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Kaiane Oliveira – MR01 DERMATITES → Há 3 tipos principais de dermatite (eczema): o De contato; o Atópica; o Seborreica; CARACTERÍSTICAS COMUNS → Clínicas: prurido e hiperemia; → Lesões elementares: o Pápulas o Vesículas o Exsudatos – se refere ao conteúdo das lesões; o Crostas o Escamas – microcamadas da epiderme; o Liquenificação – espessamento de todas as camadas da pele HISTOPATOLOGIA → Fase aguda/subaguda: o Epiderme e derme papilar > Edema Intercelular > Afastamentos das células > Serosidade. o Edema intracelular e degeneração reticular (ruptura das células epidérmicas e formação de bolha multilocular); o Ruptura das pontes intercelulares > Vesículas intraepidérmicas > Vesículas clínicas > Crostas ▪ As vesículas intraepidérmicas ainda não são visíveis, mas se tornam pápulas e em seguida vesículas clínicas (visíveis); ▪ As crostas são formadas pelo conteúdo das vesículas ressecado; o Alteração da queratinização > paraceratose > Escamas. ▪ Paraceratose: permanência de núcleos achatados nas lâminas ceratínicas mais exteriores, cuja expressão clínica é a escama; ▪ As escamas marcam o início da fase subaguda; o Na derme > Vasodilatação e Edema> Eritema. ▪ Na derme papilar, há vasodilatação e edema, o que justifica o eritema. → Fase crônica: o Espessamento de todas as camadas > Liquenificação (coloração + pregas espessas); ▪ Hiperceratose, hipergranulosa e acantose irregular, acompanhado de ocorrência sutil de linfócitos; DERMATITE DE CONTATO → Inflamação causada pelo contato entre a pele e um agente exógeno, que pode ser: o Um alérgeno (provoca reação imunológica) ou um irritante (ácido ou base fraca); → Locais mais frequentes em mãos, pés, face e pescoço (áreas expostas); → Evolui por surtos, a cada exposição ao contactante; → Caráter ocupacional: padeiros, químicos, pintores, donas de casa o Anamnese é extremamente importante na investigação da substância causadora; → Classificação: Kaiane Oliveira – MR01 o Dermatite de contato por irritação primária (DCIP); o Dermatite alérgica de contato (DCA); o Dermatite de contato fototóxica; o Dermatite de contato fotoalérgica; DCIP – IRRITANTE PRIMÁRIO → Os irritantes podem ser absolutos (ácido ou base forte) ou relativos (ácido ou base fraca); → Quando o irritante é absoluto (ex: soda cáustica), o aparecimento da lesão é imediato, portanto, não é DCIP, mas lesão aguda; → Os irritantes relativos demandam exposição repetitiva para gerar lesão (horas, dias, meses e até anos) – são os causadores da DCIP; o Solventes, sabões, detergentes → eczema do lar; o Urina e fezes também são IP relativos → dermatite das fraldas; → A DCIP evolui em surtos conforme contato com a substância; → O prurido é discreto ou ausente; → Há maior risco de DCIP em menores de 20 anos, a irritabilidade tende a diminuir com a idade; → É a forma mais comum de doença ocupacional; → Testes de contato ou epicutâneos (Patch tests) são negativos; o Não há formação de anticorpo, apenas liberação de mediadores inflamatórios (interleucinas, fator de necrose tumoral). o A ativação dos linfócitos T não necessita de antígeno, de sensibilização prévia e memória imunológica. → Pesquisar na anamnese – uso de luvas, calor, lesão prévia na pele, baixa umidade (xerose) o Quebra da barreira cutânea favorece a penetração do irritante. o Espessura da pele como proteção – o dorso da mão muitas vezes é acometido primeiro (menor espessura). Escamas / Liquenificação DERMATITE DAS FRALDAS → Geralmente em crianças < 2 anos o Fezes + urina + resíduos de sabonetes e outros produtos; → Lesões mais intensas nas superfícies convexas o Dobras são poupadas; → Podem complicar com candidíase o Pele brilhante, com descamação fina; o Acomete as dobras, há presença de substância esbranquiçada, característica do fungo; o Lesões satélites pápulo-vesico-pustulosas; → Pode complicar também com infecções bacterianas e lesões ulceradas; DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA Kaiane Oliveira – MR01 → Contato com alérgeno; → Envolve sensibilização e reação imunológica tipo IV (imunidade celular); o Formação de linfócito T específico contra a substância contactante (antígeno); → Fase de indução ou sensibilização (via aferente): dura cerca de 15 dias; o Apresentação do antígeno ao sistema imunológico com a formação das células de memória; → Fase de elicitação (via eferente): 24 – 48h o Contato repetitivo com a substância promove a migração do linfócito previamente sensibilizado para o local do contato. o Não é uma reação imediata. DERMATITE DE CONTATO FOTOTÓXICA → Mesmo mecanismo da DCIP, porém a substância para se tornar irritante precisa ter sua estrutura modificada pela luz solar. o Eritema (vermelhidão) → edema → bolha → hiperpigmentação, nas áreas expostas a luz o Ex: Fitofotodermatose por limão DERMATITE DE CONTATO FOTOALÉRGICA → A reação imunológica tipo IV depende do fotoalérgeno e radiação solar. o Ex: anti-histamínico de uso tópico, perfumes DIAGNÓSTICO → Diagnóstico clínico (morfotopografia das lesões); → DCIP: exclusão da noxa (substância) suspeita → melhora → reexposição → recidiva; → DCA: teste de contato (Patch Test): o As lesões da DCA podem ultrapassar o local de contato e se estender a áreas distantes → fenômeno da autossensibilização; o Anti-histamínicos não falseiam o teste, já o uso de corticoide oral ou tópico sim, pois modulam a imunidade. C, D e E são positivos o (–) negativo o (+) discreto eritema com algumas pápulas o (++) eritema, pápulas e vesículas o (+++) intenso eritema, pápulas e vesículas confluentes. → Biópsia tem pouca utilidade pois só evidencia o eczema. CONDUTA → DX diferencial: dermatite seborreica, atópica e micoses superficiais Kaiane Oliveira – MR01 → Tratamento: o Afastar substâncias irritantes ou alergênicas; o Proteção da pele (ex: luvas) – quando não é possível afastar o agente causador; o Hidratante – recuperação da barreira cutânea; o Compressas úmidas com água boricada e corticoide tópico; o Corticoide oral por curto período em casos graves; * O uso de anti-histamínicos de primeira geração pode ser útil na redução do prurido, graças à sedação DERMATITE ATÓPICA → Doença inflamatória crônica da pele de causa multifatorial; o Hipersensibilidade tipo I (IgE com alvo específico na pele); o Herança poligênica + alterações imunológicas + fatores ambientais e eventualmente, fatores emocionais; → Evolui em surtos o tendência a melhorar com o passar dos anos; → Associação: asma e rinite; o Cerca de 30% dos pacientes com eczema atópico possuem asma ou rinite; → Marcador da doença: xerose cutânea (pele seca) associado ao prurido o Barreira cutânea disfuncional; o Barreira com maior tendencia a perda de água transepidérmica e diminuição de ceramidas 1 e 3. → Caráter hereditário - Hx familiar de atopia frequente; → Acomete 5 – 20% das crianças em todo o mundo e 1 – 3% dos adultos; o > incidência em áreas urbanas e países desenvolvidos – hipótese da higiene; o > frequência nas últimas décadas; → Pode ocorrer em qualquer idade após o 3º mês de vida – quando é atingida a maturidade imune para reações de IgE; o 85% antes dos 5 anos; o Somente 25% dos casos persistem na idade adulta; FATORES IMUNOLÓGICOS ENVOLVIDOS → Predomínio da resposta Th2 (humoral) na fase aguda e com a evolução se torna Th1; → Elevação de IgE principalmente quando presentes manifestações respiratórias; → Na pele do portador de DA, parece ocorrer um somatório de reações tipo I e tipo IV, que podem ser induzidas pelo mesmo antígeno – as lesões são típicas de reação tipo IV. → Depressão da imunidade celular o Infecções virais, bacterianas e fúngicas de repetição; → 75 – 90%: colonização por S. aureus– bactéria que já coloniza a pele naturalmente, mas nesse caso funciona com superantígeno, mantém a inflamação cutânea; QUADRO CLÍNICO → Tríade: xerose - prurido – eczema o O atrito da pele pelo ato de coçar aumenta a quantidade de neuropeptídeos e outros mediadores inflamatórios liberados pelos Kaiane Oliveira – MR01 queratinócitos e o ciclo prurido-coçagem-prurido é gerado e perpetuado. → Piora com a sudorese; → 03 estágios de acordo com a faixa etária: o Infantil: até 2 anos o Pré-puberal: 2 – 12 anos o Adolescência e adulto: > 12 anos DERMATITE ATÓPICA INFANTIL → A partir do 3º mês de vida; → Poupa o centro da face; → Erupção vésico-crostosa em face, couro cabeludo e região extensora dos membros (joelho, cotovelo); → Não há liquenificação, a despeito da coçadura; → Complicação mais frequente: infecção secundária; → Irritabilidade e agitação; DERMATITE ATÓPICA PRÉ -PUBERAL → Pode ser continuação do eczema infantil ou não; → Surtos de agudização; → Placas liquenificadas com escoriações e crostas; → Regiões de dobras como fossas poplíteas, cubitais, punhos, tornozelos, dorso das mãos e pés – regiões flexoras; → Infecção secundária incomum; DERMATITE ATÓPICA DO ADULTO → Placas liquenificadas e descamativas; → Prurido intenso; → Áreas de flexão: cervical, antecubital, poplítea além dos punhos, mãos, mamilos, perioral e periorbital; → Infecção infrequente; DIAGNÓSTICO → Deve contemplar 3 critérios maiores e 3 menores (critérios de Hanifin e Hajka): → Sinal de Hertogue: rarefação do terço distal da sobrancelha; → Sinal de Dennie-Morgan: dupla prega infraorbitária; → Quielite: inflamação do canto da boca; → Ptiríase alba: macha hipocrômica sem descamação; → Dermografismo branco: pele fica hipocrômica com pressão; → Ictiose: descamações com lâminas grandes; Kaiane Oliveira – MR01 → Queratose pilar: produção excessiva de queratina, que acaba por se acumular nos folículos pilosos; → Diagnóstico diferencial: o Dermatite seborreica; o Dermatite de contato; o Micoses superficiais; o Psoríase; o Escabiose; TRATAMENTO → Orientar os pais sobre caráter crônico e recorrente; → Cortar as unhas; → Afastar agravantes como: lã, sabões além da área de higiene, roupas sintéticas e etiquetas, banhos quentes e demorados, sudorese. → Hidratação cutânea; → Tratar infecção secundária, se houver; → Corticoides tópicos; o Corticoide se usado em pele sem lesão e de forma inadequada: efeitos adversos como acne, estrias, hipopigmentação, telangiectasias e atrofia da pele. → Imunomoduladores tópicos; → Anti-histamínicos Orais; → Imunossupressores para casos de difícil controle; DERMATITE SEBORREICA → Doença inflamatória crônica de causa desconhecida Participação de fungos do gênero Malassezia + alteração qualitativa do sebo; o A patogênese não é inteiramente conhecida; → Predileção por áreas ricas em glândulas sebáceas o Centro da face, couro cabeludo, intermamárias, pavilhão auricular externo, áreas intertriginosas; → Curso crônico e recorrente; FATORES AGRAVANTES → Calor; → Umidade; → Estresse físico ou emocional; → Drogas: arsênio, ouro, metildopa, cimetidina, neurolépticos, álcool; → HIV, Doença de Parkinson, diabetes, obesidade o Prevalência de DS é de cerca de 35% em pacientes com infecção pelo HIV e acima de 85% dentre os pacientes com SIDA. o A medicação para Parkinson (dopamina) aumenta produção de sebo; → Alimentos condimentados. INCIDÊNCIA → Homens são mais acometidas que mulheres – questões hormonais; → Incidência Bimodal (tem picos em duas idades): Kaiane Oliveira – MR01 o Lactentes: 1ª sem de vida (primeiros 3 meses), produzida pelo estímulo dos andrógenos maternos. ▪ Pode haver infecção secundária por bactérias ou leveduras ▪ Área das fraldas pode ser acometida o Adultos: 4ª e 6ª décadas de vida ▪ HIV: lesões extensas; ▪ Deve-se considerar a possibilidade de infecção pelo HIV nos casos mais intensos e abruptos ou não responsivos ao tratamento; QUADRO CLÍNICO → Placas eritematodescamativas com “escamas” branco- amareladas, graxentas e aderidas; → “Crosta láctea” em bebês – escamas aderidas da dermatite seborreica no couro cabeludo do bebê; → Prurido discreto, bem menor que na atópica; TRATAMENTO → Objetivo: controlar inflamação, diminuir população fúngica e controle da oleosidade; → Lactente: Limpeza e aplicação de emolientes. o Cetoconazol 2% e corticoide tópicos para casos mais graves → Adulto: Xampus e cremes antifúngicos, corticoide tópico e emolientes RESUMO → Dermatites: o Dermatite de contato: ▪ Dermatite de contato por irritante primário (DCIP); • Eczema de contato • Dermatite das fraldas – pode complicar com candidíase; • Fototóxica ▪ Dermatite alérgica; • Fotoalérgica o Dermatite atópica; o Dermatite seborreica – pode acometer também a área das fraldas.
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