Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmácia e Profissão Flávia Soares Lassie © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Imagens Adaptadas de Shutterstock e iStock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Joselmo Willamys Duarte Revisão Técnica Ana Carolina Castro Curado Joselmo Willamys Duarte Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Lassie, Flávia Soares L347f Farmácia e profissão / Flávia Soares Lassie. Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 184 p. ISBN 978-85-522-1655-1 1. Profissão. 2. Atuação. 3. Farmácia. I. Título. CDD 615.1 Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753 Sumário Unidade 1 Evolução histórica da profissão farmacêutica ............................................ 7 Seção 1 A história da farmácia ........................................................................ 8 Seção 2 A profissão farmacêutica .................................................................18 Seção 3 Conceitos de interesse farmacêutico ..............................................28 Unidade 2 Legislação sanitária e profissional farmacêutica .....................................47 Seção 1 Principais legislações sanitárias voltadas à profissão farmacêutica ......................................................................................48 Seção 2 Algumas normas voltadas à atuação em farmácias ......................61 Seção 3 Outras normas pertinentes para atuação do profissional farmacêutico ......................................................................................77 Unidade 3 Deontologia farmacêutica ..........................................................................95 Seção 1 Bases conceituais da deontologia farmacêutica ............................96 Seção 2 Código de ética e do processo ético ............................................110 Seção 3 Conselhos e outras autarquias relacionadas à farmácia ...........122 Unidade 4 Farmacêutico em áreas específicas de trabalho ....................................135 Seção 1 Atuação na indústria .....................................................................136 Seção 2 Atuação em farmácias ...................................................................147 Seção 3 Atuação em análises clínicas e outras áreas ...............................160 Palavras do autor Olá, aluno, seja bem-vindo ao incrível mundo da Farmácia e Profissão. Este livro é base para a introdução da profissão farmacêu-tica e será de grande importância para auxiliá-lo na definição do foco de sua carreira. Você encontrará conteúdos que promoverá o contato com diversos temas muito discutidos no curso de Farmácia, bem como será estimulado à discutir diferentes aspectos da prática farmacêutica. Iniciaremos nosso estudo pela história da Farmácia no Brasil e no mundo, desde a farmácia pré-histórica até a profissão nos dias de hoje, além disso, conheceremos, também, quais são as grandes áreas de atuação do farmacêu- tico, e você compreenderá o amplo mercado de trabalho da profissão e alguns conceitos pertinentes das ciências farmacêuticas, além de conhecer os princi- pais órgãos, as legislações e o código de ética que regulamentam a profissão e a atuação do profissional farmacêutico no contexto da saúde. O livro é composto de quatro unidades de ensino que irão abordar a evolução histórica da profissão farmacêutica, as legislações sanitárias e profissionais farmacêuticas, a deontologia farmacêutica e o farmacêutico em áreas específicas de atuação. Na Unidade 1, estudaremos a história da Farmácia desde a antiguidade, idade média até os dias de hoje; abordaremos também a profissão farma- cêutica das áreas que são privativas da atuação do farmacêutico às áreas que são divididas com outras profissões; e, por fim, você conhecerá os principais conceitos utilizados na profissão. Na Unidade 2, conheceremos as principais legislações que regulamentam a profissão e a atuação do farmacêutico no contexto da saúde. Na Unidade 3, abordaremos o código de ética da profissão farmacêutica e a criação dos conselhos federal e regional de farmácia e outras autarquias de saúde. Na Unidade 4, por fim, identificaremos algumas características dos principais campos de atuação do farmacêutico. Ao final do estudo deste livro, você será capaz de compreender os diferentes aspectos da prática farmacêutica, bem como uma possível área de atuação no mercado de trabalho. Assim convido você a entrar e explorar o espetacular mundo da Farmácia e Profissão. Vamos lá? Unidade 1 Flávia Soares Lassie Evolução histórica da profissão farmacêutica Convite ao estudo O ser humano tem como uma de suas características a necessidade de aliviar os sintomas que as doenças provocam no seu organismo; pensando nisso, na era pré-histórica as doenças eram tratadas com ingredientes ativos ou drogas que eram encontradas na natureza. A Farmácia é a ciência e a profissão dos medicamentos; compreender o processo histórico dela é muito importante para que o profissional da área saiba qual será a sua atuação no mercado de trabalho. Frente a isso, o estudo desta unidade possibilitará o conhecimento da evolução histórica da Farmácia no mundo e no Brasil. Para trabalharmos os conteúdos desta unidade será apresentada uma situação geradora de aprendizagem, e convidamos você a lê-la com uma atenção especial. Vamos lá? Alice, 19 anos, residente de uma cidade no interior de São Paulo, é uma jovem apaixonada pela área da saúde e iniciou seus estudos no curso de Farmácia. O sonho da família é ver Alice se formar no curso de Farmácia, pois ela será a única na família com um diploma de nível superior. Alice está cursando os primeiros semestres do curso e no momento está dividindo seu tempo entre os estudos e os estágios iniciais. Ela está estagiando em uma rede grande de farmácias na cidade onde mora, visando conhecer o dia a dia do profissional farmacêutico e suas atribuições nesse campo de atuação. Nesse cenário, terá a oportunidade de vivenciar situações práticas e complexas que exigirão dela muito empenho em seus estudos, e isso certa- mente irá contribuir de maneira significativa na sua formação profissional. A cada dia de estágio, Alice se depara com uma situação diferente que faz com que ela se apaixone ainda mais pelo curso e se sinta estimulada a buscar cada vez mais conhecimento para se tornar uma excelente profissional. Sendo assim, vamos acompanhar Alice e ajudá-la em seus desafios. 8 Seção 1 A história da farmácia Diálogo aberto Olá, caro aluno! Iniciamos agora a nossa primeira seção de estudos. Você conheceu Alice, que é aluna do curso de Farmáciae estagia em uma farmácia de uma grande rede de sua cidade. Certo dia de estágio, Alice estava acompanhada de sua professora super- visora, e muito interessada sobre o contexto da profissão que escolheu, a questionou sobre o que ela conhecia a respeito da evolução da profissão farmacêutica no Brasil e, na opinião dela, quais seriam as perspectivas para o futuro da profissão farmacêutica? Frente à situação descrita acima, como você, profissional de Farmácia, esclareceria essa dúvida de Alice? Durante cada seção desta unidade, você aprenderá conteúdos que abordam a evolução da Farmácia para ajudá-lo a resolver essa situação. Vamos lá? Não pode faltar Iniciaremos então nosso estudo sobre a história da farmácia e apren- deremos quais foram os marcos históricos dessa ciência do medicamento. A história da farmácia e do medicamento é tão antiga como a história da humanidade. A farmácia tem feito parte da vida do homem desde o início da humanidade, quando, há milhares de anos, o homem pré-histórico coletava plantas para curar doenças e ferimentos. Desde 60.000 a.C., povos antigos como os egípcios, gregos, hindus e persas utilizavam as plantas para fins medicinais, e por tentativa e erro, a partir de então, o conhecimento popular das propriedades curativas de certas substâncias naturais acabou crescendo. Assim, desde a antiguidade, o homem já sentia a necessidade de aliviar as suas dores, e por isso, misturavam as substâncias naturais acreditando que assim poderiam alcançar a cura. Há registros que há 5.000 a.C. os chineses elaboraram listas contendo nomes e aplicações de drogas vegetais. Na Índia, no vale do Indo (2.700 a.C), foram lançadas as bases para uns dos sistemas de medicina mais antigos ainda em uso, baseado no emprego de vegetais para o tratamento de doenças humanas e de animais. No antigo Egito, eram comuns os usos ritual e terapêutico de espécies vegetais (ALLEN, 2016). 9 Segundo ALLEN (2016), foi na Grécia que surgiram os primeiros conceitos da profissão médica moderna com a utilização do conceito de fármaco ou pharmakon, uma palavra que significa, ao mesmo tempo, feitiço, remédio ou veneno, dependendo apenas da dose administrada, e também pharmakopolos, que seriam os vendedores de medicamentos. Entre os gregos, alguns nomes que ganharam destaque foram Hipócrates, considerado o pai da medicina, e Galeno, considerado o pai da farmácia. Galeno (131-200 d.C) era um médico grego que atuava em Roma; compôs as matérias-primas necessárias à preparação de medicamentos e a arte de os preparar em função da teoria dos humores provenientes da Grécia Antiga, por Hipócrates. Galeno criou um sistema que tentava equilibrar os humores de um indivíduo doente por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas das enfermidades. Ele escreveu bastante sobre farmácia e medicamentos, e em suas obras, elaborou uma lista de remédios vegetais, conhecidos como galênicos, cuja maioria era composta com vinho. Ele é considerado o precursor da alopatia. Observe a imagem a seguir do médico grego considerado o pai da Farmácia (ALLEN, 2016). Figura 1.1 | Galeno Fonte: https://binged.it/302EuP3. Acesso em: 26 jul. 2019. A medicina árabe, a partir do século VII, inicialmente simples, incor- porou a notoriedade das escrituras médicas gregas, especialmente de Galeno, tornando-se progressivamente mais complexa e passando a exercer grandes 10 influências nos séculos posteriores. A conquista de postos de comércios distantes trouxe novas drogas e condimentos aos centros de ensino, e a criação de medicamentos novos exigiam técnicas de preparação elaboradas. Assim, os árabes divulgaram as práticas de alquimia e defendiam um labora- tório farmacêutico; neles, haviam hortos botânicos para o cultivo de plantas medicinais e boticas para a preparação dos medicamentos. De acordo com Allen (2016), o mundo árabe iniciou a divisão de trabalho entre médicos e farmacêuticos, que, no século X, ainda eram vistos como uma só profissão, e a separação de farmácia e medicina alcançou o Ocidente quando, na metade do século XIII, Frederico II, o governante do reino das Duas Sicílias, por meio do chamado Édito de Melfi, estruturou a prática separada da Farmácia pela primeira vez na Europa. No século X foram criadas as primeiras boticas ou apotecas, como eram conhecidas na época, na Espanha e na França, que foram as precursoras das farmácias atuais. Nessa época, os pró-farmacêuticos eram denominados “apote- cários” (ou boticários), um termo oriundo do termo grego apotheca, que signi- fica depósito ou armazém. Era de responsabilidade dos boticários conhecer e curar as doenças, mas para o exercício da profissão, deviam cumprir uma série de requisitos e ter um local e equipamentos adequados para preparo e guarda dos medicamentos, que eram produzidos e manipulados na frente do paciente seguindo-se a prescrição médica e a farmacopeia. Observe as imagens a seguir que ilustram as boticas do século X (ALLEN, 2016). Figura 1.2 | Boticas ou apotecas Fonte: https://binged.it/2KaxGIb. Acesso em: 26 jul. 2019. 11 Figura 1.3 | Boticário Fonte: https://binged.it/32UslNR. Acesso em: 26 jul. 2019. Para Allen (2016), a época da Idade Moderna na Europa Moderna foi um período ótimo para se libertar de velhos conceitos sobre as doenças e drogas de Galeno. Novas drogas iam chegando de terras desconhecidas, e após terem cumprido as impressões de livros religiosos, iniciou-se as impres- sões de obras farmacêuticas e médicas. Nessa época, para a farmácia, os livros tiveram uma grande importância para os estudos das plantas medici- nais, e Valerius Cordus (1515-1544) escreveu uma obra contendo fórmulas farmacêuticas chamada Dispensatorium, que é considerada como a primeira farmacopeia, um livro referência para a preparação de medicamentos na cidade de Nuremberg, na Alemanha. Nesse período surge Paracelso (1493-1541) como um importante defensor dos medicamentos quimicamente preparados com matérias- -primas vegetais e substâncias minerais. Ele era contrário à Teoria Humoral para explicar o processo de saúde e doença e defendia uma filosofia natural de base química. Devido à teoria de Paracelso, os medicamentos químicos foram introduzidos e, assim, surgiu a farmácia química em oposição à farmácia galênica (ALLEN, 2016). Assimile Em uma época em que os remédios eram simples e derivados de plantas, Paracelso foi um defensor dos remédios minerais e metálicos, suscitando que, para toda doença, havia uma terapêutica específica; por exemplo: nessa época o mercúrio tornou-se um remédio específico 12 para tratar a sífilis. Paracelso rejeitava a teoria dos humores de Galeno e a substituiu por três novos elementos: o enxofre, o mercúrio e o sal. Os estados patológicos deveriam ser tratados quimicamente, valorizando, assim, os remédios químicos. O estudo dos medicamentos teve um salto notável no século XVI com a pesquisa dos princípios ativos de plantas e minerais capazes de curar doenças; os farmacêuticos documentaram as fontes de drogas vegetais ao redor do mundo e encontraram princípios ativos puros nas plantas medici- nais (ALLEN, 2016). Segundo Allen (2016), em 1777, na França, foi criado o Collège de Pharmacie para que os farmacêuticos tivessem suas próprias organizações. A padronização dos medicamentos foi realizada a partir da publicação de obras denominadas farmacopeias, as quais estabeleciam a maneira de se preparar os medicamentos e garantir que as prescrições fossem preparadas de forma uniforme em qualquer cidade ou estado. Exemplificando Você acabou de ler a respeito da Farmacopeia, que é um livro que reúne um conjunto de informações técnicas a respeito da nomenclatura das substâncias, dos princípios ativos, insumos e equipamentos farmacêu- ticos. Para saber mais a respeito da Farmacopeia acesse: http://portal. anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%- C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc. Acessoem: 8 ago. 2019. Nesse link, você poderá conferir a 5ª edição da Farmacopeia Brasileira. Entre meados de 1600 e 1800 a Farmácia se estabeleceu como profissão no continente europeu; nesse período os farmacêuticos aprenderam sobre os novos métodos de preparação e manipulação, pois o uso de medicamentos sintéticos tornou-se mais evidente (ALLEN, 2016). No início do século XX, com a introdução das especialidades farmacêu- ticas industrializadas, o mercado tornou-se mais estruturado, dando abertura para a criação de empresas que começaram a exercer essa atividade. Você acabou de estudar a evolução da Farmácia no mundo, agora, nosso enfoque será a história da Farmácia no Brasil. De acordo com Edler (2006), a história da Farmácia no Brasil iniciou-se na época do Brasil colônia de Portugal, quando os primeiros colonos, deixados http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc 13 por Martin Afonso, utilizavam plantas medicinais indígenas para curar as doenças, tratar ferimentos e picadas de insetos. Os primeiros europeus que habitaram o Brasil aprenderam com as nações indígenas a preparar os remédios para tratar suas próprias doenças. Os medicamentos preparados pelos boticários eram trazidos quando havia expedições de Portugal, Espanha e França, pois sempre havia um cirurgião- -barbeiro ou aprendiz de boticário que traziam as caixas de botica — pequenas arcas de madeira que continham certa quantidade de remédio (EDLER, 2006). Reflita Você acabou de ler sobre as caixas de botica. Você imagina o que são caixas de botica e como elas são? Quando foi instituído no Brasil, pela coroa portuguesa, o governo geral, o primeiro governador nomeado foi Thomé de Souza, que trouxe consigo jesuítas, padres, diversos oficiais e o primeiro boticário, chamado Diogo de Castro. Os missionários jesuítas utilizaram muito da medicina indígena, tornando as plantas medicinais brasileiras famosas em todo o mundo. Os jesuítas eram os responsáveis pelo intercâmbio entre os universos da medicina, pois eles absorviam o conhecimento dos cirurgiões e boticários e aplicavam nos precários hospitais da Santa Casa de Misericórdia. As boticas dos jesuítas eram quase sempre as únicas existentes nas cidades ou vilas (EDLER, 2006). Para Edler (2006), os jesuítas possuíam um receituário particular em que se encontravam as fórmulas dos medicamentos e seus processos de preparação. A triaga brasílica produzida na botica de Salvador, um remédio que continha extratos, gomas, óleos e sais químicos extraídos de 78 tipos diferentes de plantas, era utilizado como um antídoto universal para todos os males, contra a mordida de animais peçonhentos, em várias doenças febris e foi a segunda fonte de renda da Companhia de Jesus no Brasil. Em São Paulo, o padre jesuíta espanhol José de Anchieta preparava os remédios e foi considerado o primeiro boticário de Piratininga. Importantes boticas sob a responsabilidade dos jesuítas no Brasil estavam localizadas na Bahia, em Olinda, no Recife, no Maranhão, no Rio de Janeiro e em São Paulo, sendo que a botica com maior destaque foi a da Bahia, pois ela distribuía medicamentos para as demais boticas do Norte ao Sul do Brasil (EDLER, 2006). Nos anos de 1640, as boticas foram autorizadas como comércio no Brasil, e em meados do século XVII, algumas tomaram a aparência das boticas existentes no reino e situavam-se nas principais ruas. Os boticários eram de famílias humildes, que obtinham seus conhecimentos trabalhando nas 14 boticas, tornando-se ajudantes e aprendizes, e para se tornarem boticários tiveram de ser aprovados, em Coimbra, pelo físico-mor (médico), um juiz. Para Edler (2006), o comércio de drogas e medicamentos era privativo dos boticários, segundo o que constava no conjunto de leis portuguesas chamadas “Ordenações”, que regeram o Brasil durante todo o período colonial. Em casos de descumprimento dessas leis, multas e apreensões de produtos eram praticados a fim de se inibir o comércio ilegal de drogas e medicamentos. A fiscalização das boticas era feita de acordo com o regimento, desde o exame prestado pelos candidatos a boticários até a legalização do profissional responsável, o estado de conservação das drogas e a existência de balanças, pesos e medidas. A transferência da corte portuguesa para o Brasil, em fuga das tropas napoleônicas, é considerada um acontecimento de muitas consequências para a história da medicina e farmácia no Brasil. Após uma breve passagem por Salvador, a comitiva real seguiu para o Rio de Janeiro. Em 1809, no Rio de Janeiro, institui-se o curso de Medicina. No Brasil, a Academia Imperial de Medicina (1829-89) foi o principal fórum de debates sobre o ensino médico e a saúde pública. Por meio da reforma de ensino de 1832, ocorreu a transformação das academias médico-cirúrgicas em faculdades de medicina. Essa reforma previa a criação do curso farmacêutico com as faculdades de medicina do Império. As disciplinas ministradas seriam divididas em 3 anos, contemplando as áreas de: física médica, botânica médica e química médica, e para obter o título de farmacêutico, o aluno teria de atuar em uma botica de um boticário diplomado por um período de três anos (EDLER, 2006). Segundo Edler (2006), o Rio de Janeiro e a Bahia possuíam as duas únicas faculdades de medicina do Império, e em 1839, em Minas Gerais, foi criada a Escola de Farmácia de Ouro Preto. Em 1875, o farmacêutico Manoel Hilário Pires Ferrão chamou a atenção para promover a distinção que deveria ser feita entre boticário e farmacêu- tico. O boticário poderia ser qualquer um que resolvesse abrir uma botica para comercializar remédios, e o farmacêutico era aquele formado em cursos regulares de Farmácia. Com a fundação das primeiras faculdades de Farmácia (1839-1898) no país, o boticário foi lentamente sendo substituído pelo farmacêutico, mas esse processo não foi nada fácil, pois a designação de boticário continuou a ser utilizada pela população para se referir ao farmacêutico diplomado (EDLER, 2006). De acordo com Edler (2006), a botica onde o boticário pesquisava e prepa- rava fórmulas, originou dois novos tipos de estabelecimentos: a farmácia e o laboratório industrial farmacêutico. As boticas começaram a ser substituídas 15 por farmácias na segunda metade do século XIX, apresentando espaços mais modernos para atendimento ao cliente, e foi entre o final do século XIX e o começo século XX que ocorreram as grandes transformações, como o reconhecimento legal da profissão do farmacêutico. O conhecimento sobre os fármacos, os avanços da medicina, da comer- cialização, da tecnologia e do desenvolvimento profissional, juntos, levaram ao desenvolvimento da farmácia moderna. Sem medo de errar Agora que você aprendeu sobre o contexto da evolução da história da farmácia no mundo e no Brasil, vamos relembrar a nossa situação geradora de aprendizagem em que Alice questiona sua professora sobre a evolução histó- rica da profissão farmacêutica? Você sabe como esclarecer a dúvida de Alice? Para a resolução da situação devemos lembrar que, para o tratamento de doenças humanas e de animais, utilizava-se somente o emprego de espécies vegetais. E foi somente em Roma que começou a se utilizar as plantas como matérias-primas para a preparação de medicamentos mais aprimorados. A medicina árabe permitiu novos avanços na manipulação dos medica- mentos, pois as novas drogas e os condimentos exigiam conhecimentos e técnicas mais elaboradas, isso também foi o início da divisão da medicina e da farmácia. Nessa época, os pró-farmacêuticos, chamados boticários, tinham a responsabilidade de conhecer e curar as doenças, bem como manipular,preparar e armazenar os medicamentos, e assim foram criadas as primeiras boticas, que foram as precursoras das nossas farmácias atuais. Em meados do século XX, ocorreram grandes transformações na área da ciência do medicamento, como o reconhecimento legal da profissão do farmacêutico e novas tecnologias para a preparação e manipulação de fármacos, e assim, o uso de medicamentos sintéticos tornou-se mais evidente. Avançando na prática Plantas medicinais No colégio Santa Cruz, temos dois amigos: Lucas e Henrique, que estão em um acampamento de férias. Durante uma partida de futebol, Lucas 16 tropeçou e caiu no chão, fazendo um machucado em seu joelho. O professor Luís acompanhou Lucas até a enfermaria e colocou uma planta em cima de seu machucado. Após alguns minutos, Lucas sentiu que a dor havia diminuído e perguntou ao seu professor por qual motivo ele havia colocado aquela planta em seu ferimento. Frente a isso, qual é a relação que pode ser feita com a utilização das plantas medicinais para curar doenças e ferimentos com os medicamentos utilizados hoje em dia? Resolução da situação-problema Pensando nessa situação, poderíamos explicar para Lucas que as plantas medicinais são utilizadas pelo homem desde o início da humanidade para diversos fins terapêuticos, devido às suas propriedades farmacológicas específicas, e fazer um breve relato sobre a história do uso das plantas medici- nais no Brasil e no mundo, abordando o uso das espécies vegetais pelos pajés, egípcios, gregos, chineses, entre outros povos que as utilizavam como forma de tratamento de suas doenças, bem como estabelecer uma relação com os medicamentos utilizados hoje em dia. Faça valer a pena 1. A farmácia tem uma longa história, desde o início da humanidade, quando, há milhares de anos, o homem, para curar ferimentos e doenças, utilizava práticas mágico-religiosas e preparava remédios a partir de produtos naturais. Assinale a alternativa correta, segundo a evolução do processo histórico da farmácia: a. O pai da farmácia é Hipócrates. b. Os boticários deram origem aos profissionais de medicina. c. Os medicamentos sintéticos são utilizados pelo homem desde o início da humanidade. d. O pai da farmácia é Galeno. e. As profissões de medicina e farmácia sempre foram distintas como nos dias de hoje. 2. O mundo árabe iniciou a divisão de trabalho da área de medicina e farmácia que, no século X, ainda eram uma só profissão. 17 Nesse período, foram criadas as primeiras ____________ ou apotecas, como eram conhecidas na época, na Espanha e na França, que foram as precur- soras das farmácias atuais. Nessa época, os pró-farmacêuticos eram denomi- nados “____________” (ou boticários), um termo oriundo do termo grego apotheca, que significa depósito ou armazém. Analise a sentença que completa as lacunas corretamente: a. boticas; apotecários. b. boticários; farmacêuticos. c. drogarias; botica. d. caixas botical; apotecas. e. oficinas magistrais; farmacêuticos. 3. As práticas farmacêuticas existem desde o início da humanidade, quando indivíduos pré-históricos coletavam plantas para fins medicinais. Os ingre- dientes ativos eram coletados, processados e preparados para a sua incorpo- ração em preparações medicamentosas, e essa atividade realizada desde o início da humanidade ainda é o foco central da farmácia. Sobre o processo de evolução da profissão farmacêutica: I. A farmácia é a ciência de se criar medicamentos. II. As atividades relacionadas à farmácia tiveram início com as boticas ou apotecas. Nesse período, a medicina e a farmácia eram profissões distintas. III. O primeiro boticário no Brasil foi Thomé de Souza; ele foi trazido da França após a coroa decretar que o acesso aos medicamentos só aconteceria se nas expedições tivesse um boticário carregando uma caixa botical cheia de drogas e medicamentos. Leia o texto base, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta: a. Somente a afirmativa II está correta. b. As afirmativas I, II e III estão corretas. c. Somente a afirmativa III está correta. d. Somente a afirmativa I está correta. e. Somente as afirmativas I e II estão corretas. 18 Seção 2 A profissão farmacêutica Diálogo aberto Olá, caro aluno! Vamos continuar nosso estudo sobre farmácia e profissão? Nós iniciaremos esta seção falando a respeito dos campos de atuação do farmacêutico. Você conhecerá quais são as possíveis áreas de atuação farmacêutica e, assim, poderá se familiarizar com a profissão. Para isso, vamos retomar à situação hipotética mencionada no convite ao estudo sobre a Alice, estudante do curso de Farmácia que está fazendo estágio em uma grande farmácia do bairro onde mora e se depara com algumas situa- ções que a faz se apaixonar ainda mais pelo curso. Durante seu estágio, Alice conheceu Mariana, que também é estudante de Farmácia e que trabalha como técnica em um laboratório de Análises Clínicas do Hospital do Câncer. Alice ficou curiosa, pois não sabia da existência dessa área. Você, como futuro profissional de farmácia, poderia ajudar Alice no desafio de conhecer as áreas de atuação do Farmacêutico? Não pode faltar Na seção anterior, você estudou sobre a evolução da profissão farmacêu- tica e pôde perceber que o boticário era o profissional autorizado a exercer as funções que hoje são desempenhadas pelo farmacêutico. Em 1931, a profissão de farmacêutico foi finalmente regulamentada, passando a ser exercida apenas por profissionais formados em instituições de ensino oficialmente reconhecidas. Agora, nós conheceremos as áreas da profissão farmacêutica. A profissão farmacêutica é exercida em sua plenitude por profissionais diplomados em uma faculdade de Farmácia. A ciência farmacêutica é ramo de amplo espectro de conhecimentos, e têm como base os campos da química e da biologia. Assim, para seguir carreira na área farmacêutica, é necessário que se tenha aptidão e afinidade e com esses seguimentos. O farmacêutico é o: “profissional da área de saúde, com formação centrada nos fármacos, nos medicamentos e na assistência farmacêutica e, de forma integrada, com formação em análises clínicas e toxicológicas, em cosméticos e em alimentos, em prol do cuidado à saúde do indivíduo, da família e da comunidade” (CNE, 2017, [s.p.]). 19 O farmacêutico é o profissional do medicamento que identifica e manipula substâncias químicas para a produção de fármacos, bem como conhece o mecanismo de ação, o metabolismo, a distribuição, a excreção e os efeitos farmacológicos dos medicamentos no nosso organismo, o que o torna um profissional especialista em produtos com importantes funções quando se fala em recuperar, prevenir e promover saúde. De maneira geral, o farmacêutico pode atuar em seis modalidades básicas, que são: fármacos e medicamentos, análises clínicas e toxicológicas, alimentos, educação, saúde pública, e práticas integrativas e complementares (CONSELHO, 2015). Para atuar com fármacos e medicamentos pode-se trabalhar em indústria farmacêutica, em pesquisa de novos fármacos ou cosméticos, na produção e no controle de qualidade de medicamentos. Também é possível atuar nas farmácias de qualquer natureza, seja ela de manipulação, homeopatia e fitote- rapia ou nas farmácias instaladas nos hospitais e unidades de saúde. A Farmácia engloba vários tipos de estabelecimentos nos quais o farmacêutico atua, mas dependendo da natureza dos serviços que nela são prestados, ela recebe uma denominação, conforme segue na figura abaixo: Figura 1.4 | Atividades farmacêuticas Farmácia Homeopática Farmácia Clínica Farmácia Hospitalar Farmácia Comunitária Farmácia Fitoterápica Farmácia Oncológica Farmácia Veterinária Farmácia Dermatológica Farmácia Manipulação Farmácia Pública Farmácia Fonte: elaborada pela autora.. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as funções desenvol- vidas pelo farmacêutico na farmácia são: orientar os pacientes sobre a correta utilização dos medicamentos, contribuindodiretamente para o uso racional dos medicamentos; aconselhar os pacientes sobre os riscos da automedi- cação, entre outras atividades. A dispensação de medicamentos é um ato privativo do farmacêutico, segundo o Decreto Federal nº 85.878/81. A Lei 13.021 determina que as farmácias, de qualquer natureza, inseridas nesse 20 contexto, inclusive os dispensários de medicamentos, deverão contar com a presença de farmacêutico em todo o seu horário de funcionamento (essa obrigatoriedade já era prevista pela Lei 5991/1973). Na área de Análises Clínicas e Toxicológicas, o farmacêutico atua tanto em laboratórios públicos quanto em privados, desempenha as funções de execução de exames laboratoriais auxiliando no diagnóstico de doenças, no monitoramento e adesão ao tratamento. Pode também atuar em toxicologia ocupacional, realizando exames que atestem as condições de saúde do trabalhador frente ao risco da exposição ocupacional. A área de atuação de Análises Clínicas não é uma atribuição exclusiva do profissional farmacêutico, sendo dividida com outras profissões, como, por exemplo, o biomédico. Figura 1.5 | Setor de um laboratório de análises clínicas Fonte: https://binged.it/2ZGVrhT. Acesso em: 8 ago. 2019 Na saúde pública, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional da Saúde; nela, constam os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que são documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde, bem como o tratamento preconizado com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos a serem seguidos pelos gestores do SUS. Devem ser baseados em evidência científica e considerar critérios de eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomen- dadas. Principalmente no que diz respeito aos medicamentos excepcionais, o farmacêutico participa diretamente desse processo nas farmácias de Alto Custo nas Unidades Federativas, pois cabe ao farmacêutico a verificação de toda documentação trazida pelo paciente para, assim, se realizar a dispen- sação dos medicamentos denominados excepcionais de maneira adequada. https://binged.it/2ZGVrhT 21 Reflita O acompanhamento farmacoterapêutico é uma das atribuições clínicas do farmacêutico e é um serviço que visa otimizar a farmacoterapia prescrita. O acompanhamento farmacoterapêutico monitora os efeitos terapêuticos do medicamento e a verificação de problemas relacio- nados aos medicamentos, realiza intervenções quando necessário e avalia os resultados, podendo alcançar melhores perspectivas em relação à qualidade de vida dos usuários crónicos de medicamentos. Você poderia imaginar em quais tipos de doenças e seus tratamentos medicamentosos se faz necessário o serviço de acompanhamento farmacoterapêutico? Pense sobre isso. Na saúde pública, o farmacêutico tem como uma de suas atribuições toda a gestão da farmácia, desde a aquisição até a dispensação dos medicamentos; ele também atua no atendimento do paciente, dando todas as orientações necessárias para uma condução correta, segura e racional do uso dos medica- mentos, garantindo o melhor resultado terapêutico. Para o Ministério da Saúde, a atuação do farmacêutico na rede pública é uma excelente ferramenta para a promoção da saúde, e sua participação é essencial. O profissional farmacêutico também pode atuar na indústria de alimentos e pode desempenhar diversas funções, entre elas: realização do controle de qualidade microbiológico, químico, físico-químico das matérias-primas e produtos acabados; análises sensoriais dos alimentos; e desenvolvimento de métodos analíticos e de produtos alimentares para uso humano e veterinário. A área de alimentos não é privativa do profissional farmacêutico, sendo assim, outras profissões podem atuar nessa área. O farmacêutico que se especializa na área de alimentos é chamado de farmacêutico bromatologista. Exemplificando Alguns farmacêuticos que ganharam destaque na área de alimentos são: o farmacêutico alemão Henri Nestlé, o criador da Farinha Láctea Nestlé, que foi desenvolvida por ele para alimentar as crianças que, na época, estavam com sérios problemas de desnutrição. No início dos anos 1920, o farmacêutico Jesus Norberto Gomes criou o guaraná Jesus, uma bebida obtida a partir do extrato de guaraná, cafeína, teofilina e teobromina, que foi desenvolvida como medica- mento para tratar indisposições estomacais, mas como era uma bebida adocicada de sabor agradável, ficou famosa entre os seus familiares e começou a ser comercializada em sua farmácia. Em 1886, o farmacêutico Jonh Smith Pemberton criou a formulação da Coca-Cola. 22 Figura 1.6 | Farinha Láctea Nestlé Fonte: https://binged.it/30xGmzy. Acesso em: 15 ago. 2019. Na área de educação, o farmacêutico, a partir de especializações na área, poderá seguir a carreira acadêmica nas instituições de ensino e pesquisa, no campo de conhecimento em que tiver maior afinidade, entre outros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS), as práticas integrativas e complementares de Saúde (PICS) são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem ser usadas como tratamentos paliativos de algumas doenças crônicas. Nesse contexto, o farmacêutico atua na antroposofia aplicada à saúde, fitoterapia, homeopatia, acupuntura, entre outras práticas terapêuticas alternativas. As práticas integrativas e comple- mentares estão autorizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) e não substi- tuem o tratamento tradicional. Elas são um adicional, um complemento no tratamento e indicadas por profissionais específicos conforme as necessi- dades de cada caso. Assimile Segundo o Ministério da Saúde, a medicina antroposófica fundamen- ta-se em um entendimento espiritual científico do ser humano e consi- dera bem-estar e doença como eventos ligados ao corpo, mente e espírito do indivíduo; realiza abordagem holística com foco em fatores que sustentam a saúde por meio do reforço da fisiologia do paciente e da individualidade, em vez de apenas tratar os fatores que causam a doença (PRÁTICAS Integrativas e Complementares (PICS): quais são e para que servem, 2019). 23 Atualmente, o farmacêutico também pode atuar no campo da saúde estética, utilizando técnicas de tratamento facial e corporal por meio de produtos, materiais e equipamentos adequados para cada tipo de procedi- mento, atuando na preservação, no melhoramento ou na restauração estética do corpo humano. O campo de trabalho para o farmacêutico no Brasil é muito amplo, com diversas oportunidades de trabalho. Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, em matéria publicada no site, em 2018: [...] a Profissão farmacêutica foi a terceira profissão que mais teve contratações formais nos primeiros quatro meses de ano de 2018. Foi o que apurou o site Quero Bolsa em um levantamento que teve como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados relativos aos primeiros 4 meses do ano. A informação é da revista Exame. Para o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter da Silva Jorge João, a estatística é o resultado do movimento clínico liderado pelo conselho, em franca expansão no Brasil. Desde 2012, o CFF vem investindo em iniciativas que resgatam o farmacêutico como protago- nista do cuidado à saúde dentro da farmácia comunitária, o segmento que mais emprega farmacêuticos no Brasil. [...] o presidente do CFF refere-se às resoluções do CFF, que dispõem sobre as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, ambas aprovadas em 2013. Ele destaca também a aprovação da Lei 13.021/14, que reclas- sificou as farmácias como unidades de assistência à saúde. “Essas legislações desencadearamum boom de contratações, porque o varejo está investindo em farmácias que prestam serviços”, analisa. Apenas nas farmácias de redes, segundo dados da Abrafarma, que congrega esses estabelecimentos, já são 1,6 mil consultórios farmacêuticos no país (CONSELHO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2018, [s.p.])”. A indústria farmacêutica e cosmética cresceu muito nas últimas décadas e são setores com boas perspectivas salariais e benefícios, no entanto, a área industrial é um seguimento que requer, além da formação básica dos profissionais, maior especialização para efetiva contratação em determi- nados setores, além do conhecimento avançado de outros idiomas, princi- palmente o inglês. 24 As drogarias e farmácias, devido às normatizações que regulamentam e indicam a obrigatoriedade da presença do farmacêutico durante todo o período de funcionamento desses estabelecimentos de saúde, sempre são uma opção, quase que imediata, para a atuação na profissão, principalmente para os recém-formados, pois é um seguimento que continua crescendo e que não exige tanta experiência para a atuação. Todo esse contexto traz perspec- tivas animadoras para o mercado de trabalho ao profissional farmacêutico. Sem medo de errar Agora que você aprendeu os conceitos abordados nesta seção, você conseguirá solucionar a situação problema exposta, em que Alice, em um dia de estágio, conheceu Mariana, que também é estudante de Farmácia e que trabalha como técnica em um laboratório de Análises Clínicas do Hospital do Câncer. Alice ficou muito curiosa, pois não sabia da existência dessa área. Para a resolução dessa situação, você precisa relembrar que o farma- cêutico é um profissional da área de saúde, com formação centrada nos fármacos, nos medicamentos e na assistência farmacêutica, e de forma integrada, com formação em análises clínicas e toxicológicas, em cosmé- ticos e em alimentos, em prol do cuidado à saúde do indivíduo, da família e da comunidade. Dessa forma, o farmacêutico é o profissional do medica- mento, porém, ele não se restringe a atuar somente no balcão da farmácia de dispensação. Ele pode atuar em diferentes campos de trabalho e suas atribuições podem ser privativas ou não. A Farmácia possui diversos ramos de atividades, como: farmácia de dispensação, hospitalar, clínica, veterinária, de homeopatia, de fitoterapia, análises clínicas e toxicológicas, acupuntura, docência, distribuição e trans- porte, indústrias de alimentos, cosméticos, medicamentos, insumos farma- cêuticos, entre outros. Dentro da área de análises clínicas, o farmacêutico pode atuar tanto em laboratórios públicos quanto em privados, e desempenha as funções de execução de exames laboratoriais, auxiliando no diagnóstico de doenças, no monitoramento e adesão ao tratamento, na pesquisa de novos fármacos para verificar a eficácia terapêutica, efeitos tóxicos e metabólicos, bem como pode atuar na toxicologia ocupacional, realizando exames que atestem as condições de saúde do trabalhador frente ao risco de exposição ocupacional. A área de atuação de Análises Clínicas não é uma atribuição exclusiva do profissional farmacêutico, sendo dividida com outras profissões. 25 Das diversas áreas que o farmacêutico pode atuar, aquelas que são de atribuição privativa são as áreas relacionadas aos medicamentos, como a indústria farmacêutica no desenvolvimento de novos fármacos, as farmácias de manipulação, homeopática, de dispensação e de atenção farmacêutica na farmácia comunitária e hospitalar. Avançando na prática Trainee em uma indústria de medicamentos Uma farmacêutica, recém-formada, estava procurando trabalho e viu em um site de vagas de emprego que uma indústria farmacêutica estava contratando Trainees no setor de controle de qualidade, especificamente com direcionamentos para análises microbiológicas. Como a farmacêutica não tinha experiência na indústria farmacêutica e não tinha participado de nenhum processo seletivo para vagas nesse seguimento, ficou em dúvida sobre quais seriam os pontos importantes que deveria considerar para se preparar para uma entrevista. Caso a farmacêutica fosse para a entrevista dessa vaga, como ela deveria se preparar? Se você estivesse no lugar dessa candidata, quais pontos você consideraria para realizar uma boa entrevista visando a contratação? Resolução da situação-problema Dica No processo de fabricação de medicamentos, cosméticos e alimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) exige que sejam seguidas as Boas Práticas de Fabricação (BPF), uma das exigências que podem garantir a qualidade, a segurança e a eficácia de produtos e medicamentos. As análises microbiológicas fazem parte desse contexto. A qualidade microbiológica de produtos farmacêuticos constitui uma das particularidades essenciais para garantir segurança, eficácia e aceitabilidade dos produtos. Dentre as exigências das normas de boas práticas de fabricação (BPF) está a necessidade de se realizar o controle de qualidade em todas as fases do processo de fabricação. 26 Assim, a candidata deve conhecer bastante das práticas de análises micro- biológicas, preferencialmente, ter uma especialização voltada a esse contexto, deve estar bastante atualizada sobre as legislações que incidem neste contexto e fluente em outros idiomas, essas e outras considerações devem ser conside- radas. Busque complementar essas observações em seus estudos. Faça valer a pena 1. O farmacêutico é um profissional da área da saúde que, além do trabalho direto na farmácia, também atua em outras diferentes especialidades. Sobre as áreas de atuação da profissão farmacêutica, assinale a alternativa correta: a. O farmacêutico pode atuar na dispensação de medicamentos, sendo uma atribuição privativa dos profissionais farmacêuticos. b. Na área de alimentos, o farmacêutico pode atuar especialmente no controle de qualidade, e essa é uma atribuição privativa do farmacêutico. c. Nas Análises Clínicas, o farmacêutico pode ser responsável pelo banco de sangue, sendo uma atribuição exclusiva do profissional farmacêutico. d. A área de medicamentos é um campo dividido entre farmacêuticos e outras profissões, pois o farmacêutico não é o profissional do medicamento. e. Uma área de atuação nova do profissional farmacêutico é a saúde estética, e isso está ampliando o mercado de trabalho, pois é uma área exclusiva de atuação do farmacêutico. 2. Na saúde pública, o farmacêutico participa do contexto das políticas públicas de saúde, suas atribuições vão desde a _________ até a garantia da qualidade dos processos. Ele também atua no ____________ do paciente dando todas as orientações necessárias para uma condução correta, segura e ___________ do uso dos medicamentos, garantindo melhores resultados terapêuticos. Analise a sentença e complete as lacunas. a. negociação; auxílio; racional. b. aquisição; atendimento; racional. c. compra; manuseio; analítica. 27 d. manuseio; eficaz; atendimento. e. obtenção; negociação; eficaz. 3. A Farmácia é uma área da saúde que apresenta diversos campos de trabalho, porém, não importa o ramo de atuação, todo farmacêutico tem obrigação de conhecer as normas que regulamentam suas atividades. Sobre as áreas de atuação farmacêutica, analise as afirmativas a seguir: I. O farmacêutico pode atuar na área de análises clínicas e toxicoló- gicas, sendo o profissional responsável pelo diagnóstico das doenças. II. As plantas medicinais são utilizadas para tratar doenças desde a antiguidade, mas só recentemente a fitoterapia recebeu reconheci- mento dos órgãos governamentais. Atualmente, algumas plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde. III. Estabelecimentos públicos ou privados onde ocorre a dispensação de medicamentos devem contar com a assistência de um responsável técnico, seja o farmacêutico ou outro profissional da saúde. É correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. II, apenas. c. I e II,apenas. d. II e III, apenas. e. I, II e III. 28 Seção 3 Conceitos de interesse farmacêutico Diálogo aberto Olá, aluno! Após conhecer como ocorreu a evolução do processo histórico da Farmácia e as diversas áreas de atuação do profissional farmacêutico, nesta seção, iniciaremos nosso estudo sobre alguns conceitos de interesse farma- cêutico. Você compreenderá as diferenças entre medicamentos, remédios e drogas, entre medicamentos alopáticos e homeopáticos, e conhecerá o que são medicamentos referência, genérico e similar, bem como em quais circunstâncias pode ocorrer a intercambialidade deles. Para tanto, vamos relembrar a situação hipotética apresentada no início da unidade sobre a Alice, estudante do curso de Farmácia que está fazendo estágio em uma grande farmácia do bairro onde mora e se depara, todos os dias, com algumas situações que fazem com que ela se apaixone ainda mais pelo curso. Durante o estágio, Alice conheceu o Sr. Reginaldo, um paciente que frequenta a farmácia toda semana. Certo dia, ele foi à farmácia com uma receita na qual estava prescrito um medicamento referência, porém, de custo muito elevado. O Sr. Reginaldo quis saber se havia alguma possibilidade de trocar esse medicamento por outro mais barato. Quais são os conhecimentos que ela precisou ter para orientar corretamente o paciente? Não pode faltar Embora as pessoas utilizem popularmente as palavras medicamentos, remédios e drogas com um mesmo significado, na verdade, no meio acadê- mico eles apresentam conceitos diferentes, e, por isso, não podemos utilizar esses vocábulos como se tivessem o mesmo sentido. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), medica- mento é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado desti- nado ao diagnóstico, tratamento, cura ou prevenção de doenças em humanos ou animais. É uma forma farmacêutica final que contém o fármaco, e, geral- mente, é utilizada a associação de adjuvantes farmacotécnicos . A diversidade de suas ações e seus efeitos sobre o organismo é umas das extraordinárias 29 qualidades do medicamento, o que torna seu uso seletivo em várias condi- ções patológicas, envolvendo órgãos, tecidos ou células. Os medicamentos contêm fármacos que atuam especificamente nos sistemas e órgãos do nosso corpo, como, por exemplo, existem fármacos que estimulam seletivamente o músculo cardíaco, assim como os que produzem efeito contrário, inibindo a ação desse músculo . Segundo Seizi Oga e colaboradores (2014), fármaco é toda substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou explorar o sistema fisio- lógico ou estado patológico, utilizado em benefício do organismo receptor. Ele tem como objetivo o uso para um efeito benéfico no organismo, como, por exemplo, o alívio da dor ou diminuição da inflamação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emprega os vocábulos fármaco e medicamento como sinônimos, porém, no Brasil, no meio acadêmico, é comum a distinção entre eles. Droga é o termo empregado para substância ou matéria-prima que tenha a finalidade medicamentosa ou sanitária, e por pessoas leigas é frequen- temente utilizada para especificar as substâncias de uso abusivo e que provocam dependência (LARINI, 2008). Para Seizi e colaboradores (2014), a droga é entendida como qualquer substância capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intenção de benefício para o organismo receptor . Essas alterações podem ser tanto benéficas quanto maléficas, como, por exemplo, estímulos cerebrais que podem causar alucinações. As drogas podem ser utilizadas como ingredientes em diversas indústrias, como as de medicamentos, cosméticas, químicas, etc. Atenção Pensando nisso, é importante você compreender as diferenças entre fármaco e droga, dessa forma, podemos concluir que todo fármaco é uma droga, mas nem toda droga é considerada um fármaco. Popularmente, é muito comum o emprego do termo remédio como algo utilizado para combater uma moléstia ou uma situação de desconforto. O conceito de remédio está associado a todo e qualquer tipo de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, desconforto, sintomas e mal-estar (ANVISA, 2010). 30 Assimile Remédio é tudo aquilo que gera “bem-estar”. São meios ou cuidados terapêuticos que ajudam a acalmar as sensações de desconforto. Quando utilizados na forma de chás ou outras formas de utilização de substâncias químicas, não podem ser considerados medicamentos, pois são substâncias que não têm comprovação científica de órgãos como a Anvisa, do Ministério da Saúde, e nem passaram por todas as rigorosas etapas de fabricação, criteriosamente regulamentadas para que possam ser enquadrados como um medicamento. Dessa forma, todos os medicamentos são remédios, mas nem todos os remédios são medicamentos. Pensando nisso, uma planta medicinal que você utiliza para fazer um chá caseiro para tratar um resfriado ou um banho quente para aliviar tensões, pode ser um remédio, mas não um medica- mento. Muitos remédios têm origem em conhecimento popular, que vai passando de geração em geração. Você acabou de conhecer a diferença entre medicamentos e remédios, agora, nós iremos estudar as diferenças dos medicamentos alopáticos, homeopáticos e fitoterápicos. Medicamentos alopáticos A alopatia é a chamada medicina tradicional, que procura tratar diretamente os sintomas utilizando medicamentos que irão produzir no organismo do paciente uma reação contrária aos sintomas que ele apresenta com o objetivo de neutralizá-los ou diminuí-los. Por exemplo, se o paciente apresenta uma diarreia, prescreve-se um fármaco que irá constipar o intes- tino; se apresenta febre, o médico prescreverá um medicamento que faça diminuir a temperatura, etc. Dessa forma, será administrado aos pacientes medicamentos como anti-inflamatórios, que combatem uma inflamação; antibióticos, que combatem infecções; e analgésicos, que combatem uma dor. Os medicamentos alopáticos são produzidos pelas indústrias farmacêu- ticas em larga escala ou também pelas farmácias de manipulação, seguindo a prescrição médica. Nas farmácias e drogarias são os principais produtos farmacêuticos vendidos. 31 Os principais problemas encontrados nos medicamentos alopáticos são os efeitos colaterais e a toxicidade, pois, enquanto a homeopatia utiliza substân- cias extremamente diluídas, a alopatia utiliza substâncias mais concentradas. Figura 1. 7 | Medicamentos alopáticos Fonte: Shutterstock. Medicamentos homeopáticos A homeopatia se baseia na teoria de Hipócrates. Ele compreendia a doença como uma perturbação do equilíbrio, o qual mantinha o ser humano em harmonia consigo mesmo e com a natureza. Hipócrates evidenciou que os sintomas são reações que o organismo produz frente à doença. Dessa forma, a base da homeopatia é: “A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à saúde” (FONTES, 2012, p. 2), por exemplo, substâncias que causavam tosse e diarreia e provocavam vômitos curavam doenças que apresentavam sintomas semelhantes, desde que utili- zadas em doses extremamente diluídas e dinamizadas. Em várias obras atribuídas a Hipócrates há trechos que dizem similia similibus curantur, ou seja, o semelhante será curado pelo semelhante. Pesquise mais Você pode saber mais sobre o que é homeopatia realizando a leitura do Capítulo 1: História, Princípios e Fundamentos da Homeopatia, pág. 9, que está presente na obra: FONTES, O. L. et al. Farmácia Homeopática: teoria e prática. 4. ed. Barueri: Manole, 2012. Disponível em: https://integrada.minhabiblion- teca.com.br/#/books/9788520444603/cfi/30!/4/4@0.00:0.00. Acesso em: 11 set. 2019. (Lembrando que, para conseguir acesso ao livro, você deve estar logado na Biblioteca Virtual. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520444603/cfi/30!/4/4@0.00:0.00 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520444603/cfi/30!/4/4@0.00:0.00 32 Os medicamentoshomeopáticos se diferem dos medicamentos alopáticos utilizados na medicina convencional. Segundo Hahnemann, médico criador da homeopatia, os medicamentos homeopáticos realizam a cura mediante sua capacidade dinâmica de atuar sobre a vitalidade. A finalidade do medicamento homeopático é prevenir ou curar por meio da sua capacidade de ativar todo um complexo reativo natural; para isso, deve ser diluído e potencializado seguindo uma farmacotécnica especial e empregado de acordo com a lei dos semelhantes. Os medicamentos homeopáticos são preparados por meio de sucessivas diluições de uma solução mais concentrada até se alcançar concentrações muito pequenas; dessa forma, são considerados seguros, e seu uso é indicado para crianças muito pequenas ou mesmo idosos, desde que com o acompa- nhamento adequado. São elaborados a partir de extratos minerais, vegetais, animais e sintéticos na forma de preparações dinamizadas, baseando-se na diluição e na sucessão da mistura. Esses medicamentos apresentam diversas formas de apresentação: líquidos, glóbulos, pastilhas, pó, tabletes. Segundo a Farmacopeia homeopática brasileira (2011, p. 17), o medica- mento homeopático é “toda forma farmacêutica de dispensação minis- trada segundo o princípio da semelhança, com finalidade curativa e/ou preventiva. É obtido através da técnica de dinamização e utilizado para uso interno e externo”. Figura 1. 8 | Medicamento homeopático Fonte: Shutterstock. 33 Medicamentos fitoterápicos Os medicamentos fitoterápicos são produzidos a partir de matérias- -primas das plantas medicinais ou mesmo de seus princípios ativos. Eles fazem parte da categoria dos medicamentos alopáticos, e o que os diferencia são os princípios ativos e a forma de obtenção. As plantas medicinais são à base de produção dos fitoterápicos e utilizadas como remédios na medicina popular para tratar os problemas de saúde, normalmente nas formas de chá, infusões e outros métodos . Os fitoterápicos, como qualquer outro medicamento, devem seguir todas as normas sanitárias e possuir registro na Anvisa, pois, dessa forma, sua eficácia e segurança são validadas. Esses medicamentos são caracterizados pela sua eficácia na cura de doenças ou na amenização de seus sintomas. Exemplificando Em sua opinião, podemos dizer que os medicamentos fitoterápicos e as plantas medicinais significam a mesma coisa? Não. As plantas medicinais são espécies vegetais que apresentam substâncias em sua composição que auxiliam no tratamento de doenças ou melhoram a situação da saúde das pessoas. A grande maioria delas encontra-se descrita na primeira edição da Farmacopeia Brasileira (1929). Elas são muito utilizadas pela população como produto natural e agente promotor de cura. Já o medicamento fitoterápico passa por um rigoroso processo de indus- trialização e normalização para ser comercializado, bem como são obtidos a partir das plantas medicinais ou parte delas como princípio ativo. Figura 1.9 | Medicamento fitoterápico Fonte: Shutterstock. 34 Agora que você já conheceu o que são os medicamentos alopáticos, homeopáticos e fitoterápicos, você irá estudar os conceitos de medicamentos de referência ou também conhecidos como de marca, genéricos e similares. Medicamentos de referência Os medicamentos de referência são os produtos inovadores, que são registrados no órgão federal, responsável pela vigilância sanitária, e comer- cializados no país. A eficácia, a segurança e a qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião do pedido de registro (LARINI, 2008). O laboratório que desenvolveu o princípio ativo tem o direito de produzir e comercializar com exclusividade durante 20 anos, e só depois de passado esse período, o medicamento poderá ser produzido por outros fabricantes. Todo medicamento de referência é identificado pelo nome de marca (comercial) em suas embalagens e foi o primeiro a obter registro para comercialização. Os medicamentos de referência são divididos em grupos de acordo com o insumo farmacêutico e as formas farmacêuticas. A lista desses medicamentos está disponibilizada no endereço eletrônico da Anvisa. A inclusão de um fármaco na lista de medicamentos de referência atribui um parâmetro de eficácia, segurança e qualidade para os registros de medica- mentos genéricos e similares no Brasil, sendo utilizado como comparador nos testes de bioequivalência quando aplicáveis. Vocabulário Segundo Larini (2008, p. 33), Bioequivalência: [...] consiste na demonstração de equivalência farmacêu- tica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s) e que tenham compa- rável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental. Segundo Larini (2008, p. 33), Biodisponibilidade: [[...] indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina. 35 Reflita Você sabia que os medicamentos de referência e os genéricos são inter- cambiáveis? Figura 1.10 | Medicamento genérico, Lei nº 9.787/1999 Fonte: Shutterstock. Na Figura 1.10, você observa a embalagem de um medicamento genérico, em que deve constar “medicamento genérico”, o número da Lei nº 9.787/1999 e a tarja amarela para que seja facilitada a sua identificação. Considerando que os medicamentos genéricos possuem as mesmas características do medicamento de referência e que são comprovados por testes comparativos e registrados na Anvisa, eles são intercambiáveis. A intercambialidade é a possibilidade de substituição de um medicamento referência por um medicamento genérico e vice-versa. Medicamentos similares O medicamento similar deve conter o mesmo princípio ativo, com idêntica concentração, mesma forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, equivalente ao medicamento referência registrado na Anvisa; porém, pode se diferenciar pelas propriedades relativas ao tamanho e forma do produto, embalagem, rotulagem, prazo de validade, veículos e excipientes, devendo sempre ser identificado pelo nome comercial. Ao longo do nosso estudo sobre os medicamentos de referência, genéricos e similares, você encontrou, por diversas vezes, a citação do vocábulo forma farmacêutica, e neste momento, você entenderá o seu conceito. 36 Formas farmacêuticas A forma farmacêutica é como o fármaco ou o princípio ativo se apresenta no medicamento; é responsável por levar o fármaco até o organismo. Para que o fármaco seja corretamente absorvido pelo corpo, é necessário verificar a sua via de introdução, que pode ser por via oral, retal, intravenosa, entre outras. Um mesmo princípio ativo pode apresentar várias formas farmacêuticas distintas para diferentes vias de administração ou na mesma via, proporcio- nando uma forma mais fácil de administração de medicamentos, protegendo a substância ativa contra as barreiras do corpo que dificultam sua entrada, auxiliando o fármaco a chegar ao seu local de ação e garantindo a precisão da dose. Existem muitas possibilidades de formas farmacêuticas: • Formas farmacêuticas sólidas: – Comprimidos, drágeas, cápsulas e grânulos, que são de via de administração oral. – Supositórios, que são formas farmacêuticas para adminis- tração retal. – Óvulos para serem introduzidos por via vaginal. • Formas farmacêuticas semissólidas: – Pomada, creme, gel, pasta e emplastro, que são prepara- ções para serem aplicadas na superfície do corpo, na pele ou mucosas. • Formas farmacêuticas líquidas: – Xaropes, soluções e suspensões, que são de via de adminis- tração oral. – Colírios, que são soluções para uso oftálmico. – Emulsões, que também podem ser líquidas e são utilizadas para a pele. – Soluções injetáveis, que são preparadas para serem adminis- tradas via parenteral (subcutânea, intramuscular e intravenosa). 37Figura 1.11 | Algumas formas farmacêuticas sólidas Fonte: Shutterstock. Os medicamentos são produtos farmacêuticos que necessitam de uso diferenciado, e por isso existe uma lei federal que determina que eles devem ser comercializados somente em locais específicos, como as farmácias e drogarias, que são locais considerados como estabelecimento de saúde; e para funcionarem, devem possuir um farmacêutico como responsável técnico durante todo o horário de funcionamento, bem como a autorização da Vigilância Sanitária e do Conselho de Farmácia. O farmacêutico é o profissional do medicamento, ele é responsável pela assistência farmacêutica que envolve desde a pesquisa e desenvolvimentos dos fármacos até a dispensação, o acompanhamento e a avaliação do uso do medicamento pela população, promovendo o uso racional dos medicamentos. Assimile Você sabe a diferença de farmácias, drogarias e ervanarias? Segundo a Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973: Farmácias são estabelecimentos de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlato, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica. Drogarias são estabelecimentos de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e corre- latos em suas embalagens originais. 38 Ervanaria são estabelecimentos que realizam dispensação de plantas medicinais. (BRASIL, 1973, p. 1-2) Com a nova Lei nº 13.021/2014, tivemos uma alteração na definição de farmácias, confirmando que é um estabelecimento de saúde e permi- tindo que, no local, sejam prestados serviços pelo farmacêutico. O conceito legal não sofreu alteração em comparação à Lei nº 5.991/1973, na qual consta a definição no artigo 4º, X; dessa forma, continua abran- gendo as farmácias hospitalares, públicas ou privadas, as que abastecem pronto atendimento, entre outras. Segundo a Lei nº 13.021/2014, artigo 3º: Farmácia: é uma unidade de prestação de serviços desti- nada a prestar a assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se processe a manipulação e/ou dispensação de medica- mentos magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industria- lizados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos farmacêuticos e correlatos. (BRASIL, 2014, p. 3) Farmácia passou a ser um termo mais amplo para abranger não apenas farmácias com manipulação propriamente dita, mas também drogarias, pois embora o conceito legal de drogarias, segundo a Lei nº 5.991, não tenha sido alterado, as drogarias passaram a ser classificadas como “farmácia sem manipulação”. Sem medo de errar Agora que você aprendeu mais sobre os medicamentos e conheceu as diferenças dos conceitos de droga, fármaco, remédio, medicamentos alopá- ticos, homeopáticos e fitoterápicos, além de compreender as diferenças entre os medicamentos de referência, genérico e similar, vamos solucionar a situa- ção-problema apresentada no Diálogo aberto, em que temos a estudante Alice, que, durante o estágio, conheceu o Sr. Reginaldo, um paciente que frequenta a farmácia toda semana. Certo dia, ele foi à farmácia com uma receita na qual estava prescrito um medicamento de referência, porém, de um custo muito elevado, e quis saber se havia alguma possibilidade de trocar esse medicamento por outro mais barato. Para a resolução dessa situação, você precisa compreender o que são os medicamentos de referência, genérico e similares, e também quando é possível realizar a intercambialidade deles. 39 O medicamento de referência é o produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária cuja eficácia, segurança e quali- dade foram comprovadas cientificamente. No dia a dia do comércio farma- cêutico, é comum indicar o medicamento de referência como o “produto ético”, comercializado pelo nome de marca. O medicamento genérico é semelhante ao produto referência ou inovador que, geralmente, é produzido após o término ou renúncia dos direitos de exclusividade. Ele possui o mesmo princípio ativo, mesmo efeito, mesma dosagem, mesma forma farmacêutica e a mesma indicação de um medica- mento de referência, e ambos são intercambiáveis, ou seja, é possível tomar o genérico no lugar do de referência e vice-versa, com toda segurança. As linhas de produção dos medicamentos genéricos são constantemente inspecionadas e precisam obedecer rigorosamente aos padrões estabelecidos pelas Boas Práticas de Fabricação. O medicamento similar deve conter o mesmo princípio ativo, com idêntica concentração, mesma forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, equivalente ao medicamento referência registrado na Anvisa, porém, pode se diferenciar pelas propriedades relativas ao tamanho e forma do produto, embalagem, rotulagem, prazo de validade, veículos e excipientes e é identificado pelo seu nome de marca. Tal medica- mento possui eficácia, segurança e qualidade comprovadas por meio de testes científicos, além disso, é registrado pela Anvisa, Os produtos similares necessitam apresentar os testes de equivalência farmacêutica e biodisponibilidade para a obtenção do registro, dessa forma, têm equivalência farmacêutica apenas com os medicamentos de referência, assim, nenhum similar poderá ser intercambiável com outro similar. Pouco tempo atrás, a Anvisa publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC nº 58/2014), que recomenda os procedimentos para a intercambialidade de medicamentos similares com o medicamento de referência, dessa forma, somente os similares que tenham comprovado a equivalência farmacêutica com o produto inovador poderão apresentar na bula que podem ser interca- bializados aos de referência. Atenção Na bula do medicamento similar, a informação de que o produto pode ser intercambiável deve estar presente e conter os dizeres: “MEDICA- MENTO SIMILAR EQUIVALENTE AO MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA” (RDC nº 47/2009). 40 Segundo a Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999: “o produto farmacêu- tico intercambiável corresponde ao equivalente terapêutico de um medica- mento de referência, quando comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de segurança e eficácia” (BRASIL, 1999, [s.p.]). Para que os medicamentos sejam intercambiáveis, ou seja, substituíveis, precisam apresentar um dos três testes: biodisponibilidade para os similares, bioequivalência no caso dos genéricos e bioisenção cujo objetivo é comprovar a igualdade dos produtos. Avançando na prática Forma farmacêutica Matheus, um menino de 5 anos, comparece ao pronto atendimento de saúde acompanhado pela mãe, que relata que o filho está sentindo dores e ardência ao urinar e que sente muita vontade de ir ao banheiro, mas urina pouco. Após a realização do exame de urina, o médico concluiu que Matheus está com uma infecção do trato urinário e prescreve um antibiótico para tratar a infecção. A mãe de Matheus vai à farmácia para adquirir o medica- mento e ele está na forma de comprimido revestido. Chegando em casa, ele tenta tomar o medicamento, mas não consegue engolir, pois o comprimido é muito grande. Sua mãe, então, teve a ideia genial de triturar o comprimido. A conduta tomada pela mãe de Matheus está correta? O que o farmacêutico poderia fazer para otimizar o tratamento de Matheus? Resolução da situação-problema As formas farmacêuticas são as diversas formas físicas que os medica- mentos podem apresentar, proporcionando a utilização pelo paciente. Os motivos de se produzir inúmeras formas farmacêuticas diferentes são: garantir a precisão da dose e a presença no local de ação, facilitar a adminis- tração e a ingestão da substância ativa e proteger o princípio ativo contra as barreiras do corpo que possam dificultar a sua entrada, como, por exemplo, o suco gástrico do estômago. Em alguns casos, as formas farmacêuticas possibilitam a administração de medicamentos por pacientes de diferentesfaixas etárias. As formas farmacêuticas podem influenciar significativamente a ação e o uso dos medicamentos devido à sua especificidade, como, por exemplo, o comprimido sendo administrado pela via oral, um supositório por via retal e 41 assim por diante. É importante que você compreenda que uma criança utiliza mais os medicamentos líquidos e um adulto mais as formas sólidas, como comprimidos e cápsulas, pois para uma criança é mais fácil engolir gotas do que engolir um comprimido. A maioria das soluções líquidas são utilizadas pela via oral principal- mente para idosos e crianças, pois permitem a fácil administração e deglu- tição quando comparadas a cápsulas e comprimidos, e também permitem a variação de dosagem pela alteração do volume a ser administrado. Faça valer a pena 1. Medicamento é um produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elabo- rado em laboratórios sob a fiscalização de um farmacêutico com a finalidade de diagnosticar, prevenir, curar doenças ou aliviar seus sintomas. Sobre o contexto dos medicamentos e fármacos, assinale a alternativa correta: a. Todos os remédios são considerados medicamentos, pois são qualquer tipo de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconforto e mal-estar. b. A principal matéria-prima utilizada para a fabricação dos medica- mentos fitoterápicos são os extratos de origem animal, vegetal e mineral. c. O fármaco é toda substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico em benefício do organismo receptor. d. Toda droga é considerada um fármaco, pois é qualquer substância que cause alguma alteração no funcionamento do organismo por ações químicas, que podem ter efeitos tanto benéficos quanto maléficos. e. A maconha, o exctasy e o LSD são substâncias consideradas fármacos, pois são substâncias químicas de estrutura definida que causam alterações benéficas ao organismo. 2. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), medica- mento é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado desti- nado ao diagnóstico, ao tratamento, à cura ou à prevenção de doenças em humanos ou animais. I. O medicamento ____________ é produzido por meio de sucessivas diluições a partir de uma solução concentrada até chegar a concentra- 42 ções muito pequenas. A teoria empregada para esse tipo de medica- mento é a cura por meio de “semelhante curando semelhante”. II. O medicamento ____________ atua realizando um efeito contrário aos sintomas sentidos pelo paciente doente, assim, quando o paciente apresenta febre, é administrado um antitérmico. III. O medicamento ____________ é um produto obtido a partir de um processo de industrialização que utiliza a planta ou parte dela como princípio ativo Analise as sentenças e complete as lacunas: a. alopático; homeopático; fitoterápico. b. industrializado; manipulado; alopático. c. referência; alopático; fitoterápico. d. referência; genérico; similar. e. homeopático; alopático; fitoterápico. 3. Os medicamentos são produtos feitos a partir de fármacos que têm a finalidade de provocar um efeito benéfico. São produzidos para fins comer- ciais com finalidade terapêutica, e existem normas e controles para a sua fabricação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sobre os medicamentos, analise as afirmativas a seguir: I. O medicamento referência é todo aquele produto inovador cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente. Todo o medicamento de referência possui o nome do princípio ativo em suas embalagens. II. O medicamento genérico é igual ao medicamento de referência, o qual se apresenta exclusivamente com o nome do princípio ativo, não sendo permitida a utilização de nome comercial. III. O medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos do produto inovador, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, podendo diferir em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo. Os produtos similares podem ser intercambiáveis com os medicamentos genéricos. 43 É correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e III, apenas. e. I, II e III. Referências ALLEN, L. V.; POPOVIVCH, N. G.; ANSEL H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. ALLEN, L. V. Introdução à farmácia de Remington. Porto Alegre: Artmed, 2016. ANVISA — Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira. 5. ed. Brasília, 2010. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%- C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc. Acesso em: 15 ago. 2019. (v. 1). ANVISA — Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lista de medicamentos de referência. Brasília, 2019. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/medica- mentos/produtos/medicamentos-de-referencia/lista. Acesso em: 20 ago. 2019. ANVISA — Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O que devemos saber sobre medica- mentos. Brasília, 2010. Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/documents/214604/816023/ Cartilha+ANVISA.pdf/a0af7f45-7ef8-478c-bb06-9a1d2b4bdeb0. Acesso em: 20 ago. 2019. BRASIL. Lei no 5.991, de 17 dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências. Brasília, 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5991.htm. Acesso em: 11 set. 2019. BRASIL. Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas. Brasília, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2011-2014/2014/Lei/L13021.htm. Acesso em: 11 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Práticas integrativas e complementares (PICS): quais são e para que servem. 2019. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas- -e-complementares. Acesso em: 18 ago. 2019. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução nº 6, de 19 de outubro de 2017. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia e dá outras provi- dências. 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/74371-rces- 006-17-pdf/file. Acesso em: 28 out. 2019. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DO PARANÁ. Guia da profissão farmacêutica. Curitiba: CRF, 2015. Disponível em: https://crf-pr.org.br/uploads/revis- ta/28754/6K1viT79YKFYHYOr5ekoFRHsp59AIvjZ.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019. DAS DÔRES, R. G. R. et al. Fitoterapia e alopatia: a atenção farmacêutica “verde”. Infarma- Ciências Farmacêuticas, v. 15, n. 1/3, p. 62-66, 2003. Disponível em: http://revistas.cff.org. br/?journal=infarma&page=article&op=view&path%5B%5D=847&path%5B%5D=620. Acesso em: 20 ago.2019 http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86-fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 5.991-1973?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5991.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 13.021-2014?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13021.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13021.htm http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-complementares http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-complementares http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/74371-rces006-17-pdf/file http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/74371-rces006-17-pdf/file https://crf-pr.org.br/uploads/revista/28754/6K1viT79YKFYHYOr5ekoFRHsp59AIvjZ.pdf https://crf-pr.org.br/uploads/revista/28754/6K1viT79YKFYHYOr5ekoFRHsp59AIvjZ.pdf
Compartilhar