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Direito Penal (Recuperacao Automatica)

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Direito Penal 
Pena Privativa de 
Liberdade: Dosimetria 
Conceito: 
A atividade de aplicar a pena, exclusivamente 
judicial, consiste em fixa-la na sentença depois da 
realização das etapas do devido processo legal, em 
quantidade determinada e respeitando os 
requisitos legais, em desfavor do réu a quem foi 
imputada a autoria ou participação em infração 
penal. 
Pressuposto: 
❖ Aplicação de pena tem como pressuposto a 
culpabilidade do agente, constituída por 
imputabilidade, potencial consciência da 
ilicitude e exigibilidade de Conduta 
diversa. 
Individualização da pena: 
A individualização da pena ocorre em momentos distintos: 
❖ Fase da cominação: Quando o legislador 
estabelece as sanções abstratamente 
cabíveis para a inflação prevista; 
❖ Fase da aplicação: De competência do 
julgador, quando aplica àquele que 
praticou um fato típico, ilícito e culpável, 
uma sanção penal (concreta), que seja 
suficiente e necessária para a reprovação e 
prevenção do crime. 
❖ Fases de execução: De competência do 
juiz de execução penal. Estabelecendo 
progressão, regressão, liberdade 
condicional, entre outros benefícios ao 
apenado. 
Das elementares: 
❖ Elementar é todo componente essencial da 
figura típica, sem o qual esta desaparece 
(atipicidade absoluta) ou se transforma 
(atipicidade relativa). Encontra-se sempre 
no chamado o tipo fundamental ou tipo 
básico, que é o caput do tipo incriminador. 
Ex.: Art. 121 CP (alguém) 
 
Das circunstancias: 
❖ Circunstância é todo dado secundário e 
eventual agregado à figura típica, cuja a 
ausência não influi de forma alguma sobre 
a sua existência. Tem a função de agravar 
ou abrandar a sanção penal e situa-se nos 
parágrafos. Ex.: motivo torpe, relevante 
valor moral etc. 
 
❖ Judiciais: São mencionadas no art. 59 CP 
e devem ser consideradas na fixação inicial 
da pena a ser imposta. Não estão elencadas 
na lei, sendo ficadas livremente pelo juiz, 
de acordo com os critérios fornecidos pelo 
art. 59 do CP. 
❖ Legais: São as previstas pelo CP e 
legislação penal especial. São espécies as 
qualificadoras, as atenuantes e agravantes 
e as CAP e CDP. 
 
Circunstâncias legais genéricas: 
Quando previstas na parte geral do CP. Podem ser: 
❖ Agravantes: Estão previstos nos arts. 61 
e 62 do CP; 
❖ Atenuantes: Estão previstas nos arts. 65 e 
66 do CP. 
❖ Causas de aumento e diminuição: 
Encontram-se nos arts. 14, parágrafo 
único, 28, parágrafo 2°, 70 e 71, parágrafo 
único, todos do CP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Circunstâncias legais especiais ou especificas: 
Estão previstas na parte especial do CP e podem ser: 
❖ Qualificadoras: Não entram nas fases de 
fixação da pena. Ex.: Art. 155, parágrafo 
4° do CP. 
❖ Causas especificas ou especiais de 
aumento ou de diminuição de pena: São 
causas de aumento ou diminuição que 
dizem respeito a delitos específicos 
previstos na parte especial. Ex.: Art. 157, 
parágrafo 2°, incisos I ou II CP. 
Critério ou sistema de aplicação da pena: 
Critério Trifásico: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeira fase 
Circunstâncias Judiciais – Art. 59 do CP 
Situações possíveis: 
❖ Circunstâncias Judiciais são todas 
favoráveis ao agente, deve fixar a pena-
base no mínimo legal. 
❖ Circunstância judicial valorada 
desfavoravelmente ao condenado: 
Acréscimo de um quantum ao mínimo 
cominado do tipo penal, sem extrapolar, 
jamais, a pena máxima in abstrato. 
Observação: 
 
Culpabilidade 
❖ É um exame de valoração, de graduação 
que deverá expressar o plus da conduta 
típica. 
❖ O potencial conhecimento da ilicitude 
❖ A exigibilidade de conduta diversa 
 
Não podem ser valoradas negativamente 
quando integrar: 
❖ Definição típica 
❖ Quando caracterizar 
circunstância agravante 
❖ Causa especial de aumento de 
pena. 
 
❖ As agravantes e atenuantes 
modificam a pena em quantidade 
não fixadas previamente, ficando o 
quantum do acréscimo ou da 
atenuação a critério de cada Juiz, de 
acordo com as peculiaridades do 
caso concreto (Por ex.: 1mês, 3 
meses etc.) 
❖ As causas de aumento e de 
diminuição previstas na parte geral 
são aquelas que modificam a pena 
em quantidades previamente fixadas 
em lei (por ex.: 1/3, metade, 2/3, 
etc.). 
 
1° O Juiz fixa a pena de acordo 
com as circunstâncias judiciais 
2° O Juiz leva em conta as 
circunstâncias agravantes e 
atenuantes legais; 
3° O Juiz leva em conta as 
causas de aumento ou de 
diminuição de pena. 
Antecedentes 
❖ Análise da vida pregressa do agente, 
sua vida “anteacta” ou passada. 
Podem ser bons ou maus. 
❖ Sobre o conceito de maus 
antecedentes existem duas correntes. 
❖ Se gera reincidência, não gera maus 
antecedentes, em razão do principio 
do “non bis in idem”. 
❖ Se não gera reincidência, gera maus 
antecedentes. 
Observação: 
 
 
 
 
Conduta Social 
❖ Destaca-se, para analise, três campos da 
vida: Familiar, laborativo e religioso. 
❖ Analisar: O modo de agir do agente nas 
suas ocupações, sua cordialidade ou 
agressividade, egocentrismo ou 
prestatividade, rispidez ou finura de trato, 
seu estilo de vida honesto ou reprovável. 
❖ É necessário que se ponderem as provas 
produzidas nos autos: a palavra das 
testemunhas que conviveram com réu 
(inclusive das abonatórias), eventuais 
declarações, atestados, abaixo-assinado, 
etc. 
❖ Demostrar de um comportamento habitual. 
 
Personalidade 
❖ Índole do agente, sua maneira de agir e de 
sentir, seu grau de senso moral, ou seja, a 
totalidade de trações emocionais e 
comportamentais do indivíduo. 
❖ É necessário fundamento baseado no 
conjunto probatório. 
❖ Elementos para valoração: Laudos 
psiquiátricos, informações trazidas pelos 
depoimentos testemunhais e, ainda, a 
própria experiencia do magistrado em seu 
contrato pessoal com o réu. 
 
Dos Motivos 
❖ Constituem a fonte propulsora da vontade 
criminosa. 
 
Das circunstâncias 
❖ Elementos do fato delitivo, acessórios ou 
acidentais, não definidos na lei penal. 
 
Das Consequências 
❖ Avaliação do grau de intensidade da lesão 
jurídica causada á vítima ou a seus 
familiares. 
❖ Consequências matérias, quando causar 
diminuição no patrimônio da vítima, sendo 
suscetível de avaliação econômica 
 
Do comportamento da vítima 
❖ Circunstância trazida com a reforma da 
parte geral do código penal, em 1984. 
❖ É preciso analisar em que medida a vítima, 
com a sua atuação, contribuiu para a ação 
delituosa. 
❖ Muito embora o crime não possa de modo 
algum ser justificado, não há dúvida de 
que em alguns casos a vítima, com o seu 
agir, contribui ou facilita o agir criminoso. 
 
Segunda Fase 
Circunstancias legais – Arts. 61 e segs – 
Atenuantes e agravantes 
❖ Circunstâncias agravantes: são somente 
aquelas previstas nos arts. 61 e 62 do 
Código Penal. 
❖ Circunstâncias atenuantes: são aquelas 
previstas no art. 65 do mesmo diploma 
legal, havendo ainda no art. 66 do CP a 
previsão de uma atenuante genérica. 
Só gera maus antecedentes a sentença penal 
condenatória transitada em julgado, que não 
sirva mais para efeitos de reincidência (art. 
63 do CP). 
 
Agravantes: Art. 61, CP 
I. Reincidentes 
❖ Nos termos do art. 63 CP, considera-se 
reincidente aquele que comete novo crime 
depois do trânsito em julgado de sentença 
que, no País ou no estrangeiro, o tenha 
condenado por crime anterior. 
Observações: 
 
 
II. O crime 
a) Motivo Fútil ou Torpe 
b) Finalidade de facilitar ou assegurar a 
execução, ocultação, impunidade ou 
vantagem de outro crime. 
c) À traição, emboscada, dissimulação ou 
qualquer outro recurso que dificulte ou 
torne impossível a defesa do ofendido. 
d) Emprego de veneno, fogo, explosivo, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum. 
e) Contra ascendente, descendente, cônjuge 
ou irmão. 
f) Com abuso deautoridade ou 
prevalecendo-se de relações domésticas, 
de coabitação ou de hospitalidade, ou com 
violência contra a mulher na forma da 
específica. 
g) Com abuso de poder ou violação de dever 
inerente a cargo, ofício, ministério ou 
profissão. 
h) Contra criança, maior de 60 anos, enfermo 
ou mulher grávida. 
i) Quando o ofendido estava sob a imediata 
proteção da autoridade. 
j) Em ocasião de incêndio, naufrágio, 
inundação ou qualquer calamidade 
pública, ou de desgraça particular do 
ofendido. 
l) Em estado de embriaguez 
 
Agravantes: Art. 62, CP (Concurso de pessoas) 
I. Promover ou organizar a cooperação no 
crime; 
II. Dirigir a atividade dos demais; 
III. Coagir ou induzir outrem à execução 
material do crime; 
IV. Instigar ou determinar a cometer crime 
alguém que esteja sob sua autoridade ou 
não seja punível em virtude de condição 
ou qualidade pessoal; 
V. Executar o crime ou dele participar em 
razão de pagar ou promessa ou 
recompensa. 
 
Atenuantes Genéricas: 
I. Ser o agente menor de 21, na data do fato, 
ou maior de 70 anos, na data da sentença; 
II. O desconhecimento da lei; 
III. Ter o agente: 
a. cometido o crime por motivo de 
relevante valor social ou moral; 
b. procurado, por sua espontânea 
vontade e com eficiência, logo após 
o crime, evitar-lhe ou minorar lhe 
as consequências, ou ter, antes do 
julgamento, reparado o dano; 
c. cometido o crime sob coação a que 
podia resistir, ou em cumprimento 
de ordem de autoridade superior, 
ou sob a influência de violenta 
emoção, provocada por ato injusto 
da vítima; 
d. confessado espontaneamente, 
perante a autoridade, a autoria do 
crime; 
e. cometido o crime sob a influência 
de multidão em tumulto, se não o 
provocou. 
 
❖ Não se comunica aos corréus em 
caso de concurso de agentes (art. 
30, CP). 
❖ Após 5 anos do cumprimento da 
pena, não será mais considerado 
como reincidente. 
❖ Não se considera crimes militares 
próprios e crimes políticos 
❖ A condenação exclusiva em pena 
de multa não impede o 
reconhecimento da reincidência. 
Entretanto, pode-se conceder os 
sursis (art.77, II CP). 
Observação: 
 
 
 
 
Cálculo da Pena 
Primeira Fase (Art. 59, CP) 
1° Pena máxima – Pena mínima 
Ex.: Pena de 2 a 8 anos 
 
 
 
2° Análise das Circunstâncias (São 8 
circunstancias) 
Ex.: 
- 4 desfavoráveis 
- 2 favoráveis 
 
Segunda Fase 
1° Analise circunstâncias que agravam e 
atenuam a pena (1/6) 
Ex.: 
- 2 agravantes 
- 1 atenuante 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terceira Fase 
1° Causa de Aumento e Diminuição (A 
quantidade pela qual será dividida, estará 
expresso no código) 
Ex.: 
- 1 causa de aumento ½ 
- 1 causa de diminuição 1/6 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concurso de Crimes e 
Crime Continuado 
72/8 = 9 meses (Por Circunstâncias) 
4 x 12 = 36 meses 
2 x 12 = 18 meses 
36 – 18 = 18 meses 
18 meses = 1 ano e 6 meses 
Pena Base: 2 (Pena mínima) + 1 ano e 5 
meses = 3 anos e 6 meses (42 meses) 
 
 
 
 
 
STJ súmula 231: “A incidência da 
circunstância atenuante não pode conduzir 
a redução da pena abaixo do mínimo legal”. 
 
8 – 2 = 6 
6 x 12 (72 meses) 
 
 
42 meses / 6 = 7 meses (Valor de cada 
Agrav. E Aten.) 
2 agravantes: 2 x 7 = 14 meses 
42 + 14 = 56 meses 
1 atenuante: 1 x 7 = 7 meses 
56 – 7 = 49 meses 
49/12 = 4,08 anos 
0,8 x 30 = 24 dias 
Pena Base: 4 anos e 24 dias (49 
meses) 
 
 
 
1 causa de aumento: 49 meses / 2 = 24,5 
49 + 24, 5 = 73,5 
1 causa de diminuição: 73,5 / 6 = 12,25 
73,5 – 12,25 = 61,25 
61,25/12 = 5,10 anos 
10 x 30 = 30 dias 
Pena Definitiva: 5 anos e 1 mês (61, 25 
meses) 
 
Conceito: 
❖ É a prática de várias infrações penais por 
um só agente ou por uma pluralidade de 
agentes atuando em conjunto. 
Previsão legal: 
❖ Arts.69, 70 e 71 do CP. Concurso material 
(real), formal (ideal) e o crime continuado 
respectivamente. 
Concurso Material ou Real de 
Crimes (art.69 do CP): 
Art.69. Quando o agente mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as 
penas privativas de liberdade em que haja 
incorrido. No caso de cumulação de penas de 
reclusão e de detenção, executa-se primeiro 
aquela. 
 
Requisitos: 
❖ Mais de uma ação ou omissão; 
❖ Prática de dois ou mais crimes. 
 
Consequências: 
❖ Aplicação cumulativa das penas privativas 
de liberdade em que haja incorrido 
(cúmulo material). 
 
 
Momento: 
❖ Momentos distintos; 
❖ Em processos diferentes; 
❖ Não há necessidade de conexão entre as 
diversas infrações penais. 
 
Concurso Material Homogêneo e Heterogêneo. 
❖ Homogêneo: ocorre quando os crimes 
praticados forem idênticos. 
❖ Heterogêneo: Ocorre quando os crimes 
praticados forem diversos. 
❖ Obs.: Tal distinção não tem relevância 
prática. 
Hipóteses de Crimes: 
1. Pena Privativa (Cabe SURSIS) + Restritiva 
de direito = Cumprir com a SURSIS + 
Restritiva de Direito 
2. Pena Privativa (Não cabe SURSIS) + 
Restrita de Direito = Não cabe o 
cumprimento das penas restritivas em 
NENHUM dos casos. 
3.Restritiva de Direito + Restritiva de Direito 
= Restritiva de Direito (Se compatíveis 
aplicam-se simultaneamente) 
 
Concurso Formal ou Ideal de 
Crimes (art.70 do CP): 
Art.70. Quando o agente mediante uma só ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis 
ou se iguais, somente uma delas, mas aumentada, 
em qualquer caso de um sexto até metade. As 
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se 
a ação ou omissão é dolosa e os crimes 
concorrentes resultam de desígnios autônomos, 
consoante do disposto no artigo anterior. 
Observação: 
 
 
1° Reclusão 
Bitencourt: “O concurso pode ocorrer 
entre crimes de qualquer espécie, 
comissivos ou omissivos, dolosos ou 
culposos, consumados ou tentados, 
simples ou qualificados e ainda entre 
crimes e contravenções.” 
 
Lembre-se! Uma ação é composta de vários 
atos. Ex. uma rajada de metralhadora, 
embora consistente em uma única ação, está 
desdobrada em vários atos. 
2° Detenção 
Requisitos: 
❖ Uma só ação ou omissão; 
❖ Prática de dois ou mais crimes. 
Consequências: 
❖ Aplicação da mais graves das penas, 
aumentada de um sexto até metade; 
❖ Aplicação de somente uma das penas, se 
iguais, aumentada de um sexto até metade; 
❖ Aplicação cumulativa das penas, se a ação 
ou omissão é dolosa, e os crimes resultam 
de desígnios autônomos. 
 
Concurso Formal Homogêneo e Heterogêneo: 
❖ Homogêneo: Se idênticas as infrações. 
❖ Heterogêneo: Se diversas as infrações. 
❖ Obs.: Diferente do “Concurso material”, 
aqui a distinção tem efeitos práticos 
diversos. 
Concurso Formal Próprio (Perfeito) e Impróprio 
(Imperfeito): 
A distinção varia de acordo com a existência do 
elemento subjetivo do agente ao iniciar a conduta: 
 
❖ Concurso Próprio: 
- Conduta culposa em sua origem, 
resultados culposos. 
- Conduta dolosa, resultado aberrante 
culposo. 
- Consequência: Não importa se 
homogêneo ou heterogêneo, aplica-se o 
percentual de um sexto até metade. 
 
 
 
 
❖ Concurso Impróprio: 
- Desígnios autônomos 
- Conduta dolosa, resultados dolosos. 
- Consequência: Cúmulo material. 
- Obs. O Brasil adota o sistema do cúmulo 
material (concurso material e concurso 
formal impróprio) mais um sistema da 
exasperação (concurso formal próprio e 
crime continuado). 
 
Concurso material benéfico: 
 
❖ O parágrafo único do art.70 ressalvou que 
a pena não poderá exceder a que seria 
cabível pela regra do at.69 (cúmulo 
material). 
 
❖ O concurso formal foi criado para 
beneficiar o agente, quando este vier a 
prejudicá-lo, deverá ser desprezado, 
aplicando-se a regra do cúmulo material. 
Crime Continuado (art.71 do 
CP): 
Art.71. Quando o agente, mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesmaespécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subsequentes ser havidos como continuação do 
primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso de um sexto a dois 
terços. 
Parágrafo Único: Nos crimes dolosos contra 
vítimas diferentes, cometidos com violência ou 
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, 
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, aumentar a 
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais 
grave, se diversas, até o triplo, observadas as 
regras do parágrafo único do art.70 e do art.75 
deste Código. 
 
 
Natureza Jurídica: 
Três teorias buscam explicar a natureza jurídica do crime 
continuado, a saber: 
❖ Teoria da unidade real: entende que as 
várias condutas, que por si só, seriam 
várias infrações penais, e a soma das várias 
infrações penais seria um único crime. 
❖ Teoria da ficção jurídica: entende que as 
várias ações analisadas isoladamente 
consistiriam em infrações penais e por 
ficção jurídica a soma das várias infrações 
penais seria um delito único. 
❖ Teoria da unidade jurídica ou mista: 
entende que o crime continuado seria um 
terceiro crime, fruto do concurso de 
crimes. 
 
Requisitos 
❖ Mais de uma ação ou omissão; 
❖ Prática de dois ou mais crimes, da 
mesma espécie; 
❖ Condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes; 
❖ Os crimes subsequentes devem ser 
havidos como continuação do 
primeiro. 
 
 
O que são crimes da mesma espécie? 
❖ São aqueles delitos que fazem parte do 
mesmo tipo penal, não importa se simples, 
qualificado, privilegiado, tentado ou 
consumado (Maioria dos Tribunais 
Superiores). 
 
Condições de tempo, lugar, maneira de execução 
ou outras semelhantes: 
❖ Condições de tempo: Até quanto tempo 
dois ou mais crimes praticados estariam 
em continuidade delitiva? Divergem a 
doutrina e a jurisprudência, porém o STF 
entendeu que deve observar-se o limite de 
trinta dias. 
OBS.: Não esquecer que deve haver uma 
relação de contexto entre os crimes! 
 
❖ Condições de lugar: Também existe 
divergência. Discute-se sobre a 
possibilidade de se verificar a continuidade 
delitiva somente dentro de um bairro, de 
uma mesma cidade, de uma mesma 
comarca, de Estados diferentes. 
O STF entendeu que os crimes praticados 
em cidades diversas não afastam a 
continuidade delitiva, pois as cidades 
faziam parte de uma mesma região 
metropolitana (o extinto TACrim – SP, 
tinha entendimento contrário ao STF). 
 
❖ Maneira de execução (modus operandi): 
Não é tão simples se verificar a mesma 
maneira de execução, pois muito embora o 
agente possa ter um padrão de 
comportamento, nem sempre o repetirá, o 
que não impedirá o reconhecimento da 
continuidade delitiva. 
 
❖ Outras semelhantes: O legislador se 
utilizou da interpretação analógica, 
permitindo ao intérprete trazer outras 
condições semelhantes à enumeração 
casuística. 
Alberto Silva Franco traz com exemplos o 
aproveitamento das mesmas oportunidades 
para se realizar o delito e das mesmas 
relações. 
 
Os crimes subsequentes devem ser havidos como 
continuação do primeiro: 
❖ Os crimes posteriores devem ser 
entendidos como continuação do primeiro. 
 
Existem três teorias que explicam a 
configuração do crime continuado, a saber: 
❖ Teoria Objetiva: 
❖ Teoria Subjetiva: 
❖ Teoria Objetiva-subjetiva: 
Observação: 
 
Consequências: 
Na hipótese de crime continuado simples, 
determina a lei que se aplica uma das penas, se 
idênticas, aumentada de um sexto a dois terços, ou 
a mais grave das penas se diversas, também 
aumentada de um sexto a dois terços. 
 
Na hipótese do crime continuado qualificado 
(parágrafo único do art.71), determina a lei que, 
após o juiz considerar a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e a personalidade 
do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias, poderá aumentar a pena de um só 
dos crimes se idênticas, ou a mais grave, se 
diversas, até o triplo. 
 
 
Concurso material benéfico: 
❖ Se o juiz verificar, que ao levar a efeito os 
cálculos de aumento correspondentes ao 
crime continuado, isso será mais gravoso 
para o agente do que se houvesse o 
concurso material de crimes, deverá o juiz 
desprezar as regras do crime continuado e 
aplicar a do cúmulo material. 
 
❖ Obs.1: A extinção da punibilidade incidirá 
sobre a pena de cada crime isoladamente 
(art.119 do CP), em qualquer das espécies 
de concurso. 
 
❖ Obs. 2: Quanto à sucessão de leis penais 
no tempo, o STF editou a súmula 711 que 
dispõe: “A lei penal mais grave aplica-se 
ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à 
cessação da continuidade ou da 
permanência.” 
 
Jurisprudência 
❖ STF 
❖ Súmula 497 Quando se tratar de crime 
continuado, a prescrição regula-se pela 
pena imposta na sentença, não se 
computando o acréscimo decorrente da 
continuação. 
❖ Súmula 723 Não se admite a suspensão 
condicional do processo por crime 
continuado, se a soma da pena mínima da 
infração mais grave com o aumento 
mínimo de um sexto for superior a um ano. 
❖ Súmula 17 Quando o falso se exaure no 
estelionato, sem mais potencialidade 
lesiva, é por este absorvido. 
 
❖ STJ 
❖ Súmula 243 O benefício da suspensão do 
processo não é aplicável em relação às 
infrações penais cometidas em concurso 
material, concurso formal ou continuidade 
delitiva, quando a pena mínima cominada, 
seja pelo somatório, seja pela incidência da 
majorante, ultrapassar o limite de um (01) 
ano. 
 
 Não confundir habitualidade com 
continuidade. Ex. no caso do estelionatário 
que sobrevive de praticar golpes. 
Penas restritivas de 
direitos e pena 
Pecuniária 
 
Conceito: 
❖ É a sanção imposta pelo Estado em 
substituição à pena privativa de liberdade 
consistente na supressão ou diminuição de 
um ou mais direitos do condenado. 
Finalidades: 
Evitar o encarceramento daquele que é condenado 
a uma pena de curta duração. (Art. 43 do CP). 
 
Requisitos para substituição - 
art.44 do CP 
Substituição em crime doloso: 
❖ É possível a substituição quando a pena 
aplicada não for superior a quatro anos; 
❖ O crime não for cometido com violência 
ou grave ameaça à pessoa. 
 
 
Substituição em crime culposo: 
❖ Qualquer que seja a pena. Inciso I do 
art.44 do CP 
 
❖ QUESTÃO: É possível aplicar a 
substituição, quando o crime for cometido 
mediante violência ou grave ameaça? 
 
Duração: 
❖ Art.55 do CP. 
❖ Obs. O art. 28 da Lei 11.343/06 (Lei de 
Drogas), trouxe o tempo de cumprimento 
da pena restritiva de direitos de 05(cinco) a 
10(dez) meses, dependendo da pena 
aplicada. Afasta-se o art.55 do CP. 
Espécies de penas 
Prestação Pecuniária: 
❖ Destina-se a vítima, dependentes ou 
entidades públicas ou privadas, com 
destinação social. 
❖ Juiz fixa a importância de uma quantia não 
inferior a um salário mínimo e nem 
superior a 360 salários mínimos. 
❖ Pode ser aplicada no caso de a vítima não 
ter sofrido prejuízo material, mas somente 
moral. 
❖ Pode ser abatida em eventual reparação 
civil. 
❖ Pode ser substituída por prestação de outra 
natureza como: oferta de mão de obra ou 
doação de cestas básicas. 
 
 
 
 
Obs1. Pena em concreto; 
Obs2. Pena até quatro anos admite a 
substituição; 
Obs3. Detenção ou reclusão ou mesmo 
prisão simples; 
Obs4. Inciso II do art. 44 do CP; 
Obs5. Art.44, §3° do CP. 
Obs1. Multa não abate em reparação civil 
Obs2. Não confundir prestação pecuniária com 
pena pecuniária. 
Obs3. Art.17 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da 
Penha). Não cabe prestação pecuniária. 
 
Perda de Bens e Valores: Art.45, §3° do CP. 
❖ Destina-se ao Fundo Penitenciário 
Nacional 
❖ Teto: montante do prejuízo causado ou o 
proveitoobtido pelo agente ou por 
terceiro, em consequência do crime. 
❖ Pode ser móveis, imóveis, dinheiro, ações 
ou qualquer documento que tenha 
importância na bolsa de valores. 
Prestação de Serviços à comunidade: 
❖ É a atribuição de tarefas gratuitas ao 
condenado, em hospitais, entidades 
assistenciais, escolas, orfanatos etc. 
❖ A atividade será por no mínimo uma hora 
para cada dia de pena (1 hora de trabalho, 
equivale a um dia de pena) 
❖ Se o condenado quiser cumprir a pena 
substitutiva em TEMPO MENOR, poderá 
fazê-lo, desde que NUNCA INFERIOR A 
METADE DO TEMPO DA PENA 
privativa de liberdade. 
❖ O art.46, §3° do CP, revogou o art.149, §1° 
da LEP. 
❖ Deve ser encaminhado pela entidade 
beneficiada com a prestação do serviço, 
um relatório circunstanciado sobre as 
atividades do condenado ao juízo da 
execução. 
❖ Só é possível nas condenações superior a 
seis meses de privação da liberdade 
(art.46, caput). 
 
Interdição Temporária de Direitos: 
Espécies de Interdição Temporária de Direitos 
❖ Proibição de cargo, função ou atividade 
pública, bem como de mandato eletivo. 
❖ Proibição do exercício de profissão, 
atividade ou ofício que dependem de 
habilitação especial, de licença ou de 
autorização do Poder Público. 
❖ Suspensão de autorização ou de 
habilitação para dirigir veículo. 
❖ Proibição de frequentar determinados 
lugares. 
❖ Proibição de inscrever-se em concurso, 
avaliação ou exames públicos. 
 
Limitação de Final de Semana: 
❖ Obrigação de permanecer aos sábados e 
domingos, por cinco horas diárias, em casa 
de albergado ou outro estabelecimento 
adequado, onde poderão ser ministrados 
cursos, palestras ou atribuídas atividades 
educativas. 
 
 
Multa Substitutiva 
❖ Está prevista no art.44, §2o do CP. 
❖ Penas Substitutivas da privativa de 
liberdade: 
- Restritivas de Direito 
- Multa Substitutiva 
 
❖ Obs.: Pode ser aplicada quando a pena 
privativa de liberdade for igual ou inferior 
a um ano (art.44, §2° do CP). O art.44, §2° 
do CP, revogou o art.60, §2° do CP. 
Como o juiz vai aplicar essa multa substitutiva? 
❖ Seguindo as mesmas regras da multa como 
pena autônoma, estabelecidas no art.49, § 
1o e § 2o do CP. 
 
❖ Obs.: Não cabe a conversão da pena de 
multa em privativa de liberdade, como no 
caso das demais penas restritivas de 
direito. 
 
Pena Pecuniária – Multa 
Conceito 
❖ É uma das três modalidades de penas 
cominadas pelo código penal e consiste no 
pagamento ao Fundo Penitenciário 
Nacional da quantia fixada na sentença e 
calculada em dias-multa (Rogério Greco). 
Sistema de dias-multa 
❖ Cálculo: mínimo 10 dias-multa e máximo 
360 dias-multa (art.49, caput do CP); 
❖ Dias-multa: fixado pelo juiz e não podendo 
ser inferior a 1/30 do maior salário mínimo 
vigente à época do crime, nem superior a 
cinco vezes esse salário. (art.49, §1o do 
CP). 
 
Diferenças entre prestação 
pecuniária e multa 
Prestação pecuniária (art.45, §1o do CP): 
❖ Pena restritiva de direito 
❖ Destina-se a vítima, dependentes ou 
entidades públicas ou privadas, com 
destinação social. 
❖ Juiz fixa uma quantia não inferior a um 
salário mínimo e nem superior a 360 
salários mínimos. 
❖ Pode ser abatida em eventual reparação 
civil 
❖ Pode ser substituída por prestação de outra 
natureza. (Cesta Básica, Serviços) 
 
 
Multa: 
❖ Pena autônoma 
❖ Destina-se ao Fundo Penitenciário 
Nacional. 
❖ Juiz fixa entre 10 dias-multa até 360 dias-
multa. O dia-multa não pode ser inferior a 
1/30 do salário mínimo, nem superior a 
cinco vezes o maior salário mínimo 
vigente à época do crime. 
❖ Não será deduzido em eventual reparação 
civil. 
❖ Não pode ser substituída por prestação de 
outra natureza. 
 
Não se converte em prisão, se converte em 
dívida de valor. 
 
Aplicação Da Pena De Multa 
Sistema Bifásico 
❖ 1° Fase: 
Encontrar o número de dias-multa a ser 
aplicado, atendendo-se ao critério trifásico. 
 
❖ Critério trifásico do art.68 do CP: 
- Art.59 do CP (circunstâncias judiciais). 
- Atenuantes e agravantes. 
- Causas de diminuição e de aumento de 
pena. 
 
❖ 2° Fase: 
Atribuir o valor de cada dia-multa 
considerando-se a capacidade econômica 
do sentenciado (art.60, §1o do CP). 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Prestação pecuniária (pena 
restritiva de direito) é diferente de 
Multa (pena pecuniária) que é 
diferente de Multa Substitutiva 
(pena substitutiva da privativa de 
liberdade assim como as penas 
restritivas de direito, mas que não é 
uma pena restritiva de direito e não 
é uma pena pecuniária). 
Atenção: 
Formas De Pagamento Da Multa 
❖ Art.50 do CP 
❖ A multa deve ser paga em 10(dez) dias do 
trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. 
❖ O pagamento pode ser realizado em 
prestações mensais a pedido do 
condenado, e se o juiz deferir. 
❖ Cobrança da multa pode efetuar-se 
mediante desconto no vencimento ou 
salário do condenado (art. 50, §1° do CP). 
❖ O desconto não deve incidir sobre os 
recursos indispensáveis ao sustento do 
condenado e de sua família (art.50, §2o do 
CP). 
 
Execução da Pena de Multa e a Competência 
Para Execução 
❖ No caso de não pagamento da multa, o que 
deve ser feito? 
R: Deve-se entrar com o pedido de 
execução da pena de multa. 
❖ A execução da multa será no juízo cível 
(Vara da Fazenda Pública), ou no juízo das 
execuções criminais? 
R: Art. 51. Transitada em julgado a 
sentença condenatória, a multa será 
executada perante o juiz da execução penal 
e será considerada dívida de valor, 
aplicáveis as normas relativas à dívida 
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que 
concerne às causas interruptivas e 
suspensivas da prescrição. 
 
 
 
Atenção! 
Não se admite a utilização do habeas 
corpus para discussão de temas inerentes a 
pena de multa (Súm. 693 do STF).

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