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PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Professor: KITA MACIEL Gurupi-TO Abril de 2013 CONCEITO: - As penas restritivas de direitos são também chamadas de “penas alternativas”, pois têm o propósito de evitar a desnecessária imposição da pena privativa de liberdade nas situações expressamente indicadas em lei, relativas a indivíduos dotados de condições pessoais favoráveis e envolvidos na prática de infrações penais de reduzida gravidade. Busca-se a fuga da pena privativa de liberdade, reservada exclusivamente para situações excepcionais, aplicando-se em seu lugar a restrição de um ou mais direitos do condenado. ESPÉCIES: - Segundo o art. 43 do Código Penal as penas restritivas de direitos são: I – prestação pecuniária; II – perda de bens e valores; III – (Vetado) ; IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V – interdição temporária de direitos; VI – limitação de fim de semana. - Esse rol é exaustivo. Portanto, não pode o Magistrado, no caso concreto, criar outra espécie de pena alternativa. NATUREZA JURÍDICA: - As penas restritivas de direitos são, efetivamente, penas, independentemente da ausência de privação da liberdade. - Possuem duas características marcantes, indicadas pelos arts. 44 e 54 do Código Penal: substitutividade e autonomia. - São substitutivas porque resultam do procedimento judicial que, depois de aplicar uma pena privativa de liberdade, efetua a sua substituição por uma ou mais penas restritivas de direitos, desde que presentes os requisitos legais. - São dotadas de autonomia, isto é, uma vez substituídas, não podem ser cumuladas com a pena privativa de liberdade. O magistrado deve aplicar isoladamente uma pena privativa de liberdade para, em seguida, substituí-la por uma ou mais restritivas de direitos. Sendo vedado somá-las. DURAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS: - Dispõe o art. 55 do Código Penal que as penas restritivas de direitos de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos, e limitação de fim de semana têm a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. REQUISITOS: - A substituição da pena privativa de liberdade está condicionada ao atendimento de diversos requisitos indicados pelo art. 44, I a III, do Código Penal, de duas ordens: objetivos e subjetivos. - Requisitos objetivos: a) natureza do crime: em se tratando de crime doloso, deve ter sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; no caso de infrações penais de menor potencial ofensivo é admissível a substituição; nos crimes culposos entende-se ser possível a substituição em todos eles, ainda que resulte violência. - b) quantidade da pena aplicada: - Preocupou-se o legislador com a pena efetivamente aplicada na situação concreta, independentemente daquela cominada em abstrato pelo preceito secundário do tipo penal. - Nos crime dolosos, desde que não tenham sido cometidos com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa, o limite é de 4 anos. - Em relação aos crimes culposos, é possível a substituição por pena restritiva de direitos, qualquer que seja a quantidade de pena privativa de liberdade imposta. - Requisitos subjetivos: - Referem-se à pessoa do condenado, seja ele nacional ou estrangeiro, residente no Brasil ou não. - a) Não ser reincidente em crime doloso: - A reincidência em crime culposo não é impeditiva da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. - E, mesmo para o reincidente em crime doloso, abre-se uma exceção. Com efeito, se o condenado for reincidente , o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. - b) Princípio da suficiência: - Como dispõe o art. 44, III, do Código Penal: “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstancias indicarem que essa substituição seja suficiente”. A pena restritiva de direitos precisa ser adequada e suficiente para atingir as finalidades da pena. CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS E PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS: - Em regra os requisitos legais impedem a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos no tocante aos crimes hediondos ou equiparados, pois a pena aplicada é superior a quatro anos, ou então os delitos são cometidos com emprego de violência à pessoa ou grave ameaça. - Além disso, a pena privativa de liberdade imposta a tais crimes deve ser cumprida em regime inicialmente fechado. - OBS.: No tráfico de drogas “privilegiado”, após a decisão do STF pela inconstitucionalidade das regras impeditivas da substituição da pena privativa de liberdade por ofensa ao princípio da individualização da pena nesses casos, admite- se a substituição se presentes os requisitos legais. MOMENTO DA SUSBTITUIÇÃO: O juiz substitui a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos na sentença condenatória. Depois de aplicar a pena adequada, com obediência ao critério trifásico, o magistrado estabelece o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, e, finalmente, decide sobre o cabimento de pena restritivas de direitos. REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO: - Na condenação igual ou inferior a 1 ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos. - Se a condenação for superior a 1 ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. RECONVERSÃO OBRIGATÓRIA DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS EM PRIVATIVA DE LIBERDADE: - Nos termos do art. 44, §4°, do CP: “A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão”. RECONVERSÃO FACULTATIVA DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS EM PRIVATIVA DE LIBERDADE: - Para o art. 44, §5º, do CP: “Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior”. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS EM ESPÉCIE: - Podem ser genéricas ou específicas. - Genéricas são as que substituem as penas privativas de liberdade em qualquer crime, desde que presentes os requisitos legais. Nessa relação se incluem a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, a proibição de frequentar determinados lugares e a limitação de fim de semana. - Específicas são as penas restritivas de direitos que substituem as privativas de liberdade aplicadas como decorrência da prática de crimes determinados. Cuidam-se das interdições temporárias de direitos, salvo nas modalidades proibição de frequentar determinados lugares e a proibição de inscrever- se em concurso, avaliação ou exame públicos.
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