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E-BOOK TEORIAS APLICADAS NA ADMINISTRAÇÃO Bases históricas da administração APRESENTAÇÃO A Administração existe desde o início dos tempos, quando era praticada pelas civilizações mais primitivas, que utilizavam técnicas e ferramentas administrativas para alcançar seus objetivos. Com o surgimento dos agrupamentos humanos, o homem começou a administrar sua família, sua casa, seu clã, sua tribo e aldeias e, quando passou a viver em sociedade, viu-se diante da necessidade de administrar vilas, cidades, estados e países. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as origens da Administração, a sua evolução, desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial, e seus aspectos gerais na atualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as origens da Administração.• Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a Revolução Industrial.• Discutir os aspectos gerais da Administração nos tempos atuais.• DESAFIO O fenômeno da globalização influenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Sendo assim, as organizações necessitam de uma administração de qualidade para crescerem e se manterem com sucesso no mercado. Neste Desafio, imagine o seguinte cenário: Como forma de organizar o seu script, responda: 1) Que aspectos são considerados importantes para a administração das organizações nos dias atuais? 2) Algumas práticas administrativas do passado já não se encaixam no perfil exigido atualmente aos administradores. Neste mercado turbulento, complexo e em constantes mudanças, o que é necessário aos gestores? INFOGRÁFICO As mudanças em todos os ambientes fizeram com que surgissem novos conceitos e técnicas para administrar as organizações. Acompanhe, neste Infográfico, as origens da Administração e as fases de sua evolução. CONTEÚDO DO LIVRO São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores e que foram evoluindo ao longo do tempo, ajustando-se às situações da cada momento histórico. Apesar da semelhança dos problemas, mesmo em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto muda constantemente. Muito do que você estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que surgiam com a intenção de resolver problemas enfrentados pelas empresas. No capítulo Bases históricas da Administração, da obra Teorias da Administração, você vai conhecer as origens da Administração, identificando a sua evolução, desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial, e seus aspectos gerais na atualidade. Boa leitura. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Affonso Bases históricas da administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as origens da administração. Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Discutir os aspectos gerais da administração nos tempos atuais. Introdução São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros ad- ministradores. Esses conceitos foram evoluindo ao longo do tempo, se ajustando a cada momento histórico. Assim, muito do que você estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que buscavam resolver problemas enfrentados pelas orga- nizações. Apesar da semelhança entre os problemas, em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto era distinto. Neste capítulo, você vai estudar as origens da administração e sua evo- lução desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Além disso, você vai conhecer os aspectos gerais da administração na atualidade. Origens da administração Você já sabe que a administração existe desde o início dos tempos. Você mesmo, em seu dia a dia, administra seu tempo, sua casa, sua família, seus estudos, seu trabalho, suas finanças, etc. Já reparou que quando você não consegue, por exemplo, administrar seu tempo, sua vida fica complicada, com tarefas que acabam se acumulando? Agora considere uma organização que lida com pessoas, materiais, equipa- mentos, tecnologia, instalações, conhecimentos e informações. Sem a admi- nistração, seria impossível fazer tudo isso funcionar, não é? Uma organização só consegue atingir seus objetivos se for bem administrada. Uma organização é uma unidade social, constituída por duas ou mais pessoas, cuja finalidade é atender às necessidades da sociedade, gerar resultados (financeiros ou não) e atingir objetivos estabelecidos por meio da divisão do trabalho e da coordenação dos recursos e esforços (MAXIMIANO, 2012). Referências históricas demonstram que conceitos administrativos de cerca de 1200 a.C. ainda são utilizados hoje. Contudo, a administração surgiu ainda com as primeiras comunidades primitivas. Os homens, em suas expedições de caça e pesca, além de construírem suas próprias ferramentas, também tomavam decisões, planejavam e dividiam o trabalho. Eles precisavam definir a rota de caça, o local onde ficariam acampados, as armadilhas, etc. Assim, você pode considerar que as expedições já tinham características de organizações, e seus líderes, características de gerentes (MAXIMIANO, 2012). Por volta de 3000 a.C., a arte de administrar já era exercida pelos sumerianos, quando buscavam soluções para seus problemas práticos. A administração foi utilizada, por exemplo, na formação de uma sociedade de irrigação idealizada pelos primeiros colonizadores da Mesopotâmia. Como a água era abundante, seu uso foi organizado por pequenas comunidades autossuficientes e interligadas. Os coordenadores dessas comunidades eram os sacerdotes, que transformaram os templos em centros adminis- trativos, com funcionários que registravam as atividades de recebimento, armazenagem e pagamento de produtos escassos, como madeira e metais, que eram comercializados. Os funcionários e esses produtos eram pagos com o que sobrava da agricultura irrigada. Além da escrita e da aritmé- tica, os sumérios criaram a administração pública com funcionários e práticas burocráticas. Assim, nessa época era realizada a escrituração de operações comerciais e surgiram os primeiros funcionários e dirigentes administrativos profissionais. Em 3100 a.C., o Egito já praticava o planejamento em longo prazo quando se preparava para o ciclo de inundação, cultivo e seca. Além disso, man- Bases históricas da administração2 tinha uma rede de fortes com soldados assalariados e com suprimentos suficientes para 12 meses. Outro exemplo de prática administrativa foi a construção de suas pirâmides, que exigiram dos egípcios habilidades técnicas e administrativas para resolver grandes problemas relacionados à mão de obra, aos arquitetos e à logística. Dessa forma, essa época foi marcada pela construção de grandes pirâmides, práticas de planejamento, organização e controle sofisticadas. Em 2000 a.C., a decadência dos sumérios abre espaço para o domínio dos babilônios, cujo registro de transações comerciais era feito cuidadosamente em placas de argila, mostrando sua preocupação com o controle. As cores eram utilizadas para o controle da produção, dos estoques de tecidos e dos celeiros. O código do rei Hamurabi, com 282 regras, é outro exemplo do uso da administração pelos babilônios. Tal documento é um dos primeiros e talvez o mais famoso conjunto de leis da história. Em algumas regras, é possível identificar princípios de controle e de responsabilidade. Os babilônios foram responsáveis ainda pela criação de um sistema de incentivos salariais, como o pagamento destinado às mulheres encarregadas da fiação e da tecelagem, que recebiam de acordo com a produção individual. Destacam-se também os assírios, que contribuíram para o grande avanço na área da organizaçãomilitar, servindo de modelo para exércitos posteriores, principalmente em relação a depósitos de suprimentos, colunas de transporte e companhias para a construção de pontes, demonstrando grande preocupação com a logística. Entre os anos 2350 e 2256 a.C., na China, o imperador Yao empregou o princípio de assessoria, que foi utilizado por outros governantes. Uma técnica que se tornou tradicional na administração pública da China foi a de aconse- lhamento com os assessores, delegando a eles autoridade para a resolução de problemas. A constituição da dinastia de Chow (1100 a.C.) é outro exemplo de prática de administração pelos chineses. Essa dinastia criou um manual de administração com oito regulamentos e regras de administração pública a serem seguidos por um primeiro ministro. Assim, fica clara a tentativa de definir regras e princípios de administração. Você pode considerar também Sun Tzu, que escreveu sobre estratégia militar e que, no tratado A Arte da Guerra, apresenta teorias para evitar batalhas e intimidar psicologicamente os inimigos utilizando o tempo, em vez da força, para desgastá-los e atacá-los quando estivessem desprevenidos. As Muralhas da China são outro exemplo da adoção de práticas administrativas. A obra empregou milhares de pessoas para a construção de 1.500 quilômetros ao longo de quase 10 anos. 3Bases históricas da administração A Arte da Guerra é um manual de recomendações que trata dos princípios fundamentais de planejamento, comando, doutrina e outros. Esse manual atravessou os séculos e é muito utilizado na administração de todos os tipos de organização (MAXIMIANO, 2012). A Grécia também marcou significativamente a administração de organi- zações de todos os tipos. Fez isso por meio da produção de ideias e da solução de problemas com debates e proposições sobre temas como democracia, estratégia, igualdade de todos diante da lei, ética na administração pública, planejamento urbano, entre outros. Por fim, você pode considerar Roma, já que princípios e técnicas de admi- nistração construíram e mantiveram o Império Romano por muitos anos. Entre as contribuições dos romanos para a administração, estão: o planejamento e o controle das finanças públicas; a autoridade formal e as regras de convivência definidas legalmente; os diversos tipos de executivos, como senadores, ma- gistrados e imperadores; a criação de empresas privadas; a divisão dos povos para governar, entre outros (MAXIMIANO, 2012). Grandes filósofos da Antiguidade também contribuíram para a administra- ção moderna. Sócrates enxergava a administração como habilidade pessoal; Platão, filósofo grego, expôs em sua obra A República sua percepção sobre democracia e administração dos negócios públicos; Aristóteles, também filósofo grego, em sua obra A Política, se preocupou com a organização do Estado, dividindo a administração em monarquia, aristocracia e democracia; Confúcio, pensador e filósofo chinês, defendia a ideia da meritocracia e do ingresso na burocracia por meio do mérito; Mêncio, também filósofo chinês e fiel seguidor de Confúcio, defendia a meritocracia e a democracia, o povo como o elemento mais importante de uma nação e a sistematização para a condução dos negócios públicos, além de que se preocupava com o profissionalismo na administração pública (SILVA, 2013). Nomes como Francis Bacon, René Descartes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Maquiavel também contribuíram significativamente para a ciência administrativa, bem como a Igreja Católica Romana. Assim, grande parte da história da administração é a história de cidades, governos, exércitos, países e organizações religiosas. Foi somente a partir do final do século XIX e início do século XX que a administração começou a ser tratada como ciência, tornando- -se um corpo organizado de conhecimentos e teorias (MAXIMIANO, 2012). Bases históricas da administração4 Teoria é uma palavra ampla. Além de compreender proposições que explicam a realidade prática, compreende também princípios, doutrinas e técnicas que orientam os administradores na solução de problemas práticos. As teorias da administração estão organizadas em escolas ou enfoques, que significam uma linha de pensamento sobre as organizações e a sua administração (MAXIMIANO, 2011). Evolução da administração: do capitalismo mercantil à Revolução Industrial A administração passou por várias fases e vem evoluindo ao longo dos tempos, infl uenciando o mundo todo. Como prática inerente ao homem, ela sempre existiu. No entanto, conforme foram surgindo e se complexifi cando as organizações, ela precisou ser estudada, estruturada e se tornou ciência. Cada momento da história da administração se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. E, quando se fala em evolução do estudo da administração, não pode fi car de lado a Re- volução Industrial, fenômeno que revolucionou a produção e a aplicação de conhecimentos administrativos. Porém, antes de você estudar a Revolução Industrial, é importante conhecer resumidamente outro momento que a antecedeu, o capitalismo mercantil ou mercantilismo. Ele teve sua expansão a partir do século XV e influenciou profundamente as práticas administrativas dos negócios. O mercantilismo é um conjunto de práticas econômicas que surgiu na Europa a partir do século XV, após o período feudal. Ele se caracteriza principalmente pelo fato de a riqueza de uma nação ser obtida por meio da comercialização de ouro e prata extraídos de suas colônias. Nesse processo, se destacaram Inglaterra, França, Portugal e Espanha (MAXIMIANO, 2011). O mercantilismo foi um momento de transição entre o feudalismo e o ca- pitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial. Os barões feudais perdiam seu poder, fazendo com que muitas terras europeias ficassem livres 5Bases históricas da administração de seu domínio e se transformassem em cidades, chamadas burgos — seus habitantes eram chamados burgueses. Os burgueses começaram a se organizar livremente, definindo seus papéis sociais na comunidade, o que fez surgir uma atividade econômica e profissionais autônomos, que buscavam atender às necessidades das cidades. A liberdade dos burgueses fez o comércio se expandir e ultrapassar as fronteiras europeias, dando início às grandes navegações, em busca de novos mercados e fornecedores de matéria-prima. Isso estimulou a exploração de novas terras; o descobrimento de novos povos e produtos; o aparecimento de vendedores e agenciadores de matéria-prima e mão de obra; e o acúmulo de metais oriundos de suas colônias, concedendo o status de potência mercantilista à metrópole (MAXIMIANO, 2012; BRESSER- -PEREIRA et al., 2016). Nessa fase, as cidades-estado eram a base do comércio de longa distância, ou seja, da compra e da venda de metais preciosos, especiarias e outros bens de luxo, realizadas por meio de camelos, mulas e navios à vela. Apesar de o comércio de longa distância possibilitar aos comerciantes o acúmulo de capital e grande lucro, esses fatores eram instáveis, por isso eles começaram a investir em manufatura. No entanto, o modo de produção era bastante rudimentar e os produtos eram feitos de forma artesanal, ou seja, com a utilização de ferramentas básicas, pois não havia máquinas complexas. Isso fazia com que a produção fosse lenta e cara (BRESSER-PEREIRA et al., 2016). Com o aumento da demanda, as antigas e tradicionais oficinas precisa- ram ser ampliadas e aos poucos foram se transformando em fábricas, com produção em uma escala maior e ritmo intenso. Isso criou a necessidade de máquinas para aumentar a produtividade. Nesse contexto, muitas tarefas realizadas de forma manual passaram a ser mecanizadas, ou seja, parte da mão de obra foi substituída por máquinas, gerando a divisão no trabalho e a criação de novas categorias de trabalhadores, uma vez que os artesãos, além de serem poucos, eram limitados à produção em pequena escala. Os capitalistaspassam então a dominar a produção e a comercialização de bens, bem como a tomar decisões sem a participação dos trabalhadores, como era feito no período medieval. Dessa forma, além das mudanças nos meios de produção e comercialização de bens, houve também uma mudança de valores (MAXIMIANO, 2012). Você deve estar se perguntando: e as práticas de administração, onde estavam? Estavam no controle contábil-financeiro da movimentação de merca- dorias entre regiões; na organização da demanda da produção artesanal e dos ganhos e garantias resultantes da comercialização dos produtos; e na divisão Bases históricas da administração6 e na especialização do trabalho. Pode-se dizer, então, que o mercantilismo foi marcado pela supremacia naval, pela fartura de recursos naturais e pelo acúmulo de capital. Desde a Antiguidade até cerca de 1780 (início da Revolução Industrial), os produtos eram fabricados em pequenas oficinas, de forma artesanal e sem padronização. Era a chamada fase artesanal, marcada pelo artesanato rudimentar e pela mão de obra intensiva e não qualificada na agricultura, com predomínio de oficinas, granjas e agricultura e sistema comercial baseados em trocas nos mercados locais (SILVA, 2013). Com o surgimento das primeiras fábricas, com a divisão do trabalho e a invenção das máquinas a vapor, surge a Revolução Industrial no século XVIII. A partir daí, o desenvolvimento da administração passa a ser influenciado pelo surgimento de empresas industriais, com maquinários que possibilitavam aumento acelerado do processo produtivo, com padronização e maior quali- dade. Surgem também a hierarquia, a disciplina, a vigilância e o controle de tarefas e dos trabalhadores. Nesse período, muita riqueza foi gerada, novos empregos surgiram, houve crescimento de cidades e regiões, tiveram início novas relações de poder e foram criados novos interesses comerciais. Houve também o surgimento do comércio exterior, da pesquisa e do desenvolvimento de novos produtos. A Revolução Industrial teve duas fases (MAXIMIANO, 2012), como você pode ver a seguir. Primeira Revolução Industrial (1780 a 1860): marcada pela mecani- zação das oficinas e da agricultura, ou seja, foi o período de adaptação das oficinas à nova tecnologia da máquina a vapor. O carvão como fonte de energia e o ferro como material básico da indústria passam a ser os principais recursos para o desenvolvimento dos países. As oficinas se transformam em fábricas e usinas; as máquinas substituem o trabalho humano e há o desenvolvimento do sistema fabril, o crescimento nos setores de transporte e comunicação. Surgem as locomotivas a vapor e o crescimento da navegação. Segunda Revolução Industrial (1860 a 1914): marcada pelo desenvol- vimento da indústria. O aço e a eletricidade passam a ser os principais 7Bases históricas da administração recursos para o desenvolvimento do país, substituindo o carvão e o ferro. Há grande e crescente influência da ciência e da tecnologia na indústria. Nessa época, surgem o automóvel, o avião, o telefone e o telégrafo sem fio. Com o desenvolvimento crescente das indústrias, surgem também os grandes bancos e instituições financeiras, substi- tuindo o capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro, provocando grande ampliação do mercado. Houve também a invenção do motor a combustão, a substituição do vapor pela eletricidade, o surgimento de máquinas automáticas, etc. A Revolução Industrial substituiu o artesão pelo operário; contribuiu para a criação das fábricas e a evolução dos maquinários; fez surgir as organizações sindicais; e contribuiu para o crescimento das cidades. Ou seja, proporcionou mudanças econômicas, políticas, sociais, ambientais e culturais que se refletem até hoje. A Revolução Industrial trouxe também alguns transtornos, como o êxodo rural. As pessoas que moravam no campo deixavam suas famílias e iam para as cidades, sedu- zidas pela possibilidade de trabalhar nas indústrias. No entanto, isso nem sempre dava certo, especialmente pela falta de qualificação da mão de obra e pela substituição desta pelas máquinas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Administração nos tempos atuais Após a fase da segunda Revolução Industrial, veio a fase do gigantismo in- dustrial, de 1914 e 1945, época entre as duas grandes guerras mundiais. Nesse período, a organização e a tecnologia eram utilizadas na indústria bélica. As empresas encontravam-se em franca expansão, passando a atuar também no mercado internacional. Houve uma signifi cativa aplicação tecnocientífi ca nas indústrias, principalmente com ênfase em materiais petroquímicos, o que contribuiu para o aperfeiçoamento dos setores de transporte e comunicação (SILVA, 2013). Em seguida, começou a fase moderna, entre 1945 e 1980, com o apare- cimento de produtos e processos mais sofisticados decorrentes dos avanços Bases históricas da administração8 tecnológicos. Surgiram também as primeiras empresas de grande porte no Brasil, bem como problemas econômicos, gerando incerteza e imprevisibi- lidade no mercado. Após 1980, se inicia a fase da globalização ou incerteza, marcada por grandes e novos desafios, dificuldades, oportunidades e ameaças, gerando um ambiente complexo e dinâmico. Foi uma época caracterizada por escassez de recursos, concorrência cada vez mais acirrada, dificuldade de compreensão do mercado e de informações, mudança brusca no modelo de gestão das organizações e revolução dos computadores, que passam a substituir o ser humano em termos físicos e intelectuais (SILVA, 2013). A globalização influenciou e continua influenciando a vida das socieda- des e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Com as mudanças cada vez mais rápidas, novas necessidades são geradas, fazendo com que as organizações se tornem mais complexas e sem fronteiras, depen- dendo de uma administração de qualidade que garanta seu crescimento e seu sucesso no mercado. A globalização tornou o mercado altamente competitivo e alvo de rápidas transformações políticas, sociais, ambientais e tecnológicas, originando novos perfis de atores sociais, novos concorrentes, novos padrões de consumo, etc. (SOBRAL; PECI, 2013). Dessa forma, as organizações precisam estar preparadas para todo tipo de mudanças. Elas devem adotar novas estratégias e novas formas de administrar que as ajudem a enfrentar o mercado cada vez mais competitivo, encontrando respostas para as exigências que se impõem e garantindo sua sobrevivência. Ou seja, o mercado é dinâmico e está em constante transformação, fazendo com que as organizações convivam permanentemente com a necessidade de adaptação. Isso exige delas a capacidade de realizar mudanças em seus processos, relacio- namentos, modelos de gestão, estruturas, cultura, etc. (SOBRAL; PECI, 2013). O conhecimento e a informação são outros aspectos fundamentais na admi- nistração atual. São considerados uma das principais vantagens competitivas da organização. Saber administrá-los é fator crítico de sucesso para as empresas. Os fatores críticos de sucesso (FCS) são aspectos fundamentais para a organização, que precisam ser bem executados para garantir seu desenvolvimento, seu crescimento e o alcance dos objetivos. São aspectos que, se mal executados, podem levar a organização ao fracasso (MAXIMIANO, 2012). 9Bases históricas da administração Na sociedade contemporânea, o acesso às informações é cada vez mais amplo, e a comunicação independe do tempo e da distância. Por isso, as infor- mações precisam ser administradas para que cumpram seu papel. É importante compreender os fluxos de informação como processos que agregam valor à informação e que podem ser explorados para promover melhorias. Uma das funções do administrador é tomar decisões. Para tal, ele precisa estar bem informado e conhecer o ambiente em que a organização está inserida, não só o ambiente interno, mas os fatores externos que influenciam sua gestão. Nesse contexto, a informação é essencial(SIQUEIRA, 2005). O conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações valiosas da mente humana (argumentos, reflexão e síntese), que precisa ser bem gerenciado. A informação e o conhecimento são essenciais nas organizações, pois são a base de todas as atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução das ações planejadas, assim como o processo de decisão. Por isso, devem ser geridos para a busca de novas fontes de vantagem competitiva, melhorando o funcionamento da organização e tornando-a mais eficiente (SIQUEIRA, 2005). A gestão do conhecimento é um conjunto de atividades cuja finalidade é promover o conhecimento dentro da organização, possibilitando que ela e seus colaboradores utilizem as melhores informações e os melhores conhecimentos disponíveis. Nesse sentido, são fundamentais uma visão estratégica e a promoção da aquisição, da criação, da codificação e da transferência de conhecimentos para o alcance dos objetivos organizacionais e a maximização da competitividade (ALVARENGA NETO, 2002). Outros aspectos importantes para a administração nos dias atuais é a mudança de estratégias de gestão e a adoção de práticas de descentralização, que incentivem a criatividade e a inovação. Contar com trabalhadores esti- mulados, comprometidos e envolvidos com a missão da organização de forma a realizar as mudanças necessárias também é fundamental. É nesse contexto que surge a necessidade de aprimoramento da gestão. Ou seja, além de possuir conhecimentos técnicos e teóricos sobre a arte e a ciência da administração, os administradores precisam estar atualizados, acompanhando as mudanças que ocorrem não somente no ambiente que envolve as organizações, mas nos conhecimentos produzidos no campo da administração. Além disso, é necessário compreender o universo que envolve as relações interpessoais e Bases históricas da administração10 as motivações das pessoas. Ou seja, o administrador precisa estar em cons- tante processo de aprendizagem, uma vez que o mundo da administração é altamente complexo. Veja, a seguir, alguns dos desafios que se colocam à administração e aos administradores (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Desafios tecnológicos: necessidade e capacidade de introduzir no- vas tecnologias para agilizar, flexibilizar e modernizar os processos administrativos. Desafios sociais e humanos: dirigir pessoas e grupos com competên- cias, experiências e culturas diferentes e particulares. Capacidade de lidar com a diversidade. Desafios de mercado: conhecer os clientes, a concorrência, os clientes potenciais, o ambiente interno e externo da organização. Satisfazer as necessidades e desejos dos clientes, agregando valor ao produto ou serviço. Desafios de negócio: gerar lucros e dividendos para os stakeholders. Desafios comunitários: manter um bom relacionamento com a comu- nidade em que está inserida e contribuir para o seu desenvolvimento. Desafios ambientais: adotar produção consciente, ou seja, respeitar as leis e normas ambientais, não causando danos ao meio ambiente e buscando a sustentabilidade do negócio. Desafios globais: administrar global e localmente ao mesmo tempo. Desafios de inovação: criar produtos, processos e sistemas inovadores, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados. Desafios da concorrência: buscar continuamente meios de alcançar vantagem competitiva e superar a concorrência. Desafios éticos e sociais: dirigir o negócio com ética e transparência e ser uma empresa socialmente responsável com seu público interno e externo. A administração é uma combinação de arte e ciência. Ciência porque tem por base princípios, técnicas e conhecimentos; e arte porque exige do administrador a capacidade de lidar com o inesperado, usando sua intuição e sua sensibilidade. Dessa forma, o administrador deve estudá-la cientifica- mente, mas também estar atento a aspectos aos quais teorias não podem ser aplicadas, como é o caso do relacionamento interpessoal. O maior desafio do administrador é estimular a motivação nas pessoas para um desempenho de excelência, criando um clima organizacional adequado para o trabalho em equipe, incentivando comportamentos de cooperação, criando propósitos comuns e transformando-os em ação (LACOMBE; HEILBORN, 2008). 11Bases históricas da administração ALVARENGA NETO, R. C. D. Gestão da informação e do conhecimento nas organizações: análise de casos relatados em organizações públicas e privada. 2002. 235 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002. BRESSER-PEREIRA, L. C.; NASSIF, A. FEIJÓ, C. A reconstrução da indústria brasileira: a conexão entre o regime macroeconômico e a política industrial. Revista de Economia Política 36 (3), p. 493-513, 2016. LACOMBE, F.; HEILBORN, G. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SIQUEIRA, M. C. Gestão estratégica da informação. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Leitura recomendada CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a infor- mação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003. Bases históricas da administração12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR A Administração passou por diversas fases e vem evoluindo ao longo do tempo, marcando e influenciando o mundo. Cada momento da história da Administração se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. Nesta Dica do Professor, você verá aspectos da fase artesanal e da produção industrial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores e que foram evoluindo ao longo do tempo, ajustando-se às situações da cada momento histórico. Como é chamado o documento que possui 282 regras e é considerado um dos primeiros e, talvez, o mais famoso conjunto de leis da história, contendo os princípios da administração? A) Dinastia de Chow. B) Código do Rei Hamurábi. C) Código de Sun Tzu. D) Pensamento de Sócrates. E) Manual de Confúcio. Foram muitos os povos a demonstrarem práticas administrativas quando a administração ainda não existia como ciência. O princípio de assessoria, que consistia no aconselhamento com assessores e o exercício da delegação de autoridade, foi 2) empregado por quem? A) Mêncio. B) Maquiavel. C) Francis Bacon. D) Chow. E) Imperador Yao. 3) A Administração passou por diversas fases e vem evoluindo ao longo do tempo, marcando e influenciando o mundo. Qual foi o momento de transição entre o feudalismo e o capitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial? A) Renascimento. B) Período Medieval. C) Mercantilismo. D) Revolução Urbana. E) Reforma. 4) O administrador tem como um de seus desafios estimular seus funcionários, para um desempenho de excelência. Outros desafios também se apresentam no cenário atual. Criar mercadorias, processos e sistemas, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados diz respeito a que desafio? A) Desafio ambiental. B) Desafio de inovação. C) Desafio de padronização. D) Desafio denegócio. E) Desafio tecnológico. 5) A globalização influenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Dessa forma, são muitos os desafios do administrador. Conhecer os clientes (potenciais ou não), a concorrência, o ambiente interno e externo da organização e satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, agregando valor ao produto ou serviço, diz respeito a que desafio? A) Desafio de mercado. B) Desafio de negócio. C) Desafio social e humano. D) Desafio global. E) Desafio da concorrência. NA PRÁTICA A produção em série foi a inovação mais importante da era industrial e continua a ser aperfeiçoada continuamente. As formas de produzir e de administrar vêm evoluindo ao longo do tempo, adaptando-se às mudanças sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais. Na produção de automóveis, por exemplo, há mais de 100 anos, Henry Ford aperfeiçoou a fabricação de carros mais baratos, que fossem acessíveis aos cidadãos comuns. Para isso, estudou métodos de produção e chegou à conclusão de que estes deveriam ser todos iguais, ou seja, ele iria massificar a produção. Para tanto, desenvolveu um sistema de esteiras, em que o veículo era movimentado e cada operário era responsável por uma fase da montagem. A linha foi inaugurada em 1913 e construía o Ford T em 84 etapas – percebe-se, aqui, a divisão do trabalho (um dos princípios da Administração elaborados por Fayol) e o princípio da produção em massa e linha de montagem de Taylor. Conheça, Na Prática, mais detalhes dessa evolução de automóveis no decorrer das décadas e perceba a forma como a Administração contribui para o sucesso das empresas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Relação capitalismo & administração: mudanças na Administração ? luz das fases do capitalismo Este artigo aborda a relação entre capitalismo e administração, discorrendo sobre as características desta nas fases recentes do capitalismo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão do conhecimento: um estudo de modelos e sua relação com a inovação nas organizações Este artigo busca analisar modelos de gestão do conhecimento e sua aplicação nas empresas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evolução e correntes de pensamento da Administração O material indicado apresenta uma análise contemporânea da Administração. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fordismo APRESENTAÇÃO O aumento da produção, decorrente da expansão da Revolução Industrial, no final do século XIX e início do século XX, exigiu métodos totalmente novos de administração. Dentre as pessoas que participaram desse processo de inovação, destaca-se Henry Ford, devido à sua contribuição prática para a resolução de problemas de eficiência. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os níveis de planejamento e execução, segundo Ford; os princípios de produtividade, intensificação e economicidade; e o conceito de eficiência relacionado ao bem-estar do trabalhador. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar os níveis de planejamento e de execução na visão de Ford.• Descrever os princípios de produtividade, de intensificação e de economicidade.• Relacionar o conceito de eficiência ao de bem-estar do trabalhador.• DESAFIO Ford desejava tornar a sua empresa eficiente. Para ele, a eficiência estava relacionada à produção, à motivação e ao salário, bem como à minimização de custos e preços. Neste Desafio, considere que seu professor de Administração gosta muito de contextualizar as teorias que ensina em sala de aula. Atualmente, vocês estão estudando sobre as contribuições de Ford para a Teoria da Administração. Assim, ele marcou com a turma um encontro no shopping mais movimentado de sua cidade, mais precisamente em uma das redes de fast food mais famosas do mundo. Então, com base no que foi relatado, você se arriscaria? 1) Identifique pelo menos dois processos padronizados observados no interior da loja. 2) Destaque uma vantagem e uma desvantagem da padronização de processos. INFOGRÁFICO Ford marcou a teoria e prática da administração inovando não só no campo da produção, como também no modelo de remuneração e da jornada de trabalho de seus empregados. No Infográfico a seguir, você vai conhecer o significado de Fordismo e de planejamento e execução, além dos princípios de Ford. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO Aperfeiçoando os princípios de Taylor, de padronização e de simplificação, Ford desenvolveu outras técnicas que tornaram seu processo de produção altamente eficiente. Ele acreditava que o trabalho deveria ser dividido, contínuo, repetitivo e em cadeia e que para que fosse dinâmico, produtivo e sem interrupções, deveria ir até ao homem e não o homem até ele. A linha de montagem móvel foi um das inovações que Ford levou para a indústria. No capítulo Fordismo, da obra Teorias da Administração, você vai estudar os níveis de planejamento e de execução, segundo Ford, bem como os princípios da produtividade, da intensificação e da economicidade. Por fim, vai identificar o conceito de eficiência, relacionando-o ao bem-estar do trabalhador. Boa leitura. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Affonso Fordismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar os níveis de planejamento e execução na visão de Ford. Descrever os princípios da produtividade, intensificação e da economicidade. Relacionar o conceito de eficiência ao de bem-estar do trabalhador. Introdução Ford levou os princípios da administração científica para o ambiente industrial de uma forma inédita. Ele implantou a divisão do trabalho, definiu que era necessário escolher o trabalhador certo para cada tarefa e criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas. Com isso, conseguiu aumentar a produtividade e, adotando a padronização de tarefas, alcançar a tão sonhada eficiência. Neste capítulo, você vai estudar os níveis de planejamento e execução, segundo Ford. Também vai conhecer os princípios da produtividade, da intensificação e da economicidade. Por fim, vai ver como o conceito de eficiência se relaciona ao bem-estar do trabalhador. Planejamento e execução Na passagem do século XIX para o século XX, a Revolução Industrial representou um marco na administração, fazendo com que ela avançasse signifi cativamente e mudasse a realidade das organizações. Para você ter uma ideia, em 1880 existiam cerca de 2,7 milhões de trabalhadores na indústria americana; em 1900, esse número cresceu para 4,5 milhões. Neste mesmo ano, existiam fábricas que empregavam 500, mil e mais de mil pessoas. As fábricas maiores, as usinas siderúrgicas, empregavam entre 8 e 10 mil pessoas. Essas fábricas não tinham concorrência em tamanho até a chegada da indústria automotiva. Em 1914, a fábrica de Henry Ford situada em Highland Park, no estado de Illinois (Estados Unidos), contava com 13 mil trabalhadores. Com o passar dos anos, esse número foi aumentando e, em 1924, já eram 42 mil pessoas empregadas. No mesmo ano, a fábrica de Ford em River Rouge, no estado do Michigan, empregava 70 mil pessoas, sendo considerada a maior fábrica do mundo (CORRÊA, 2003). O aumento da produção exigiu métodos totalmente novos de administração e foram muitas as pessoas que participaram desse processo de inovação. A mais importante delas foi Taylor, que, com seus seguidores, transformou a administração da eficiência do trabalho em um conjunto de conhecimentos. Destaca-se também nesse processo a contribuição prática de Ford para a resolução de problemas de eficiência. Frederick W. Taylor foi o engenheiro americano que crioua administração científica, uma das teorias da administração, no final do século XIX e início do século XX. Ele aplicou métodos científicos para solucionar os problemas administrativos da época. Sua ideia era controlar o desperdício nas indústrias e elevar os níveis de produtividade (MAXIMIANO, 2012). Ford marcou a teoria e a prática da administração. Além de levar os prin- cípios da administração científica para o ambiente industrial em uma escala inédita, com a divisão do trabalho e a escolha do trabalhador certo para cada tarefa, criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas (Figura 1). Com isso, ele conseguiu aumentar a produtividade, uma vez que não havia perda de tempo com a movimentação dos trabalhadores para a busca de peças em estoque e dentro da fábrica. Além disso, Ford estabeleceu que o montador, além de não precisar mais apanhar peças no estoque enquanto montava o carro, pois elas estariam nos postos de trabalho, executaria uma única tarefa, isto é, a montagem e a pro- dução em si. É importante você notar que a movimentação dos trabalhadores Fordismo2 consumia tempo. Como cada um deles tinha uma velocidade diferente de trabalho, os que eram mais rápidos perdiam sua eficiência quando tinham de esperar pelos mais lentos. Figura 1. Linha de montagem móvel. Fonte: Tribuna (2011, documento on-line). Henry Ford foi um empresário com visão prática. Ele buscou solidificar o conceito de eficiência em uma fábrica de automóveis por meio do desenvolvimento de novas metodologias de produção e de trabalho (SILVA, 2013). A linha de montagem móvel teve um desenvolvimento rápido. Em 1912, seu conceito, sem mecanização, já era adotado na fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Em 1914, já mecanizada, montava um chassi em 1 hora e 33 minutos, enquanto no modo artesanal o mesmo trabalho era realizado em 12 horas e 28 minutos. Essa tecnologia também impactava as finanças, uma vez que reduzia a necessidade de investimentos de capital. Com o aumento da velocidade na produção, diminuíam também os custos de estoque de peças que ficavam à espera da montagem. Ou seja, quanto mais carros eram produzidos, mais baratos ficavam (MAXIMIANO, 2012). 3Fordismo Ford projetou o Modelo T para ser fabricado em linhas de montagem. Seu intuito era vender carros a preços populares, garantindo assistência técnica. Ou seja, sua intenção era popularizar um produto que antes era fabricado artesanalmente e destinado a milionários. Isso gerou uma revolução comercial estratégica na época (SOUZA, 2015). Ford dividia a empresa em dois níveis diferentes: planejamento e execução. Para ele, no planejamento, quem elaborava os métodos e o próprio trabalho eram os técnicos; e quem os executava eram os operários, cujo trabalho era levado às suas mãos (SILVA, 2013). Veja a diferença entre o sistema de Taylor e o sistema de Ford no Quadro 1. Fonte: Adaptado de Silva (2013). Sistema de Taylor Sistema de Ford O operário tinha um tempo padrão para executar sua tarefa com movi- mentos regulados e prescritos pela administração de planejamento. O operário executava sua tarefa adap- tando seus movimentos à velocidade da esteira rolante, sendo conduzido naturalmente a um ritmo involuntário, de acordo com o nível de produção. Havia preocupação exagerada com a economia do trabalho humano. Havia preocupação com a economia de material e de tempo. O trabalho individual era valorizado. O trabalho da equipe era valorizado, e o operário era livre para executar a tarefa da forma que preferisse. Os movimentos eram executados sob rígido controle. Os movimentos eram adaptados ao ritmo da produção, às aptidões e à vontade. Havia preocupação com o estudo do tempo despendido pelo homem e pela máquina. Havia preocupação em trabalhar continuamente para eliminar o tempo perdido pela matéria-prima. Quadro 1. Diferença entre o sistema de Taylor e o sistema de Ford Fordismo4 A principal diferença entre os dois sistemas de administração, como des- taca Silva (2013), está no fato de que no sistema de Taylor os movimentos dos funcionários eram rigidamente controlados. Já no sistema de Ford, havia a preocupação de que os movimentos fossem adaptados de modo confortável ao ritmo da produção, às aptidões e à vontade dos funcionários. A padronização do trabalho levava à especialização e imprimia um ritmo constante para a sua realização, com rotinas estabelecidas. Dessa forma, era o trabalho que dirigia a empresa. Vantagens da padronização: aumento da produtividade; redução de erros no processo; redução de custos; maior eficiência da execução das atividades; simplicidade e praticidade na execução das tarefas. Desvantagens da padronização: trabalho repetitivo e monótono; inibição da cria- tividade e da inovação; especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2012). Ford não estava preocupado em organizar a indústria de forma geral ou em estudar os reflexos e as interações individuais ou coletivas. O que ele queria era tornar a sua empresa eficiente. Para ele, a eficiência era, por um lado, a produção, a motivação e o salário; por outro, a minimização de custos e preços (SILVA, 2013). As linhas de montagem da Ford incorporavam os principais elementos da administração científica, como os desenhos de produtos padronizados, a produção em massa, os baixos custos de produção, as linhas de montagem mecanizadas, a especialização de mão de obra e as peças intercambiáveis (peças idênticas que se encaixam em qualquer montagem do mesmo tipo) (SOUZA, 2015). 5Fordismo Você ainda deve notar que, junto ao trabalhador especializado, principal sujeito da linha de montagem móvel, novos profissionais ganharam espaço. Por exemplo: o engenheiro industrial, responsável pelo planejamento e pelo controle da montagem; o engenheiro de produção, responsável pelo planejamento do processo de produção; os supervisores, responsáveis por identificar problemas na fábrica, para serem corrigidos pela administração; os técnicos, responsáveis por calibrar e reparar as ferramentas; o reparador, responsável por executar consertos rápidos; o pessoal da limpeza, responsável por limpar constantemente as áreas de trabalho. Infelizmente, os trabalhadores especializados mas sem qualificação não possuíam perspectivas de ascensão profissional, privilégio apenas dos enge- nheiros (MAXIMIANO, 2012). Você sabe o que é a especialização do trabalhador? No sistema de produção em massa, o produto é dividido em partes. Por sua vez, o processo para fabricá-lo é dividido em etapas, que correspondem à montagem de uma parte do produto. Nesse sistema, cada pessoa ou grupo de pessoas é responsável por uma tarefa única. A divisão do trabalho implica a especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2012). Princípios de Ford Como você já deve ter notado, Ford era um visionário e possuía bom faro para o mercado. Ele revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, aperfeiçoando o sistema produtivo de Taylor. Além disso, foi ele quem colocou os dois princípios da produção em massa — a padronização de peças e a especialização do trabalhador — no mais alto patamar da indústria. Fordismo6 Produção em massa: fabricação de produtos iguais em grandes quantidades. Padronização: processo produtivo em que todos os produtos são iguais e que, por isso, simplifica a produção (LACOMBE, 2009). Em busca da padronização, Ford adotou um sistema único de calibragem para todas as peças, em todo o processo de produção. Além disso, ele diminuiu a quantidade de peças de seus produtos, simplificando seu processo produtivo. Com isso, quanto maior era a demanda, maior era a produção. Consequen- temente, menores eram os custos por unidade, uma vez que os custos fixos eram diluídos em mais unidades produzidas (economia de escala). Além disso, os trabalhadores iam se especializando cada vez mais em suas tarefas de produção (curvade aprendizagem); e, ao comprar os insumos em grande quantidade, havia redução em seu preço (SOUZA, 2015). Veja, no Quadro 2, as características dos princípios da produção em massa no sistema de Ford. Fonte: Adaptado de Souza (2015). Princípios da produção em massa Peças padronizadas Trabalhador especializado Máquinas especializadas Tarefa única ou pequeno número de tarefas Sistema universal de fabricação e calibragem Posição fixa em uma sequência de tarefas Controle da qualidade O trabalho chega até o trabalhador Simplificação de peças Peças e máquinas no posto de trabalho Simplificação do processo produtivo Quadro 2. Características da produção em massa no sistema de Ford Veja que a principal característica da padronização foi a simplificação dos processos de trabalho e das peças, uma vez que foram diminuídas em quan- 7Fordismo tidade e seguiam o mesmo padrão. O que marca a especialização do trabalho no sistema Ford é a posição fixa do funcionário em seu posto de trabalho. O sonho da produção em massa de Taylor foi realizado pela genialidade de Ford. Ou seja, pela primeira vez na história se produzia um único modelo de automóvel em grande quantidade, com custos e preços reduzidos e acessível a um maior número de consumidores. Ford conseguiu popularizar um produto que antes era restrito a uma pequena parcela de consumidores com alto poder aquisitivo (LACOMBE, 2009). As vantagens do modelo de Ford fizeram com que ele passasse a ser adotado pelas indústrias americanas e logo se expandisse para indústrias do mundo todo. Assim, Ford iniciou a era das grandes fábricas e indústrias, em que os pátios viviam lotados de produtos, os estoques eram volumosos, o número de trabalha- dores era excessivo e a movimentação interna de materiais, intensa. Nesse sistema de produção, os recursos necessários ficavam concentrados em um único lugar. Até hoje as linhas de montagem movimentam diversos tipos de produtos, em diferentes fases da produção, e os funcionários ainda registram e cronometram as operações, visto que o aumento da produtividade com menor custo ainda é perseguido pelas organizações (LACOMBE, 2009; MAXIMIANO, 2012). Veja, na Figura 2, um exemplo de linha de montagem móvel em uma fábrica de automóveis. Figura 2. Linha de montagem móvel Fonte: Agência Estado (2012, documento on-line). São características do modelo de Ford a divisão do trabalho e o trabalho repetitivo e contínuo, com base nos princípios da produtividade, da intensifi- Fordismo8 cação e da economicidade. Nesse contexto, os princípios da produtividade e da intensificação estão relacionados ao tempo, e o princípio da economicidade está relacionado à matéria. Ford adotou esses princípios para obter um esquema que agilizasse a produção, por meio de um trabalho coordenado, contínuo e econômico (SILVA, 2013; SOUZA, 2015). Veja a seguir o que significam os três princípios de Ford (SILVA, 2013). Princípio da produtividade: visava a aumentar a capacidade de pro- dução por meio da especialização do trabalho e da linha de montagem. Assim, o trabalhador ganhava mais e o empresário alcançava maior volume de produção. Além disso, o consumidor também era beneficiado, uma vez que a redução de custos obtida com a adoção desse modelo permitia reduzir o preço dos produtos. Princípio da intensificação: visava ao aumento do capital de giro, com pouca mobilização e rapidez em sua recuperação, por meio da utilização imediata dos equipamentos e da matéria-prima e da rápida colocação do produto no mercado. Princípio da economicidade: visava à redução do volume de estoque de matéria-prima em processo de transformação, permitindo que a empresa recebesse pela venda do carro antes mesmo do vencimento do prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A inspiração de Ford para a linha de montagem móvel veio de uma visita a um matadouro em Chicago. Lá, ele observou as carretilhas que transportavam as partes dos animais nos trilhos, prontas para o corte final. Ou seja, as partes dos animais, presas por ganchos, percorriam as diversas seções de corte, por meio do sistema de carretilhas, e os trabalhadores especializados realizavam seus cortes. Nesse sistema, quem andava era o produto, não o trabalhador. Este permanecia estático em seu posto de trabalho, esperando o produto chegar para realizar a sua tarefa (FORD; CROWTHER, 2006). 9Fordismo Eficiência e bem-estar do trabalhador Ford era apaixonado por mecânica e iniciou sua produção de automóveis de forma artesanal, numa ofi cina que construiu no fundo de sua casa, em 1888. Tempos depois, empregado na Detroit Edison Company, montou seu primeiro carro, um quadriciclo, que foi às ruas em 1896. Seu segundo carro deveria ser construído na Detroit Automobile, onde havia entrado como sócio minoritário. No entanto, foi uma tentativa frustrada, pois a empresa faliu um ano mais tarde. Ou seja, ele já não era mais um artesão, e sim um industrial com intenções claras de produzir carros para toda a população, não somente para ricos. Para continuar com suas experiências, Ford alugou um galpão onde mon- tou alguns carros, como o Arrow e o 999, mas foi somente em 1903, em sua fábrica, a Ford Motor Co., que produziu industrialmente o seu primeiro carro, o Modelo A (Figura 3), que em seu primeiro ano vendeu 1.708 unidades. Nesse processo, o carro era montado em um só lugar e cada trabalhador permanecia na sua área de trabalho realizando suas tarefas, se deslocando sempre que necessário até o estoque para buscar peças (CORRÊA, 2003; SOUZA. 2015). Figura 3. O primeiro Ford Modelo A, de 1903. Fonte: AmericanAutomobiles (c2012, documento on-line). Em 1908, Ford lançou o seu Modelo T, que fez muito sucesso entre os americanos, com venda de 15 milhões de unidades entre 1908 e 1927, quando parou de ser fabricado. Nesse processo, a produção de um carro levava em média 514 minutos. Não satisfeito com o desperdício de tempo na produção, Ford decidiu que os trabalhadores não sairiam mais de seus postos de trabalho Fordismo10 para apanhar peças no estoque. As peças iriam até eles. Decidiu também que cada trabalhador iria realizar apenas uma tarefa específica e que os funcionários desenvolveriam suas atividades próximos uns dos outros, evitando o deslo- camento, minimizando seus movimentos e, consequentemente, aumentando a produção (CORRÊA, 2003). Pensando em diminuir ainda mais o tempo de produção, ele adotou a linha de montagem móvel para fabricar seus motores e, em 1914, para montar os chassis, fazendo com que o tempo médio de produção caísse para apro- ximadamente 84 minutos. Ou seja, ao permitir que o trabalho chegasse ao trabalhador numa posição fixa, conseguiu aumentar significativamente a sua produtividade. Na Figura 4, a seguir, você pode ver uma linha de montagem da Ford do início do século XX. Figura 4. Modelo T e linha de montagem. Fonte: Cecato (2011, documento on-line). A adoção da linha de montagem móvel foi uma tentativa de racionalizar a organização do trabalho, intensificando, automatizando e mecanizando o processo de produção. Na verdade, ela representava um meio de controle do ritmo do trabalho, o que desagradou a muitos trabalhadores. Era um ritmo exaustivo, o que explica o alto índice de rotatividade nas indústrias Ford da época. Muitos dos funcionários não concordavam com essa forma de controle e gerência do trabalho. Na fábrica de Highland Park, por exemplo, a rotatividade havia chegado a 370% em 1913, levando Ford a contratar mais de 50 mil trabalhadores para manter a sua força de trabalho direta, de cerca de 13 mil funcionários. Dessa forma, era preciso conquistar a aprovação e o engajamento dos trabalhadores (CORRÊA, 2003; SOUZA, 2015). 11Fordismo Ford exigia uma qualificação diferente da requisitada por outras indústrias. O traba- lho era penoso e cansativo, aspectos que o salário, em alguns casos, não conseguia minimizar (GRAMSCI, 1976). Ford queria uma empresa eficiente;e a eficiência para ele estava além de produção e minimização de custos e preços, motivação e salário. Dessa forma, resolveu dar aos empregados uma participação nos lucros da empresa, reduziu a jornada de trabalho para 8 horas diárias (na época, o usual eram de 10 a 12 horas) e aumentou o salário mínimo para 5 dólares por dia (o valor habitual era de 2,34 dólares). Ou seja, foi a maior revolução de salários já vista pelo mundo industrial da época. Essas medidas fizeram com que o nome de Ford ficasse falado no mundo todo (CORRÊA, 2003). Eficiência é “fazer certo as coisas” utilizando adequadamente os recursos. Ela refere-se à relação entre entradas (insumos) e saídas (produtos): quanto mais saídas forem obtidas com as mesmas entradas, maior grau de eficiência é alcançado. Ser eficiente é fazer mais com menos (SILVA, 2013). Veja que interessante: Ford achava que seus operários deveriam ganhar o suficiente para comprar os automóveis que fabricavam, para aproveitar a vida com a família. Será que esse pensamento existe nos dias atuais? Você concorda que essa foi uma visão inovadora para aquele tempo? Com o aumento da produção obtido com a linha de montagem móvel e agora com o salário duplicado dos operários, os custos caíam e os preços de venda também, o que fazia com que as vendas crescessem e os custos de produção diminuíssem. Durante muitos anos, as alterações no Modelo T, fabricado exclusivamente na cor preta, foram pouquíssimas. Ford considerava a repetição e a padroni- zação elementos capazes de aumentar a eficiência. Por isso, manteve seu foco na melhoria contínua dos processos de produção de um único produto, cujo Fordismo12 design se manteve estável por quase 20 anos. Com isso, além de ser eficiente, alcançou um sucesso empresarial excepcional (CORRÊA, 2003). O termo “fordismo” designa o modelo de produção em massa, baseado na padronização e na simplificação, que revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, com a adoção da primeira linha de montagem automatizada (LACOMBE, 2009). Como você pôde ver, Ford se apoiou na produção em massa, em série e em cadeia contínua. Além disso, pagou altos salários aos seus funcionários e estabeleceu preços mínimos para a venda de seus automóveis. Tudo isso fez com que conseguisse elevar a produtividade dos operários, aumentar o volume de produção e economizar matéria-prima e tempo de fabricação. Para você ter uma ideia, os veículos eram fabricados e vendidos antes mesmo que o salário dos operários e a matéria-prima utilizada na produção fossem pagos. A cada 84 minutos, um carro ficava pronto: velocidade de fabricação que espantou o mundo, já surpreso com o preço de venda adotado. A produção anual era grandiosa, cerca de 200 mil automóveis por ano. Tudo isso aconteceu por meio da adoção do conceito de eficiência como objetivo da administração, o que acabou despertando em Ford o interesse pelo bem-estar de seus empregados (CORRÊA, 2003; SILVA, 2013). Você ainda deve notar que esse sucesso foi devido à atenção que Ford dispensou aos trabalhadores de alta competência. Ou seja, ele se cercou de técnicos com elevada capacidade para a realização de todas as atividades necessárias ao sucesso da fábrica. Além disso, ele adotou, como você viu, uma política de benefícios salariais e assistenciais, prática inédita na época. Ou seja, Ford também foi inovador na gestão de pessoas (LACOMBE, 2009; SILVA, 2013). Assim, a satisfação dos funcionários com os benefícios salariais e assistenciais recebidos decorreu do modo como Ford lidou com a relação existente entre eficiência e bem-estar. Além disso, se destaca a possibi- lidade que os funcionários de Ford tinham de consumir o produto que produziam. Isso os motivava e os engajava na busca pela alta produtividade e pela eficiência. 13Fordismo AGÊNCIA ESTADO. Apesar de o lucro da Ford cair, supera a previsão. Época Negócios, 27 abr. 2012. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/ noticia/2012/04/apesar-de-o-lucro-da-ford-cair-supera-previsao.html>. Acesso em: 12 set. 2018. AMERICAN AUTOMOBILES. The 1904 Ford model a, model ac, model b and model c auto- mobiles. c2012. Disponível em: <http://www.american-automobiles.com/Ford/1904- -Ford.html>. Acesso em: 11 set. 2018. CECATO, G. C. Ford modelo-T. 2011. Disponível em: <http://nitroxmusclecars.blogspot. com/2011/02/ford-modelo-t.html>. Acesso em: 11 set. 2018. CORRÊA, H. L. Teoria geral da administração: abordagem histórica da gestão de produção e operações. São Paulo: Atlas. 2003 FORD, H.; CROWTHER, S. My life and work. [S.l.]: Book Jungle, 2006. GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o estado moderno. São Paulo: Civilização Brasileira, 1976. LACOMBE, F. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SOUZA, H. Teoria geral da administração. Rio de Janeiro: SESES, 2015. TRIBUNA. É da Ford a primeira linha de montagem da história. 2011. Disponível em: <https://www.tribunapr.com.br/noticias/automoveis/e-da-ford-a-primeira-linha-de- -montagem-da-historia/>. Acesso em: 12 set. 2018. Fordismo14 DICA DO PROFESSOR Henry Ford foi um nome importante não só para a Administração, como para o desenvolvimento da indústria. Era um visionário e inovador, que tinha como sonho produzir um automóvel que fosse acessível a todos os consumidores, sem distinção. Nesta Dica do Professor, saiba mais sobre a verticalização, uma das inovações de Ford. Veja, a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A linha de montagem móvel teve um desenvolvimento rápido. Em 1912, seu conceito, sem mecanização, já era adotado na fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos. Em 1914, já mecanizada, montava um chassi. Qual era o modelo de carro que Ford projetou para ser fabricado na linha de montagem? A) Modelo A. B) Modelo T. C) Modelo F. D) Modelo Arrow. E) Modelo 999. Ford achava que seus operários deveriam ganhar o suficiente para comprar os 2) automóveis que fabricavam, para aproveitar a vida com a família. Para isso, aumentou o salário de seus operários e reduziu a jornada de trabalho. Qual era o valor que decidiu pagar aos seus operários por dia de trabalho? A) 9 dólares. B) 6 dólares. C) 2,3 dólares. D) 8 dólares. E) 5 dólares. 3) Ford era um visionário e tinha um bom faro para o mercado. Ele revolucionou a indústria automotiva no início do século XX, aperfeiçoando o sistema produtivo de Taylor. Foi ele quem colocou os dois princípios da produção em massa no mais alto patamar da indústria: a padronização de peças e a especialização do trabalhador. Em relação à padronização, indique uma de suas características. A) Sistema universal de fabricação e calibragem. B) Tarefa única ou pequeno número de tarefas. C) Posição fixa dentro de uma sequência de tarefas. D) Peças e máquinas no posto de trabalho. E) O trabalho até o trabalhador. 4) São características do modelo de Ford a divisão do trabalho e o trabalho repetitivo e contínuo, com base nos princípios criados por ele. Qual é o princípio que visa a aumentar o capital de giro, com pouca mobilização e rapidez em sua recuperação? A) Princípio da economicidade. B) Princípio da produtividade. C) Princípio do planejamento. D) Princípio da intensificação. E) Princípio da redução do estoque. 5) Durante anos, foram poucas as alterações realizadas no projeto de Ford. Qual era a cor exclusiva utilizada na fabricação dos automóveis? A) Verde. B) Preto e branco. C) Vinho. D) Preto. E) Branco. NA PRÁTICA No século XX, uma das preocupações de Ford foi o bem-estar de seus funcionários, além de conquistar o engajamento destes, driblando a resistência de muitos ao trabalho exaustivo imposto pelo ritmo acelerado da linha de montagemmóvel. Assim, ele resolveu dar aos empregados uma participação nos lucros da empresa; reduziu a jornada de trabalho para 8 horas diárias e aumentou o salário mínimo para 5 dólares por dia. Dessa forma, ele acreditava que os funcionários ficariam satisfeitos com os benefícios salariais e assistenciais recebidos e com a possibilidade de poderem consumir o produto que produziam. Isso os motivava e os engajava na busca pela alta produtividade e pela eficiência. Essa preocupação da empresa Ford com o bem-estar dos funcionários parece ter perdurado ao longo dos séculos, conforme você pode acompanhar a seguir, Na Prática. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Tendências recentes da espacialização das indústrias e serviços em São Paulo e no ABC paulista Leia o artigo sugerido, que aponta as causas e efeitos do processo de concentração e, principalmente, de desconcentração industrial brasileira na Região Metropolitana de São Paulo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aplicação de padronização do processo em uma empresa do ramo hospitalar Confira uma pesquisa exploratória e de caráter quantitativo em uma empresa do ramo hospitalar, demonstrando passo a passo como se estabeleceu a realização da padronização. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Administração Científica de Taylor APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem, iniciaremos os estudos da evolução histórica dos sistemas de produção. Começaremos desde o artesão e, nesta unidade, chegaremos até Frederick Taylor. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Entender a influência da Revolução Industrial nos sistemas de produção.• Reconhecer a importância do estudo dos tempos e métodos de produção.• Identificar os primeiros desperdícios na produção.• DESAFIO Você foi contratado para gerenciar uma empresa na qual a maior parte do serviço são montagens manuais. A empresa não tem nenhum tipo de controle sobre as tarefas e os tempos de produção. Atualmente, não é conhecido o volume possível de ser realizado em um dia de trabalho, e os clientes estão reclamando da qualidade do produto final. Quais seriam suas primeiras ações para começar a gerenciar esse setor de montagem? INFOGRÁFICO Note que, observando pelo PDCA, os trabalhadores apenas fazem o trabalho operacional, ou seja, utilizam as mãos e a força física. Os administradores são responsáveis por pensar como realizar as tarefas e gerenciar a produção. CONTEÚDO DO LIVRO Produzir introdução ao conteúdo do livro.A administração surgiu em 3000 a.C., a partir do povo sumério, que, na intenção de fixar raízes em um único local e deixar de ser nômade, desenvolveu técnicas para aumentar a produção a fim de prover sua subsistência e solucionar problemas cotidianos. No entanto, a administração como ciência encontrou um precursor em Frederick W. Taylor, considerado o pai da administração científica e que, impulsionado pela Revolução Industrial, desenvolveu princípios e técnicas que balizaram a administração por muitos anos. Aprofunde seus conhecimentos com a obra Sistema de Produção I através do capítulo A Administração Científica de Taylor. Boa leitura! SISTEMAS DE PRODUÇÃO I Ricardo da Silva e Silva A administração científica de Taylor Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Entender a influência da Revolução Industrial nos sistemas de pro- dução. � Reconhecer a importância do estudo dos tempos e métodos de produção. � Identificar os primeiros desperdícios na produção. Introdução A administração surgiu em 3000 a.C., a partir do povo sumério, que, na intenção de fixar raízes em um único local e deixar de ser nômade, desenvolveu técnicas para aumentar a produção a fim de prover sua subsistência e solucionar problemas cotidianos. Assim, surgiram os pri- meiros traços da administração. No entanto, a administração como ciência encontrou um precursor em Frederick W. Taylor, considerado o pai da administração científica e que, impulsionado pela Revolução Industrial, desenvolveu princípios e técnicas que balizaram a administração por muitos anos, ainda hoje influenciando empresas e suas definições de métodos de trabalho, como o estudo dos tempos e movimentos e a observância das falhas nos métodos de produção. Neste capítulo, você vai compreender como a Revolução Industrial impulsionou os estudos de Taylor no desenvolvimento do entendimento sobre administração científica e os sistemas de produção, observar e compreender a importância do estudo dos tempos e movimentos no período taylorista e a influência desse estudo no contexto contemporâ- neo e, ainda, analisar o histórico do desperdício nos sistemas de produção. 1 Revolução Industrial e sistemas de produção Se indicássemos apenas um fator que tenha impulsionado o capitalismo como sistema econômico, certamente ele seria a Revolução Industrial, que teve início no século XVIII e a partir da qual foram alteradas as relações de trabalho, do mercado e, por consequência, os aspectos organizacionais nas empresas. Desse modo, compreender as mudanças sociais nas relações de consumo e no funcionamento das empresas decorrentes da Revolução Industrial é fundamental para entender a administração como ciência. A partir da Revolução Industrial, com a utilização do maquinário a vapor e o surgimento de uma série de novas fábricas, houve um grande aumento nos quadros de funcionários, bem como da produção e, por consequência, da necessidade de controle de uma nova forma produtiva. Segundo Maximiano (2012), com a Revolução Industrial, a produção relacionada a conhecimentos administrativos passou a ser balizada pela inovação do período — a empresa industrial. Da produção artesanal à maquinofatura A empresa industrial passou a ser uma referência nas relações de trabalho, no mercado de consumo e, por consequência, na forma como eram fabricadas as mercadorias. Entretanto, outras fases da produção a precederam, cada uma com características distintas. Inicialmente, o sistema de produção era total- mente artesanal, caracterizado pelo trabalho totalmente manual, que visava a atender apenas uma demanda local. A atividade produtiva ocorria em oficinas caseiras e o artesão, responsável pelo sistema produtivo, conhecia todas as etapas da produção e era proprietário dos meios produtivos. A expansão mercantilista marcou a necessidade de aumentar a produção e deu início ao processo manufatureiro, período a partir do qual o trabalho passou a ser organizado em grandes galpões. Nesse momento, mesmo que rudimentar, começou a se dar o processo de divisão de trabalho, em que o trabalhador continuou conhecedor de todas as etapas do processo de produção e, com a expansão dos mercados, o trabalho assalariado passou a se consolidar. A administração científica de Taylor2 A invenção da máquina a vapor e o acesso a outras fontes de energia também marcaram o início da Revolução Industrial, com o surgimento das grandes indústrias e a produção em larga escala, o que representou um grande aumento na capacidade produtiva, e o fato de o trabalhador passar a ser um operador de máquinas, alienado do sistema produtivo. A Figura 1 apresenta as diferentes fases da produção, indicando as principais características de cada uma delas e sua relação com os aspectos pertinentes à produção. Figura 1. Fases da produção. Fonte: Adaptada de Maximiano (2012). ERA ARTESANAL ERA DA MANUFATURA ERA DA MAQUINOFATURA Produção para demanda local Artesão responsável por todas as fases da produção Meios de produção e lucros eram dos artesãos Produção manual Divisão do trabalho Produção em escala Consolidação da classe capitalista Racionalização do trabalho Trabalho em galpões de produção Consolidação do trabalho assalariado O trabalhador conheceas fases do sistema produtivo Período antes da Revolução industrial Primeira Revolução industrial Segunda Revolução industrial Contudo, cabe destacar que, apesar de as separações temporais do esquema na Figura 1 representarem rupturas, algumas características e, inclusive, a própria fase produtiva ocorreram de modo concomitante. Atualmente, por exemplo, ainda há a produção de produtos artesanais, mas com um caráter de exclusividade, e não para atender ao padrão industrial de fabricação. 3A administração científica de Taylor Gerenciamento dos sistemas de produção: taylorismo e fordismo A Revolução Industrial influenciou as novas empresas e elevou a produção industrial a outro patamar, moldando os sistemas de produção das grandes organizações da época. Para Gaither e Frazier (2006, p. 7), “[…] esse avanço envolveu dois elementos principais: a difundida substituição da força humana e da água pela forma mecanizada e o estabelecimento do sistema fabril [...]”. Os sistemas produtivos das organizações passaram então de uma produção que atendia apenas a um mercado local a uma que atendia a uma grande demanda, o que levou à necessidade da administração da produção nas fábricas. Corrêa e Corrêa (2011, p. 24) definem a administração da produção como a: [...] atividade de gerenciamento estratégico dos recursos escassos (humanos, tecnológicos, informacionais e outros), de sua interação e dos processos que produzem e entregam bens e serviços visando atender necessidades e/ou desejos de qualidade, tempo e custo de seus clientes [...]. Frederick W. Taylor foi um dos precursores no gerenciamento das atividades produtivas e o maior teórico da administração científica, também conhecida como taylorismo, que reunia uma série de teorias e técnicas de administração das indústrias no período da Revolução Industrial. Suas ideias tinham como maior objetivo aumentar a produtividade por meio da readequação dos métodos de produção, padronizando o trabalho e, por consequência, reduzindo custos. Segundo Gaither e Frazier (2006, p. 8), Taylor teorizou sobre “[...] a aplicação de racionalidade e métodos científicos à administração do trabalho nas fábricas [...]”. Já Quelhas (2008, p. 1) entendem que Taylor “[...] tratava a administração como ciência baseada na observação, medição, análise e aprimoramento dos métodos de trabalhos [...]”. Porém, o principal teórico da administração científica observava alguns entraves para o aumento da produtividade, já que, para ele, conforme Costa (2009, p. 1): [...] não havia incentivo para melhorar o desempenho do trabalhador; muitos trabalhadores não cumpriam as suas responsabilidades; não havia integração entre os departamentos da empresa; as decisões se baseavam em intuições e palpites; os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão [...]. A administração científica de Taylor4 Nesse sentido, Taylor desenvolveu a administração científica em três mo- mentos distintos, conforme apresentado na Figura 2, em que se destacam as diferentes fases e os princípios que as regem. Figura 2. Fases da administração científica. Fonte: Adaptada de Maximiano (2012). Primeira fase Ataque ao problema dos salários. Estudo sistemático do tempo. De nição de tempos-padrão. Sistema de administração de tarefas. Terceira fase Consolidação dos princípios. Proposição de divisão autoridade e responsabilidade dentro da empresa. Distinção entre técnicas e princípios. Segunda fase Ampliação do escopo da tarefa para a administração. De nição de princípios de administração do trabalho. A administração científica de Taylor trouxe valiosas contribuições para a administração, visando à organização e à racionalização do trabalho, cujos efeitos podem ser sentidos até hoje. Entre as contribuições do teórico, podemos ressaltar a metodologia científica para realização das tarefas, a especialização e a divisão do trabalho, a seleção e o treinamento por meio de uma abordagem científica e, ainda, a supervisão e orientação dos operários a partir dessa mesma abordagem metodológica. Ainda no período da Revolução Industrial, outro importante pensador da administração e do gerenciamento do sistema de produção foi Henry Ford, engenheiro mecânico e fundador da Ford Motor Company. Suas principais contribuições foram uma série de inovações com base nos estudos da adminis- tração científica, elevando a produção a um novo patamar pelo desenvolvimento de sua linha de montagem móvel, em que o processo de fabricação ocorria em esteiras móveis. Segundo Maximiano (2012, p. 45): Assim como o nome de Taylor está associado à administração científica, o nome de Henry Ford está associado a linha de montagem móvel. Foi Henry Ford que elevou ao mais alto grau os princípios da produção em massa, que é a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade: Peça padronizada e trabalho especializado. 5A administração científica de Taylor Ford foi influenciado pelo taylorismo principalmente quanto aos aspectos da divisão do trabalho, à preocupação com os desperdícios e com a linha de montagem. Por suas inovações, possibilitou-se a produção em massa, para atender ainda mais a amplos mercados e a queda dos custos de produção. O taylorismo sofreu diversas críticas ao longo da história, sobretudo em relação ao fato de desconsiderar o lado social e humano do trabalhador. Outro ponto negativo destacado eram as rígidas formas de tratar os operários, com foco exclusivamente na produtividade. Os críticos apontavam que a administração científica tratava o homem como um apêndice da máquina, sem nenhum tipo de vontade ou desejo. Essa crítica é eviden- ciada de forma brilhante no filme Tempos modernos, de 1936. A seguir, detalharemos as principais teorias da administração científica, principalmente os aspectos inerentes à racionalização do trabalho e ao des- perdício no processo produtivo, além dos reflexos de tais contribuições para a administração contemporânea. 2 Estudo dos tempos e movimentos de Taylor Uma das principais características da administração científica consistiu na otimização e na racionalização do trabalho, adicionando maior eficiência à produção das grandes fábricas, além de proporcionar maiores lucros e custos reduzidos para os proprietários. A receita de Taylor compreendia organizar o trabalho por meio de metodologias que estruturavam o processo de fabricação e motivar financeiramente os colaboradores para que fossem mais eficientes. A administração científica de Taylor6 Segundo Taylor, havia a necessidade de controlar e orientar os operários de fábrica para um aumento de produtividade, tendo apontado como os prin- cipais problemas das fábricas, na obra Princípios da Administração Científica (de 1911), considerada a principal que escreveu, a falta de integração entre departamentos e o fato de as decisões serem em geral intuitivas. Outro aspecto que observava residia na ineficiência dos operários, já que, segundo Taylor (1990), havia um grande prejuízo para as fábricas gerado pela ineficiência da falta de orientação aos colaboradores, os quais, segundo o autor, eram negligentes, preguiçosos e realizavam movimentos inadequados nos processos de trabalho. Embora possamos tecer diversas críticas ao posicionamento de Taylor, é importante destacar que o contexto da época para suas formulações era diferente, e a obra foi muito importante para aquele período, assim como sua influência na administração contemporânea. Chiavenato (2011, p. 65) aponta: [...] As críticas não diminuem o mérito e o galardão de pioneiros e desbrava- dores da nascente teoria da Administração. Na época, a mentalidade reinante e os preconceitos, tanto dos dirigentes como dos empregados, a falta de co- nhecimento sobre assuntos administrativos, a precária experiência industrial e empresarial não apresentava condições propícias de formulação de hipóteses nem o suporte adequado para elaboração de conceitos rigorosos.
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