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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 Animais Peçonhentos Introdução - O número de casos notificados de acidentes envolvendo animais peçonhentos no Brasil perde apenas para a dengue; - Ofidismo – botrópico, crotálico e elapídico – escorpionismo – escorpião – araneismo – phoneutria, loxosceles e latrodectus – e himenópteros – abelha, vespa e formiga. Ofidismo - Os acidentes ofídicos – envolvendo serpentes – têm importância médica em virtude de sua grande frequência e gravidade. A padronização atualizada de condutas de diagnóstico e tratamento dos acidentados é imprescindível, pois as equipes de saúde, com frequência considerável, não recebem informações desta natureza durante os cursos de graduação ou no decorrer da atividade profissional; → Identificação – Serpentes Peçonhentas - Fosseta Loreal: Trata-se do órgão sensorial termorreceptor – permite que a serpente alcance sua presa mesmo estando em um ambiente escuro, por exemplo – é um orifício situado entre o olho e a narina, indica com segurança que a serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros bothrops, crotalus e lachesis – surucucu; !!! Além disso, todas as serpentes desses gêneros são providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis, situados na porção anterior do maxilar; - As serpentes do gênero micrurus – cobra coral – não apresentam fosseta loreal e possuem dentes pouco desenvolvidos e fixos na região anterior da boca. Mas isso não significa que elas não sejam peçonhentas – as peçonhentas apresentam anéis coloridos (pretos, brancos e vermelhos) - Tipo de Cauda: A identificação entre os gêneros referidos também pode ser feita pelo tipo de cauda. As serpentes do gênero bothrops possuem a cauda lisa, as do gênero crotalus possuem a cauda em chocalho ou guizo e as do gênero lachesis possuem escamas eriçadas ou arrepiadas na cauda; → Botrópico – Jararaca - Corresponde ao acidente ao físico de maior importância epidemiológica no Brasil, pois é responsável por cerca de 90% dos casos de envenenamentos; !!! Ações do Veneno - Proteolítica: Gera edema, bolhas e necrose através da ação das proteases, hialuronidases e fosfolipases; - Coagulante: O veneno tem ação semelhante a trombina convertendo fibrinogênio em fibrina. Ele atua ativando o fator X e a protrombina, gerando um distúrbio de coagulação, por consumo dos fatores de coagulação, geração de produtos de degradação de fibrina e fibrinogênio, e plaquetopenia – nível excepcionalmente baixo de plaquetas no sangue – além de várias outras consequências ligadas a esse distúrbio de coagulação; - Hemorrágica: O veneno gera hemorragias. Há lesões na membrana basal dos capilares, que associadas à plaquetopenia e alterações de coagulação vão gerar essa hemorragia; !!! Manifestações Locais - Dor e edema precoces e progressivos – muitas vezes atingindo um membro inteiro – equimoses – mancha na pele, de coloração variável, produzida por extravasamento de sangue – sangramento e bolhas, com ou sem necrose; !!! Manifestações Sistêmicas - Hemorragias à distância, como gengivorragias, epistaxes – sangramento nasal, espontâneo ou induzido – hematêmese – sangue visível no vômito – e hematúria – sangue visível na urina – náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque; - Leve: Dor e edema locais, pouco intensos ou ausentes, manifestações hemorrágicas discretas, sem alteração no tempo de coagulação (TC); - Moderada: Dor e edema que ultrapassa o segmento picado, acompanhado ou não de alterações hemorrágicas, como gengivorragia, epistaxes e hematúria; - Grave: Edema local endurecido e extenso, dor intensa, bolha, hipotensão arterial, choque oligoanúria – redução na diurese – ou hemorragias intensas; !!! Complicações Locais - Abcesso: A ação proteolítica do veneno botrópico favorece o aparecimento de infecções locais. Os germes patogênicos podem provir da boca do animal, da pele do acidentado ou do uso de contaminantes sobre o ferimento, pode-se ter proliferação de bacilos Gram -, anaeróbios e, mais raramente, cocos Gram +; - Síndrome Compartimental: A compressão do feixe vásculo nervoso, produzida edema que se desenvolve no membro atingido, produz isquemia das extremidades. As manifestações mais importantes são a dor intensa, parestesia, diminuição da temperatura do segmento distal, cianose e déficit motor; - Necrose local; !!! Complicações Sistêmicas - Choque: Pode ser gerado devido à liberação de substâncias vasoativas, do sequestro de líquido na área do edema e de perdas por hemorragias; - Insuficiência renal aguda (IRA): Ocorre por ação direta do veneno sobre os rins, que gera isquemia renal secundária, deposição de microtrombos nos capilares, desidratação – pode levar a falência renal – ou hipotensão arterial e choque; !!! Exames Complementares - Tempo de coagulação – para identificar a gravidade do acidente – hemograma – onde normalmente se observa a leucocitose com neutrofilia, desvio à esquerda, plaquetopenia – sumário de urina – onde normalmente se observa a proteinúria, hematúria e leucocitúria – uréia/creatinina – para avaliar a função renal – método imunodiagnóstico – antígenos do veneno podem ser detectados pelo Elisa; !!! Tratamento - Soro antibotrópico (SAB) via intravenosa; - Na ausência do soro antibotrópico, pode-se utilizar soros mistos, o antibotrópico-crotálica (SABC) ou o antibotrópico-laquética (SABL). Se o TC permanecer alterado após 24h deve-se aplicar uma dose adicional; - Outros cuidados que pode se ter é: manter o segmento atingido elevado e estendido – para diminuir o edema e reduzir a chance de se ter uma síndrome compartimental – utilizar analgésicos para dor, manter o paciente hidratado – a diurese deve estar entre 30/40 mL/h – e utilizar antibioticoterapia – cloranfenicol ou clindamicina + aminoglicosídeo; - Para a síndrome compartimental, costuma-se fazer a fasciotomia – incisões na pele – para que o edema não comprima os vasos. Se necessário faz-se transfusão de sangue e plasma, além do desbridamento – remoção – de áreas necróticas, drenagem de abscessos – se houver – e cirurgias reparadoras – em casos de muita necrose. Pacientes com síndrome compartimental costumam vir a óbito em 0,3% dos casos; → Crotálico – Cascavel - Tem um maior coeficiente de letalidade devido à frequência com que evolui para insuficiência renal aguda; !!! Ação do Veneno - Neurotóxica: O veneno dessas serpentes possui a crotoxina, neurotoxina de ação pré- sináptica que atua nas terminações nervosas inibindo a liberação de acetilcolina, principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular, que gera paralisias motoras nos pacientes; - Coagulante: Menos expressiva que a ação observada nas jararacas. Decorre da atividade do tipo trombina, que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do fibrinogênio pode levar a incoagulabilidade sanguínea. Geralmente não há redução do número de plaquetas dos pacientes e as manifestações hemorrágicas, quando estão presentes, são discretas; - Miotóxica: Gera lesões de fibras musculares esqueléticas – rabdomiólise – com liberação de enzimas e mioglobina para o soro, que são posteriormente secretadas pela urina – gerando uma urina escurecida, e podendo evoluir para IRA; !!! Manifestações Locais - Elas são pouco importantes, não há dor, ou, se presente, pode ser de pequena intensidade, há parestesia local ou regional – por ação da neurotoxina – que pode persistir por tempo variável, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada; !!! Manifestações Sistêmicas - Como manifestações mais gerais, o paciente pode apresentar mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e secura da boca; - Neurológicas: Decorrentes da ação neurotóxica do veneno. Apresentam-se nas primeiras horas, podendo-se observar fásciesmiastênica ou fáscies neurotóxica de Rosenfeld, evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, há oftalmoplegia e dificuldade de acomodação – visão turva – ou visão dupla – diplopia – além de alteração do diâmetro pupilar – midríase. As alterações descritas são sintomas e sinais que regridem após 3 a 5 dias; - Distúrbios da Coagulação: Tempo de coagulação alterado em 40% dos casos, raramente ocorrem eventos hemorrágicos, quando acontecem, ficam restritos a gengiva; - Musculares: A ação miotóxica provoca dores generalizadas e a mioglubinúria promove cor escura na urina; !!! Exames Complementares - Exame de Sangue: Pode-se observar valores elevados de Creatinoquinase (CK), TC frequentemente está prolongado, além disso, o hemograma pode mostrar leucocitose, com neutrofilia e desvio à esquerda; - Na Fase Oligúrica da IRA: Elevação → Uréia, creatinina, ácido úrico, fósforo, potássio. Diminuição → Calcemia; !!! Tratamento - Soro anti-crotálico (SAC) por via intravenosa; - Na ausência do SAC, pode-se utilizar soro misto, o antibotrópico-crotálica (SABC); - A hidratação é muito importante – principalmente em casos de IRA – para manter a função renal ativa; - Caso a oligúria persista, deve-se induzir a diurese com solução de manitol, podendo também utilizar furosemida por via intravenosa; - Deve-se manter a urina alcalina para evitar precipitação intratubular de mioglobina – causa da IRA – através da administração de bicarbonato; → Elapídico – Coral (micrurus) - Corresponde a 0,4% dos acidentes por serpentes peçonhentas registrados no Brasil. Pode evoluir para insuficiência respiratória aguda, causa de óbito neste tipo de envenenamento; !!! Ação do Veneno - Neurotoxinas de Ação Pré-sináptica: Atuam bloqueando a liberação acetilcolina; - Neurotoxinas de Ação Pós-sináptica: Por possuírem baixo peso molecular, são rapidamente absorvidas. Atuam competindo com acetilcolina, tendo ação semelhante ao curare; !!! Manifestações Locais - Dor local e discreta – muitas vezes ausente – acompanhado de parestesia de progressão proximal; !!! Manifestações Sistêmicas - Inicialmente, o acidentado pode ter quadros de vômitos, posteriormente, pode ter fraqueza muscular progressiva, ptose palpebral, oftalmoplegia e fáscies miastênica. O quadro de paralisia flácida pode comprometer a musculatura respiratória, evoluindo para apnéia e insuficiência respiratória aguda – esta é considerada uma complicação do acidente; !!! Exames Complementares - Não há exames específicos; !!! Tratamento - Soro anti-elapídico (SAE) por via intravenosa; - Todos os casos com manifestações sistêmicas devem ser tratados como graves; - Em casos com manifestações de insuficiência respiratória aguda, deve-se manter o paciente adequadamente ventilado, por máscara ou intubação orotraqueal; - Pode-se ainda, utilizar um anticolinesterásico, a neostigmina ou o tensilon, por via IV, para dar tempo de o paciente receber a assistência respiratória em centros médicos, devendo-se administrar a atropina – para reduzir os efeitos colaterais do outro fármaco, como a bradicardia – antes. Escorpionismo - As picadas atingem predominantemente os membros superiores, 65% das quais acometem mão e antebraço. A maioria dos casos tem curso benigno, situando-se a letalidade em 0,58%. Os óbitos têm sido associados com maior frequência acidentes causados por Tityus serrulatus – escorpião amarelo – ocorrendo mais comumente em crianças menores de 14 anos; - A gravidade do acidente vai depender de algumas características: a espécie e tamanho do escorpião – o tamanho do escorpião influencia na quantidade de veneno que ele possui no seu telson – a quantidade de veneno inoculado, a sensibilidade ao veneno e a massa corporal do acidentado – menor massa = maior gravidade; !!! Identificação dos Escorpiões - É na cauda do escorpião se encontra o telson – vesícula que contém o veneno – e o ferrão; !!! Ação do Veneno - O acidentado apresenta dor local e efeitos complexos nos canais de sódio, produzindo despolarização das terminações nervosas pós- ganglionares, com liberação de catecolaminas – norepinefrina, epinefrina e dopamina – e acetilcolina. Estes mediadores determinam o aparecimento de manifestações orgânicas decorrentes da predominância dos efeitos simpáticos ou parassimpáticos; - Gerais: Hipo ou hipertermia e sudorese profusa; - Digestivas: Náuseas, vômitos sialorreia, e mais raramente, dor abdominal e diarréia; - Cardiovasculares: Hipertensão ou hipotensão arterial, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva e choque; - Respiratórias: Taquipneia, dispneia e edema pulmonar agudo; - Neurológicas: Agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia – hiperatividade muscular – e tremores; !!! Manifestações - Leves: Apresentam apenas dor no local da picada e às vezes, parestesias; - Moderados: Caracterizam-se por dor intensa no local da picada e manifestações sistêmicas do tipo sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia, taquipneia e hipertensão leve; - Graves: Além das outras manifestações já citadas, pode apresentam sudorese profusa, vômitos incoercíveis – que não se pode conter – salivação excessiva, alternância de agitação com prostração, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e coma; OBS.: Os óbitos registrados estão relacionados a complicações, como edema pulmonar agudo e choque. !!! Tratamento - Soro antiescorpiônico (SAEEs) – neutraliza o veneno circulante, não faz com que os sintomas desapareçam imediatamente, mas impede que o veneno agrave a condição do paciente; - Pode-se realizar uma infiltração de lidocaína 2% sem vasoconstrictor para alívio da dor; - A dor e vômito melhoram após soroterapia; - Os sintomas cardiovasculares não regridem prontamente. É necessária uma observação continuada dos acidentados. Para os sintomas cardíacos, pode-se utilizar atropina – reduz bradicardia – para hipertensão arterial a nifedipina sublingual, e para edema pulmonar, utiliza-se a ventilação mecânica. Araneismo - No Brasil existem três gêneros de aranhas de importância médica: Phoneutria – armadeiras – Loxosceles – aranhas-marrons – e Latrodectus – viúvas negras. Os acidentes causados por Lycosa – aranha-de-grama – bastante frequentes, e pelas caranguejeiras, muito temidas, são destituídos de maior importância; → Phoneutria – Armadeiras - Em 91% dos acidentes tem-se apenas alterações leves e locais; - No momento da picada paciente já sente uma dor de intensidade variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido; - Além disso, pode-se observar edema, eritema, parestesia e sudorese; !!! Manifestações Sistêmicas - Embora a maioria das manifestações seja local, existem alterações sistêmicas importantes, como taquicardia, hipertensão arterial, sudorese discreta, agitação psicomotora, visão turva – muito comum – e vômitos ocasionais; - Numa frequência muito menor, o paciente vai evoluir de forma mais grave se ele apresentar sudorese profusa – em abundância – sialorreia, vômitos frequentes, diarréia, priapismo – ereção involuntária e persistente – hipertonia muscular, hipotensão arterial, choque e edema pulmonar agudo (0,5%); !!! Tratamento - Específico: A soroterapia tem sido indicada nos casos com manifestações sistêmicas, em crianças e em todos os pacientes graves; - Tratamento Sintomático: Infiltração anestésica e analgésicos; - A maioria dos acidentados tem um prognóstico bom, devendo ainda permanecer em observação por 6 h; → Loxosceles – Aranhas-marrons - Esses acidentes geram uma lesão mais “feia”, devido a ação da enzima esfingomielinase-D, que vai atuar sobre os constituintes da membrana celular das células do endotélio vascular e das hemácias, principalmente, gerando um processo inflamatório considerável,acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal, além de hemólise intravascular, observada nas formas mais graves de envenenamento; - Existem duas formas de acometimento, a forma cutânea e a forma visceral; !!! Forma Cutânea - Instalação lenta e progressiva – 24-72 h – o acidentado pode apresentar dor e queimação, lesões hemorrágicas focais mescladas com áreas pálidas de isquemia – aspecto de placa marmórea – e necrose; - Forma-se uma escara de difícil cicatrização; !!! Forma Cutâneo-visceral (hemolítica) - Corresponde a 1-13% dos casos. Nessa forma, ocorre hemólise intravascular – gerando anemia, icterícia e hemoglobinúria – petéquias, equimose – podendo evoluir rapidamente para uma coagulação intravascular disseminada (CIVD); - Os casos mais graves podem evoluir para insuficiência renal aguda (IRA), de etiologia multifatorial – diminuição da perfusão renal, hemoglobinúria e CIVD – principal causa de óbito; !!! Tratamento - Soro antiaracnídico (SAAr); - Local: Analgesia, compressas frias, antisséptico e limpeza antibiótico – para tratar possíveis complicações – e, em alguns casos, é necessário tratar cirurgicamente as úlceras; - Específico: Transfusão de sangue e manejo da insuficiência renal aguda; - O prognóstico geralmente é bom, exceto em casos de hemólise intravascular e manejo com escaras; → Latrodectus – Viúvas Negras - A alpha-latrotoxina é o principal componente tóxico. Ela atua promovendo um quadro de dor local, devido as suas ações nas terminações nervosas sensitivas. Sua principal ação é no SNA, onde leva à liberação de neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos; !!! Manifestações Locais - Dor local, evoluindo para queimação, sudorese, lesões puntiformes, hiperestesia – aumento da sensibilidade – e placas urticariformes – de aspecto semelhante a urticária; !!! Manifestações Sistêmicas - Geradas devido à ação da alpha-latrotoxina sob o sistema nervoso autônomo: Tremores (26%), ansiedade (12%) excitabilidade (11%), insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço, dor abdominal, ptose – pálpebra caída – e edema bipalpebral, náuseas e vômitos. Fáceis latrodectísmica – contratura facial e trismo dos masseteres; !!! Tratamento - O soro antilatrodectus (SALATR) é indicado nos casos graves, na dose de uma para duas ampolas por via intramuscular, a melhora do paciente ocorre de 30 min a 3 h após a soroterapia; - Além disso, faz-se o tratamento sintomático, com analgésicos, principalmente. Himenópteros - Pertencem à ordem Hymenoptera, os únicos insetos que possuem ferrões verdadeiros, existindo três famílias de importância médica: Apidae – abelhas e mamangavas – Vespidae – vespa amarela, vespão e maribondo ou caba – e Formicidae – formigas; → Abelhas - As reações desencadeadas pela picada de abelha variam de acordo com o local e o número de ferroadas, além das características e o passado alérgico do indivíduo atingido; !!! Manifestações - Vermelhidão, prurido e edema por várias horas ou dias; - Edema flogístico – inflamatório – evoluindo para endurecimento local, que aumenta nas 24-48 horas, diminuindo gradativamente nos dias subsequentes. Eles podem ser tão exuberantes a ponto de limitar a mobilidade do membro; - Menos de 10% evoluem para ações sistêmicas; !!! Manifestações Alérgicas - A anafilaxia após 2-3 min da picada é a principal manifestação sistêmica; - O paciente pode apresentar diversos sinais e sintomas, como a cefaléia, vertigens e calafrios – ligadas a hipotensão – agitação psicomotora, sensação de operação torácica, dispneia, rouquidão, estridor e respiração asmatiforme, broncoespasmo – muito relacionada ao edema das vias superiores – edema dos lábios, língua, úvula e epiglote, além de disfagia; - A hipotensão é um sinal maior, que vai indicar casos mais graves. Ela manifesta-se por tontura ou insuficiência postural, podendo ir até um colapso vascular total. Além disso, podem ocorrer também palpitações e arritmias cardíacas; !!! Manifestações Tóxicas - Picadas múltiplas de abelhas geram a síndrome do envenenamento. Nesse quadro, além da anafilaxia, o acidentado vai apresentar hemólise intravascular + rabdomiólise – lesão na musculatura – torpor – estado alterado de consciência que pode significar entorpecimento, preguiça, moleza ou indolência – e coma, hipotensão arterial, oligúria e insuficiência renal aguda; !!! Remoção do Ferrão - Nos casos de acidentes causados por enxame, a retirada dos carrões da pele deverá ser feita por raspagem – para evitar que o veneno seja acidentalmente inoculado; !!! Tratamento - Para as manifestações locais pode-se utilizar analgésicos; - Em casos de reação alérgica pode-se utilizar adrenalina 0,5 mL, anti-histamínicos, corticoides, broncodilatadores e realizar o manejo de vias aéreas; → Vespas - A composição de seu veneno é pouco conhecida; - Seus principais alérgenos apresentam reações cruzadas com os das abelhas e também produzem fenômenos de hipersensibilidade; - Ao contrário das abelhas, as vespas não deixam o ferrão no local da picada; - Os efeitos locais e sistêmicos do veneno são semelhantes aos das abelhas, porém menos intensos. Para tratamento, pode-se necessitar de esquemas terapêuticos idênticos aos das abelhas; → Formigas - De interesse médico tem-se as formigas da subfamília Myrmicinae, com as formigas-de- fogo ou lava-pés – gênero Solenopsis – e as formigas saúvas – gênero Atta; - As formigas vão produzir lesões em forma de pápula urticariformes de 0,5 a 1 cm, no local da picada, a dor é um sintoma importante, principalmente em picadas das formigas-de-fogo, além disso, observa-se os outros sinais da inflamação no local, sendo que ele se torna pruriginoso; - Para alívio dos sinais e sintomas, pode-se utilizar compressas frias, corticoide local, anti- histamínicos, por via oral, e analgésicos.
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