Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTRUTURAS DE CONCRETO Marcus Vinícius Paula de Lima e Paloma Morais de Souza , 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO .... 3 2 FUNDAMENTOS DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO ................................................................................................................. 27 3 PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO: VIGAS, PILARES, LAJES E ESCADA .................................................................................................... 54 4 PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO: FUNDAÇÕES, MURO DE ARRIMO E CORTINA ................................................................................. 83 5 ESTRUTURAS DE CONCRETO PROTENDIDO ......................................... 108 6 PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ...................................... 134 , 3 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Apresentação Neste bloco, será apresentada uma introdução ao estudo de estruturas de concreto armado, com enfoque nas principais características do concreto, do aço e das aplicações do concreto armado em obras de Engenharia Civil. O objetivo deste bloco é apresentar conceitos fundamentais para entender o comportamento das estruturas, etapa esta que é bastante importante antes de dar início ao cálculo prático de dimensionamento de estruturas de concreto. Para isso, primeiramente serão abordadas as informações sobre a composição e tipos de concreto, bem como suas principais aplicações na construção civil. Na sequência, será abordado sobre a estrutura interna e deformações que acontecem nesse material, bem como as propriedades mecânicas do concreto e do aço para armaduras. Também será apresentado o comportamento de estruturas de concreto em situações de inocência e, a seguir, feita uma introdução para o cálculo das seções de concreto armado. Por fim, serão apresentados os estádios de tensão de concreto e os domínios de deformação para o Estado Limite Último (ELU). 1.1 Composição do concreto O concreto é um material da construção civil composto por agregados, cimento Portland e água. Eventualmente, também pode conter outros materiais como adições minerais e aditivos químicos. De uma forma geral, as associações desses elementos podem ser denominadas como: ● Pasta = água + cimento; ● Argamassa = pasta + agregado miúdo; , 4 ● Concreto = argamassa + agregado graúdo. A pasta tem como objetivo principal aglutinar os materiais a fim de preencher os vazios, e conferir impermeabilidade, resistência mecânica e durabilidade ao concreto. Os agregados são considerados materiais inertes e conferem qualidade e resistência ao concreto, a menores custos, uma vez que o cimento é um material caro. Os agregados são divididos em miúdos, como a areia, e graúdos, como a brita. As adições minerais são utilizadas com o objetivo de reduzir o consumo do cimento e melhorar algumas propriedades no estado fresco (como a trabalhabilidade, a exsudação e a segregação) e no estado endurecido (como a resistência mecânica, a permeabilidade, a durabilidade e a resistência à fissuração térmica). As adições minerais comumente utilizadas são as cinzas volantes, a sílica ativa, a cinza da casca de arroz, metacaulim, fíler calcário e escória de alto forno. Os aditivos químicos são produtos adicionados a argamassas e concretos, atuando como redutor de água (em até 15%), para conferir maior trabalhabilidade com a mesma relação água/cimento (a/c) ou menor relação a/c para a mesma trabalhabilidade, e assim promover maior resistência ao concreto. Os principais tipos de aditivos químicos são os plastificantes, superplastificantes, incorporadores de ar, aceleradores de pega e retardadores de pega, que podem aumentar a resistência, acelerar ou retardar o tempo de pega e melhorar a trabalhabilidade do material no estado fresco devido ao aumento da fluidez. A Figura 1.1 mostra como pode-se dividir a composição do concreto em termos de porcentagem de cada elemento. De maneira geral, os agregados podem compor de 60% a 80% do concreto. Os aditivos químicos são utilizados em teores menores que 5%, em relação à massa de cimento, e as adições minerais, em teores acima de 5%. , 5 Fonte: Autoria própria. Figura 1.1 ̶ Composição do concreto. A resistência do concreto está relacionada principalmente ao consumo de cimento e fator água/cimento, podendo também considerar outros fatores como grau de adensamento das partículas e tipo de agregado. O concreto é material que possui boa resistência à compressão, entretanto, apresenta pouca resistência à tração (ficando em torno de 1/10 da compressão). O concreto sozinho não é interessante para o uso com função estrutural, sendo necessário associá-lo a outro tipo de material que possa trabalhar no esforço de tração, como exemplo, o aço que é o material mais utilizado nessa situação. 1.2 Tipos de concreto O concreto pode ser dividido basicamente em duas classes: estrutural e não estrutural/simples. O concreto estrutural precisa ter resistência maior para ser utilizado na estrutura de uma construção (como exemplo, em vigas, pilares e lajes), enquanto o concreto não estrutural/simples (ou também nomeado como concreto magro) é comumente utilizado em partes não estruturais do edifício, por possuir uma menor resistência (como exemplo, em pisos e proteção de superfícies). Vale definir primeiro que a estrutura de uma construção é a parte que resiste aos esforços e garante o equilíbrio da edificação. Os elementos estruturais são as peças, com uma ou duas dimensões que se destacam sobre as demais, que fazem parte da estrutura. Os principais elementos estruturais são: laje, viga, pilar, bloco e estaca. De , 6 uma maneira simples, a laje (elemento plano) recebe as cargas (sejam de revestimentos ou acidentais, como chuva e pessoas), e as vigas recebem os esforços da laje, transmitindo aos pilares. Estes últimos transmitem essas cargas para os blocos e estacas, que fazem parte da fundação da edificação. Vale ressaltar que em um projeto estrutural, deve-se considerar também as cargas de peso próprio de cada um desses elementos. Como mencionado anteriormente, o concreto estrutural é uma combinação do concreto simples com o aço para oferecer resistência necessária para suportar os esforços das cargas das estruturas. Nesse sentido, os principais tipos de concreto se diferenciam pela forma em que o aço é associado ao concreto simples. Pode-se citar como os principais tipos: ● Concreto armado: associação do concreto simples com barras de aço, denominadas como armaduras ou armaduras passivas. Ambos trabalham juntos através da força de aderência entre eles para resistir solidariamente aos esforços solicitantes; ● Concreto protendido: junção do concreto simples e armadura ativa, tipo de barra de aço que recebe uma força de tração antes de ser utilizada na estrutura. Essa ação de tracionar a armadura previamente é denominada de protensão e se torna interessante quando se deseja oferecer um acréscimo de resistência em relação ao concreto armado e diminuir a fissuração; ● Concreto com fibras: uso do concreto simples com fibras metálicas ou poliméricas, em que essas fibras podem oferecer controle à fissuração. Em alguns casos, pode ser utilizado junto com o concreto armado (a fim de diminuir a quantidade de armaduras passivas) ou em elementos que não exigem alta resistência (como exemplo, tubulação de concreto utilizada em rede de esgoto sanitário); ● Argamassa armada ou microconcreto: é a união da argamassa com armaduras de pequeno diâmetro (geralmente, são telas de aço soldadas). , 7 As Figura 1.2 e Figura 1.3 mostram imagens de armadura de concreto armado e armadura de concreto protendido, respectivamente. Observa-se na Figura 1.2 quea armadura de concreto armado (passiva) consiste em uma barra de aço com nervuras (ou saliências) que contribuem na aderência entre o aço e concreto. Na Figura 1.3, a armadura ativa (concreto protendido) consiste em cordoalhas engraxadas com sete fios de aço, que geralmente são envoltas por um tubo metálico e corrugado chamado de bainha. Fonte: Shutterstock, Aisyaqilumaranas. Figura 1.2 ̶ Armadura de concreto armado. Fonte: Shutterstock, designbydx. Figura 1.3 ̶ Armadura de concreto protendido. Vale ressaltar que a associação do concreto simples com o aço é possível, uma vez que os dois materiais podem trabalhar em conjunto devido à força de aderência entre eles, e por terem coeficiente de dilatação muito próximos (αcon = 1.10-5 °C-1 e αaço = 1,2.10-5 °C-1). O concreto também protege o aço contra corrosão e altas temperaturas, desde que seja obedecido o cobrimento mínimo. As principais vantagens do concreto armado são: ● Resistência aos agentes atmosféricos, fogo, desgaste mecânico, choques e vibrações; ● Facilidade de execução, em que o concreto fresco é adaptável a diversas formas e as técnicas de execução são amplamente conhecidas; , 8 ● Possui durabilidade e impermeabilidade quando bem executado. Apresenta grandes intervalos de manutenção ou conservação; ● Economia quando comparado a estruturas de aço, por exemplo. Em relação às principais desvantagens, pode-se citar: ● Construções com pesos elevados e com elementos de maiores dimensões; ● Dificuldade para a execução de obras de reforma e demolição; ● Quando não se usa sistema pré-moldado, requer fôrmas e escoramentos no local, o que pode elevar custo de mão de obra e material. 1.3 Aplicações do concreto O concreto, devido à sua facilidade de aplicação e por ser um material resistente, pode ser utilizado em diversas construções como fundações, edifícios, pontes, viadutos, reservatórios, barragens, pisos industriais, calçadas, pavimentos rodoviários e de aeroportos, paredes de contenção, obras portuárias, canais, tubulações de rede de esgoto sanitário e galerias pluviais, entre outras. O concreto magro é geralmente utilizado em fundações diretas como radier e sapatas, e em situações de preenchimento e impermeabilização, como em contrapisos, regularização de terreno, envoltório de tubulações etc. Já o concreto armado e o protendido são utilizados como funções estruturais. O concreto armado é indicado para diversos tipos de obras, sejam residenciais, comerciais ou industriais, como edifícios, pontes, viadutos, reservatórios, barragens, pavimentos rodoviários e de aeroportos, entre outros. O concreto protendido é uma estrutura de resistência maior, sendo bastante indicada em grandes pontes, lajes nervuradas, estacionamentos e situações que exigem espaço livre entre os pilares. A Figura 1.4 mostra diversas construções onde o concreto é utilizado. , 9 a) Fonte: Shutterstock, ESB Professional. b) Fonte: Shutterstock, Trong Nguyen c) Fonte: Shutterstock, ESB Professional. d) Fonte: Shutterstock, JN 999. e) Fonte: Shutterstock, kckate16. f) Fonte: Shutterstock, Ankit K Sinha. Figura 1.4 ̶ Aplicações do concreto na construção civil: a) ponte; b) fundação; c) estrutura de um prédio; d) pavimento de concreto; e) tubulação para uso em sistema de esgotamento sanitário; f) barragem. 1.4 Estrutura interna e deformações A estrutura interna do concreto no estado endurecido é caracterizada por uma rede de cristais de cimento que entrelaçam os agregados, formando uma matriz rígida e pouco porosa. A água de amassamento quando entra em contato com o cimento durante a preparação do concreto, desencadeia a reação de hidratação e os produtos formados , 10 nesse processo são os géis que se desenvolvem posteriormente para os cristais de etringita, C-S-H e Ca (OH)2. Durante a reação do cimento, o volume de água passa a ser ocupado por poros e capilares (correspondendo a um volume da ordem de 28% do volume total do gel). Esses vazios podem conter ar e vapor de água que não foram absorvidos durante a reação química. Dessa forma, o concreto no estado endurecido pode apresentar os três estados de agregação (sólido, líquido, gasoso). A Figura 1.5 mostra um esquema (a) da estrutura interna do concreto recebendo um carregamento de compressão e (b) as tensões atuantes na interface matriz-grão (zona de transição). No concreto quando submetido à tensão de compressão em uma direção, surgem tensões de tração na direção perpendicular a esse carregamento, que podem dar origem a fissuras nessa interface (b). Fonte: Alvim (1997). Figura 1.5 ̶ a) estrutura interna de um elemento de concreto comprimido; b) possíveis fissuras ao redor do agregado devido às tensões de compressão. A zona de transição representa a aderência entre a pasta e os agregados, e têm relação com a rugosidade superficial dos agregados. Também pode representar um ponto de fraqueza no desenvolvimento da resistência do concreto. A ligação mecânica dos produtos da hidratação do cimento (cristais) com o agregado irá influenciar a resistência mecânica, porosidade e durabilidade. , 11 As deformações que ocorrem no concreto dependem de sua estrutura interna, como a ligação entre os elementos que o compõem. O concreto é considerado um material elasto-plástico-viscoso, isto é: elástico por possuir um estágio em que possui a capacidade de ser carregado, deformar, e quando descarregado, voltar à sua forma inicial; atingir o regime plástico, iniciando as deformações, no entanto, não retorna à sua forma inicial; e viscoso, pois tem capacidade de se deformar em longo período sem alteração nos carregamentos (chamada também de deformação lenta ou fluência do concreto). Os diferentes tipos de deformações que podem ocorrer no concreto são retração, expansão, deformação imediata, fluência e deformação térmica. A retração é a diminuição do volume no concreto, em função da perda de água. Os principais tipos de retração no concreto são: ● Retração plástica: ocorre antes do início da pega devido ao assentamento dos materiais que compõem a mistura e evaporação da água pela superfície (exsudação em seu estado fresco), ocasionando microfissuras; ● Retração autógena ou química: decorrente da baixa relação água/cimento prejudicando a hidratação do cimento, ocasionando microfissuras internas; ● Retração hidráulica ou por secagem: movimentação da água na pasta de cimento endurecida (exsudação no estado endurecido), ocasionando aberturas de juntas, macro e microfissuras; ● Retração por carbonatação: decorrente da reação do CO2 com compostos hidratados do cimento ocasionando a diminuição do volume. Os fatores que geralmente influenciam a retração podem ser a finura e composição do cimento, consumo de cimento e água, características do agregado, condições de cura e dimensões do elemento de concreto. A expansão é o aumento do volume do concreto, devido à formação de um gel expansivo fruto de reações dos álcalis (do cimento) com os compostos dos agregados, provocando a quebra da estrutura. A deformação imediata ocorre na presença de , 12 carregamento externo, em que há uma acomodação dos cristais e assim redução do volume. A fluência, aumento da deformação ao longo do tempo sob uma carga constante, pode ser relacionada à temperatura elevada e baixa umidade relativa, baixa resistência da pasta e baixa concentração de agregados. A deformação térmica, por vezes conhecida como retração térmica, ocorre pelo calor liberado na reação de hidratação. Essa reação é exotérmica e o calor liberado expande o concreto em um primeiro momento. Ao se resfriar, ocorre uma redução de volume denominada retração térmica. 1.5 Propriedades mecânicas do concreto As propriedades mecânicas dizem respeito ao comportamento do materialfrente ao esforço que é aplicado na estrutura. O concreto endurecido deve apresentar características que atendam aos requisitos de projeto. As principais propriedades mecânicas do concreto são resistência à compressão e à tração, e o módulo de elasticidade. A resistência à compressão simples (fc), capacidade de resistir às tensões sem ruptura, é medida por meio de ensaios padronizados. A determinação dessa propriedade segue a norma NBR 5738 – Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto, em que geralmente são moldados corpos-de-prova no formato cilíndrico (15 cm x 30 cm), e que aos 28 dias de cura são submetidos a um carregamento rápido, seguindo a norma ABNT NBR 5739 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de- prova cilíndricos. A Figura 1.6 mostra a moldagem dos corpos-de-prova de concreto. , 13 Fonte: Rafaela Bortolini (2012). Figura 1.6 ̶ Moldagem dos corpos de prova de concreto fresco. Após o ensaio, a Curva Estatística de Gauss ou Curva de Distribuição Normal (Figura 1.7) para a resistência do concreto à compressão, é determinada para encontrar a resistência média do concreto à compressão (fcm) e resistência característica do concreto à compressão (fck). Fonte: Pinheiro (2007). Figura 1.7 ̶ Curva de Gauss para a resistência do concreto à compressão. A fcm é definida como a média aritmética dos valores de fc dos corpos-de prova ensaiados, e a fck pode ser determinada pela equação: fck = fcm − 1,65s, sendo que s corresponde à distância entre a abscissa de fcm e a do ponto de inflexão da curva (ponto em que ela muda de concavidade). Essa análise implica que 95% dos corpos-de- prova possuem fc ≥ fck e que fck representar o valor da resistência que tem 5% de probabilidade de não ser atingido. , 14 O valor de fck determina as classes de resistência à compressão de acordo com NBR 8953/2015 (“Concreto para fins estruturais ̶ Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência”), as quais são: ● Grupo I: C10, C15, C20, C25, C30, C35, C40, C45 e C50; ● Grupo II: C55, C60, C70 e C80. A nomenclatura C25, por exemplo, indica que o material é de concreto com o fck=25 MPa. A NBR 6118/2014, “Projeto de estruturas de concreto — Procedimento”, indica cada uma dessas classes para determinado tipo de obra: ● Classes C10 e C15 – Fundações e obras provisórias; ● C20 ou superior – Concreto armado; ● C25 ou superior – Concreto protendido. A resistência do concreto pode ser influenciada pelo tipo, finura e resistência do cimento, grau de hidratação do cimento, qualidade da água, forma, tamanho e resistência dos agregados, teor de ar incorporado, compacidade do concreto e idade. O Peso Específico do concreto simples fica em torno de 24 kN/m3 e peso específico do concreto armado de 25 kN/m3. A resistência à tração do concreto, quando comparada à compressão, é bastante inferior. Mas é importante conhecê-la para o estudo do esforço cortante e propensão à fissuração. Pode ser medida por três tipos de ensaios: tração axial, ensaio de compressão diametral ou ensaio de flexão de vigas. As normas de projetos estruturais referem-se à resistência à tração axial (tração direta ̶ fct). A Figura 1.8 mostra as forças envolvidas em cada um desses ensaios mencionados. , 15 Fonte: Araújo (2014). Figura 1.8 ̶ Tipos de ensaios de resistência à tração do concreto. No ensaio de tração direta, uma força de tração axial é aplicada até a ruptura, em corpos-de-prova de concreto simples. Caso sejam realizados os ensaios de compressão diametral e flexão para medir a resistência à tração, utilizam-se coeficientes para a conversão desses valores para o ensaio de tração direta. Considera-se a resistência à tração direta, fct, igual a 0,9 fct,sp ou 0,7 fct,f, ou seja, coeficientes de conversão 0,9 e 0,7, para os resultados de compressão diametral (fct,sp) e de flexão (fct,f), respectivamente (em MPa): ● 𝑓𝑐𝑡 = 0,9 ∙ 𝑓𝑐𝑡 ,𝑠𝑝 ● 𝑓𝑐𝑡 = 0,7 ∙ 𝑓𝑐𝑡 ,𝑓 Caso não haja ensaios de resistência à tração, pode-se utilizar conversões a partir da resistência à compressão (fck): ● 𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3 ∙ 𝑓𝑐𝑘 2 3 ● 𝑓𝑐𝑡𝑘 ,𝑖𝑛𝑓 = 0,7 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑚 ● 𝑓𝑐𝑡𝑘 ,𝑠𝑢𝑝 = 1,3 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑚 O módulo de elasticidade (E), definido como a relação entre tensões e deformações, pode ser dividido em três classes: módulo tangencial inicial, módulo tangente e módulo secante. Na ausência de dados, pode-se estimar módulo de elasticidade inicial e módulo de elasticidade secante (Ecs), pelas seguintes expressões (em MPa): , 16 ● 𝐸𝑐𝑖 = 5600 ∙ 𝑓𝑐𝑘 1 2 ● 𝐸𝑐𝑠 = 0,85 ∙ 𝐸𝑐𝑖 Em projetos de estruturas de concreto armado, é comum utilizar o módulo de elasticidade secante na determinação de esforços solicitantes, verificação de limites de serviço. O coeficiente de Poisson (u) tem um valor médio adotado de 0,2. 1.6 Propriedades mecânicas dos aços para armadura O aço pode ser definido como uma liga metálica entre ferro e carbono. Aços para armadura podem conter de 0,18% a 0,25% de carbono. As principais características do aço que são interessantes para o concreto armado são resistência à tração e ductilidade (capacidade do material sofrer deformação, sem se romper). Através do ensaio de tração, pode-se obter três propriedades: limite elástico, resistência e alongamento na ruptura. O limite elástico é a máxima tensão que o material pode suportar sem se romper. A resistência é a máxima força de tração que a barra suporta, antes da deformação permanente. E o alongamento na ruptura é o aumento do comprimento do corpo-de-prova correspondente à ruptura, expresso em porcentagem. Nas estruturas de concreto armado, o aço pode ser utilizado como barras ou fios. As barras são obtidas por um processo de laminação a quente sem formação, e em seguida laminação a frio, que oferece um patamar de escoamento no diagrama tensão-deformação. Os fios são obtidos pelo processo de trefilação (deformação a frio) e não apresentam esse patamar de escoamento. O patamar de escoamento pode indicar que o aço apresenta melhor trabalhabilidade, aceita solda comum e resiste a incêndios moderados. A Figura 1.9 apresenta os diagramas para o aço com ou sem patamar de escoamento. O módulo de elasticidade (Es) é geralmente adotado com o valor de 210 GPa (NBR 6118). , 17 Fonte: Araújo (2014). Figura 1.9 ̶ Diagrama de tensão-deformação do aço com patamar e sem patamar de escoamento, respectivamente. A norma brasileira referente ao uso do aço em armaduras de concreto armado é a ABNT NBR 7480/2007. Nela são mencionados principalmente os diâmetros nominais para barras e fios, bem como outras características relevantes para o dimensionamento das estruturas de concreto armado, como área da seção. As características das barras de aço são apresentadas na Tabela 1.1. Vale mencionar também que, geralmente, as barras e fios são fabricadas em comprimentos de 11 m com uma tolerância de 6%. O aço para uso em concreto armado pode ser dividido em CA-25, CA-50 e CA-60. O número que acompanha essa nomenclatura representa o valor da tensão de escoamento característica (fyk) em kN/cm2 (exemplo: CA-50 - fyk=50 kN/cm2 =500 MPa). O aço CA-25 é aplicado em barras lisas (de baixa aderência), o CA-50 em barras nervuradas (com alta aderência), e CA-60 em fios lisos, entalhados ou nervurados (de alta aderência). , 18 Tabela 1.1 – Características das barras Diâmetro norminala (mm) Massa e tolerância por unidade de comprimento Valores nominais Barras Massa nominalb kg/m Máxima variação permitida para massa nominal Área da seção mm2 Perímetro mm 6,3 0,245 ± 7% 31,2 19,8 8,0 0,395 ± 7% 50,3 25,1 10,0 0,617 ± 6% 78,5 31,4 12,5 0,963 ± 6% 122,7 39,3 16,0 1,578 ± 5% 201,1 50,3 20,0 2,466 ± 5% 314,2 62,822,0 2,984 ± 4% 380,1 69,1 25,0 3,853 ± 4% 490,9 78,5 32,0 6,313 ± 4% 804,2 100,5 40,0 9,865 ± 4% 1256,6 125,7 a Outros diâmetros nominais podem ser fornecidos a pedido do comprador, mantendo-se as faixas de tolerância dentro do diâmetro mais próximo. b A densidade linear de massa (em quilogramas por metro) é obtida pelo produto da área da seção nominal em metros quadrados por 7850 kg/m3. Fonte: ABNT NBR 7480/2007. 1.7 Comportamento de estruturas de concreto em situação de incêndio Frente à situação de incêndio, o concreto pode ser considerado um material resistente, quando comparado a outros da construção civil. Esse bom desempenho em relação ao fogo deve-se tanto às propriedades do material, como sua funcionalidade quando inserido em sua estrutura global. De maneira geral, o desempenho do concreto em relação ao fogo tem as seguintes características: ● Alta resistência ao fogo; ● Baixa facilidade de combustão; ● Baixa contribuição das cargas de incêndio; ● Alta proteção ao fogo devido a propriedades intrínsecas do material; ● Alta facilidade de reabilitação após incêndio; ● Alta proteção para evacuação de bombeiros. , 19 O fogo é caracterizado como transferência de calor por condução no interior da massa de concreto. Um dos fenômenos mais conhecidos após o concreto ficar exposto à incêndios é o desplacamento ou spalling. Esse fenômeno é caracterizado quando uma forte tendência das camadas quentes da superfície se separarem por desplacamento das camadas mais frias do interior do elemento, expondo a armadura, o que pode causar o colapso da estrutura. A NBR 15200/2012 trata sobre o projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio, dando diretrizes sobre as características mínimas funcionais para esse tipo de dimensionamento, em que se consideram compartimentações que podem funcionar como elementos corta-fogos, sejam estes horizontais, representados pelas lajes, ou verticais, como paredes. 1.8 Bases para o cálculo das seções de concreto armado Neste item, são feitas algumas considerações para o cálculo das seções de concreto armado, que são submetidas a solicitações normais. Uma solicitação normal é um carregamento que dá origem a tensões normais nas seções transversais das peças estruturais. Solicitações normais podem ser traduzidas também como força normal e momento fletor em referência ao centro de gravidade da seção transversal do concreto. De uma maneira geral, no pré-dimensionamento de uma viga deve-se determinar as ações, determinar as resistências e realizar a verificação da segurança. No Brasil, as diretrizes para projetos de estruturas de concreto armado são dadas pela NBR 6118/2014. As ações são as solicitações na estrutura, fruto de cargas que podem ser divididas em permanentes (peso próprio da estrutura, como exemplo: concreto simples, argamassa, alvenaria etc.) e acidentais (atuam na estrutura em função do seu uso, como exemplo: pessoas, móveis, utensílios etc.). , 20 A resistência está relacionada às propriedades mecânicas dos materiais (obtidas por ensaios) e formato geométrico da seção. Determinando as ações e a resistência, segue-se para a verificação da segurança, onde cálculos são realizados para verificar se o dimensionamento é superior aos esforços, garantindo uma certa “folga” de segurança. No dimensionamento das seções, são adotadas algumas considerações como: ● a seção da peça é sempre plana (mesmo quando fletida); ● a aderência entre aço e concreto é considerada perfeita (sem escorregamento); ● a tensão do concreto é nula na região da seção transversal sujeita à deformação de alongamento. Vigas de concreto armado são mais comuns na seção com formato geométrico retangular. Neste item, são feitas algumas considerações para o cálculo das seções do concreto armado em projetos em relação à seção retangular com armadura simples. A Figura 1.10 mostra uma seção transversal retangular da viga de concreto armado. , 21 Fonte: Autoria própria. Figura 1.10 ̶ Representação da seção transversal de uma viga de concreto armado na flexão simples. Onde d é a altura útil da sessão; h é altura total da seção; b é a largura da seção e As é área da armadura tracionada. 1.9 Estádios de tensão no concreto Os estádios de tensão do concreto representam os três estádios de deformação em uma peça de concreto armado submetida a um momento fletor, antes de sua ruptura. No Estádio I, no início do carregamento, a seção está submetida a um momento fletor (Mt), que ocasiona uma tensão de tração no concreto inferior à sua resistência à tração característica. Nessa situação, o concreto ainda contribui para resistir a esse esforço e a peça não apresenta fissuras visíveis. O Estádio II representa quando a resistência à tração do concreto foi atingida, começando a aparecer fissuras visíveis, as tensões de compressão no concreto continuam sendo lineares. Já no Estádio III, o concreto está próximo à ruptura, e as , 22 tensões no concreto não estão mais distribuídas linearmente. A Figura 1.11 mostra a distribuição de tensões na peça de concreto em cada estádio. Fonte: Bastos (2020). Figura 1.11 ̶ Estádios de deformação de uma seção de concreto. Os principais requisitos de qualidade de uma estrutura são segurança, bom desempenho em serviço e durabilidade, e quando a estrutura não atende mais um desses requisitos, pode-se dizer que ela se encontra em um estado limite. Para que isso não ocorra, as resistências (R) não podem ser menores que as solicitações (S) - R ≥ S. No dimensionamento de estruturas de concreto, são considerados os estados limites, os quais são: estados limites últimos (ou de ruína) ̶ ELU, e os estados limites de serviço ̶ ELS. Os estados limites últimos (ou de ruína) ̶ ELU são relacionados ao , 23 colapso da estrutura, ou a qualquer outra forma de ruína, que determine a paralisação no todo ou em parte da peça. Os estados limites de serviço (ELS) correspondem aos estados em que a utilização da estrutura se torna prejudicada, por apresentar deformações excessivas (incluindo vibrações indesejáveis), ou por um nível de fissuração que compromete a sua durabilidade. Em relação aos limites de serviços, existem quatro classes: formação de fissuras (ELS- F), abertura de fissuras (ELS-W), deformação excessiva (ELS-DEF) e vibrações excessivas (ELS-VE). No dimensionamento de concreto armado, considera-se o ELS-W, em que as deformações atingem o limite para utilização normal da estrutura, e o ELS-DEF, em que as fissuras apresentam aberturas iguais aos valores máximos especificados, de acordo com a NBR 6118/2014. 1.10 Estados Limites Últimos: domínios de deformação Os domínios de deformação estão relacionados a situações em que pelo menos um dos materiais − o aço ou o concreto − atinge o seu limite de deformação, nas seguintes condições: ● Deformação plástica excessiva do aço: alongamento último do aço (εcu = 1,0%); ● Ruína por ruptura do concreto: encurtamento último do concreto (εcu = 0,35% na flexão e εcu = 0,2% na compressão simples). Para determinar a resistência de cálculo de uma determinada seção, é necessário conhecer o domínio de deformação dos materiais (aço e concreto). Uma das formas de representar os domínios de deformação é pelo diagrama único definido pela NBR 6118, o qual é mostrado na Figura 1.12 a seguir: , 24 Fonte: Botelho e Marchetti (2018). Figura 1.12 ̶ Estádios de deformação de uma seção de concreto. No diagrama, define-se como: ● Os pontos (A), (B) e (C) são chamados de polos de ruína. ● As: armadura mais tracionada; ● A's: armadura menos tracionada, ou comprimida. Em relação aos domínios de deformação, pode-se interpretar pelo diagrama: a) A ruptura convencional por deformação plástica excessiva do aço: - A Reta arepresenta a tração uniforme ou a linha correspondente ao alongamento constante e igual a 1%; - Domínio 1: representa a tração simples, não uniforme, sem compressão da armadura; - Domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto e aço tracionado. b) A ruptura convencional por encurtamento limite do concreto: , 25 - Domínio 3: flexão simples ou composta com ruptura à compressão do concreto e com escoamento do aço; - Domínio 4: flexão simples ou composta com ruptura à compressão do concreto e aço tracionado sem escoamento; - Domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas; - Domínio 5: compressão não uniforme. De maneira geral: ● Da reta a para os domínios 1 e 2, o diagrama de deformações gira em torno do ponto A, o qual corresponde à ruína por deformação plástica excessiva da armadura As. ● Nos domínios 3, 4 e 4a, o diagrama de deformações gira em torno do ponto B, relativo à ruptura do concreto com εcu = 0,35% na borda comprimida. ● Verifica-se que do domínio 5 e para a reta B, o diagrama gira em torno do ponto C, correspondente à deformação de 0,2%. Conclusão Neste bloco, foram tratadas definições importantes para o dimensionamento de estruturas de concreto armado. O concreto é um material bastante utilizado na construção civil em edificações, pisos, pavimento, pontes, entre outros, composto por cimento, água, areia e brita, e eventualmente adições minerais e aditivos químicos para melhorar algumas propriedades. Possui alta resistência à compressão, mas baixa à tração, sendo utilizado associado ao aço para ter ganho nesta última resistência. Ao receber um carregamento, sofre uma deformação ao longo do tempo, denominada de fluência, e outros tipos de deformações que se deve ter cuidados para que não prejudique o funcionamento da estrutura. , 26 A NBR 6118/2014 trata de diretrizes sobre o projeto de estruturas de concreto armado. No dimensionamento de estruturas de concreto, são considerados os estados limites, que representam situações próximas à ruptura, os quais são: estados limites últimos (ou de ruína) ̶ ELU e os estados limites de serviço ̶ELS (deformação excessiva e abertura de fissuras). Por fim, em relação aos limites de deformação, as condições consideradas para o projeto são a deformação plástica excessiva do aço e ruína por ruptura do concreto. Nessas condições, considera-se o alongamento último do aço (εcu = 1,0%) e o encurtamento último do concreto (εcu = 0,35% na flexão e εcu = 0,2% na compressão simples). Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado – especificação. Rio de Janeiro, 2007. ALVIM, R. C. Avaliação da rigidez efetiva das vigas de concreto armado. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. 4. ed. Rio Grande: Dunas, 2014. 4v. BASTOS, P. S. B. Flexão normal simples. Apostila. Departamento de Engenharia Civil ̶ Unesp ̶ Campus Bauru/SP, 2020. BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto armado ̶ Eu te amo. Blucher, 2018. BORTOLINI, R. Concreto: corpos-de-prova. ESO, maio 2012. Elaborado pelo site do Estágio Supervisionado em Obra, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS. Disponível em: https://www.ufrgs.br/eso/content/?p=992. Acesso em: 29 set. 2021. PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. Apostila. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007. , 27 2 FUNDAMENTOS DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Apresentação O conteúdo deste bloco abrange diversos fundamentos necessários ao dimensionamento de estruturas de concreto armado. Serão mostradas algumas teorias, formulações e simplificações empregadas no projeto estrutural, tendo como base sobretudo as recomendações normativas da ABNT NBR 6118/2014. Ao final, o estudante poderá desenvolver cálculos manuais, ou até mesmo, criar ferramentas que o auxiliem na automatização dos procedimentos de cálculo. Como objetivo geral, pretende-se demonstrar as rotinas de dimensionamento das barras de aço (armadura transversal e longitudinal), em quantidade suficiente para resistir aos diversos esforços que solicitam os elementos. A abordagem aqui presente será relacionada aos esforços, porém antecipa-se que os elementos de vigas e lajes são preponderantemente solicitados por flexão normal simples, enquanto os pilares são submetidos à flexão composta. 2.1 Flexão normal simples A flexão de um elemento estrutural ocorre quando ele é submetido a um momento fletor. Tal esforço gera um deslocamento perpendicular ao eixo de atuação do momento. Quando a flexão acontece de maneira única, ou seja, sem esforço normal atuante, ela é chamada de flexão simples. Define-se como flexão normal o esforço de flexão provocado por um carregamento perpendicular à Linha Neutra (LN) da seção transversal. Esse carregamento também é responsável pelo surgimento de tensões normais na direção do eixo longitudinal do elemento. A LN, por sua vez, representa a união de pontos da seção transversal onde a tensão normal é nula. Considerando as definições anteriores, a flexão normal simples atua de forma bastante presente em elementos de vigas e lajes de concreto armado. Para que seja realizado o , 28 correto dimensionamento desses elementos, o projetista deve previamente compreender como ocorre o processo de falha (domínios de deformação) e só então definir quais serão os mecanismos resistentes. Conforme a ABNT NBR 6118/2014, as vigas de concreto armado que estiverem submetidas à flexão normal simples encontram-se nos domínios 2, 3 ou 4. No entanto, o domínio 4 representa uma situação de superdimensionamento, na qual o concreto sofre ruptura por esmagamento, enquanto a armadura não escoa (não dá sinais de alerta) e, por conta disso, o dimensionamento deve ser realizado apenas nos domínios 2 ou 3. • Dimensionamento à flexão normal simples (elementos lineares) Caracterizam-se como sendo elementos lineares aqueles em que sua dimensão longitudinal supera em pelo menos três vezes a maior dimensão da seção transversal (ex.: vigas, pilares, tirantes). De acordo com a ABNT NBR 6118/2014, o dimensionamento desses elementos sujeitos à flexão normal simples deve obedecer a algumas hipóteses básicas, dentre as quais têm-se: a) as seções transversais se mantêm planas após deformação; b) considera-se aderência perfeita entre o aço e o concreto; c) no Estado-Limite Último (ELU) despreza-se a contribuição do concreto na tração; d) o ELU é caracterizado segundo os domínios de deformação; e) a tensão nas armaduras deve ser obtida conforme o diagrama tensão- deformação de cálculo do aço (ver Figura 2.1a) e a deformação de escoamento máxima do aço deve ser limitada a 10‰ de modo a evitar deformações plásticas excessivas; f) as tensões no concreto podem ser consideradas conforme o diagrama tensão- deformação apresentado na Figura 2.1b, onde fcd representa a resistência à compressão máxima de cálculo do concreto, definida pela Equação 1. Pode-se ainda substituir o diagrama por um retângulo de profundidade y, como mostra a Figura 2.2. , 29 Fonte: ABNT NBR 6118/2014. Figura 2.1 ̶ Diagramas tensão x deformação para (a) o aço; (b) o concreto. Onde representa a resistência à compressão característica do concreto e é o coeficiente de ponderação da resistência do concreto no ELU. Para combinações normais, = 1,4. Vale ressaltar que a resistência do aço ao escoamento também deve ser ponderada, nesse caso pelo coeficiente , de valor igual 1,15 para combinações normais. As vigas de seção retangular são amplamente utilizadasem construções cotidianas, principalmente aquelas produzidas com concretos do Grupo I ( 50 MPa). Por isso, a seguir, são apresentadas as equações relativas para essas seções. Há duas configurações possíveis para a distribuição da armadura longitudinal: armadura simples (as barras são requeridas apenas numa região) e armadura dupla (além das barras tracionadas, há a necessidade de se distribuir armadura resistente na região comprimida) (BASTOS, 2020). As formulações são baseadas nas equações de equilíbrio a seguir, onde a configuração isostática da viga é evidenciada na Figura 2.2. , 30 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 2.2 ̶ Equilíbrio de forças na seção transversal de uma viga. Onde h representa a altura da viga; d é a altura útil (distância entre a fibra mais comprimida do concreto e o centro de gravidade da armadura de tração); é a largura da seção; x é a profundidade da LN; e são as forças resistentes do concreto e do aço, respectivamente; é o momento resistente, enquanto é o momento solicitante. Desenvolvendo as equações acima, obtém-se: A posição relativa da LN ( ) pode ser obtida por semelhança de triângulos (ver Figura 2.2). , 31 A ABNT NBR 6118/2014 recomenda um valor limite de 0,45 para para concretos do Grupo I, de modo a proporcionar um adequado comportamento dúctil aos elementos. Caso esse limite seja ultrapassado, deve-se reduzir o momento solicitante, aumentar a resistência do concreto ou a seção transversal, ou ainda, fazer uso de armadura dupla. A seguir, um roteiro de cálculo: Prossegue-se, então, com o cálculo da deformação na armadura superior ( ): Onde d’ é a distância da fibra mais comprimida do concreto ao centro de gravidade da armadura superior e Es é o módulo de elasticidade do aço. Calcula-se, então, a armadura superior (A’s) e a armadura inferior (As). , 32 2.2 Flexão composta normal Na flexão composta normal, os elementos de concreto são submetidos à solicitação conjunta do momento fletor e da força normal (Nd), possibilitando a ocorrência de flexo-tração ou flexo-compressão. No caso de seções transversais simétricas, o momento é introduzido pela aplicação de uma carga excêntrica e atua em apenas um dos eixos principais de inércia, como mostra a Figura 2.3. É ideal que o carregamento seja aplicado no centro de gravidade dos elementos, no entanto, por conta de dificuldades construtivas e/ou imperfeições geométricas surgem excentricidades que devem ser consideradas na confecção dos projetos. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 2.3 ̶ Seção transversal de um pilar submetido à flexão composta normal. Tratando-se de seções retangulares com armadura distribuída em duas faces opostas (A’s e As), o dimensionamento de elementos submetidos à flexão composta normal dá- se pela consideração de três casos distintos (BASTOS 2020): a) Flexo-tração com pequena excentricidade: predomina a força normal de tração, em que as duas armaduras se encontram tracionadas e não há contribuição do concreto. Essa configuração está presente em elementos de tirantes e o seu dimensionamento é realizado conforme os domínios 1 e 2a’ (quando 0 < x < d’). , 33 b) Flexo-tração e flexo-compressão com grande excentricidade: nesse caso, predomina-se o momento fletor, resultando numa armadura tracionada (As) e outra comprimida (A’s). Essa configuração abrange os domínios 2, 3 e 4 e está presente em elementos de viga, lajes e pilares. c) Flexo-compressão com pequena excentricidade: o esforço predominante é a força normal de compressão e, portanto, as armaduras A e A’ tornam-se comprimidas. Como elemento principal, têm-se os pilares e os domínios de dimensionamento são o 4a e o 5. De modo a facilitar o dimensionamento dos elementos de concreto armado (principalmente os pilares), Venturini (1987) definiu alguns ábacos que permitem a determinação da taxa de armadura sem a necessidade de recorrer-se às formulações do ELU relativas aos domínios de deformação. Tais ábacos empregam os esforços adimensionais μ e ν, definidos a partir das equações: Onde Nd é a força normal de cálculo, Ac é a área da seção transversal do elemento e h é a dimensão do pilar na direção considerada. Os ábacos de Venturini (1987) permitem a definição de diversas configurações, devendo-se atentar àquela que proporcionar o arranjo mais econômico. Após definida a configuração a ser empregada, recorre-se ao ábaco em função do tipo de aço e da relação d’/h. A Figura 2.4 mostra um exemplo com armadura bilateral simétrica para o emprego de aço CA-50 e da relação d’/h = 0,15. , 34 Fonte: Venturini (1987). Figura 2.4 ̶ Exemplo de ábaco de Venturini (1987) com armadura bilateral simétrica. A partir da Figura 2.4, obtém-se a taxa mecânica (ω) e, em seguida, a área de armadura necessária, utilizando a expressão: 2.3 Flexão composta oblíqua Na flexão composta oblíqua, os elementos são submetidos à solicitação conjunta do esforço normal e de dois momentos fletores (Mx e My), os quais atuam nos dois eixos principais de inércia (Figura 2.5). Para o dimensionamento dos elementos submetidos à flexão composta oblíqua, emprega-se uma abordagem similar ao dimensionamento à flexão composta normal. Visando à simplicidade dos cálculos, recomenda-se a utilização dos ábacos propostos por Pinheiro et al. (2009). Para uso dessa metodologia, define-se inicialmente a configuração construtiva desejada e calculam-se as relações , 35 d’x/hx e dy’/hy. Em seguida, calculam-se os esforços adimensionais μx, μy e ν, conforme as expressões: Fonte: Pinheiro et al. (2009). Figura 2.5 ̶ Exemplo de ábaco de Pinheiro et al. (2009) para a configuração do pilar em destaque. O ábaco anterior refere-se à configuração da seção transversal evidenciada na Figura para o caso da utilização de aço CA-50, d’x/hx = 0,250 e dy’/hy = 0,050. A partir dele, obtém-se a taxa mecânica (ω) e, em seguida, a área de armadura necessária, utilizando a Equação 10. Vale ressaltar que os ábacos foram desenvolvidos apenas para concretos do Grupo I. , 36 2.4 Cisalhamento A armadura transversal das vigas é formada pela distribuição de estribos ao longo do comprimento. Essas barras são dimensionadas para resistir às tensões de cisalhamento provocadas pelo esforço cortante. De modo mais específico, a ruptura dos elementos por cisalhamento ocorre devido ao surgimento de tração na direção das tensões principais, ou seja, inclinada em relação ao eixo da peça. A Figura 2.6 mostra como ocorre a abertura de fissuras e também as trajetórias das tensões principais de uma viga submetida a um carregamento de 4 pontos. Dentre os diversos métodos desenvolvidos para o dimensionamento da armadura de cisalhamento, a ABNT NBR 6118/2014 destaca dois modelos: o Modelo de Cálculo I (treliça clássica de Ritter-Mörsch) e o Modelo de Cálculo II (treliça generalizada). Inicialmente, deve-se verificar de forma simultânea as condições expressas a seguir. Fonte: Bastos (2020). Figura 2.6 ̶ a) armação da viga; b) trajetórias das tensões principais de tração e compressão; (c) estado de fissuração pré-ruptura. , 37 Onde = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto; = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal, onde é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da treliça e a parcela resistida pela armadura transversal. • Modelo de Cálculo I Esse modelo considera que as diagonais comprimidas estão inclinadas em θ = 45° em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural. Além disso, admite-se que tem valor constante, independentemente de . a) Verificação da compressão diagonal doconcreto: Onde é a resistência de cálculo à compressão do concreto e = 1 – (fck/250) b) Cálculo da armadura transversal: Onde: é a resistência de cálculo ao escoamento das armaduras transversais, limitada a 435 MPa; é a taxa de armadura transversal (área/espaçamento) e α é o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal, podendo-se admitir 45° α 90°, embora o estribo reto seja geralmente adotado por razões construtivas. , 38 Em relação à parcela , tem-se: Em que é momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção; representa o momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise e Vc0 = 0,6fctdbwd, onde fctd = fctk,inf/ = 0,21 / e fctk,inf é a resistência característica inferior à tração do concreto. • Modelo de Cálculo II O modelo II considera diagonais comprimidas inclinadas entre 30° e 45° em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural. Além disso, admite-se que a parcela sofre redução com o aumento de . a) Verificação da compressão diagonal do concreto: b) Cálculo da armadura transversal: Onde: , 39 Para valores intermediários, realiza-se a interpolação linear. 2.5 Ancoragem por aderência das barras de aço Fernandes (2000) afirma que a aderência é um mecanismo de transferência de tensões que existe na interface entre a barra de aço da armadura e o concreto que a envolve, sendo esse um elemento fundamental para a própria existência do concreto armado. Portanto, a aderência é tida como o fenômeno que permite que as armaduras absorvam os efeitos da tração existentes em uma peça de concreto. Desse modo, torna-se imprescindível a consideração de um comprimento de ancoragem em todas as armaduras. Para isso, de acordo com a ABNT NBR 6118/2014, determina-se inicialmente a resistência de aderência entre o concreto e a armadura (fbd), conforme a Equação a seguir: Onde é um parâmetro que considera a rugosidade das barras de aço; é um parâmetro que considera a posição da barra na peça e é um parâmetro que considera o diâmetro da barra. A ABNT NBR 6118/2014 define em seu tópico 9.4.2.4 o comprimento básico de ancoragem como o “comprimento reto de uma barra de armadura passiva necessário para ancorar a força-limite nessa barra, admitindo-se, ao longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a ”. O comprimento de ancoragem básico ( ) é visto na Figura 2.7 e pode ser calculado por: , 40 Fonte: ABNT NBR 6118/2014. Figura 2.7 ̶ Comprimento básico de ancoragem. O comprimento de ancoragem necessário deve então ser calculado conforme a expressão: Onde = 1,0 para barras sem gancho; = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho ; = 0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2; = 0,5 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 e gancho com cobrimento no plano normal ao do gancho ; = área da armadura calculada; = área da armadura efetiva e é o comprimento de ancoragem mínimo (maior valor entre 0,3 , 10 e 100 mm). 2.6 Ancoragem nos apoios e fora deles (decalagem) Na definição da quantidade de barras necessária para o esforço de flexão normal simples, realiza-se o dimensionamento considerando apenas uma seção crítica. No entanto, o momento fletor é variável e, por conta disso, deve-se realizar um , 41 procedimento para determinar a quantidade de armadura longitudinal ao longo do elemento. Esse procedimento, conhecido por decalagem, é essencial por conta de razões econômicas, de modo que armaduras desnecessárias sejam dispensadas do projeto. A decalagem, além de considerar o comprimento necessário de ancoragem das barras ( ), deve introduzir uma estimativa dos efeitos do esforço cortante, deslocando o diagrama de forças. Esse deslocamento é realizado aplicando-se aos pontos uma translação paralela ao eixo da peça, de valor , conforme mostra a Figura 2.8. Pode-se ainda deslocar o diagrama do momento fletor. Para determinação do comprimento , a ABNT NBR 6118/2014 define os dois modelos de cálculo da armadura transversal. Ambos os modelos são referentes a estribos verticais ( . a) Modelo I: Onde é a força cortante de cálculo na seção mais solicitada e é a altura útil. b) Modelo II O procedimento de decalagem inicia-se dividindo o diagrama do momento (ou força) em n barras ou n grupos de barras. No esquema da Figura 2.8, tanto para o momento positivo quanto para o momento negativo, o diagrama foi dividido em 4 barras. Realiza-se, então, o deslocamento do diagrama e aplica-se a ancoragem necessária nas barras. Para a barra i, existem dois pontos importantes: o ponto A (em que os momentos fletores resistidos pelas barras começam a diminuir) e o ponto B (onde os momentos fletores resistidos pelas barras do grupo tornam-se nulos). Se for maior ou igual que a distância do ponto B, finaliza-se a decalagem da barra, caso contrário, a barra deve estender-se por uma distância maior ou igual a 10 . , 42 Fonte: Bastos (2018). Figura 2.8 ̶ Cobertura do diagrama de forças de tração solicitantes pelo diagrama de forças resistentes. De acordo com a ABNT NBR 6118/2014, “os esforços de tração junto aos apoios de vigas simples ou contínuas devem ser resistidos por armaduras longitudinais que satisfaçam a mais severa das seguintes condições”: a) no caso de ocorrência de momentos positivos, as armaduras obtidas através do dimensionamento da seção; b) em apoios extremos, para garantir a ancoragem da diagonal de compressão, armaduras capazes de resistir a uma força de tração , onde é a força cortante no apoio e é a força de tração eventualmente existente; c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da armadura de tração do vão ( ), correspondente ao máximo momento positivo do tramo ( ), de modo que: — ≥ 1/3 ( ), se for nulo ou negativo e de valor absoluto | | ≤ 0,5 ; , 43 — ≥ 1/4 ( ), se for negativo e de valor absoluto | | > 0,5 . 2.7 Estados limites de serviço: verificação de flechas De acordo com a ABNT NBR 6118/2014, o Estado Limite de deformações excessivas (ELS-DEF) deve sempre ser considerado em projetos de elementos estruturais. Esse estado verifica se as deformações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal da construção, diferente do que acontece no processo de dimensionamento (ELU = próximo ao colapso). O ELS-DEF é verificado a partir de uma combinação quase- permanente, ou seja, que atua em grande parte da vida da estrutura (metade da vida útil). No caso dos elementos de vigas e lajes, faz-se uma verificação de flechas excessivas (deformações perpendiculares ao eixo longitudinal da viga). Tais flechas podem ter uma contribuição imediata (tempo 0) e uma contribuição de fluência (tempo muito longo). As flechas imediatas são provocadas pelo carregamento aplicado e são facilmente determinadas pelas equações da mecânica das estruturas. Como exemplo, tem-se a equação a seguir para determinação da flecha máxima (no meio do vão) para o caso de uma viga simplesmente apoiada sujeita a um carregamento uniformemente distribuído. Onde P é o carregamento, L é o comprimento da viga e E∙I representa a rigidez do elemento (E = módulo de elasticidade do material e I é a inércia da seção transversal). O processo de fissuração dos elementos reduz a rigidez das peças, e portanto, torna-se necessário considerar uma estimativa para a rigidez equivalente (EIeq,t0), dada por: , 44 Onde é o momento de inércia da seção bruta de concreto; é o momento de inércia no estado II (calculado pela equação X); é o momento fletor na seção crítica; é o momento de fissuração e é o módulo de elasticidadesecante do concreto. Para o cálculo do momento de fissuração no ELS-DEF, emprega-se a Equação: Onde é a distância do centro de gravidade até a fibra mais tracionada; e assume os valores de 1,2 para seções T ou duplo T, 1,3 para seções I ou T invertido e 1,5 para seções retangulares. A Tabela 13.3 da NBR 6118/2014 define diversos limites para os deslocamentos, os quais variam de acordo com o tipo de efeito que se deseja analisar e em razão de limitação. Por exemplo, para uma aceitabilidade sensorial, em que o objetivo é reduzir os deslocamentos visíveis de uma viga, o deslocamento-limite é de L/250. A contribuição de flechas a longo prazo é conduzida por um fenômeno gerado após a aplicação de um carregamento constante: a fluência. Tal fenômeno é caracterizado por deformações rápidas (que ocorrem nas primeiras 24h após a aplicação do carregamento) e por deformações lentas. A primeira é reversível, porém a segunda possui uma parcela reversível e outra irreversível (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2017). Para o cálculo dos deslocamentos ao longo do tempo, a NBR 6118/2014 traz a equação a seguir: , 45 Onde é um fator a ser multiplicado pela flecha imediata; é a taxa de armadura de compressão; é o tempo do instante em que se pretende calcular a flecha; é a idade, em meses relativa à data de aplicação do carregamento; é a variação de um coeficiente em função do tempo, em que: O valor da flecha total no tempo infinito será igual à: Onde é a flecha imediata. 2.8 Estados limites de serviço: verificação de abertura de fissuras Um dos fatores que comprometem a durabilidade dos elementos de vigas é a fissuração excessiva. Essas aberturas tornam o concreto superficial e as armaduras sujeitos ao ataque de agentes agressivos, reduzindo a vida útil dos elementos. Os projetistas devem então atentar-se a esse aspecto por meio de uma verificação do ELS. Existem dois estados limites referentes à fissuração: a) ELS-F: indica a situação em que se inicia a formação de fissuras, ou seja, a tensão de tração supera a resistência à tração máxima do concreto (fct,f); b) ELS-W: indica a situação em que as fissuras se apresentam com aberturas iguais ao máximo especificado. Ambos os estados descritos anteriormente devem ser verificados por uma combinação frequente, a qual repete-se muitas vezes durante o período de vida da estrutura (100000 em 50 anos) e é calculada por: A abertura máxima de fissuras características do concreto armado (wk) depende da classe de agressividade ambiental, conforme dispõe a Tabela a seguir: , 46 Classe de agressividade ambiental I II III IV wk 0,4 mm wk 0,3 mm wk 0,3 mm wk 0,2 mm A verificação dos valores de abertura de fissuras é feita de modo individual para cada elemento ou grupos de elementos de armadura passiva e ativa aderente (que não esteja dento da bainha) que controlam a fissuração da peça. Inicialmente, considera-se uma área Acr do concreto que envolve as barras, constituída por um retângulo cujos lados não distam mais de 7,5 do eixo da barra da armadura (ver Figura 2.9). Permite-se que todas as armaduras (de flexão ou de “pele”) que estejam na zona tracionada façam parte da verificação. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 2.9 ̶ Áreas de contribuição de cada barra para o controle da fissuração. O valor característico da abertura de fissuras é, então, calculado como sendo o menor valor entre as expressões a seguir: Onde , , e são definidos para cada área de envolvimento; é área da região de envolvimento da barra ; é o módulo de elasticidade do aço da barra ; representa o diâmetro da barra que protege a região considerada; é a taxa de armadura passiva ou ativa aderente em relação à área da região de envolvimento , 47 ( ); é a resistência média à tração do concreto; é o coeficiente de conformação superficial da armadura passiva considerada, sendo tomado conforme o parâmetro empregado na ancoragem; é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada no estádio II, conforme a equação a seguir: Em que é o momento da combinação frequente; é a distância entre o centro de gravidade da barra considerada e a fibra mais comprimida da viga; é a relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto e conforme a ABNT NBR 6118/2014 pode ser tomado igual 15; e representam a profundidade da linha neutra e o momento de inércia do estádio II, respectivamente, calculados conforme: 2.9 Torção Conforme a ABNT NBR 6118/2014, quando a torção não for necessária ao equilíbrio, caso da torção de compatibilidade, é possível desprezá-la, desde que o elemento estrutural tenha a capacidade adequada de adaptação plástica e que todos os outros esforços sejam calculados sem considerar os efeitos por ela provocados. Em regiões onde o comprimento do elemento sujeito à torção seja menor ou igual a 2h, para garantir um nível razoável de capacidade de adaptação plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção e limitar a força cortante, tal que . Admite-se satisfeita a resistência do elemento estrutural à torção, em uma dada seção, quando se verificarem simultaneamente as seguintes condições: a) Verificação da biela comprimida: , 48 Para garantir o não esmagamento da biela comprimida na torção pura, a seguinte condição deve ser atendida: Sendo: Onde representa o limite dado pela resistência das diagonais comprimidas de concreto; é o ângulo de inclinação das diagonais de concreto, arbitrado no intervalo 30° ≤ ≤ 45°; é a área limitada pela linha média da parede da seção vazada, real ou equivalente, incluindo a parte vazada e é a espessura equivalente da parede da seção vazada, real ou equivalente, no ponto considerado. A seção vazada equivalente é definida a partir da seção cheia com espessura da parede equivalente dada por , em que é a área da seção cheia; é o perímetro da seção cheia e é a distância entre o eixo da barra longitudinal do canto e a face do elemento estrutural. Caso resulte menor que 2 , pode-se adotar e a superfície média da seção celular equivalente definida pelos eixos das armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido nos estribos). Onde é o diâmetro da armadura longitudinal; é o diâmetro da armadura vertical e é o cobrimento da armadura. Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos de inclinação das bielas de concreto coincidentes para os dois esforços. Quando for , 49 utilizado o modelo I para a força cortante, que subentende = 45°, esse deve ser o valor considerado também para a torção. b) Cálculo das armaduras – estribos A resistência decorrente dos estribos normais ao eixo do elemento estrutural é dada pela expressão: Sendo o limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao eixo do elemento estrutural. Para estribos arranjados a 90o do eixo do elemento, esse limite pode ser calculado por: Onde é o valor de cálculo da resistência ao escoamento do aço da armadura passiva, limitada a 435 Mpa. c) Cálculo das armaduras – armaduras longitudinais A resistência decorrente das armaduras longitudinais é dada pela expressão: Sendo o limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais, paralelas ao eixo do elemento estrutural. Esse limite pode ser calculado por: Onde é a soma das áreas das seções das barras longitudinais e é o perímetro de . , 50 A armadura longitudinal de torção, de área total , pode ter arranjo distribuído ou concentrado, mantendo-se obrigatoriamente constante a relação , onde é o trecho de perímetro, da seção efetiva, correspondente a cada barra ou feixe de barras de área . Nas seções poligonais, em cada vértice dos estribos de torção, deve ser colocada pelomenos uma barra longitudinal. d) Verificação da taxa geométrica mínima de armadura A taxa geométrica mínima de armadura surge da necessidade de se garantir a ductilidade da peça e melhorar a distribuição das fissuras. Para as armaduras longitudinais e transversais, têm-se: 2.10 Etapas da construção de edifícios: elementos estruturais, sistemas estruturais Quando imaginamos uma estrutura de concreto armado, intuitivamente concebemos um esqueleto de elementos justapostos formando um edifício residencial ou comercial. De fato, o concreto armado é o método construtivo mais empregado no Brasil para execução de edificações. Além da tradição, existem diversos fatores para tal popularidade, dentre os quais pode-se apontar: maleabilidade, facilidade de execução, material incombustível, disponibilidade de mão de obra qualificada e principalmente o custo de fabricação. Uma estrutura de concreto pode ser dividida em duas regiões principais: a) Infraestrutura: parte inicial de qualquer construção, composta pelas fundações, ou seja, pelos elementos responsáveis por conduzirem os carregamentos dos pavimentos diretamente ao solo. Tais fundações podem ainda ser diretas, em que o carregamento é transmitido principalmente pela base (bloco, sapata, tubulão), ou indiretas, em que o carregamento é transmitido por atrito lateral (estaca hélice contínua, Strauss, raiz). , 51 b) Superestrutura: é composta pelos pavimentos da edificação, os quais são formados pelos pilares, vigas e lajes. As lajes são elementos planos e horizontais que recebem diretamente o carregamento. As cargas recebidas podem ser transmitidas para os elementos de viga ou para os pilares. Existe uma diversidade de lajes de concreto armado. Pode-se citar: • Lajes pré-moldadas: formadas por “minivigas” chamadas de vigotas treliçadas + bloco (lajotas cerâmicas, EPS) e cobertas por uma capa de concreto lançado in loco; • Lajes maciças: lajes preenchidas integralmente por concreto + armaduras + instalações embutidas; • Lajes nervuradas: compostas por vigas “T” em uma ou duas direções. Diferente da laje maciça, as lajes nervuradas possuem em sua superfície inferior volumes salientes, formando prismas delimitados pelas vigas ou nervuras. As vigas são elementos lineares em que o esforço de flexão é preponderante. Já os pilares são elementos de eixo necessariamente retos que conduzem os carregamentos para as fundações, onde o esforço normal é preponderante. As construções das estruturas de concreto iniciam-se a partir da locação. Nessa etapa, são marcadas com precisão todas as fundações e, para guiar essa marcação, deve-se dispor da planta de locação (com detalhamento adequado). De acordo com a ABNT NBR 14931/2004, quando os elementos de concreto forem moldados in loco, é necessária a utilização de um sistema de formas, que compreende as formas, o escoramento, o cimbramento e os andaimes. Esse sistema deve suportar as cargas das estruturas e outros eventuais carregamentos até que os elementos estabeleçam a resistência prevista pelo projetista. É na montagem do sistema de formas que se obtém as corretas dimensões das seções transversais dos elementos especificadas em projeto, por conta disso a planta de forma deve apontar todas as informações relativas à disposição, nomenclatura e , 52 dimensões de todos os elementos do pavimento, trazendo quaisquer outras informações relevantes. A montagem das armaduras deve seguir rigorosos critérios, desde o perfeito detalhamento dos elementos até a correta disposição das barras na obra. Apesar da facilidade de execução, uma equipe preparada é crucial para uma montagem adequada. Por fim, deve-se destacar a importância de compatibilizar o projeto estrutural com os demais projetos da edificação ainda na fase de planejamento, de modo a evitar contratempos e falhas de execução. Conclusão Este bloco reuniu diversas metodologias para o dimensionamento de elementos lineares de concreto armado. A partir dele, é possível dimensionar no ELU elementos submetidos à flexão normal simples, à flexão composta normal e oblíqua, estimando a quantidade de armadura longitudinal necessária para vigas e pilares. Consegue-se ainda determinar a distribuição adequada de armadura transversal, para que os estribos, juntamente com o concreto, consigam resistir aos esforços de cisalhamento e torção oriundos dos carregamentos. Além do dimensionamento sob situação de esgotamento, demonstrou-se a necessidade de se considerar outras situações relativas ao uso em serviço, controlando eventos indesejados, tais como aberturas de fissuras e flechas excessivas. Apesar da hipótese de aderência perfeita, concluiu-se que as armaduras a serem utilizadas devem apresentar uma ancoragem suficiente para que haja colaboração entre os materiais. Desse modo, as tensões podem ser corretamente distribuídas. Por fim, dissertou-se sobre as estruturas de concreto armado como sistema construtivo, apresentando os tipos de elementos e as principais etapas de execução. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, Brasil, 2014. 238 p. , 53 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14931: Execução de estruturas de concreto armado – Procedimento. Rio de Janeiro, Brasil, 2004. 14 p. BASTOS, P. S. Notas de aula das disciplinas de Concreto Armado I e II da Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2018. BASTOS, P. S. Notas de aula das disciplinas de Concreto Armado I e II da Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2020. CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118/2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar, 2017. Fernandes R. M. A influência das ações repetidas na aderência aço-concreto. Dissertação de Mestrado em Estruturas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. PINHEIRO, L. M.; BARALDI, L. T.; POREM, M. E. Estruturas de concreto: ábacos para flexão oblíqua. 2009. 108 p. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009. VENTURINI, W. S.; RODRIGUES, R. de O. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solicitadas à flexão reta. 1987. 133 p. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1987. , 54 3 PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO: VIGAS, PILARES, LAJES E ESCADA Apresentação Neste bloco, é apresentada uma visão geral sobre o projeto de estruturas de concreto armado. É recomendado que, independentemente do tamanho, todas as obras possuam um projeto estrutural, confeccionado de forma clara e objetiva. Dessa forma, a obra pode alcançar desempenho, segurança e economia adequados. A confecção dos projetos inicia-se a partir da concepção estrutural, em que o projetista deve estabelecer os posicionamentos dos elementos, empregando critérios técnicos que atendam a eficiência, economia e harmonia entre os demais projetos de uma edificação. Em seguida, geralmente, realiza-se um pré-dimensionamento, no qual são empregadas formulações empíricas para definir as dimensões iniciais dos elementos, visando minimizar cálculos repetitivos e, portanto, reduzir o tempo de projeto. Após a definição das cargas, análise estrutural e dimensionamento, segue-se com o detalhamento da estrutura. Essa etapa é de grande importância, pois representa o elo entre o que foi projetado e o momento da execução. É a partir do detalhamento que o engenheiro consegue “ler” o projeto e pôr em prática todas as dimensões, locações e distribuições das armaduras. 3.1 Caminho das ações Em qualquer modelo teórico de uma estrutura, seja empregado em simulações ou para o dimensionamento, são consideradas algumas simplificações que objetivam reduzir os infinitos graus de liberdadede uma estrutura real. É a partir desse modelo teórico que se consegue obter um maior controle do comportamento mecânico dos elementos, estimando as tensões e deformações provocadas pela aplicação do carregamento. , 55 Após executados, os elementos de concreto armado formam uma estrutura monolítica que na prática respondem de forma solidária. Por conta disso, as ações que solicitam uma estrutura geram uma distribuição de carregamentos que, em geral, não é bem definida. Entretanto, nos projetos de dimensionamento, considera-se que essa distribuição acontece de maneira simplificada. As lajes devem suportar as ações verticais (permanentes e variáveis), mantendo-se íntegras e apresentando flechas toleráveis. Além disso, as lajes desempenham um importante papel no travamento dos pórticos contra os efeitos do vento, pois, em seu plano de atuação, esses elementos apresentam rigidez praticamente infinita (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2007). Por meio das reações de apoio, as ações das lajes são conduzidas aos elementos de vigas, os quais devem resistir ainda ao seu peso próprio, às cargas de paredes e às eventuais reações de apoio de outras vigas. As vigas então transmitem os esforços para os pilares que os conduzem às fundações. Por fim, as fundações distribuem o carregamento para o solo. Além das cargas verticais, as estruturas devem resistir às ações horizontais (ação do vento e empuxo do solo). Essas cargas são absorvidas principalmente pelos elementos de grande rigidez, tais como pórticos e paredes estruturais. 3.2 Concepção de estrutura formada por lajes, vigas e pilares A etapa de concepção estrutural consiste na escolha do sistema estrutural e no posicionamento dos elementos, de modo a proporcionar uma estrutura eficiente, estável e econômica. É preciso que o projetista estabeleça decisões racionais, obedecendo, sempre que possível, ao que foi previsto no projeto de arquitetura. Outros fatores importantes para a tomada de decisão são a finalidade da edificação e a capacidade técnica de execução. Por se tratar de uma tarefa de muitos ajustes, é conveniente que o projetista confeccione um anteprojeto para a concepção estrutural. Para edifícios de múltiplos andares, quanto maior a altura da edificação, maior será a responsabilidade de uma escolha apropriada da forma estrutural. De acordo com Alva , 56 (2007a), as formas estruturais mais empregadas para edifícios em concreto de 15 a 20 pavimentos no Brasil são: • Estruturas de pórticos: constituídos por vigas e pilares dispostos de forma rígida e tridimensional que ajudam na estabilidade da edificação. • Estruturas de pórticos com núcleos de rigidez ou paredes estruturais: composto por pilares de grande inércia das caixas de escadas e/ou de elevadores, ou por pilares- parede colocados em posições adequadas para melhor enrijecimento lateral do edifício. De modo geral, inicia-se o posicionamento dos elementos a partir do lançamento dos pilares. Tais elementos não devem interferir no arranjo arquitetônico ou em qualquer instalação. Por exemplo: não se deve posicionar pilares em áreas de passagem, em rotas de fuga ou em posições de esquadrias. As dimensões desses elementos também não devem se sobressair no ambiente, sendo importante reduzir saliências e orientar a rotação da melhor maneira possível. Recomenda-se iniciar o lançamento dos pilares a partir dos cantos e encontros de vigas. As áreas destinadas às escadas e elevadores geralmente não possuem interferência entre pavimentos e, portanto, deve-se lançar de antemão os pilares dessas regiões. Em seguida, posicionam-se os pilares de extremidade e os internos, buscando embuti-los nas paredes. Sempre que possível, as distâncias entre os eixos dos pilares devem ficar entre 4 m e 6 m por razões econômicas. Ressalta-se ainda que alinhamento entre os pilares é essencial para gerar pórticos rígidos que resistam às ações horizontais (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003). Após a distribuição dos pilares, as posições da maioria das vigas são definidas de imediato, pois elas unem os pilares e recebem diretamente os carregamentos das alvenarias. Nem sempre é necessário posicionar a viga coincidindo com as paredes, pois existe a possibilidade de que as lajes sejam projetadas para receberem tal carregamento. Além das vigas de pórtico, outras vigas podem ser necessárias, tais como as vigas de transição (que transferem cargas de pilares de diferentes prumadas) e as vigas de divisão de painéis (que reduzem as dimensões das lajes). Essas últimas , 57 devem considerar a economia de se definir vãos menores para as lajes. Por exemplo, para lajes maciças, a menor dimensão deve ser da ordem de 3,5 m a 5,0 m. Definidas as posições das vigas, têm-se as configurações das lajes (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003). 3.3 Projeto de arquitetura, características do solo e interação com projetos de instalações Os projetos arquitetônicos impõem determinadas condições estéticas às edificações. Por conta disso, é imprescindível que se verifiquem as espessuras das paredes e dos pisos, possíveis interferências na continuidade dos pilares de um pavimento para outro e que sejam analisadas todas as plantas baixas, cortes e fachadas da arquitetura na etapa de concepção. Geralmente, é preferível que os elementos estruturais fiquem estrategicamente envoltos por paredes, forros ou outras vedações, de tal forma que não possam ser vistos. Entretanto, estéticas da arquitetura moderna podem ainda absorver os elementos estruturais e outras instalações, evidenciando-os no layout de projeto, como é o caso do estilo industrial. Outras obras arquitetônicas podem fugir do convencional e empregarem o concreto em diferentes formas e estilos, fazendo uso da versatilidade desse material. A comunicação entre o engenheiro e o arquiteto é primordial para a confecção de um projeto eficiente. Algumas alterações são comumente previstas e devem ser discutidas em conjunto para melhorar a tomada de decisão, evitando-se, assim, atrasos e desperdícios na construção. Além do projeto arquitetônico, a estrutura deve ser compatível com os demais projetos de uma edificação, tais como o de instalações elétricas, hidráulicas, telefonia, segurança, som, televisão, ar-condicionado, rede etc. Ou seja, deve existir uma harmonia, de modo a permitir a coexistência, com qualidade, de todos os sistemas (ALVA, 2007a). No caso de edificações cotidianas, a forma da estrutura de um edifício depende essencialmente do projeto arquitetônico proposto. De acordo com Alva (2007a), usualmente os edifícios residenciais são constituídos pelos seguintes pavimentos: , 58 • Subsolo: destinado à área de garagem; • Pavimento Térreo: destinado à recepção, salas de estar, de jogos, de festas, piscinas e área para recreação; • Pavimento-tipo: pavimento padrão, que se repete algumas vezes ao longo do edifício. É destinado aos apartamentos, com os vários cômodos previstos no projeto; • Ático: pavimento menor e mais recuado que os demais, presente no topo dos edifícios, destinado a abrigar máquinas, reservatórios, depósitos etc. No dimensionamento das estruturas de concreto armado, considera-se um desafio a integração entre a superestrutura e a deformabilidade do solo. Tal integração recebe o nome de interação solo-estrutura e é geralmente ignorada em projetos cotidianos por conta da complexidade da análise. A ABNT NBR 6118/2014 recomenda o emprego da interação solo-estrutura apenas em casos mais complexos, porém não há uma definição clara de quais são esses casos. Desse modo, idealiza-se o solo como sendo representado por apoios fixos, desprezando os recalques diferenciais da estrutura (SIVELLI, 2018). Deficiências no solo de apoio das fundações podem provocar patologias nas edificações e diversos problemas de difícil correção. Além disso, o solo possui um
Compartilhar