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Documento Técnico: Cálculo e Seleção de Correias Transportadoras Autor: Giovane Silva Revisão: 0 17 de julho de 2022 Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 2 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Sumário 1. Introdução ........................................................................................................................................... 3 2. Material a transportar e sua condição ................................................................................................ 3 3. Definição da Largura Mínima da Correia Transportadora ................................................................ 10 4. Velocidade do transportador em função da largura da correia ........................................................ 11 5. Cálculo da Quantidade de Material Transportado ............................................................................ 12 6. Cálculo da Potência de Acionamento ................................................................................................ 16 7. Cálculo da Tensão de Acionamento .................................................................................................. 20 8. Cálculo da Classe de Resistência da Correia Transportadora............................................................ 23 8.1 Definição do Tipo de Material de Reforço e do Número de Telas da Carcaça .............................. 24 8.2 Construções mais utilizadas ........................................................................................................... 27 9. Conclusão ........................................................................................................................................... 29 10. Referências ..................................................................................................................................... 29 11. Controle de revisões ...................................................................................................................... 30 Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 3 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos 1. Introdução Sem pretender desenvolver uma teoria exaustiva sobre o projeto de instalações para transporte de materiais, vamos apresentar, de uma forma sucinta e acessível, as fases de cálculo e dimensionamento de correias transportadoras. A seleção de uma correia transportadora envolve, normalmente, uma das seguintes situações: 1. Trata-se de substituir uma correia transportadora numa instalação já existente; 2. Trata-se do projeto de uma nova instalação. No primeiro caso, as características da correia transportadora já são conhecidas, nomeadamente a sua largura, o seu perímetro, o tipo e o número de telas e a espessura e qualidade dos revestimentos. Se o tipo e o número de telas não são conhecidos, será necessário conhecer a potência do motor de acionamento e a velocidade da correia transportadora, a fim de definir a constituição dessa estrutura resistente. No segundo caso, é necessário saber qual o material a transportar, a sua granulometria e demais características (densidade aparente, abrasividade, ângulo de repouso, ângulo de sobrecarga e a inclinação máxima do transportador para diferentes velocidades de transporte), a quantidade de material a transportar, em Ton/hora (ou em m3/hora), a localização dos pontos de carga e de descarga bem como a diferença de nível entre estes dois pontos. O conhecimento de todos estes elementos permite definir o traçado do sistema transportador, a largura da correia e a sua velocidade e, posteriormente, a potência do motor de acionamento, as características dos elementos de suporte, as características da correia transportadora e, finalmente, a tensão a aplicar. Vamos ver, em seguida, as diferentes fases do projeto. 2. Material a transportar e sua condição Conhecido o material a transportar, a sua granulometria e a sua condição (seco, húmido). No Quadro 01 são indicadas as características, para efeito de transporte, de cerca 130 diferentes materiais, muitos deles apresentando-se com diferentes granulometrias e diferentes condições. São indicados: densidade aparente, ângulo de repouso, ângulo de sobrecarga e ângulo de inclinação máxima de transporte para determinada velocidade de transporte e a abrasividade. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 4 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 5 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 6 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 7 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 8 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 9 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 10 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Quadro 01 – Características dos Materiais 3. Definição da Largura Mínima da Correia Transportadora A largura mínima da correia transportadora é dependente da granulometria do material a transportar, como se pode verificar na Figura 1, a qual mostra as larguras mínimas recomendadas para materiais de granulometria uniforme e materiais contendo partículas de maior dimensão em mistura com partículas mais finas. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 11 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Figura 1 – Largura da correia transportadora em função da granulometria do material 4. Velocidade do transportador em função da largura da correia Na Figura 2 mostra-se a relação de velocidade da correia transportadora, em m/s, com a sua largura, em mm, para diferentes tipos de materiais. Já conhecedores da largura mínima da correia transportadora e das características do material a transportar, fica a conhecer-se a velocidade de operação, em m/s. Figura 2 – Velocidade do transportador em função da largura da correia Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 12 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos 5. Cálculo da Quantidade de Material Transportado Com os elementos já conhecidos, relativos ao material a transportar (a sua densidade aparente, d), a largura mínima da correia transportadora (b) e a sua velocidade de operação (v), estamos aptos a calcular a quantidade de material transportado por hora. Mais geralmente o sistema de apoio de uma correia transportadora é constituído por um rolete, dois roletes, três roletes ou por cinco roletes (disposição de Garland), como se pode verificar na Figura 3. Os sistemas de dois roletes podem operar com diferentes ângulos de inclinação; geralmente 20º e 30º. Nos sistemas de três roletes, o rolete central está na posição horizontal e os roletes laterais possuem uma inclinação de 20º, 30º ou 45º. Nos sistemas com cinco roletes, o rolete central está na posição horizontal; seguem-se roletes inclinados de 30º e os roletes superiores inclinados a 45º ou 60º. Figura 3 – Sistemas de apoio típicos de correias transportadoras Vamos admitir que a correia trabalha apoiada num sistema de três roletes, com um comprimentow, em que os rolos exteriores possuem uma inclinação de 45º (ângulo a) (Figura 4). Vamos admitir também que a correia possui a largura B, que o material transportado possui um ângulo de sobrecarga b, e que Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 13 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos a largura máxima do material na secção de carga é b. A medida x corresponde ao comprimento de correia em contacto com o material no rolete lateral. Vamos ainda designar por A1 a área da secção transversal de carga que corresponde ao ângulo de sobrecarga be A2 a área da secção transversal de carga situada por debaixo da área A1.A secção transversal de carga é, naturalmente A = A1 + A2. Vamos considerar, para efeitos de cálculo, as seguintes relações: • b = 0,9.B – 50 (grandezas em milímetros), para correias transportadoras com largura ≤ 2000 mm, e: • b = B – 250 (grandezas em milímetros), para correias transportadoras com largura> 2000 mm. Figura 4 – Secção transversal de carga, num sistema de apoio com três roletes Vamos efetuar a comparação dos valores da secção transversal de carga para os diferentes sistemas de apoio, para uma correia transportadora com 1000 mm de largura, que transporta um material que apresenta um ângulo de sobrecarga de 15º. No Quadro 2 indicam-se as dimensões dos roletes, para as várias configurações e para diferentes larguras das correias transportadoras. As larguras dos roletes para as várias disposições, para a correia transportadora com 1000 m de largura que vamos considerar, são as seguintes: • Correia apoiada num rolete: 1150 mm; • Correia apoiada em dois roletes: 600 mm; • Correia apoiada em três roletes: 380 mm; • Correia apoiada em três roletes (disposição profunda): 250 mm; • Correia apoiada em cinco roletes: 205 mm. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 14 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Vamos então calcular as áreas das secções transversais de carga para os vários tipos de sistemas de apoio da correia transportadora e efetuar a comparação do ponto de vista de capacidade de transporte das várias disposições, as quais se mostram no Quadro 3. Nota (1) – Considerou-se como secção transversal base de comparação, a secção correspondente à disposição de suporte com três rolos com os roletes laterais a 30º, a qual é uma disposição muito utilizada. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 15 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos A quantidade de material transportado por hora obtém-se com a seguinte expressão: Sendo: Q – A quantidade de material transportado, em Ton/hora; A – A secção transversal de carga, em metros quadrados; V – A velocidade do transportador, em metros por segundo; D – A densidade aparente do material transportado, em Ton/m3; K’ – Um coeficiente que depende do ângulo de inclinação do transportador e que tem os valores indicados no Quadro 4. Depois de efetuado o cálculo, se a quantidade de material transportado por hora for inferior à quantidade pretendida, será considerada uma largura de correia superior e/ou aumentar a sua velocidade, desde que se situa no campo adequado da Figura 2. O cálculo deve então ser repetido para verificação. Caso a quantidade seja superior ao desejado, deve reduzir-se à velocidade de operação, já que a largura previamente selecionada da correia transportadora é a mínima para o tipo de material a Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 16 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos transportar. De qualquer forma, o cálculo deve ser sempre repetido para verificação. Por razões de economia, sempre se procurará utilizar uma correia transportadora mais estreita e que opere a uma velocidade mais elevada, compatíveis com o tipo de material e com processos de carga e descarga satisfatórios. 6. Cálculo da Potência de Acionamento A Potência de Acionamento P resulta da soma de três parcelas P1, P2 e P3, as quais correspondem, respectivamente, às potências necessárias para: • O funcionamento da correia transportadora em vazio; • O deslocamento horizontal da carga; • O deslocamento vertical da carga. Potência P1 para o funcionamento da correia transportadora em vazio Esta potência é proporcional a um coeficiente C, que é função do comprimento da correia transportadora (ver Quadro 5), ao coeficiente de atrito f (ver Quadro 6), à distância entre eixos do transportador L, à velocidade da correia transportadora, v, e a um coeficiente Mv, que é função do peso de partes móveis existente por metro linear de estrutura do sistema transportador. Assim, temos: Sendo Pc o peso por metro linear de correia transportadora, δ o ângulo de inclinação do sistema transportador e M o peso de partes móveis (ver Quadro 5). Com o valor de P1 em CV. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 17 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos No Quadro 6 são indicados os valores para os coeficientes de atrito f, para três condições de trabalho da instalação. No Quadro 7 indicam-se os valores do coeficiente M, que são, afinal, os valores médios dos pesos das partes móveis, por metro de transportador, em kg/m, em função da largura da correia e do tipo de serviço para que o transportador foi projetado (serviço leve, serviço moderado, serviço pesado e serviço pesado com correias com reforço de aço). Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 18 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Potência P2 para o deslocamento horizontal da carga Esta potência é proporcional a um coeficiente C, que é função do comprimento da correia transportadora (ver Quadro 5), ao coeficiente de atrito f (ver Quadro 6), à distância entre eixos do transportador L, à quantidade de material transportado Q em Ton/hora, e ao cosseno do ângulo de inclinação δ do sistema transportador. Assim, temos: Com o valor de P2 em CV. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 19 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Potência P3 para o deslocamento vertical da carga Esta potência é proporcional à quantidade de material transportado Q, em Ton/hora, e ao desnível H existente entre os extremos do sistema transportador. Este, por sua vez, está relacionado com a distância entre eixos L e com ângulo de inclinação δ (H = L x sen δ ): Com o valor de P3 em CV. Refira-se que o valor de P3 é positivo para transportadores ascendentes e negativo para transportadores descendentes. Conhecidos os valores para P1, P2 e P3, a sua soma dará o valor de P, a potência total necessária para acionar o sistema transportador: Ao definir-se a potência do motor a utilizar deve entrar-se em linha de conta com o rendimento h do dispositivo de acionamento, podendo considerar-se os seguintes valores: • Para transmissões por engrenagens retas, h = 0,90 a 0,95; • Para transmissões com engrenagens helicoidais, h = 0,60 a 0,90. Então, a potência real do motor de acionamento PM, deverá ser: No Quadro 8 são indicadas as potências dos motores geralmente comercializados. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 20 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos 7. Cálculo da Tensão de Acionamento A tensão efetiva Tef, em Kgf, a que a correia fica sujeita pode calcular-se pela seguinte expressão: Em que P e v possuem o significado já atrás descrito. Para que a correia não escorregue ou deslise sobre os tambores, é necessário que no troço de retorno exista uma tensão TR que satisfaça a condição de Eytelwein-Euler: U é o chamado fator de acionamento. Na expressão de U, e é a base exponencial, μ é o coeficiente de atrito entre a correia e a polia de acionamento e θ é o ângulo de contactoda correia transportadora com a polia de acionamento. Portanto, este valor é função do tipo de tambores utilizados – por exemplo, polias de aço liso ou polias revestidas com borracha, aos quais correspondem diferentes coeficientes de atrito e é, por outro lado, função do ângulo de contacto da correia transportadora com as polias de acionamento, portanto função do tipo de acionamento utilizado e é também função do sistema tensor utilizado. Na Figura 5 são mostrados alguns sistemas de acionamento. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 21 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Figuras 5 – Alguns tipos de sistemas de acionamento Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 22 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Os valores de U são indicados no Quadro 9, para sistemas de acionamento direto, sistemas de acionamento direto com polia de encosto e para sistemas de acionamento duplo (dual e em tandem). A tensão do troço mais tenso da correia transportadora (que corresponde ao troço carregado – Figura 6) ou tensão de acionamento TA, em kg, tem o seguinte valor: Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 23 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Figura 6 – Tensões na correia transportadora nos troços em carga e no retorno 8. Cálculo da Classe de Resistência da Correia Transportadora Conhecida a tensão de acionamento TA, pode calcular-se a tensão de serviço TS, pela seguinte expressão: Sendo: TS – Tensão de serviço (em kgf/cm ou kgf/mm ou N/cm ou N/m ou kN/m); TA – Tensão de accionamento, em kgf; S – Factor de segurança; b – Largura da correia, em mm Para correias transportadoras de carcaça têxtil (exceto poliamida), o valor do fator de segurança normalmente considerado, é de 10; em instalações, em que as condições de trabalho são extremamente severas, pode ser considerado um fator de segurança mais elevado, todavia sem exceder o valor de 12. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 24 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Para correias transportadoras de carcaça em poliamida, o valor do fator de segurança normalmente considerado, é de 8; em instalações, em que as condições de trabalho são extremamente severas, pode ser considerado um fator de segurança mais elevado, todavia sem exceder o valor de 10. Para correias transportadoras com carcaça em aço, o fator de segurança pode variar entre 5 e 8 (6,67 é o valor correntemente utilizado a nível mundial); em instalações, em que as condições de trabalho são extremamente severas, pode ser considerado um fator de segurança mais elevado, todavia sem exceder o valor de 10. O valor encontrado para a tensão de serviço define a classe de resistência da correia transportadora e define, de certo modo, o tipo de reforço a utilizar. Na Figura 7 mostram-se as faixas de utilização dos diversos tipos de materiais de reforço em função das classes de resistência, expressas em kN/m. Figura 7 – Tipos de materiais de reforço e classes de resistência 8.1 Definição do Tipo de Material de Reforço e do Número de Telas da Carcaça A classe de resistência da correia transportadora define, de certo modo, o tipo de material de reforço. Alguns dos fatores que são decisivos na sua seleção, são os seguintes: • A largura da correia transportadora; Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 25 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos • As condições de serviço da correia transportadora, nomeadamente o seu nível de manutenção, o sistema de carga, impacto do material a transportar na fase de carga e frequência de arranques; • O tipo de material a transportar, nomeadamente a sua granulometria e abrasividade; • A tensão máxima em que opera a correia transportadora (tensão em regime estacionário, picos de tensão); • Um elevado número de telas diminui a flexibilidade da correia transportadora; a redução da sua flexibilidade transversal pode comprometer a utilização de elevados ângulos de abaulamento; • Um outro fator não menos importante é o seu custo. Selecionado o material da carcaça e conhecida que é a classe de resistência, seleciona-se o tipo de tela têxtil (se for o caso) e com o auxílio do gráfico da Figura 8 pode determinar-se o número de telas a utilizar. No eixo das abcissas representa-se a resistência das telas (estão indicadas classes de resistências, nomeadamente para telas do tipo EP, PP e EE, telas de Rayon, telas de algodão e telas mistas de algodão com fibras sintéticas (poliéster e/ou poliamida). Face à menos sensibilidade da representação gráfica para as telas de algodão e algumas telas mistas, o gráfico representado na Figura 9 é uma ampliação da zona 0-140 kN/m (resistência das telas) / 0-1200 kN/m (classe de resistência da correia transportadora), do gráfico mostrado na Figura 7. Figura 8 – Gráfico para determinação do número de telas de algodão, telas mistas, telas EP, telas NN e telas EE Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 26 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Figura 9 – Gráfico para determinação do número de telas (para telas de menor resistência – telas de algodão, telas mistas e telas de rayon) Para telas do tipo retilínea, cordas ou cabos de aço, pode ser utilizada a representação gráfica mostrada na Figura 10 a qual pode dizer-se, que é quase desnecessária, pois, como se sabe, é utilizada apenas uma tela de teia retilínea, uma tela de corda ou uma fiada de cabos de aço, exceto no caso das telas de teia retilínea em que podem ser utilizadas duas telas. As diversas classes de resistência de cabos de aço são indicadas sobre a linha azul. As classes de resistência dos restantes materiais (telas de teia retilínea ou cordas) podem ser lidas na escala do eixo das abcissas. Terá sempre de ser utilizado o material de reforço que possua uma classe de resistência igual ou imediatamente superior à classe de resistência calculada. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 27 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Figura 10 – Gráfico para determinação do número de telas EPP, DPP e telas de aço (telas de teia retilínea, telas de corda e cabos de aço) 8.2 Construções mais utilizadas Telas de Algodão As telas de algodão possuem, atualmente, uma utilização relativamente reduzida (da ordem dos 5%, como atrás referimos). As correias transportadoras produzidas com este material de reforço podem ter 2 a 10 telas. Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 28 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Telas mistas Algodão com Poliéster e ou Poliamida As telas mistas de algodão com poliéster e/ou poliamida são utilizadas em construções com 2 a 10 telas, permitindo obter maior resistência do que as telas 100% algodão, como seria de esperar, possibilitando a sua utilização no fabrico de correias transportadoras de classe de resistência mais elevada. Telas Poliéster/Poliamida (EP), Poliéster/Poliéster (EE) e Poliamida/Poliamida (PP) As correias transportadoras fabricadas com estes tipos de materiais de reforço possuem normalmente, entre 2 e 8 telas. As construções mais utilizadas são indicadas no Quadro 36. Telas do tipo Teia Retilínea EPP e DPP (Straight-warp) Este tipo de construção de telas, porque não apresenta crimp dos fios de teia, possui uma maior rigidez na direção longitudinal, o que implica a utilização de polias de maior diâmetro. Este tipo de material de reforço proporciona, naturalmente, alongamentos muito baixos, o que é vantajoso nalgumas aplicações (correias transportadoras utilizadas em minas, para transporte de rochas muito duras). A construção clássica de correias transportadoras com telas deste tipo possuiapenas uma tela. Contudo, há fabricantes que oferecem construções com duas telas deste tipo, o que aumenta ainda mais a sua rigidez longitudinal. Este tipo de correias transportadoras utiliza, necessariamente, polias de maior diâmetro, como se verá quando abordarmos este tema. Telas em Aço com Teia Retilínea (SW − Straight-Warp); Telas de Cord de Aço (Steel Cord); Telas em Cord de Aço com Trama de Aço ou Têxtil; Correias Transportadoras com Cabos de Aço (Steel Cables); Tecido Sólido (Solid Woven); Telas de Cord de Fibra de Vidro (Glass Fiber Cord) e Telas em Fibras de Vidro (Glass Fibre Fabrics) Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 29 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos Na construção de correias transportadoras com materiais deste tipo é apenas utilizada uma tela ou uma fiada de cabos de aço. 9. Conclusão Além da metodologia para o cálculo das partes mecânicas do transportador de correia, ainda há todo o projeto de diversos itens de caldeiraria tais como: chutes de descarga e alimentação, cobertura sobre a correia, caixa de lastro ou contra peso do sistema de esticamento, proteções para partes girantes como tambores e eixos diversos. Outra parte importante do dimensionamento é a das estruturas metálicas correspondentes a colunas, pontes treliçadas, galerias treliçadas, longarinas, bases de acionamentos, chassis de tambores e estruturas do sistema de esticamento e que vão depender muito da topografia onde o transportador de correia será instalado. Além disso, ainda teremos a especificação de dispositivos diversos como limpadores e raspadores, chaves e dispositivos elétricos diversos, etc. Espero que este documento técnico com base nas referências bibliográficas possa contribuir com os colegas de profissões e amigos que admiram e trabalha com correias transportadoras contínuas. 10. Referências ✓ CEMA, 2007, Conveyor Equipment Manufactures Association, “Belt Conveyors for Bulk Materials”, Proceedings of the Library of Congress Cataloging in Publication Data, United States of America. ✓ DIN 22101, 2002, “Continuous Conveyors - Belt Conveyors for Loose Bulk Materials - Basis for Calculation and Dimensioning”, Deutsches Institit fur Normung. ✓ Faço, 1988, “Manual de Transportadores de Correia”, Fábrica de Aço Paulista, Brasil ✓ NBR 8011, 1995 “Cálculo da Capacidade do Transportadores Correia”, Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, Brasil. ✓ https://www.ctborracha.com/ Cálculo e Seleção de Correia Transportadora 30 Giovane Silva - MEng. Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos 11. Controle de revisões Revisão Data Alterações 00 17/julho/2022 Emissão Inicial
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