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DIMENSIONAMENTO DE UM GUINDASTE DE LANÇA MONOAPOIADO COM CAPACIDADE PARA ATÉ 2000 KGF MAICON BITENCOURT FRANCISCO ALEXANDRE Joinville – SC 2021 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA Engenharia Mecânica MAICON BITENCOURT FRANCISCO ALEXANDRE DIMENSIONAMENTO BÁSICO DE EQUIPAMENTO DE MANUSEIO E TRANSPORTE DE CARGAS Elaboração de um Trabalho de Dimensionamento Básico de um Equipamento de Manuseio e Transporte de Cargas – Guindaste Tipo Lança monoapoiado da Universidade da Região de Joinville – Univille. Orientador: Professor José Carlos Iwaia. Joinville – SC 2021 RESUMO Neste trabalho apresentam-se o desenvolvimento da sequência, modelos e procedimentos que possibilitam o projeto básico de um equipamento de manuseio e transporte de cargas. Aborda-se mais especificamente o modelo para determinação dos componentes principais, bem como uma sugestão para verificação mecânica e estrutural destes componentes. A partir deste modelo, desenvolveu-se uma sequência objetiva do ponto de vista de engenharia para a configuração do equipamento. No desenvolvimento deste trabalho acadêmico é apresentado o desenvolvimento do dimensionamento básico de um dos subconjuntos de um Guindaste Tipo Lança monoapoiado com capacidade para 2000 KGF. INTRODUÇÃO Este trabalho pretende projetar uma máquina de elevação e transporte para a movimentação de cargas diversas na indústria de maneira geral. As atividades de movimentação de mercadorias interferem de modo significativo na produtividade das empresas do setor metal mecânico, principalmente por se tratar de produtos pesados e de difícil manuseio. Máquinas de elevação e transporte são a melhor alternativa para a movimentação aérea desses produtos em um ambiente industrial, são usadas para movimentação de cargas a distâncias relativamente curtas em relação a outros tipos de máquinas de transporte, atuam em estabelecimentos ou áreas, departamentos, fábricas e indústrias, em canteiros de obras, em armazéns e etc. Existem diversos tipos de máquinas de elevação e transporte tais como pontes e pórticos rolantes, guindaste, transportadores de correia, etc. A seleção da máquina adequada depende de fatores como o tipo de material e o local de instalação, o guindaste tipo lança monoapoiado é a alternativa mais viável para este caso específico. Com a implantação de guindaste tipo lança monoapoiado reduz-se custos de mão de obra, materiais e despesas em gerais, além de melhorar as condições de trabalho dando maior segurança e reduzindo a fadiga dos funcionários. Ainda há um aumento na capacidade produtiva da área e assim a empresa pode atingir um nível de produtividade que compensará o investimento. Neste trabalho apresentamos a metodologia do dimensionamento de um guindaste tipo lança monoapoiado giratório de coluna e seus componentes. Objetivo Geral O objetivo deste trabalho é desenvolver o dimensionamento de um guindaste tipo lança que poderá operar no interior da instalação de uma fábrica de grande ou pequeno porte. Para o desenvolvimento do projeto será dimensionamento o cálculo das partes estruturais assim como os componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de cargas e terá como base as normas NBR 8400 (1984) e NBR 8800 (2008). A NBR 8400 estabelece os critérios mínimos para o dimensionamento de equipamentos para transporte e elevação de carga, e a NBR 8800 define os requisitos mínimos para o projeto de estruturas de aço. Objetivo Específico Projeto das partes estruturais Dimensionamento dos componentes e estrutura para uma carga de até 2000KGF. Encontrar no mercado uma talha com acionamento elétrico com carga para até 2000 KG. Guindaste de Lança Os guindastes de lança podem ser de parede ou coluna. Os de parede possuem sua fixação como o próprio nome menciona fixados na parece das mais várias formas de acordo com a norma. Já os de coluna possuem uma coluna de sustentação fixada ao solo que fornece a estrutura do guindaste. Este por sua vez possui lança giratória, com a função de movimentar-se lateralmente e levantar e baixar cargas com peso adequado a qual foi dimensionado através de uma talha com acionamento elétrico de comando manual. Fonte: Abus,2021 Aplicação/Projeto Carga máxima: 2000Kgf (C) Altura de trabalho: 3,0m (H) Velocidade de elevação: 5m/min (V) Tempo de trabalho diário: 10h (T) Número de ciclo por hora 3 ciclo/h (N) MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA As pesquisas científicas necessitam de métodos, conjunto de processos para alcançar os objetivos propostos. Para Marconi e Lakatos (2008, p. 83) o método é “o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo [...], traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. As metodologias adotadas para esta pesquisa seguem as classificações quanto a: Natureza: o presente projeto se classifica como uma pesquisa aplicada, que segundo Markoni e Lakatos (2002, p. 20), a pesquisa aplicada é “como o próprio nome indica, caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”. Forma de abordagem do problema: a abordagem do problema pode ser classificada como qualitativa ou quantitativa. Beuren (2003, p. 92) destaca que “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno estudado. A abordagem qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste último”. A presente pesquisa utiliza a abordagem qualitativa por buscar as características da matéria prima para fabricação das brocas de metal duro com cobertura. Procedimentos metodológicos: Conforne Gil (1999, p. 65) “o elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados”. Beuren (2003, p. 83) classifica as tipologias de pesquisa quanto ao procedimento em: estudo de caso, a pesquisa de levantamento, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa participante e a pesquisa experimental. A pesquisa é conduzida pela pesquisa bibliográfica e de estudo de caso. Para o dimensionamento do guindaste e necessário fazer as análises dos esforços seguindo as diretrizes da norma NBR8400 e determinar o tipo de perfil da viga principal. Classificação de estrutura As estruturas dos equipamentos são classificadas em diversos grupos, conforme a norma e o serviço a ser executado e dimensionado pelo projeto. Para determinação do grupo a que pertence a estrutura de um equipamento são levados em conta dois fatores: Classe de utilização Estado da carga Classe de utilização A classe de utilização mostra a frequência de utilização dos equipamentos. Por convenção devemos classificá-la em função da utilização do movimento de levantamento, definindo-se quatro classes de utilização, conforme a Tabela, que servem de base para o cálculo das estruturas. Para cada uma destas classes estipula-se um número total teórico de ciclos de levantamento que o equipamento deverá efetuar durante sua vida. Para este projeto foi definido a classe A. Fonte: NBR8400, 1984 Estado da Carga O estado de carga caracteriza em que frequência oequipamento levanta a carga máxima, ou somente uma carga reduzida, ao longo de sua vida útil. Consideram-se, na prática, quatro estados convencionais de cargas, caracterizados pelo valor de p. Estes quatro estados de carga estão definidos na Tabela abaixo. Para este projeto foi utilizado o estado de carga 2(médio). Fonte: NBR8400, 1984 Para determinar a classe de utilização é necessário mensurar o tempo médio de trabalho diário do equipamento. 𝑇𝑚 = 2xHxNxT 60xVl ; 𝑇𝑚 = 2x3x3x10 60x5 ; Tm= 0,6h/dia Classe de funcionamento definida como Tm=0,6h/dia. Utilizado 2 linha da tabela. Fonte: NBR8400, 1984 Solicitações para movimentos verticais Para o içamento de carga brusca que ocasionam oscilações, esses esforços devem ser levados em contas. Desta forma as oscilações devida à carga de serviço multiplicadas pelo coeficiente dinâmico ( ¥) que pode ser obtidos na tabela demostrada na figura abaixo. Utilizaremos o coefiente dinâmico 1,15. Fonte: NBR8400, 1984 Dimensionamento do perfil da Lança O perfil utilizado será o perfil viga I. Fonte: Gerdau, 2021 Diagrama de corpo livre Fonte: MDSolid 2021 Diagrama de esforço cortante e momento fletor Fonte: MDSolid, 2021 Como 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝜎𝑒 𝑛 e a tensão de escoamento é 250x106 Pa, logo a tensão admissível será 83,3x106 Pa, então: 𝜎𝑎𝑑𝑚 = Mmax W W = 60.000 83,3x106 W = 7,2x10−4m3 Com o valor do módulo de elasticidade, buscamos em um catálogo de fornecedor de viga I qual a que terá o maior custo benefício, sendo que o critério é ter a menor massa por metro e suportar o valor do módulo de elasticidade de 7,2x10−4m3. Encontramos a viga conforme mostrado na Figura abaixo: Figura Fonte: Perfis Estruturais Gerdau, 2021 ∑𝐹𝑦=0 ∑𝐹𝑦=0 ∴ -𝑉+20.000=0 ∴𝑉=20.000 𝑁 ∑𝑀=0 ∑𝑀=0 ∴𝑀+20.000×3=0 ∴𝑀=-60.000N.m Figura Fonte:Perfis Estruturais Gerdau, 2021 A viga escolhida foi a W 360 x 51,0 visto que das possíveis opções de catálogo a mesma foi a que apresentou o menor valor de Kg/m e um valor de Wx 801,2cm3 (8,012x10-4m3) estando acima do mínimo requisitado 7,2x10-4m3. Para o cálculo da deflexão máxima utilizamos ymax = F∙L3 3∙E∙I onde: F = 20.000 N L = 3 m E = 207x106 Pa I = 0,00014222 m4 ymax = 0,006114 m Flexão pura na coluna Sabendo que o momento fletor máximo é de 60 mil Newtons, podemos encontrar o raio necessário conforme calculado abaixo: σmax = M ∙ c I r3 = M ∙ 64 π ∙ 16 ∙ r3 r = 9,71 ∙ 10−2m Como A = π∙(2∙r)2 4 , temos que a área necessária é igual a 3,02 ∙ 10−2m2. Para a nossa aplicação foi escolhida uma coluna de 0,02m de parede, sendo 0,2445m o diâmetro externo e 0,1445m o diâmetro interno conforme catálogo Manesmann mostrado abaixo: Figura Fonte: Perfis MSH de seções circulares, quadradas e retangulares, 2021 A área da coluna escolhida é: D=diâmetro externo da coluna d=diâmetro interno da coluna A = π ∙ (D2 − d2) 4 A = π ∙ (0,24452 − 0,14452) 4 A = 3,06 ∙ 10−2m2 Como a área da coluna escolhida é superior a mínima requisitada via cálculo, sabemos que a coluna escolhida suportará a carga aplicada. 1.1.1 Flambagem na coluna Com base nos casos apresentados abaixo utilizaremos o fator de correção c) onde a extremidade rotulada tem liberdade e a inferior é fixa. Figura Fonte: Ferdinand P. Beer, 2013 Para encontrar a carga crítica utilizaremos a equação: Pcr = C ∙ π2 ∙ E ∙ I l2 Onde: C=1/4 E = 207x10^6 Pa I = πD4/64 I = π ∙ (D2 − d2) 64 I = π ∙ (0,24452 − 1,4452) 64 I = 1,909 ∙ 10−3m4 Substituindo os valores na equação da carga crítica teremos: Pcr = 1 4 ∙ π 2 ∙ 207 ∙ 106 ∙ 1,909 ∙ 10−3 3,52 Pcr = 79.614.745,44 N Como o valor da carga crítica aqui calculada é muito maior do que os 20.000N da carga, podemos dizer que a coluna suporta os esforços requeridos. 1.1.2 Dimensionamento dos parafusos Serão executados os cálculos de dimensionamento dos parafusos utilizados na fixação da viga I utilizando como base o tamanho de parafuso M20. Todas as tabelas e equações que serão citadas ao longo dos calculos dos parafusos foram retiradas do livro Elementos de Máquinas de Shigley, 8ª Edição, Edição com Unidades em SI. Dados: Categoria de propriedade do parafuso: 8.8 (Tabela 8-11) Área de porção não rosqueada: A𝑑 = 𝜋∙𝑑2 4 Área da porção rosqueada: At = 225mm2 (Tabela 8-1) Espessura da arruela: t = 4,6mm (Tabela A-31) Comprimento roscado: LT = 2D + 6mm, L ≤ 125, d ≤ 48mm (Tabela 8-7) Comprimento da porção útil não rosqueada: ld = L - LT (Tabela 8-7) Comprimento da porção útil rosqueada: lt = l’ - ld (Tabela 8-7) Rigidez de fixador: k𝑏 = 𝐴𝑑∙𝐴𝑡∙𝐸 𝐴𝑑∙𝑙𝑡+𝐴𝑡∙𝑡𝑑 (Tabela 8-7) Razão de mola dos membros: k𝑚 = 𝜋∙𝐸∙𝑑∙𝑡𝑎𝑛𝛼 2𝑙𝑛 (𝑙∙𝑡𝑎𝑛𝛼+𝑑𝑤−𝑑)(𝑑𝑤+𝑑) (𝑙∙𝑡𝑎𝑛𝛼+𝑑𝑤+𝑑)(𝑑𝑤−𝑑) (Tabela 8-7) Constante de rigidez: C = 𝑘𝑏 𝑘𝑏+𝑘𝑚 Cargam de Prova: Fp = At · Sp Pré carga: Fi: 0,75 · Fp Coeficiente de Torque: T = K · Fi · d Número de parafusos: 𝑁 = 𝐶∙𝑛∙𝑃 𝑆𝑝∙𝐴𝑡−𝐹𝑖 Valores para início de cálculo: E 2,07E+11 Pa Ø 0,02 m Passo 0,0025 m (Tabela 8-1) At 0,000225 m2 (Tabela 8-1) Porca 0,018 m (Tabela A-29) Sp 6,00E+08 Pa (Tabela 8-11) K 0,2 (Tabela 8-15) N 3 P 56.450 Nm Cálculo dimensional do parafuso: LT 0,05 m L 0,0702 m L 0,0472 m Ld 0,0202 m Lt 0,027 m Ad 0,0003142 m2 Adotado parafuso de 0,085 m Kb 1.123.177.296,84 Nm Km 4.266.279.739 N/m C 0,208402681 Fi 1,01E+05 N Fp 1,35E+05 N T 4,05E+02 Nm N 1,045718343 parafusos Adotado 8 parafusos Como o projeto requisita o uso de ao menos dois parafusos e estamos usando oito parafusos, nosso projeto atende o número mínimo apresentado no cálculo. A força cisalhante que agirá nos parafusos é de 20 KN, portanto o valor suportado pelos parafusos deve ser superior a este. Cálculo do esmagamento nos parafusos: 𝐹 = 2 ∙ 𝑡 ∙ 𝑑 ∙ 𝑆𝑝 𝑛𝑑 Onde: t = 0,038 m d = 0,02 m Sp = 600x10^6 Pa nd = 3 Como a força de esmagamento nos parafusos é de 304KN e a requerida é menor, o projeto atende a carga. Cálculo do esmagamento nos membros 𝐹 = 2 ∙ 𝑡 ∙ 𝑑 ∙ (𝑆𝑦)𝑚𝑒𝑚 𝑛𝑑 Onde: t = 0,038 m d = 0,02 m Symem = 210x10^6 Pa nd = 3 Como a força de esmagamento nos membros é de 106,4KN e a requerida é menor, o projeto atende a carga. Cálculo do cisalhamento nos parafusos 𝐹 = 0,577 ∙ π ∙ 𝑑2 ∙ 𝑆𝑝 𝑛𝑑 Onde: d = 0,02 m Sp = 600x10^6 Pa nd = 3 Como a força de cisalhamento do parafuso é de 145KN e a requerida é menor, o projeto atende a carga. Especificação da Talha Com base na especificação do projeto a talha em caráter comercial que atende os parâmetros com carga até 2000Kg, está descrita abaixo: Fonte: AgrotamA, 2021 Conclusão Concluímos neste trabalho/projeto, que os dimensionamentos foram feitos de forma correta e de acordo com as normas vigentes e atendendo os padrões de segurança especificados, Garantindo assim se utilizados de forma correta a saúde e a integridade física dos operadores do equipamento. Bibliografia ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8400 - Cálculo de Equipamentos para Levantamento e Movimentação de Cargas, São Paulo,1984. BEER, Ferdinand Pierre; JOHNSTON, E. Russell; PEREIRA, Celso Pinto Morais. Resistência dos materiais. 3° Ed. São Paulo: Makron, 1995-1996 1255 p. ISBN 85-346-0344-8. BRASIL, H.V. Máquinas de Levantamento. Rio de Janeiro: Guanabara Dois S.A, 1985. COSTA, Lucas Passos: Pontes Rolantes, Guindastes Giratórios e Acessórios de Movimentação.1° Ed. Make engenharia Eng. Lucas da Costa Passos. CUNHA, Lamartine Bezerra da, Elementos de Máquinas, Rio de Janeiro: LTC, 2005. HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 5° Ed. São Paulo: E. Blücher,São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2004 670 p. ISBN 85-87918- 67-2 NIEMANN, Gustav. Elementos de Máquinas. São Paulo. E. Blucher. NORTON, Robert L. Projeto de máquinas: uma abordagem integrada. 2° Ed. Porto Alegre: Bookman, 2004 931 p. ISBN 85-363-0273-9 RUDENKO, N; João Plaza. Máquinas de elevação e transporte. 1° Ed. Rio de Janeiro; Livros Técnicos e Científicos, 1976 SANTOS, Arthur Ferreira. Estruturas Metálicas; Projeto e detalhes para Fabricação. 3° Ed. São Paulo; MCGrawhill do Brasil, 1977 SKF. Catálogo Geral. 1989.
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