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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 7 2 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) .................. 8 2.1 Conselho Tutelar ........................................................................... 9 2.2 Sanções ...................................................................................... 10 2.3 Origem ........................................................................................ 10 3 LEI DO ACOMPANHANTE ................................................................ 11 3.1 Direitos ........................................................................................ 11 4 ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM - NASCIDO DE BAIXO PESO (MÉTODO CANGURU) ......................................................................................... 12 4.1 Estratégia metodológica .............................................................. 14 4.2 Histórico do método canguru ...................................................... 15 4.3 Panorama em outros países ....................................................... 16 4.4 Método canguru no Brasil ........................................................... 19 4.5 Estratégias de disseminação ...................................................... 20 4.6 A aplicação da norma ................................................................. 21 5 INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA ................................. 24 5.1 Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno ................ 26 6 EXAME FÍSICO ................................................................................. 27 6.1 Exame físico geral, ...................................................................... 29 6.1.1 Pele .............................................................................................. 29 6.1.1.1 Textura e umidade .................................................................... 30 6.1.1.2 Cor ............................................................................................ 30 6.1.1.3 Subcutâneo ............................................................................... 35 3 6.1.2 Gânglios ....................................................................................... 35 6.1.3 Mucosas ....................................................................................... 36 6.1.4 Musculatura .................................................................................. 36 6.1.5 Esqueleto e articulações .............................................................. 36 7 EXAME FÍSICO ESPECIAL ............................................................... 40 7.1 Crânio ......................................................................................... 40 7.2 Olhos ........................................................................................... 42 7.3 Ouvidos ....................................................................................... 43 7.4 Nariz ............................................................................................ 43 7.5 Boca ............................................................................................ 44 7.6 Pescoço ...................................................................................... 45 7.7 Tórax ........................................................................................... 45 7.8 Aparelho respiratório ................................................................... 46 7.9 Aparelho cardiocirculatório .......................................................... 47 7.10 Abdome ...................................................................................... 48 7.10.1 Inspeção..................................................................................... 48 7.10.2 Percussão .................................................................................. 49 7.10.3 Palpação .................................................................................... 50 7.11 Aparelho geniturinário ................................................................. 51 7.11.1 Sexo masculino .......................................................................... 51 7.11.2 Sexo feminino ............................................................................ 52 7.12 Ânus ............................................................................................ 53 7.13 Sistema nervoso ......................................................................... 54 8 PREVENÇÃO DA INFECÇÃO HOSPITALAR ................................... 57 8.1 Mecanismos de contaminação do RN ......................................... 58 4 8.2 Fatores de risco para ih .............................................................. 58 8.3 Infecções precoce e tardia .......................................................... 60 8.4 Diagnóstico ................................................................................. 62 8.5 Prevenção ................................................................................... 62 8.5.1 Medidas gerais educativas e restritivas ....................................... 62 8.5.1.1 Higienização das mãos ............................................................. 63 8.5.1.1.1 Higienização com água e sabão ............................................ 63 8.5.1.1.2 Técnica de lavagem das mãos ............................................... 63 8.5.1.1.3 Higienização das mãos com solução alcoólica ...................... 64 8.5.2 Antissépticos recomendados nas unidades neonatais ................. 64 8.5.3 Prevenção relacionada a procedimentos invasivos ..................... 66 8.5.3.1 Coleta de exames ..................................................................... 66 8.5.3.2 Procedimentos cirúrgicos .......................................................... 67 8.5.3.3 Cuidados com cateter central e veia periférica ......................... 67 8.5.3.4 Prevenção de infecções respiratórias ....................................... 69 8.5.3.5 Cuidados com o coto umbilical .................................................. 70 8.6 Uso racional de antibióticos na UTI neonatal .............................. 71 8.7 Controle de bactérias multirresistentes ....................................... 72 8.8 Prevenção e controle de surtos em UTI neonatal ....................... 73 8.8.1 Investigação de surtos ................................................................. 73 9 ALEITAMENTO MATERNO............................................................... 74 9.1 Tipos de aleitamento materno ..................................................... 75 9.2 Duração da amamentação .......................................................... 76 9.3 Importância do aleitamento materno ........................................... 77 9.4 Características e funções do leite materno ................................. 78 5 9.5 Técnica de amamentação ........................................................... 80 10 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE RECÉM-NASCIDOS, LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES ............................................................................................ 85 10.1 História nutricional e alimentar .................................................... 86 10.2 Exame físico ............................................................................... 87 10.3 Antropometria ............................................................................. 88 10.4 Exame bioquímico ...................................................................... 92 10.5 Avaliação nutricional do lactente ................................................ 92 10.5.1 História nutricional e alimentar ................................................... 93 10.5.2 Exame físico ...............................................................................93 10.5.3 Antropometria ............................................................................. 98 10.5.4 Exame bioquímico .................................................................... 100 10.6 Avaliação nutricional do pré-escolar ......................................... 101 10.6.1 História nutricional e alimentar ................................................. 101 10.6.2 Exame físico ............................................................................. 102 10.6.3 Antropometria ........................................................................... 103 10.6.4 Exame bioquímico .................................................................... 105 11 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO ............ 106 11.1 Fisiologia fetal e neonatal ......................................................... 107 11.2 Avaliação da idade gestacional ................................................ 112 11.3 Classificação do recém-nascido ............................................... 112 11.4 Recepção e reanimação neonatal em sala de parto ................. 115 11.5 Cuidados de enfermagem ao recém-nascido ........................... 121 11.6 Cuidados de enfermagem na sala de parto .............................. 121 11.7 Cuidados de enfermagem no alojamento conjunto ................... 124 6 12 A INTERNAÇÃO DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE ATENÇÃO AO RECÉM-NASCIDO ........................................................................................ 127 13 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................. 136 7 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 8 2 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei n.º 8.069) é um conjunto de leis específicas para cuidar das pessoas menores de 18 anos que vivam no Brasil (BEZERRA, 2008). O Estatuto da Criança e do Adolescente, conhecido pela sigla ECA, prevê proteção integral às crianças e adolescentes brasileiras. Igualmente, estabelece os direitos e deveres do Estado e dos cidadãos responsáveis pelos mesmos (BEZERRA, 2008). Para o Estado brasileiro “criança” é uma pessoa de até 12 anos incompletos e “adolescente” de 12 a 18 anos. Excepcionalmente, nos casos previstos em lei, o ECA pode ser aplicado às pessoas de entre 18 e 21 anos (BEZERRA, 2008). Com a criação do ECA, as crianças e os adolescentes começam a adquirir direitos e deveres garantidos por lei e reconhecidos assim (BEZERRA, 2008). Portanto, tal como os adultos, eles são sujeitos que compõem a sociedade. Porém, são vulneráveis no sentido de que essa fase representa muito no desenvolvimento social, psicológico e físico do indivíduo (BEZERRA, 2008). Para tanto, a importância do conteúdo do ECA deve ser conhecida pelas crianças e adolescentes, de forma a construir uma sociedade mais justa e igualitária. Assim, todos reconhecem seus direitos e deveres e podem lutar por eles. O que ocorre no Brasil, uma vez que o país possui um histórico colonialista, é o desconhecimento das leis por parte do grupo social, tornando-o vulnerável a qualquer tipo de abuso de poder (BEZERRA, 2008). ECA: direitos e deveres: Absoluta prioridade à efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 9 Por “absoluta prioridade” significa que a criança e o adolescente terá preferência para receber proteção e socorro, assim como a precedência de atendimento nos serviços públicos. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores. Igualmente, os pais têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino. O dever do Estado em assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para aqueles que não tiveram acesso na idade própria. 2.1 Conselho Tutelar Conselho Tutelar é um grupo de especialistas que trabalham em prol da proteção das crianças e dos adolescentes (BEZERRA, 2008). Dessa forma é composto de 5 membros, os quais são eleitos pela comunidade (BEZERRA, 2008). Segundo a ECA, o Conselho Tutelar é responsável por garantir e assegurar o bem-estar desse grupo, por meio da efetivação de seus direitos e deveres: I. Atender e aconselhar crianças e adolescentes II. Atender e aconselhar os pais e responsáveis na tutela ou guarda de seus filhos III. Informar os direitos e deveres (limites) da criança e adolescente IV. Ouvir queixas e reclamações dos direitos e deveres ameaçados e/ou violados V. Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, providencia, trabalho e segurança 10 VI. Garantir e fiscalizar os direitos e deveres da criança e do adolescente VII. Participar de ações que combata a violência, a discriminação no ambiente escolar, familiar e comunitário. 2.2 Sanções O ECA estabelece sanções para os pais ou responsáveis que sejam omissos na criação e educação dos filhos (BEZERRA, 2008). Também prevê sanções para aquelas crianças e adolescentes que cometem infrações. Está previsto desde medidas sócio-educativas até a internação. Esta não deve durar mais de três anos e ser realizada em estabelecimento adequado que vise a recuperação pessoal (BEZERRA, 2008). 2.3 Origem O Estatuto da Criança e do Adolescente tinha como objetivo por fim ao Código de Menores que havia sido criado durante a Ditadura Militar no Brasil (BEZERRA, 2008). O ECA surge da necessidade de acabar com todo resquício de autoritarismo que ainda restava do regime militar. Deste modo, os deputados debateram a necessidade de um ordenamento jurídico para crianças e adolescentes (BEZERRA, 2008). O Código de Menores estava dirigido justamente às classes desfavorecidas cujas crianças eram tratadas como potenciais delinquentes. Assim, o Estado repressor justificava a punição desses menores sem se comprometer em melhorar suas condições de vida e do seu em torno social (BEZERRA, 2008). Desta maneira, a criação do ECA era um desdobramento das garantias à infância e à adolescência previstas na Constituição de 1988 (BEZERRA, 2008). 11 3 LEI DO ACOMPANHANTE A Lei Federal nº 11.108, de 07 de abril de 2005, mais conhecida como a Lei do Acompanhante, determina que os serviços de saúde do SUS, da rede própria ou conveniada, são obrigados a permitir à gestante o direito à presença de acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). A Lei determina que esse acompanhante será indicadopela gestante, podendo ser o pai do bebê, o parceiro atual, a mãe, um(a) amigo(a), ou outra pessoa de sua escolha. Se ela preferir, pode decidir não ter acompanhante (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 3.1 Direitos A Lei do Acompanhante é válida para parto normal ou cesariana; A presença do(a) acompanhante (inclusive se este for adolescente) não pode ser impedida pelo hospital ou por qualquer membro da equipe de saúde, nem deve ser exigido que o(a) acompanhante tenha participado de alguma formação ou grupo Se esses direitos não forem respeitados, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Ministério da Saúde por meio do telefone 136 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 12 4 ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM - NASCIDO DE BAIXO PESO (MÉTODO CANGURU) O Método Canguru é um tipo de assistência neonatal voltada para o atendimento do recémnascido prematuro que implica colocar o bebê em contato pele a pele com sua mãe (OMS, 2004). A sua criação, em Bogotá, na Colômbia, surgiu da busca de uma solução imediata para a superlotação das unidades neonatais nas quais muitas vezes se encontravam dois ou mais recém-nascidos em uma mesma incubadora (Charpak, 1999). A partir dessa experiência, no entanto, estudos subseqüentes apontaram que a presença contínua da mãe junto do bebê, além de garantir calor e leite materno, trazia inúmeras outras vantagens dentre as quais a promoção do vínculo mãe-bebê, condição indispensável para a qualidade de vida e sobrevivência do recémnascido após a alta da Unidade Neonatal. Ao longo das três últimas décadas o Método Canguru vem despertando grande interesse dentre os profissionais envolvidos na assistência neonatal em todo o mundo, sendo cada vez mais utilizado, sem que exista, entretanto, uma diretriz única. São diversas as formas utilizadas em sua aplicação no que diz respeito à abrangência, ao tempo de início e ao tempo de permanência na posição canguru. Essa disseminação tem tomado dois caminhos. O método continua sendo recomendado como alternativa para países muito pobres que não dispõem de uma boa organização neonatal (Charpak, 2001; OMS, 2004). Mas vem sendo muito utilizado, também, por países desenvolvidos, que contam com todos os recursos necessários para a assistência neonatal (Browne, 2005). No Brasil, hoje, mesmo aqueles profissionais que não utilizam o método em seus serviços e até os que fazem restrições a ele têm buscado compreender melhor a proposta nacional de utilização que foge da perspectiva de substituição de incubadora, utilizando o Método Canguru como mais uma tecnologia disponível para o cuidado do bebê internado em terapia intensiva neonatal. Desta forma o Método Canguru abrange questões como os cuidados técnicos com o bebê (manuseio, atenção às necessidades individuais, cuidados 13 com luz, som, dor); o acolhimento à família; a promoção do vínculo mãe/ bebê e do aleitamento materno; e o acompanhamento ambulatorial após a alta Foi sob essa perspectiva de minimizar os efeitos negativos da internação neonatal sobre os bebês e suas famílias que a Área da Criança do Ministério da Saúde adotou o Método Canguru como uma Política Nacional de Saúde, inserido no contexto da humanização da assistência neonatal. A Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru foi lançada em dezembro de 1999. Para compreendermos a trajetória do Método Canguru como Política Nacional de Saúde, no Brasil, é necessário destacar que a humanização no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é uma questão de importância crescente na qualidade da atenção ao recém-nascido. Portanto, humanização e qualidade da assistência não podem ser vistas como fenômenos dissociados Essa ampliação do olhar sobre o método foi de fundamental importância para a sua disseminação no Brasil. Entretanto, outros dois fenômenos também estão inseridos nesse contexto. Primeiro, o crescente reconhecimento, por parte das equipes de neonatologia, da importância dos cuidados maternos para a recuperação dos bebês e, em segundo lugar, o momento atual no qual a humanização da assistência tem sido apresentada como política nacional do Ministério da Saúde Todos os anos nascem no mundo 20 milhões de recém-nascidos de baixo peso, muitos em conseqüência de um parto prematuro. Isso contribui de maneira substancial para a elevada taxa de mortalidade neonatal ainda existente em várias regiões, principalmente nos países pobres (OMS, 2004). No Brasil, desde o início da década de 1990, a Mortalidade Neonatal passou a ser o principal componente da Mortalidade Infantil, em função, principalmente, da redução proporcional de óbitos pós-neonatais e da manutenção do componente neonatal precoce (Lansky et al., 2002). Essa maior visibilidade dos óbitos neonatais em nosso meio, decorrente até mesmo da melhoria dos sistemas de informação, condicionou a inclusão da 14 assistência obstétrica e neonatal, em seus diferentes níveis de complexidade, na agenda de prioridades das políticas de saúde nos três âmbitos de gestão do nosso sistema de saúde (Gomes, 2004). Embora a redução da morbimortalidade neonatal esteja atrelada a uma série de intervenções que buscam a melhoria das condições do pré-natal e da atenção ao parto e nascimento, uma intervenção que se mostrou relevante nos últimos anos foi a implantação de leitos neonatais capazes de atender recém-natos de baixo peso, prematuros e/ou gravemente enfermos (Gomes, 2002). A necessidade de ampliação de leitos para atendimento de recém-nascidos de risco torna indispensável uma maior compreensão do ambiente de internação neonatal. Nesse contexto, temos observado a crescente produção de estudos sobre as especificidades desse período e do impacto do ambiente da terapia intensiva sobre o desenvolvimento infantil nas múltiplas dimensões da vida futura do bebê e sua família (Lamy, 2000; Santoro & Santoro, 2002). Os trabalhos pioneiros de Klaus & Kennell (2000), destacando a importância dos cuidados maternos para o melhor desenvolvimento do bebê, chamam a atenção para os efeitos que a separação precoce e prolongada entre mãe e bebê podem trazer como fator de risco para atraso no desenvolvimento e seqüelas neurológicas 4.1 Estratégia metodológica Para alcançar o objetivo de discutir a proposta brasileira, partiu-se de uma análise documental com fontes que incluem textos oficiais produzidos pelo Ministério da Saúde, publicações de autores que discutem o Método Canguru e a humanização, bem como resultados de dissertações e teses acadêmicas nessas áreas. Foram pesquisadas as bases de dados Medline, Lilacs e SciELO, na busca de artigos que descrevessem ou analisassem estratégias de humanização da assistência neonatal e modelos de utilização do Método Canguru em diferentes contextos, tendo sido encontrados 96 artigos. O conhecimento sobre o panorama 15 do Método Canguru em outros países foi também obtido através dos relatos de experiências por ocasião dos encontros mundiais voltados para a discussão dessa temática (International Workshop on Kangaroo Mother Care). 4.2 Histórico do método canguru O Método Mãe-Canguru (MMC) foi criado em 1978 pelo dr. Edgar Rey Sanabria, no Instituto Materno-Infantil (IMI) de Bogotá, na Colômbia. O método consistia em colocar o bebê entre os seios maternos, em contato pele a pele, na posição supina (postura preventiva para refluxo gastroesofágico e aspiração pulmonar). Desta forma, mantendo-se aquecidos com o calor do corpo de sua mãe, os bebês poderiam sair mais cedo da incubadora e, conseqüentemente, ir mais cedo para casa, minimizando um grave problema da época: superlotação e infecção. Além dessas vantagens, observou-se, desde o início, que o contato pele a pele precoce e duradouro entre a mãe e o seu filho também favorecia a formação de vínculos afetivos e ummelhor desenvolvimento do bebê, o que despertou interesse do Unicef por pesquisas e observações desta nova prática. O trabalho inicial teve continuidade com o dr. Hector Martinez Gómez e, posteriormente, com o dr. Luis Navarrete Pérez, médicos pediatras da mesma instituição colombiana (Charpak et al., 1999). Em 1993 as pediatras dra. Nathalie Charpak e dra. Zita Figueroa implantaram o Programa Mãe-Canguru na Clínica del Niño do Instituto de la Seguridad Social (ISS) da Colômbia, com a colaboração de um grupo multiprofissional. Reunido na Fundação Canguru, que conta com o apoio de uma ONG suíça (World Laboratory) e da Unión Europea (EED), o grupo difundiu a técnica, realizando também muitas pesquisas para estudo do Método Na Colômbia, o programa é predominantemente ambulatorial, com especial ênfase em um rigoroso acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do bebê (Botero, 2000). O Método Canguru é praticado no domicílio materno, 16 inicialmente com acompanhamento diário no ambulatório de seguimento – Casita Canguro. Na Colômbia não existe uma Unidade Canguru hospitalar onde mães e bebês possam permanecer juntos diuturnamente. A fase hospitalar do método tem como objetivo principal preparar a díade para a prática domiciliar. Nesse período, denominado de apego, é dada ênfase especial ao aleitamento materno, ao reconhecimento de sinais de alerta do bebê e à alta precoce. 4.3 Panorama em outros países A partir da experiência da Colômbia e de sua divulgação, promovida pelo Unicef, vários países do mundo passaram a utilizar o Método, internacionalmente conhecido como Kangaroo Mother Care (KMC). No Brasil adotamos a ter minologia Método Canguru, considerando que é uma experiência na qual o pai tem participação ativa e fundamental. A forma de aplicá-lo e os objetivos buscados são, ainda hoje, muito divergentes e dependem do grau de desenvolvimento do país, da organização da assistência neonatal, de seus valores culturais e de suas crenças e até mesmo da localização geográfica. O panorama do KMC nos outros países é apresentado a partir dos trabalhos publicados e da troca de experiências nos encontros mundiais (International Workshop on Kangaroo Mother Care) que acontecem a cada dois anos desde 1996. O primeiro foi em Trieste, na Itália, e os seguintes na Colômbia, Indonésia, África do Sul e no Brasil, no Rio de Janeiro, o mais recente desses encontros, em novembro de 2004. Durante o evento, especialistas e pesquisadores de diversas partes do mundo participam de discussões temáticas em grupos e apresentação de trabalhos. Os trabalhos publicados, em sua grande maioria, fazem referência, à posição canguru e às suas repercussões para a mãe e para o bebê a partir de experiências individuais de serviços de saúde. Poucas experiências e ou pesquisas 17 publicadas discutem o Método Canguru como uma forma de atenção que ultrapassa a posição canguru. Na experiência de Israel os bebês ficam em pele a pele com suas mães durante uma hora por dia, no mínimo. Os estudos publicados apontaram o cuidado canguru como uma intervenção que facilita o desenvolvimento sensorial do recém- nascido promovendo o vínculo com a mãe (Feldman et al., 2002). Na Índia, em estudos relacionando ganho de peso, aleitamento materno, tempo de internação e cuidado canguru, o tempo de permanência em posição canguru é de cerca de quatro horas, e os resultados demonstram que o aleitamento e o ganho ponderal são melhores nos bebês que permanecem em posição canguru (Ramanathan et al., 2001). Uma experiência publicada na África destaca, além dos benefícios na amamentação, vantagens também quanto à estabilidade fisiológica, diminuição da infecção e aumento do vínculo nas crianças que estão sob o cuidado canguru (Kirsten et al., 2001). Países como a Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Dinamarca, Noruega e Suécia, sem dificuldades para alocação de recursos na atenção à saúde perinatal, o que os diferencia em muito da experiência dos países menos favorecidos, apresentaram experiências visando, sobretudo, aumentar o vínculo mãe-filho, desenvolver maior segurança da família no manuseio do seu bebê prematuro e estimular o aleitamento materno (Wallin et al., 2004; Tallandini et al., 2004). Na Alemanha, onde o KMC foi introduzido em 1982, com rápida disseminação até 1996, dos 175 serviços de Neonatologia investigados, 91% já o utilizam (Silva, 2003). Na Inglaterra e na Alemanha, estudos voltados para as repercussões da posição canguru em aspectos fisiológicos como temperatura e oxigenação concluem que a estratégia é segura e deve ser implementada nas unidades neonatais (Bauer et al., 1997; Acolet et al., 1989). Outra possível forma de utilização do Método Canguru é o transporte neonatal. Sontheimer et al. (2004) dizem que o transporte entre hospitais pode ser seguro quando feito com o recém- 18 nascido em posição canguru – não havendo efeitos fisiológicos deletérios e apontando vantagens em relação ao transporte em incubadora Diferentemente da experiência da Colômbia, na Europa o cuidado canguru está centrado nas unidades neonatais e não são encontradas descrições de práticas domiciliares. Estudos realizados na Itália e na Espanha reforçam o valor para o desenvolvimento do bebê, para o aleitamento e para a formação de vínculo. Os relatos são de tempo curto em contato pele a pele, variando em média de 30 a 90 minutos por dia (Monasterolo et al., 1998). Na Escandinávia, onde o índice de desenvolvimento humano é alto, o cuidado canguru também é utilizado nas unidades neonatais, com duração de uma hora por dia. As publicações analisam parâmetros fisiológicos – temperatura e alterações metabólicas (Christensson et al., 1992). Vários estudos realizados nos Estados Unidos em unidades neonatais comparam o Método Canguru com o cuidado tradicional (incubadoras) em relação a parâmetros fisiológicos e concluem que o método é seguro para os bebês e permite maior contato com os pais. Têm sido também estudadas temáticas como benefício da posição canguru em bebês entubados, efeitos no sono, amamentação e desenvolvimento (Legault et al., 1995; Ludington-Hoe et al., 2000). Os trabalhos apresentados no 5o Workshop Mundial do Método Canguru discutiram as estratégias de difusão e avaliação do método nos diferentes países, as dificuldades geográficas, as barreiras culturais e, fundamentalmente, a falta de recursos financeiros dedicados aos cuidados com a saúde nos países em desenvolvimento. Nga et al. (2004) em um estudo realizado no Vietnã descreveram a estratégia de treinamento das equipes de saúde e da difusão da atenção médica, utilizando-se do Cuidado Canguru em todo o país, como uma ação para diminuir a morbimortalidade neonatal. 19 4.4 Método canguru no Brasil O Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, São Paulo, foi o primeiro a utilizar o cuidado canguru, no Brasil, em 1992; no ano seguinte a metodologia foi adotada pelo Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), na cidade de Recife, em Pernambuco (Prochnik & Carvalho, 2001). A partir dessas experiências, vários outros hospitais brasileiros começaram a utilizar a posição canguru, porém nem sempre com metodologia e critérios adequados (Oliveira, 2004). Em março de 1999, por iniciativa do BNDES, foi organizada uma Conferência Nacional sobre o Método Canguru, no Rio de Janeiro, na qual foram apresentadas as mais diversas experiências sobre a utilização do método nos diferentes estados brasileiros Com a intenção de padronizar esse tipo de cuidado, melhorando a eficiência e a eficácia do Método Canguru, a Área Técnica de Saúde da Criança do Ministério da Saúde constituiu uma equipe multiprofissional, formada por consultores com experiência profissional e acadêmica nos diferentes aspectos que compõem o complexo universo da Terapia Intensiva Neonatal,desde o atendimento em sala de parto até o seguimento dos egressos (MS, 2002). O trabalho inicial de discussão conceitual sobre o Método Canguru – origem, definição, vantagens e dificuldades – levou ao entendimento da sua importância para a assistência neonatal e ao amadurecimento de uma proposta nacional de utilização, que não deveria ser considerada uma técnica a mais, porém numa iniciativa contextualizada em uma proposta mais ampla de humanização. Foi então elaborada a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru, lançada em dezembro de 1999 e publicada através da Portaria Ministerial no. 693 de 5/7/2000. O Método Canguru foi assim incluído na Política Governamental de Saúde Pública, no Brasil, como um procedimento de assistência médica, com inclusão na tabela de procedimentos do SUS. 20 4.5 Estratégias de disseminação O Programa de Disseminação, desenvolvido e coordenado pelo Ministério da Saúde em parceria com o BNDES e com a Fundação ORSA, incluiu a sensibilização de gestores estaduais e municipais através de cinco seminários em diferentes regiões do País. Como etapa central no processo de disseminação desta política pública, encontramos um amplo programa de capacitação dos profissionais das diferentes especialidades que lidam com o recém-nascido, sua mãe e sua família. O programa de treinamento teórico-prático foi dirigido aos profissionais de nível superior, inseridos na assistência à díade mãe-bebê: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e assistentes sociais. Para a realização dos cursos de capacitação foi elaborado e publicado um manual técnico. Este manual apresenta e discute a norma, além de trazer uma ampla fundamentação teórica acerca das especificidades e necessidades especiais do recém-nascido de baixo peso (RNBP), de sua família e de toda a equipe responsável pelo atendimento. Foram também selecionados Centros Nacionais de Referência para a Atenção Humanizada ao Recém-Nascido dentre unidades hospitalares com características organizacionais e estruturais compatíveis com a proposta de treinamento estabelecida, elegendo, como prioridade de implantação da metodologia, as maternidades pertencentes ao Sistema de Referência de Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde. Os primeiros centros de capacitação foram o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), em Recife; o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís; a Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará, em parceria com a Maternidade César Calls, em Fortaleza; a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; o Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Visando atender à crescente demanda, no segundo ano do treinamento foram definidos dois 21 novos centros de referências: o Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal, e o Hospital Geral de Itapecerica da Serra, em São Paulo. O processo de capacitação ofereceu aos profissionais a possibilidade de reflexão acerca de sua prática diária e de construção de uma prática assistencial pautada no cuidado. Segundo Boff (1999), cuidado representa uma atitude de ocupação, de envolvimento e de responsabilização com o outro. A partir desta ótica, a humanização proposta abrange atenção individualizada ao bebê e sua família, adequação do ambiente, cuidados com o cuidador. Técnicas de manuseio, vigilância quanto aos sinais de risco, estimulação sensorial positiva através do contato pele a pele e o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento dessas crianças são abordadas nesse curso. A metodologia é calcada em aulas expositivas, leituras de textos, dinâmica de grupo, dramatizações, debates e exercícios práticos. No período de agosto de 2000 a dezembro de 2002, foram realizados 59 cursos com um total de 1.850 profissionais, de 269 maternidades, capacitados no método (MS, 2003). 4.6 A aplicação da norma A Norma brasileira deixa bem estabelecida a diferença entre Método Canguru e Posição Canguru. Segundo o Ministério da Saúde (2002), Método Canguru é um tipo de assistência neonatal que implica contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo uma maior participação dos pais no cuidado a seu recémnascido e o envolvimento da família. A Posição Canguru consiste em manter o RN de baixo peso, ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical, contra o peito de um adulto. O Método Canguru é mais abrangente e ultrapassa a Posição Canguru. Muitas vezes o bebê ainda não tem estabilidade clínica para poder ser colocado em posição canguru, mas as ações que envolvem o método já foram iniciadas através 22 do acolhimento à família, da construção de rede social e da atenção individualizada ao bebê. O Programa, no Brasil, não tem como objetivo a substituição de incubadora ou de qualquer outra tecnologia ou recursos humanos e sim a promoção de uma mudança institucional na busca de atenção à saúde, centrada na humanização da assistência e no princípio de cidadania da família (MS, 2002). Venâncio & Almeida (2004), em seu trabalho de revisão, citam que a associação de medidas protetoras como adequação postural, atenuação de ruído e luminosidade, o contato pele a pele e a participação dos pais no cuidado trazem novas perspectivas para o desenvolvimento neurocomportamental de bebês egressos de UTI Neonatal. A mudança na forma do cuidado neonatal proposta pelo Método Canguru está baseada em quatro fundamentos básicos: acolhimento do bebê e sua família; respeito às individualidades; promoção do contato pele a pele o mais precoce possível; envolvimento da mãe nos cuidados do bebê (Lamy, 2003). Com sua aplicação dividida em três etapas, a primeira destas está focada nos aspectos psico-afetivos que cercam o nascimento de um recém-nascido prematuro ou gravemente enfermo, envolvendo o atendimento de uma equipe multiprofissional através de intervenção interdisciplinar. Neste momento, aos cuidados técnicos relativos ao atendimento do RN inclui-se o cuidado à mãe e à família, no sentido não só de orientar quanto às condições de saúde da criança, mas também de estimular o livre acesso dos pais à UTI favorecendo o contato tátil com o RN, assim como a co-participação da mãe nos cuidados com o bebê, promovendo um processo contínuo na formação da ligação afetiva entre bebês e seus pais. O conhecimento sobre estes aspectos vem despertando interesse de vários pesquisadores, como Klaus et al. (2000), que, na revisão de 17 estudos sobre o assunto, demonstraram que as primeiras horas e dias após o parto são um período facilitador da vinculação mãe-bebê. Winnicott (1990) considera que o holding (relação direta entre os pais e o bebê, no sentido de reter, conter, sustentar, segurar) é indispensável para o 23 desenvolvimento inicial do potencial do bebê, abrangendo tudo aquilo que uma mãe faz por seu bebê. No caso dos RN prematuros, na UTI, poderíamos dizer: tudo aquilo que é possível para esta mãe fazer por seu bebê. Esta etapa exige da equipe neonatal instrumentos que permitam reflexão sobre suas práticas junto do RN e a sua família, não só quanto aos aspectos psicossociais, mas também aos cuidados com o ambiente físico da UTI, questão contemporânea na discussão sobre a boa prática neonatal. Tem sido muito estudado o impacto do ambiente de terapia intensiva, repleto de estímulos estressantes e de procedimentos invasivos, que, embora essenciais para a sobrevivência do RN, têm impacto negativo no seu desenvolvimento (Hoath, 2001; Bhutta & Anand, 2002). Importantes estratégias visando minimizar os efeitos do excesso de som, luminosidade e estímulostáteis vêm sendo utilizadas No Brasil, a proposta de humanização no cuidado neonatal recebeu influência da Pediatria do Desenvolvimento e do Newborn Development Care and Assessment Program (NIDCAP), que propõem uma abordagem de cuidados individualizados, por meio da atuação interdisciplinar, favorecendo o desenvolvimento do RN e agindo como facilitador do vínculo mãe-bebê (MS, 2002). Os estudos de Als et al. (2004) mostram que os prematuros que receberam cuidados individualizados, isto é, modificação e adaptação dos cuidados fornecidos em resposta ao reconhecimento individual de suas necessidades, apresentaram melhor desempenho no desenvolvimento cortical, observado através de uma maior auto-regulação e comportamento calmo ao longo de intervenções. O Método Canguru, conforme apresentado em suas diretrizes operacionais, tem perspectiva interdisciplinar revelando (...) um momento de amadurecimento da assistência neonatal em que se compreende que o tratamento do RN envolve muito mais do que apenas a utilização de procedimentos e técnicas (MS, 2002). A segunda etapa acontece após a estabilidade clínica do bebê e se caracteriza pelo acompanhamento contínuo da mãe na enfermaria canguru. O enfoque desta etapa é para a efetiva participação da mãe nos cuidados do bebê e 24 no seu desenvolvimento psicoafetivo, base das interações entre a criança e seus pais. A formação do vínculo não é um acontecimento imediato, ocorre por meio de interações sucessivas. Quanto mais oportunidades de interação entre mãe e bebê mais forte será o vínculo e, conseqüentemente, melhor a resposta materna às necessidades do filho e menor a probabilidade de negligência, maus-tratos e abandono Os trabalhos de Charpak (2001) e os de Anderson et al. (2004) também mostraram que o contato pele a pele precoce entre a mãe e o RN favorece o senso de controle (domínio) e autoconhecimento, resultando numa maior confiança e melhor vínculo mãe-bebê, fator preditivo para uma amamentação duradoura e cuidados adequados. A terceira etapa objetiva a continuidade da assistência através do acompanhamento ambulatorial, individualizado, buscando observar o desenvolvimento global do bebê, através de um programa de acompanhamento (follow up). A importância da identificação precoce de fatores de risco para alterações no desenvolvimento é largamente descrita na literatura, através de protocolos, screenings e testes avaliativos específicos para o acompanhamento de bebês de risco. Vários estudos confirmam a importância de programas interdisciplinares preventivos de follow up de prematuros, especialmente no primeiro ano de vida, com o intuito de promover o desenvolvimento da criança e minimizar as possíveis seqüelas de saúde do período neonatal (Brofenbrenner, 1996; Charpak, 2001; Nobre et al., 2004; Oliveira, 2002). 5 INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) tem o objetivo de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno. O aleitamento materno é a estratégia 25 isolada de maior impacto na mortalidade na infância e, segundo evidências científicas, atribui-se ao aleitamento materno a capacidade de reduzir em 13% as mortes de crianças menores de cinco anos por causas preveníveis em todo o mundo (JONES e STEKETEE, 2003). O aleitamento materno tem repercussão direta ou indireta na vida futura do indivíduo, auxiliando na redução de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade, reduzindo o risco da mulher que amamenta de contrair câncer de mama e de ovário e de ter diabete tipo II. Além disso, o aleitamento materno promove a saúde física e mental da criança e da mãe, estreitando o vínculo entre eles (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). No Brasil, a prática do aleitamento materno está muito aquém da recomendada e segundo pesquisa realizada em 2008 constatou-se que o tempo mediano de aleitamento materno exclusivo é de apenas 54,1 dias e o tempo mediano de aleitamento das crianças brasileiras entre 9 e 11 meses é de 341,6 dias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Para garantir a saúde e melhorar a qualidade de vida das crianças brasileiras e contribuindo para o cumprimento das metas para o desenvolvimento do Milênio, em especial a meta 4 – reduzir em 2/3 a mortalidade em crianças menores de cinco anos entre 1990 e 2015, o Brasil dispõe de uma política de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, sendo a IHAC uma das estratégias dessa política (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). A IHAC foi criada em 1990 pela OMS e UNICEF, em resposta ao chamado para a ação da Declaração de Innocenti, conjunto de metas criadas com o objetivo de resgatar o direito da mulher de aprender e praticar a amamentação com sucesso (WHO/UNICEF, 1990). Nos últimos quinze anos essa iniciativa tem crescido, contando atualmente com mais de 20 mil hospitais credenciados em 156 países do mundo, incluindo o Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). A IHAC está inserida na Estratégia Global para Alimentação de Lactentes e Crianças de Primeira Infância criada em 2002 pela OMS/UNICEF, que busca apoio renovado à amamentação exclusiva, do nascimento aos seis meses de vida, e a continuidade da amamentação por dois anos ou mais, com introdução de 26 alimentação complementar adequada e no momento oportuno (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Seus Critérios Globais compreendem a adesão aos “Dez Passos Para o Sucesso do Aleitamento Materno” e, no caso do Brasil, à Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL). Os Dez Passos são recomendações que favorecem a amamentação a partir de práticas e orientações no período pré-natal, no atendimento à mãe e ao recém-nascido ao longo do trabalho do parto e parto, durante a internação após o parto e nascimento e no retorno ao domicílio, com apoio da comunidade. Os Dez Passos são úteis também para capacitar a equipe hospitalar que trabalha com mães e bebês para informar sobre as vantagens e o correto manejo do aleitamento materno e sobre as desvantagens do uso dos substitutos do leite materno, das mamadeiras e das chupetas, entre outros. Estudos realizados em diferentes países, incluindo o Brasil, concluem que a IHAC é uma estratégia efetiva e confirmam a coerência e viabilidade dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). 5.1 Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno 1. Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados da saúde. 2. Capacitar toda a equipe de cuidados da saúde nas práticas necessárias para implementar essa política. 3. Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno 4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento 5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se separadas dos seus filhos 27 6. Não oferecer aos recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica 7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos - 24 horas por dia 8. Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda 9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas 10. Promover grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos na alta da maternidade A implantação da IHAC no Brasil iniciou-se em março de 1992, como ação do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM) e do Grupo de Defesa da Saúde da Criança, com o apoio do UNICEF e OPAS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Entre 1992 e julho de 2010 foram credenciados 353 hospitais na IHAC. No mesmo período, 18 hospitais foram descredenciados, existindo atualmente 335 HAC no Brasil. Acredita-se que a adição de critérios criados peloMinistério da Saúde em 1994, 2001 e 2004 tenha freado a expansão da IHAC. Um desses critérios exigia taxas de cesariana iguais ou inferiores às estabelecidas pelas Secretarias Estaduais de Saúde e que foi posteriormente modificado em janeiro de 2008, passando a exigir a redução de taxas de cesárea no último ano. A intensificação dos cursos de sensibilização de gestores que ocorreu entre 1999 e 2002 foi um fator importante no aumento dos hospitais que aderiram à Iniciativa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). 6 EXAME FÍSICO Caso o RN se apresente aparentemente saudável na avaliação sumária realizada na sala de parto, o exame físico minucioso deverá ser feito após algumas horas de vida, preferencialmente antes de o bebê completar 12 horas de vida. Deve ser realizado, sempre que possível, com a presença dos pais, o que reforça a 28 relação entre médico e familiares, permitindo o esclarecimento de eventuais dúvidas dos genitores (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Portadores de doenças infectocontagiosas não devem entrar em contato com a criança. Deve-se estar sempre atento ao controle térmico, cuidando para que o ambiente, as mãos e os instrumentos estejam em temperatura adequada. Lembrar que o RN tem pouca capacidade de tolerar alterações térmicas ambientais, não devendo ser exposto nem ao frio nem às temperaturas elevadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Devem-se respeitar as condições da criança e atentar para as oportunidades apresentadas para se obter as informações. Como regra, o RN como um todo ou em seus segmentos corporais admite um exame que vai do externo para o interno e no sentido crânio-caudal. Inspeção, palpação, percussão e ausculta devem ser aplicadas nos diversos segmentos examinados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Se a criança estiver dormindo, essa é uma excelente condição para se aferir as frequências respiratória e cardíaca, sem interromper seu sono. Essas avaliações, se obtidas com o RN chorando, terão seu significado clínico prejudicado. A palpação do abdome também é mais bem executada com o RN dormindo, e torna-se muito difícil, se não impossível, com ele chorando. Quando a criança abre os olhos, pode- se examiná-los sem forçar sua abertura; o mesmo se aplica quando abre a boca. Dessa forma, o exame físico será feito em uma sequência de oportunidades que devem ser aproveitadas à medida que se apresentem. Por outro lado, é importante que o registro do exame seja completo no atendimento ao protocolo proposto, seguindo a sequência do geral para o especial e crânio-caudal, inclusive para se evitar o esquecimento do registro de algum detalhe. Por vezes, é necessário complementar o exame em outro momento, por exemplo, quando não foi possível a palpação cuidadosa do abdome em um bebê que chorava muito no exame (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O choro intenso da criança, além de atrapalhar o exame clínico, também perturba os pais e o próprio examinador. É recomendável que se tente confortar o 29 RN, interrompendo-se o exame e procurando-se detectar as eventuais causas do choro prolongado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1 Exame físico geral, Pela simples observação do RN, sem tocá-lo, já se conseguem diversas informações importantes, como a presença de malformações e faces típicas de algumas síndromes (como trissomias do 13, 18 e 21 e síndrome de Pierre-Robin). Sinais de angústia respiratória como gemidos inspiratórios ou expiratórios, batimento de aletas nasais, retrações de fúrcula ou torácica (caso a criança esteja despida), cianose e alteração da frequência respiratória também podem ser observados. A postura do RN, que normalmente é simétrica e fletida, semelhante à fetal, pode estar assimétrica se houver algum transtorno como fratura de clavícula ou membros, paralisia braquial, lues congênita (pseudoparalisia de Parrot), infecções ou comprometimento neurológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O aspecto geral, a atividade, a intensidade do choro, a movimentação e o estado de hidratação são outras informações que devem constar do exame físico geral. O RN apresenta normalmente choro forte, de timbre variável; o choro fraco ou gemência podem estar presentes nas infecções e no desconforto respiratório. Choro monótono, agudo, intermitente (grito cerebral) pode ser encontrado em lesões neurológicas graves. O timbre também pode auxiliar no diagnóstico de síndromes genéticas, como da síndrome do miado do gato (síndrome de Cri du Chat). Essas informações poderão ser obtidas no decorrer do exame físico, não se recomendando provocar o choro de uma criança que se encontra dormindo, apenas para registrar essa importante informação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1.1 Pele A pele apresenta diversas características que devem ser atentamente observadas durante o exame físico do RN (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Deve-se avaliar: 30 Textura. Umidade. Cor. Presença de milium. Presença de lanugo. Presença de vérnix. Presença de mancha mongólica. Presença de icterícia. Presença de anomalias. 6.1.1.1 Textura e umidade A textura da pele depende muito da idade gestacional. O RN pré-termo extremo possui pele muito fina e gelatinosa, o RN a termo tem pele lisa, brilhante, úmida e fina, e o RN pós-termo ou com insuficiência placentária, pele seca, enrugada, apergaminhada e com descamação acentuada. Por esse motivo a textura da pele é um dos parâmetros utilizados na avaliação da idade gestacional. Nos casos de hipotireoidismo congênito pode-se observar pele seca e áspera (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1.1.2 Cor A pele normal do RN apresenta cor rosada, mais evidente nas crianças de pele clara. Crianças filhas de pais negros podem apresentar pele clara no nascimento. No entanto, pode-se detectar nesses RNs maior quantidade de melanina nos mamilos, região periungueal, na pele da borda do umbigo e na genitália. Pletora é observada em RNs policitêmicos, hiperoxigenados ou com hipertermia. A palidez acentuada pode ser um dado importante para o diagnóstico 31 de anemia (aguda ou crônica), vasoconstrição periférica ou choque; traduz situação grave e deve ter sempre investigada a causa de seu aparecimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A presença de uma linha delimitando um hemicorpo com eritema e outro com coloração normal é conhecida como fenômeno de Arlequim. É uma ocorrência em geral benigna, não muito rara, de causa desconhecida, sugerindo algum grau de instabilidade vasomotora (Figura 1) Figura 1 – Criança apresentando fenômeno de Arlequim Fonte: MS/SAS. A cianose, coloração azulada decorrente da presença de pelo menos 5g de hemoglobina não saturada, é intercorrência relativamente comum no RN, que frequentemente possui níveis de hemoglobina acima de 15g/dL. É comum a presença de cianose de extremidades, que se apresentam frias ao toque. Essa condição costuma regredir com o aquecimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na vigência de líquido amniótico meconiado, a pele e o coto umbilical podem estar impregnados, apresentando cor esverdeada característica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Alguns achados comuns como presença de milium, lanugo, vérnix e mancha mongólica não têm repercussão clínica. Outros, também comuns, como 32 eritema tóxico, hemangiomas e icterícia devem ser mais bem avaliados quanto ao diagnóstico diferencial e, eventualmente, à adoção de medidas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Milium sebáceo está presente em 40% dos RNs. Manifesta-se por pequenos pontos brancos (menor que 1mm), localizados na base do nariz, queixo e fronte, devido à distensão e obstrução das glândulas sebáceas, decorrentes da ação do estrógeno materno; desaparecem em poucas semanas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Lanugo é a denominação dada aos pelos finos que costumam recobrir a região do ombro e da escápula, encontrados de forma mais abundante nos RNsprematuros; desaparecem em alguns dias. (Figura 2). Figura 2 – Aspecto do ombro de RN com grande quantidade de lanugo Fonte: MS/SAS. Os RNs prematuros entre 34 e 36 semanas costumam estar recobertos por material gorduroso e esbranquiçado, o vérnix caseoso, cujas funções primordiais são a proteção da pele e o isolamento térmico. Esse material pode ser retirado após o estabelecimento do controle térmico, geralmente após algumas horas do nascimento. Nos RNs a termo, a quantidade costuma ser menor, podendo ser observado em locais protegidos como nas dobras dos membros e na genitália feminina, entre os pequenos e os grandes lábios (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 33 Manchas mongólicas são manchas azul-acinzentadas localizadas preferencialmente no dorso e nas regiões glútea e lombossacra, podendo ser disseminadas; traduz imaturidade da pele na migração dos melanócitos, relacionada a fatores raciais. São mais comuns nas raças negra e oriental e regridem nos primeiros 4 anos de idade. Essa mancha costuma despertar o interesse das mães (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Figura 3 - Apresentações diversas de mancha mongólica Fonte: MS/SAS. Eritema tóxico geralmente aparece nos primeiros dias de vida sob a forma de lesões eritematosas multiformes (pápulas, máculas e até algumas vesículas), esparsas ou confluentes. O exame microscópico da secreção contida nas lesões mostra migração eosinofílica. Possui causa desconhecida e pode ser desencadeado por estímulos mecânicos de atrito ou pressão na pele. Regride espontaneamente, muitas vezes em poucas horas. Tem aspecto facilmente confundível com impetigo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Impetigo é a infecção piogênica, mais comumente causada por Staphylococcus aureus. Inicia-se com lesões eritematosas puntiformes que em um ou dois dias evoluem para vesículas, que a seguir se pustulizam ou tornam-se 34 bolhas (impetigo bolhoso). As lesões se propagam por inoculação e, quando se rompem, formam crostas amarelo-acastanhadas. Deve-se tomar cuidado para não contaminar outras crianças próximas. O tratamento pode ser tópico com soluções antissépticas e cremes antibióticos, chegando, nos casos mais graves, a ser necessária antibioticoterapia sistêmica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Máculas vasculares são manchas de cor salmão que desaparecem à pressão, e estão presentes principalmente na nuca, pálpebra superior e fronte. Não possuem importância clínica ou estética. As máculas de face desaparecem em alguns meses, e as da nuca podem persistir por mais tempo. Estão presentes em 25% dos adultos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Hemangiomas são formas vasculares mais extensas e elevadas que podem ter significado patológico. Por exemplo, quando localizadas em segmento cefálico e face, com coloração vinhosa, podem estar associadas a angiomas das leptomeninges (síndrome de Sturge-Weber), estando relacionadas a convulsões e hemiplegias. Outra eventualidade é a presença de hemangioma cavernoso, composto de elementos vasculares maduros e grandes, que na maioria dos casos cresce durante o primeiro ano de vida, regredindo a seguir. Aproximadamente 50% dos hemangiomas desaparecem até os 5 anos de idade e 70% até os 7 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Icterícia, síndrome caracterizada pela cor amarelada da pele decorrente de sua impregnação por bilirrubina, é achado comum, especialmente nas crianças com idades entre 48 e 120 horas de vida. Para melhor detecção o exame deve ser feito sob luz natural. Deve-se descrever a intensidade da coloração amarelada detectada e sua distribuição nos diferentes segmentos do corpo, haja vista a icterícia evoluir no sentido crânio-caudal. A icterícia sempre deve ter sua causa investigada se detectada nas primeiras 24h de vida ou quando apresentar-se de forma intensa. Quando detectada mais tardiamente, após 24h de vida, pode ser fisiológica ou patológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Equimosessão manchas comuns nos RNs, sobretudo nos RNs prematuros, e sua localização depende da apresentação e dos traumas sofridos, especialmente durante o parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 35 Petéquias localizadas, especialmente se restritas ao rosto, não são motivo de preocupação, mas quando generalizadas devem ser investigadas. A reabsorção do sangue extravasado pode contribuir para o aumento tardio dos níveis de bilirrubina (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1.1.3 Subcutâneo A quantidade de tecido subcutâneo pode ser aferida por meio da prega cutânea, que costuma ter cerca de 1cm nos RNs a termo e ser uniformemente distribuída pelo corpo. Essa prega indica o depósito de gordura da criança, assim como o turgor da pele. Esse último, quando firme, está associado ao bom estado nutricional. Crianças emagrecidas podem apresentar turgor frouxo. O turgor pastoso, caracterizado pelo lento retorno do tecido subcutâneo após pinçamento do mesmo, típico de desidratação em crianças maiores, em RN está mais associado à desnutrição ao final da gestação, geralmente por insuficiência placentária (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Em locais relacionados à apresentação fetal pode ser observado edema, especialmente nas pálpebras. Nos RNs prematuros pode haver edema duro, em membros inferiores e na região genital, que regride em alguns dias (linfedema). Em caso de edema acentuado no dorso das mãos e pés, a síndrome de Turner deve ser considerada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1.2 Gânglios Deve-se procurar palpar todas as cadeias ganglionares: cervicais, occipitais, submandibulares, axilares e inguinais; e descrever o número de gânglios palpáveis, seu tamanho, consistência, mobilidade e sinais inflamatórios. Quando o ambiente não estiver adequadamente aquecido para a criança, a palpação deverá ser realizada à medida em que for feito o exame dos diversos segmentos corporais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Lembrar que nas infecções congênitas pode haver hipertrofia ganglionar. 36 6.1.3 Mucosas Avalia-se cor, umidade e presença de lesões. O exame da mucosa conjuntival costuma estar prejudicado devido à irritação causada pela solução de nitrato de prata a 1% instilada nos olhos dos RNs como medida de prevenção da conjuntivite gonocócica. O exame da mucosa oral é mais apropriado e pode ser feito em detalhes durante o choro da criança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1.4 Musculatura São avaliados o tônus e o trofismo. O RN a termo em decúbito dorsal apresenta os membros superiores fletidos e os inferiores semifletidos, cabeça lateralizada e mãos cerradas. O tônus muscular depende da idade gestacional; quanto mais próximo do termo, maior o tônus flexor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O trofismo pode ser averiguado pela palpação do músculo peitoral. Devido ao tônus flexor, quando se faz uma leve extensão do braço, o músculo peitoral apresenta-se fácil à palpação. Considera-se a espessura em torno de 1cm como trofismo adequado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 6.1.5 Esqueleto e articulações Deve-se avaliar cuidadosamente a presença de deformidades ósseas, inadequações de mobilidade e dor à palpação de todos os ossos e articulações do RN (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Não é infrequente o achado de polidactilia, especialmente nas mãos, com o dedo extranumerário fixado na face lateral da segunda ou terceira falange do dedo mínimo (autossômico dominante). Outras anomalias como sindactilia (dedos unidos), aracnodactilia (dedos muito longos), clinodactilia (dedos desviados do 37 eixo), agenesias (de rádio, fêmur, tíbia, úmero etc.) devem ser atentamente procuradas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). No exame das mãos, atentar para as pregas palmares. Prega palmar única em ambas as mãos associada à ausência de prega falangiana no quinto quirodáctilo (dedo mínimo) é observada em situações de hipotonia fetal, como na síndrome de Down (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A simetriae a adequação da movimentação dos membros devem ser bem avaliadas. Atenção especial deve ser dada à movimentação dos membros superiores, que pode estar comprometida por lesões traumáticas do parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). As paralisias decorrentes do estiramento exagerado do plexo braquial durante o parto podem apresentar-se de formas diversas, a depender do grau e topografia da lesão. O RN fica com o membro superior paralisado, em rotação interna, devendo ser descartadas fraturas de clavícula ou da região proximal do úmero, que podem coexistir com a lesão neurológica ou simulá-la (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). As lesões neurológicas podem ser leves (neuropraxia) quando o distúrbio motor é devido ao edema da raiz nervosa, e desaparece entre uma e duas semanas, com recuperação completa da função. Felizmente essa é a forma mais comum. Entretanto, quando há ruptura das fibras nervosas (axonotmese), a recuperação é mais lenta e incompleta. Nos casos mais graves, há ruptura completa da raiz (neurotmese) e a recuperação espontânea nunca ocorre (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A manifestação clínica da paralisia vai depender da topografia da lesão. Quando ocorre nas raízes C5-C6 (paralisia de Erb-Duchenne) afeta preferencialmente os músculos do ombro e o cotovelo, preservando a mão. Quando a mão é afetada e a musculatura do ombro é preservada, a lesão encontra-se nas raízes C7-C8-T1 (paralisia de Klümpke). Na lesão total, todas as raízes são lesadas e o membro superior é balouçante, podendo inclusive haver paralisia diafragmática (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 38 A fratura de clavícula, intercorrência ainda mais frequente que as paralisias, pode causar restrições de movimentação do membro correspondente devido à intensa dor, podendo mimetizar uma paralisia obstétrica. O diagnóstico é feito pela palpação da clavícula; se houver fratura, pode-se sentir crepitação local e observar manifestação de dor no RN. A evolução clínica da fratura de clavícula costuma ser benigna e a simples utilização de tipoia e a manipulação cuidadosa do membro envolvido já é suficiente para o seu tratamento. Não é necessária realização de exame radiológico, já que o achado não muda a conduta clínica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A articulação coxo-femural deve receber atenção especial. É importante que se afaste a presença de displasia do desenvolvimento do quadril. Nessa condição, há instabilidade da articulação coxo-femural ao nascimento devido ao fato de o acetábulo ser mais raso e a cápsula mais frouxa, o que permite mobilização inadequada da cabeça do fêmur que fica parcialmente desencaixada do acetábulo. Se não for adequadamente tratada no período neonatal por simples imobilização, a lesão poderá levar a graves limitações na deambulação futura e poderá até haver necessidade de correção cirúrgica. Pode-se encontrar assimetria das pregas glúteas e encurtamento do membro afetado no caso de displasia unilateral; porém, mais frequentemente a alteração não provoca deformidades, não limita os movimentos e é indolor, ou seja, o RN é aparentemente normal. Isso significa que a displasia só será diagnosticada se pesquisada. As manobras de Barlow e de Ortolani, além do exame ultrassonográfico, podem auxiliar no diagnóstico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na manobra de Ortolani, a criança é colocada em decúbito dorsal, segurando-se os membros inferiores com os joelhos dobrados, e quadris fletidos a 90º e aduzidos (juntos à linha média). A partir dessa posição, faz-se a abdução das coxas com leve pressão nos joelhos. A manobra deve ser repetida várias vezes, simultaneamente, para os dois lados dos quadris ou fixando-se um lado e testando- se o outro, aplicando-se diferentes pressões (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O achado de pequenos estalidos (clicks) causados pela movimentação e pelo deslize de fáscia ou tendão sobre saliências ósseas é considerado normal. 39 O tratamento consiste em fazer uma manobra de Ortolani, encaixar o quadril e manter-se a posição de abdução e flexão do quadril com o uso de aparelhos ortopédicos por três meses ininterruptamente. Obtém-se sucesso em 97% dos casos (ver capítulo 38 – volume 3 desta obra) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). No exame dos pés deve-se estar atento a seu posicionamento. Não é infrequente a detecção de pés tortos. É necessário diferenciar o pé torto posicional, decorrente da posição intrauterina, do pé torto congênito (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Assim, trata-se de caso benigno, cuja resolução se dá por meio de fisioterapia por manipulação diária. Por outro lado, o pé torto congênito, que em 50% dos casos é bilateral e simétrico, não é redutível por manobras e necessita de tratamento ortopédico. As deformidades encontradas no pé torto congênito são complexas e diversas. Assim, no pé equino, o calcanhar está elevado e o antepé caído; no pé varo, há torção do pé fazendo com que sua face plantar fique voltada medialmente; no pé aduto o antepé está desviado medialmente; e no pé cavo forma- se uma prega transversal na planta do pé. Para mais detalhes sobre problemas ortopédicos, ver capítulo 38 – volume 3 desta obra (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Ainda fazendo parte do exame osteoarticular, deve-se apalpar a linha média da coluna vertebral na busca de espinha bífida, meningocele e outros defeitos, especialmente na região sacrolombar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Algumas lesões da coluna não são óbvias ao exame do RN e são chamadas de disrafismos ocultos da espinha. Em 25% desses casos existem manifestações cutâneas associadas como pilosidades locais, hemangiomas capilares, fossetas ou acúmulo anormal de gordura. É importante que se verifique a integridade da pele no fundo da fosseta, para se afastar a possibilidade de contaminação da espinha. É importante a determinação do sentido (cranial ou caudal) da fixação da fosseta, pois as fixadas no sentido cranial apresentam muito maior risco de possuírem extensão intraespinhal ou intradural. Por outro lado, quando o sentido da fixação é caudal há pouca significância clínica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 40 7 EXAME FÍSICO ESPECIAL 7.1 Crânio Inicia-se o exame verificando assimetrias. Frequentemente encontram-se assimetrias transitórias, que variam de acordo com a apresentação fetal. Assim, o parto normal, especialmente na raça negra, pode causar o aumento do diâmetro ântero-posterior (dolicocéfalo). Por outro lado, no parto cesáreo, o crânio pode apresentar-se mais “arredondado”, já que a cabeça não sofre adaptação ou amoldamento no canal de parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A seguir, faz-se a palpação das suturas cranianas. São comuns as sobreposições das bordas dos ossos do crânio (cavalgamentos), especialmente no parto normal, as quais desaparecem em poucos dias, bem como as disjunções de suturas, sem qualquer expressão patológica. Por outro lado, quando ocorre a fusão intrauterina das suturas, o osso para de crescer e ocorre afundamento local com assimetria do crânio, o que constitui a craniossinostose. Essa situação patológica pode requerer tratamento cirúrgico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na palpação das fontanelas, deve-se atentar para o tamanho (medido em centímetros nas diagonais), tensão, abaulamentos ou depressões e pulsações. A fontanela bregmática, na forma de losango, formada na confluência dos ossos frontal e parietais, apresenta-se com tamanho variável no RN a termo. Quando abaulada sugere aumento da pressão intracraniana, como ocorre na meningite, hidrocefalia, edema cerebral ou hemorragia intracraniana. Quando deprimida, associa-se à desidratação. A lambdoide, entre os ossos parietais e occipital, geralmente é pequena (justaposta). Quando grande, pode estar associada a doenças como hipotireoidismo e síndrome de Down (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Fazendo-se pressão suave sobre os ossos do crânio, pode-sedetectar uma área depressível, assemelhando-se à palpação de bola de pingue-pongue (craniotabes). Costuma desaparecer nos primeiros meses de vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 41 Na palpação do couro cabeludo detectam-se abaulamentos com relativa frequência, como na bossa serossanguínea e no céfalo-hematoma (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O tamanho do céfalo-hematoma deve ser acompanhado, mas é raríssimo ser necessária alguma intervenção para estancar o sangramento ou drenar eventual abscesso decorrente de contaminação (Figura abaixo). Figura 04 - Aspecto de céfalo-hematoma parietal direito Fonte: MS/SAS. O perímetro craniano é informação indispensável e deve ser medido com fita métrica inextensível, passando pela glabela e proeminência occipital. No RN a termo varia de 33 a 37cm. Esse dado, com o peso e o comprimento, devem ser lançados no gráfico de crescimento. Se a criança for prematura, deve-se levar em conta sua idade cronológica corrigida. Essa é calculada subtraindo-se da idade real da criança o número de semanas que faltaram para que completasse 40 semanas de gestação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 42 7.2 Olhos Os RNs permanecem com os olhos fechados a maior parte do tempo. As pálpebras geralmente encontram-se edemaciadas devido à instilação do nitrato de prata. Deve-se observar a distância entre os olhos, entre os cantos internos das pálpebras (distância intercantal interna), a posição da fenda palpebral (transversal – normal, ou oblíqua – presente em algumas anomalias congênitas) e a presença de sobrancelhas, cílios e epicanto. A fenda palpebral oblíqua para cima, por exemplo, está presente na síndrome de Down, e para baixo na de Apert (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Elevando-se o RN à posição semissentada, em movimento relativamente rápido, consegue- -se a abertura dos olhos e a verificação da mobilidade das pálpebras. Melhor ainda é esperar o momento durante o exame em que ocorre a abertura espontânea dos olhos. A conjuntiva pode estar hiperemiada devido à irritação pela instilação do nitrato de prata e frequentemente observam-se hemorragias subconjuntivais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A esclera é branca ou levemente azulada nos RNs pré-termo. Cor azul mais intensa está associada à osteogênese imperfeita. Na esclerótica, também são comuns as hemorragias, em sua maioria benignas, decorrentes do parto e que desaparecem com o passar do tempo. Estrabismo transitório e nistagmo horizontal podem ser eventualmente verificados. Devem-se pesquisar exoftalmia (olhos saltados), microftalmia (com córnea menor que 9mm), opacificação da córnea, catarata, glaucoma congênito (com córnea maior que 11mm) e lacrimejamento anormal por obstrução do canal lacrimal (dacrioestenose) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Esse exame, também conhecido como teste do olhinho, já faz parte da rotina obrigatória do exame de RN em vários estados brasileiros. Pode, ainda, auxiliar na identificação de eventuais “massas” esbranquiçadas intraoculares. Devem ser investigadas a simetria entre as pupilas (isocoria ou anisocoria), a reatividade das pupilas ao estímulo luminoso e a presença de midríase (pupilas dilatadas) ou miose (pupilas puntiformes) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 43 7.3 Ouvidos Deve-se verificar a forma, a consistência e a implantação dos pavilhões auriculares, e a presença de condutos auditivos externos, fístulas retroauriculares e apêndices pré-auriculares. É necessário também avaliar a função do sistema auditivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Para considerar se a forma auricular foge dos padrões normais, é preciso que haja grande alteração do pavilhão, devido à variabilidade de formas consideradas normais. A consistência do pavilhão aumenta com a idade gestacional, assim como a presença de dobra na borda superior. Dessa forma, nos RNs a termo, o pavilhão possui consistência cartilaginosa, voltando rapidamente à posição normal quando solto após ser dobrado. No RN pré-termo, o pavilhão não retorna à posição inicial após ser dobrado e é liso em sua borda superior (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A adequada implantação pode ser aferida traçando-se um plano imaginário que passe pela fenda palpebral e se estenda horizontalmente em direção às orelhas. A borda superior da orelha deve estar pouco acima dessa linha. Geralmente a implantação baixa da orelha é acompanhada de rotação posterior do eixo do pavilhão auricular e está associada a defeitos renais, à malformação do primeiro arco branquial e às anomalias cromossômicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 7.4 Nariz Quando o RN está calmo, dormindo e com a boca fechada, pode-se observar a permeabilidade nasal ao ar inspirado e expirado. Obstrução nasal e espirros frequentes são comuns e muitas vezes decorrentes do trauma causado pela aspiração das vias aéreas superiores ao nascimento. Batimentos das aletas nasais são visíveis em RN com dificuldade respiratória (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 44 Deformidades ou malformações, quando presentes, ocorrem por defeitos intrínsecos do osso próprio do nariz (observados nas trissomias 18 e 21) ou por pressão extrínseca intraútero ou no momento do parto. A presença de coriza mucoide, mucopurulenta ou mucopiossanguinolenta é rara e sugere o diagnóstico de lues congênita (geralmente em torno da segunda semana de vida) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 7.5 Boca A cavidade oral deve ser observada cuidadosamente. O exame pode ser feito durante o choro e, na maioria das vezes, não há necessidade de se utilizar abaixador de língua para sua melhor visualização. O estímulo da pressão suave na transição mucosa-pele do lábio inferior e leve tração da mandíbula para baixo facilita a abertura da boca do RN (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O desvio da comissura labial durante o choro pode estar associado à paralisia facial decorrente de posturas anormais intraútero ou trauma de parto, como por exemplo na compressão pelo fórceps (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Deve-se observar inicialmente as mucosas. Pode-se encontrar aftas de Bednar, decorrentes de lesão traumática da mucosa por aspiração ou limpeza agressiva logo após o parto. A presença de saliva espessa é indicação de desidratação, e a sialorreia pode ser sugestiva de atresia de esôfago (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A seguir, deve-se avaliar a forma do palato, se normal ou em ogiva, e sua integridade. Fenda palatina pode ocorrer de forma isolada ou associada a lábio leporino. No palato pode-se ainda encontrar as pérolas de Epstein, que são pequenas formações esbranquiçadas junto à rafe mediana, compostas de restos celulares e sem repercussões clínicas. Avaliando-se o palato mole pode-se detectar ainda úvula bífida e tumores (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na gengiva, deve-se verificar a presença de cistos de retenção gengival e dentes supranumerários. Esses devem ser avaliados quanto à sua implantação, já que habitualmente são frouxos e com raízes fracas. Nessas condições devem ser 45 extraídos, devido ao risco de aspiração. O tamanho e a mobilidade da língua devem ser avaliados; macroglossia sugere hipotireoidismo ou síndrome de Beckwith- Wiedemann (macroglossia, gigantismo, onfalocele e hipoglicemia grave) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Deve também ser avaliado o tamanho da mandíbula. Micrognatia ocorre isoladamente ou fazendo parte de alteração genética (sequência de Pierre Robin). Nessa situação, pode ocorrer glossoptose (queda da língua) com obstrução de vias aéreas e consequente cianose (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 7.6 Pescoço No RN o pescoço é curto, dificultando o exame. A discreta extensão da cabeça permite sua melhor visualização. Deve-se palpar a parte mediana do pescoço a fim de se detectar o crescimento anormal da tireoide (bócio) e a presença de fístulas, cistos e restos de arcos branquiais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Em sua parte
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