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BOMFIM, ARGÔLO, 2009

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Vol. 7 Nº2 págs. 297-305. 2009 
www.pasosonline.org 
 
© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121 
 
Análise discursiva da relação entre atividade turística, 
apropriação do território e patrimônio: contribuições para o 
planejamento sustentável do turismo na Bahia-Brasil 
 
Natanael Reis Bomfimii 
Universidade Estadual de Santa Cruz (Brasil) 
Djaneide Silva Argôloiii 
Universidade Estadual de Santa Cruz (Brasil) 
 
 
 
Resumo: Este artigo busca, a través de uma reflexão teórica, analisar a relação entre a apropriação do 
território pela atividade turística e seus impactos na cultura e no ambiente, chamando à atenção para a 
necessidade do planejamento sustentável no estado da Bahia-Brasil. Para tal, recorremos à análise con-
ceitual e análise do conteúdo do discurso de diversos autores que tratam de forma interdisciplinar, a 
temática do Planejamento do turismo sustentável e sua relação com o desenvolvimento Regional (Bom-
fim, 2008, 2006; Coriolano, 2005; Dias, 2003 Becker, 2002 Yazigi, 2002, 2003, Carlos, 2002; Petrocchi, 
2001; Santos, 1994; 1997; Soja, 1993; Chadefaud, 1987; Assim, tal proposta evidencia a necessidade de 
valorizar comunidades colocadas à margem do sistema econômico. 
 
Palavras-chave: Turismo; Cultura; Território; Patrimônio; Planejamento Sustentável. 
 
 
Abstract: This article aims, through a theoretical reflection, examining the relationship between the 
ownership of the territory by the tourist activity and its impacts on culture and the environment, calling 
attention to the need for sustainable planning in the Bahia-Brazil. To this end, we shall analyze the 
speech of several authors who deal with interdisciplinary way, the theme of Planning sustainable tourism 
and its relationship with the regional development (Bomfim, 2008, 2006; Coriolano, 2005; Days, 2003 
Becker, 2002 Yazigi, 2002, 2003, Carlos, 2002; Petrocchi, 2001; Santos, 1994, 1997; Soja, 1993; Chade-
faud, 1987; Thus, this proposal highlights the need to enhance communities placed outside the economic 
system. 
 
Keywords: Tourism; Cultural; Territory; Heritage; Planning Sustainable. 
 
 
 
 
ii • Doutor em Didática em Geografia pela Universidade do Quebec em Montreal. Professor Adjunto da Universida-
de Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-Bahia, no Programa de Mestrado de Cultura e Turismo e no Curso de Licenciatura 
em Geografia. Endereço Postal, Campus Soanes Nazaréde Andrade, Km 16-Rodovia Ilhéus –Itabuna, Salobrionho, 
CEP: 45662.000 – Ilhéus-Bahia. E-mail: natanaelreis@uol.com.br. 
iii • Mestranda em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Professora da Universidade Estadual 
de santa Cruz, Ilhéus-Bahia, no Curso de História. Endereço Postal, Campus Soanes Nazaréde Andrade, Km 16-
Rodovia Ilhéus –Itabuna, Salobrionho, CEP: 45662.000 – Ilhéus-Bahia. E-mail: djaneideargolo@hotmail.com. 
https://doi.org/10.25145/j.pasos.2009.07.021
298 Análise discursiva da relação entre atividade turística, apropriação do território e patrimônio ... 
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
ISSN 1695-7121 
 
Introdução 
 
Em uma economia globalizada, a 
tendência é dar ênfase às produções de 
cultura que ocupem uma dimensão que vai 
além das fronteiras territoriais. Entretanto, 
comunidades locais respondem com repre-
sentações simbólicas peculiares como alter-
nativa à uniformidade apregoada pelo neo-
liberalismo. Assim, o patrimônio surge co-
mo uma construção da modernidade, um 
artifício criado no sentido do fortalecimento 
de uma pertença a um mesmo espaço 
simbólico, atribuindo uma transcendência a 
determinados símbolos culturais que ates-
tam o caráter singular de uma determinada 
comunidade (Bomfim, 2006). 
 Neste cenário, os debates e pesquisas 
sobre as questões relacionadas às identida-
des individuais e coletivas, às classes, ao 
gênero, à etnia, às diversas representações 
simbólicas e à preservação, recuperação e 
difusão dos acervos do patrimônio cultural 
material e imaterial estão ao seio das aca-
demias e fazem parte das preocupações da 
sociedade brasileira como um fermento ao 
Planejamento e Políticas Públicas. Por sua 
vez, o turismo como uma atividade produti-
va mundial que interfere na organização 
desigual dos territórios, absorvidos pelos 
modos de produção e culturas, requer um 
controle do governo e da própria sociedade, 
exigindo, por um lado, a aplicação de políti-
cas públicas e privadas e, por outro lado, 
uma melhor compreensão de conceitos in-
terdisciplinares, uma vez que as ações en-
gendradas em função da exploração da ati-
vidade turística trazem seus resultados 
socializados (Coriolano, 2005, Dencker, 
2004, Bomfim, 2000, Yázigi, 1998). 
Em nível regional, particularmente, na 
Bahia, as pesquisas interdisciplinares em 
Cultura e Turismo têm buscado compreen-
der, de forma comparativa, a dimensão 
nacional e regional das etnias, das identi-
dades e cultura (Silva, 2005); identificar a 
figura da mulher baiana presente nas obras 
amadianas visando uma desautomatização 
de um esquema conceitual, posto sobre o 
Brasil, baseado em estereótipos presos, 
ainda ao desfrutável e exótico (Sacramento, 
2006) e investigar as representações simbó-
licas construídas pelos sujeitos a fim de 
compreender a evolução dos modos destas 
representações, segundo as dimensões co-
rrelatas do significante espacial e do signi-
ficado sócio-cultural (Bomfim, 2008). 
Nessa perspectiva, a conjugação desses 
atores permite sustentar que há, pelo me-
nos teoricamente, uma tendência à descen-
tralização econômica, impondo novos papéis 
às regiões e cidades, “espaços fragmenta-
dos” pelas políticas públicas que delinea-
ram planos Nacionais e Setoriais centrados 
nas realidades do território (Santos, 1997, 
p.39). Essas regionalizações, decorrentes da 
dinâmica de produção, são produzidas em 
processos de inclusão/exclusão, continuida-
de/descontinuidade, dando origem a econo-
mias desiguais e combinadas, produzindo 
desenvolvimento e subdesenvolvimento, 
como movimentos mutuamente determi-
nantes do movimento desigual e conjunto 
do capital (Soja, 1993). 
Esses efeitos da globalização, das ino-
vações técnicas e da terceira revolução in-
dustrial, propiciam uma sociedade de eco-
nomia flexível cujos sócios passam a pos-
suir maior disponibilidade às condições 
básicas de lazer, oferecendo esta estrutura, 
condição de emergência do turismo como 
atividade de grande significação principal-
mente nos países em desenvolvimento. As-
sim, o turismo absorve um caráter cultural, 
mas por formar um par perfeito com o capi-
talismo, passa a ter função puramente co-
mercial, e na era da globalização a prática 
da atividade turística tende a direcionar-se 
para pequenos lugares ou comunidades, 
uma vez que as localidades são os termos 
do destino, remetendo à teoria de globali-
zação/fragmentação, pois à medida que 
globaliza, a atividade turística abre espaço 
ao local, por que o lugar com sua singulari-
dade é o espaço onde o global se realiza, 
cada lugar é à sua maneira o mundo (San-
tos, 1994). 
Esse contexto nos leva a refletir sobre as 
diversas produções científicas que abordam 
a relação entre a atividade turística e terri-
torialidade. Assim, numa tentativa de aná-
lise do discurso dos autores sobre a temáti-
ca, buscamos aqui questionar, qual a relaç-
ão entre a apropriação do território pela 
atividade turística e seus impactos na cul-
tura e no ambiente? A partir desses resul-
tados e considerando o aspecto do desenvol-
vimento regional, quais necessidades que 
Natanael Reis Bomfim y Djaneide Silva Argôlo 299
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
ISSN 1695-7121 
 
dimensionaria um planejamento sustentá-
vel no estado da Bahia-Brasil? 
 
Aspectos teóricos da investigação 
 
A utopia do Turismo Sustentável 
Discutir sobre a atividade turística e de-
senvolvimento, implica em refletir sobre os 
termos sustentabilidade e planejamento.O 
primeiro, segundo Oliveira (2003), tem sido 
usado para expressar a relação entre as 
ações antrópicas e a capacidade da nature-
za em suportá-las, sem prejuízo para a 
mesma. Isto implica na elaboração do se-
gundo, o planejamento, que deve nortear a 
não exceder a capacidade do ambiente, para 
não esgotá-lo ou destruí-lo. Assim posto, em 
dois movimentos a atividade turística pode 
contribuir com o desenvolvimento regio-
nal/local. Por um lado, respeitando a sus-
tentabilidade da sociedade, da natureza e 
das culturas e, por outro lado, através da 
materialização capitalista no espaço, perce-
be-se apropriação de um território político e 
ideológico (Bomfim, 2006). Aí o turismo 
pressupõe uma ruptura espaço-temporal 
não apenas com o mundo do trabalho, mas 
com os lugares e as culturas. Nessa dialéti-
ca, vale ressaltar que em um determinado 
momento é aventada a hipótese de um tu-
rismo sustentável, contribuindo com o de-
senvolvimento regional/local, respeitando a 
natureza e preservando as culturas, e em 
outro, os resultados do processo de explo-
ração da atividade turística têm fornecido 
dados que permitem afirmar a ocorrência 
acentuada de desigualdades sociais e de-
gradação ambiental (Coriolano, 2005; Yazi-
gi, 2003,2002; Becker, 2002; Carlos, 2002; 
Chadefaud, 1987) 
Para Becker (2002), há um momento de 
valorização seletiva de territórios, há a 
inserção da atividade turística na natureza 
sem deformá-la ou depredá-la excessiva-
mente, referindo-se ao ecoturismo, o que 
complementa Coriolano (2005) ao sinalizar 
turismo rural, turismo da natureza, turis-
mo em áreas indígenas, turismo em favelas 
ou em áreas sertanejas, acentuando que 
desse modo pequenos lugares ou empreen-
dimentos encontram uma forma para inte-
grar a cadeia produtiva do turismo, quando 
os territórios são valorizados pela sua aces-
sibilidade e natureza, especialmente nas 
zonas costeiras de países tropicais ou medi-
terrâneos, por serem produtos de venda 
fácil, mercadorias valorizadas para popu-
lações de países temperados ou frios, po-
dendo a atividade do turismo criar uma 
multiplicação de serviços, de empregos di-
retos e indiretos e de circulação de dinheiro, 
embora traga também efeitos perversos, 
principalmente no âmbito social, a exemplo 
da prostituição ligada à atividade turística. 
 
Métodos e técnicas da investigação 
 
Após apresentação da temática, faz-se 
necessários apresentar um desenho meto-
dológico da investigação. Considerando os 
objetivos expostos na introdução deste tra-
balho, lembramos que este estudo visa ana-
lisar a relação entre a apropriação do te-
rritório pela atividade turística e seus im-
pactos na cultura e no ambiente, chamando 
à atenção para a necessidade do planeja-
mento sustentável no estado da Bahia-
Brasil. Para tal, selecionamos os diversos 
artigos que tratam da atividade turística e 
sua relação com o desenvolvimento local e 
regional, da conceitualização sobre a di-
mensão do espaço geográfico. Em seguida, 
utilizando a técnica da análise conceitual 
precisa, tentando aqui buscar a origem da 
classificação dos conceitos e sua finalidade 
a fim de compreender melhor o objeto de 
estudo: a apropriação do território pela 
atividade turística. Para Bomfim (2005) a 
origem da classificação dos conceitos parte 
da estrutura e, nessa perspectiva, a ativi-
dade turística que se pratica num dado 
território, implica em fatores impactantes 
que podem estruturar e/ou desestruturar o 
território, como uma dimensão do espaço 
geográfico. Em seguida, esses conceitos 
foram associados e classificados numa rede 
de categoria semântica a fim de serem 
submetidos a análise do conteúdo (BAR-
DIN, 1998) que nos permitiu satisfatoria-
mente descrever e interpretar o conjunto de 
dados. 
 
Resultados e discussão 
 
Patrimônio, Atividade turística e Planeja-
mento 
Na articulação, entre a realidade da 
prática social do turismo, a produção do 
conhecimento sobre esta prática e o seu 
planejamento, faz-se necessária uma breve 
300 Análise discursiva da relação entre atividade turística, apropriação do território e patrimônio ... 
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
ISSN 1695-7121 
 
abordagem do conceito de patrimônio. Inse-
rido entre vários debates, o II Seminário 
Nacional de Gestão do Patrimônio Cultural 
(2004), realizado em Goiânia e organizado 
pela comissão de professores, como Márcia 
Bezerra, Manuel Fereira Lima Filho, Roque 
de Barros Laraia e Eliane Lopes e Heliane 
Prudente Luçany Bueno. Este aponta para 
a importância de conhecer e de preservar o 
patrimônio cultural de uma localidade a 
partir de estudos Interdisciplinares (Marra 
y Barretos, 2004), afinados com as definiç-
ões da Constituição Federal de 1998 e de 
Barreto (1996). 
Esses afirmam que Patrimônio Cultural 
não deve ser constituído apenas por edifi-
cações arquitetônicas e seus elementos, 
mas também como o conjunto de todos os 
utensílios, hábitos, usos e costumes, cren-
ças e formas da vida cotidiana que fazem 
referência à identidade, à ação, à memória 
dos diferentes grupos que formam a socie-
dade brasileira. Nesta perspectiva, o con-
ceito de patrimônio traz uma carga afetiva 
e simbólica. Assim, ele é também uma 
questão de paternidade, de herança, de 
transmissão de signos e significados, 
através do tempo, destes que deveriam 
constituir um valor e um laço sócio-natural, 
à imagem de um laço de família, um ves-
tuário, uma comida, um prédio, ou mesmo 
com uma árvore de um determinado lugar. 
O patrimônio é, portanto, uma construç-
ão social (Prats, 1997), um processo simbó-
lico de legitimação social e cultural, basea-
do na seleção e ativação de determinados 
referentes que permitem representar uma 
determinada identidade. 
Falar de patrimônio pressupõe, por isso, 
falar de identidades, na medida em que 
pode ser definido como uma síntese simbó-
lica de valores identitários (Santana, 1998), 
que contribuem para um sentimento de 
pertença e de identificação de um coletivo 
social. Com efeito, esta capacidade de re-
presentação simbólica das identidades 
constitui um elemento central na atual 
definição do conceito de patrimônio. Enfim, 
este conceito não se resume apenas à cultu-
ra, traduzido como patrimônio cultural, 
inscrito na memória dos indivíduos, trans-
mitido e regenerado pelas formas oral e 
escrita e identificado socialmente. Ele re-
toma a idéia de solidariedade entre as ge-
rações e, com um olhar abrangendo o nosso 
passado, ultrapassa os limites da objetivi-
dade humana e faz intervir no tempo, na 
história, na paisagem, no lugar, no espaço. 
Percebemos, então, que, através das 
concepções teóricas sobre patrimônio e ati-
vidade turística, existe um esforço de vários 
autores em estabelecer uma relação com a 
cultura e a identidade de um grupo social. 
Entretanto, o discurso é desprovido do con-
texto sócio-espacial que talvez nos permi-
tisse melhor compreender a relação entre 
as práticas sociais na atividade turística e o 
planejamento dessa atividade. 
Logo, faz-se necessário apreender as re-
presentações sociais, simbólicas e culturais, 
construídas pelos sujeitos, a fim de inter-
pretar e compreender os diversos lugares 
turísticos; regular as relações entre grupos 
sociais e a atividade turística, bem como 
julgar e avaliar as práticas sociais através 
de atitudes e valores atribuídos ao seu es-
paço vivido. 
Nesta perspectiva, os debates e pesqui-
sas fazem relação ao patrimônio como uma 
tradução das diversas representações 
simbólicas, sua preservação, recuperação e 
difusão, servindo como fermento ao Plane-
jamento do Turismo. Segundo Petrocchi 
(2001), o planejamento turístico identifica 
os segmentos específicos que poderão ser 
trabalhados com a oferta de produtos es-
pecíficos que atendam às necessidades e 
desejos da demanda localizada, mas, para 
tanto, há a necessidade do envolvimento da 
população residente nesse processo, pois, o 
principal vendedor deste produto é quem 
mais o consome, neste caso, o seu residente.O Turismo depende da população, em 
todos os aspectos, tanto em relação à im-
prescindível hospitalidade quanto aos in-
vestimentos necessários. Logo, o planeja-
mento do turismo deve passar por um pro-
grama de conscientização da população 
relativamente à importância dessa ativida-
de: os empresários devem se engajar nas 
questões políticas do seu município e os 
estudantes devem ser esclarecidos sobre o 
Turismo e o mercado de trabalho. Uma 
mudança cultural é necessária, a população 
deve enxergar e exigir providências concre-
tas e corretas em prol do turismo. 
Assim, todo o planejamento é uma fe-
rramenta de poder significativo. Quando se 
escolhe uma das alternativas de diversos 
cenários futuros, a decisão é sobre aquela 
Natanael Reis Bomfim y Djaneide Silva Argôlo 301
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
ISSN 1695-7121 
 
que mais interessa e beneficia o planejador, 
ou o grupo social ao qual pertence. Pode-se 
dizer que poder e planejamento são concei-
tos indissociáveis, pois toda elaboração de 
um plano envolve o sucessivo método de 
tomada de decisões que comprometerão em 
maior ou menor grau um grupo de pessoas. 
A atividade turística realizada sem pla-
nejamento tem grandes possibilidades de 
produzir mais impactos negativos do que 
positivos. O fundamental é a intenção de 
planejar, buscando a sustentabilidade em 
modelos de gestões de políticas públicas 
coordenadas e integradas, aumentando a 
capacidade socioeconômica, ambiental e 
cultural da atividade. O planejamento da 
atividade turística envolve a escolha de um 
cenário futuro que atenda aos interesses da 
maioria da população de um município, 
estabelecendo limites e regras e impondo 
condições que contribuem para o seu suces-
so. 
É na elaboração do planejamento que o 
Poder do Estado se manifesta com maior 
clareza, pois se trata de modificar uma 
tendência por outra previamente escolhida. 
Sobre o Planejamento e Políticas Públi-
cas, destacamos, aqui, o Plano Nacional de 
Turismo (PNT), articulado com o Ministério 
do Turismo que, através de suas diretrizes, 
metas e programas do setor, visam desen-
volver o produto turístico brasileiro com 
qualidade, contemplando as diversidades 
regionais, culturais e naturais; além de 
estimular e facilitar o consumo desse pro-
duto nos mercados nacional e internacional. 
Salientamos, ainda, o Programa de Re-
gionalização do Turismo (PRT) que visa, em 
parceria com o SENAC, SESC e SEBRAE, 
estruturar atrativos e infra-estrutura a fim 
de oferecer produtos turísticos diferencia-
dos, bem como implantar vários roteiros 
turísticos em diferentes estados. Neste sen-
tido, as orientações básicas dadas pelo Mi-
nistério do Turismo (2006) ao Turismo Cul-
tural apontam para o desenvolvimento e a 
oferta de produtos do Turismo Cultural 
agregados à promoção da diversidade cul-
tural brasileira, da participação e do bem-
estar das comunidades. 
Mas, por um lado, para alcançar 
resultados significativos, entendemos a 
necessidade de esforços da comunidade 
local, o poder público e os institutos de 
pesquisa, adotando ações estratégicas, tais 
como: capacitação de recursos humanos, 
abertura de linhas de financiamento de 
projetos ligados ao turismo, ampliação de 
infra-estrutura turística, estabelecimento 
de programas de cooperação empresarial, 
revitalização de áreas de patrimônio 
histórico-cultural, entre outras. 
 Por outro lado, faz-se necessário uma 
reflexão sobre conceitos, teorias e métodos 
de investigação em turismo, entendendo 
que a pesquisa é um elemento estratégico 
indispensável para a liderança dos merca-
dos e a determinação de futuros alternati-
vos dentro da vocação específica de cada 
região. Entende-se aqui o espaço turístico 
entrecortado, onde não se pode recorrer a 
técnicas de regionalização para proceder a 
sua delimitação porque, seria preciso 
abranger toda a superfície do país ou da 
região em estudo, grandes superfícies que 
não são turísticas figurariam como turísti-
cas, cometendo-se um erro. Isso significa 
que regiões turísticas não existem. É preci-
samente para substituir a idéia de região 
turística que desenvolvemos a idéia de es-
paço turístico ou Zona Turística 
(BOULLÓN, 2002) a fim de analisar os 
lugares e suas impregnações e, por vezes, 
suas diversas realidades e identidades. 
Assim, patrimônio, turismo e planejamen-
to, são realidades que convergem no coti-
diano de vários atores responsáveis pela 
elaboração e veiculação de discursos rela-
cionados com uma pretensa necessidade de 
preservação dos bens naturais e culturais. 
 
Necessidades que apontam para um plane-
jamento da Atividade Turística no Sul da 
Bahia 
 
Na Bahia, o critério de Zoneamento por 
agrupamento dos atrativos turísticos nos 
remete a cinco zonas: Zona da Costa do 
Cacau; Zona da Costa do Dendê; Zona da 
Costa do Coqueiros; Zona da Costa do Des-
cobrimento e Zona da Costa da Baleia. 
 
302 Análise discursiva da relação entre atividade turística, apropriação do território e patrimônio ... 
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
ISSN 1695-7121 
 
Zoneamento Turístico na região do Sul da Bahia 
 
Fonte: IBGE 2009 
 
Em particular nas Costas do Dendê e do 
Cacau alguns estudos têm apontado im-
pactos mais acentuados, seja para as co-
munidades locais, como no ambiente. Por 
exemplo, Argôlo (2005) afirma que pescado-
res de mariscos e peixes, cabaneiros e fei-
rantes do entorno da Baía de Camamu 
(Costa do Dendê), mudaram suas ativida-
des como formas de resistir ao processo de 
exclusão trazido pela atividade turística, 
onde para sobreviver pescadores foram 
transformados em barqueiros para o exercí-
cio da atividade turística, outros que deixa-
ram de pescar e se transformaram em do-
nos de pequenos sítios, sobrevivendo de 
exploração de culturas de curta duração 
(feijão, milho, urucum) no aguardo das 
espécies nativas e suas épocas ou culturas 
que requeiram maior tempo para produzir, 
a exemplo de cravo da índia, dendê, gua-
raná, seringa, piaçava, pimenta do reino, 
etc. Outros começaram a produzir alguns 
tipos de artesanato, com fibras e cipós para 
o fabrico de cestos, fruteiras, peças de or-
namento. Além dos que se estabeleceram 
como donos de pequenas vendas e outros. 
Já o estudo de Bomfim (2007), no município 
de Itacaré (Costa do Cacau), revela comu-
nidades isoladas às margens do Rio de Con-
tas, que são excluídas do processo turístico 
local ou resistem, tentando preservar suas 
tradições culturais. 
Natanael Reis Bomfim y Djaneide Silva Argôlo 303
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
ISSN 1695-7121 
 
Constata-se, aqui, que a exploração do 
turismo, como atividade lucrativa e organi-
zada com maior aporte de recursos, ocorre 
em parte pela decadência da atividade ca-
caueira, que se encontrava na condição de 
maior suporte econômico do estado da Ba-
hia e também pelo crescente interesse da 
exploração da atividade turística em áreas 
do litoral brasileiro, que se constitui espaço 
muito privilegiado em relação às belezas 
naturais, e, extremamente adequado à 
prática desta atividade. Por outro lado, a 
inserção dessa atividade tem sido objeto de 
programas e projetos, objetivando a conser-
vação ambiental dotando a natureza não só 
da condição de produto ou mercadoria para 
o planejamento sustentável do turismo, 
pressupondo-se, como afirma Oliveira 
(2003) que os recursos naturais, assim co-
mo os construídos pelo homem, têm um 
limite para absorver visitantes. 
 
Considerações finais 
 
Antes das considerações finais, salien-
tamos que geograficamente, o espaço baia-
no está dividido em sete messorregiões co-
mo Extremo Oeste Baiano, Vale do São 
Francisco, Centro Norte Baiano, Nordeste 
Baiano, Metropolitana de Salvador, Centro 
Sul Baiano e Sul Baiano. Este conceito de 
região, oficialmente criado pelo IBGE 
(1988), é utilizado para fins de recensea-
mento e de planejamento territorial. 
Neste cenário, uma aplicação de con-
hecimentosteóricos que abordem o Pa-
trimônio cultural numa perspectiva de 
identidade cultural e sua relação com a 
atratividade turística se justifica, na medi-
da em que os significados atribuídos aos 
bens materiais e imateriais, pelos atores 
sociais das comunidades locais, nos permi-
tam conhecer o conteúdo dos produtos 
turísticos em três dimensões a saber: a 
científica, que busca defini-lo como um pa-
trimônio que ultrapassa aquela visão cris-
talizada do passado ou do estético; o sócio-
cultural, na medida em que os produtos 
possam servir como um atrativo turístico 
que revele a identidade das comunidades e 
estreite os laços entre os povos. E, final-
mente, o econômico, cuja identidade dos 
produtos possa maximizar ganhos para as 
comunidades locais, contribuindo, assim, 
para um desenvolvimento regional na 
abrangência do Turismo Cultural. 
Entendemos aqui que, em longo prazo, 
será possível efetivar uma atividade turís-
tica sustentável, associado à necessidade de 
desenvolvimento sustentável para as co-
munidades locais, através do Turismo Cul-
tural, a partir da economia globalizada, 
amparada no terceiro setor, através de: 
publicidade, comunicação, pesquisa, empre-
sas de comércio, finanças, saúde, educação, 
lazer entre outros. 
Para tal intento ser alcançado, alguns 
objetivos de ordem política são sugeridos: 
levantar junto aos órgãos competentes, os 
municípios envolvidos no Programa de Cer-
tificação em Turismo Sustentável (PCTS), 
Empreendedorismo Rural e Programa Se-
torial de Artesanato; identificar os produtos 
turísticos preservados e valorizados pela 
comunidade local, tendo como base o grau 
de preservação e valorização que os atores 
sociais lhes atribuem; classificar e formatar 
os produtos turísticos nas dimensões de 
patrimônio (forma arquitetura, monumen-
to, trabalhos de arte, atividades, alimentos, 
língua, modo de vida, paisagem), respei-
tando as características identitárias dos 
sujeitos e das localidades; classificar as 
informações recolhidas a partir das per-
cepções dos sujeitos e (re) construir (am-
pliar) o conceito de patrimônio nas suas 
diversas dimensões; integrar essas comuni-
dades ao PCTS; estabelecer parceria com 
instituições públicas e privadas, para des-
envolver ações de sensibilização, de comu-
nicação e de divulgação dos produtos turís-
ticos. 
Por outro lado, outros passos podem 
identificar, preservar e valorizar os diver-
sos tipos de patrimônio enquanto legado 
cultural, tais como: 1) refletir sobre as pos-
sibilidades de transformar o patrimônio 
num produto turístico de qualidade e 
autêntico, que sirva não só aos visitantes, 
mas que se promova benefícios para a co-
munidade local e 2) envolvimento da popu-
lação - seguimento do poder público e em-
presários – para avaliar os impactos da 
atividade turística sobre o ambiente em que 
vive. É com a ajuda da comunidade que os 
planejadores podem obter informações 
históricas e depoimentos de vida de mora-
dores mais antigos e sensibilizar a comuni-
dade a respeito do valor cultural, histórico e 
ambiental do seu local. Assim, é possível 
304 Análise discursiva da relação entre atividade turística, apropriação do território e patrimônio ... 
 
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 7(2). 2009 
 
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valorizar e preservar o ambiente e a cultu-
ra, pois a comunidade passa a conhecer o 
caminho que sua sociedade trilhou para 
chegar ao ponto em que se encontra no 
momento, permitindo também que as ge-
rações futuras conheçam a sua história. 
Em resumo, o que interessa ao fenômeno 
do turismo são os aspectos mais peculiares 
de cada lugar, é o caráter mais autêntico de 
sua gente e seu cotidiano mais original, 
representado por toda sua gama simbólica, 
ainda que possa parecer estranho à estética 
da globalização. No entanto é preciso limi-
tar a ação do turismo para que os lugares e 
suas culturas mantenham-se íntegros e 
assim somos remetidos ao conceito de tu-
rismo sustentável. 
Nesta perspectiva, ambientes de geração 
de empregos podem ser criados, reduzindo 
as desigualdades regionais e promovendo a 
inclusão social, com a utilização sustentável 
do patrimônio material e imaterial dos mu-
nicípios identificados e mapeados, oportu-
nizando, assim, empreendimentos gerado-
res de emprego e renda. 
 
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Recibido: 17 de julio de 2008
Reenviado: 28 de febrero de 2009
Aceptado: 13 de marzo de 2009
Sometido a evaluación por pares anónimos

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