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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fratura de Tornozelo As fraturas do tornozelo são fraturas complexas, relativamente frequentes em que o mecanismo de trauma torcional indireto é mais comum e que apresentam vários tipos de lesões. Anatomia Tornozelo: Articulação composta por tíbia, fíbula e tálus O tornozelo é uma articulação complexa, composta por três ossos: tíbia, fíbula e o tálus e estabilizada por três importantes complexos ligamentares. Pinça de osso que segura o tálus (anatomia óssea), dando estabilidade para a articulação. Dos ligamentos, o que mais contribui para a estabilidade é o ligamento deltóide O ligamento deltoide é responsável pela estabilização medial do tornozelo. Complexo ligamentar lateral é composto por três ligamentos: fibulo-talar anterior (FTA), fibulo-talar posterior (FTP) e fíbulo-calcâneo (FC). Estabilizando a fíbula à tíbia está a sindesmose tíbio-fibular que é composta por quatro ligamentos (sendo que o ligamento interósseo é o principal estabilizador da sindesmose e suas fibras têm continuidade com a membrana interóssea). O maléolo medial é formado por um prolongamento ântero-medial da tíbia. O maléolo lateral articula-se com a faceta lateral do tálus, sendo mais posterior e distal ao maléolo medial. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Epidemiologia Mulheres idosas (maioria): tropeçam, usam bengala, não tem a visão boa e apresentam ossos porosos traumas de pequena energia. Também pode ocorrer em homens jovens que praticam esportes traumas de alta energia. Mais comum quebrar apenas um maléolo. Avaliação inicial O exame físico é importante para avaliação clínica do tornozelo traumatizado. Deve-se observar a presença de edema e equimoses localizadas, flictenas, escoriações e ferimentos. À palpação nota-se crepitações e a presença/ausência de pulsos distais. O paciente normalmente é incapaz de apoiar e deambular no PS (critérios da Universidade de Ottawa). Lisfranc: articulação que une a base dos metatarsos com o médio pé. O mais comum no trauma torcional são alterações sensitivas nos nervos fibulares (superficial e profundo). Avaliação radiográfica Avaliação radiográfica em três incidências, antero-posterior (AP), perfil (P) e AP com 15° de rotação interna (mortise), é suficiente para diagnosticar a maioria das lesões anatômicas, assim como os mecanismos que as produziram. Os critérios de Ottawa para tornozelo foram desenvolvidas para ajudar a decidir quando solicitar radiografias. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Em casos duvidosos deve-se realizar radiografias em oblíquo e radiografias com estresse. Além disso, pedir também RX da perna e do pé, pois pode haver lesões adjacentes. O exame mais importante é a RX, pois é o melhor exame que vê a parte óssea. A RM é boa para ver ligamento, mas como a maior estabilidade da articulação do tornozelo é feita por meio da própria anatomia óssea (e não pelos ligamentos), o RX é superior nesse caso. Lesões ligamentares no tornozelo geralmente trata-se de maneira conservadora (imobilização) e fisioterapia. Na radiografia de frente não é possível visualizar o espaço entre a tíbia e a fíbula, que se sobrepõem. Na radiografia de Mortise (rotação interna de 15º) é possível visualizar o espaço entre a tíbia e a fíbula. O ângulo talocrural pode indicar fratura, caso seu valor seja diferente de 83º com desvio padrão de + ou – 4 º. Indicativos de fratura: - Espaço claro medial > 4 mm; - Espaço claro tíbia-fíbula > 6 mm; - Ângulo talocrural diferente de 83º + ou – 4º; - Dime sign (visível no AP). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Radiografia na incidência anteroposterior do tornozelo mostrando espaço evidente medial (A), espaço evidente tíbia- fíbula (B) e sobreposição tíbia-fíbula (C). O espaço medial livre (A) é a distância entre a borda medial do tálus e a borda lateral do maléolo medial. O valor normal é menos de 4 mm. O espaço evidente entre a tíbia e a fíbula (B) é a distância entre a borda medial da fíbula e o assoalho da incisura fibular. O valor normal é menos de 5 ou 6 mm. A sobreposição tíbia-fíbula (C) é a quantidade da porção lateral da tíbia sobre a porção medial da fíbula. O valor normal é de mais de 10 mm. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Dois tipos de lesão, baseada em quais estruturas são estressadas 1º e quais são estressadas por último Essa classificação é composta por dois nomes: o primeiro equivale a posição do pé no instante do trauma e o segundo a direção da força aplicada. - Pé em supinação, rotação externa (mais comum) - Pé em supinação, abdução - Pé em pronação, rotação externa - Pé em pronação, adução A classificação de Weber divide as fraturas do tornozelo em três tipos de acordo com a localização do traço de fratura do maléolo lateral. No tipo (A) a fratura é distal à sindesmose, no tipo (B) ao nível da sindesmose e no tipo (C) proximal a sindesmose. Lesões do tipo A (infrasindesmoidal): grande potencial de serem estáveis Sem cirurgia: gelo, AINHs, bota e muleta (protocolo PRICE). Lesões do tipo C (suprasindesmoidal): grande potencial de serem instáveis Tratamento cirúrgico. Tipo B: podem ser estáveis ou instáveis. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C RX com stresse: a força da gravidade geraria uma rotação externa no pé e ao realizar o exame, espera-se que a fratura instável fique visível, através dos indicadores (alteração do ângulo talocrural, aumento do espaço claro medial e tíbio- fibular). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Caso Clínico A.L.C, 30 anos, vem ao PS com queixa de dor e edema importante em região de tornozelo E após trauma torcional durante partida de futebol. - Diagnóstico sindrômico: Trauma torcional do tornozelo - Hipótese(s) diagnostica(s): Fratura do tornozelo, lesões da Lisfranc, lesões de metatarso, lesões do ligamento calcâneos. - Conduta Inicial: Inspeção (edema, equimose), palpação (dor, movimentação), avaliar capacidade de deambulação, avaliação de pulso e sensibilidade. - Exames subsidiários: RX pelos critérios de Otawa. - Diagnóstico: Fratura maleolar/tornozelo. - Epidemiologia: homem adulto por trauma de alta energia. - Classificação: fratura instável, tipo B (altura da sindesmose). - Exames subsidiários: eventualmente poderia solicitar TC. - Tratamento cirúrgico por meio da colocação de placa. Qual o maior componente de estabilidade na articulação do tornozelo? Anatomia óssea. Qual é o mecanismo de trauma mais comum nas fraturas de tornozelo? Trauma torcional indireto. Qual é o principal ligamento do complexo ligamentar medial do tornozelo? Ligamento deltóide. Qual é a principal população acometida por fraturas de tornozelo? Mulheres idosas. Qual é o principal exame de imagem para o diagnóstico de fraturas de tornozelo? Radiografia simples. Qual é a posição do pé e movimento mais comuns nos traumas das fraturas de tornozelo? Supinação + rotação externa. Quais são ao incidências radiográficas solicitadas para avaliação de fraturas de tornozelo? AP, P e Mortise. Qual das alternativas sugere instabilidade nas fraturas de tornozelo? Instabilidade do complexo ligamentar medial. Como se faz o tratamento das fraturas estáveis de tornozelo? Imobilização gessada por 4-6 e proteção. Qual a complicação mais provável em uma fratura de tornozelo mal conduzida? Artrose articular e limitação de deambular.
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