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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa_Matiello et al 2022

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PLANTAS NATIVAS 
ORNAMENTAIS 
DO BIOMA PAMPA 
potenciais e popularização
Jhonitan Matiello
Fabiane Granzotto
Ana Paula Moreira Rovedder
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PLANTAS NATIVAS 
ORNAMENTAIS 
DO BIOMA PAMPA 
potenciais e popularização
Jhonitan Matiello
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Ana Paula Moreira Rovedder
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PLANTAS NATIVAS 
ORNAMENTAIS 
DO BIOMA PAMPA 
potenciais e popularização
Jhonitan Matiello
Fabiane Granzotto
Ana Paula Moreira Rovedder
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Fabiane Granzotto
Ana Paula Moreira Rovedder
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Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Jhonitan Matiello 
Fabiane Granzotto 
Ana Paula Moreira Rovedder 
Plantas nativas 
ornamentais do 
bioma Pampa
potenciais e popularização
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Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação da Capa: Designers da Editora CRV
Imagem da capa: Jhonitan Matiello e Fabiane Granzotto
Elaboração da capa: Jhonitan Matiello
Revisão: Os Autores
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506
2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
Conheça os nossos lançamentos: www.editoracrv.com.br
ESTA OBRA TAMBÉM SE ENCONTRA DISPONÍVEL EM FORMATO DIGITAL.
CONHEÇA E BAIXE NOSSO APLICATIVO!
P696
Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização / Jhonitan Matiello, Fabiane 
Granzotto, Ana Paula Moreira Rovedder – Curitiba: CRV : 2022. 
128 p.
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-2459-9
ISBN Físico 978-65-251-2458-2
DOI 10.24824/978652512458.2
1. Paisagismo 2. Paisagismo naturalista contemporâneo 3. Valorização de plantas 4. Arte floral 
5. Planta ornamental I. Matiello, Jhonitan II. Granzotto, Fabiane III. Rovedder, Ana Paula Moreira 
IV. Título V. Série. 
 
CDD 712 CDU 712.3
Índice para catálogo sistemático
1. Paisagismo - 712
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Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
Comitê Científico:
Ana Paula Meneguelo (UFES)
Anelise Maria Regiani (UFAC)
Caroline de Goes Sampaio (UFC)
Cecilia Veronica Nunez (USP)
Daniel Manzoni de Almeida (FMU)
Dennis Fernandes Alves Bessada (IFM)
Fabio Marques Aprile (UFOPA)
Francisco Jaime Bezerra Mendonca Junior (UEPB)
Frederico Duarte Garcia (UFMG)
José Ayron Lira dos Anjos (UFPE)
Nerilson Marques Lima (UNESP)
Pedro Hermano Menezes de Vasconcelos (IFCE)
Reginaldo de Jesus Costa Farias (UEAP)
Severino Alves Junior (UFPE)
Viviana Borges Corte (UFES)
Conselho Editorial:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro)
Carmen Tereza Velanga (UNIR)
Celso Conti (UFSCar)
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional 
Três de Febrero – Argentina)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB)
Élsio José Corá (UFFS)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB)
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)
Gloria Fariñas León (Universidade de La Havana – Cuba)
Guillermo Arias Beatón (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Helmuth Krüger (UCP)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
João Adalberto Campato Junior (UNESP)
Josania Portela (UFPI)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Marcelo Paixão (UFRJ e UTexas – US)
Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL-MG)
Renato Francisco dos Santos Paula (UFG)
Rodrigo Pratte-Santos (UFES)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)
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À biodiversidade brasileira, em especial ao bioma Pampa, por despertar 
olhar de respeito e admiração por seus ecossistemas.
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Agradecimentos
À Ana Maria Primavesi pelas suas lições de cuidado e respeito com a terra, ao paisagista 
Roberto Burle Marx pelo exemplo e inspiração, e a Fritjof Capra por despertar para o pensa-
mento sistêmico.
Ao bioma Pampa, por suas paisagens inspiradoras e pelo gigantesco potencial ornamental 
de suas espécies da flora.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa de pós-
-graduação e pelo apoio ao projeto de pesquisa que deu origem a esta obra.
À Universidade Federal de Santa Maria pela sua qualidade e pluralidade, por subsidiar a for-
mação profissional e pessoal.
Ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas, colegas de gra-
duação e pós-graduação, por abraçarem ideias como essa e desenvolver projetos pautados no 
profundo respeito à teia da vida.
À equipe do projeto “Espécies nativas para usos paisagísticos: descobrindo e validando o 
potencial da flora do bioma Pampa” pelo apoio incondicional na execução de experimentos, saídas 
a campo, elaboração dos trabalhos escritos e por abraçar os objetivos propostos.
Ao Jardins de Cerrado, na pessoa de Mariana Siqueira, por ter colaborado na semeadura das 
ideias do projeto de mestrado do primeiro autor. Por seu exemplo de trabalho, muito estímulo e 
orientação técnica.
À Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) 
pelo carinho e por estimular o paisagismo com espécies do bioma Pampa. Pelos seus olhares de 
vislumbre ao descobrir o potencial da flora nativa, incentivando esta pesquisa.
Ao Departamento de Solos da UFSM, na pessoa do professor Ricardo Bergamo Schenato, 
pelo suporte técnico, experimental e laboratorial que viabilizaram os experimentos e a observação 
de populações naturais das espécies trabalhadas.
Ao projeto Jardim do Brasil que, visando a valorização dos biomas brasileiros, serve de estímulo 
para a construção desta obra e apoio técnico por meio de cursossobre temáticas como jardins 
naturalistas e manejo ecológico de jardins.
Às pesquisadoras e pesquisadores que desenvolveram projetos anteriores ou contemporâneos 
a esta obra, pautados no potencial ornamental da flora brasileira e em formas de contribuir com 
a conservação dos ecossistemas naturais, colaborando no amadurecimento técnico e motivação 
para este livro.
Vista parcial da área experimental do projeto que subsidiou parte desta obra.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................ 13
CAPÍTULO 1 
DESAFIOS PARA A MAIOR APROXIMAÇÃO DO PAISAGISMO À FLORA NATIVA BRASILEIRA ............................ 17
CAPÍTULO 2 
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE AS ESPÉCIES NATIVAS ORNAMENTAIS ........................................21
CAPÍTULO 3 
APRESENTAÇÃO DAS ESPÉCIES NATIVAS ORNAMENTAIS ESTUDADAS ............................................................27
MARCELA – Achyrocline satureioides (Lam.) DC. ...................................................................................................27
CAPIM-COLA-DE-SORRO-GRANDE – Andropogon bicornis L. ..............................................................................33
Experiência de semeadura direta de espécies ornamentais nativas ...................................................................... 39
EUPATÓRIO-BRANCO – Austroeupatorium inulaefolium (Kunth) R.M.King & H.Rob ............................................. 42
VASSOURA – Baccharis spicata (Lam.) Baill. ........................................................................................................ 48
Os jardins também são espaços de presença e diversidade de fauna? .................................................................. 54
CAPIM-PLUMA-BRANCA – Bothriochloa laguroides (DC.) Herter ..........................................................................55
ERVA-POM-POM – Campuloclinium macrocephalum (Less.) DC. .......................................................................... 61
CROMOLAENA – Chromolaena pedunculosa (Hook. & Arn.) R.M.King & H.Rob. ....................................................67
CAPIM-COQUEIRINHO – Eustachys distichophylla (Lag.) Nees ............................................................................72
Principais acordos mundiais: promoção do conhecimento e usos sustentáveis da flora ornamental brasileira .......78
ERVA-GROSSA – Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason .................................................................................. 80
MACEGA-ESTALADEIRA – Saccharum angustifolium (Nees) Trin. ........................................................................ 86
Algumas leis, decretos e ações que promovem e regulamentam o uso da flora ornamental brasileira .................. 92
ARNICA-DO-CAMPO – Solidago chilensis Meyen ................................................................................................. 94
ALECRIM-DO-CAMPO – Vernonanthura nudiflora (Less.) H.Rob. ........................................................................100
Tabela de interesse paisagístico das espécies ...................................................................................................... 107
GLOSSÁRIO ............................................................................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................................119
SOBRE OS AUTORES ................................................................................................................................................ 127
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Apresentação
O imenso território brasileiro abriga a maior biodiversidade do planeta, com aproxima-
damente 20% das espécies já descritas por cientistas”. O Brasil é composto por seis extraor-
dinários biomas terrestres (regiões semelhantes biogeograficamente) que são o Pampa, a 
Mata Atlântica, o Cerrado, 
a Amazônia, a Caatinga e o 
Pantanal, além de ecossiste-
mas marinhos de expressões 
ímpares. Segundo o Ministé-
rio do Meio Ambiente, a for-
mação de diferentes zonas 
climáticas promove ricas, 
diversas e por vezes únicas 
manifestações de fauna, flora 
e paisagens nos seus biomas.
A riqueza da biodiversi-
dade nativa e suas interações 
desempenham papéis fun-
damentais na vida humana, 
a exemplo da polinização, a 
produção direta de alimentos 
e medicamentos, a manuten-
ção do equilíbrio ecológico 
necessário na produção de culturas comerciais, a conservação e proteção dos recursos hídricos 
e do solo, a regulação climática, o abastecimento hídrico e assim por diante. É imperativo que 
valorizemos a diversidade da flora e fauna não só por subsidiarem nossa vida e o funciona-
mento saudável do planeta, mas também pela sua 
existência, por importâncias que extrapolam o valor 
monetário do seu uso direto, como por exemplo o 
valor estético, artístico, ecológico, cultural, genético, 
científico, educativo e inspirativo. 
A ciência alerta para quão alterados e ameaçados 
estão os ecossistemas naturais brasileiros por causa de 
atividades humanas indevidas e sistemas produtivos 
degradatórios. Quanto às mudanças climáticas, todos 
os seis biomas são descritos como vulneráveis, espe-
cialmente aqueles com menor cobertura natural e com 
escassez de áreas protegidas. A exemplo do Pampa, 
contexto principal onde se insere esta obra, as severas 
ameaças ambientais envolvem a conversão de áreas 
remanescentes de campo natural em monocultivos 
(e.g. soja, eucalipto, pinus e pastagens introduzidas), 
a invasão biológica de flora exótica, desmatamento 
dos ecossistemas florestais, o manejo produtivo 
Campo natural pastejado à frente e florestas ao fundo em relevo acidentado, evidenciando 
a beleza e complexidade das paisagens do Pampa na Serra do Sudeste-RS.
Apis mellifera L. coletando pólen em flores de Baccharis 
cognata DC. O gênero Baccharis é marcante no bioma Pampa, 
com expressivo potencial ornamental de suas espécies.
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inadequado do campo nativo (sobrepastejo) e 
as consequentes perda da diversidade e degra-
dação do solo.
Por outro lado, os usos múltiplos susten-
táveis da biodiversidade são grandes alia-
dos na redução das ameaças a nível global 
e podem atuar na mitigação dos efeitos de 
eventos já ocorrentes como a crise climática e 
as invasões biológicas. Existem diversos usos 
potenciais da flora já sinalizados pela pesquisa 
brasileira e motivados pelo teor das diretrizes 
mundiais e pela política ambiental. Dentre as 
possibilidades de usos sustentáveis residem os 
usos paisagísticos das plantas nativas, anco-
rados no elevado potencial ornamental de 
inúmeras espécies e na estética das paisagens 
naturais dos biomas brasileiros. Atualmente 
estes usos consistem não somente em uma 
tendência do mercado, mas inclusive contri-
buem para o paisagismoenquanto uma impor-
tante ferramenta de conservação de espécies 
nativas, de reconhecimento, valorização e con-
servação da biodiversidade. 
Todavia os usos sustentáveis das plantas 
ornamentais nativas, principalmente ervas e arbustos, são pouco testados e difundidos no 
paisagismo e arte floral brasileiros. Apesar de existirem algumas publicações que descrevem 
seu potencial ornamental e 
sugerem usos, há uma pro-
funda e urgente demanda 
por experimentos práti-
cos de coleta, beneficia-
mento, cultivo, manejo e 
divulgação de dados de 
espécies potenciais, a fim 
de embasar e reforçar a 
viabilidade ambiental e 
econômica dos usos paisa-
gísticos, principalmente no 
Pampa brasileiro.
Neste sentido, este 
livro pretende colaborar no 
despertar de novos olhares 
para o potencial ornamental 
da flora nativa; sensibilizar 
para a degradação ambien-
tal e o papel do paisagismo 
frente a isso; compartilhar 
Espécies típicas das famílias botânicas Asteraceae, Poaceae 
e Apiaceae que compõem as paisagens campestres do bioma 
Pampa, evidenciando as cores do outono em Santa Maria-RS.
Estrutura reprodutiva de Monnina sp. com flores e botões em seu ápice 
e frutos coloridos formados em sua base, região de Santa Maria-RS.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 15
resultados experimentais e conhecimentos que estimulem e subsidiem usos múltiplos; provo-
car o pensamento crítico da leitora e do leitor e evocar o sentimento de respeito e admiração 
à biodiversidade brasileira, 
ressignificando adjetivos de 
cunho negativo frequente-
mente associados à nossa 
flora, a exemplo de “mato”, 
“planta daninha”, “ruderal” 
“inço” e outros.
A obra é composta de 
três capítulos, o primeiro 
traz breves notas teóricas 
embasadas na literatura 
sobre o cenário atual do pai-
sagismo e sua relação com a 
biodiversidade brasileira. O 
segundo capítulo trata dos 
processos metodológicos, 
criativos e orientações téc-
nicas a respeito do estudo 
das espécies nativas que são 
apresentadas no terceiro 
capítulo, este que equivale 
a um produto do projeto 
intitulado “Espécies nati-
vas para usos paisagísticos: 
descobrindo e validando o 
potencial da flora do bioma 
Pampa” que estuda espé-
cies das famílias botânicas Asteraceae e Poaceae, emblemáticas nas paisagens campestres deste 
bioma. A pesquisa é conduzida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas 
Degradadas (Neprade) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul.
O livro destina-se aos mais diversos profissionais envolvidos desde a produção de plantas 
ornamentais até o seu uso final, no jardim ou na arte floral. Profissionais das áreas de conserva-
ção da biodiversidade, recuperação e restauração de áreas degradadas, estudantes, iniciantes no 
tema, pesquisadoras(es), entusiastas e interessadas(os) nas temáticas de flora nativa e paisagem 
natural estão convidados a aprender, aplicar e divulgar os conhecimentos que aqui obtiverem.
Ao longo da leitura você poderá se deparar com termos nos quais pode não estar familiariza-
da(o), principalmente nos itens de descrição morfológica das espécies. Pensando na acessibilidade 
ao conhecimento, apresentamos ao final um robusto glossário aplicado ao contexto desta obra, 
onde deverão ser sanadas dúvidas sobre termos e seus significados, não deixe de consultá-lo! 
Lembramos que o sistema de numeração sobrescrita no texto representa citações indiretas aos 
conteúdos à esquerda de cada número e se referem aos trabalhos que nos auxiliaram em cada 
capítulo, contendo sua respectiva referência ao final do livro. 
Bons estudos!
Arranjo floral combinando cinco espécies de capins nativos do 
bioma Pampa, comumente tratados como plantas daninhas.
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Capítulo 1 
Desafios para a maior aproximação do 
paisagismo à flora nativa brasileira
Para iniciarmos o primeiro capítulo te convidamos para junto conosco mergulhar numa refle-
xão sobre alguns fatores que contribuem para que o conhecimento e valorização da flora orna-
mental dos biomas brasileiros sejam ainda muito tímidos frente a sua imensa biodiversidade. 
Este capítulo assume também um sucinto papel de elucidação, para que estimulemos o maior 
protagonismo de uma arquitetura paisagística mais biodiversa e harmônica com os ecossiste-
mas naturais.
Ao longo das últimas décadas, o modelo bra-
sileiro de produção de plantas ornamentais condu-
ziu o setor da floricultura comercial para uma alta 
concentração econômica e geográfica no estado 
de São Paulo (48,9% em 2018)1. Como resultado 
direto deste processo e, junto da globalização dos 
costumes iniciada ao final do século 20, temos 
enfrentado a preocupante homogeneização dos 
hábitos de consumo. Na prática isso representa 
a massiva repetição das espécies ornamentais 
utilizadas, das tecnologias produtivas, insumos, 
tendências estéticas e assim por diante, gerando 
consequências negativas como o alto consumo de 
recursos e energia para produção e distribuição 
dos produtos e significativa inércia frente a diver-
sidade da flora brasileira com alto potencial para 
o paisagismo e arte floral ainda inexplorado2, 3, 4. 
Apesar da hegemonia de plantas exóticas no 
paisagismo e na arte floral atualmente, quando elas 
não se configuram como invasoras ou potencial-
mente invasoras, não representam ameaça à biodi-
versidade autóctone. Entretanto, diversas cadeias 
produtivas de plantas ornamentais tornam o país 
dependente da importação de insumos, tecnologias 
e recursos genéticos1, ou seja, na contramão dos 
princípios da sustentabilidade e soberania nacio-
nal. Este fato não deve nos colocar contra o uso 
de espécies ornamentais exóticas de importâncias 
indiscutíveis, mas sim servir de motivação para 
valorizarmos mais as plantas ornamentais nativas 
e sistemas de produção alternativos e sustentáveis.
Processos colonizatórios também exercem 
fortes influências no contexto brasileiro, desde 
Glandularia selloi (Spreng.) Tronc., espécie marcante com 
sua floração primaveril na região de Santa Maria-RS, 
apresenta alto potencial para forração em jardins e floreiras.
Potencial para arte floral de espécies herbáceas e arbustivas 
da família botânica Asteraceae, nativas do Pampa.
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o transporte de espécies ornamentais da Europa para o Brasil que era comum durante as imi-
grações como também na formação e/ou imposição de conceitos de “belo” e “ornamental” 
associados a plantas e paisagens diferentes da realidade do país5, 6. O paisagismo no século 21 
nos deixa um convite e uma oportunidade para buscarmos autonomia, valorizando estilos e 
possibilidades de jardins mais consonantes com a ecologia e riqueza dos nossos biomas, isso 
requer senso crítico para manter influências culturais dentro de limites saudáveis aos nossos 
contextos ecológicos5, 7, 8, 9.
Outro desafio a ser vencido no cenário atual é a forte presença de modos de pensamento que 
nos colocam sob uma posição ilusória de superiores e separados da natureza10, 11, 12. A influência 
deste fator se traduz em jardins comuns do nosso cotidiano, com plantios de baixíssima diver-
sidade, em manejo intensivo e substituições periódicas de plantas, simplificados ao máximo e 
focados limitadamente na estética e nodomínio sobre seus componentes13, 14, 15. Na prática, existe 
uma relação direta com o predomínio dos monocultivos e seu caráter excludente à biodiversidade, 
pautado na necessidade de controle humano sobre o meio ambiente10, 11, 15. 
Mesmo que a identidade do Brasil está profundamente ligada aos seus biomas formados por 
ecossistemas florestais (Amazônia e Mata Atlântica)16, predominam os ecossistemas não flores-
tais em quatro dos seis biomas. Estes ecossistemas possuem biodiversidade comparável à das 
florestas17, promovem serviços ecossistêmicos essenciais à vida humana e abrigam um elevado 
número de espécies que só ocorrem nessas regiões, muitas delas ameaçadas de extinção16, 18.
Além disso, ecossistemas não florestais são a maior fonte de espécies de ervas e arbustos 
com potencial ornamental. Todavia, para atribuirmos a eles o seu devido potencial e celebrarmos 
essa riqueza nos jardins é 
crucial ampliarmos a per-
cepção destas paisagens 
naturais, historicamente 
negligenciadas e incom-
preendidas16, 19. Em outras 
palavras, requer uma 
“dinâmica de apropriação 
paisagística do território” 
que diz respeito a aprimo-
rar ou desenvolver a habi-
lidade de enxergar o valor 
potencial (e.g. estético 
e cultural) das diversas 
fitofisionomias brasilei-
ras22. De fato, a título de 
exemplo prático, se hoje 
procurarmos por espé-
cies nativas em viveiros, 
mesmo os situados em 
biomas com predomínio 
de ecossistemas não flo-
restais, majoritariamente encontraremos mudas de espécies arbóreas. 
Precisamos cada vez mais treinar o olhar para notar a beleza e a importância das plantas 
nativas ornamentais que estão na natureza, este é um processo extremamente necessário e tem 
o poder de assumir caráter poético, no olhar do dia a dia para a diversidade de paletas de cores e 
formas e que nos circundam. Devemos nos guiar em direção ao processo educativo de entender o 
Beleza estética da paisagem pampeana no Parque Estadual do Espinilho, 
Barra do Quaraí-RS (Foto: Jocimar Caiafa Milagre e Pedro Seeger, 2021).
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 19
valor e a importância de todas as formas de vegetação, isto é, ampliar o modo de vê-las manifes-
tadas em silhuetas e tamanhos extremamente diversos e diferentes da altura de nossas vistas20, 21. 
Listamos a seguir alguns dos conhecimentos e estratégias educativas que auxiliam na recep-
tividade à flora nativa no paisagismo e arte floral: 
• Conhecer e divulgar amplamente o papel que o paisagismo pode assumir na redução de 
ameaças à biodiversidade ao prover maior protagonismo para espécies nativas25; 
• Tomar ciência sobre a iminente crise climática global e a mitigação desta através da melho-
ria do equilíbrio ecológico local, ao qual o paisagismo pautado em ecologia e alta diversi-
dade de espécies está diretamente relacionado26, 28; 
• Conscientizar sobre a importância da conservação dos ecossistemas naturais e da flora 
brasileira na continuidade das atividades humanas27, dispondo do paisagismo e arte floral 
com plantas nativas como ferramenta prática de educação ambiental; 
• Aprender sobre os múltiplos usos da flora regional (e. g. fitoterapêutico, alimentício, aro-
mático, artesanal etc.), seus valores potenciais e o resgate de usos populares e etnoconhe-
cimento associado às plantas da região27, 29, promovendo inclusive os jardins funcionais; 
• Respeitar a função que toda e qualquer espécie nativa 
possui no meio ambiente (e.g. alimento e abrigo à fauna 
em perigo de extinção) e respeitar o valor da sua existên-
cia no meio ambiente16, 30. 
• Tomar ciência e se aproximar do conhecimento cativante 
e multidisciplinar que reside no projetar e manejar jardins 
com espécies nativas16, 24 (e.g. solos, ecologia, zoologia, 
botânica, artes etc.). 
• Divulgar questões técnicas como a adaptação, resistência 
e rusticidade das plantas nativas e a consequente econo-
mia de recursos, e insumos como a água e adubação23, 32; 
• Difundir o conceito de espécies exóticas invasoras e quais 
são elas, conforme cada contexto de atuação. Promover 
a popularização de casos de sucesso no estudo e intro-
dução de espécies nativas do Brasil no paisagismo e arte 
floral. Destacamos aqui o legado do paisagista Roberto 
Burle Marx16, 24, 31;
• Promover as espécies ornamentais nativas enquanto 
alternativas viáveis ecológica e economicamente para 
substituir espécies exóticas invasoras que não devem ser utilizadas2, 6; 
• Entender a função crucial na mitigação da fragmentação entre ambientes urbanos e 
naturais que os jardins harmônicos com a biodiversidade regional exercem33, 34;
• Possibilitar o resgate de relações identitárias e afetivas das pessoas com a flora nativa35, 36;
• Entender o potencial das plantas nativas em cadeias produtivas regionais e seu papel no 
desenvolvimento de economias locais1, 37 e enquanto ferramentas aliadas ao turismo rural38.
Junto da construção da aceitação das espécies nativas surge inclusive a necessidade de fontes 
de metodologia para auxiliar a projetar jardins biodiversos e com maior presença destas plantas. 
Atualmente dispomos do estilo de paisagismo naturalista contemporâneo16 que, resumidamente, 
busca projetar jardins pautados em diversidade de espécies, expressão da sazonalidade e dinâmica 
da vegetação, também procura compreender e trabalhar a ecologia do espaço, concebendo jardins 
mais resilientes. São priorizadas espécies perenes, nativas e exóticas, sob uma visão mais voltada 
Hastes de marcela Achyrocline satureioides 
(Lam.) DC., espécie medicinal aromatizando 
o ambiente e servindo de elemento decorativo.
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para a comunidade de espécies do jardim do que para plantas enquanto indivíduos separados. 
Ainda, se propõe a trabalhar em maior harmonia com as condições originais do local, prevendo 
menor investimento de recursos, insumos e mão de obra. Este estilo não é focado no controle 
rígido sobre o jardim enquanto uma obra estática, mas sim na edição e condução dos elementos 
e suas interações enquanto seres vivos23, 31, 32.
No Cerrado brasileiro o paisagismo naturalista contemporâneo tem sido usado como base de 
trabalho, uma vez que dialoga com a representação da sazonalidade, a ecologia e a estética natural 
das paisagens que se pretende expressar nos jardins. Da mesma forma no bioma Pampa, onde 
tende a contribuir muito positivamente enquanto fonte de métodos para a execução de projetos 
de paisagismo com espécies nativas, inspirados nas suas emblemáticas paisagens15, 16. Iniciativas 
de pesquisa recentes nesses dois biomas 
são inspiradoras e abrem um amplo leque 
de conhecimentos para projetar jardins 
com estilo naturalista contemporâneo.
Finalizamos esta breve discussão/
reflexão sobre os desafios nos motivando 
com uma passagem trazida por Toni Bac-
kes em seu recente livro sobre Neuropai-
sagismo “O paisagismo é também um 
ato político quando feito com consciên-
cia da realidade socioeconômica, cultu-
ral e ambiental em que se vive. Quando 
entende a paisagem e cria espaços que 
produzem vitalidade, alimentos e recur-
sos localmente”15.
Bons estudos!
Tons do Cerrado expressos em emblemático projeto de jardim naturalista contemporâneo, 
celebrando a flora nativa do bioma, Sobradinho-DF. (Foto: Joana França, 2021).
Composição de espécies perenes em jardim naturalista que combina 
icônicas espécies ornamentais nativas do Cerrado e exóticas em uma área 
urbana de Brasília-DF. (Foto: Mariana Siqueira, 2021).
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Capítulo 2 
Construção do conhecimento sobre 
as espécies nativas ornamentais
Nos subtítulos a seguir são descritos os processos metodológicos e criativos de construção 
do livro, são juntamente apresentados esclarecimentos conceituais e práticos que julgamos per-
tinentes pensando no amplo público-alvo desta obra. Seu intuito é facilitar o entendimento e a 
aplicação dos conhecimentos construídos ao longo da leitura.
O capítulo três está subdividido por espécies botânicas e estruturado em grupos de informa-
ções. Sequencialmente são apresentadas informações básicas da espécie, descrição morfológica, 
subsídios técnicos para usos paisagísticos, usos múltiplos e informações adicionais. Este capítulo 
também está permeado por quatro textos sobre temáticas pertinentes ao escopo da obra que 
facilitam o entendimento do contexto em que o livro se insere e provocam o pensamento da leitora 
e do leitor. As imagens autorais distribuídas ao longo do conteúdo das 12 espécies servem para 
visualização das informações descritas em texto e para validar o potencial ornamental da flora 
nativa do bioma Pampa que foi estudada. 
Ao final do capítulo 3 está a tabela de interesse paisagístico, construída no intuito de subsidiar 
futuros desenhos de composições nos jardins de Pampa e servir de provocação para a leitora e o 
leitor seguirem construindo-a a partir da observação da rica flora nativa à sua volta.
Informações básicas das espécies 
A identificação das espécies vegetais contou com auxílio de especialistas e consulta a her-
bários físicos e virtuais. A nomenclatura científica, família botânica e a distribuição natural estão 
de acordo com a plataforma Flora do Brasil 20201, Coleção da Flora digital do Rio Grande do Sul 
e Santa Catarina2, base de dados SpeciesLink3 e trabalhos técnico-científicos. 
* * *
O hábito de vida é determinado com base no porte, na presença ou ausência de tecido lenhoso 
na fase adulta e nas ramificações da planta. Conforme o Manual Técnico da Vegetação Brasileira4, 
neste contexto classificou-se as espécies em erva, subarbusto ou arbusto. Para classificar quanto ao 
hábito de vida as informações básicas foram geradas a partir de dados experimentais e observações 
em populações naturais, somado à verificação e complementação por meio da literatura, quando 
existente. Este processo foi seguido no intuito de representar corretamente o comportamento das 
espécies no RS, principalmente no bioma Pampa.
* * *
A distribuição natural das espécies é apresentada de acordo com os biomas e conforme os 
tipos de vegetação que ocorre, respectivamente. A informação foi construída a partir de traba-
lhos científicos de levantamento da vegetação, plataformas como Coleção da Flora digital do Rio 
Grande do Sul e Santa Catarina, a Flora do Brasil 2020 e a base de dados SpeciesLink.
Ao projetar paisagens, a verificação da área de distribuição natural das espécies se torna 
tarefa indispensável no contexto atual de degradação e ameaças aos remanescentes naturais 
dos biomas brasileiros. Com a descrição detalhada da ocorrência natural das espécies buscamos 
estimular identidades paisagísticas regionais, com o emprego de espécies nativas que represen-
tam a estética, fisionomia da paisagem natural, biodiversidade, interações ecológicas e a cultura 
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local. Além disso, espécies nativas de um grande contexto geográfico (e.g. de um determinado 
país ou bioma) não necessariamente ocorrem em todo seu território, portanto também exigem 
cautela e investigação do seu potencial de oportunismo. Na prática, é recomendada sempre a 
averiguação de eventual potencial invasor de espécies exóticas pretendidas e um olhar especial 
para espécies nativas ornamentais com distribuição natural para a escala de paisagem em que se 
está trabalhando. Sugere-se fontes de consulta como trabalhos técnico-científicos regionais, a 
Coleção da Flora digital do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a Flora do Brasil 2020, a base de 
dados SpeciesLink, páginas sobre a flora regional e listas oficiais de espécies exóticas invasoras5. 
Descrição morfológica
A descrição morfológica foi subdividida conforme os órgãos da planta: raízes, caules e ramos, 
folhas, estruturas floríferas e frutos. Foram compiladas informações das principais partes que 
compõem esses órgãos e são utilizadas na identificação e descrição das espécies. Para construção 
destes conhecimentos, consultamos trabalhos científicos taxonômicos, além de plataformas de 
dados como a Flora do Brasil 2020, Flora Argentina y del Cono Sur6, Sistema de Informação sobre a 
Biodiversidade Brasileira (SiBBr)7 e a Coleção da Flora digital do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 
Optamos por descrever as espécies em linguagem técnica para estimular a divulgação científica 
de descrição/identificação, caso você enfrente dificuldades, lembre-se de consultar o glossário!
Subsídios técnicos para usos paisagísticos
Algumas variáveis comportamentais das espécies apresentam dados heterogêneos na litera-
tura devido a fatores como as diferentes regiões de ocorrência, variabilidade genética e adaptações 
fenotípicas às condições de crescimento. São exemplos disso a faixa de altura para a planta adulta 
(em metros), o ciclo de vida (anual, bianual ou perene) e o período reprodutivo (que englobou desde 
a formação das estruturas até a dispersão dos frutos). Para estes subitens, as informações foram 
geradas a partir de dados experimentais, observações em populações naturais e verificação da 
literatura específica com o intuito de representar corretamente o comportamento das espécies 
no bioma Pampa.
* * *
A textura diz respeito à sensação do usuário ao visualizar uma superfície, mesmo sem o toque. 
No contexto desta obra, foi definida, principalmente, através do tamanho e densidade de folhas e 
do tamanho e densidade das inflorescências. As categorias de textura adotadas foram fina, média 
e grossa, sendo que as texturas finas foram definidas para folhas estreitas, curtas e, ou longas, 
porém densas e numerosas. Texturas grossas para folhas maiores, em menor número e ramos 
robustos e, por fim, as texturas médias foram definidas para características intermediárias aos 
dois extremos descritos. Esta variável colabora na definição de composições equilibradas, suas 
combinações no jardim permitem provocar diferentes sensações nos usuários, como por exemplo 
o descanso visual com texturas finas e delicadas ou a agitação e dinamicidade com diferentes 
texturas combinadas.
* * *
Para descrever a arquitetura da planta foram observadas as informações de hábito de cres-
cimento, a forma da copa, a morfologia e posicionamento dos ramos e folhas, sua densidade e 
o efeito de verticalidade ou horizontalidade. Conhecer a arquitetura da planta auxilia o entendi-
mento do seu comportamento no jardim, sua silhueta, expressão ornamental, seu espaçamento 
adequado e, por consequência, a sua indispensável quantificação em projetos.
* * *
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 23
Seguindo nos demais itens dos subsídios técnicos, têm-se os caracteres ornamentais para 
cada espécie. Caracteres são atributos ou características estéticas, ecológicas, técnico-econômi-
cas e culturais das espécies que as qualificam para os usos no paisagismo e na arte floral8. Foram 
criados três grupos, “CA” foi a sigla adotada para as características ornamentais que a literatura 
já apresenta e indiretamente expressam o que a ciência já investigou sobre potencial ornamen-
tal das espécies; “CG” é o grupo de caracteres que a literaturatraz em descrições gerais ou para 
diferentes usos, todavia representam aspectos que podem ser aplicados ao paisagismo e arte 
floral, ou seja, realizamos sua aproximação a este contexto; O terceiro grupo, representado pela 
sigla “CI”, representa os caracteres oriundos de avaliações em populações naturais e resultados 
experimentais. Esta última categoria representa aspectos inéditos até a presente publicação, cola-
borando de forma metodológica para outros estudos e para o enriquecimento do conhecimento 
do potencial ornamental das espécies apresentadas.
* * *
Uma questão que a(o) interessada(o) em utilizar espécies nativas no paisagismo comumente 
se pergunta é “como eu utilizo, combino, distribuo a flora ornamental nativa que ainda não tem 
uma ampla base de conhecimentos e exemplos que me orientem?”. Para auxiliar na ligação entre a 
flora nativa e a construção-condução dos espaços ajardinados são válidas algumas ferramentas 
alternativas, ainda incipientes nas grades curriculares de cursos que habilitam os profissionais de 
paisagismo no Brasil. Estudiosos do paisagismo naturalista contemporâneo como Piet Oudolf, 
Noel Kingsbury9 e Nigel Dunnett10 servem conhecimentos muito úteis nesse sentido. 
Exemplos de ferramentas que facilitam a representação das paisagens naturais brasileiras 
no paisagismo são as três classificações que tratam do tipo de arquitetura de inflorescência; do 
papel que as plantas desempenham na composição; e da distribuição das plantas no espaço. 
Elas sugerem formas de uso das plantas no intuito de orientar os projetos e valorizar a expres-
são das plantas11, 12.
A primeira classificação trata da arquitetura da inflorescência das plantas (sua porção repro-
dutiva), ela colabora na definição da mensagem que o projeto se propõe a passar conforme o 
formato da estrutura reprodutiva das plantas. Além de colaborar indiretamente na disposição 
das plantas no espaço. É dividida em: 
Espigas e lanças – são lineares, evocam sensação de otimismo, dinamismo e inquietude. São 
sugeridas para repetição ao longo da composição; 
Plumas – com formato característico, geralmente são pouco densas e transparentes, quando 
usadas conferem suavidade, movimento e dinamismo. São recomendadas para conferir leveza 
ao conjunto; 
Umbelas – são fáceis de identificar, possuem formato de leque com ápice reto ou curvo, 
variam em mais densas e compactas ou abertas e espaçadas em suas estruturas. Geralmente, 
consistem em um grande atrativo visual por conta de suas cores, podem evocar sensação de 
alegria, abundância; 
Bolinhas e botões – aparentam flutuar na composição, se misturam no conjunto e produzem 
efeito de movimento. Conferem aspecto delicado, por vezes de inquietude, abundância e diversidade 
quando são variadas;
Cortina – trata de inflorescências que são pouco densas e permitem visualização através de si, 
quando combinadas com outras espécies criam algo semelhante a um véu. Conferem suavidade 
e mistério ao espaço, além de contribuírem com leveza e movimento; 
Margaridas – classe que engloba as espécies com formato característico de margarida, com 
flores agrupadas próximas sobre um disco, e.g. girassol. Geralmente, agregam cores intensas, 
evocam sensação de alegria e servem de grande atrativo visual ao conjunto;
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Fogos de artifício – refere-se à inflorescência de ramos cespitosos e numerosos em seu ápice, 
que estão ligados muito próximos ou no mesmo ponto da haste, formando uma esfera ou formas 
pendentes. Conferem aspecto de movimento e evocam sensações de agitação, dinamismo.
A segunda classificação, quanto ao papel que as plantas desempenham na composição, sugere 
a divisão em três grupos que podem ser denominados de maneiras diferentes, porém com termos 
sinônimos. São eles: o grupo das plantas protagonistas, âncoras ou estruturantes; o grupo das 
secundárias ou ocasionais; e o grupo das espécies de fundo, base ou matriz. 
Protagonistas – são espécies que geralmente chamam atenção à primeira vista, seu interesse 
ornamental é duradouro (não necessariamente trata-se da floração, mas também formas, arquite-
tura, cor das folhas etc.) são consideradas as estruturantes do jardim ao longo do ano, os “pilares” 
da composição paisagística. 
O enquadramento de espécies como protagonistas quando em climas subtropicais (como no 
caso do bioma Pampa), pode ser dificultado se focarmos no quesito “expressão ornamental ao 
longo de todo o ano”. Isso se dá devido aos invernos rigorosos, ocorrência de geadas e a senescência 
completa de muitas espécies neste período, de forma que, impossibilite inclusive a expressão da 
sazonalidade, tons e formas outonais. Aconselhamos atentar para os demais aspectos que confi-
guram uma planta como protagonista e sugerimos adotar a “expressão ornamental ao longo de 
diversos meses”, aproximadamente sete ou mais.
Secundárias – refere-se ao tempo de permanência do interesse ornamental da planta (neste 
grupo a floração tende a exercer maior peso na expressão ornamental). São bastante atrativas e 
representam pontos de destaque, porém não se expressam ao longo do ano. São ocasionais no 
tempo, conferem dinâmica através de sua sazonalidade e sensação de unidade na composição. 
Geralmente são usadas de forma dispersa ou em pequenos grupos para conferir ritmo ao longo 
do espaço e sumirem de maneira discreta ao fenecerem, não provocando a exposição do solo e 
necessidade de reposições; 
Fundo – possuem cores mais suaves e neutras (geralmente tons de verde), são discretas e 
podem compor um perfil mais baixo, servem de plano de fundo para as demais espécies evidencia-
rem seu potencial, a base ou matriz para o jardim, unificam o espaço e mantém sua continuidade. 
Devem ser usadas poucas espécies de fundo em um projeto, (distribuídas em grupos de forma 
aleatória e variando de uma a, no máximo, 10 espécies). Este grupo de espécies é indispensável 
para a cobertura do solo, preenchimento do espaço e descanso visual, não fenecem e mantém 
suas características e funções ao longo do ano. É comum este grupo englobar os capins, família 
Poaceae, abundantes nos ecossistemas não florestais, representando a camada contínua natural 
das paisagens campestres do bioma Pampa.
A terceira classificação trata da distribuição das plantas no espaço, essa classificação tem 
como inspiração a distribuição da espécie na paisagem natural e serve para otimizar a expressão 
ornamental e o comportamento de cada espécie no espaço projetado, subsidiando inclusive a 
definição de quantidades de plantas. É dividida em:
Grupos – quando a espécie melhor expressa seu potencial em um conjunto de poucos ou 
numerosos indivíduos, estes grupos são distribuídos na paisagem, geralmente em formatos irre-
gulares e linhas orgânicas;
Faixas – quando o conjunto de indivíduos da mesma espécie assume linearidade na paisa-
gem. Ao aplicarmos essa distribuição no jardim podemos favorecer seu potencial paisagístico já 
expresso na natureza, além de favorecer setorizações, conduzir o usuário e evocar sensação de 
movimento na paisagem; 
Plantas repetitivas – são recorrentes e solitárias, expressam os caracteres de interesse paisa-
gístico através de um único indivíduo da espécie distribuído de forma esparsa ao longo do espaço, 
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 25
geralmente possuem algum atributo ornamental bastante notável. Relacionado a essa distribui-
ção é comum o mix de diversas espécies de exigências parecidas utilizadas juntas (assim como a 
técnica de semeadura por muvuca), formando esse aspecto de plantas repetitivas na composição.
Na prática, asclassificações são aplicadas em conjunto, conforme o embasamento técnico 
que cada uma nos fornece. Com isso, temos subsídios para escolher espécies, combiná-las e dis-
pô-las nos jardins.
* * *
O item sobre usos paisagísticos é apresentado sob dois diferentes grupos. O grupo denomi-
nado pela sigla “UA” representa os usos já citados na e/ou descritos na literatura, representa o 
estado da arte da aplicação (ou potencial aplicação) das espécies, seja nos espaços ajardinados 
ou na arte floral. O segundo grupo, com a sigla “UI”, engloba os usos paisagísticos sugeridos com 
base nos resultados experimentais que embasam o capítulo 3, estes usos não são mencionados 
na literatura até o momento e são baseados na aplicação das classificações acima sugeridas.
* * *
As condições ambientais adequadas para cada espécie (solo, luminosidade e unidade) foram 
indicadas a partir de observações em populações naturais no Pampa, do acompanhamento expe-
rimental, experiências dos autores e em consultas à escassa literatura existente. 
* * *
Ao final dos subsídios técnicos para usos paisagísticos há um item relativo à poda que poderá 
auxiliar na melhor condução das espécies nos projetos ao longo do tempo. São informações prá-
ticas e de caráter sugestivo que poderão variar conforme o contexto do projeto e a prática de 
paisagismo e jardinagem dos profissionais.
Usos múltiplos
Nesta seção constam os usos que transcendem o jardim e a arte floral. De todo modo, estes 
conhecimentos se inserem perfeitamente no contexto deste livro que é a popularização de conhe-
cimentos sobre a flora nativa, incluindo a divulgação das amplas possibilidades de usos descritos 
por áreas da ciência como as agrárias, químicas, da saúde e biológicas, principalmente da etno-
biologia (onde se inserem a etnobotânica e a etnofarmacologia). Desta forma, os usos múltiplos 
são apresentados em dois grupos: os usos que constam na literatura, já consolidados ou não (e.g. 
medicinal; melífero; aromático) e, o grupo que apresenta sugestões de usos múltiplos potenciais, 
verificados na experiência prática que deu origem a esta obra (e.g. recuperação de áreas degra-
dadas; cobertura de solo). Este segundo grupo tem o intuito de agregar novos conhecimentos e 
motivar o aprofundamento de pesquisas nestes temas.
Informações adicionais
 Como item final da descrição de cada espécie, são apresentados resultados experimentais, 
curiosidades, informações sobre o status de conservação, esclarecimentos sobre possíveis difi-
culdades de identificação e breves colocações sobre o panorama de usos e pesquisas potenciais.
* * *
Para o capítulo três o sistema de numeração sobrescrita também representa citações indiretas 
aos conteúdos à esquerda de cada número e contém sua respectiva referência ao final do livro. 
Considerando a escassez de estudos e dados detalhados sobre caracteres e usos das espécies 
utilizamos as mais diversas fontes de consulta, sob o critério de confiabilidade das informações 
expressas por elas.
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Amanhecer no Pampa, efe i to do orvalho t ípico de 
outono e inverno na região de Santa Maria-RS. Ao lado, 
inflorescência de Eragrostis airoides Nees, abaixo à esquerda 
teias de aranha em touceira de Eustachys distichophylla 
(Lag.) Nees e abaixo à direita Chloris e lata Desv .
Entardecer no Pampa, efeito do pôr do sol na coloração das plantas na região de Santa Maria-RS. À esquerda dispersão de Saccharum angustifolium 
(Nees) Trin., ao meio inflorescência de Eragrostis airoides Nees, e à direita capitulescência de Campuloclinium macrocephalum (Less.) DC.
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Capítulo 3 
Apresentação das espécies nativas 
ornamentais estudadas
MARCELA – Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
Família: Asteraceae.
Nomes populares: marcela; macela; macela-do-campo; losna-do-campo; macela-miúda; macelinha; 
macela-amarela; alecrim-de-parede; camomila-nacional.
Hábito de vida: subarbusto.
Distribuição natural: ocorre nos biomas Pampa, Mata Atlântica e Cerrado. Em vegetação de área antró-
pica, campo de altitude, campo limpo, campo rupestre, restinga e afloramentos rochosos.
Descrição morfológica
Raízes: fasciculadas, lenhosas nas partes mais grossas, densamente ramificadas e pouco profundas.
Caules e ramos: possui ramos lenhosos na base, cilíndricos, numerosos, densamente lanosos e de colo-
ração acinzentada, com odor agradável. 
Folhas: as folhas são sésseis, densamente pilosas, com tricomas curtos e que conferem aspecto lanoso e 
coloração acinzentada, alternas e lineares, as margens são inteiras e com nervura central aparente.
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Estruturas floríferas: flores organizadas em capítulos numerosos, amarelos a ferrugíneos, brilhantes e 
membranáceos. Estão agrupados em gloméru-
los e juntos formam a capitulescência que é um 
corimbo contraído. As flores do raio (periféricas 
no capítulo) são femininas e as flores do disco 
(centrais no capítulo) são bissexuadas.
Frutos: cipselas diminutas, com papus sedoso, branco a rosado.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 29
Subsídios técnicos para usos paisagísticos
Altura: 0,2 a 0,8 m.
Ciclo de vida: bianual, por vez anual em condi-
ções atípicas.
Período reprodutivo: entre o verão e outono, 
principalmente de janeiro a maio.
Textura: média das folhas e ramos e fina das 
hastes reprodutivas.
Arquitetura da planta: geralmente, apresenta 
parte aérea densa e de formato globoso. De 
acordo com o sítio e a menor incidência de luz 
pode estar ereta, cespitosa e pouco densa.
Arquitetura da inflorescência: umbela.
Caracteres ornamentais: 
CA: cheiro agradável das folhas e flores; cor 
cinza da planta devido sua densa pubescência e a combinação desta com o amarelo dos capítulos florais; 
cor e abundância dos capítulos florais que conferem expressividade à planta durante a fase reprodutiva1; 
possibilidades de destaque do cinza junto da cor de diversas outras plantas2-3; exuberância dos maciços2; 
visão acolhedora e de paisagem campestre que remete3.
 
CI: a ocorrência de orvalho provoca a formação de numerosas gotículas de água junto das pilosidades 
em toda planta, promovendo efeito de brilho intenso e dispersão da luz em diferentes cores; resistência 
ao frio e geadas leves a moderadas; arquitetura em formato de leque da capitulescência; longo período 
ornamental (expressão de caracteres que se estendem ao longo de todo ano, como a coloração cinza 
da planta); expressão abundante e duradoura da floração após adequado estabelecimento da espécie; 
sua floração é atrativa a diversas espécies de insetos; comprimento de hastes apropriado para arranjos 
de altura baixa a média; longa durabilidade das hastes quando secas; capacidade de recobrimento do 
solo; conhecimento popular dos seus usos medicinais, diretamente relacionado a aceitabilidade da 
espécie em projetos.
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Papel que desempenha na composição: protagonista.
Distribuição das plantas no espaço: repetitivas ou em pequenos grupos de três a cinco indivíduos.
Usos paisagísticos: 
UA: em jardins de composição rochosa,vasos e bordaduras4; arranjos florais secos6.
UI: em floreiras médias a grandes e tetos verdes pelo porte e sistema radicular; como espécie de forração bianual 
alta por conta da densidade da parte aérea e potencial de fechamento da superfície por meio do crescimento 
lateral; como forma de trazer o cinza intenso para o jardim ao longo de todo ano por meio do seu protagonismo; 
para combinações complementares com espécies de floração lilás ou tons de rosa e análogas com espécies 
de cores quentes como vermelho e laranja; para contraste de forma com espécies de hábito ereto e de maior 
altura; para contraste com plantas de texturas grossas; como espécie aromática em decoração de ambientes 
internos ou jardins sensoriais; para atrair diversidade de entomofauna para o jardim durante o florescimento, 
incluindo abelhas nativas; como espécie medicinal em jardins funcionais ou produtivos.
 
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 31
Condições ambientais:
Solo: baixas exigências quanto ao tipo de solo e 
sua fertilidade, prospera em diferentes condições 
de pH7, 37.
Luminosidade: o florescimento é mais intenso a 
pleno sol, pode se desenvolver satisfatoriamente a 
meia sombra.
Necessidade hídrica: prefere locais com boa drena-
gem, porém necessita disponibilidade hídrica mínima 
para expressar seu potencial.
Poda:
Experiências práticas de cultivo e manejo demonstram 
que a poda de remoção da porção apical reprodutiva, 
quando recém-formada, tem efeito no aumento do 
tempo de vida da planta e, portanto, na continuidade 
da expressão de caracteres ornamentais vegetativos. 
O ciclo de vida bianual da espécie pode exigir retirada 
das plantas fenecentes, porém essa prática pode ser 
dispensada se a espécie estiver distribuída de forma 
repetitiva ou em pequenos grupos na composição.
Usos múltiplos
Usos que constam na literatura:
Medicinal – digestivo; efeito colagogo; no combate a infecções intestinais e redução de gases; anti-infla-
matório; favorece a menstruação e pode atuar como abortivo; antisséptico; contra resfriados e gripes; 
analgésico; antidiarreico; como sedante; para controlar os níveis de colesterol7; eficaz contra náuseas; no 
alívio de espasmos8; contra febre; no controle de diabetes; contra sinusite; tosse e tuberculose9.
Aromático – para extração dos óleos essenciais para perfumaria e aromaterapia7.
Cosmético – devido o conteúdo de flavonoides, antioxidantes e capacidade de clareamento capilar4.
Tintorial5 – registros de uso em tingimentos/clareamentos.
Herbicida5 – extração de compostos naturais com capacidade de inibir crescimento e germinação de 
plantas competidoras.
Como ingrediente na indústria de comidas e bebidas – óleos 
essenciais aromatizantes e saborizantes4. 
Confecção de travesseiros – para uso no combate à 
insônia10. 
Como complemento no chimarrão11 – por suas propriedades 
saborizante e medicinal. 
Recuperação de áreas degradadas em regiões de sua ocor-
rência natural – pela cobertura de solo, refúgio para a fauna 
(forma ambiente protegido e microclima favorável), atra-
tividade a visitantes florais, baixa exigência de solos e por 
facilitar o estabelecimento de outras espécies, colaborando 
para a estrutura da comunidade12.
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Sugestões de usos múltiplos potenciais: 
Cobertura de solo – como alternativa de ciclo bianual para as espécies exóticas de inverno. Apresenta 
potencial substituição ao azevém (Lolium multiflorum Lam.) que é cobertura de inverno e representa pro-
blemas de agressividade e controle. 
Informações adicionais
– É a planta medicinal símbolo do Rio Grande do Sul pela Lei Estadual nº 11.858, de 200213. 
– A espécie tem sido ameaçada no RS pelo intenso extrativismo, comércio exploratório e uso de herbicidas 
em suas áreas de ocorrência. Seu cultivo precisa ser amplamente conhecido para promover a conservação 
genética e diminuição da pressão de coleta nas populações naturais.
– O beneficiamento das inflorescências secas sob fricção em peneiras e separação dos pequenos frutos 
de impurezas maiores aumenta seu potencial de germinação e subsidia semeadura mais homogênea.
A temporalidade em marcela, hastes reprodutivas em 
diferentes momentos de sua vida, em sentido anti-horário.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 33
CAPIM-COLA-DE-SORRO-GRANDE – Andropogon bicornis L.
Família: Poaceae.
Nomes populares: capim-cola-de-sorro; capim-rabo-de-burro; cola-de-sorro.
Hábito de vida: erva.
Distribuição natural: ocorre nos biomas Pampa, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Amazônia e 
Caatinga. Em vegetação de área antrópica, afloramentos rochosos, campos arenosos e úmidos e 
planícies em geral.
Descrição morfológica
Raízes: raízes fasciculadas, densamente agrupadas 
e ramificadas.
Caules e ramos: caule do tipo rizomas curtos subterrâneos 
com colmos aéreos cilíndricos e numerosos, glabros, de 
coloração verde a ocre conforme o estádio de desenvol-
vimento, as vezes ramificados na base.
Folhas: as folhas são simples, dispostas de forma alterna e 
opostas, dobradas ao longo da nervura principal e encaixa-
das como as folhas de um livro. A lâmina é estreita e longa, 
de ápice agudo, colar avermelhado e lígula das folhas mais 
jovens densamente pilosa, com pelos longos. A bainha das 
folhas envolve o colmo. 
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Estruturas floríferas: as inflorescências são densamente ramificadas e em formato de corimbo. Das espa-
téolas emergem as panículas, compostas por dois ramos floríferos densamente plumosos de coloração 
branca a cinza. Estes ramos são compostos por ráquis e pares de espiguetas muito próximos (uma séssil 
bissexuada e uma pedicelada neutra), sendo que a espigueta apical é maior, mais escura, pedicelada e 
estaminada (marrom a bordô) que se sobressai as demais.
Frutos: cariopse. Sendo que a unidade de dispersão – ou também chamado diásporo – envolve uma espi-
gueta ou o par delas o entrenó da ráquis e as pilosidades.
Subsídios técnicos para usos paisagísticos
Altura: 0,8 a 1,6 m.
Ciclo de vida: perene.
Período reprodutivo: pode ser durante 
todo ano, no Pampa predomina de 
janeiro a abril.
Textura: fina.
Arquitetura da planta: planta cespitosa, 
robusta, ereta e com perfilhos densa-
mente agrupados.
Arquitetura da inflorescência: umbela.
Caracteres ornamentais: 
CA: aspecto das hastes plumosas, densas e eretas; o brilho das panículas (efeito intensificado sob luz 
solar direta); as duas cores dos colmos reprodutivos, verde com ápice prateado quando jovens e bordô 
a marrom quando sob dispersão de frutos e secos; possibilidade de expressão do florescimento durante 
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 35
 
todo ano14 (estendendo o período ornamental); excelente comprimento de hastes; resistência, volumetria 
e originalidade da haste; durabilidade em água e espuma floral; aroma agradável da haste15.
CG: robustez da planta; possibilidade de propagação vegetativa ou por sementes16.
CI: o efeito de florescimento (exposição dos pequenos androceusde coloração amarela sob a luz do sol); 
capacidade de produzir numerosas hastes por touceira; uniformidade de tamanho das hastes; aspecto geral 
dos perfilhos devido a filotaxia alterna oposta, colar colorido e aspecto das folhas encaixadas; a ocorrência 
de orvalho gera a formação de gotículas de água nas pilosidades das inflorescências, promovendo efeito 
de brilho intenso e dispersão da luz em diferentes cores; resistência moderada a estresses ambientais.
 
Papel que desempenha na composição: protagonista.
Distribuição das plantas no espaço: pode ser de forma repetitiva, em grupos ou em faixas.
Usos paisagísticos: 
UA: para empregar aparência de paisagem campestre na composição; na arte floral, como haste de com-
plemento em arranjos, secas ou frescas14.
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UI: como haste principal em arranjos secos ou frescos de poucas espécies ou unicamente ela (coletada 
fresca antes da abertura das panículas, promovendo a abertura com a desidratação e aumento do aspecto 
de leveza, originalidade e preenchimento do arranjo); para criação do efeito de faixas em grandes áreas; 
para delimitações e bordaduras altas; para conferir verticalidade à composições campestres em razão 
do hábito ereto das touceiras; para áreas com maiores níveis de umidade do solo no jardim; para con-
ferir sazonalidade ao jardim devido a mudança na aparência das inflorescências ao longo do ano; para 
. 
recobrimento e estabilização superficial do solo quando cultivada em grupos; para promover contraste de 
forma entre espécies arredondadas e mais baixas ou de textura grossa; para combinação do prata brilhante 
de suas inflorescências com outras espécies de floração colorida como diversas Asteraceaes.
Condições ambientais:
Solo: prefere solos arenosos, tolera baixos teores 
de nutrientes16.
Luminosidade: pleno sol.
Necessidade hídrica: em sítios úmidos expressa 
todo seu potencial de crescimento e reprodução. 
Poda:
Como a maioria dos capins, tolera a poda de lim-
peza por meio da roçada das touceiras para elimi-
nar o acúmulo de material fenecente. Esta prática 
pode ser executada ao final do período de inverno 
para estimular o seu desenvolvimento e promover 
maior vigor de rebrota e florescimento na estação 
primaveril. Cabe analisar aspectos como a situação 
da expressão ornamental da planta, se as touceiras 
estão desconfiguradas ou não, se há a presença de 
material fenecente e com (ou sem) interesse esté-
tico e qual a sua visibilidade na composição.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 37
Usos múltiplos 
Usos que constam na literatura:
Medicinal – diurético; tratamento de afecções 
de fígado e vias urinárias17.
Forrageiro – pouco adaptada à herbivoria, toda-
via é consumida pelo gado em época de rebrote 
quando apresenta maior palatabilidade18.
Têxtil5 – confecção de cestaria, cordas e na 
estrutura de cerâmicas por povos tradicionais.
Artesanato – com as hastes reprodutivas18.
Planta hospedeira – abriga artrópodes regula-
dores da população de insetos praga em mono-
cultivos, na sucessão soja-milho19.
Sugestões de usos múltiplos potenciais: 
Recuperação de áreas degradadas em regiões 
de sua ocorrência natural – quando cultivada 
em densidade moderada (imagem ao lado) 
forma ambiente protegido, microclima favo-
rável para a fauna terrestre e excelente reco-
brimento do solo. Sua adaptação à umidade do sítio e solos pobres a torna uma opção de uso em áreas 
úmidas que necessitem de estabilização da camada superficial, e.g. taludes. 
Informações adicionais
– As hastes podem facilmente atingir comprimento de aproximadamente 1,6 m sem perder aspectos de 
volumetria e rigidez, o que o torna ideal para arranjos de grande porte.
– A espécie é frequentemente identificada como Schizachyrium microstachyum (Desv. ex Ham.) Roseng. 
e vice-versa. Porém há diferenças que são chave na diferenciação entre elas.
– Na fase vegetativa, mais 
visível em folhas jovens, 
a lígula de A. bicornis é 
pilosa (em detalhe na 
imagem da esquerda), 
já a lígula de S. micros-
tachyum é menor e sem 
pilosidades. Somado a 
isso, A. bicornis é geral-
mente maior e mais 
robusto do que S. micros-
tachyum (na segunda 
imagem, posicionados à 
esquerda e numerosos à 
direita respectivamente).
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38
– Na fase reprodutiva, S. micros-
tachyum (à direita) possui apenas 
um ramo florífero por espatéola 
e suas espiguetas são aristadas, 
já A. bicornis (à esquerda) possui 
dois ramos floríferos, sendo suas 
espiguetas não aristadas, além 
da espigueta do ápice ser maior 
e de coloração mais escura que 
as inferiores.
A temporalidade em capim-cola-de-sorro-grande, hastes
 reprodutivas em diferentes momentos de sua vida, em sentido anti-horário.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 39
Experiência de semeadura direta de 
espécies ornamentais nativas
Experiências de prospecção, coleta e cultivo de espécies nativas com potencial ornamental 
são tão promissoras quanto desafiadoras e necessárias. Pesquisas sobre a propagação destas 
plantas são essenciais na busca de maior reconhecimento, valorização e conservação da diversa 
flora brasileira, inciativas recentes de propagação por sementes já revelam resultados muito posi-
tivos no Cerrado brasileiro, tanto em restauração ecológica, experimentos com foco ornamental 
e jardins pilotos20.
Para pesquisas iniciais com espécies nativas, a via de propagação sexuada é fortemente reco-
mendada, podendo ser desenvolvida por meio de diferentes metodologias de semeadura22. Se 
forem obtidos resultados positivos, essa via representará maior facilidade de execução em rela-
ção a outros métodos de produção de mudas, menor investimento inicial, economia de recursos 
produtivos e financeiros, potencial de aplicação em pequenos negócios, capacidade de produzir 
elevado número de mudas, menor tempo para produzir as mudas e possibilidade de usos que 
não comprometam a variabilidade genética da espécie em questão, o que é imprescindível em 
iniciativas de conservação biológica22,23,24.
Dentre as diferentes 
formas de semeadura existe 
a semeadura direta, consiste 
em distribuir a semente no 
espaço de interesse final 
da planta, por exemplo o 
jardim. Este método não 
faz parte do cotidiano de 
implantação de projetos de 
paisagismo no Brasil onde, 
mesmo as plantas com alta 
germinação e rápido cresci-
mento e estabelecimento, 
são produzidas em outros 
locais e posteriormente 
transplantadas. 
Todavia, o estilo natu-
ralista contemporâneo, 
enquanto fonte de meto-
dologias para expressão das 
paisagens brasileiras nos jar-
dins, usa da semeadura direta de espécies ornamentais, principalmente herbáceas e arbustivas, 
para auxiliar em alguns dos seus objetivos fundamentais como a concepção de jardins como a alta 
diversidade, dinamicidade e sazonalidade da composição, menor investimento de insumos, recur-
sos e cuidados por meio do controle sobre a densidade de semeadura (permitindo por exemplo 
a maior proximidade entre plantas e rápida cobertura de solo, inibindo as plantas indesejadas), 
além de possibilitar maior viabilidade econômica de projetos em grandes áreas e gerar excelen-
tes resultados ecológicos e estéticos (a exemplo dos mixem alta densidade de diferentes flores 
delicadas e coloridas)25, 26, 27.
Exemplo de aplicação da semeadura direta de espécies nativas do 
Cerrado para restauração e paisagismo. (Foto: André Vilaron, 2016).
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Como mencionamos na apresentação, a grande 
maioria das espécies nativas potenciais para paisa-
gismo e arte floral no Brasil não possuem estudos 
sobre coleta e beneficiamento de sementes, resposta 
à semeadura, cultivo e expressão ornamental quando 
cultivadas, sobretudo no bioma Pampa. Portanto, 
experimentar as espécies por semeadura direta pode 
subsidiar importantes itinerários técnicos para sua 
utilização, inclusive viabilizando outras formas de uso 
da flora como a recuperação de áreas degradadas, 
ou ainda, indicar diferentes formas de propagação 
a serem pesquisadas em caso de insucesso. 
Foi com este intuito que o projeto “Espécies nati-
vas para usos paisagísticos: descobrindo e validando 
o potencial da flora do bioma Pampa” se propôs a 
experimentar a coleta, beneficiamento e semeadura 
direta para as 12 espécies que compõem o escopo 
deste livro. Avaliamos durante dois anos (2019 a 2021) 
14 variáveis relacionadas à resposta a propagação, 
estabelecimento, cultivo e expressão do potencial produtivo sob enfoque ornamental (paisagismo 
e arte floral). As espécies foram estabelecidas em semeadura manual de alta densidade, em cinco 
repetições de um metro quadrado, em solo frágil e degradado pelo uso antrópico21. 
Os resultados obtidos foram muito positivos, apenas uma espécie não respondeu à semeadura 
direta, as demais apresentaram elevado estabelecimento inicial, cobertura de solo, crescimento em 
altura, resposta à extremos climáticos ocorrentes no período de avaliação (geadas, alta precipitação 
e estiagens), cessamento do escoamento superficial presente na área, melhorias físicas no solo e do 
microclima e abundância de abrigo e recursos para a fauna. Quanto ao potencial ornamental das 
espécies baseado na avaliação das populações naturais e no cultivo experimental piloto para o Pampa 
Semeadura direta de experimento com 
ervas e arbustos do bioma Pampa, RS.
Resposta típica de emergência de espécies da família botânica Poaceae (à esquerda) e Asteraceae 
(à direita) em experimento piloto de semeadura direta de ervas e arbustos do bioma Pampa, RS.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 41
brasileiro, os resultados demons-
traram alto potencial para todas 
as espécies. Dez das 11 que res-
ponderam ao cultivo atingiram a 
máxima expressão ornamental 
no primeiro ou no segundo ciclo 
reprodutivo, com alta produtivi-
dade de hastes e comprimento 
adequado para uso em arte flo-
ral, floração e frutificação abun-
dantes, período ornamental 
duradouro e intervalo entre a 
semeadura e a expressão orna-
mental relativamente rápido 
(conforme a ecologia da espé-
cie). A experiência de avaliação 
possibilita inclusive indicar o alto 
potencial das espécies para usos 
como a restauração ecológica de áreas degradadas na região do estudo21.
Os produtos da pesquisa sinalizaram excelente potencial de aproximação das 11 espécies da flora 
nativa do Pampa ao paisagismo e arte floral através da semeadura direta. Corroboramos as vantagens 
acima citadas e recomendamos o uso desta forma de propagação enquanto uma das ferramentas de 
aplicação do estilo naturalista contemporâneo, motivando o uso das informações deste estudo em 
jardins pilotos e a realização de novas pesquisas com outras espécies potenciais. 
Experimento de semeadura direta de ervas e 
arbustos do bioma Pampa aos seis meses.
Experimento de semeadura direta de ervas e arbustos do bioma Pampa aos 18 meses.
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EUPATÓRIO-BRANCO – Austroeupatorium 
inulaefolium (Kunth) R.M.King & H.Rob
Família: Asteraceae.
Nomes populares: eupatório-branco; alecrim-grande; alecrim-vassoura; cambará; vassoura; maripo-
sera; salvia-amarga.
Hábito de vida: arbusto. 
Distribuição natural: ocorre nos biomas Pampa, Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. Em vegetação de 
campo rupestre, diferentes formações do Cerrado, floresta estacional decidual, floresta estacional semi-
decidual, floresta ombrófila e afloramentos rochosos.
Descrição morfológica
Raízes: fasciculadas, lenhosas nas partes mais grossas, densamente ramificadas.
Caules e ramos: caule do tipo rizoma subterrâneo de onde saem ramos aéreos verticais cilíndricos, com 
ramos secundários, opostos entre si e cruzados entre os pares. Os ramos são tomentosos, esverdeados 
na base e vináceos no ápice.
Folhas: folhas simples, opostas cruzadas, pecioladas, membranáceas e ásperas. Geralmente em tonali-
dades de verde claro, lanceoladas com margem serreada e ápice acuminado, a face abaxial é irregular e 
tomentosa, com as nervuras aparentes, destacam-se três nervuras principais.
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 43
 
Estruturas floríferas: as capitulescências são em forma de panícula corimbiforme densa, com numerosos 
capítulos dispostos em forma de corimbo e com pedúnculos curtos. As flores são aromáticas, bissexuadas, 
tubulosas e brancas e com invólucro campanulado. Possuem estiletes evidentes, bífidos e filiformes.
Frutos: cipselas pretas e ovoides, com papus branco e mais longo que o aquênio.
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Subsídios técnicos para usos paisagísticos
Altura: 0,5 a 3,0 m.
Ciclo de vida: perene.
Período reprodutivo: de fevereiro a abril.
Textura: média.
Arquitetura da planta: a parte aérea da 
planta assume forma corimbosa a pira-
midal, ereta. 
Arquitetura da inflorescência: umbela.
Caracteres ornamentais: 
CA: arquitetura da planta28; floração abundante e expressiva; cor branca e perfumada dos capítulos; 
crescimento rápido29.
 
CG: atratividade do néctar para borboletas e abelhas que visitam intensamente a planta30, assim como 
outras numerosas espécies da entomofauna. 
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Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização 45
 
CI: coloração lilás claro dos capítulos durante sua formação; volumetria e arquitetura das capitulescências; 
coloração bordô dos ramos jovens o que confere combinação interessante com o verde claro das folhas 
e o branco das flores.
Papel que desempenha na composição: secundária.
Distribuição das plantas no espaço: repetitivas ou em pequenos grupos.
Usos paisagísticos: 
UA: como atrativo para 
a visitação de diversas 
espécies da entomo-
fauna28, agregando 
diversas formas de vida 
no jardim, por vezes 
inclusive visitando a 
mesma capitulescência. 
UI: como espécie que 
traz aroma agradável 
ao jardim (interessante 
para espaços senso-
riais); para conferir 
diferente tonalidade 
de verde à composição 
(verde claro); sugerida 
para promoção de colo-
ração neutra no jardim, 
permeando composi-
ções coloridas e colabo-
rando para o descanso 
visual; para expressão 
do efeito

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