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Apostila_SISTEMA-FINANCEIRO-NACIONAL

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SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
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Sumário 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 
SISTEMA FINANCEIRO .......................................................................... 5 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS INSTRUMENTOS NORMATIVOS DO 
SFN .................................................................................................................... 5 
ESCASSEZ – PROBLEMAS FUNDAMENTAIS ECONÔMICOS ............ 7 
RENDA, INVESTIMENTO E POUPANÇA ............................................... 8 
PRODUTO INTERNO E PRODUTO NACIONAL .................................. 10 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ..................... 11 
CONCEITOS E FUNÇÕES DA MOEDA ................................................ 12 
SISTEMA FINANCEIRO ........................................................................ 14 
CONHECENDO O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ...................... 15 
SUBSISTEMA NORMATIVO ................................................................. 17 
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) ..................................... 17 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BC OU BACEN) ................................ 18 
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) ................................ 18 
O SISTEMA MONETÁRIO NO BRASIL ................................................. 19 
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA CVM ............................................... 19 
SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) .............. 19 
SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (SPC) ............... 20 
BANCO DO BRASIL (BB) ...................................................................... 21 
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL 
(BNDES)........................................................................................................... 21 
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF) ................................................. 21 
SUBSISTEMA OPERATIVO OU INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ...... 22 
SISTEMA FINANCEIRO: FATORES FAVORÁVEIS À EFICIÊNCIA 
ALOCATIVA ..................................................................................................... 25 
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FUNÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO ............................................... 29 
DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO E CRESCIMENTO ECONÔMICO: 
EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ............................................................................... 32 
EVOLUÇÃO RECENTE DO SETOR BANCÁRIO ................................. 35 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Em finanças, denomina-se Sistema Financeiro um grupo de instituições 
que se dedicam ao trabalho de favorecer condições satisfatórias para a 
manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. Você está 
iniciando o estudo da disciplina Sistema Financeiro, dentro do curso de 
Administração, voltada para explicar as estruturas e operações do mercado 
financeiro. Para entendê-las, é importante rever alguns assuntos econômicos 
considerados fundamentais para a compreensão do estudo proposto. Esta 
primeira aula irá introduzir o conteúdo básico de economia com repercussões 
sobre os mercados financeiros. 
Para sua melhor compreensão, o seu conteúdo foi organizado em sete 
tópicos. O primeiro abordará o problema da escassez dos fatores de produção 
que nos remete ao estudo dos problemas fundamentais econômicos; ao ler você 
entenderá o “porquê” desta relação. No tópico dois, o estudo discorrerá para a 
compreensão e análise da curva de possibilidade de produção. Após, será 
apresentado o estudo do ponto de equilíbrio de mercado e sua relação com a 
formação do preço de um produto. Em seguida, serão abarcados os tipos de 
renda, os conceitos de investimento e poupança e as relações existentes entre 
esses itens. Nos tópicos cinco e seis serão apresentadas algumas variáveis 
macroeconômicas – PIB, PIL, PNB e PNL – e suas influências na avaliação do 
crescimento e do desenvolvimento econômico. E por fim, o tópico sete 
apresentará os conceitos e as funções da moeda. Assim, concluiremos a 
primeira aula que tem como meta abordar os fundamentos econômicos, assunto 
essencial para um melhor entendimento das funções e funcionamento do 
sistema financeiro. 
 
 
 
 
 
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SISTEMA FINANCEIRO 
 
Um sistema é um conjunto de elementos organizados. Esses elementos 
podem ser concretos – como coisas, pessoas e empresas – ou abstratos – como 
conceitos, regras e princípios. 
Dentro de um sistema, esses elementos se organizam a parar 
de determinada estrutura, a um de cumprir uma função específica. 
 Por isso, para entender o funcionamento do sistema financeiro brasileiro, 
é necessário compreender quais funções ele exerce na sociedade brasileira, 
além de por meio de qual estrutura e quais elementos isso 
é feito. Dentre as principais funções do SFN, destacam-se duas: 
(i) a prestação de serviços de gerenciamento de recursos e 
(ii) a intermediação financeira. 
A função de prestação de serviços de gerenciamento de recursos 
comporta uma série de facilidades que estão à disposição dos cidadãos e do 
governo graças à atuação das entidades que compõem o SFN. Dessas 
facilidades, podemos destacar: A existência de um sistema de pagamentos para 
transferência de recursos e arrecadação de tributos. 
O serviço de custódia (guarda) de valores, bens e títulos. 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS INSTRUMENTOS NORMATIVOS 
DO SFN 
Em 1964, com o advento da Lei 4.595, a qual dispõe sobre o Sistema 
Financeiro Nacional - SFN, foi criado o Conselho Monetário Nacional – CMN e o 
Banco Central do Brasil – BACEN. Esta mesma normativa prevê as normas 
operacionais e rotinas de funcionamento das entidades que fazem parte desse 
sistema. Até então, os responsáveis pela gestão da política monetária, de crédito 
e finanças públicas era o Ministério da Fazenda, Banco do Brasil – BB e a 
Superintendência da Moeda e do Crédito – SUMOC. Em 1965, foi publicada a 
Lei 4.728, a qual disciplina sobre o Mercado de Capitais. Segundo Assaf Neto 
(2001, p. 111), Mercado de Capitais [...] é o grande municiador de recursos 
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permanentes para a economia, em virtude da ligação que efetua entre os que 
têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de 
recursos de longo prazo, ou seja, apresentam 10 déficits de investimento. Em 
1976, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, por meio da Lei 6.385, 
com a finalidade de transferir do BACEN a responsabilidade de regulamentar e 
fiscalizar as atividades relacionadas ao mercado de valores mobiliários (ações, 
debêntures, entre outros). 
Neste mesmo ano, foi editada a Lei 6.404/76,que dispõe sobre as 
Sociedades Anônimas, com a finalidade de criar procedimentos para 
constituição das mesmas, como também a composição acionária, 
demonstrações financeiras, obrigações societárias, direitos e obrigações 
acionárias, enfim, melhorar, substancialmente, a legislação inerente às 
sociedades anônimas brasileiras, especialmente quanto à composição acionária. 
Em 2001, ocorreu alteração da Lei 6.404/76 por meio do instrumento legal 
denominado Lei 10.303. Aconteceu um melhoramento para os acionistas 
minoritários, causando maior segurança para o mercado financeiro, uma vez que 
os critérios, até então, não correspondiam aos padrões internacionais. Em 2007, 
ocorreu alteração substancial, com a publicação da Lei 11.638/2007 que teve 
por finalidade adequar aos padrões internacionais. 
E em seguida foi publicada a Lei 11.941/2009, com o mesmo objetivo, ou 
seja, adequar aos padrões internacionais. Para finalizar o histórico das principais 
leis que envolvem as instituições do SFN, foram demonstrados apenas os 
principais instrumentos legais que servem de base elementar para conhecimento 
do Sistema Financeiro Nacional. A nossa pretensão não é esgotar o assunto e 
sim subsidiar o estudo, por meio dos principais elementos normativos. Assim, 
não poderíamos deixar de mencionar, resumidamente, a Resolução do CMN n. 
3.040/02, que dispõe sobre requisitos e procedimentos para constituição, 
autorização para funcionamento, transferência de controle societário e 
reorganização societária. 
 
 
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ESCASSEZ – PROBLEMAS FUNDAMENTAIS ECONÔMICOS 
É por meio do conhecimento fundamental econômico que se cria uma 
percepção crítica do funcionamento do sistema financeiro, o que facilita o 
entendimento de diversas questões que envolvem investimentos, avaliação, 
riscos, retorno, entre outros itens. A economia estuda como o indivíduo e a 
sociedade devem empregar recursos produtivos limitados na produção de bens 
e serviços, de modo a distribuí-los entre os vários grupos da sociedade, para 
atender às necessidades humanas, que são ilimitadas. Toda sociedade 
econômica apresenta os chamados problemas econômicos fundamentais que 
são determinados pela lei da escassez. Eles são: o quê e quanto produzir, como 
produzir e para quem produzir. Em função da escassez dos FATORES D E 
PRODUÇÃO, a sociedade deverá decidir os produtos que serão produzidos e 
definir as respectivas quantidades. 
 A sociedade deverá escolher os recursos que serão empregados para a 
produção. Os produtores escolherão métodos eficientes ao menor custo 
possível. 
A sociedade terá de definir como os seus membros participarão da 
distribuição de bens produzidos. Neste momento, você pode estar se 
perguntando por que escolher com tanto cuidado o quê, quanto, como e para 
quem produzir. A necessidade da escolha se deve pela limitação de recursos. 
Caso a natureza oferecesse recursos em abundância e se a economia pudesse 
distribuir de forma ilimitada seus bens produzidos, os problemas fundamentais 
descritos não existiriam, as necessidades humanas estariam atendidas e não 
fariam qualquer diferença em relação à curva de oferta de qualquer produto; 
haveria eficiência na produção e distribuição dos bens e serviços aos vários 
indivíduos. Entretanto, os padrões de vida são regulados pelos chamados bens 
econômicos, que apresentam algum nível de escassez e valor na economia. Por 
meio desses bens, os indivíduos e a sociedade decidem sobre os produtos a 
serem consumidos. Quanto mais dinheiro se consome em vestuário, menos se 
gasta com moradia. Quanto mais os governos aplicam em estradas, menos 
recursos restarão para a saúde e a educação. Quanto mais o indivíduo e a 
sociedade consumirem hoje, menores serão suas capacidades de poupar, 
produzir e gerar riqueza. Logo, toda sociedade econômica deve decidir também 
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como os recursos devem ser alocados para a produção. Ou seja, ao optar pela 
produção de um determinado bem, há a renúncia natural pela produção de outro, 
o que caracteriza a LEI DA SUBSTITUIÇÃO. 
 
RENDA, INVESTIMENTO E POUPANÇA 
A renda é representada pelo somatório de todas as remunerações de um 
agente que participa do processo produtivo de uma determinada economia. 
Apresenta-se sob diversos tipos: renda interna, renda nacional, renda líquida do 
exterior e renda pessoal. 
A renda interna corresponde ao produto interno da economia. Representa 
o total das rendas geradas no interior do país a partir de salários, juros, aluguéis, 
lucros e outras remunerações que são auferidas pelos agentes econômicos em 
determinado período de tempo em função da participação no processo produtivo 
interno. A renda nacional é o somatório das rendas recebidas pelos indivíduos 
de uma nação. É determinada pelas transações produtivas externas e internas. 
A renda nacional pertence ao país, é igual ao produto nacional. 
Exemplificando, os lucros recebidos do exterior pertencem ao país recebedor, 
sendo assim considerados renda nacional. O contrário, lucros enviados para 
outras economias, são receitas geradas internamente, porém de propriedade de 
outros países, não sendo considerados renda nacional, e sim renda interna. 
A renda líquida do exterior é representada pela diferença entre os valores 
enviados e recebidos do exterior. Quando negativa, indica uma renda líquida 
enviada ao exterior, quando positiva representa um fluxo financeiro positivo 
proveniente do exterior. Renda total da sociedade 
A renda total da sociedade chama-se produto, de onde vêm os conceitos 
de Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto. Remuneração 
São exemplos de remuneração: 
• Salários 
• Juros sobre capital 
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 • Aluguéis de imóveis 
 • Lucros sobre capital investido 
A renda pessoal, conforme Assaf Neto (2006), é a renda efetivamente 
transferida às pessoas, e é calculada deduzindo-se, da renda nacional, 
as contribuições e benefícios previdenciários, Imposto de Renda sobre 
as pessoas jurídicas, os lucros retidos pelas empresas etc. O 
investimento, na economia, refere-se à aplicação de capital em 
alternativas que irão promover aumento da capacidade de produção 
de uma nação, possibilitando a geração de maiores riquezas. O 
investimento pode ser em BENS D E CAPITAL e em estoques. 
A poupança é a parcela da renda que não foi consumida na aquisição de 
bens e serviços, ou seja, parte da renda economizada pelos agentes 
econômicos. A poupança realimenta todo o processo produtivo por meio dos 
diversos instrumentos de intermediação do mercado de capitais. 
Os intermediários financeiros captam a poupança disponível e a 
reconduzem ao sistema produtivo da economia mediante diversas formas de 
créditos, contribuindo para a expansão do nível de investimento e oferta de bens 
e serviços. 
Noções gerais de economia limitam o crescimento da economia. São 
direcionados, nessa situação, menos recursos para investimentos produtivos, 
inibindo o crescimento do mercado. Nesses casos, os países recorrem 
normalmente à poupança externa como forma de financiar seu crescimento. 
É interessante acrescentar que a formação da poupança pela simples 
redução do consumo não promove, necessariamente, o crescimento da 
economia. É preciso que esses recursos sejam viabilizados, por meio de 
instrumentos financeiros adequados para o financiamento dos investimentos 
produtivos. Se a poupança não for direcionada pelo sistema financeiro aos 
agentes deficitários de capital para investimento, não se verificará geração de 
riqueza na economia, somente redução de consumo e da renda nacional 
(ASSAF NETO, 2006, p. 20) 
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PRODUTO INTERNO E PRODUTO NACIONAL 
Uma economia é avaliada por meio de variáveis macroeconômicas, 
identificadas, principalmente, na renda, no produto e no gasto de uma nação. O 
Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia considera os produtos finais 
realizados dentro dos limites territoriais de um país.Representa o valor – a preço 
de mercado – desses produtos em determinado período de tempo. 
O PIB também pode ser entendido como os valores adicionados pelas 
organizações produtivas. É repartido no segmento produtivo sob a forma de 
impostos, juros, salários etc. Logo, uma parte desse produto transforma-se em 
renda nacional. 
O Produto Interno Líquido (PIL) é definido pela subtração da 
DEPRECIAÇÃO dos ativos fixos do PIB (PIL = PIB – depreciação do capital fixo). 
O aumento do PIB de uma nação caracteriza a elevação de sua 
capacidade produtiva, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos. 
O produto nacional bruto (PNB) representa a renda que pertence 
efetivamente aos nacionais, conforme Vasconcellos (2006). 
O PNB é o somatório do PIB e a renda líquida dos fatores externos. Cabe 
ressaltar que a renda é representada pela soma de todas as remunerações de 
um agente econômico. Poupança é a parte da renda não consumida e 
investimento é o recurso (capital) canalizado para a geração de riquezas. 
Representa o consumo do estoque de capital físico em determinado período 
(VASCONCELLOS, 2006, p. 421). 
É motivada pelo desgaste nos ativos fixos. CEDERJ Sistema Financeiro | 
Noções gerais de economia subtraímos a depreciação do PNB, encontramos o 
produto nacional líquido (PNL). O produto nacional contribui efetivamente para a 
avaliação do crescimento econômico de um país 
 
 
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
Crescimento econômico refere-se ao aumento quantitativo da capacidade 
produtiva de uma nação ao longo dos anos. Portanto, envolve a expansão da 
produção de bens e serviços de determinado país ou área econômica. 
É determinado pelo índice de crescimento anual do Produto Nacional 
Bruto per capita e é indicado ainda pelo grau tecnológico, pelo índice de aumento 
da força de trabalho e pela proporção da receita nacional poupada e investida. 
 O conceito de desenvolvimento econômico vai além da definição de 
crescimento econômico, pois considera outras variáveis. Abarca as condições 
de vida da população de um país, abrangendo indicadores socioeconômicos de 
renda, educação, saúde, entre outros. 
Podemos notar que crescimento e desenvolvimento econômico possuem 
conceitos diferentes apesar de muitas vezes serem confundidos. Os países, a fi 
m de promoverem o crescimento e desenvolvimento econômico, ressaltaram a 
relevância do sistema financeiro, por meio, principalmente, de seu aporte de 
liquidez ao mercado e oferta diversificada de recursos para financiamento. 
Foram criados novos instrumentos financeiros e uma rede mais qualificada de 
intermediários. Surgiram mais alternativas de prazos nas operações e um 
controle de risco mais eficiente para os credores de capital. 
 A movimentação dos recursos da economia acontece no mercado, na 
maioria das vezes, por intermediários financeiros, que trabalham voltados para 
entrosar expectativas e interesses de agentes econômicos com capacidade de 
poupança com os tomadores de recursos. Essas intermediações se processam 
pela colocação de títulos e valores econômicos no mercado por meio de 
instituições, como caixas econômicas, bancos, fundos de pensão etc. 
Conforme Assaf Neto (2006, p. 22), quando ocorre uma procura por 
recursos para investimento maior que a poupança disponível, justifica-
se a criação da atividade de intermediação e de seus instrumentos 
financeiros. 
O agente econômico com déficit de caixa recorre a empréstimos que são 
viabilizados por UNIDADES SUPERAVITÁRIAS – poupadores, mediante 
lançamento de diferentes ativos financeiros, como debêntures, bonds, ações, 
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CDB para o caso de bancos, entre outros. O mercado financeiro cumpre sua 
finalidade quando permite eficiente interação entre poupadores e tomadores de 
recursos, promovendo investimento e crescimento da economia. 
A intermediação financeira nesse mercado deve permitir a aproximação 
entre os vários agentes econômicos, promovendo transferências de poupanças 
a um custo mínimo e a um nível reduzido de risco (ASSAF NETO, 2006, p. 22). 
UNIDADES SUPERAVITÁRIAS São unidades que apresentam saldo positivo. 
Opera com ativos financeiros de diversos poupadores e age com maior 
grau de divisibilidade na administração dos recursos, favorecendo a negociação 
de montantes variados com o mercado. Oferece melhores condições de 
empréstimos aos tomadores de recursos. Permite oferecer operações 
financeiras mais sofisticadas a todos os agentes econômicos, inclusive àqueles 
menos familiarizados com a dinâmica de mercado. 
 
CONCEITOS E FUNÇÕES DA MOEDA 
A moeda é um símbolo de valor que, no âmbito da economia, designa o 
único bem econômico de troca com aceitação geral. É um meio de pagamento 
legalmente utilizado para realizar transações com bens e serviços. Tem 
aceitação garantida por lei, portanto, apresenta CURSO LEGAL FORÇADO e 
PODER LIBERATÓRIO. 
Conforme Assaf Neto (2006, p. 23), o uso da moeda viabiliza o 
funcionamento de toda a economia, indicando os bens e serviços a 
serem produzidos de maneira a satisfazer os desejos de demanda dos 
vários agentes. 
A moeda possui, no sistema econômico, três funções fundamentais: 
Instrumento ou meio de troca – Promove o intercâmbio de bens e serviços por 
outros bens e serviços. Quando não existia moeda, as relações comerciais eram 
efetuadas por trocas diretas por meio do escambo, exigindo a coincidência de 
necessidades entre vendedores e compradores com relação às mercadorias 
negociadas. Na época, havia grande dificuldade nas operações comerciais 
porque algumas mercadorias não fracionavam. A vantagem da moeda, como 
instrumento de troca, é História da moeda. No início não havia moeda. Sua 
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existência é fruto de uma longa evolução. Tudo começou com o escambo. Os 
indivíduos trocavam o excesso de mercadorias por mercadorias escassas. 
Trocava-se arroz por frango, e assim por diante. Não era atribuído um preço a 
cada mercadoria trocada, e elas geralmente apresentavam-se em estado 
natural. Pela sua utilidade, certas mercadorias eram mais procuradas do que 
outras. 
Essas mercadorias, tais como o gado e o sal, tornaram-se moeda-
mercadoria. Esta é a origem de palavras como pecúlio – dinheiro acumulado, 
vem de pecus, gado em latim; pecúnia – dinheiro, mesmo radical; capital – vem 
de capita, cabeça em latim; salário – vem de sal. Com o passar do tempo, as 
mercadorias se tornaram inconvenientes às operações comerciais, devido às 
oscilações de valor, à não divisibilidade (algumas) e por serem perecíveis 
(também algumas), não permitindo o acúmulo de riquezas. Com a descoberta 
do metal, o problema de ser perecível estava resolvido. 
 O metal podia ser entesourado, era raro, divisível, de fácil transporte e 
beleza. Inicialmente, era utilizado em seu estado natural, mas, com o tempo, 
passou a ser utilizado em barras e, ainda, sob a forma de objetos, como joias. 
Para evitar a aferição de peso e avaliação de seu nível de pureza a cada troca, 
o metal ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicando 
o valor e o responsável pela sua emissão. 
 As primeiras moedas surgiram no século VII a.C. e foram cunhadas na 
Grécia em prata e, na Lídia, em eletro (liga de ouro e prata). De um modo geral, 
as moedas até hoje refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas, 
podem ser observados aspectos políticos, econômicos, culturais e tecnológicos. 
A cunhagem de moedas em ouro e prata manteve-se durante muitos séculos, 
sendo as peças garantidas pelo valor comercial do metal utilizado na confecção, 
ou valor intrínseco. Diferentemente de como era antigamente, a moeda como 
conhecemos hoje vale por seu valor extrínseco, que é o valor gravado em sua 
face, independentemente do metal nela contido. Na atualidade, a moeda ficou 
restrita a valores menores, necessários para troco. A durabilidade deu lugar à 
qualidade. Utilizam-se ligas modernas, que buscamresistência para suportar a 
alta rotatividade do numerário de troco. O papel moeda tem origem nos recibos 
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entregues pelos ourives, que o serviam como garantia quando seus clientes 
depositavam valores. 
No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, 
foram lançados pelo Banco do Brasil, em 1810, e seus valores eram preenchidos 
a mão. Com o passar dos anos, o dinheiro cada vez mais se desmaterializa, 
assumindo formas abstratas, tais como cheque e cartão. A sofisticação vem 
assumindo tal envergadura que muitas operações, hoje em dia, já são realizadas 
sem a utilização de formas concretas como cheque ou dinheiro. Cada vez mais 
o sistema financeiro busca maneiras eletrônicas de transferência de recursos. 
Não existem dúvidas de que a forma eletrônica de pagamento proporciona maior 
segurança do que outros meios, o que veio se confirmar com a nova 
configuração do Sistema de Pagamentos Brasileiro, adotado a partir de abril de 
2002 (GALLAGHER, 2004, p. 4-5). 
 
SISTEMA FINANCEIRO 
 Noções gerais de economia sua divisibilidade, que permite transações de 
partes dos bens e serviços. As características presentes no uso da moeda 
proporcionam maior agilidade nas operações de mercado, dinamizando toda a 
atividade econômica. Denominador comum monetário ou unidade de conta – 
Permite que sejam expressos em unidades monetárias os valores de todos os 
bens e serviços, e possibilita comparações de valores. A moeda é um modelo de 
medida, um parâmetro de valor. Reserva de valor – Possibilita que os agentes 
econômicos guardem seus patrimônios para uso futuro. A posse da moeda indica 
liquidez imediata, possibilitando sua conversão em qualquer outro ativo 
financeiro ou real. Essa característica é prejudicada em ambiente inflacionário 
que corrói o poder de compra da moeda. 
 
 
 
 
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CONHECENDO O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
De acordo com Fortuna (2002, p.15), um conceito bastante abrangente 
de Sistema Financeiro pode ser o de um conjunto de instituições que 
se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições 
satisfatórias para a manutenção do movimento de recursos entre 
poupadores e investidores. 
O processo de crescimento de uma economia precisa da participação de 
recursos financeiros, que são identificados por meio da poupança disponível em 
poder dos AGENTES ECONÔMICOS superavitários e canalizados para os 
segmentos produtivos deficitários de capitais por meio de intermediários 
mediante instrumentos financeiros, como por exemplo, títulos negociáveis. Esse 
processo caracteriza a função social e econômica do sistema financeiro. 
O Sistema Financeiro Nacional, expõe Assaf Neto (2006, p. 45), foi 
regulado e estruturado pela Lei de Reforma Bancária, em 1964, pela 
Lei do Mercado de Capitais, em 1965, e, mais recentemente, pela Lei 
de Criação dos Bancos Múltiplos, de 1988. É formado por todas as 
instituições financeiras, públicas ou privadas do país. 
As instituições financeiras podem ser classificadas em dois tipos, a saber: 
intermediários financeiros e instituições auxiliares. Os intermediários financeiros 
captam poupança diretamente do público por iniciativa e responsabilidade 
própria e aplicam esses recursos em empresas, por intermédio de empréstimos 
e financiamentos. 
 São considerados intermediários financeiros os bancos comerciais, de 
desenvolvimento, de investimento, a Caixa Econômica, bancos múltiplos, 
sociedades de crédito de financiamento e investimento etc. Diferentes dos 
intermediários financeiros, as instituições auxiliares se dispõem a colocar em 
contato poupador e investidor. 
Segundo Fortuna (2002, p. 15), a bolsa de valores é um exemplo de 
instituição auxiliar porque propicia liquidez aos títulos emitidos pelas 
empresas pela institucionalização do mercado secundário. Esse 
processo viabiliza as condições básicas para aceitação das colocações 
primárias das empresas. 
 Na mesma situação, encontram-se as sociedades corretoras e 
distribuidoras que se estabelecem como elemento de aproximação entre 
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poupadores e investidores, atuando no lançamento de títulos e ações junto ao 
público. Além das classificações citadas, as instituições financeiras são 
caracterizadas sob a ótica da capacidade de criar ou não MOEDA ESCRITURAL. 
As instituições financeiras que criam moeda escritural são conhecidas 
como bancárias ou monetárias. Permitem a criação de moeda por meio 
do recebimento de depósitos à vista movimentáveis por cheques, e 
operam com ativos financeiros monetários que representam os meios 
de pagamento da economia. São representadas pelos bancos 
comerciais, múltiplos com carteira comercial, caixas econômicas e 
cooperativas de MOEDA ESCRITURAL Segundo Tostes (1999, p. 55), 
representa ordem de pagamento que surgiu da generalização do uso 
do papel-moeda. 
A abertura de uma conta corrente mediante depósito em dinheiro permite 
a qualquer pessoa movimentar esses recursos depositados no banco por meio 
de cheque (moeda escritural mais utilizada atualmente). Expõe que as 
instituições não bancárias, ao contrário das monetárias, não estão legalmente 
autorizadas a receber depósitos à vista, não existindo então a possibilidade de 
criação de moeda. 
Essas instituições financeiras trabalham basicamente com ativos não 
monetários, como DEBÊNTURES, ações, letras de câmbio, certificados de 
depósitos bancários etc. e são representadas pelas sociedades corretoras, 
bancos de investimento, sociedades financeiras, sociedades de arrendamento 
mercantil etc. 
O Sistema Financeiro Nacional é estruturado em dois grupos ou 
subsistemas: normativo e intermediação financeira. O subsistema normativo é 
constituído pelas autoridades monetárias e instituições especiais. É responsável 
pelo perfeito funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições. O 
subsistema de intermediação financeira, também definido por operativo, é 
formado pelas instituições que atuam em transações de intermediação 
financeira. 
 
 
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SUBSISTEMA NORMATIVO 
A divisão normativa é formada por instituições que estabelecem diretrizes 
de atuação das instituições financeiras operativas e controle do mercado. Exerce 
função de extrema importância para todo o sistema financeiro. Os órgãos 
normativos são estruturados de modo a promover o desenvolvimento equilibrado 
do país e atender ao objetivo da coletividade. Apresentam características 
comuns relativas ao controle hierárquico, estabilidade no cargo de direção, 
competência para regulamentação e fiscalização. 
 O subsistema normativo é constituído pelo Conselho Monetário Nacional, 
Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Imobiliários, Superintendência de 
Seguros Privados e Secretaria de Previdência Complementar. Também 
participam do subsistema normativo as instituições especiais: Banco do Brasil, 
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa 
Econômica Federal. 
 
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) 
O Conselho Monetário Nacional é a entidade superior do sistema 
financeiro. Tem funções normativas não lhe cabendo funções executivas. É o 
responsável pela fixação das diretrizes da política monetária, de crédito e 
cambial. Pelo envolvimento destas políticas no cenário econômico nacional, o 
Conselho Monetário Nacional acaba se transformando em um conselho de 
política econômica. 
 É constituído pelo ministro da Fazenda, que atua como presidente do 
órgão, pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo presidente do 
Banco Central. O CMN repassa as funções executivas para o Banco Central do 
Brasil, para a Comissão de Valores Imobiliários, para a Superintendência de 
Seguros Privados e para a Secretaria de Previdência Complementar. 
Principais atribuições do CMN: 
• autorizar a emissão de moeda; 
• fixar diretrizes e normas da política cambial; 
18 
 
 
• disciplinar o crédito; 
• determinartaxas de compulsório; 
• regulamentar operações de redesconto; 
• estabelecer normas para as transações com títulos públicos; 
 • regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as 
instituições financeiras que operam no país. 
 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BC OU BACEN) 
 O Bacen, além de ser responsável pela política monetária do país, é a 
entidade criada para atuar como órgão executivo central do Sistema Financeiro 
Nacional (SFN). Tem a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as 
disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas 
pelo Conselho Monetário Nacional. O Bacen está sediado em Brasília e tem 
representações regionais em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, 
Belo Horizonte e Belém. 
 
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) 
É um órgão normativo do Sistema Financeiro Nacional voltado, 
especificamente, para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do 
mercado de valores mobiliários. É representado por ações, debêntures, 
COMMERCIAL PAPERS e outros títulos emitidos pelas sociedades anônimas e 
autorizados pelo Conselho Monetário Nacional. 
Controle do fluxo de capital estrangeiro e emissão de moeda. Logo, 
podemos concluir que o Bacen pode ser considerado: 
• banco dos bancos; 
 • gestor do Sistema Financeiro Nacional; 
• executor da Política Monetária; 
 • banco emissor; 
19 
 
 
• banqueiro do governo. 
 
O SISTEMA MONETÁRIO NO BRASIL 
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, a moeda era o pau-brasil 
que os índios trocavam por espelhos, miçangas e outras mercadorias. No início 
da colonização, as moedas portuguesas foram introduzidas no país. Com a vinda 
de D. João VI, em 1808, nasceu o primeiro Banco do Brasil com o objetivo de 
facilitar acordos comerciais com a Europa. Só no 2º Império, surgiu o 1º sistema 
monetário próprio, com o real, mais conhecido por mil-réis. Esta foi a moeda 
oficial até 1942. 
 
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA CVM 
• estimular a aplicação de poupança no mercado acionário; 
• assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e 
instituições auxiliares que operem neste mercado; 
• proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e outros 
tipos de atos ilegais que manipulem preços de valores mobiliários nos mercados 
primários e secundários de ações; 
• fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos emitidos 
pelas Sociedades anônimas de capital aberto. 
A CVM é uma entidade de apoio, autárquica, autônoma e descentralizada, 
mas vinculada ao governo. Tem como objetivo central fortalecer o mercado de 
ações. 
 
SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) 
 Órgão normativo do sistema financeiro especificamente voltado para o 
desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado de seguros privados, 
previdência privada aberta e capitalização. É uma entidade autárquica 
responsável pela execução da política definida pelo Conselho Nacional de 
20 
 
 
Seguros Privados e pelo cumprimento das normas estabelecidas pelas 
seguradoras e corretores. 
 
SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (SPC) 
 É o órgão normativo do sistema financeiro responsável pelo controle e 
fiscalização dos planos e benefícios do mercado de previdência complementar 
(aposentadoria), como os fundos de pensão. As INSTITUIÇÕES DE 
PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA são consideradas complementares do 
sistema oficial da previdência e assistência social, enquadram suas atividades 
no segmento de competência do Ministério da Previdência e Assistência Social 
e não podem ter fins lucrativos. 
 
Atribuições da SPC 
• processar os pedidos de autorização para formação, funcionamento, 
fusão, incorporação, grupamento, transferência de controle e reforma dos 
estatutos das entidades fechadas; 
• determinar instruções e expedir circulares para implementação das 
normas estabelecidas; 
• fiscalizar a execução das normas contábeis, atuárias e estatísticas 
fixadas pelo Conselho de Previdência Complementar (CPC), como também da 
política de investimentos determinadas pelo Conselho Monetário Nacional; 
• fiscalizar as atividades das entidades fechadas e aplicar as penalidades 
cabíveis; 
• proceder à liquidação das entidades fechadas que tiverem a permissão 
de funcionamento cassada ou das que deixarem de ter condições para funcionar; 
 • prover os serviços da Secretaria do Conselho de Previdência 
Complementar. 
 
 
21 
 
 
BANCO DO BRASIL (BB) 
O Banco do Brasil é uma sociedade anônima de capital misto e opera 
como agente financeiro do Governo Federal. É o principal executor da política 
oficial de crédito rural. 
 
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E 
SOCIAL (BNDES) 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social representa a 
instituição financeira de fomento do Brasil. É uma empresa pública que está 
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. É a 
entidade responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo 
Federal. 
 
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF) 
A Caixa Econômica Federal é uma instituição financeira pública que atua 
de forma autônoma e apresenta objetivo social. É responsável pela 
operacionalização das políticas do Governo Federal para moradia popular e 
saneamento básico. Concede empréstimos e financiamentos a programas nas 
áreas de educação, saúde, assistência social, esporte, habitação etc. Pode atuar 
nas áreas de atividades voltadas a bancos comerciais, sociedade de crédito 
imobiliário, de saneamento e infraestrutura urbana. 
• captar recursos em cadernetas de poupança e em depósitos judiciais e 
aplicar, substancialmente, em empréstimos vinculados à habitação (os recursos 
obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço são normalmente 
direcionados a áreas de saneamento básico e de infraestrutura urbana); 
• exercer a gestão de loterias, de fundos e de programas, entre os quais 
destacam-se o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, o Fundo de 
Compensação de Variações Salariais – FCVS, o Programa de Integração Social 
– PIS, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social – FAS e o Fundo de 
Desenvolvimento Social – FDS. 
22 
 
 
SUBSISTEMA OPERATIVO OU INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA 
 A divisão operativa é constituída pelos intermediários financeiros e outras 
entidades que, de alguma forma, contribuem com o funcionamento do sistema 
financeiro. A seguir são apresentadas as divisões conforme dispõe o Banco 
Central do Brasil. 
Instituições Financeiras Captadoras de Depósitos à Vista: 
• Bancos Múltiplos com Carteira Comercial – possuem carteira comercial, 
de investimento, de crédito imobiliário, de desenvolvimento e leasing e têm como 
órgão fiscalizador o Bacen. 
• Bancos Comerciais – representam a base do sistema monetário, 
financiam a curto e médio prazos pessoas físicas e jurídicas e têm como órgão 
fiscalizador o Bacen. 
• Caixas Econômicas – administram o FGTS, fazem parte do sistema 
brasileiro de poupança e empréstimo e do sistema financeiro de habitação e têm 
como órgão fiscalizador o Bacen. 
Demais instituições financeiras: 
 • Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial – possuem carteira de 
investimento, de crédito imobiliário, de desenvolvimento e leasing e têm como 
órgão fiscalizador o Bacen. 
• Bancos de Investimento – intermedeiam recursos de médio e longo 
prazos para financiamento de capital de giro ou fixo das empresas e têm como 
órgão fiscalizador o Bacen e a CVM. 
• Bancos de Desenvolvimento – visam promover o desenvolvimento 
econômico e social da região que atuam e têm como órgão fiscalizador o Bacen. 
 • Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento – financiam bens 
de consumo duráveis por meio de crédito direto ao consumidor, são fiscalizadas 
pelo Bacen. 
 
 
23 
 
 
Caixas Econômicas 
Atualmente, está funcionando apenas a Caixa Econômica Federal (CEF)uma vez que a Caixa Econômica do Estado de São Paulo se transformou em 
banco múltiplo em 6 de março de 1990, com a denominação Nossa Caixa. 
Sistema Financeiro Nacional 
• Sociedades de Crédito Imobiliário – operam financiamento imobiliário e 
têm como órgão fiscalizador o Bacen 
• Companhias Hipotecárias – instituições que destinam financiamento 
para a produção, reforma ou comercialização de imóveis. São fiscalizadas pelo 
Bacen. 
• Associações de Poupança e Empréstimo – destinam-se a construção ou 
aquisição da casa própria e não têm fins lucrativos e são fiscalizadas pelo Bacen. 
 • Agências de Fomento – concedem financiamento de capital de giro e 
fixo associados a projetos e têm como órgão fiscalizador o Bacen. 
• Sociedades de Crédito ao Microempreendedor – têm como objetivo 
prover financiamento a indivíduos que não têm acesso ao sistema bancário e 
são fiscalizadas pelo Bacen. Outros intermediários ou auxiliares financeiros: 
• Bolsas de Mercadorias e de Futuros – mercado organizado para 
proporcionar facilidades na realização de compra e venda de COMMODITIES e 
operações com liquidação futura e têm como órgão fiscalizador o Bacen e a 
CVM. 
 • Bolsas de Valores – instituições onde são negociadas ações e outros 
títulos de organizações de capital aberto, são constituídas pelas corretoras de 
valores e têm como órgão fiscalizador a CVM. COMMODITIES Mercadorias. 
Designa produtos primários como café, minérios, petróleo etc. 
• Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários – realizam a 
intermediação financeira nas bolsas de valores e são fiscalizadas pelo Bacen e 
pela CVM. 
24 
 
 
 • Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – têm por 
objetivo principal comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários. São 
diferentes das sociedades corretoras por não terem acesso às bolsas de valores. 
São também fiscalizadas pelo Bacen e pela CVM. 
• Sociedades de Arrendamento Mercantil – têm como finalidade conceder 
LEASING e têm como órgão fiscalizador o Bacen. 
• Sociedades Corretoras de Câmbio – transacionam intermediações de 
câmbio, fiscalizadas pelo Bacen 
.• Representações de Instituições Financeiras Estrangeiras – representam 
instituições financeiras no país e têm como órgão fiscalizador o Bacen. 
 • Agentes Autônomos de Investimento – pessoa jurídica ou física. Fazem 
a distribuição e a mediação de títulos e valores mobiliários e são fiscalizados 
pelo Bacen e pela CVM. 
 
Entidades Ligadas aos Sistemas de Previdência e Seguros 
• Entidades Fechadas de Previdência Privada – administram planos de 
previdência complementar para uma empresa, não possuem fins lucrativos e são 
fiscalizadas pela SPC. L EASING Arrendamento mercantil. 
 
Sistema Financeiro | Sistema Financeiro Nacional 
• Entidades Abertas de Previdência Privada – destinadas a complementar 
aposentadoria de qualquer indivíduo, têm como órgão fiscalizador a SUSEP; 
 • Sociedades Seguradoras – concedem seguros para as pessoas 
jurídicas e físicas e têm como órgão fiscalizador a SUSEP. 
 • Sociedades de Capitalização – oferecem compra programada de títulos 
que geram renda e proporcionam sorteios e são fiscalizadas pela SUSEP. 
• Sociedades Administradoras de Seguro-Saúde – negociam com o 
público geral. São fiscalizadas pela SUSEP. Administração de Recursos de 
Terceiros: 
25 
 
 
• Fundos Mútuos – representados por um conjunto de pessoas jurídicas 
ou físicas que têm por fim investir recursos, têm como órgão fiscalizador a CVM. 
 • Clubes de Investimentos – formado por um conjunto de pessoas que 
apresentam objetivos comuns de investimentos, fiscalizados pela CVM. 
 • Carteiras de Investidores Estrangeiros – carteira formada por 
investidores que não são residentes no país, fiscalizadas pelo Bacen e CVM. 
 • Administradoras de Consórcio – têm como objetivo administrar 
consórcios e são fiscalizadas pelo Bacen. Sistemas de Liquidação e Custódia: 
 • Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) – sistema 
utilizado por corretoras e bancos para o registro de operações com títulos 
públicos. As instituições financeiras credenciadas são conectadas ao 
computador central do SELIC via uma rede de terminais. Está sob a 
responsabilidade do Bacen e ANDIMA – Associação Nacional das Instituições 
do MERCADO ABERTO. 
 • Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP) – 
mercado de balcão organizado para custódia, liquidação, e registro de títulos 
privados e alguns títulos estaduais e municipais. A CETIP é normatizada pelo 
Bacen e administrada pela ANDIMA. 
• Caixas de Liquidação e Custódia – atendem às atividades voltadas para 
a compensação, custódia, liquidação e controle de risco para o mercado 
financeiro e são fiscalizadas pela CVM. 
SISTEMA FINANCEIRO: FATORES FAVORÁVEIS À EFICIÊNCIA 
ALOCATIVA 
O sistema financeiro é composto de vários intermediários, em que fazem 
parte o Banco Central, além de bancos comerciais e de investimentos, corretoras 
de valores, fundos de investimentos, fundos de pensão, bolsas de valores e 
companhias de seguro. Contudo, a literatura da área apresenta uma certa 
tendência a colocar os bancos como sendo os representantes legítimos do 
sistema financeiro. Uma possível justificativa pode está relacionada ao fato de 
26 
 
 
os bancos serem responsáveis por mais de 60% da fonte de fundos externos de 
empresas não-financeiras. 
A existência do sistema financeiro está condicionada a imperfeições de 
mercado, tais como falhas no canal de transmissão de informação entre os 
agentes econômicos e distanciamento do mercado competitivo (poder de 
mercado). As trocas entre os agentes tornam-se mais onerosas quanto mais 
graves são as falhas de mercado, podendo, como caso limite, inviabilizá-las. A 
intermediação financeira surge, então, como um mecanismo para minimizar tais 
imperfeições, facilitando (intermediando) a alocação dos recursos entre 
poupadores e tomadores de empréstimos e, dessa forma, transmitindo aos 
investimentos produtivos os recursos necessários. 
Na Figura 1 pode-se visualizar que o ato de poupar é disjunto do ato de 
investir, isto é, o indivíduo que poupa, em sua grande maioria, não é o mesmo 
que realiza os investimentos produtivos. Assim, quando a economia se afasta do 
ambiente competitivo, há perda de recursos para o setor produtivo, pois 
os custos de transação e os custos de informação envolvidos em uma 
transação podem somar quantias que inviabilizem as transações. Portanto, a 
eficiência propiciada pelo sistema financeiro reside exatamente na redução dos 
custos de transação e custos de informação no momento em que o contrato 
financeiro é firmado. 
 
 
 
Os custos de transação referem-se aos gastos envolvidos na transação 
financeira, tais como o processo de reuniões entre os interessados, o pagamento 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502006000300007&lang=pt#fig01
27 
 
 
advocatício para redação de contrato, entre outros. Os custos de transação 
podem ser reduzidos, substancialmente, com a introdução dos intermediários 
financeiros (bancos), pois estes desenvolveram uma especialização (expertise) 
nessa atividade, obtendo, assim, vantagens relativas a ganhos de escala, isto é, 
a redução do custo à medida que o número de transações é aumentado. 
Segundo Mishkin (2000), os baixos custos de transação de um 
intermediário financeiro significam que ele pode fornecer a seus 
clientes serviços de liquidez, que permitam agilidade para os clientes 
ao realizar as transações. 
Custos de informação, por sua vez, dizem respeito aos custos 
provenientes da assimetria de informação entre o agente e o principal, ou seja, 
uma das partes do contrato está mais informada do que a outra. Quando há 
assimetria de informação, conflitos de interesses tendem a ocorrer. Há dois tipos 
de problemas vindos da assimetria de informação: seleção adversa e risco 
moral.O primeiro ocorre antes que a transação ocorra. Seleção adversa torna-
se um problema no mercado financeiro devido ao fato de que é mais provável 
que tomadores com riscos de crédito elevados demandem crédito, aumentando, 
assim, a probabilidade que estes sejam selecionados. Sabendo de antemão 
dessa relação, os emprestadores podem decidir não conceder empréstimos, 
pois não conseguem distinguir os bons dos maus tomadores de crédito.6 O 
segundo ocorre depois que a transação é efetuada. O risco moral se refere ao 
risco de os tomadores de crédito se engajarem em atividades indesejáveis do 
ponto de vista do emprestador, pois tais atividades reduzem a probabilidade de 
que o empréstimo seja pago. Da mesma forma que a seleção adversa, o risco 
moral pode ocasionar o fim da concessão de crédito como uma forma de 
proteção ao risco do emprestador. 
Como os problemas provocados pela informação assimétrica podem 
colapsar o mercado de crédito, torna-se fundamental a presença de 
intermediários financeiros para amenizar esses problemas, uma vez que esses 
são mais bem equipados do que agentes individuais para distinguir os riscos de 
créditos ruins dos bons, bem como criar um aparato para monitorar as ações dos 
tomadores de crédito. Assim, intermediários financeiros tendem a melhorar o 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502006000300007&lang=pt#nt06
28 
 
 
bom funcionamento do mercado financeiro, facilitando a transferência de 
poupança entre emprestador e tomador de crédito, o que tende a gerar, como 
resultado final, aumento de recursos para o setor produtivo, ocasionando 
crescimento econômico. 
Segundo Becsi e Wang (1997), o canal de transmissão ou de conexão 
entre o crescimento econômico e sistema financeiro reside no fato que 
esse último pode aumentar tanto a quantidade quanto a qualidade do 
investimento agregado. 
O processo de intermediação amplia a probabilidade da realização de 
investimentos mais lucrativos. O aumento da quantidade dos investimentos se 
deve às economias de escala, visto que o sistema financeiro reduz os custos 
envolvidos em uma transação financeira e, dessa forma, consegue captar mais 
recursos que podem ser utilizados em investimentos no setor privado. A 
qualidade dos investimentos é ampliada com a intermediação financeira porque 
o intermediário está mais disposto a financiar projetos que são mais 
arriscados7 (possuem uma rentabilidade esperada mais elevada) do que um 
poupador individual, pois este último possui o perfil de ser avesso ao risco. O 
intermediário financeiro se beneficia de sua escala de produção 
(especialização), visto que essa lhe permite diversificar sua carteira de 
investimentos, diluindo o risco a níveis razoáveis. 
Outro canal pelo qual o sistema financeiro pode promover o crescimento 
é proporcionando às famílias menos abastadas recursos para acumulação 
de capital humano, pois, de outra forma, essas famílias não teriam acesso à 
educação, por ser a educação um bem caro. Assim, tanto por reduzir a 
necessidade de liquidez das firmas como por resolver o problema de 
indivisibilidade de alguns investimentos, quanto por facilitar a acumulação de 
capital (físico e humano), o sistema financeiro contribui para criar um ambiente 
mais propenso ao crescimento econômico. 
Dada a importância de um sistema financeiro no estímulo ao processo 
produtivo de uma economia, é relevante listar algumas das principais funções 
desse setor. A próxima seção aborda este tema. 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502006000300007&lang=pt#nt07
29 
 
 
FUNÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO 
A seção anterior expôs o cenário econômico no qual o sistema financeiro 
está incluído. Percebe-se que o mundo real é caracterizado pela presença de 
assimetria de informação e poder de mercado, o que dificulta a alocação eficiente 
dos recursos financeiros, caso não haja um intermediário financeiro entre 
poupador e investidor. Listam-se, a seguir, algumas funções do sistema 
financeiro que lhe conferem a capacidade para promover a eficiência alocativa 
dos recursos financeiros. São elas: 
a) mobilização de recursos; 
b) alocação dos recursos no espaço e no tempo; 
c) administração do risco; 
d) seleção e monitoração de empresas; e 
e) produção e divulgação de informação. 
Abaixo, descreve-se cada uma dessas funções: 
a) Mobilização de recursos 
Compreende a função de agregação de poupanças individuais. Com esta 
função, o sistema financeiro permite aos investidores individuais o financiamento 
completo de seus projetos. Não havendo intermediação por parte de bancos ou 
outros participantes do sistema financeiro, o investidor estaria restrito a um 
projeto passível de implementação somente com seus recursos próprios. Assim, 
investimentos que necessitassem de grandes volumes de recursos só poderiam 
ser implementados por pouquíssimas famílias abastadas, ou seja, reduziria 
muito a probabilidade do investimento ser efetivado, pois nem todas as famílias 
ricas possuem interesse em produzir ou mesmo possuem o espírito 
empreendedor. 
Segundo Carvalho (2002), para que as firmas alcancem escalas 
economicamente eficientes é essencial que tenham acesso à 
30 
 
 
poupança de vários indivíduos, situação perfeitamente compatível com 
a intermediação financeira. 
b) Alocação dos recursos no espaço e no tempo 
Refere-se à importante função de fornecer recursos a projetos de longa 
duração. Os indivíduos que poupam possuem um horizonte de curto prazo, o 
que lhes confere um perfil de concessão de empréstimos de alta liquidez, isto é, 
eles podem desejar converter seus empréstimos em moeda em um período 
pequeno de tempo. No entanto, investimentos que criam maiores retornos 
necessitam de um período maior de maturação. Forma-se, deste modo, um 
conflito de interesses. O sistema financeiro atua no sentido de intermediar essas 
transações, pois ele capta o depósito do poupador, garantindo-lhe o direito a 
liquidez, e empresta ao investidor a prazo mais elástico. Esse sistema torna-se 
mais eficiente quanto maior o número de transações realizadas pelo 
intermediário financeiro. 
c) Administração do risco 
Os intermediários financeiros figuram como os agentes mais preparados 
para minimizar os riscos que envolvem as transações financeiras. Isto ocorre 
devido à diversificação da carteira de concessão de crédito aos diferentes tipos 
de riscos envolvidos em cada atividade produtiva. Dito em outras palavras, o 
sistema financeiro busca se proteger dos riscos emprestando a diferentes firmas 
e setores, pois alguns projetos fracassarão e outros serão bem-sucedidos, mas, 
na média, o resultado será positivo. 
Segundo Bebczuk (2003), os agentes enfrentam dois tipos de 
riscos: risco idiossincrático e risco sistemático. 
O primeiro pode ser entendido como inerente à natureza do projeto, o qual 
pode ser mensurado pela incerteza quanto ao retorno desse projeto após a 
maturação do investimento. A melhor maneira de minimizar os problemas 
decorrentes deste tipo de risco é via diversificação de investimentos, pois esta 
funciona como redutor de custos idiossincráticos, porque, na agregação dos 
investimentos, o retorno esperado é preservado positivo. O segundo refere-se a 
31 
 
 
situações adversas que podem ocorrer com ambos os tipos de investimentos, 
sendo a probabilidade de ocorrência igual para todos. Assim, uma forma de 
minimizar esse risco é garantir maior liquidez aos investimentos, para que haja 
recursos para eventuais necessidades. 
d) Seleção e monitoração de empresas 
O sistema financeiro possui a importante função de selecionar e monitorar 
as empresas que possuem as melhores propostas de investimento produtivo. 
Esta função é exercida, primordialmente, pelos intermediários financeiros, uma 
vez que estes estão mais bem equipados do que agentes individuais, pois estes 
últimos não têm o conhecimentotécnico necessário, bem como a escala ótima 
que lhes permitiria selecionar e monitorar as empresas ou investidores a um 
custo economicamente suportável. Portanto, por causa das economias de 
escala, o sistema financeiro pode coletar um grande número de informação, 
adquirir especialização e criar condições críveis para monitorar as ações dos 
tomadores de crédito, com o intuito de garantir que o principal e os juros sejam 
pagos. 
e) Produção e divulgação de informação 
A informação é um bem extremamente importante quando se consolida 
uma transação, seja ela financeira ou não. A presença de informação assimétrica 
causa desvantagens para a parte que estiver menos informada, pois a parte mais 
informada pode utilizar a informação que possui a mais para seu próprio proveito, 
e isto pode gerar ineficiência econômica. A assimetria de informação, como visto 
anteriormente, pode ocasionar problemas de seleção adversa e de risco moral, 
problemas que podem até mesmo colapsar o mercado de crédito. Com a atuação 
do sistema financeiro, esses problemas são minimizados, permitindo o 
funcionamento a contento do mercado de crédito. Entretanto, a informação 
gerada pelo setor financeiro tende a transcender os problemas de seleção 
adversa e risco moral pertencentes às duas partes da transação financeira 
(poupador e tomador de empréstimo), pois o mercado como um todo se 
beneficia. Por exemplo, quando um banco concede um empréstimo para uma 
determinada empresa, ele não só está fornecendo liquidez para a firma (a qual 
32 
 
 
investirá na ampliação da capacidade produtiva) como também está sinalizando, 
indiretamente, para o mercado que esta firma está "saudável" economicamente, 
uma vez que o banco analisou seu projeto e concedeu empréstimo. Neste 
sentido, o sistema financeiro poderia ser pensado como um indicador de 
qualidade de firmas. 
 
DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO E CRESCIMENTO 
ECONÔMICO: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS 
As seções anteriores mostraram, de forma esquemática, 
os insights teóricos sobre a relevância do sistema financeiro no processo de 
alocação dos recursos para a acumulação de capital físico e humano, os quais 
são variáveis importantes para a determinação do crescimento econômico. O 
objetivo neste trabalho é exatamente testar as predições da teoria que associa 
desenvolvimento financeiro ao crescimento econômico. 
Para tal propósito, utiliza-se a técnica de Regressão Quantílica, a qual 
permite analisar a associação contemporânea entre a variável resposta 
(medidas de crescimento econômico) com as variáveis explicativas (medidas de 
desenvolvimento financeiro) nos diversos quantis da distribuição condicional. 
Assim, obtém-se um mapeamento mais completo do impacto do 
desenvolvimento financeiro sobre o crescimento econômico, pois se consegue 
investigar como cada quantil responde, em vez de se ter somente uma reta de 
regressão para o caso da média. Algumas vantagens inerentes à regressão 
quantílica sobre os MQO podem ser listadas da seguinte forma (Koenker e 
Bassett, 1978): 
 A técnica de regressão quantílica permite caracterizar toda distribuição 
condicional de uma variável resposta a partir de um conjunto de 
regressores; 
 Regressão quantílica pode ser usada quando a distribuição não é 
gaussiana; 
33 
 
 
 Regressão quantílica usa a totalidade dos dados para estimar os 
coeficientes angulares dos quantis, ou seja, não há subamostras do 
conjunto de dados; 
 Regressão quantílica é robusta a outliers; 
 Por utilizar a distribuição condicional da variável resposta, podem ser 
estimados os intervalos de confiança dos parâmetros e do regressando 
diretamente dos quantis condicionais desejados; 
 Como os erros não possuem uma distribuição normal, os estimadores 
provenientes da regressão quantílica podem ser mais eficientes que os 
estimadores por meio de MQO; 
 A regressão quantílica pode ser representada como um modelo de 
programação linear, o que facilita a estimação dos parâmetros. Muitos 
pacotes econométricos já possuem comandos próprios para esta 
finalidade, tais como S-PLUS, Stata, SHAZAM, entre outros. 
BASE DE DADOS E RESULTADOS 
O objetivo empírico deste trabalho é analisar se há uma relação positiva 
entre desenvolvimento financeiro e crescimento econômico nos diversos quantis 
da distribuição condicional da variável resposta. Para tal, utilizam-se duas 
medidas para representar a variável independente (desenvolvimento financeiro) 
e duas medidas para indicar a variável dependente (crescimento econômico). As 
medidas são: 
a) Desenvolvimento financeiro 
a.1) Medida de intensidade financeira (IF), financial depth, a qual pode ser 
entendida como o tamanho do setor de intermediação financeira formal. Esta 
variável é medida a partir dos exigíveis de curto prazo do sistema financeiro 
como uma fração do PIB. Se o sistema financeiro desempenha as funções 
descritas neste trabalho, então se espera que a relação desta variável com as 
medidas de crescimento econômico seja positiva. A intuição de se utilizar a 
variável intensidade financeira reside no fato de os intermediários financeiros 
captarem recursos de curto prazo, convertendo-os em empréstimos de longo 
prazo, beneficiando o crescimento econômico, pois assim permitem às firmas 
34 
 
 
um horizonte de investimento mais longo, além de garantir a liquidez dos 
depositantes; 
 
a.2) Participação do crédito dos bancos comerciais em relação ao total de 
crédito doméstico (BANCO), este último entendido como a soma do crédito 
provido pelo banco central e demais bancos. Aqui se supõe que os bancos 
comerciais são mais eficientes na alocação dos recursos financeiros do que o 
banco central. Neste sentido, quanto maior o volume de crédito dos bancos 
comerciais em relação ao total de crédito doméstico, mais eficiente o mercado 
de crédito se torna, tendendo a aumentar a capacidade produtiva da economia. 
Portanto, a relação é positiva com o crescimento econômico. 
b) Crescimento econômico 
Ambas as medidas de crescimento econômico são correspondentes aos 77 
países que compõem a amostra deste trabalho. Estas são referentes ao período 
de 1980 a 1992 e foram obtidas a partir do banco de dados da Summers-Heston. 
b.1) Taxa de crescimento real média do PIB per capita (PIB). Esta foi 
calculada como a taxa de crescimento geométrica; 
 
b.2) Taxa de crescimento real média do capital per capita (CAPITAL). Esta 
foi calculada como coeficiente de regressão por mínimos quadrados ordinários. 
Além das variáveis listadas acima, também utilizou-se um conjunto de 
variáveis para controlar características individuais de cada uma das 77 nações, 
pois outros fatores podem ter efeito sobre a variável crescimento econômico. 
Entre estas variáveis estão: 
a) PIB real per capita em 1980, usando dados de Summers-Heston; 
b) taxa de inflação, definida em logaritmo natural; 
c) comércio internacional médio para o período de 1980 a 1995, definido como 
a proporção das importações mais as exportações sobre o PIB; e 
35 
 
 
d) crescimento da escolaridade, medido como a diferença (em log) dos anos de 
estudo da década de 1990 para a década de 1980, para um indivíduo de 25 anos 
de idade. 
A escolha desse conjunto de variáveis de controle se justifica por serem 
estas amplamente utilizadas em trabalhos empíricos. Somente para citar alguns 
trabalhos que foram utilizados no processo de seleção das variáveis, temos: 
Baumol et al. (1994); Barro (1991); Mankiw et al. (1992), Bebczuk (2001), 
Levine et al. (2002), Barreto et al. (2004), entre outros. Cabe salientar ainda que 
todos os dados foram obtidos da mesma base de dados (Summers-Heston), 
garantindo, assim, uniformidade metodológica. 
A estimação dos resultados neste trabalho se dá em duas etapas. A 
primeira não utiliza as variáveis de controle (PIB inicial, taxa de inflação, 
comércio internacional e escolaridade). Na segunda etapa, tais variáveissão 
incluídas, com o intuito de verificar quão sensíveis são as variáveis de interesse 
(medidas do desenvolvimento financeiro) quando são controladas características 
individuais dos países. 
 
EVOLUÇÃO RECENTE DO SETOR BANCÁRIO 
As instituições financeiras brasileiras são extremamente sólidas e 
competitivas. De fato, os bancos estrangeiros que se instalaram no país na 
década de 1990, em geral, não foram capazes de conquistar espaços 
significativos no mercado doméstico. Por outro lado, a funcionalidade do SFB é 
muito baixa, especialmente em termos macroeconômicos. A relação crédito 
privado/PIB, por exemplo, continua muito abaixo da média internacional. Há uma 
percepção generalizada de que as instituições financeiras do país são incapazes 
de alocar eficientemente recursos para investimentos produtivos, direcionando-
os, preferencialmente, para títulos públicos e para operações interfinanceiras. 
Ademais, as linhas de crédito direcionadas para consumidores e investidores 
privados são extremamente caras e escassas, principalmente as de longo prazo. 
36 
 
 
A preferência pelos empréstimos de curto prazo pode ser explicada pela 
captação de recursos, feita, principalmente, pela emissão de passivos de curto 
prazo, como depósitos à vista ou a prazo. A utilização desses recursos no 
financiamento de longo prazo provocaria o descasamento de prazos nos 
balanços dos bancos, aumentando a vulnerabilidade dessas instituições perante 
qualquer choque de juros. Essa preferência pelo curto prazo também é resultado 
da incerteza provocada pela longa convivência com a alta inflação (Carvalho, 
2004). 
Entretanto, do ponto de vista microeconômico, as instituições financeiras 
que operam no país não podem ser consideradas ineficientes, uma vez que uma 
instituição é considerada eficiente se é capaz de maximizar seus lucros com o 
menor risco possível, aproveitando as oportunidades de ganho que o mercado 
oferece. Na segunda metade da década de 1990, as melhores oportunidades de 
ganho foram oferecidas pelo governo federal, ao colocar quantidades crescentes 
de títulos públicos com alta rentabilidade e liquidez, além de baixo risco. 
Portanto, do ponto de vista microeconômico, as instituições brasileiras podem 
ser consideradas eficientes. Por outro lado, uma instituição pode ser considerada 
eficiente, porém disfuncional, se não contribui para o alcance de certos objetivos 
definidos como desejáveis pela sociedade. No caso específico do Brasil, o 
mercado de capitais tem uma participação restrita no financiamento privado, e o 
crédito bancário desempenha um papel fundamental na viabilização de projetos 
de investimento e no apoio ao crescimento econômico. Nesse sentido, o sistema 
financeiro brasileiro é comumente considerado disfuncional ou de baixa 
eficiência macroeconômica. 
Essa disfuncionalidade, entretanto, é resultado mais da combinação 
perversa de incentivos existente, tanto do lado do ativo quanto do passivo, do 
que de alguma ineficiência intrínseca. Pelo lado do ativo, os bancos são 
estimulados a concentrar suas aplicações na aquisição de títulos públicos, ao 
passo que, pelo lado do passivo, o estímulo é para a captação de recursos junto 
aos grupos de renda média e alta (Carvalho, 2005a). 
37 
 
 
Carvalho (2004) argumenta que as características do setor que 
causam essa disfuncionalidade, impedindo o alcance da eficiência 
macroeconômica, são: 
a) a atuação dos bancos como intermediários financeiros, sendo que os 
mercados de títulos têm papel quase irrelevante no financiamento à atividade 
privada; 
b) o alto grau de concentração existente no setor bancário; 
c) a estrutura do setor bancário, que incentiva a emergência de uma forma 
de competição oligopólica, na qual os bancos líderes fixam os preços básicos de 
serviços financeiros e competem entre si por meio da diferenciação de serviços, 
mais do que por preços; 
d) a atuação dos bancos não líderes em nichos não atraentes para os 
bancos líderes, devido às poucas condições para que esses primeiros exerçam 
pressões competitivas mais efetivas sobre os segundos nos mercados mais 
atraentes; e 
e) a situação permanente de instabilidade econômica e de déficits fiscais, 
que levou sucessivos governos a oferecer grande volume de títulos públicos, em 
condições extremamente favoráveis de retorno e liquidez. 
A tese de que as instituições financeiras brasileiras seriam ineficientes em 
relação às instituições estrangeiras foi utilizada como principal justificativa à 
proposta de abertura do setor aos bancos estrangeiros. Entretanto, como visto 
nos itens anteriores, as instituições financeiras que entraram no Brasil, a partir 
de 1995, adotaram padrões de comportamento similares e até inferiores aos 
padrões das instituições nacionais. 
Esses bancos se adaptaram às condições de operação do mercado 
brasileiro, não representando uma ameaça competitiva aos líderes 
estabelecidos. Também contrariando as expectativas, o custo do capital, que é 
determinado, entre outros fatores, pela taxa básica de juros, a taxa Selic, e pelo 
spread fixado pelos bancos, manteve-se excessivamente elevado. 
38 
 
 
 
Concorrência bancária 
A maioria dos trabalhos sobre concorrência bancária utiliza conceitos de 
organização industrial, considerando o setor bancário como uma indústria e os 
bancos como firmas. Esses trabalhos, entretanto, não consideram as 
especificidades dos bancos, bem como a natureza dos serviços que produzem. 
Dentre essas especificidades, Freitas (1997) cita a instabilidade do 
setor bancário, que tem origem em sua própria atividade. Além disso, 
não há limitações físicas – como custos tangíveis e limites de 
capacidade – para que ofereçam seu “produto” principal, moeda e 
crédito. Por isso, tendem, em momentos de expansão econômica, a 
conceder mais crédito do que seria prudente. 
A autora também relaciona a criação de novos instrumentos financeiros, 
já que os bancos não incorrem em grandes despesas no desenvolvimento de 
inovações. Como também não existe registro de patente, os demais 
concorrentes podem imitar o inovador rapidamente. Dessa forma, os ganhos 
resultantes de inovações são temporários, apesar de contribuírem para a busca 
de novos produtos e serviços. Por último, a natureza dos lucros bancários 
também é diferente da dos lucros das empresas industriais, já que os bancos 
determinam as condições de liquidez da economia, regulando a taxa de juros. 
Assim, como não existem limites naturais para a taxa de juros, os bancos podem 
dificultar ou facilitar o funcionamento do processo produtivo que demanda 
recursos financeiros. 
Freitas (1997) busca contribuir para uma visão alternativa, que 
considera o caráter dinâmico e desestabilizador dos bancos. Ao 
mesmo tempo em que estão submetidos à lógica da valorização da 
riqueza, também ocupam papel central no processo de criação 
monetária na economia capitalista moderna, atuando, 
simultaneamente, como criadores de moeda e intermediários 
financeiros. 
Considerando essa posição diferenciada que os bancos ocupam no 
sistema monetário e de crédito, suas atividades devem ser estritamente 
39 
 
 
reguladas. Quando a regulamentação bancária é mais rigorosa, as 
oportunidades de criação de vantagens competitivas pelos bancos são 
reduzidas, apesar de sempre existirem possibilidades de busca pela 
diferenciação. Por outro lado, a ausência de uma regulamentação eficaz pode 
fazer com que a concorrência assuma formas destruidoras e ameace a 
estabilidade do sistema de crédito (Freitas, 1997). Portanto, a atividade bancária 
é marcada por um permanente conflito entre os objetivos de estabilidade do 
sistema e busca pela valorização do capital. 
Assim, a concorrência bancária se circunscreve, no geral, nos limites 
fixados pela regulamentação, que variam conforme a estrutura institucional e 
jurídica existente em cada país. Porém, por meioda inovação, os bancos 
buscam escapar desses controles, criando uma tensão dinâmica entre o 
processo competitivo inovador e a necessidade de aperfeiçoamento contínuo da 
regulamentação (Freitas, 1997). A concorrência no setor bancário pode ocorrer 
de várias formas. 
Freitas (1997) cita: construção de uma imagem de experiência, 
tradição e solidez; técnicas de marketing; qualidade de suas equipes 
operacionais; informações privilegiadas obtidas no relacionamento 
com seus clientes; desenvolvimento de novos instrumentos e práticas 
financeiras etc. A cooperação ou a formação de alianças também é 
uma estratégia concorrencial muito utilizada pelos bancos. 
Por meio dos correspondentes bancários, por exemplo, um banco pode 
ampliar sua área de atuação, sem a necessidade de incorrer em custos para a 
abertura de novas agências. Há vários trabalhos aplicados que buscaram 
mensurar o grau de competição no sistema bancário brasileiro. Grande parte 
desses testes concluiu que a estrutura de mercado é imperfeita, com um grau 
razoável de concorrência (Rocha, 2007). Assim, os altos spreads verificados 
poderiam ser explicados por algumas especificidades do setor, sendo que as 
principais são informação assimétrica, fidelização de clientes, custos de 
transferência (switching costs), rendas informacionais, risco moral e seleção 
adversa (Nakane, 2005). 
40 
 
 
As assimetrias informacionais, devido à heterogeneidade dos clientes, 
criam nichos de atuação, que permitem que os bancos se protejam da 
concorrência e pratiquem políticas de preços distintas (Ferreira e Farina, 2005). 
Essa assimetria de informações também eleva os custos de transferência para 
os clientes, criando efeitos lock-in1 e possibilitando a obtenção de rendas 
informacionais (Nakane, 2005). Apesar de alguns avanços realizados no Brasil 
para minimizar esses efeitos, alguns entraves ainda permanecem, como a 
limitação da portabilidade de cadastro, as altas tarifas de encerramento de conta 
e outros fatores que ainda contribuem para aumentar o custo de saída (Martinez, 
2008). 
Dessa forma, medidas como portabilidade de informações, cadastro 
positivo e a criação da conta-salário são importantes para reduzir os efeitos dos 
custos de transferência e de seleção adversa. Evolução do sistema financeiro 
brasileiro. Esta seção buscará delinear a evolução do sistema financeiro 
brasileiro, desde o período colonial até as relevantes alterações ocorridas na 
década de 90. Do período colonial até a criação do primeiro banco no Brasil, 
houve baixa entrada de capital estrangeiro e escassez monetária. Nesse 
período, havia grande dificuldade de transformar a riqueza em moeda, devido à 
sua escassez, predominando o escambo. 
Dessa forma, o sistema monetário brasileiro nesse período era composto, 
principalmente, de açúcar e escravos, em substituição à moeda metálica. O 
período de 1808 até 1914 pode ser caracterizado como de abertura financeira e 
de grande endividamento externo, sendo marcado pela criação, em 12 de 
outubro de 1808, do primeiro banco do país. O 1 Devido aos altos custos em que 
incorrem os clientes para trocar de banco. 
Banco do Brasil foi viabilizado pela vinda de D. João VI e da família real, 
que promoveram a abertura dos portos e acordos comerciais com a Europa e as 
colônias. As atividades do banco foram iniciadas em 1809; entretanto, a 
instituição foi fechada em 1829, devido ao prejuízo obtido com as exportações e 
à volta de D. João VI a Portugal, levando grande parte do lastro metálico 
depositado. 
41 
 
 
O segundo Banco do Brasil foi criado em 1833, mas não conseguiu 
integralizar o capital para a sua instalação. Em 1836, foi criado o primeiro banco 
comercial privado, o Banco do Ceará, que encerrou suas atividades em 1839. 
Em 1851, foi fundado o terceiro Banco do Brasil, de controle privado, o qual, em 
1853, uniu-se com o Banco Comercial do Rio de Janeiro, instituição criada em 
1838. Essa fusão, a primeira do país, originou o quarto Banco do Brasil.2 Em 
1863, foram instalados no país os primeiros bancos estrangeiros: o London & 
Brazilian Bank e o The Brazilian and Portuguese Bank, ambos sediados no Rio 
de Janeiro. Nesse período, o sistema bancário ainda não estava plenamente 
constituído, contando com a presença de bancos isolados. 
Estavam ausentes no sistema bancário brasileiro uma rede de agências 
bancárias integradas, uma câmara de compensação que permitisse a expansão 
da emissão de cheques, bem como uma carteira de redesconto para amenizar 
as situações de crise de liquidez. Dessa forma, a criação endógena de moeda 
bancária pelas forças de mercado estava prejudicada. Os bancos estrangeiros 
eram predominantes, estando voltados principalmente para os empréstimos 
comerciais – com preferência pela manutenção de altos níveis de ativos de curto 
prazo – e para as operações cambiais – por meio do financiamento ao comércio 
exterior, da especulação cambial e da atuação desses bancos como agentes de 
empréstimos externos na emissão de dívida pública no mercado internacional. 
O Banco do Brasil atual foi originado em 1906, resultado da fusão do 
Banco do Brasil de 1853 ao Banco da República do Brasil (Decreto no 1.455, de 
30/12/1905). Pela maior lucratividade e segurança dos empréstimos comerciais 
e das operações cambiais, em relação às demais operações existentes na 
economia nesse período. Para o mercado interno ou para a agricultura, pouco 
capital era alocado, já que a rentabilidade era menor e o risco era muito maior. 
As operações domésticas eram realizadas, principalmente, pelos bancos 
nacionais, públicos e privados (Rocha, 2002). 
 O encerramento dessa fase é caracterizado pelo fechamento da 
economia em âmbito internacional, devido à Primeira Guerra Mundial, e pela 
fuga das reservas em ouro. A partir da década de 20, inicia-se um processo de 
nacionalização e fortalecimento do sistema bancário, que se estende até 1964. 
42 
 
 
Esse período é caracterizado por uma queda nos empréstimos externos (exceto 
na década de 1920), por progressos importantes em relação ao desenvolvimento 
de mecanismos de financiamento interno e pelo estabelecimento de um sistema 
bancário efetivamente nacional. No início desse período, havia uma relevante 
participação dos bancos estrangeiros, que eram responsáveis por cerca de 45% 
dos empréstimos e depósitos do sistema bancário, controlando, como vimos, o 
financiamento de curto prazo do comércio exterior e o mercado de câmbio. O 
crédito às atividades econômicas internas, entretanto, era relativamente baixo, 
dadas as condições favoráveis do crédito em nível internacional. 
No âmbito do processo de nacionalização do sistema bancário, a Lei 
Bancária de 1921 criou a Inspetoria Geral dos Bancos e limitou as atividades dos 
bancos estrangeiros, cuja participação em depósitos e empréstimos decresceu 
ao longo do período 1920-1945, representando, em 1945, 7% e 5% 
respectivamente (Costa e De Deos, 2002). Naquele mesmo ano foi aprovado o 
regulamento para a fiscalização dos bancos e das casas bancárias e, em 1934, 
foram criadas as Caixas Econômicas Federais. A expansão da rede bancária 
doméstica e dos depósitos bancários, ocorrida no período, permitiu o retorno dos 
recursos emprestados ao sistema bancário. 
As Constituições de 1934 e de 1937 determinaram a nacionalização dos 
bancos estrangeiros e proibiram a posse de bancos no Brasil por não residentes. 
A Constituição de 1946, por sua vez, permitiu o livre acesso dos bancos 
estrangeiros ao sistema financeiro nacional, não fazendo distinção entre bancos 
nacionais e bancos estrangeiros. A participação estrangeira, entretanto, ficou 
muito reduzida até os anos 60. Efetivamente, no período 1946-60, apenas sete 
bancos estrangeiros ingressaram no país (Corazza, 2001). Em 1945, foi criada 
a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que passou a ser 
responsável pelo controle do mercado

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