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Anne Karolyne Morato – P4 Tutoria Citar as principais espécies/ gêneros dos animais peçonhentos: Serpente: → Existem 4 gêneros principais de importância médica na América Latina: Bothrops (jararaca) 90% dos casos; Crotalus (cascavel) 8% dos casos; Lachesis (surucucu) 1,5% dos casos; Micrurus (cobra coral) 0,5% dos casos. Aracnídeo: → No Brasil existem 3 gêneros de interesse médico: Phoneutria (armadeira); • Acidentes que ocorrem em áreas urbanas, domicílios e peridomicílios. Loxosceles (aranha-marrom); • São as aranhas responsáveis pelos acidentes mais frequentes no Sul do Brasil. Latrodectos (viúva-negra). • No Brasil são mais encontradas em áreas peridomiciliares, jardins, parques, gramados, sob pedras, madeiras, nas cascas de cocos, e no interior das residências em frestas e ambientes escuros. Escorpião: → No Brasil, o gênero de importância médica é o Tityus, que possui 3 espécies diferentes: T. serrulatus (acidentes mais graves); T. bahiensis; T. stigmurus. Água-viva: → O Filo Coelenterata é composto por animais simples, de estrutura radial, apresentando tentáculos que se inserem em volta da cavidade oral. Esses tentáculos capturam presas e apresentam células portadores de um minúsculo corpo oval chamado nematocisto, capaz de injetar veneno por um microaguilhão que dispara quando a células é tocada. Compreende 3 classes: Anthozoa (anêmonas e corais); Hydrozoa (caravelas); Scyphozoa (medusas, “águas-vivas”). Abelha: → Pertencem a ordem Hymenoptera os únicos insetos que possuem ferroes verdadeiros, existindo 3 famílias de importância médica: Apidae (abelhas e mamangavas); Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo ou caba); Formicidae (formigas). Anne Karolyne Morato – P4 Descrever o quadro clinico, diagnostico e tratamento dos acidentes com animais peçonhentos: Serpente: BOTHROPS (JARARACA); ACIDENTE BOTRÓPICO: → Prognóstico: letalidade de 0,3%. → Ações fisiopatológicas para o veneno: 1 Ação proteolítica: Ação decorrente da atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da liberação de mediadores do processo inflamatório, da ação das hemorraginas sobre o endotélio vascular e da ação précoagulante do veneno. 2 Ação coagulante: semelhante a trombina converte o fibrinogênio em fibrina com formação de trombos. Ativa também o fator X e a protrombina produzindo frequentemente incoagulabilidade sanguínea. 3 Ação hemorrágica: as hemorraginas, atuam lesando a membrana basal e destruindo o endotélio capilar, associada a alterações de coagulação e plaquetopenia. → Quadro clinico: Manifestações locais: • Presença (ou não) de ferimento punctiforme, dor de intensidade variável, edema precoce e progressivo, alcançando todo o membro afetado. Em poucas horas podem ocorrer bolhas, equimoses, necrose e linfadenopatia ganglionar. Manifestações sistêmicas: • Pode ocorrer gengivorragia, epistaxes, hematúria, hematêmese e sangramentos em ferimentos pré-existentes. Complicações: • Infecção local, abscesso e necrose, síndrome compartimental, déficit funcional, choque de instalação precoce nos casos graves, insuficiência renal aguda. • Óbito devido a hemorragias, digestiva e do SNC. → Diagnóstico (laboratorial): O tempo de coagulação (TC) pode estar prolongado ou incoagulável (>30 min), importante para diagnostico e controle da soroterapia; Níveis de protrombina e formação de trombina fisiológica intravascular; Hemograma: anemia discreta, leucocitose com neutrofilia, desvio a esquerda e plaquetopenia; Sumario de urina: proteinúria, hematúria, leucocitúria. Anne Karolyne Morato – P4 → Tratamento: Geral: • Manter o paciente em repouso com o membro elevado; • Não garrotear ou fazer incisões no local da picada; • Lavar com água e sabão; • Hidratação e monitorização dos sinais vitais e volume urinário; • Uso de analgésicos; antibióticos, quando houver infecção; • Fasciotomia precoce, se houver síndrome compartimental; • Drenagem de abcessos, debridamento e cirurgia quando necessário; • Profilaxia do tétano. Específico: • Soro antibotrópico: − Caso leve = 4 ampolas; − Caso moderado = 8 ampolas; − Caso grave = 12 ampolas; • Pode ser utilizado o soro antibotrópico-crotálico ou antibotrópico laquético se não houver o soro especifico. • Complementar a soroterapia com mais 4 ampolas, se não houver reversão dos sintomas e normalização do TC, 12 horas após a soroterapia. LACHESIS (SURUCUCU); ACIDENTE LAQUÉTICO: 1 Ação proteolítica: proteases que causam necrose células com destruição de tecidos e lesão do endotélio vascular, dá origem a endovascularite necrotizante. 2 Ação hemorrágica: a presença de hemorraginas produziu intensa ação hemorrágica. 3 Ação coagulante: caracterização parcial do veneno com atividade tipo trombina. 4 Ação neurotóxica: não foi isolada nenhuma fração especifica para esta atividade. → Quadro clinico: Manifestações locais: • Dor e edema progressivos que ocorrem 1 ou 2 horas após o acidente. Equimose extensa, flictenas de conteúdo seroso ou serosanguinolento, nas primeiras 5 horas. Enfartamento ganglionar. Manifestações sistêmicas: • Semelhantes ao do veneno botrópico, porém algumas manifestações neurotóxicas por excitação vagal como bradicardia, hipotensão, vômitos, cólicas A síndrome compartimental diz respeito ao aumento da pressão intersticial sobre a pressão de perfusão capilar dentro de um compartimento osteofascial fechado, podendo comprometer vasos, músculos e terminações nervosas provocando lesão tecidual. Anne Karolyne Morato – P4 abdominais e diarreia, auxiliam no diagnóstico diferencial pois são muito raramente registradas nos envenenamentos por outras serpentes. • Síndrome cardiocirculatória ocorre cerca de 15 minutos após a picada. Mais frequentes: • do TC ou incoagulabilidade sanguínea pelo consumo de protrombina e fibrinogênio. Leucocitose, hemoconcentração, de hematócrito e hemoglobina, dos níveis de creatino-quinase, de transaminase. Menos frequentes: • Sangramento em ferimentos antigos, gengivorragia, epistaxes, hemoptise, hematúria, oliguria e anúria e enterroragia. • Taquipneia, taquicardia, sudorese, cefaleia, tonturas, visão turva, agitação e ansiedade e torpor, ocorrem nos casos mais graves. Complicações: • Necrose, infecção secundaria, abcesso e síndrome compartimental com sequelas, déficit funcional, amputações, insuficiência renal aguda e choque. → Diagnóstico (laboratorial): Tempo de coagulação prolongado; Hemograma; glicemia; ureia; creatinina e eletrólitos. → Tratamento: Geral: • Antissepsia local, repouso com membro picado elevado, analgésicos, hidratação e antibioticoterapia quando houver infecção. Especifico: • Soro antibotrópico-laquético por via endovenosa, diluído, precedido de medicações para profilaxia de reações anafilactóides. − Caso moderado = 10 ampolas; − Caso grave = 20 ampolas. • O soro antibotrópico tem sido utilizado nestes acidentes, porém tem se mostrado ineficaz, sem regressão das manifestações clinicas. Pode ser usado o Sulfato de Atropina para bradicardia, até normalizar a PA, antiespasmódicos para alivio das cólicas intestinais e transfusões, se necessário. Complicações: • Debridamento de áreas necrosadas, drenagem de abcesso; fasciotomia na síndrome compartimental; cirurgias reparadoras. Anne Karolyne Morato – P4 CROTALUS (CASCAVEL); ACIDENTE CROTÁLICO: → Prognóstico: letalidade de 72%. → Ações do veneno: 1 Ação neurotóxica: a principal fração é a crotoxina, responsável pela alta toxicidade.Tem ação pré-sináptica e atua nas terminações nervosas motoras inibe a liberação de acetilcolina, fator responsável pelo bloqueio neuromuscular e pelas paralisias motoras. 2 Ação miotóxica: a local é provocada pela crotamina e pela crotoxina. Ainda não foi identificada a fração responsável pela sistêmica. O veneno produz lesões de fibras musculares esqueléticas liberando enzimas e mioglobina, que excretada pela urina, foi anteriormente interpretado como ação hemolítica. 3 Ação coagulante: a atividade tipo trombina provoca incoagulabilidade sanguínea, em alguns casos pela conversão do fibrinogênio em fibrina, sem redução no número de plaquetas. → Quadro clinico: Manifestações locais: • Pouco significativas. • Não há dor, pode ocorrer parestesia, eritema e edema discreto. Manifestações sistêmicas: • Mal-estar, náuseas, vômitos, sudorese, prostação, sonolência. • Neurológicas – ptose palpebral, fáceis miastênicas, oftalmoplegia, midríase, visão turva, diplopia. • Dores musculares generalizadas. Menos frequentes: • Paralisia velopalatina com dificuldade de deglutição, alterações do olfato e paladar. • Insuficiência respiratória aguda. Complicações: • Insuficiência renal aguda. • Ocorre oligúria com urina escurecida e anúria podendo ocorrer nas primeiras 48h, necrose tubular aguda. • A excreção da mioglobina associada a hipovolemia, urina ácida e ação nefrotóxica direta do veneno, são responsáveis pelas lesões renais. → Diagnóstico (laboratorial): Sangue: de ureia, creatinina, acido úrico, fosforo e potássio, do cálcio quando há oligúria ou anúria. Valores séricos de creatino- quinase, desidrogenase lática, TGO, TGP e aldolase. Anne Karolyne Morato – P4 Tempo de coagulação prolongado, principalmente nos casos graves. Leucocitose, com neutrofilia e desvio a esquerda, podendo ocorrer granulações tóxicas. Urina: presença de mioglobina, podendo ocorrer proteinúria discreta. Biópsia muscular: comprova a atividade miotóxica sistêmica do veneno crotálico. → Tratamento: Geral: • Hidratação adequada, utilizando, se necessário, o soro glico- fisiologico e diuréticos para prevenção de IRA, mantendo o fluxo urinário. • Utilização de Manitol afim de provocar diurese osmótica e alcalinização. • Bicarbonato de sódio controlando a gasometria sanguínea para manter a urina alcalina, pH de 6,5. Especifico: • A evolução do paciente esta diretamente correlacionada com a soroterapia precoce com o soro anticrotálico ou antibotrópico- crotálico. − Caso leve = 5 ampolas; − Caso moderado = 10 ampolas; − Caso grave = 20 ampolas. MICRURUS (COBRA CORAL); ACIDENTE ELAPÍDICO: → Prognostico: favorável quando o paciente é precoce a adequadamente tratado. Os acidentes são raros. → Ações do veneno: São as neurotoxinas que atuam ao nível da junção neuromuscular. Na maioria das espécies brasileiras tem ação pós-sináptica, porém em algumas espécies a ação é pré- sináptica. Devido ao baixo peso molecular, as neurotoxinas são absorvidas rapidamente para a circulação sistêmica e tecidos ocasionando a precocidade dos sintomas. As neurotoxinas ligam-se aos sítios receptores de acetilcolina na placa motora terminal produzindo paralisia muscular com efeitos semelhantes aos do curare e na miastenia gravis. Em algumas espécies que tem a ação pré-sináptica, ocorre o bloqueio da liberação de acetilcolina pelos impulsos nervosos. A neurotoxidade é exclusivamente periférica. Anne Karolyne Morato – P4 → Quadro clinico: Manifestações locais: • Podem ou não ocorrer lesões pelos dentes das serpentes, dor local, edema e parestesia. Manifestações gerais: • Ptose palpebral bilateral oftalmoplegia, diplopia e deambulação, e paralisia dos membros. • Associadas a estas manifestações podem ocorrer paralisia da musculatura velopalatina, mastigação e deglutição e vômitos. Casos graves: • Pode ocorrer paralisia da musculatura torácica havendo evolução para insuficiência respiratória, apneia e óbito. → Diagnóstico: Não há exames específicos. → Tratamento: Geral: • Manter o paciente adequadamente ventilado. • Usar anticolinesterasicos nos acidentes cujo veneno tenha ação pré-sináptica para reversão da sintomatologia respiratória. • Utilizar neotigmina como teste de resposta aos anticolinesterasicos e/ou como terapêutica. Especifico: • 10 ampolas do soro antielapídico- SAEL (neutralizam 150 mg do veneno), por via intravenosa, diluídas em soro glicosado a 5% ou fisiológico. Soroterapia: • A soroterapia é o único tratamento eficaz nos envenenamentos por serpentes peçonhentas. • O soro deve ser aplicado por via intravenosa diluído em 100 ml de soro glicosado a 5% ou fisiológico 0,9%, durante 15 a 30 minutos em dose única. • A necessidade da administração de doses adicionais às recomendadas inicialmente deve ser avaliada de acordo com o quadro clínico e pelo Tempo de Coagulação (TC). Aracnídeo: ACIDENTE POR PHONEUTRIA: → Armadeira ou aranhas das bananeiras. → Ações do veneno: O veneno atua sobre os canais de sódio, induzindo a despolarização das fibras musculares e das terminações nervosas sensitivas, motoras e do SN autônomo. A liberação de neurotransmissores do SN autônomo, principalmente catecolaminas (dopamina, adrenalina e norepinefrina) e acetilcolina, originam as manifestações sistêmicas nos casos mais graves. Anne Karolyne Morato – P4 → Quadro clinico: Manifestação local: • Dor de intensidade variável que pode irradiar-se ate a raiz do membro, edema, eritema, parestesia, sudorese local e marcas de dois pontos de inoculação do veneno. Manifestações sistêmicas: • Taquicardia, hipertensão, sudorese, agitação psicomotora, visão turva, sialorreia, vômitos, dor abdominal e priapismo. Complicações: • Vômitos profusos, bradicardia, hipotensão, insuficiência cardíaca, arritmias, choque, dispneia, convulsões, coma e edema pulmonar agudo. → Diagnóstico (exames complementares): Em acidentes graves com crianças pode ocorrer leucócitose com neutrofilia, hiperglicemia, acidose metabólica e taquicardia sinusal. → Tratamento: Imersão em água morna do local picado ou uso de compressas; Infiltração local ou troncular com lidocaína a 2% sem vasoconstrictor; Antieméticos, dipirona e meperidina para dor intensa; Nos casos graves é necessário internamento em UTI para crianças. Soro antiaracnídico: • Caso moderado = 2 a 4 ampolas; • Caso grave = 5 a 10 ampolas. ACIDENTE POR LATRODECTOS: → Viúva-negra, flamenguinha. → Ações do veneno: O veneno é uma neurotoxina com ação difusa sobre o SNC. Seus principais componentes químicos são proteínas e enzimas proteolíticas. A alpha-latrotoxina, fração potencialmente letal é o principal componente toxico da peçonha da Latrodectus. Sua atuação sobre terminações nervosas sensitivas e no local da picada, provoca quadro doloroso. Além disso, apresenta atividade no SN autônomo, levando a liberação de neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos. Os mecanismos de ação sobre a junção neuromuscular ocorrem por uma alteração pré-sináptica na permeabilidade dos íons sódio e potássio consequente a ação direta do veneno dando origem ao quadro clinico característico: Síndrome do Latrodectismo. → Quadro clinico: Manifestações locais: • Dor fina, aguda, tipo alfinetada, de intensidade variável que reaparece em 10 a 15 minutos após a picada, com sensação de queimadura alcançando maior intensidade em 1 a 3 horas, podendo persistir até 48h. Anne Karolyne Morato – P4 • Pequena área eritematosa com edema e hiperestesia, sudorese, dentre outros. Manifestações sistêmicas:• Dores musculares e caibras. • Fasciculações musculares, rigidez generalizada, priapismo, dor migratória para membros, dorso e abdômen intensificada, taquicardia ou bradicardia, cefaleia e tontura, ansiedade, dificuldade de deambulação, sudorese profusa, opressão precordial. → Diagnóstico (exames complementares): ECG: arritmias, bloqueios, fibrilação. Urina: Albuminuria, hematúria, leucocituria, cilindruria, glicosuria. Sangue: hemoconcentração, leucocitose (neutrófilos), hiperglicemia, hiperfosfatemia, hiponatremia. → Tratamento: Sintomático: • Antissepsia local; • Gelo e água morna no local, alternadamente; • Benzodiazepínicos; • Gluconato de cálcio; • Analgésicos; • Prostigme, clorpromazina; • Fenibarbital; • Observação mínima = 4h. Especifico: • Soro anti-latrodético – 1 a 2 ampolas, repetir após 4h se necessário. ACIDENTE POR LOXOSCELES: → Aranha-marrom. → Ações do veneno: O principal componente do veneno é a enzima esfingomielinase D que atua sobre as constituintes das membranas das células do endotélio vascular e hemácias, são descritas 3 ações: proteolítica, hemolítica e coagulante. → Quadro clinico: Apresenta-se por 2 aspectos: forma cutânea e forma cutânea-visceral. Forma cutânea: • Ocorre em + de 95% dos casos. • Dor, edema e eritema locais. • A dor se intensifica nas primeiras 12 a 36 horas e é comparada a queimadura de cigarro. • Podem surgir áreas hemorrágicas mescladas com áreas de isquemia, placa marmórea e necrose seca, após 7 a 12 dias evoluindo para ulcera de difícil cicatrização em 3 a 4 semanas. • Pode ocorrer hipertermia, cefaleia, astenia e exantema. Forma cutânea-visceral: • Anemia, icterícia e hemoglobinúria decorrentes da hemólise intravascular podem ocorrer nas primeiras 24 horas. • Há registros de coagulação intravascular disseminada e ocorrência de petéquias e equimoses. Anne Karolyne Morato – P4 Complicações locais: • Infecção secundaria, perda tecidual e cicatrizes extensas. Complicações sistêmicas: • Insuficiência renal aguda. → Diagnóstico: Não são específicos. → Tratamento: Compressas frias e limpeza da ferida frequentemente; Antissépticos; Analgésicos; Anti-histamínicos; Corticosteroides; Antibióticos; Remoção de escaras 1 semana após o acidente; Cirurgia reparadora. Soro anti-aracnídico: • Caso moderado = 5 ampolas; • Caso grave = 10 ampolas. Escorpião: → Prognóstico: bom nos casos leves e moderados. As complicações e óbitos ocorrem nas primeiras 24 horas. → Ações do veneno: A toxina escorpiônica provoca efeitos complexos nos canais de sódio produzindo despolarização das terminações nervosas pós- ganglionares do SN simpático e parassimpático com liberação de catecolaminas e acetilcolina que ocasionam o aparecimento das manifestações orgânicas. → Quadro clinico: Manifestações locais: • Dor com ou sem parestesia. A dor pode ser leve ou intensa com irradiação até a raiz do membro picado, dor inicialmente leve e pode torna-se intensa e até insuportável dentro de poucas horas. Os pontos de picada podem ou não serem visualizados e a hiperemia e o edema ocorrendo, são discretas. Manifestações gerais: • Sudorese abundante acompanhada na maioria das vezes de hipotermia, sialorreia, rinorreia e lacrimejamento. • Náuseas e vômitos são frequentes e estão relacionados com a gravidade do quadro. Podem ocorrer cólicas e diarreia • As convulsões representam mau prognóstico. • Quadros graves e os óbitos estão associados a crianças com acidente pelo Tityus serrulatus. Interferem ainda na gravidade o tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a sensibilidade individual e a massa corpórea. → Diagnóstico (exames complementares): Eletrocardiograma; Proteinúria, glicosuria e cetonuria. Raio X, nos casos graves evidencia aumento da área cardíaca e edema agudo. Anne Karolyne Morato – P4 → Tratamento: Local: • Infiltração de lidocaína a 2% sem vasoconstrictor, podendo ser repetida ate 3 vezes com intervalos de 60 minutos. Sintomático: • Hidratação parenteral, metoclopramida para os vômitos. Especifico: • Numero de ampolas do soro, antiescorpiônico ou antiaracnídico, varia de acordo com a gravidade do caso e com a espécie do escorpião. Tityus stigmurus, T. brasilae, T. matogrossensis, e outros: • Quase sempre casos leves, sem necessidade de soroterapia • Sem sintomas ou dor local leve: observação de 6 a 12 h. • Dor local moderada ou intensa: bloqueio com lidocaína sem vasoconstrictor - até 3 vezes. • Manifestações sistêmicas e/ou dor persistente: Soroterapia com Soro antiescorpiônico (SAES) ou Antiaracnídico (SAAR) 2, 4 ou 6 ampolas. Tityus serrulatus: • Crianças até 7 anos: Mesmo sem sintomas = soroterapia com SAES ou SAAR – 2 ampolas. Manifestações locais ou sistêmicas = soroterapia com SAES ou SAAR – 4 ou 6 ampolas. • Crianças + de 7 anos e adultos: Sem sintomas ou dor local leve = observação de 6 a 12 h. Dor local moderada ou intensa = bloqueio com lidocaína sem vasoconstrictor – até 3 vezes. Manifestações sistêmicas e/ou dor persistente = soroterapia com SAES ou SAAR – 4 ou 6 ampolas. Água-viva (medusas): → Ações do veneno: É uma mistura de vários polipeptídeos que tem ações tóxicas e enzimáticas na pele humana podendo provocar inflamação extensa e até necrose. A neurotoxicidade provoca efeitos sistêmicos, desorganiza a atividade condutora cardíaca levando a arritmias sérias, altera o tônus vascular e pode levar à insuficiência respiratória por congestão pulmonar → Quadro clinico: Manifestações locais: • Ardência e dor intensa no local, que pode durar de 30min a 24h. • Placas e pápulas urticariformes lineares, podendo dar lugar as bolhas e necrose em 24h. • Neste ponto as lesões urticariformes dos acidentes leves regridem, deixando lesões eritematosas lineares, que podem persistir no local por meses. Anne Karolyne Morato – P4 Manifestações graves: • Cefaleia, mal-estar, náuseas, vômitos, espasmos musculares, febre, arritmias cardíacas. • A gravidade depende da extensão da área comprometida. • O óbito pode ocorrer por efeito do envenenamento (insuficiência respiratória e choque) ou por anafilaxia. → Diagnóstico: Clinico. → Tratamento: Fase 1 = repouso do segmento afetado. Fase 2 = retirada de tentáculos aderidos: a descarga de nematocistos é contínua e a manipulação errônea aumenta o grau de envenenamento. Não usar água doce para lavar o local ou esfregar panos secos. Os tentáculos devem ser retirados suavemente levantando-os com a mão enluvada, pinça ou bordo de faca. O local deve ser lavado com água do mar. Fase 3 = inativação do veneno: o uso de ácido acético a 5% (vinagrecomum), aplicado no local, por no mínimo 30 minutos inativa o veneno local. Fase 4 = - retirada denematocistos remanescentes: deve-se aplicar uma pasta de bicarbonato de sódio, talco e água do mar no local, esperar secar e retirar. Fase 5 = bolsa de gelo ou compressas de água do mar fria por 5 a 10 minutos e corticóides tópicos 2x ao dia aliviam os sintomas locais. A dor deve ser tratada com analgésicos. Abelha: → Ações do veneno: O veneno das abelhas é uma mistura complexa de substâncias químicas com atividades tóxicas como: enzimas hialuronidases e fosfolipases, peptídeos ativos como melitina e a apamina, aminas como histamina e serotonina entre outras. → Quadro clinico: Podem ser alérgicas (mesmo com 1 picada) e tóxicas (múltiplas picadas). Após uma ferroada, há dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, prurido e edema por várias horas oudias. O edema flogístico evolui para enduração local que aumenta de tamanho nas primeiras 24-48 horas, diminuindo gradativamente nos dias subsequentes. Menos de 10% dos indivíduos que experimentaram grandes reações localizadas apresentarão as reações sistêmicas de anafilaxia, com sintomas de início rápido, onde podem estar presentes sintomas gerais como Anne Karolyne Morato – P4 cefaléia, vertigens, calafrios, agitação psicomotora, sensação de opressão torácica, entre outros, e sintomas localizados em aparelhos e sistemas. • Pele; • Vias respiratórias; • Via digestiva. Nos acidentes provocados por ataque múltiplo de abelhas desenvolve-se um quadro tóxico generalizadodenominado de Síndrome de Envenenamento, por causa da quantidade de veneno inoculada. Há dados indicativos de hemólise intravascular e rabdomiólise. Alterações neurológicas como torpor e coma, hipotensão arterial, oligúria/anúria e insuficiência renal aguda podem ocorrer. Distúrbios graves hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácido-básico, anemia aguda pela hemólise, depressão respiratória e insuficiência renal aguda são as complicações mais relatadas. → Diagnóstico: Não há exames específicos. A gravidade dos pacientes deverá orientar os exames complementares, como, a determinação dos níveis séricos de enzimas de origem muscular, como a CK, LDH, aldolases, ALT e AST e as dosagens de hemoglobina e bilirrubinas. → Tratamento: Nos acidentes causados por enxame, a retirada dos ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâmina e não pelo pinçamento de cada um deles, pois a compressão poderá comprimir a glândula ligada ao ferrão e inocular no paciente o veneno ainda existente. O tratamento de escolha para as reações anafiláticas é o uso por via subcutânea de solução aquosa de adrenalina. Os glicocorticoides e anti-histamínicos não controlam as reações graves (urticária gigante, edema de glote, broncoespasmo e choque), mas podem reduzir a duração e intensidade dessas manifestações. Para o alívio de reações alérgicas tegumentares, indica-se uso tópico de corticoides e uso de anti- histamínicos. Manifestações respiratórias as matiformes podem ser controladas com oxigênio nasal, inalações e broncodilatadores. Manutenção das condições do equilíbrio acidobásico, assistência respiratória, balanço hidroeletrolítico e a diurese. O choque anafilático, a insuficiência respiratória e a insuficiência renal aguda devem ser abordados de maneira rápida e vigorosa. Métodos dialíticos e de plasmaferese devem ser instituídos, se necessário, em casos de Síndrome de Envenenamento. . Pacientes vítimas de enxames devem ser mantidos em UTI, em razão da alta mortalidade observada. Anne Karolyne Morato – P4 Entender o protocolo de acidentes com animais peçonhentos: Primeiros socorros: → Orientação geral para os acidentes ofídicos, que devem ser divulgados à população, principalmente no meio rural: Lavar o local da picada com bastante água limpa e sabão; Manter o acidentado calmo, em repouso absoluto, elevando a parte afetada; Transportá-lo para a Unidade de Saúde mais próxima com extrema urgência, levando, se possível, o animal agressor para auxiliar na identificação e diagnóstico. → A utilização do soro específico poderá ser o único tratamento eficaz nos acidentes por animais peçonhentos. → Os soros antipeçonhentos são distribuídos pelo Ministério e pelas Secretarias de Saúde. Estão disponíveis em todos os hospitais públicos de emergência, e são de uso gratuito. Medidas erradas têm sido recomendadas no tratamento dos acidentes causados por animais. Geralmente estas medidas não ajudam no tratamento, e podem agravar o caso. → Recomendações: Não amarre, não fure, não corte e não sugue o local da picada. Não coloque sobre o local da picada alho, café, fumo, esterco, castanha, pimenta, etc.; Não tome ou dê bebida alcoólica, querosene, óleo diesel, chá ou “remédios milagrosos”. Observação: A vítima pode beber água à vontade. Medidas preventivas: 1. Usar botas de cano alto no trabalho. 2. Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem. Não colocar as mãos em buracos na terra, ocos de árvore, cupinzeiros. 3. Examinar calçados antes de usar, pois serpentes podem refugiar-se dentro dos mesmos. 4. Limpar as proximidades das casas, evitando folhagens densas, tijolos, pedras, etc. 5. Vedar frestas, buracos em paredes e assoalhos. 6. Preservar inimigos naturais (raposa, gambá, gaviões e corujas), criar aves domésticas, que se alimentam de serpentes. 7. Evitar a presença de roedores, alimento preferido das serpentes.
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