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Direito Penal Pena Privativa de Liberdade: Dosimetria Conceito: A atividade de aplicar a pena, exclusivamente judicial, consiste em fixa-la na sentença depois da realização das etapas do devido processo legal, em quantidade determinada e respeitando os requisitos legais, em desfavor do réu a quem foi imputada a autoria ou participação em infração penal. Pressuposto: ❖ Aplicação de pena tem como pressuposto a culpabilidade do agente, constituída por imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de Conduta diversa. Individualização da pena: A individualização da pena ocorre em momentos distintos: ❖ Fase da cominação: Quando o legislador estabelece as sanções abstratamente cabíveis para a inflação prevista; ❖ Fase da aplicação: De competência do julgador, quando aplica àquele que praticou um fato típico, ilícito e culpável, uma sanção penal (concreta), que seja suficiente e necessária para a reprovação e prevenção do crime. ❖ Fases de execução: De competência do juiz de execução penal. Estabelecendo progressão, regressão, liberdade condicional, entre outros benefícios ao apenado. Das elementares: ❖ Elementar é todo componente essencial da figura típica, sem o qual esta desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma (atipicidade relativa). Encontra-se sempre no chamado o tipo fundamental ou tipo básico, que é o caput do tipo incriminador. Ex.: Art. 121 CP (alguém) Das circunstancias: ❖ Circunstância é todo dado secundário e eventual agregado à figura típica, cuja a ausência não influi de forma alguma sobre a sua existência. Tem a função de agravar ou abrandar a sanção penal e situa-se nos parágrafos. Ex.: motivo torpe, relevante valor moral etc. ❖ Judiciais: São mencionadas no art. 59 CP e devem ser consideradas na fixação inicial da pena a ser imposta. Não estão elencadas na lei, sendo ficadas livremente pelo juiz, de acordo com os critérios fornecidos pelo art. 59 do CP. ❖ Legais: São as previstas pelo CP e legislação penal especial. São espécies as qualificadoras, as atenuantes e agravantes e as CAP e CDP. Circunstâncias legais genéricas: Quando previstas na parte geral do CP. Podem ser: ❖ Agravantes: Estão previstos nos arts. 61 e 62 do CP; ❖ Atenuantes: Estão previstas nos arts. 65 e 66 do CP. ❖ Causas de aumento e diminuição: Encontram-se nos arts. 14, parágrafo único, 28, parágrafo 2°, 70 e 71, parágrafo único, todos do CP. Circunstâncias legais especiais ou especificas: Estão previstas na parte especial do CP e podem ser: ❖ Qualificadoras: Não entram nas fases de fixação da pena. Ex.: Art. 155, parágrafo 4° do CP. ❖ Causas especificas ou especiais de aumento ou de diminuição de pena: São causas de aumento ou diminuição que dizem respeito a delitos específicos previstos na parte especial. Ex.: Art. 157, parágrafo 2°, incisos I ou II CP. Critério ou sistema de aplicação da pena: Critério Trifásico: Primeira fase Circunstâncias Judiciais – Art. 59 do CP Situações possíveis: ❖ Circunstâncias Judiciais são todas favoráveis ao agente, deve fixar a pena- base no mínimo legal. ❖ Circunstância judicial valorada desfavoravelmente ao condenado: Acréscimo de um quantum ao mínimo cominado do tipo penal, sem extrapolar, jamais, a pena máxima in abstrato. Observação: Culpabilidade ❖ É um exame de valoração, de graduação que deverá expressar o plus da conduta típica. ❖ O potencial conhecimento da ilicitude ❖ A exigibilidade de conduta diversa Não podem ser valoradas negativamente quando integrar: ❖ Definição típica ❖ Quando caracterizar circunstância agravante ❖ Causa especial de aumento de pena. ❖ As agravantes e atenuantes modificam a pena em quantidade não fixadas previamente, ficando o quantum do acréscimo ou da atenuação a critério de cada Juiz, de acordo com as peculiaridades do caso concreto (Por ex.: 1mês, 3 meses etc.) ❖ As causas de aumento e de diminuição previstas na parte geral são aquelas que modificam a pena em quantidades previamente fixadas em lei (por ex.: 1/3, metade, 2/3, etc.). 1° O Juiz fixa a pena de acordo com as circunstâncias judiciais 2° O Juiz leva em conta as circunstâncias agravantes e atenuantes legais; 3° O Juiz leva em conta as causas de aumento ou de diminuição de pena. Antecedentes ❖ Análise da vida pregressa do agente, sua vida “anteacta” ou passada. Podem ser bons ou maus. ❖ Sobre o conceito de maus antecedentes existem duas correntes. ❖ Se gera reincidência, não gera maus antecedentes, em razão do principio do “non bis in idem”. ❖ Se não gera reincidência, gera maus antecedentes. Observação: Conduta Social ❖ Destaca-se, para analise, três campos da vida: Familiar, laborativo e religioso. ❖ Analisar: O modo de agir do agente nas suas ocupações, sua cordialidade ou agressividade, egocentrismo ou prestatividade, rispidez ou finura de trato, seu estilo de vida honesto ou reprovável. ❖ É necessário que se ponderem as provas produzidas nos autos: a palavra das testemunhas que conviveram com réu (inclusive das abonatórias), eventuais declarações, atestados, abaixo-assinado, etc. ❖ Demostrar de um comportamento habitual. Personalidade ❖ Índole do agente, sua maneira de agir e de sentir, seu grau de senso moral, ou seja, a totalidade de trações emocionais e comportamentais do indivíduo. ❖ É necessário fundamento baseado no conjunto probatório. ❖ Elementos para valoração: Laudos psiquiátricos, informações trazidas pelos depoimentos testemunhais e, ainda, a própria experiencia do magistrado em seu contrato pessoal com o réu. Dos Motivos ❖ Constituem a fonte propulsora da vontade criminosa. Das circunstâncias ❖ Elementos do fato delitivo, acessórios ou acidentais, não definidos na lei penal. Das Consequências ❖ Avaliação do grau de intensidade da lesão jurídica causada á vítima ou a seus familiares. ❖ Consequências matérias, quando causar diminuição no patrimônio da vítima, sendo suscetível de avaliação econômica Do comportamento da vítima ❖ Circunstância trazida com a reforma da parte geral do código penal, em 1984. ❖ É preciso analisar em que medida a vítima, com a sua atuação, contribuiu para a ação delituosa. ❖ Muito embora o crime não possa de modo algum ser justificado, não há dúvida de que em alguns casos a vítima, com o seu agir, contribui ou facilita o agir criminoso. Segunda Fase Circunstancias legais – Arts. 61 e segs – Atenuantes e agravantes ❖ Circunstâncias agravantes: são somente aquelas previstas nos arts. 61 e 62 do Código Penal. ❖ Circunstâncias atenuantes: são aquelas previstas no art. 65 do mesmo diploma legal, havendo ainda no art. 66 do CP a previsão de uma atenuante genérica. Só gera maus antecedentes a sentença penal condenatória transitada em julgado, que não sirva mais para efeitos de reincidência (art. 63 do CP). Agravantes: Art. 61, CP I. Reincidentes ❖ Nos termos do art. 63 CP, considera-se reincidente aquele que comete novo crime depois do trânsito em julgado de sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Observações: II. O crime a) Motivo Fútil ou Torpe b) Finalidade de facilitar ou assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime. c) À traição, emboscada, dissimulação ou qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. d) Emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. e) Contra ascendente, descendente, cônjuge ou irmão. f) Com abuso deautoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da específica. g) Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão. h) Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida. i) Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade. j) Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido. l) Em estado de embriaguez Agravantes: Art. 62, CP (Concurso de pessoas) I. Promover ou organizar a cooperação no crime; II. Dirigir a atividade dos demais; III. Coagir ou induzir outrem à execução material do crime; IV. Instigar ou determinar a cometer crime alguém que esteja sob sua autoridade ou não seja punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; V. Executar o crime ou dele participar em razão de pagar ou promessa ou recompensa. Atenuantes Genéricas: I. Ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença; II. O desconhecimento da lei; III. Ter o agente: a. cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b. procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c. cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d. confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e. cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. ❖ Não se comunica aos corréus em caso de concurso de agentes (art. 30, CP). ❖ Após 5 anos do cumprimento da pena, não será mais considerado como reincidente. ❖ Não se considera crimes militares próprios e crimes políticos ❖ A condenação exclusiva em pena de multa não impede o reconhecimento da reincidência. Entretanto, pode-se conceder os sursis (art.77, II CP). Observação: Cálculo da Pena Primeira Fase (Art. 59, CP) 1° Pena máxima – Pena mínima Ex.: Pena de 2 a 8 anos 2° Análise das Circunstâncias (São 8 circunstancias) Ex.: - 4 desfavoráveis - 2 favoráveis Segunda Fase 1° Analise circunstâncias que agravam e atenuam a pena (1/6) Ex.: - 2 agravantes - 1 atenuante Terceira Fase 1° Causa de Aumento e Diminuição (A quantidade pela qual será dividida, estará expresso no código) Ex.: - 1 causa de aumento ½ - 1 causa de diminuição 1/6 Concurso de Crimes e Crime Continuado 72/8 = 9 meses (Por Circunstâncias) 4 x 12 = 36 meses 2 x 12 = 18 meses 36 – 18 = 18 meses 18 meses = 1 ano e 6 meses Pena Base: 2 (Pena mínima) + 1 ano e 5 meses = 3 anos e 6 meses (42 meses) STJ súmula 231: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir a redução da pena abaixo do mínimo legal”. 8 – 2 = 6 6 x 12 (72 meses) 42 meses / 6 = 7 meses (Valor de cada Agrav. E Aten.) 2 agravantes: 2 x 7 = 14 meses 42 + 14 = 56 meses 1 atenuante: 1 x 7 = 7 meses 56 – 7 = 49 meses 49/12 = 4,08 anos 0,8 x 30 = 24 dias Pena Base: 4 anos e 24 dias (49 meses) 1 causa de aumento: 49 meses / 2 = 24,5 49 + 24, 5 = 73,5 1 causa de diminuição: 73,5 / 6 = 12,25 73,5 – 12,25 = 61,25 61,25/12 = 5,10 anos 10 x 30 = 30 dias Pena Definitiva: 5 anos e 1 mês (61, 25 meses) Conceito: ❖ É a prática de várias infrações penais por um só agente ou por uma pluralidade de agentes atuando em conjunto. Previsão legal: ❖ Arts.69, 70 e 71 do CP. Concurso material (real), formal (ideal) e o crime continuado respectivamente. Concurso Material ou Real de Crimes (art.69 do CP): Art.69. Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de cumulação de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Requisitos: ❖ Mais de uma ação ou omissão; ❖ Prática de dois ou mais crimes. Consequências: ❖ Aplicação cumulativa das penas privativas de liberdade em que haja incorrido (cúmulo material). Momento: ❖ Momentos distintos; ❖ Em processos diferentes; ❖ Não há necessidade de conexão entre as diversas infrações penais. Concurso Material Homogêneo e Heterogêneo. ❖ Homogêneo: ocorre quando os crimes praticados forem idênticos. ❖ Heterogêneo: Ocorre quando os crimes praticados forem diversos. ❖ Obs.: Tal distinção não tem relevância prática. Hipóteses de Crimes: 1. Pena Privativa (Cabe SURSIS) + Restritiva de direito = Cumprir com a SURSIS + Restritiva de Direito 2. Pena Privativa (Não cabe SURSIS) + Restrita de Direito = Não cabe o cumprimento das penas restritivas em NENHUM dos casos. 3.Restritiva de Direito + Restritiva de Direito = Restritiva de Direito (Se compatíveis aplicam-se simultaneamente) Concurso Formal ou Ideal de Crimes (art.70 do CP): Art.70. Quando o agente mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante do disposto no artigo anterior. Observação: 1° Reclusão Bitencourt: “O concurso pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie, comissivos ou omissivos, dolosos ou culposos, consumados ou tentados, simples ou qualificados e ainda entre crimes e contravenções.” Lembre-se! Uma ação é composta de vários atos. Ex. uma rajada de metralhadora, embora consistente em uma única ação, está desdobrada em vários atos. 2° Detenção Requisitos: ❖ Uma só ação ou omissão; ❖ Prática de dois ou mais crimes. Consequências: ❖ Aplicação da mais graves das penas, aumentada de um sexto até metade; ❖ Aplicação de somente uma das penas, se iguais, aumentada de um sexto até metade; ❖ Aplicação cumulativa das penas, se a ação ou omissão é dolosa, e os crimes resultam de desígnios autônomos. Concurso Formal Homogêneo e Heterogêneo: ❖ Homogêneo: Se idênticas as infrações. ❖ Heterogêneo: Se diversas as infrações. ❖ Obs.: Diferente do “Concurso material”, aqui a distinção tem efeitos práticos diversos. Concurso Formal Próprio (Perfeito) e Impróprio (Imperfeito): A distinção varia de acordo com a existência do elemento subjetivo do agente ao iniciar a conduta: ❖ Concurso Próprio: - Conduta culposa em sua origem, resultados culposos. - Conduta dolosa, resultado aberrante culposo. - Consequência: Não importa se homogêneo ou heterogêneo, aplica-se o percentual de um sexto até metade. ❖ Concurso Impróprio: - Desígnios autônomos - Conduta dolosa, resultados dolosos. - Consequência: Cúmulo material. - Obs. O Brasil adota o sistema do cúmulo material (concurso material e concurso formal impróprio) mais um sistema da exasperação (concurso formal próprio e crime continuado). Concurso material benéfico: ❖ O parágrafo único do art.70 ressalvou que a pena não poderá exceder a que seria cabível pela regra do at.69 (cúmulo material). ❖ O concurso formal foi criado para beneficiar o agente, quando este vier a prejudicá-lo, deverá ser desprezado, aplicando-se a regra do cúmulo material. Crime Continuado (art.71 do CP): Art.71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesmaespécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso de um sexto a dois terços. Parágrafo Único: Nos crimes dolosos contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art.70 e do art.75 deste Código. Natureza Jurídica: Três teorias buscam explicar a natureza jurídica do crime continuado, a saber: ❖ Teoria da unidade real: entende que as várias condutas, que por si só, seriam várias infrações penais, e a soma das várias infrações penais seria um único crime. ❖ Teoria da ficção jurídica: entende que as várias ações analisadas isoladamente consistiriam em infrações penais e por ficção jurídica a soma das várias infrações penais seria um delito único. ❖ Teoria da unidade jurídica ou mista: entende que o crime continuado seria um terceiro crime, fruto do concurso de crimes. Requisitos ❖ Mais de uma ação ou omissão; ❖ Prática de dois ou mais crimes, da mesma espécie; ❖ Condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes; ❖ Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro. O que são crimes da mesma espécie? ❖ São aqueles delitos que fazem parte do mesmo tipo penal, não importa se simples, qualificado, privilegiado, tentado ou consumado (Maioria dos Tribunais Superiores). Condições de tempo, lugar, maneira de execução ou outras semelhantes: ❖ Condições de tempo: Até quanto tempo dois ou mais crimes praticados estariam em continuidade delitiva? Divergem a doutrina e a jurisprudência, porém o STF entendeu que deve observar-se o limite de trinta dias. OBS.: Não esquecer que deve haver uma relação de contexto entre os crimes! ❖ Condições de lugar: Também existe divergência. Discute-se sobre a possibilidade de se verificar a continuidade delitiva somente dentro de um bairro, de uma mesma cidade, de uma mesma comarca, de Estados diferentes. O STF entendeu que os crimes praticados em cidades diversas não afastam a continuidade delitiva, pois as cidades faziam parte de uma mesma região metropolitana (o extinto TACrim – SP, tinha entendimento contrário ao STF). ❖ Maneira de execução (modus operandi): Não é tão simples se verificar a mesma maneira de execução, pois muito embora o agente possa ter um padrão de comportamento, nem sempre o repetirá, o que não impedirá o reconhecimento da continuidade delitiva. ❖ Outras semelhantes: O legislador se utilizou da interpretação analógica, permitindo ao intérprete trazer outras condições semelhantes à enumeração casuística. Alberto Silva Franco traz com exemplos o aproveitamento das mesmas oportunidades para se realizar o delito e das mesmas relações. Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro: ❖ Os crimes posteriores devem ser entendidos como continuação do primeiro. Existem três teorias que explicam a configuração do crime continuado, a saber: ❖ Teoria Objetiva: ❖ Teoria Subjetiva: ❖ Teoria Objetiva-subjetiva: Observação: Consequências: Na hipótese de crime continuado simples, determina a lei que se aplica uma das penas, se idênticas, aumentada de um sexto a dois terços, ou a mais grave das penas se diversas, também aumentada de um sexto a dois terços. Na hipótese do crime continuado qualificado (parágrafo único do art.71), determina a lei que, após o juiz considerar a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, poderá aumentar a pena de um só dos crimes se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo. Concurso material benéfico: ❖ Se o juiz verificar, que ao levar a efeito os cálculos de aumento correspondentes ao crime continuado, isso será mais gravoso para o agente do que se houvesse o concurso material de crimes, deverá o juiz desprezar as regras do crime continuado e aplicar a do cúmulo material. ❖ Obs.1: A extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada crime isoladamente (art.119 do CP), em qualquer das espécies de concurso. ❖ Obs. 2: Quanto à sucessão de leis penais no tempo, o STF editou a súmula 711 que dispõe: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” Jurisprudência ❖ STF ❖ Súmula 497 Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação. ❖ Súmula 723 Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. ❖ Súmula 17 Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. ❖ STJ ❖ Súmula 243 O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. Não confundir habitualidade com continuidade. Ex. no caso do estelionatário que sobrevive de praticar golpes. Penas restritivas de direitos e pena Pecuniária Conceito: ❖ É a sanção imposta pelo Estado em substituição à pena privativa de liberdade consistente na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado. Finalidades: Evitar o encarceramento daquele que é condenado a uma pena de curta duração. (Art. 43 do CP). Requisitos para substituição - art.44 do CP Substituição em crime doloso: ❖ É possível a substituição quando a pena aplicada não for superior a quatro anos; ❖ O crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. Substituição em crime culposo: ❖ Qualquer que seja a pena. Inciso I do art.44 do CP ❖ QUESTÃO: É possível aplicar a substituição, quando o crime for cometido mediante violência ou grave ameaça? Duração: ❖ Art.55 do CP. ❖ Obs. O art. 28 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), trouxe o tempo de cumprimento da pena restritiva de direitos de 05(cinco) a 10(dez) meses, dependendo da pena aplicada. Afasta-se o art.55 do CP. Espécies de penas Prestação Pecuniária: ❖ Destina-se a vítima, dependentes ou entidades públicas ou privadas, com destinação social. ❖ Juiz fixa a importância de uma quantia não inferior a um salário mínimo e nem superior a 360 salários mínimos. ❖ Pode ser aplicada no caso de a vítima não ter sofrido prejuízo material, mas somente moral. ❖ Pode ser abatida em eventual reparação civil. ❖ Pode ser substituída por prestação de outra natureza como: oferta de mão de obra ou doação de cestas básicas. Obs1. Pena em concreto; Obs2. Pena até quatro anos admite a substituição; Obs3. Detenção ou reclusão ou mesmo prisão simples; Obs4. Inciso II do art. 44 do CP; Obs5. Art.44, §3° do CP. Obs1. Multa não abate em reparação civil Obs2. Não confundir prestação pecuniária com pena pecuniária. Obs3. Art.17 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha). Não cabe prestação pecuniária. Perda de Bens e Valores: Art.45, §3° do CP. ❖ Destina-se ao Fundo Penitenciário Nacional ❖ Teto: montante do prejuízo causado ou o proveitoobtido pelo agente ou por terceiro, em consequência do crime. ❖ Pode ser móveis, imóveis, dinheiro, ações ou qualquer documento que tenha importância na bolsa de valores. Prestação de Serviços à comunidade: ❖ É a atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, em hospitais, entidades assistenciais, escolas, orfanatos etc. ❖ A atividade será por no mínimo uma hora para cada dia de pena (1 hora de trabalho, equivale a um dia de pena) ❖ Se o condenado quiser cumprir a pena substitutiva em TEMPO MENOR, poderá fazê-lo, desde que NUNCA INFERIOR A METADE DO TEMPO DA PENA privativa de liberdade. ❖ O art.46, §3° do CP, revogou o art.149, §1° da LEP. ❖ Deve ser encaminhado pela entidade beneficiada com a prestação do serviço, um relatório circunstanciado sobre as atividades do condenado ao juízo da execução. ❖ Só é possível nas condenações superior a seis meses de privação da liberdade (art.46, caput). Interdição Temporária de Direitos: Espécies de Interdição Temporária de Direitos ❖ Proibição de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo. ❖ Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependem de habilitação especial, de licença ou de autorização do Poder Público. ❖ Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. ❖ Proibição de frequentar determinados lugares. ❖ Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exames públicos. Limitação de Final de Semana: ❖ Obrigação de permanecer aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, onde poderão ser ministrados cursos, palestras ou atribuídas atividades educativas. Multa Substitutiva ❖ Está prevista no art.44, §2o do CP. ❖ Penas Substitutivas da privativa de liberdade: - Restritivas de Direito - Multa Substitutiva ❖ Obs.: Pode ser aplicada quando a pena privativa de liberdade for igual ou inferior a um ano (art.44, §2° do CP). O art.44, §2° do CP, revogou o art.60, §2° do CP. Como o juiz vai aplicar essa multa substitutiva? ❖ Seguindo as mesmas regras da multa como pena autônoma, estabelecidas no art.49, § 1o e § 2o do CP. ❖ Obs.: Não cabe a conversão da pena de multa em privativa de liberdade, como no caso das demais penas restritivas de direito. Pena Pecuniária – Multa Conceito ❖ É uma das três modalidades de penas cominadas pelo código penal e consiste no pagamento ao Fundo Penitenciário Nacional da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa (Rogério Greco). Sistema de dias-multa ❖ Cálculo: mínimo 10 dias-multa e máximo 360 dias-multa (art.49, caput do CP); ❖ Dias-multa: fixado pelo juiz e não podendo ser inferior a 1/30 do maior salário mínimo vigente à época do crime, nem superior a cinco vezes esse salário. (art.49, §1o do CP). Diferenças entre prestação pecuniária e multa Prestação pecuniária (art.45, §1o do CP): ❖ Pena restritiva de direito ❖ Destina-se a vítima, dependentes ou entidades públicas ou privadas, com destinação social. ❖ Juiz fixa uma quantia não inferior a um salário mínimo e nem superior a 360 salários mínimos. ❖ Pode ser abatida em eventual reparação civil ❖ Pode ser substituída por prestação de outra natureza. (Cesta Básica, Serviços) Multa: ❖ Pena autônoma ❖ Destina-se ao Fundo Penitenciário Nacional. ❖ Juiz fixa entre 10 dias-multa até 360 dias- multa. O dia-multa não pode ser inferior a 1/30 do salário mínimo, nem superior a cinco vezes o maior salário mínimo vigente à época do crime. ❖ Não será deduzido em eventual reparação civil. ❖ Não pode ser substituída por prestação de outra natureza. Não se converte em prisão, se converte em dívida de valor. Aplicação Da Pena De Multa Sistema Bifásico ❖ 1° Fase: Encontrar o número de dias-multa a ser aplicado, atendendo-se ao critério trifásico. ❖ Critério trifásico do art.68 do CP: - Art.59 do CP (circunstâncias judiciais). - Atenuantes e agravantes. - Causas de diminuição e de aumento de pena. ❖ 2° Fase: Atribuir o valor de cada dia-multa considerando-se a capacidade econômica do sentenciado (art.60, §1o do CP). ❖ Prestação pecuniária (pena restritiva de direito) é diferente de Multa (pena pecuniária) que é diferente de Multa Substitutiva (pena substitutiva da privativa de liberdade assim como as penas restritivas de direito, mas que não é uma pena restritiva de direito e não é uma pena pecuniária). Atenção: Formas De Pagamento Da Multa ❖ Art.50 do CP ❖ A multa deve ser paga em 10(dez) dias do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. ❖ O pagamento pode ser realizado em prestações mensais a pedido do condenado, e se o juiz deferir. ❖ Cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado (art. 50, §1° do CP). ❖ O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família (art.50, §2o do CP). Execução da Pena de Multa e a Competência Para Execução ❖ No caso de não pagamento da multa, o que deve ser feito? R: Deve-se entrar com o pedido de execução da pena de multa. ❖ A execução da multa será no juízo cível (Vara da Fazenda Pública), ou no juízo das execuções criminais? R: Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Atenção! Não se admite a utilização do habeas corpus para discussão de temas inerentes a pena de multa (Súm. 693 do STF).
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