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TEORIA GERAL DA PENA (continuação) Professor: KITA MACIEL Gurupi-TO Fevereiro de 2013 PROIBIÇÃO DA PROGRESSÃO “POR SALTOS” - O sistema progressivo acolhido pelo direito brasileiro é incompatível com a progressão “por saltos”, consistente na passagem direta do regime fechado para o aberto. Não se pode pular o estágio no regime semiaberto, em atenção à necessidade de recuperação gradativa do condenado para retorno à sociedade. No entanto, em situações excepcionais, poderá ser admitido o “salto” ao regime mais brando. É o que ocorre com um condenado em regime fechado que já tenha satisfeito os requisitos para a progressão ao semiaberto e neste não haja vagas. A ineficiência estatal não pode ser um óbice à progressão de regime. PROGRESSÃO E NOVA CONDENAÇÃO - A superveniência de condenação criminal impede a progressão de regime prisional, ainda que já deferida pelo juízo da execução, quando a nova pena tiver que ser cumprida em regime mais rigoroso. Exemplificativamente, se ao condenado já havia sido concedida a transferência para o regime semiaberto, mas surgiu nova pena a ser cumprida no regime fechado, estará inviabilizada a progressão. Conforme jurisprudência do STF: “A unificação de penas decorrente de condenação transitada em julgado, durante o cumprimento de reprimenda atinente a outro crime, altera a data-base para a obtenção de benefícios executórios e progressão de regime, a qual passa a ser contada a partir da soma da nova condenação e tem por parâmetro o restante da pena a ser cumprido”. PROGRESSÃO E PRÁTICA DE FALTA GRAVE - A contagem do tempo para progressão de regime prisional é zerada se o preso comete falta grave, ou seja, deve reiniciar-se novo prazo para a contagem do benefício da progressão do regime prisional, uma vez que exclui o mérito legalmente exigido para a passagem ao regime mais brando. Sendo que a contagem do novo período aquisitivo do requisito objetivo (quantidade da pena a ser cumprida) deverá iniciar-se na data do cometimento da última falta grave e incidir sobre o remanescente da pena, e não sobre a totalidade dela. REGRESSÃO DE REGIME - É a transferência do condenado para regime prisional mais severo do que aquele em que se encontra, quando (art. 118 da LEP): a) cometer crime doloso ou falta grave: em se tratando de delito culposo ou contravenção, a regressão ficará a critério do juízo da execução; e graves são as faltas relacionadas no art. 50 da LEP, dentre as quais destaca-se a fuga; b) sofrer condenação por crime anterior, cuja pena, somada àquela que está sendo executada, supere o teto permitido para aquele regime em que estiver o condenado (art. 111); c) o condenado frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta: frustrar os fins da execução ocorre quando o condenado assume uma conduta incompatível com o regime aberto; e no caso da multa tal hipótese foi revogada pela lei nº 9.268/96, que considerou a multa como dívida de valor para fins de cobrança, sem qualquer possibilidade de repercutir negativamente o seu não pagamento, no direito de liberdade do condenado; d) o condenado submetido à monitoração eletrônica deixar de adotar os cuidados necessários com o equipamento, bem como não observar os deveres que lhes são inerentes (art. 146-C, da LEP). REGRESSÃO “POR SALTOS” - É possível a regressão “por saltos”, isto é, a passagem direta do regime aberto para o fechado, uma vez que o art. 118, caput, da Lei de Execução Penal refere-se à “transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos”. Ressalte-se que o condenado que esteja cumprindo pena por crime punido com detenção, muito embora esta espécie não admita, como regra, a imposição de regime inicial fechado, poderá regredir a este regime. Assim não fosse, quem cumprisse pena de detenção, caso cometesse, por exemplo, falta grave em regime semiaberto, não sofreria qualquer penalidade, o que serviria até de estímulo ao cometimento de transgressões disciplinares. EXECUÇÃO PROVISÓRIA - É o instituto que permite ao condenado à pena privativa de liberdade e que se encontra preso cautelarmente pleitear a progressão de regime prisional e outros benefícios antes do trânsito em julgado da decisão judicial proferida em seu desfavor. - Essa situação é possível quando o réu, preso provisoriamente e condenado pelo juízo natural, aguarda o julgamento do recurso pelo tribunal competente. - A execução provisória tem como pressuposto inafastável o trânsito em julgado para a acusação em relação à pena aplicada. É cabível também quando a pena tiver sido fixada no patamar máximo legalmente previsto. - Nesses casos, a pena determinada na decisão contra a qual a defesa recorreu não poderá ser aumentada, seja em face da proibição da reformatio in pejus, seja pelo fato de já ter sido aplicada no limite máximo cominado em abstrato. Portanto, a situação do réu não poderá ser agravada no julgamento do recurso: será ele favorecido, ou, na pior das hipóteses, ficará como já estava na sua posição processual. - Competente para a execução provisória é o juízo da execução. Assim, após a condenação, e desde que presente o trânsito em julgado para a acusação, ou se a pena tiver sido fixada no máximo legal, o juiz da ação penal expede guia de recolhimento provisório, encaminhando-a à vara de execuções penais.
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