo 
sanguíneo para a periferia. Esse efeito pode ocasionar a sensação de frieza dos membros periféricos. O 
bloqueio dos receptores beta-2 localizados no trato respiratório ocasiona broncoconstrição. 
 
B. Há algum agravante em relação a esse paciente que pode colaborar com os sintomas 
relatados? 
Sim, o fato de o paciente ser tabagista. Em função disso, esse paciente já pode ter algum 
comprometimento das vias aéreas, sendo mais suscetível aos efeitos adversos do propranolol. 
Assim, episódios de dispneia e dificuldade respiratória podem ser observados com maior 
frequência nesse tipo de paciente. 
 
C. Os efeitos descritos mediante o uso do propranolol podem ser evitados? Explique. 
O ajuste de doses, muitas vezes, pode reduzir os efeitos colaterais dos fármacos. É importante 
que o paciente seja acompanhado e que, principalmente, os efeitos sobre o trato respiratório 
sejam monitorados. Além disso, você pode sugerir que um fármaco betabloqueador seletivo 
possa ser utilizado. O atenolol, por exemplo, é seletivo aos adrenoceptores beta-1, exibindo 
poucos efeitos sobre a musculatura lisa brônquica. 
 
Exercícios 
1. A intoxicação se refere à manifestação dos efeitos tóxicos decorrentes da interação de uma 
determinada substância química com um organismo vivo. A fase da intoxicação em que ocorre 
o contato do toxicante com a superfície interna ou externa do organismo é chamada de: 
C. Fase de exposição. 
A intoxicação compreende quatro fases: fase de exposição, fase toxicocinética, fase 
toxicodinâmica e fase clínica. A fase em que o agente tóxico entra em contato com as 
superfícies (internas ou externas) do organismo vivo é denominada fase de exposição. 
Enquanto isso, a fase toxicocinética compreende os processos de absorção, distribuição ou 
eliminação do agente tóxico. A fase farmacodinâmica relaciona-se à interação do agente com 
sítios ativos e modificações fisiológicas do organismo. A última fase da intoxicação é a fase 
clínica; nessa fase, os efeitos nocivos do agente são manifestados na forma de diferentes sinais 
e sintomas. 
 
2. Em determinadas situações, os fármacos também podem atuar como agentes tóxicos, 
causando efeitos indesejáveis. Sobre os efeitos indesejáveis causados por fármacos, é correto 
afirmar que: 
C. As reações adversas a medicamentos são caracterizadas como qualquer efeito indesejável, 
não intencional a um medicamento, que ocorre após a sua administração em doses 
normalmente utilizadas em seres humanos. 
As reações adversas aos medicamentos são reações indesejáveis, causadas pelo uso de um 
fármaco em doses normalmente utilizadas para a profilaxia, tratamento ou diagnóstico de uma 
determinada doença. Tais reações são avaliadas durante os seus ensaios pré-clínico e clínico e, 
também, após a sua liberação para comercialização. Isso ocorre porque efeitos indesejáveis não 
são detectados durante esses estudos. Ainda, as reações adversas podem ser previsíveis 
(descritas na bula do medicamento) ou imprevisíveis, como por exemplo, as alergias 
(decorrentes de uma resposta individual ao fármaco). As reações adversas a medicamentos 
estão incluídas no conceito de evento adverso. Esse conceito, por sua vez, refere-se a qualquer 
evento desfavorável que ocorra durante ou após o uso de um fármaco. Porém, o fármaco pode 
ou não ter relação com a causa do evento e, portanto, nem todo o evento adverso é uma reação 
adversa a medicamentos. Desvios na qualidade de fármacos são caracterizados como eventos 
adversos, mas não como reações adversas a medicamentos. 
 
3. Os efeitos adversos causados por um fármaco podem ocorrer devido a diferentes fatores e 
podem ser previsíveis ou imprevisíveis. Sobre os diferentes tipos de efeitos adversos, está 
correto o que se afirmar na alternativa: 
A. O efeito colateral é um efeito adverso que ocorre em função da ação farmacológica do 
medicamento, sendo, portanto, uma reação previsível. 
Os efeitos colaterais representam um tipo de reação adversa decorrente da própria ação 
farmacológica do medicamento e são, por isso, previsíveis. O ajuste da dose do fármaco pode 
auxiliar na minimização de tais efeitos. As interações medicamentosas também são reações 
previsíveis; elas podem ser do tipo farmacocinética ou farmacodinâmica quando ocorrem 
dentro do organismo. As reações farmacocinéticas se dão por alterações de processos como 
absorção, distribuição ou eliminação de um fármaco. Por outro lado, as alterações 
farmacodinâmicas são aquelas em que um fármaco altera o sítio de ação ou a própria ação 
terapêutica de outro. As reações idiossincráticas e as reações de hipersensibilidade, por sua vez, 
são decorrentes de respostas individuais de cada paciente e, assim, são imprevisíveis. As 
reações idiossincráticas não são mediadas pelo sistema imunológico, diferentemente das 
situações de hipersensibilidade. 
 
4. A superdosagem é uma das grandes causadoras de efeitos adversos e intoxicações por 
medicamentos. Sobre a superdosagem, qual das alternativas apresenta uma afirmação correta? 
D. O carvão ativado pode ser utilizado no tratamento do quadro de intoxicação por 
medicamentos onde a exposição se dá pela via oral. 
O uso de fármacos em doses acima das terapêuticas pode ocasionar intoxicação. Nesse caso, 
as concentrações sanguíneas do fármaco extrapolam a sua janela terapêutica, isto é, elas 
ultrapassam a dose máxima permitida, alcançando a dose tóxica. Esse tipo de intoxicação pode 
ocorrer com vários tipos de medicamentos, incluindo aqueles de venda livre, considerados mais 
seguros, tais como o ácido acetilsalicílico e o paracetamol. Quando os fármacos são 
administrados pela via oral, a lavagem gástrica e o uso de carvão ativado podem ser úteis para 
o tratamento da intoxicação, pois evitam a absorção do excesso de fármaco. Contudo, quando 
a exposição se dá por vias parenterais, eles não apresentam benefícios. Nesses casos, a 
hemodiálise pode ser empregada. Interações farmacocinéticas também podem ocasionar o 
aumento da concentração de fármacos na correntesanguínea. Quando o metabolismo de um 
fármaco é inibido, ele acaba permanecendo por um maior período de tempo no organismo. Se 
a sua posologia não for reajustada, os seus níveis também podem extrapolar a dose máxima 
permitida, chegando às doses tóxicas. 
 
5. A hipersensibilidade é uma reação ocasionada pela estimulação do sistema imunológico, a 
qual ocasiona a sensibilização de células e anticorpos contra determinados fármacos. De acordo 
com o tipo de resposta, as reações de hipersensibilidade são classificadas em quatro classes: I, 
II, III e IV. Sobre esse tipo de reação adversa a medicamentos, é correto afirmar que: 
C. As reações do tipo II, também chamadas de autoimunes, levam à morte de células 
vasculares, podendo causar anemia hemolítica e granulo citopenia, por exemplo. 
As reações de hipersensibilidade são desencadeadas por respostas individuais do paciente, 
assim como as reações idiossincráticas. Apesar de ambas serem imprevisíveis, elas diferem em 
relação ao seu mecanismo: as reações de hipersensibilidade são mediadas pelo sistema 
imunológico, diferentemente das reações idiossincráticas. As reações de hipersensibilidade do 
tipo I (anafiláticas) também são chamadas de resposta imediata. Elas são baseadas na ação de 
anticorpos IgE, que levam à desgranulação de mastócitos e basófilos, causando uma reação 
imune rápida, caracterizada por vasodilatação, urticária e broncoconstrição. De outro modo, as 
reações do tipo II levam à citólise. Elas são mediadas por anticorpos IgG, IgM e sistema 
complemento, que desencadeiam a morte de células vasculares. As reações do tipo IV são 
reações tardias, mediadas por linfócitos T, macrófagos e neutrófilos. Essas células 
desencadeiam resposta inflamatória no local em que há interação com o antígeno.

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