Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA – GERENCIANDO A COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL CARLOS ALBERTO DIEHL (ORG.) GUSTAVO DE ÁVILA MARTINS GUSTAVO DA SILVA COSTA LUCIANA MAINES DA SILVA EDITORA UNISINOS 2011 APRESENTAÇÃO A área de estratégia tem se mostrado cada vez mais importante. O grau de competitividade exigido das organizações tem crescido continuamente, em quase todos os setores, reduzindo as margens de erro para os gestores. Muitas áreas tem experimentado um dinamismo e uma instabilidade que demandam crescentemente maior conhecimento das pessoas que nelas atuam. Por outro lado, o termo “estratégia” tem sido usado de forma indiscriminada no meio empresarial e, também, no meio acadêmico. Embora a ideia em si possa remontar a séculos antes de Cristo (com Sun Tzu e com os gregos, por exemplo) há, modernamente, alguns equívocos no uso desse conceito. Isso se dá tanto pelo caráter de importância que se revestem as decisões estratégicas e assim permeiam toda a organização, como pelo fato de que a estratégia é uma noção abstrata, uma teoria sobre um ambiente incerto. O estrategista deve ter um bom conhecimento do ambiente externo à organização (política, economia etc.), do ambiente interno e uma visão ampla do negócio no qual atua. Deve preparar-se para executar as ideias trabalhadas no processo de gestão estratégica, reconhecendo as abordagens adequadas e as mudanças necessárias na organização. Exercer o controle sobre as iniciativas é também requerido do estrategista, para aumentar a efetividade da estratégia. Desejamos uma ótima leitura e aprendizado. São Leopoldo, Junho de 2011. Os autores SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO 1.1 A origem do Pensamento Estratégico 1.2 As fases da estratégia no ambiente organizacional 1.2.1 Fase 1 – Planejamento financeiro (Anos 1950) 1.2.2 Fase 2 – Planejamento a longo prazo (Anos 1960) 1.2.3 Fase 3 – Planejamento estratégico (Anos 1970) 1.2.4 Fase 4 – Administração estratégica (Anos 1980) 1.2.5 Fase 5 – Gestão estratégica (Anos 1990) 1.2.6 Fase 6 – Gestão estratégica competitiva (Anos 2000…) 1.3 O desafio da execução 1.4 Considerações finais 1.5 Revisão de conceitos CAPÍTULO 2 – ANÁLISE ESTRATÉGICA: MACROAMBIENTE 2.1 O que é o ambiente externo nas empresas 2.2 Análise do macroambiente 2.3 Características da análise de macroambiente 2.3.1 Investigação 2.3.2 Monitoramento 2.3.3 Previsão 2.3.4 Avaliação 2.4 Contextos macroambientais 2.4.1 Contexto político-legais 2.4.2 Contexto econômico 2.4.3 Contexto tecnocientífico 2.4.4 Contexto sociocultural 2.4.5 Contexto natural 2.4.6 Contexto Global 2.5 Visão geral dos contextos CAPÍTULO 3 – ANÁLISE ESTRATÉGICA: AMBIENTE SETORIAL E MODELO DAS FORÇAS COMPETITIVAS 3.1 Análise Setorial – As cinco forças competitivas 3.2 Utilizando as cinco forças competitivas 3.3 Rivalidade (concorrência) 3.4 Ameaça de novos entrantes 3.5 Poder dos fornecedores 3.6 Poder dos compradores 3.7 Produtos substitutos CAPÍTULO 4 – ANÁLISE ESTRATÉGICA: AMBIENTE INTERNO 4.1 Análise do Ambiente Interno 4.2 Matriz S.W.O.T CAPÍTULO 5 – DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS EM NÍVEL DE UNIDADE DE NEGÓCIO 5.1 Definição de estratégias em nível de Unidade de Negócio 5.2 A escola do posicionamento estratégico 5.3 As estratégias genéricas de Porter 5.3.1 A vantagem de custo 5.3.2 Diferenciação 5.3.3 Enfoque 5.4 As disciplinas de valor de Tracy e Wiersema 5.4.1 Liderança em Produto 5.5 Excelência Operacional 5.5.1 Intimidade com o cliente 5.6 Inovação do valor e a estratégia do oceano azul 5.6.1 A Matriz de avaliação do valor (Curvas de Valor) 5.6.2 Modelo das quatro ações Eliminar-Reduzir-Elevar-Criar (EREC) CAPÍTULO 6 – ORGANIZAÇÃO ESTRATÉGICA: RELAÇÃO ENTRE ESTRATÉGIA E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 6.1 Estruturas organizacionais e estratégia 6.1.2 Estrutura divisional por produto 6.1.3 Estrutura divisional geográfica 6.1.4 Estrutura multidivisional 6.1.2 Estrutura Matricial 6.2 Cultura Organizacional 6.3 Liderança 6.3.1 Estilo “comandante”: planejar - avaliar 6.3.2 Estilo “mudança”: planejar - mudar 6.3.3 Estilo “colaborativo”: consensar - implementar 6.3.4 Estilo “cultural”: visionar - alinhar 6.3.5 Estilo “crescente”: estimular – julgar 6.4 Implementação da estratégia 6.4.1 Abordagens de implementação 6.4.2 Comunicação da estratégia 6.4.3 Dificuldades na implementação CAPÍTULO 7 – CONTROLE ESTRATÉGICO 7.1 Controle estratégico – visão geral 7.2 BALANCED SCORECARD 7.2.1 O piloto e o passageiro 7.2.2 O que é BALANCED SCORECARD? 7.2.3 A Perspectiva Financeira 7.2.4 A Perspectiva do Cliente 7.2.5 A Perspectiva de Processos Internos 7.2.6 A Perspectiva de Aprendizado e Crescimento 7.2.7 O Mapa Estratégico CAPÍTULO 8 – ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 8.1 Definição e importância do Planejamento Estratégico 8.2 Definição do negócio 8.3 Análise ambiental 8.4 Missão, Visão e Valores 8.5 Objetivos e metas 8.6 Formulação da Estratégia 8.7 Implementação da Estratégia CAPÍTULO 1 A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO O objetivo deste capítulo é apresentar cronologicamente os principais eventos, pensadores e métodos que contribuíram para a evolução do pensamento estratégico no âmbito organizacional. Apresenta ainda algumas tendências e técnicas que poderão moldar novas abordagens da gestão estratégica em um futuro próximo. Algumas das técnicas e ferramentas citadas neste capítulo serão mais bem detalhadas e exemplificadas no decorrer do livro. 1.1 A origem do Pensamento Estratégico O termo estratégia – do grego strátegos – deriva de duas palavras gregas: stratos (exército) e ago (liderar, guiar, mudar de direção). Na Grécia antiga designava “a arte do general”, que era entendido como a aplicação das competências do general no exercício de sua função. O general liderava os exércitos na conquista de novos territórios. Durante estas conquistas inúmeras batalhas eram travadas e, cabia ao general definir os objetivos, os métodos e os movimentos necessários para a conquista final. É nesse contexto de geração de ideias para atingir um alvo específico que começam a ser moldados os primeiros conceitos referentes ao pensamento estratégico. Destaca-se neste período histórico (330 a.c.) a figura de Alexandre, o Grande. Em diversas batalhas, Alexandre enfrentou exércitos poderosos e com abundância de recursos. No entanto, sua habilidade em desenvolver mecanismos coordenados de ataque e defesa frente ao inimigo fizeram com que conquistasse vitórias históricas. PARA APRENDER MAIS Veja o filme ALEXANDRE de Oliver Stone (Warner Bros Pictures e Intermedia Films, 2005) - Cenas 10 a 16 - A BATALHA DE GAUGAMELA Nesta cena observa-se o processo de elaboração da estratégia da batalha. Alexandre, reunido com seus generais apresenta e demonstra, com a utilização de maquetes, todos os movimentos necessários para atingir seu objetivo maior. Logo a seguir, é possível observar o processo de implementação da estratégia e os diversos elementos necessários para o sucesso de sua execução, tais como: oratória, rituais, liderança, iniciativa, comunicação, velocidade, cooperação, trabalho em equipe e participação. Figura 1 - Cenas do filme “Alexandre”. No âmbito da estratégia militar destacam-se também as ideias do filósofo de guerra prussiano Carl Von Clausewitz (1780-1831), detalhadas em sua obra Da Guerra (1832). De acordo com Ghyczy (2002), este trabalho é reconhecido como um dos maiores clássicos sobre estratégia militar. Sua maior contribuição consiste em apresentar formas para organizar o pensamento em ambientes instáveis e turbulentos, oferecendo soluções e caminhos através do mapeamento de estratégias. Com o passar do tempo e com o aumento da complexidade no mundo dos negócios, diversos conceitos oriundos da estratégia militar começaram a ser traduzidos e adequados ao mundo corporativo e organizacional. Esta adaptação tem início a partir do final do século XIX e início do séculoXX. 1.2 As fases da estratégia no ambiente organizacional O pensamento estratégico tem como principal objetivo proporcionar reflexões sobre os caminhos que a organização deve trilhar para sobreviver, crescer e melhorar seus resultados econômico-financeiros e mercadológicos. A aplicação dos conceitos da estratégia no ambiente organizacional tem uma relação direta com dois fatores distintos: o aumento da competição no mundo dos negócios e a crescente incerteza e variabilidade ambiental. Observa-se que tais fatos começam a ocorrer com mais intensidade a partir dos anos 50 e, desde então, a temática da estratégia vem sendo incorporada de forma intensa e sistêmica no ambiente empresarial. Uma boa análise sobre a evolução do pensamento estratégico foi desenvolvida e sistematizada por Gluck, Kaufmann e Walleck no final dos anos 80. O trabalho dos autores foi complementado por Tavares (2000), Serra et al (2004) e Lobato et al. (2005). A partir destas referências é possível identificar seis fases distintas no que se refere à evolução e aplicação da estratégia no ambiente organizacional. Estas fases são apresentadas a seguir, com destaque para os autores, técnicas, ferramentas e limitações da abordagem em cada período. Observa-se que a cada etapa da evolução o pensamento estratégico vai se tornando mais robusto com a incorporação de novos métodos analíticos e novas formas de envolvimento das pessoas. Importante destacar que, a complexidade e a abrangência do processo evoluem em sintonia com os novos e crescentes desafios do mercado. 1.2.1 Fase 1- Planejamento financeiro (Anos 1950) Neste período o processo constava basicamente da elaboração do orçamento anual. Eram estimadas previsões de receitas, gastos e margens de resultado. A próxima etapa consistia em mobilizar os recursos necessários para atingir as metas estabelecidas. O planejamento era elaborado numa lógica de sistema fechado. A partir disto o desafio era “cumprir o orçamento”. Existia uma tendência de projetar o futuro baseado em dados passados e o processo era centralizado na alta administração. Era um processo imposto e com a participação de poucas pessoas nas decisões e reflexões. Uma técnica utilizada neste período foi a Administração por Objetivos (APO), desenvolvida por Peter Drucker em seu livro ¨The practice of Management¨ em 1954. (AKAO, 1997). Constata-se que o espaço para formulação de estratégias era muito limitado. As atividades de controle e orçamento eram o foco principal da abordagem. 1.2.2 Fase 2 – Planejamento a longo prazo (Anos 1960) O Planejamento de Longo Prazo baseava-se na projeção de cenários futuros a partir da análise e combinação de indicadores e tendências. A partir de relações de causa e efeito eram geradas algumas hipóteses sobre o futuro e planejadas intervenções no presente de tal forma a melhorar o desempenho futuro da empresa. Importante salientar as contribuições da Royal Dutch/Shell na técnica de análise e projeção de cenários. Neste período a ideia central era projetar alguns cenários futuros com foco no ambiente de atuação da empresa e a partir disto desenvolver as estratégias de atuação. Desta forma, seria possível melhorar o futuro a partir de intervenções no presente. Entretanto, o sucesso da empresa dependeria de um ambiente estável, sem grandes variações do cenário previsto. Logo, a abordagem apresentava limitações, pois na verdade, o mundo está em constante processo de mudança. Neste período iniciam-se os trabalhos do Boston Consulting Group (BCG) tais como a curva de experiência1 e da empresa americana de consultoria McKinsey que desenvolveu a matriz de orientação direcional2 e o conceito de unidades estratégicas de negócios (UEN ou SBU – strategic business unit). Gradativamente o processo de planejamento vai deslocando sua ênfase para o entendimento das variáveis mercadológicas externas à organização. O termo “longo prazo” começa a ceder espaço para a expressão “estratégia”. 1.2.3 Fase 3 – Planejamento estratégico (Anos 1970) Nesta fase a estratégia passa a ser entendida como um processo formal e deliberado. Uma das principais técnicas utilizadas nesta etapa foi a Análise SWOT3, onde eram analisados os ambientes interno e externo da organização. A partir disto eram identificadas as principais forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da empresa. A seguir eram definidos e priorizados os principais focos de atuação e investimentos da empresa. Uma das limitações desta abordagem era a clara separação dos processos de planejamento e execução. Muitos planos ficavam apenas no papel ou na gaveta, o que levou o termo planejamento estratégico a um certo descrédito durante um bom período. 1.2.4 Fase 4 – Administração estratégica (Anos 1980) Os anos 80 se caracterizam pelas primeiras contribuições de Michael Porter, considerado ainda hoje, um dos maiores pensadores do tema. Neste período, Porter (2009) destacou a importância da análise setorial para a formulação da estratégia e desenvolveu o famoso Modelo das Cinco Forças Competitivas, a ser abordado no capítulo 3. Para Porter (2009) a intensidade e interações entre as forças competitivas é que determina a rentabilidade de um determinado setor ou segmento empresarial. A partir da análise setorial a empresa deveria escolher estratégias que lhes possibilitasse a conquista de uma vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Porter (1991) identificou três estratégias genéricas que caracterizavam posicionamentos distintos no mercado: Diferenciação, Custo Mínimo e Foco. Porter (1992) desenvolveu ainda o conceito de Cadeia de Valor, no qual sugeria separar as atividades de uma empresa em atividades primárias (logística, operações, marketing, vendas, pós-vendas) e atividades de suporte (suprimentos, recursos humanos, tecnologia, infraestrutura). Wright, Kroll e Parnell (2000) definiram administração estratégica como um termo amplo que abrange não somente os conceitos desenvolvidos nas fases anteriores, mas também os estágios iniciais de determinação da missão e dos objetivos organizacionais no contexto dos ambientes externo e interno. Desse modo a administração estratégica pode ser vista como uma série de passos em que os gestores principais devem realizar as seguintes atividades, de forma sistêmica: Analisar oportunidades e ameaças ou limitações que existem no ambiente externo; Analisar os pontos fortes e fracos de seu ambiente interno; Estabelecer a missão organizacional e os objetivos estratégicoS; Formular estratégias (nos níveis empresarial, das unidades de negócio e funcional); Implementar as estratégias; Realizar as atividades de controle estratégico para assegurar a execução das estratégias e que os objetivos sejam atingidos. Neste período a administração estratégica começa a valorizar e incorporar aspectos científicos no processo de formulação da estratégia. Destaca-se ainda o início da integração sistêmica dos processos de formulação e execução da estratégia. Figura 2 - Conceitos e definições sobre estratégia 1.2.5 Fase 5 – Gestão estratégica (Anos 1990) A partir dos anos 90 a estratégia torna-se um processo sistêmico e disseminado por toda a organização. Incorpora as atividades de direção, planejamento, organização, coordenação e controle em um ciclo contínuo de gestão. A Figura 3 apresenta os principais elementos que podem compor um sistema de gestão estratégica e aponta alguns elementos, atividades e ferramentas que podem ser utilizadas de forma integrada. A idéia do diagrama é representar a visão sistêmica e o ciclo de adaptação da estratégia às variações do ambiente externo. No âmbito interno apresenta a lógica da melhoria contínua no processo de gestão estratégica integrada. Figura 3 - Gestão estratégica integrada – uma visão sistêmica Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Campos (1996). O processo de gestão estratégica integrada tem início com a análise macroambiental onde são analisados os ou contextos político-legal, econômico, sociocultural e tecnocientífico. Nesta fase inicial também é analisadoo ambiente setorial (modelo das cinco forças) e realizado um diagnóstico interno da organização. Tais informações podem ser sistematizadas e organizadas em uma análise SWOT4. A partir da análise e do cruzamento de informações do ambiente externo e interno, a empresa deve efetuar as suas escolhas estratégicas, definindo seu posicionamento mercadológico e suas prioridades para atingir as metas previamente estabelecidas pela alta administração. As metas e métodos podem ser organizados em um conjunto de diretrizes organizacionais que deverão ser desdobradas nos níveis estratégico, tático e operacional da organização. Este desdobramento poderá ocorrer a partir de projetos estratégicos corporativos, planos setoriais e ainda do redesenho de processos e procedimentos operacionais. Na etapa de desdobramento das diretrizes surgem com destaque dois métodos clássicos vinculados a gestão estratégica: o GPD (Gerenciamento pelas Diretrizes) e o BSC (Balanced Scorecard). Ambos tem como base a lógica do ciclo PDCA 5, que consiste no estabelecimento de indicadores e metas, a definição dos métodos para atingir as metas e o processo de controle da execução. A partir da análise dos resultados realizados, poderão ser adotadas medidas corretivas e de melhorias organizacionais. Também outros métodos de desdobramento podem ser utilizados, como por exemplo, o Orçamento, em suas várias formas; Observa-se que a partir desta dinâmica a estratégia torna-se um ciclo contínuo. Este aspecto dinâmico da estratégia foi amplamente analisado por Mintzberg (2010) que concebeu a visão teórica de que a estratégia pode ser concebida a partir de um processo deliberado, mas também de um processo emergente. O autor defende a ideia de que a formulação de estratégias precisa abordar estes dois aspectos. 1.2.6 Fase 6 – Gestão estratégica competitiva (Anos 2000… ) Esta denominação é proposta por Lobato et al. (2004). Os autores destacam que nesta fase ocorre a consolidação do pensamento estratégico como um processo de aprendizado organizacional e de geração de conhecimento para toda a empresa. A estratégia assume um caráter mais flexível e ajustado às mudanças ambientais. O autor destaca ainda oito características que irão permear com mais intensidade a gestão estratégica nos próximos anos. São elas: Atuação global; Proatividade e foco participativo; Incentivo a criatividade; Controle pelo Balanced Scorecard (BSC) Organização em unidades estratégicas de negócios (UEN´s); Ênfase em alianças; Responsabilidade social; Aprendizagem contínua. Além destas características, observa-se a emergência de novas técnicas e ferramentas que se alinham ao pensamento estratégico, tais como: inovação estratégica, modelagem de negócios e design thinking. Com relação à questão da inovação estratégica destacam-se os estudos de Kim e Mauborgne (2005), Govindarajan e Trimble (2006) e Prahalad e Krishnan (2008). Kim e Mauborgne (2005) desenvolveram a Estratégia do Oceano Azul, também conhecida como Inovação do Valor. A contribuição dos autores refere-se à comprovação teórica de que existem empresas que conseguem obter simultaneamente as vantagens competitivas de custo e de diferenciação. Apresentam em sua obra uma série de métodos e ferramentas que possibilitam uma reflexão mais ampla no processo de formulação da estratégia e na busca da inovação. Govindarajan e Trimble (2006) destacam-se pelo estudo das características principais de projetos e experimentos que podem levar à inovação estratégica nas organizações. Identificaram dez características comuns em modelos de negócios inovadores: Apresentam alto potencial de crescimento da receita; São focados em setores emergentes ou indefinidos; São lançados sem uma fórmula definitiva para geração de lucro; Afastam-se radicalmente do modelo de negócios existente; Utilizam-se de alguns recursos e competência existentes; Desenvolvem novas capacidades e conhecimentos; A criação de valor é descontínua ao invés de incremental; Apresentam grande grau de incerteza; Não apresentam lucro durante vários trimestres ou mais; A avaliação da viabilidade e do desempenho do negócio é difícil e complexo. Os autores destacam que a probabilidade de sucesso do novo experimento é maior quando organizado em uma unidade de negócio específica dentro da empresa. Govindarajan e Trimble (2011) apontam que, atualmente, a execução passa a ser o fator crítico no processo de inovação estratégica. Prahalad e Krishnan (2008) abordam a questão da criação de valor através da inovação no relacionamento e na criação de experiências singulares e personalizadas com os consumidores, mesmo que a empresa atenda mercados de massa. Para tanto, destacam a importância do acesso a recursos oriundos de redes de fornecedores e parceiros globais. Podem ser citados como exemplos desta nova configuração de negócios Google, Amazon, Apple, Facebook entre outros. Neste contexto observa-se que as técnicas de modelagem de negócios vem assumindo um papel de destaque no desenho de estratégias inovadoras. Johnson, Christensen e Kagermann (2008) definem que um “modelo de negócio” é constituído por quatro elementos interligados que, juntos, criam valor para o consumidor. São eles: Proposta de Valor ao cliente- definir claramente quem é o cliente a ser atendido e os produtos e serviços que atendam de forma exclusiva e diferenciada as necessidades deste grupo de consumidores. Fórmula do lucro – desenvolver um modelo de geração de receitas, uma estrutura de custos, um modelo de margem e a velocidade da utilização do recursos. Principais recursos – definir as pessoas, tecnologia, equipamentos, informações, canais, parcerias, alianças e marca necessários para entregar a proposta de valor definida. Principais processos – modelar os principais processos, regras, métricas e normas fundamentais para a entrega de valor ao cliente. O método de modelagem de negócios proposto pelos autores consiste em três etapas distintas: Etapa 1- Identificar oportunidades de satisfazer as necessidades e surpreender efetivamente os clientes alvo com uma proposta de valor única e exclusiva; Etapa 2- Desenhar um esquema de como a empresa atenderá estas necessidades com lucro; Etapa 3- Comparar o novo modelo de negócio ao modelo atual e traçar um caminho para a transição. Esta transição se dará através de Projetos e da revisão de alguns processos rotineiros. A escola da modelagem de negócios vem crescendo principalmente pela necessidade de incrementar a inovação no processo de gestão estratégica competitiva. Com isso cresce também a aplicação do design thinking, que utiliza as ferramentas clássicas de design e modelagem para conceber novos negócios com propostas de valor inovadoras. Destacam-se neste sentido os trabalhos de Martin (2010) e Brown (2010) que apresentam e detalham técnicas tais como observação, inspiração, idealização, cocriação, visualização, prototipação e a própria modelagem de negócios, entre tantas outras. Em breve a modelagem do negócio será uma etapa indispensável na elaboração do plano estratégico de uma organização. O desafio da execução Um dos maiores desafios com que os executivos se deparam nos dias de hoje tem a ver com a execução da estratégia. Muitas organizações que conceberam boas estratégias e que são lideradas por executivos competentes tem falhado no momento da implementação. Dentre os especialistas em execução destacam-se Bossidy e Charan (2005) e Hrebiniak (2006). De acordo com Ram Charan em entrevista para o Dossiê: A hora da execução, publicado na Revista HSM Management, de Nov./Dez 2010, os líderes devem compreender que a execução é parte integrante da estratégia. O autor destaca que a execução é composta por três elementos fundamentais: disciplina, liderança e cultura. A execução consiste basicamente em estruturar um processo sistemático de vincular a estratégia com as operações e com as pessoas encarregadas de implementá-la, associando um sistema de recompensas aos resultados obtidos. Para Tom Peters, entrevistado na mesma publicação, aprioridade na execução da estratégia são as pessoas. Defende a ideia de que uma boa estratégia, sem as pessoas preparadas para a execução, é quase uma piada. Hrebiniak (2006) afirma que o diálogo efetivo entre os níveis organizacionais, o design dos processos e a clara definição das estratégias, metas e indicadores de desempenho, são elementos essenciais na hora de executar a estratégia. O autor destaca que um modelo eficaz de execução apresenta oito obstáculos ou desafios (Figura 4). 1. Definir claramente as diretrizes como objetivo de orientar as ações de execução; 2. Compreender como a criação de uma estratégia afeta sua execução; 3. Gerenciar as mudanças de forma efetiva, incluindo as mudanças culturais; 4. Compreender a estrutura de poder e usá-la para o sucesso da estratégia; 5. Desenvolver estruturas organizacionais que estimulem o intercâmbio de informações, a coordenação e uma clara responsabilidade; 6. Desenvolver controles efetivos e mecanismos de feedback; 7. Criar uma cultura de disciplina e apoio à execução; 8. Desenvolver lideranças orientadas à execução; Figura 4 - Desafios e obstáculos para execução da estratégia Fonte: Hrebiniak, 2006. 1.4 Considerações finais A partir desta breve análise da evolução do pensamento estratégico conclui-se que não existe uma única forma de desenvolver estratégias. Pesquisadores e autores sistematizam e desenvolvem diversas técnicas e ferramentas que podem ajudar as empresas a melhorar o seu desempenho. Cabe aos administradores identificar qual é o método de trabalho mais adequado à realidade e a cultura da empresa. É muito importante não se deixar levar por modismos ou aplicar os métodos de maneira superficial. Com certeza, nestas situações os resultados não serão os melhores. Importante destacar que junto com o desenvolvimento e a elaboração da estratégia a empresa deve também preocupar-se com outros elementos necessários ao sucesso da execução, tais como: estrutura organizacional, pessoas e competências, processos e procedimentos, relacionamento e envolvimento com os clientes, sistemas de informação e análise de resultados entre outros. 1.5 Revisão de conceitos Para concluir esta breve esta abordagem histórica e conceitual, segue um quadro resumo (Figura 5) onde são apresentados as fases da evolução do pensamento estratégico, os principais elementos e ferramentas e os principais autores de referência. FASES PRINCIPAIS ELEMENTOS E CARACTERÍSTICAS ALGUNSPENSADORES Anterior a 1900 Estratégias Militares Sun Tzu Carl Von Clausewitz Décadas 30 e 40 O conceito de estratégia começa a ser aplicado no ambiente de negócios Henry Ford Alfred Sloan Década de 50: Planejamento Financeiro Foco no orçamento e no controle Financeiro Administração por objetivos (APO) A visão é de curto prazo O Conhecimento e as decisões são restritas à alta administração. Peter Drucker Theodore Levitt Década de 60: Planejamento de Longo Prazo Análise e Projeção de Cenários e Tendências Análise das capacidades internas x Possibilidades externas Análise do crescimento e da participação no mercado Matriz BCG – Curva de Experiência Matriz de Atratividade de Mercado Unidades Estratégicas de Negócio (UEN ou SBU) Surgem as áreas dedicadas ao planejamento empresarial. Igor Ansoff Alfred Chandler Grandes Consultorias: Boston Consulting Group (BCG); McKinsey Década de 70: Planejamento Estratégico Cresce a abordagem do Planejamento estratégico com foco na definição da estratégia. Análise SWOT (Ameaças, Oportunidades, Forças e Fraquezas) A análise ambiental externa torna-se mais técnica e analítica. Surge a Teoria dos jogos. Henry Mintzberg Keniche Ohmae Alvin Tofler Jonh Naisbit Conexão entre estratégia e estrutura organizacional. Crescimento como foco na expansão geográfica e na diversificação. Década de 80: Administração Estratégica A competitividade global aumenta significativamente com a evolução da economia japonesa. O movimento da qualidade e o sistema de produção enxuta atingem seu auge. A análise da atratividade do setor e da intensidade das forças competitivas tornam-se elementos importantes para a definição da estratégia. Porter cria o modelo das cinco forças competitivas e desenvolve a abordagem das estratégias genéricas de liderança em custo, diferenciação e foco. Ainda a ideia de Cadeia de Valor. Executivos e gestores assumem papel mais ativo na formulação e execução da estratégia. Michael Porter Tom Peters Jack welch Década de 90: Gestão Estratégica Competitiva A abordagem do planejamento estratégico torna-se mais ampla e sistêmica. A estratégia passa a ser entendida como um processo formal e deliberado, mas também como um processo emergente. Inicia-se a integração entre o processo de planejamento e controle. Incorpora-se na temática da estratégia a questão das competências essenciais, da sustentabilidade ambiental e da responsabilidade social. A estratégia é caracterizada e entendida como um processo de aprendizagem organizacional e de geração de conhecimento. Hamel e Prahalad Collins e Porras Mintzberg Quinn, Lampel e Ghosthal Kaplan e Norton A Estratégia passa a ser entendida como um processo flexível e adaptativo. Surge o conceito de Estratégia On-Line. Sistemas de inteligência competitiva fornecem elementos para a formulação da estratégia. Surge a abordagem da estratégia do Oceano Azul: são identificadas empresas que conseguem obter a vantagem de custo e diferenciação simultaneamente. Michael Porter Prahalad Kaplan e Norton Anos 2000: Tendências contemporâneas do pensamento estratégico Cresce a importância das redes de relacionamento e cooperação. A execução da estratégia passa a ser realizada de forma sistêmica a partir da gestão de projetos e de processos. O controle da execução passa a ser realizado com balanced scorecard. Cresce a integração da estratégia com a responsabilidade social. A Inovação, o design thinking, a cocriação e a modelagem de negócios se incorporam ao processo de gestão estratégica. A Execução da estratégia torna-se um dos maiores desafios das organizações e passa a ser um trabalho diário dos executivos. Kim e Mauborgne Jim Collins Vijay Govidarajan Ram Charam Mark Jonhson Tim Brown Roger Martin Tom Kelley Figura 5 - A evolução do Pensamento Estratégico Fonte: Adaptado de Bulgacov et al. (2007), Lobato et al. (2004), Serra et al. (2004) e Tavares (2000). Este capítulo foi elaborado por Gustavo de Ávila Martins. CAPÍTULO 2 ANÁLISE ESTRATÉGICA: MACROAMBIENTE Desde o primórdio dos tempos, o homem identifica uma relação de causalidade entre os fatos que passam à sua volta (ambiente externo) e a sua própria vida (ambiente interno). Pensar (analisar) sobre os acontecimentos externos implicava aumentar as chances de sobrevivência, e mais, multiplicar as suas oportunidades. Este capítulo sobre análise do ambiente externo tratará sobre as implicações do macroambiente sobre o dia-a-dia da empresa e o seu futuro de médio e longo prazo. Serão abordadas as etapas para esta análise, bem como os diferentes contextos nos quais elas devem ser pensadas. 2.1 O que é o ambiente externo nas empresas A análise do ambiente externo da empresa pode ser definida como a verificação da relevância dos fatores físicos e sociais necessários para a identificação variáveis externas, que se encontram em diversos setores fora do ambiente interno da empresa. Pode-se dizer também que a análise do ambiente externo serve para diminuir o grau de incerteza estratégica na tomada de decisão final pelas empresas. Metaforicamente, pode se usar uma atividade corriqueira da nossa vida para ilustrar a importância análise do ambiente externo em uma empresa. Poucas atividades são tão corriqueiras na vida de uma pessoa quanto a de escolher o que vai comer quando está com fome. Pode-se ouvir outras pessoas, pode-se consultar um cardápio, pode-se até escolher pelo valor financeiro do alimento, porém decidir o que comer quando se está com fome é um ato solitário e inevitável. Esta escolha pode tornar-se por vezes bastante dolorosa, quando asopções são tão desconhecidas de sabor quanto de preço. Nesse momento, só quem já esteve frente a esta situação pode descrever a alegria que é encontrar um Big Mac, diante de parâmetros alimentícios hostis que se apresentam pela frente. Não que o sanduíche que virou índice econômico seja a melhor refeição que existe, mas, neste momento ele significa uma coisa muito maior, representa um futuro seguro e previsível. Para entender o que isto significa, basta olhar o rosto de incerteza de um estrangeiro diante de uma carne de churrasco que o gaúcho chama de Vazio. Vazio, em diversos significados semânticos, significa…vazio, nada, ausência absoluta de qualquer coisa. Você comeria uma carne com este significado? O Big Mac significa a previsibilidade, a parte futura da qual tem-se total certeza e quase completo controle (pode-se estimar tanto o ambiente, quanto o preço, quanto à qualidade, quanto o sabor). O Vazio significa a incerteza. Pode-se prevê-la analisando vários fatores, como o local, qual o custo, informações coletadas de quem já provou, a reputação, entre outros. A verificação destes fatos lhe trará maior segurança para pagar e comer este tipo de alimento, que significa…coisa alguma. Porém, a certeza absoluta sobre o erro ou o acerto, só se terá provando o Vazio. Após isto, gostando ou não, a maioria das dúvidas anteriores vira fatores previsíveis. Desta forma, criar um fator de maior previsibilidade em relação ao futuro é a maior competência gerada pela análise do ambiente externo da empresa. Viver em um ambiente de completa incerteza inviabiliza qualquer tipo de planejamento futuro, confiando o sucesso ou fracasso da empresa simplesmente a sorte. O objetivo principal, então, de se analisar o ambiente externo, é aumentar a previsibilidade e diminuir a incerteza no processo de tomada de decisão. Assim, o processo de análise do ambiente externo visa reduzir a incerteza e, com ela, as chances de erro. Essa análise não assegura o acerto, mas diminui os riscos, ao ajudar a descartar as hipóteses ambientais menos razoáveis. A análise de ambiente externo considera dois âmbitos: um primeiro, mais amplo, trata do macroambiente; o segundo, mais restrito, trata do setor ou indústria. Nesse capitulo, irá se abordar o macroambiente e no próximo, o ambiente setorial. No âmbito interno, se análise a própria organização em foco (tratado no cap. 4). Figura 6 - Diferentes âmbitos de análise 2.2 Análise do macroambiente As organizações são influenciadas por variáveis do macroambiente em que estão inseridas. Estas variáveis podem ser interpretadas à luz de certos contextos específicos, que são descritos como político–legais, econômicas, tecnocientíficos, sócioculturais, naturais e globais. A análise do macroambiente normalmente é efetuada de duas formas. Através da construção de cenários de referência (construído para uso especifico de uma empresa ou setor), ou com a utilização destes mesmos através de cenários disponíveis no mercado (tipo cenários elaborados pelo BACEN, IPEA, Bancos e Federações como a FIERGS, FIESP, etc.). 2.3 Características da análise de macroambiente A análise de macroambiente pode ser vista como uma fotografia, um instantâneo de um determinado momento. Ela irá retratar uma situação; porém deve levar em conta o histórico e as tendências do ambiente. Ainda assim, ela apresentará uma visão atual sobre o ambiente e, caso essa realidade mude significativamente, irá ensejar uma reanálise e, eventualmente, uma nova rodada do processo estratégico. Por outro lado, é importante considerar que a análise macroambiental trata-se de uma interpretação dos gestores sobre o que veem em relação ao mundo, especialmente naqueles pontos que mais podem afetar a organização. Assim, deve-se levar em conta que a visão sobre o ambiente carrega em si a forma de ver o mundo dos gestores responsáveis. Esses alertas servem para que o estrategista, ao realizar a interpretação das variáveis em jogo, relativize o que está sendo afirmado, embora não desconsidere as informações obtidas. Um aspecto importante nessa etapa é considerar que a visão das variáveis em análise deve ser no sentido do mundo para a organização e não ao contrario; isto é, não é, neste momento, o que a organização fará a respeito do ambiente, mas como este afetará aquela. Para tanto, a análise macroambiental pode ser feita em quatro etapas (HITT; IRELAND, HOSKISSON, 2002): 2.3.1 Investigação Nessa etapa, o estrategista deve entender quais variáveis apresentam sinais importantes, principalmente de mudanças, e estimar suas tendências. Por exemplo, está havendo alguma alteração importante na expectativa de vida da população? Qual a tendência? 2.3.2 Monitoramento Após a identificação das variáveis que apresentam comportamentos relevantes a observar, busca-se monitorá-la e verificar sua evolução nos últimos períodos. Para isso, deve-se evitar olhar um momento isolado no tempo. Por exemplo, está havendo uma crise econômica? Se sim, ela é episódica ou irá permanecer? Qual o comportamento nos últimos anos? Qual o significado que ela pode ter para o negócio em análise e para o ambiente como um todo? 2.3.3 Previsão Nesta etapa, identificadas as variáveis importantes para a organização, irá se realizar, quando possível, estimativas de comportamentos futuros. Pode ser interessante, principalmente nesta etapa, buscar-se a opinião de especialistas, tais como economistas, sociólogos, lobistas, parlamentares etc. Em ambientes mais complexos, pode-se usar planejamento de cenários, uma técnica desenvolvida ao final dos anos 60, junto à Shell, por Pierre Wack. Porém, há que se ter cuidado com ela, pois é uma abordagem complexa e custosa, tendo-se que avaliar se compensará o investimento. 2.3.4 Avaliação Conhecidas as variáveis importantes, seus comportamentos e tendências, deve-se então avaliar o impacto que ela terá sobre o negócio. Nem todas as variáveis que sofram alterações importantes serão significativas para uma organização. Por exemplo, alterações na taxa de câmbio do dólar podem não ser relevantes para uma organização que não exporta ou importa ou não tem produtos ou insumos afetados pelo mercado internacional. 2.4 Contextos macroambientais Um dos objetivos da administração estratégica é identificar quais são as influências das variáveis macroambientais no futuro da organização ou setor. Os contextos a partir dos quais elas podem ser analisadas são apresentados a seguir. 2.4.1 Contexto político-legais As organizações não funcionam estritamente sobre o seu próprio conjunto de regras. Um grupo importante de stakeholders a serem atendidos (governos e setores de justiça) constitui o núcleo das forças político-legais do ambiente ao qual a organização está envolvida. Aspectos políticos (institucionais) podem afetar a forma como a organização opera e mesmos as “regras do jogo”. Alterações institucionais importantes (cassações, renúncias etc.) podem gerar estagnação de investimentos em vista da incerteza aumentada quanto ao futuro. Quando se refere a governos, também é importante compreender que se trata de todos os níveis (municipal, estadual e nacional) e poderes (executivo, legislativo, judiciário). É importante monitorar não somente o que está ocorrendo, como tendências de regulamentação. Legislações, em geral, são promulgadas após as relações sociais já estarem estabelecidas; como exemplo, pode-se citar a questão ambiental, que passou (e passa) a ser cada vez mais regulada em vista de demandas sociais crescentes. Nesse sentido, o grau de incerteza no comportamento dessas variáveis é muito elevado e apostas em tendências são muito arriscadas. As barreiras comerciais que os países criam para protegerem os produtos de suas empresas são um exemplo característico destas variáveis. Da mesma forma, podem-se citar as medidas legais quanto à prescrição de medicamentos, influenciando o aumento ou perda de venda deste setor. Eleições, taxas, sentenças judiciais, pressões políticas, regulamentações, entre outros constituem exemplosde variáveis político-legais. Uma abordagem que pode ser usada, em análises de maior profundidade, é identificar discussões que estejam ocorrendo nos parlamentos, principalmente no seio das comissões temáticas. 2.4.2 Contexto econômico São as variáveis referentes à economia em relação aos seus recursos e mercados. Os fatores econômicos podem ser analisados tanto sobre a ótica da microeconomia (que analisa o comportamento dos agentes, individualmente) ou da macroeconomia (que analisa o resultado agregado dos vários comportamentos individuais). São diversas as variáveis a serem considerados, mas, normalmente analisam-se apenas os principais, que são a taxa de juros, o sistema tributário, os índices de inflação, o PIB e a taxa de câmbio. PIB: serve como o principal indicador de crescimento de um país. Corresponde ao valor total de todos os produtos ou serviços produzidos em um ano dentro dos seus limites geográficos, incluindo sua depreciação. Há que se observar que a evolução do PIB diz respeito a um conjunto agregado. Dessa forma, deve-se atentar que sua evolução em um determinado setor ou em uma determinada região pode destoar do PIB Geral. Taxa de juros: corresponde ao valor percentual pago pelos empréstimos, créditos ou financiamentos em dinheiro. Normalmente, é alienada a taxa de juros do País vigente (Ex: Taxa Selic, no Brasil, ou a LIBOR na Inglaterra, que corresponde a uma taxa interbancária contra a qual um grupo representativo de bancos se propõe efetuar empréstimos mutuamente, no mercado monetário de Londres). Sistema tributário: entende-se por sistema tributário todo o complexo de impostos e taxas (tributos) instituídos em um País, e os princípios e normas que os regem. No Brasil, o imposto que atinge a quase totalidade das empresas é o ICMS. Taxas de inflação: a inflação é um aumento generalizado e persistente de preços. As taxas de inflação são os percentuais que estes aumentos estão tendo no mercado. As taxas de inflação têm uma correlação direta com o comportamento (expectativa) do consumidor em relação aos preços futuros, gerando uma alta do consumo, e consequentemente, mais aumento de preços. Taxa de câmbio: o câmbio caracteriza-se por ser uma operação de compra e venda entre moedas de diferentes nacionalidades. Como consequência, a taxa de câmbio é o valor de conversão entre moedas. Por outro lado, eventuais desequilíbrios na entrada e saída de recursos e na política monetária e fiscal podem levar a taxas de cambio “irreais”. Assim, dependendo da situação e das perspectivas pode haver mudanças significativas na taxa. 2.4.3 Contexto tecnocientífico Tem como definição de ambiente tecnológico o conhecimento científico, pesquisa, invenções e inovações que resultam em processos, bens e serviços novos ou aperfeiçoados. Os desenvolvimentos tecnológicos proporcionam oportunidades importantes para melhorar o valor oferecido aos clientes. Quando as empresas não acompanham as mudanças, a tecnologia pode tornar-se uma ameaça para a mesma. A intensidade que as forças tecnológicas atuam sobre determinada empresa pode variar muito entre os setores industriais em que as mesmas atuam. É importante nessa análise, mais que em outras, trabalhar-se com perspectivas mais especificas, evitando a percepção de senso comum “inovação permanente”. Alguns setores são bastante estáveis em termos tecnológicos e as inovações, quando ocorrem, costumam ser incrementais. Por outro lado, as mudanças tecnológicas são causadas por descobertas ocorridas ainda em nível de ciência. Portanto, entender as evoluções científicas em determinados campos, pode ajudar a prever possíveis impactos tecnológicos em um horizonte mais longo. Para tanto, investigar áreas preferenciais de investimento em ciência, tanto nos governos, quanto nas empresas, auxilia o entendimento dessa evolução. Para isso, podem-se consultar órgãos de apoio ao desenvolvimento tecnológico e científico, como a Finep, a Capes, Instituições estaduais (FAPERGS, FAPESC, FAPESP etc.), entre outros. 2.4.4 Contexto sociocultural Trata-se de entender as pessoas de uma sociedade e seus valores, crenças e comportamentos. Este ambiente pode ser descrito de acordo com quem são as pessoas (idade, renda, cidade natal etc.) e com as características de sua cultura. Mudanças no ambiente social, sejam elas sutis ou drásticas, podem apresentar novas estratégias, oportunidades ou ameaças. Dentro dessa análise, avaliam-se os aspectos demográficos, como o tamanho, idade da população, expectativa de vida, distribuição geográfica, etnias e renda per capita. Institutos de pesquisa como o IBGE fornecem dados bastante precisos a respeito destas variáveis, normalmente acessíveis sem custo. Outro aspecto importante de se observar é a formação de grupos (ex: ambientalistas) ou a mudança nas relações com as chamadas “minorias” (homoafetivos, etnias específicas etc.). O bom entendimento desses grupos é importante também por causa do seu impacto interno na organização. Um tratamento inadequado, mesmo internamente, pode gerar medidas punitivas ou afetar a imagem pública da organização. 2.4.5 Contexto natural Pode-se definir como os recursos naturais disponíveis para a organização ou por ela afetados. O ar, a água, os minerais, as plantas e os animais podem ser parte do ambiente natural de uma empresa, sendo ou não utilizados por ela para produzir seus bens ou serviços de forma primária. A capacidade de oferecer bens ou serviços pode ser influenciada também pelo clima e podem afetar o ambiente natural gastando ou repondo recursos; aumentado, produzindo ou equilibrando a poluição. Um exemplo de equilíbrio da poluição é a compra de créditos de carbono por grandes empresas, devido a seu potencial poluidor. A compreensão de possíveis desdobramentos das mudanças no ambiente natural, seja por intervenção humana ou não, ajuda a prever impactos em outros contextos. 2.4.6 Contexto Global Para organizações que tem atuação internacional, pode-se tornar importante analisar mudanças e tendências nas relações internacionais, bem como características específicas de determinadas regiões ou nações. Ainda que boa parte dessas variáveis possa ser analisada sob o viés dos demais contextos, a atuação de blocos de países (Europa, Nafta, MERCOSUL, OPEP etc.), bem como em organismos multilaterais (ONU, OIT, OTAN, Banco Mundial etc.) influencia os contextos e são importantes de ser compreendidos. 2.5 Visão geral dos contextos Os contextos abordados devem ser considerados em conjunto. Muitas vezes, inclusive, há variáveis que são difíceis de classificar em um deles. De fato, isso não é importante, desde que se faça uma boa avalição dela. A análise segregada do macroambiente é somente uma forma de facilitar o processo. Político-legal Leis tributárias Regulamentações comércio internacional Regulamentações de empréstimos a consumidores Sanções anti-truste Leis trabalhistas Controle de preços/ salários Econômico Fornecimento de dinheiro Estágio do ciclo econômico Poder aquisitivo da população Custos com energia Taxa de desemprego Política monetária Tecnocientífico Gastos em P&D (governo e privados) Descobertas científicas relevantes Enfoque em gastos com P&D (modernização, inovação, etc) Automação Robótica Taxa de introdução de novos produtos Sociocultural Expectativas de vida Mudança na presença de minorias Atitudes de consumidores em relação à inovação, estilos de vida, carreiras, qualidade de vida e ativismo Alterações populacionais Expectativas em relação ao trabalho Natural Clima Mudanças geológicas Alterações nas culturas (grãos, animais etc.) Global Evolução dos blocos comerciais Presença/ atuação em organismos internacionais (OMC, BID, ONU, etc) Conflitos Ações globais (AIDS, fome, etc) Acordos/ tratados internacionais Figura 7 - Exemplos de variáveis macroambientais fonte: Adaptado de Wright (2000). Outro aspecto importante é perceber que há muitas variáveis que se inter- relacionam fortemente. Por exemplo, mudanças nas expectativas de vida e outras questões demográficaspodem ter efeito importante sobre a renda. A Figura 7 mostra um conjunto de exemplo de variáveis macroambientais por contexto. PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS BESANKO, D; BRAEUTIGAM, R.R. Microeconomia – uma abordagem completa. Rio de Janeiro: LTC, 2004. BETHLEM, A. Estratégia Empresarial. São Paulo: Atlas, 2002. Capítulos 9 a 12. GHEMAWAT, P. A Estratégia e o Cenário dos Negócios. Porto Alegre: Bookman, 2000. GHEMAWAT, P. Redefinindo Estratégia Global - cruzando fronteiras em um mundo de diferenças que ainda importam. Porto Alegre: Bookman, 2008. REVISÃO DE CONCEITOS MACROAMBIENTE: ambiente externo à empresa que afeta todas as pessoas e organizações. CONTEXTOS MACROAMBIENTAIS: conjunto de variáveis de macroambiente. VARIÁVEIS MACROAMBIENTAIS: são os fatores cuja alteração impacta pessoas e organizações. Este capítulo foi elaborado por Gustavo da Silva Costa e Carlos Alberto Diehl. CAPÍTULO 3 ANÁLISE ESTRATÉGICA: AMBIENTE SETORIAL E MODELO DAS FORÇAS COMPETITIVAS Uma organização é afetada por diversos fatores, que determinam sua lucratividade. Um dos principais influenciadores de seu desempenho é o setor (ou indústria) onde ela atua. Este pode ser analisado usando-se o Modelo das Forças Competitivas de Porter, que considera cinco elementos para isso: os Rivais (ou concorrentes), a Ameaça de novos entrantes, o Poder de barganha dos fornecedores, o Poder de barganha dos compradores e a Pressão dos produtos substitutos. 3.1 Análise Setorial – As cinco forças competitivas Como visto no próprio nome, a análise do macroambiente refere-se ao ambiente geral no qual a empresa está inserida. Porém, para uma análise mais criteriosa do ambiente externo deve-se observar quais os fatores que influenciam a empresa dentro do seu setor, que é efetivamente onde a empresa atua e onde está localizada sua concorrência. Para esta etapa, chamada de análise setorial, usa-se uma ferramenta chamada de cinco forças competitivas, criada por Michael Porter na década de 1970. Derivada de uma série de artigos escritos pelo ele a essa época, a cinco forças competitivas é uma ferramenta que explora os fatores que determinam os lucros de determinado setor6. Ainda que tenha sido desenvolvida há vários anos, esse conceito é ainda atual e um dos modelos que, empiricamente, melhor explica vantagens competitivas de organizações. 3.2 Utilizando as cinco forças competitivas O uso das cinco forças competitivas como ferramenta de análise é utilizado, sistematicamente, para avaliar o potencial de lucratividade de um setor, bem como seu panorama futuro. O potencial de crescimento de determinada força dentro do setor pode refletir em perda de lucratividade no futuro, por exemplo. As cinco forças competitivas são representadas, conforme a Figura 8, por: rivalidade dentro do setor; poder dos fornecedores; poder dos compradores; barreiras à entrada existentes e; pressão de produtos substitutos. Figura 8 - As cinco forças que moldam a competição no setor, do modelo de Porter Fonte: Porter, 1986. A análise pelo modelo das cinco forças competitivas é focada, inicial e principalmente sobre o setor, pois as características e intensidades das forças determinam as “regras do jogo”, isto é, a forma como o setor funciona. É, sobretudo, uma ferramenta de diagnóstico. Um aspecto importante dessa análise é que ela não é centrada na rivalidade (concorrência), mas avalia todos os competidores que influenciam o setor. Outro ponto a observar a priori é que a análise das forças competitiva não deve ser nominada, isso é sobre o Fornecedor X ou Rival Y, mas sim sobre as características do setor fornecedor ou do próprio setor em análise. Isso é importante na medida em que clarifica as regras setoriais dos fornecedores e outros, como também deve se considerar que fornecedores, por exemplo, podem ser trocados. 3.3 Rivalidade (concorrência) Normalmente, um setor caracteriza-se por reunir um número de empresas (concorrentes) com produtos bastante próximos entre si. Também, as empresas identificadas dentro de determinado setor, tomam decisões com base nas ações e reações de suas rivais mais próximos, com fim de ampliar sua participação de mercado. As condições a seguir tendem a aumentar a rivalidade dentro de um setor e, como consequência, diminuir a lucratividade do mesmo: Grande número de empresas dentro de determinado mercado: com um número grande empresa concorrendo entre si, tem-se uma boa chance de uma delas, para aumentar sua participação, reduza seus preços. Se funcionar, as demais tenderão a segui-la, diminuindo seus percentuais de lucro; Setor estagnado ou com crescimento lento: só há capacidade de aumento da produção ganhando clientes da concorrência; Altos custos fixos ou capacidade excedente: tenta-se diluir altos custos fixos aumentando a produção. Desta forma, para evitar o armazenamento excessivo, distribui-se os produtos a um preço mais baixo; Produtos não diferenciados ou custos baixos de mudança: quando é relativamente fácil trocar-se de fornecedor, a concorrência tende a dar- se unicamente por preços. Ademais, produtos homogêneos facilitam a comparação de ofertas entre diferentes concorrentes; Altos interesses estratégicos: quando é importante para as empresas manterem-se em um mercado, mesmo com um lucro menor que o desejado. Estes interesses podem ser geográficos, de marketing, de estabilização da produção, bloqueio de um novo rival, entre outros. Fortes barreiras à saída: quando ativos tanto estratégicos quanto emocionais podem interferir para que a empresa não saia do mercado, mesmo com baixos retornos financeiros. Isso pode ocorrer quando há um custo elevado de desativação ou quando há impactos sociais significativos, por exemplo. 3.4 Ameaça de novos entrantes Os fatores que determinam a possibilidade de entrada em um setor são de duas ordens: a ameaça de retaliação dos concorrentes já estabelecidos e as barreiras à entrada. No primeiro caso, a avaliação se dá tanto pelo aspecto histórico, isto é, se tem havido reações às tentativas de entrada, como pela capacidade de reação dos rivais estabelecidos e, por fim, também, pela associação que possa haver entre eles (ex: cartéis). Já as barreiras à entrada são as barreiras existentes, ou criadas posteriormente para impedir ou dificultar a entrada de novas empresas no setor. As barreiras à entrada mais importantes são listadas a seguir: Economias de escala: Quando um novo entrante deve atingir uma escala eficiente, para ser competitiva no setor. Podem-se citar como economias de escala as escalas de produção, escalas de compra, escala de propaganda e escala em P&D; Regulamentações governamentais em relação à entrada no setor; Alto valor da marca na percepção dos consumidores ou consumidores muito leais a marca; Setores em que a entrada exija um alto valor de capital inicial a ser investido; Os custos para a troca de fornecedor são muito altos para o cliente; Os acessos a canais de distribuição são bastante fechados; Desvantagens de custo independentes de escala: Patentes – proteção por registro de patentes; Acesso matéria-prima – localização ou acesso restrito; Localização – em situações onde a instalação não é livre ou pode ser custosa para quem chega depois; Curva de experiência – custos menores pelo aprendizado; Subsídios oficiais – vantagens fiscais ou financiamento que não sejam fáceis de se obter. Um cuidado a ser tomado nessa análise é não confundir novos entrantes com rivais recentes. Os últimos já estão no setor; portanto sujeitos a outros fatores e outra análise. 3.5 Poder dos fornecedores Há setores fornecedores que possuem um elevado poder de barganha, forçando aumentos de preços aos compradores ou reduzindo serviços e qualidade. Isso ocorre quando: Poucas empresas controlam o setor e é mais concentrado que o setor que compra – poucos fornecedores, muitos compradores; Não existem substitutos fáceis – o produto é muito específico ou os substitutos não são adequados; Setor que compra não é um cliente importante – representam parcela pequenadas vendas do setor fornecedor; Produtos fornecidos se constituem em insumo importante – ou tem custos elevados ou são relevantes para o desempenho dos compradores; Produtos diferenciados ou custos de mudança – tem características únicas, tem multas ou necessitam adaptações na troca do fornecedor; Ameaça de integração para frente – entrar no setor dos compradores 3.6 Poder dos compradores É a capacidade que os clientes individualmente (ou em redes) possuem para negociarem seus preços de compra. Em certa medida, é a análise oposta ao item anterior. Os compradores exercem este poder quando: Estão concentrados ou compram em grandes volumes – compradores adquirem de poucos fornecedores ou grande parcela das vendas de cada empresa; Produtos significativos no volume ou custo – representam grande volume de comercialização e/ou elevado custo; Produtos padronizados ou não-diferenciados – não há diferenças entre os produtos dos fornecedores – tanto faz a fonte de fornecimento; Poucos custos de mudança – não há custos para trocar de fornecedor; Lucros baixos – margens são pequenas, levando os compradores a força reduções e preço; Ameaça de integração para trás – pode passar a fazer o produto ou serviço adquirido; Produto não importante para qualidade ou serviço – item marginal ou acessório, muitas vezes não relacionado com o produto final; Tem total informação – conhece bem o produto que está adquirindo e o mercado correspondente. 3.7 Produtos substitutos São produtos de outros setores que concorrem, ou tornam obsoletos, os produtos do setor analisado. Um produto substituto é aquele cuja função primária não é a mesma do produto principal. Para realizar uma análise mais exata, é importante uma boa definição dos limites do setor. Uma fronteira muito ampla irá considerar como rivais produtos que podem ser substitutos. Contrariamente, uma fronteira muito restrita poderá deixar de fora rivais importantes, tratando-os como substitutos. A mudança na demanda que os produtos substitutos podem trazer ao setor influenciam diretamente qualquer uma das forças. Pode ser considerado um exemplo de produto substituto o adoçante (setor químico/alimentício) pelo açúcar (setor de bens primários/alimentício). Outro exemplo mais sutil é a relação cinema x locadoras x tvs abertas ou pagas. Os produtos substitutos exercem maior pressão quando: Tem possibilidade de execução de uma ou mais funções do produto original; Apresentarem uma relação preço-desempenho atrativa para o fornecedor; Maior atenção quando: Substitutos tendem à melhoria da relação preço-desempenho; Setores substituintes têm lucros altos. A análise das cinco forças pode identificar as oportunidades e ameaças a lucratividade das empresas de um setor. Desta forma as empresas buscam um posicionamento de mercado que as permitam superarem o desempenho de suas concorrentes, ou identificar um segmento do setor em que a pressão das cinco forças competitivas seja menor. Para isso, buscarão um posicionamento adequado a essas circunstancias (visto no capítulo 5) e as suas capacidades (no capítulo a seguir - 4) PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS BESANKO, D; DRANOVE, D; SHANLEY, M; SCHAEFER, S. A Economia da Estratégia. Porto Alegre: Bookman, ed3, 2006. Cap. 10. REVISÃO DE CONCEITOS Competidor: todo agente atuante no setor ou sobre o setor que possa afetar a lucratividade da empresa. Rival ou concorrente: organizações que disputam os mesmos compradores da empresa. Fornecedores: organizações que vendem insumos ou serviços à organização em análise. Produtos substitutos: produtos cuja função primaria é diferente do produto original, mas podem concorrer com ele em determinadas condições. Compradores: organizações ou pessoas que decidem comprar da organização em análise. Novos entrantes: organizações que podem vir a participar do setor em análise. Este capítulo foi elaborado por Carlos Alberto Diehl, Gustavo da Silva Costa. CAPÍTULO 4 ANÁLISE ESTRATÉGICA: AMBIENTE INTERNO Neste capítulo é apresentada a análise do ambiente interno, com foco nos recursos e capacidades controlados pela empresa. A análise sob esse enfoque é conhecida como Resource Based View (RBV), ou Visão Baseada em Recursos (VBR). Na sequencia, será apresentada a Matriz SWOT. Através da relação entre forças e fraquezas (identificadas no ambiente interno) e das oportunidades e ameaças (identificadas no ambiente externo), é possível um melhor conhecimento de pontos importantes, que irão auxiliar a implementação, ou mesmo manutenção, da estratégia da empresa. 4.1 Análise do Ambiente Interno Os recursos internos à organização, em um contexto de excelência, resultam na vantagem competitiva da empresa, que se refere às estratégias que não podem ser plenamente copiadas pelos concorrentes. O modelo de desempenho com foco nos recursos e capacidades controlados por uma empresa, que são a fonte de vantagem competitiva, pode ser fundamentado na RBV – Resource Based View, ou Visão Baseada em Recurso (VBR). Os recursos são definidos como os ativos tangíveis e intangíveis que a empresa controla e que podem ser utilizados para a criação e implementação de estratégias. As instalações e produtos são exemplos de recursos tangíveis, assim como a reputação entre os clientes e a relação entre setores de criação, produção e comercial são exemplos de recursos intangíveis. Visão Baseada em Recurso: utiliza recursos e capacidades da organização. Já as capacidades são também ativos tangíveis e intangíveis, porém que possibilitam que a empresa aproveite integralmente outros recursos que controla. Importante salientar que, uma vez que as empresas têm acesso relativamente fácil aos ativos tangíveis, a obtenção de vantagem se dá através da administração dos recursos intangíveis. Tais fatores devem ser desenvolvidos dentro da empresa, o que requer desenvolvimento interno contínuo. Esse processo torna os recursos específicos, o que os torna difíceis de imitar e raros, com grande potencial para a obtenção e manutenção de desempenho sustentável. Os recursos e capacidades podem ser classificados em quatro categorias: recursos financeiros, recursos individuais (ou humanos), recursos organizacionais e recursos físicos. São considerados recursos financeiros todo o dinheiro, de qualquer origem, ou fonte, que a empresa utiliza para criar e implementar a estratégia. São considerados recursos financeiros os aportes de sócios, acionistas, empreendedores, credores e bancos. Os recursos humanos são considerados a força motriz que pode determinar o sucesso ou fracasso de uma organização. Sem uma talentosa força de trabalho, os demais recursos tornam-se inúteis. O conhecimento profundo das capacidades e deficiências da equipe é fundamental para o sucesso da estratégia da empresa. Podem ser analisadas questões como programas de treinamento e desenvolvimento de pessoal, taxa de rotatividade e sistemas de avaliação de desempenho. A otimização dos recursos organizacionais influencia diretamente o alinhamento das estratégias da empresa e é necessário identificar se eles são suficientes para a implementação dessas. O que pode ser analisado nesse quesito são questões como se as estratégias em nível empresarial, de unidade de negócios ou funcional são consistentes com a missão e os objetivos da organização; se a estrutura formal é adequada à implementação de suas estratégias; se os processos de decisão são eficazes; e se a cultura da organização é consistente com a estratégia. Já os recursos físicos devem também ser analisados com base na estratégia da organização. Devem ser avaliados se a tecnologia é atualizada, se a empresa possui capacidade produtiva adequada, se a rede de distribuição atende aos clientes, se as fontes de suprimentos são confiáveis e eficazes e se é boa a localização geográfica da empresa. As capacidades e recursos da organização podem se constituir em elementos que oferecem oportunidade de alavancar a vantagem competitiva, situação em que são considerados Forças ou prejudicar a obtenção de vantagem, quandosão considerados então Fraquezas. Desenvolver com frequência a relação entre Forças e Fraquezas (internos) e as Ameaças e Oportunidades (externas) da empresa, pode se tornar um dos pilares do processo de planejamento, que auxilia os administradores a realizarem a missão da organização. A ferramenta de apoio para essa análise é a Matriz S.W.O.T. 4.2 Matriz S.W.O.T Segundo Assen (2010), a empresa que se baseia em um planejamento estratégico, em algum momento avalia seus pontos fortes e fracos e suas ameaças e oportunidades. Essa combinação é conhecida como Matriz SWOT (strengths, weakness, opportunities and threats), ou F.O.F.A.(forças, oportunidades, fraquezas e ameaças). As forças e fraquezas são fatores internos e tratam das habilidades e recursos (ou a falta deles) intrínsecos à empresa. Uma força é algo que a empresa faça bem ou que constitua uma característica que aumente a sua competitividade. Fraqueza é algo que falta à empresa, que ela execute mal ou que a ponha em desvantagem em relação à concorrência. Já as oportunidades e ameaças referem-se aos fatores externos. Não são criados pela empresa, mas surgem devido à atividade dos concorrentes e as mudanças do ambiente. Assim como em outros modelos estratégicos, a utilização de uma matriz facilita a visualização e analise dos fatores. A matriz SWOT tem por característica o cruzamento dos pontos considerados forças ou fraquezas da empresa com suas ameaças e oportunidades, e sua análise podem ser feitas conforme verificado no Figura 9. FORÇAS FRAQUEZAS OPORTUNIDADES Alavancagem da capacidade ofensiva: usar potencialidades para tirar vantagem de oportunidades. Capacidades defensivas: tirar vantagem de oportunidades pela superação das fraquezas ou por torná-las irrelevantes. AMEAÇAS Restrições ou debilidades: usarpotencialidades para evitar ameaças. Crise ou vulnerabilidade: minimizar fragilidades e evitar ameaças. Figura 9 - Análise S.W.O.T. Fonte: Lobato (2009), Assen (2010), adaptado pela autora. A análise SWOT. proporciona informações úteis para relacionar os recursos e as competências no ambiente competitivo. Esse modelo pode ser usado como um instrumento de concepção e seleção da estratégia e pode ser utilizado em qualquer situação de tomada de decisão, quando o objetivo já tenha sido definido. PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS: www.administradores.com.br www.administracaoegestao.com.br REVISÃO DE CONCEITOS Na analise estratégica, é fundamental que a empresa tenha o máximo de informações sobre o ambiente externo onde ela atua (macroambiente e setor) e da empresa em si (ambiente interno); O ambiente externo contempla os contextos político–legais, econômicas, http://www.administradores.com.br http://www.administracaoegestao.com.br tecnocientíficos, sócio-culturais, naturais e globais; O ambiente interno pode ser analisado através da Visão Baseada em Recursos (recursos e capacidades); A matriz S.W.O.T. tem por característica o cruzamento dos pontos considerados forças ou fraquezas da empresa com suas ameaças e oportunidades. Este capítulo foi elaborado por Luciana maines da Silva. CAPÍULO 5 DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS EM NÍVEL DE UNIDADE DE NEGÓCIO Este capítulo apresenta os princípios e modelos para a formulação e declaração de estratégias. Após a leitura será possível identificar os principais autores vinculados ao processo de desenho de estratégias, suas contribuições e também exemplos de aplicação dos conceitos e métodos. 5.1 Definição de estratégias em nível de Unidade de Negócio Será que os profissionais de uma mesma organização conseguem explicar em poucas palavras qual é a estratégia da empresa? Collis e Rukstad (2008) em pesquisas recentes identificaram que poucos executivos conseguem responder a esta questão de forma clara e direta. Os autores destacam que a maioria dos executivos desconhecem os elementos que compõem uma declaração de estratégia. A falta de uma declaração simples, clara e sucinta da estratégia organizacional prejudica sobremaneira a sua execução. Os elementos centrais de uma declaração estratégica dizem respeito à definição do “escopo”, da “vantagem” e da “proposta de valor”. O processo de definição de estratégias pode se dar no nível corporativo, onde a organização pensa e define formas de obter a vantagem competitiva em diversos mercados e setores simultaneamente. Abordagens mais recentes apresentam a possibilidade de pensar a empresa em termos de unidades estratégicas de negócio. Neste caso, a busca da vantagem competitiva poderá se dar de formas diferentes no âmbito de cada unidade. 5.2 A escola do posicionamento estratégico Uma das escolas mais consistentes e utilizadas para formulação de estratégias é a do posicionamento. Esta escola tem sua origem na estratégia militar e ganha força a partir dos anos 80 a partir dos trabalhos de Michael Porter (1992), com destaque para sua obra “Estratégia Competitiva- técnicas para análise de indústria e da concorrência”. Neste período foram desenvolvidas diversas ferramentas e modelos de análise que permitiram às empresas desenvolver e selecionar estratégias, efetuando escolhas competitivas para maximizar a sua rentabilidade. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) destacam as seguintes premissas da escola do posicionamento: Estratégias são posições genéricas, especificamente comuns e identificáveis no mercado; O mercado (contexto) é econômico e competitivo; O processo de formulação da estratégia é, portanto, de seleção das posições genéricas com base em cálculos analíticos; Os analistas desempenham um papel importante neste processo, efetuando estudos de cenários, do segmento e da concorrência; As estratégias saem deste processo desenvolvidas e definidas para serem articuladas e implementadas; A estrutura de mercado dirige as estratégias posicionais deliberadas. 5.3 As estratégias genéricas de Porter O conceito de posicionamento tem como objetivo conquistar um lugar na mente dos consumidores, associando marca, produtos e serviços a determinadas características deliberadas e construídas ao longo do tempo. Logo, o grande desafio da estratégia é conseguir criar uma posição única e exclusiva no mercado. O autor sustenta que uma empresa que consegue se posicionar adequadamente no mercado possui maior probabilidade de obter margens de rentabilidade acima da média do segmento. Para Porter (2009) o posicionamento estratégico tem a ver com decisões e escolhas deliberadas. Tais escolhas muitas vezes são excludentes, o que leva o autor afirmar que, em muitos casos, estratégia significa definir “o que a empresa não vai fazer”. Para efetuar o posicionamento estratégico a empresa deve definir quais são os seus clientes alvo e identificar suas necessidades. A partir disto são definidos os produtos, serviços e suas características distintivas perante a concorrência. A próxima decisão diz respeito aos locais geográficos em que a empresa vai estruturar esforços de produção, vendas e distribuição. O conjunto destas variáveis: clientes, produtos e serviços e locais de operação são denominados de escopo competitivo. ESCOPO COMPETITIVO Decisões estratégicas para definição do escopo 1. Clientes alvo e necessidades a serem atendidas 2. Variedade de Produtos, Serviços e características distintivas 3. Variedade de locais de operação, vendas e distribuição Figura 10 – Escopo competitivo x decisões estratégicas Fonte: adaptado de Porter (1992). Ao analisar a questão do escopo a empresa precisa definir se vai operar de forma ampla ou restrita. O escopo amplo pressupõe que a empresa vai operar atendendo muitos segmentos de clientes, com grande número de linhas de produtos e em diversos locais geográficos. Pode-se citar como exemplo de empresas que operam com escopo amplo as grandes montadoras como General Motors, Ford, Fiat e outras. Também pode-se citar grupos hoteleiros tais como Accor, Marriott e Atlântica. É importante destacar que ao operar com um escopo muito amplo torna-se necessário o desenvolvimento de “marcas” específicas para caracterizaro posicionamento de cada linha de produto ou serviço. A General Motors nos anos 30 e 40, sob a liderança de Alfred Sloan foi uma das primeiras empresas a praticar o processo de segmentação de mercados, a partir do seguinte raciocínio: “A GM produzirá um carro para cada fim e um carro para cada bolso”, conforme posicionamento exemplificado a seguir: CHEVROLET - para quem está comprando seu primeiro carro; PONTIAC – para os que querem trocar seu automóvel por um modelo melhor; OLDSMOBILE – para a cada vez mais numerosa classe média americana; BUICK – para os que queriam algo mais sofisticado; CADILLAC – para os que estavam em busca de status. Observe também o caso do Grupo Accor que possui as seguintes Redes: FORMULE 1 e IBIS, para clientes mais preocupados com conveniência e preços; MERCURE e NOVOTEL, para clientes que procuram hospedagem e serviços diferenciados; SOFITEL e MERCURE GALLERY, para clientes que buscam sofisticação, requinte e um jeito de servir “à francesa”. Operar com escopo restrito significa conseguir atender deliberadamente um dado segmento de clientes, disponibilizar uma linha limitada de produtos ou operar em regiões geográficas específicas. A Kopenhagen, tradicional e diferenciada rede de lojas de chocolates no Brasil é um exemplo de empresa que opera em um escopo restrito. Sua linha de produtos é focada para um público seleto, os consumidores de maior poder aquisitivo. Suas lojas são localizadas apenas em shopings centers premium, aeroportos, avenidas e bairros requintados. O desafio inicial para uma empresa efetuar seu posicionamento estratégico consiste em identificar qual o escopo competitivo que pode lhe trazer maior rentabilidade ou retorno sobre os investimentos. A partir da definição do escopo, Porter (1992) defende que a empresa deve conquistar uma “vantagem competitiva sustentável” perante seus concorrentes. Esta vantagem surge fundamentalmente do valor que a empresa tem condições de criar para os seus clientes. Porter (1992) sugere que existem dois tipos de vantagem competitiva: a vantagem de custo e a vantagem de diferenciação. Estes dois tipos básicos de vantagens competitivas combinados com o escopo (amplo ou restrito) levam a uma classificação que prevê três tipos de estratégias genéricas: liderança de custo, diferenciação e enfoque. A estratégia de enfoque pode ser em um escopo amplo ou restrito. Esta tipificação pode ser representada pelo diagrama abaixo: Figura 11- As estratégias genéricas de Porter Fonte: Porter (1992). Cada uma das estratégias genéricas leva a um conjunto de atividades e caminhos completamente diferentes. Estas escolhas não são nada fáceis e requerem um bom conhecimento do mercado e do segmento para sua concretização. O fato é que ser o melhor em tudo para todos é praticamente impossível. A essência da estratégia competitiva e do posicionamento está na habilidade e na competência de fazer escolhas e estruturar uma proposta de valor única aos clientes. Importante destacar aqui que uma proposta de valor única ao cliente não implica, necessariamente, a diferenciação, como definido por Porter. Porter (2009) considera que, independente do posicionamento definido, uma boa estratégia deve possuir as seguintes características: Uma proposição de valor exclusiva; Uma cadeia de valor diferente e bem moldada; Trade-offs claros e a escolha do que não fazer; Atividades na cadeia de valor que se encaixam e reforçam umas as outras; Continuidade estratégica, com aperfeiçoamento constante de como a estratégia é aplicada. A seguir, cada uma das posições estratégicas é discutida. 5.3.1 A vantagem de custo Uma empresa conta com uma vantagem de custo se o custo cumulativo da execução de todas as atividades de valor for mais baixo do que os dos concorrentes. Importante destacar que as empresas que buscam a vantagem de custo devem entregar bons produtos e serviços ao mercado, porém produtos básicos, sem grandes assessórios e funcionalidades que signifiquem incrementos significativos de custos na cadeia de valor. A liderança em custo é realizada por meio do ganho de experiência, da construção de instalações que permitam produzir em grande escala e de um eficiente sistema de compras e distribuição. A vantagem de custo advém da gestão integrada e persistente dos condutores de custo. Líderes de custo conseguem desenhar uma rede de atividades que se encaixam e se reforçam mutuamente, criando uma posição única no mercado. A Figura 12 apresenta o sistema de atividades da IKEA, renomada loja de móveis e decorações sueca que, pela tipificação de Porter, posiciona-se no mercado com a vantagem de custo e com um escopo amplo. No diagrama pode-se observar como as atividades distintivas se reforçam mutuamente, tornando difícil e complexo a tentativa de imitação por parte dos concorrentes. Figura 12 - Sistema de atividades da IKEA Fonte: Porter (2009) A proposta de valor de IKEA consiste em atender clientes jovens, sofisticados ou com espaço limitado, que valorizam estilo e materiais, mas também se preocupam com o preço. Sua linha de produtos é baseada em móveis e acessórios modernos, que aproveitam bem o espaço e são expansíveis, com faixas de preços muito baixas. Possui as seguintes atividades distintivas: Modelos modulares, prontos para montar, fáceis de embalar; Todos os produtos projetados pela própria empresa; Ampla variedade de estilos, expostos em gigantescas lojas-armazéns com grandes estoques no próprio local; Autosseleção; Montagem pelo próprio cliente; Informações abundantes para o cliente sob a forma de catálogos, etiquetas explicativas, vídeos “faça você mesmo” e instruções de montagem; Uso da grife IKEA em produtos relacionados, tornando possível compras coordenadas; Extenso horário de funcionamento; Localização longe do centro da cidade, com amplo estacionamento; Restaurantes de baixo preço no local; Serviço de creche fornecido pela loja; Maioria dos produtos é retirada pelos próprios clientes. Para conquistar vantagem de custo organizações devem prioritariamente observar: Instalações que permitam atender em escala e volume significativos; Redução geral de custos e despesas gerais; Projetos de produtos e serviços que visem a entrega com baixo custo; Eficiência em processos e operações; Alto grau de automação, aplicação de sistemas e tecnologia; Sistema de controle eficientes; Sistemas de distribuição e entrega eficientes. A vantagem de custo se traduz em lucratividade acima da média se a empresa conseguir manter seus preços na media ou próximo a media da indústria. 5.3.2 Diferenciação A vantagem de diferenciação é conquistada a partir da seleção de uma ou mais necessidades valorizadas pelos compradores alvo. A ideia central consiste em alcançar e sustentar o melhor desempenho no atendimento destas necessidades, de forma exclusiva. Para sustentar a diferenciação a empresa deve investir e adicionar custos nas atividades diferenciadoras. A questão chave consiste em identificar quais são os elementos diferenciadores que podem vir a trazer vantagem competitiva. Diehl, Gonçalo e Martins (2002) sistematizaram, a partir de um conjunto clássico de necessidades dos compradores, algumas dimensões nas quais uma organização pode obter diferenciação. Tais aspectos devem ser traduzidos e adaptados para a realidade de cada empresa e podem ser associados com alguns fatores críticos de sucesso7. Caso a empresa consiga atingir e sustentar um desempenho superior em um ou mais fatores, terá mais probabilidade de obter um retorno superior sobre os seus investimentos. Necessidades valorizadas pelos clientes Fator crítico de sucesso Possibilidades deDiferenciação Entrega rápida Velocidade Entrega confiável Confiabilidade Produtos e serviços inovadores Inovação Ampla variedade de produtos e serviços Flexibilidade de Produtos e serviços Habilidade e conhecimento para execução do serviço Competência Habilidade de mudar quantidades, prazos ou promoção Flexibilidade de Produção Atenção personalizada, cortesia, empatia Atendimento Alta qualidade de
Compartilhar