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HISTOPATOLOGIA DAS AFECÇÕES ÓSSEAS

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histopatologia das afecções ósseas
· A matriz óssea é composta por um componente orgânico conhecido como osteoide (colágeno tipo 1) (35%) e por um componente mineral (65%).
· A matriz óssea é sintetizada em uma das duas formas histológicas, reticular (feto e fratura) ou lamelar.
· Osteoblastos = localizados na superfície da matriz, sintetizam, transportam e depositam a matriz óssea e regulam a sua mineralização.
· Osteócitos = localizados no interior do tecido ósseo, estão interligados por canalículos. Auxiliam no controle dos níveis de cálcio e fosfato, na detecção das forças mecânicas e na sua tradução em termos de atividade biológica — um processo denominado mecanotransdução.
· Osteoclastos = localizados na superfície do osso, são macrófagos multinucleados (reabsorção do tecido ósseo). 
remodelação óssea
· A remodelação ocorre na unidade multicelular básica (ou do osso) (UMB), que consiste em uma unidade que apresenta tanto atividade osteoblástica quanto osteoclástica na superfície óssea.
· Os eventos na UMB são regulados por interações célula-célula e citocinas. 
· (1) o receptor transmembranar ativador do NF-κB (RANK), que é expresso em precursores de osteoclastos; 
· (2) o ligante de RANK (RANKL), que é expresso em osteoblastos e células estromais da medula; 
· (3) a osteoprotegerina (OPG), um receptor “chamariz” secretado e produzido por osteoblastos, que pode bloquear a interação de RANK com RANKL. 
· A reabsorção óssea ou a formação óssea podem ser favorecidas pela alteração da razão RANK-OPG. 
· Os fatores sistêmicos que afetam esse equilíbrio incluem os hormônios, a vitamina D, as citocinas inflamatórias (p. ex., IL-1) e fatores de crescimento (p. ex., fatores morfogenéticos ósseos). 
· Os mecanismos são complexos, porém o hormônio paratireoidiano (PTH), a IL-1 e os glicocorticóides promovem a diferenciação dos osteoclastos e a remodelação óssea. Em contraste, as BMPs e os hormônios sexuais (estrogênio, testosterona) geralmente bloqueiam a diferenciação ou atividade dos osteoclastos, por meio da indução da expressão de OPG.
Doenças congênitas do tecido ósseo e do tecido cartilaginoso
· As anomalias congênitas podem resultar de problemas localizados na migração e condensação do mesênquima (disostose) ou da desorganização global do osso e/ou cartilagem (displasia).
· As alterações genéticas que afetam genes homeobox, citocinas e receptores de citocinas são especialmente comuns entre as disostoses. 
· As displasias surgem a partir de mutações em genes que controlam o desenvolvimento ou a remodelação de todo o esqueleto.
· Acondroplasia = autossômica dominante, mutação FGFR3, apresentam as extremidades proximais reduzidas, um tronco de tamanho relativamente normal e uma cabeça alargada com um abaulamento da testa, além de uma depressão conspícua na raiz do nariz.
· Displasia tanatofórica = forma letal de nanismo, mutação FGFR3.
· Osteogênese imperfeita = deficiência na síntese de colágeno tipo 1, autossômica dominante, esqueleto frágil, esclera azul.
· Osteopetrose = reabsorção óssea reduzida e esclerose esquelética simétrica difusa (osteoclastos), ossos duros, mas quebradiços, mutações em CA2 e TCIRG1.
doenças adquiridas
OSTEOPOROSE
· O termo osteopenia refere-se à diminuição da massa óssea, enquanto a osteoporose é definida como uma osteopenia que é suficientemente grave para aumentar significativamente o risco de fratura.
· Redução dos osteoblastos com a idade
· A redução do estrogênio pode aumentar a secreção de citocinas inflamatórias pelos monócitos. Essas citocinas estimulam o recrutamento e a atividade dos osteoclastos, por meio do aumento dos níveis de RANKL, da redução da expressão de OPG, da diminuição da proliferação de osteoclastos e ainda evitando a apoptose dos osteoclastos. Citocinas como a IL-6, TNF-α e IL-1 também foram implicadas na osteoporose pós-menopausa, de forma independente ou como facilitadores da sinalização de estrogênio.
· Na osteoporose pós-menopausa, o aumento da atividade dos osteoclastos afeta principalmente ossos ou partes de ossos que possuem uma área superficial maior, como o compartimento esponjoso dos corpos vertebrais.
doença de paget
· A doença de Paget é uma condição caracterizada por uma quantidade de tecido ósseo aumentada, porém desorganizado e estruturalmente fraco.
· Esta doença esquelética única pode ser dividida em três fases sequenciais: (1) um estágio osteolítico inicial, (2) um estágio misto osteoclástico-osteoblástico, que termina com uma predominância da atividade osteoblástica e evolui para (3) um estágio final osteoesclerótico quiescente de aparente exaustão da atividade celular. 
· As mutações aumentam a atividade de NF-κB, o que, por sua vez, aumenta a atividade dos osteoclastos.
· Sua característica patognomônica, observada na fase esclerótica, é o padrão em mosaico do osso lamelar.
fraturas
· Imediatamente após a fratura, a ruptura dos vasos sanguíneos resulta em um hematoma, que preenche o espaço da fratura e envolve a área da lesão óssea. O sangue coagulado possuiu uma malha de fibra, selando o local da fratura e criando um arcabouço tridimensional para o influxo de células inflamatórias e crescimento de fibroblastos e novos capilares. Simultaneamente, as plaquetas degranuladas e as células inflamatórias migradas secretam PDGF, TGF-β, FGF e outros fatores que ativam as células osteoprogenitoras no periósteo, na cavidade medular e nos tecidos moles circundantes, estimulando a atividade osteoclástica e osteoblástica.
· Ao final da primeira semana, uma massa de tecido predominantemente não calcificado — chamado calo mole ou calo provisório — fornece certa fixação entre as extremidades dos ossos fraturados. Após aproximadamente duas semanas, o calo mole é transformado em um calo ósseo. As células osteoprogenitoras ativadas depositam tecido ósseo reticular.
· À medida que o calo amadurece e é submetido às forças de sustentação de peso, as suas partes que não são fisicamente estressadas são reabsorvidas. Essa remodelação reduz o tamanho do calo até que a forma e o contorno do osso fraturado sejam restabelecidos por osso lamelar. O processo de reparo estará completo com a restauração da cavidade medular.
osteonecrose
· A osteonecrose refere-se ao infarto (necrose isquêmica) das células do osso e da medula.
· Os três mecanismos suspeitos de provocar osteonecrose são a ruptura mecânica de vasos, a oclusão trombótica e a compressão extravascular.
osteomielite
· A osteomielite pode ser uma complicação de qualquer infecção sistêmica, porém frequentemente se manifesta como um foco primário solitário da doença. Todos os tipos de microorganismos, incluindo vírus, parasitas, fungos e bactérias, podem causar osteomielite, mas as infecções por certas bactérias piogênicas e micobactérias são as mais comuns.
· Os microorganismos podem atingir o osso por (1) disseminação hematogênica, (2) extensão a partir de um local contíguo e (3) implantação direta após fraturas expostas ou procedimentos ortopédicos.
· O Staphylococcus aureus é responsável por 80% a 90% dos casos de osteomielite piogênica.
· Na fase aguda, as bactérias se proliferam e induzem uma reação inflamatória neutrofílica. A necrose das células ósseas e da medula ocorre nas primeiras 48 horas. As bactérias e a inflamação se espalham longitudinalmente e radialmente por todo o sistema de Havers até atingir o periósteo. Em crianças, o periósteo se encontra fracamente fixado ao córtex. Portanto, abscessos subperiósticos relativamente grandes podem se formar e ainda se estender por longas distâncias ao longo da superfície óssea. O deslocamento do periósteo prejudica ainda mais o suprimento de sangue para a região afetada, contribuindo para a necrose. O tecido ósseo morto é denominado sequestro.
· Após a primeira semana, as células inflamatórias crônicas secretam citocinas que estimulam a reabsorção óssea osteoclástica, o crescimento de tecido fibroso e a deposição de tecido ósseo reativo na periferia. O osso neoformado pode formar uma capa de tecido vivo, denominado invólucro, ao redor do segmentode osso infectado desvitalizado. Os achados histológicos da osteomielite crônica são mais proteicos, no entanto incluem tipicamente a fibrose da medula, sequestro e um infiltrato inflamatório de linfócitos e plasmócitos.
neoplasias
Osteoma
· Homens jovens
· Massas de formato arrodondado a oval, de tecido acastanhado de aparência arenosa e hemorrágica. Eles são bem circunscritos e compostos por trabéculas delicadas interconectadas de modo aleatório de osso reticular que são delimitadas de modo saliente por uma única camada de osteoblastos.
· O estroma ao redor do osso neoplásico consiste em tecido conjuntivo frouxo com muitos capilares dilatados e congestos. O tamanho relativamente pequeno, as margens bem definidas e as características citológicas benignas dos osteoblastos neoplásicos auxiliam na sua distinção do osteossarcoma. 
· Os osteomas osteoides induzem a formação de uma grande quantidade de osso reativo, que circunda a lesão.
osteossarcoma
· O osteossarcoma é um tumor maligno que produz matriz osteoide ou osso mineralizado.
· Os osteosarcomas apresentam-se como massas dolorosas, de crescimento progressivo. Às vezes, uma fratura patológica é o primeiro indício da doença.
· Vale ressaltar que os osteossarcomas atingem seu pico de incidência na época do impulso de crescimento da adolescência e ocorrem com maior frequência na região da placa de crescimento nos ossos de crescimento mais rápido. O aumento da proliferação nesses locais pode predispor ao desenvolvimento do osteossarcoma.
· Os osteosarcomas são tumores volumosos de coloração cinza-esbranquiçada e de aparência arenosa e muitas vezes possuem áreas de hemorragia e degeneração cística.

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