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OBJETIVOS - Estudar a fisiopatologia da TVP. - Compreender o tratamento, diagnóstico, fatores de risco e manifestações clínicas da TVP. - Entender a evolução para TEP. A TVP ocorre principalmente em membros inferiores, podendo ser dividida em TVP distal (acomete vasos distais às veias poplíteas) e TVP proximal (acomete veias poplíteas, femoral ou ilíacas). A TVP proximal tem pior prognóstico pelo risco aumentado de TEP. FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da TVP está relacionada a tríade de virchow: Retorno venoso prejudicado (p. ex., em pacientes imobilizados) Fisiologicamente, o caminho que o sangue percorre dentro de um vaso obedece a um fluxo laminar, onde as plaquetas se movimentam no meio do vaso, separadas do endotélio por uma zona clara de plasma que possui um fluxo mais lento e, dessa maneira, o tecido dos vasos se mantém íntegro. Quando há uma disfunção no fluxo sanguíneo, esse fluxo perde sua homeostase. Lesão ou disfunção endotelial (p. ex., após fratura nas pernas) promovendo a exposição da matriz extracelular subendotelial, permitindo a adesão e ativação plaquetárias, favorecendo a formação trombótica pela liberação de seus grânulos e alterações em sua forma. Hipercoagulabilidade O estado de hipercoagulabilidade pode ser definido como qualquer alteração na via de coagulação sanguínea, como deficiência de moléculas anticoagulantes e até excessos de componentes responsáveis pela coagulação sanguínea, podendo ser por causas genéticas ou adquiridas. A trombose venosa profunda nos membros superiores na maioria das vezes resulta de Lesão endotelial decorrente de cateteres venosos centrais, marca-passos ou uso de drogas injetáveis trombose Venosa Profunda A TVP de membro superior ocasionalmente ocorre como parte da síndrome da veia cava superior (SVC) (compressão ou invasão da veia cava superior por um tumor, causando sintomas como edema facial, veias do pescoço dilatadas e rubor facial) ou resulta de um estado hipercoagulável ou compressão da veia subclávia no desfiladeiro torácico. A compressão pode ser decorrente de primeira arco costal normal, acessória ou feixe fibroso (síndrome do desfiladeiro torácico) ou acontecer durante atividade vigorosa de um braço (trombose de esforço ou síndrome de Paget Schroetter, que responde por 1 a 4% dos casos de trombose venosa profunda do membro superior). Geralmente, a trombose venosa profunda começa nas cúspides das valvas venosas. Os trombos consistem em trombina, fibrina e hemácias, com relativamente poucas plaquetas (trombo vermelho); sem tratamento, os trombos podem se propagar no sentido proximal ou migrar para os pulmões. Complicações As complicações mais comuns da trombose venosa profunda incluem Insuficiência venosa crônica Síndrome pós-flebítica Embolia pulmonar De forma menos comum, a trombose venosa profunda aguda conduz à phlegmasia alba dolens ou phlegmasia cerulea dolens e ambas, a menos que imediatamente diagnosticadas e tratadas, podem acarretar gangrena venosa (úmida). Na phlegmasia alba dolens, uma complicação rara da trombose venosa profunda durante a gestação, as pernas tornam-se leitosas. A fisiopatologia é desconhecida, mas o edema pode aumentar a pressão dos tecidos moles acima da pressão de perfusão capilar resultando em isquemia do tecido e gangrena úmida. Na phlegmasia cerulea dolens, a trombose venosa ílio- femoral maciça acarreta oclusão venosa quase total, o membro inferior torna-se isquêmica, extremamente dolorosa e cianótica. A fisiopatologia pode envolver estase completa do fluxo sanguíneo arterial e venoso no membro inferior porque o retorno venoso é ocluído ou o edema maciço https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/s%C3%ADndromes-de-compress%C3%A3o-da-sa%C3%ADda-tor%C3%A1cica-sct https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/s%C3%ADndromes-de-compress%C3%A3o-da-sa%C3%ADda-tor%C3%A1cica-sct https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-venosas-perif%C3%A9ricas/insufici%C3%AAncia-venosa-cr%C3%B4nica-e-s%C3%ADndrome-p%C3%B3s-fleb%C3%ADtica https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-venosas-perif%C3%A9ricas/insufici%C3%AAncia-venosa-cr%C3%B4nica-e-s%C3%ADndrome-p%C3%B3s-fleb%C3%ADtica https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep interrompe o fluxo sanguíneo. Gangrena venosa pode se desenvolver. Infecção raramente se desenvolve em coágulos venosos. A tromboflebite supurativa da veia jugular (síndrome de Lemierre), infecção bacteriana (em geral anorganismo aeróbia) da veia jugular interna e tecidos moles circunjacentes podem suceder faringoamigdalite, sendo geralmente complicadas por bacteremia e sepse. Na tromboflebite pélvica séptica, a trombose pélvica desenvolve-se após o parto e se torna infectada, causando febre periódica. Tromboflebite supurativa (séptica), uma infecção bacteriana de uma veia superficial periférica, compreende infecção e coagulação que, em geral, é causada por cateterismo venoso. TRATAMENTO Farmacológico: Anticoagulantes TVP aguda: Recomenda-se o tratamento inicial com Heparina de baixo peso molecular (HBPM) subcutânea (SC), heparina não fracionada (HNF) endovenosa (EV) ou subcutânea (SC) monitorizada, dose fixa de HNF SC, ou fondaparinux SC, seguida de anticoagulantes orais a longo prazo. Não farmacológico: filtro para veia cava inferior, meia de compressão, remoção precoce de trombos. O tratamento é direcionado primeiramente para a prevenção da embolia pulmonar e secundariamente ao alívio dos sintomas, prevenção da insuficiência venosa crônica e síndrome pós-flebítica. O tratamento da trombose venosa profunda dos membros inferiores e superiores geralmente é o mesmo. Medidas gerais de suporte incluem controle da dor com analgésicos, que podem incluir períodos curtos (3 a 5 dias) de um AINE. O tratamento prolongado com AINEs e aspirina deve ser evitado porque seus efeitos antiplaquetários podem aumentar o risco de complicações hemorrágicas. Além disso, a elevação das pernas (apoiadas por um coxim ou outra superfície macia para evitar a compressão venosa) é recomendada durante períodos de inatividade. Os pacientes podem ser tão fisicamente ativos quanto possam tolerar; não há nenhuma evidência de que a atividade precoce aumente o https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep#v14464462_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep#v14464462_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-venosas-perif%C3%A9ricas/insufici%C3%AAncia-venosa-cr%C3%B4nica-e-s%C3%ADndrome-p%C3%B3s-fleb%C3%ADtica risco de deslocamento de coágulo e embolia pulmonar e pode ajudar a reduzir o risco da síndrome pós-flebítica. Anticoagulantes Todos os pacientes com trombose venosa profunda recebem anticoagulantes. Em geral, os pacientes inicialmente recebem heparina injetável (não fracionada ou de baixo peso molecular) por 5 a 7 dias, seguido de tratamento mais prolongado com um fármaco oral. Para pacientes que devem começar a tomar varfarina, deve-se iniciá-la em 24 a 48 horas após o início da heparina injetável. Para pacientes que precisam iniciar um inibidor oral do fator Xa (edoxabana) ou etexilato de dabigatrana, inicia-se o agente oral no dia seguinte aos 5 a 7 dias de heparina injetável. A razão é que, ao iniciar a varfarina, leva cerca de 5 dias para alcançar um efeito terapêutico; consequentemente, há necessidade de uso simultâneo de heparina de ação rápida por 5 a 7 dias. Por outro lado, inibidores orais do fatorXa e dabigatrana alcançam um efeito terapêutico em 2 a 3 horas após a ingestão e não há necessidade de se sobrepor esses fármacos com heparina injetável. Selecionar os pacientes que podem continuar o tratamento com uma heparina de baixo peso molecular, em vez de alternar para um fármaco oral, por exemplo, pacientes com TVP iliofemoral extensa ou pacientes selecionados com câncer. Alternativamente, pode- se iniciar a anticoagulação com agentes anticoagulantes orais diretos selecionados (rivaroxabana ou apixabana) sem antes administrar uma heparina injetável; no entanto, o uso desses fármacos pode ser limitado devido ao custo mais elevado em comparação à varfarina. (Ver também a recomendação do American College of Chest Physicians, Antithrombotic Therapy for VTE Disease.) A anticoagulação inadequada nas primeiras 24 a 48 h pode aumentar o risco de recorrência de embolia pulmonar. A trombose venosa profunda aguda pode ser tratada em regime ambulatorial, a menos que sintomas graves exijam analgésicos parenterais, outros distúrbios impeçam a alta hospitalar segura ou outros fatores (p. ex., funcionais, socioeconômicos) possam impedir o paciente de aderir aos tratamentos prescritos. Filtro na veia cava inferior (VCI) https://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(15)00335-9/fulltext O filtro de VCI pode ajudar a prevenir a embolia pulmonar em pacientes com trombose venosa profunda de membros inferiores e com contraindicações para terapia com anticoagulantes ou em pacientes com trombose venosa profunda recorrente (ou embolia), apesar de anticoagulação adequada. Insere-se o filtro VCJ na veia cava inferior, um pouco abaixo das veias renais por cateterismo de uma veia jugular ou femoral interna. Alguns filtros VCI são removíveis e podem ser usados temporariamente (até que as contraindicações à anticoagulação diminuam ou desapareçam). Os filtros de VCI podem ter efeitos colaterais em longo prazo (pode haver desenvolvimento de veias colaterais, fornecendo uma via para que os êmbolos contornem o filtro, com maior risco de trombose venosa profunda recorrente). Além disso, os filtros de VCI podem se desalojar ou ser obstruídos por um coágulo. Assim, os pacientes com TVP recorrente ou fatores de risco não modificáveis para TVP ainda podem exigir anticoagulação apesar da presença de um filtro VCI. Um filtro coagulado pode causar congestão venosa bilateral de membros inferiores (incluindo phlegmasia cerulea dolens aguda), isquemia da parte inferior do corpo e lesão renal aguda. O tratamento de filtro desalojado consiste na remoção, utilizando angiografia, ou, se necessário, os métodos cirúrgicos. Deve-se remover os filtros de VCI sempre que possível. Fármacos trombolíticos (fibrinolíticos) Trombolíticos, como alteplase, tenecteplase e estreptoquinase, dissolvem os coágulos e podem ser mais eficazes do que somente anticoagulação em pacientes selecionados, mas o risco de sangramento é mais alto do que com heparina. Consequentemente, deve-se considerar fármacos trombolíticos somente em pacientes altamente selecionados com trombose venosa profunda. Pacientes que podem se beneficiar de trombolíticos incluem aqueles com < 60 anos com TVP iliofemoral extensa que apresentam isquemia de membro existente ou em evolução (p. ex., flegmasia cerulea dolens) e não têm fatores de risco para sangramento. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/les%C3%A3o-renal-aguda/les%C3%A3o-renal-aguda-lra https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/les%C3%A3o-renal-aguda/les%C3%A3o-renal-aguda-lra Cirurgia A cirurgia raramente é necessária. No entanto, trombectomia e/ou fasciotomia são obrigatórias para phlegmasia alba dolens ou phlegmasia cerulea dolens que não respondem aos trombolíticos, a fim de tentar prevenir gangrena, a qual põe o membro em risco. DIAGNÓSTICO A suspeita diagnóstica pode ser corroborada através do Escore de Wells. Uma pontuação de 02 ou mais no algoritmo aumenta a probabilidade de TVP, enquanto 01 ou nenhum ponto somado, a diminui. Pacientes com baixa/moderada probabilidade clínica para TVP: realizar mensuração do D-dímero. Valores normais descartam TVP. Valores altos requerem exames de imagem diagnóstica. Pacientes com alta probabilidade clínica para TVP: realizar exames de imagem diagnóstica. Ultrassonografia com Doppler: exame não invasivo de escolha para o diagnóstico de TVP. O principal critério ultrassonográfico para diagnóstico de TVP é o teste de compressão. Nesse caso, com o transdutor vascular se localizam as veias femorais comum, superficial e poplítea e realiza-se leve compressão venosa. Se houver compressão completa se exclui TVP, caso não haja compressão o exame é considerado positivo para presença de trombo. A venografia com contraste é o exame considerado padrão- ouro para o diagnóstico de TVP. Porém, não deve ser realizado como exame inicial para diagnóstico, reservado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico. FATORES DE RISCO Hereditários: resistência à proteína C ativada (principalmente fator V de Leiden); mutação do gene da protrombina G20210A; deficiência de antitrombina; deficiência de proteína C; deficiência de proteína S; hiperhomocisteinemia; aumento do fator VIII; aumento do fibrinogênio. Adquiridos: Predisposição genética (trombofilias genéticas) Idade acima de 40 anos Gravidez e período após o parto. Câncer, obesidade, tabagismo Uso de anticoncepcionais e reposição hormonal. Infecções, doenças cardíacas e pulmonares graves Alteração de fatores de coagulação Traumatismos (fraturas, hemorragia interna) Redução da mobilidade (pela imobilização de um membro por fratura, entorse, etc.) Pacientes acamados Cirurgias de longa duração Viagens na posição sentada por mais de 6 horas Varizes e suas complicações História familiar de trombose Síndrome antifosfolípide (trombofilia adquirida). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Achados clínicos se relacionam com a doença em apenas 50% dos casos. Quando presentes, podem consistir de: dor, edema (principalmente unilateral e assimétrico), eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura, empastamento muscular e dor à palpação. O sinal de Homans (dor a dorsiflexão do pé) pode estar presente, mas tem pouco valor diagnóstico. Quando a diferença de diâmetro entre as duas panturrilhas é maior do que 3 cm, a probabilidade de TVP aumenta significativamente. Alguns sinais são sugestivos de TVP, como: Sinal de Homans – presença de dor ou desconforto na panturrilha após dorsiflexão passiva do pé. Sinal da Bandeira – redução da mobilidade da panturrilha quando comparada com o outro membro. Sinal de Bancroft – dor à palpação da panturrilha EVOLUÇÃO PARA TEP Depois que a trombose venosa profunda se desenvolve, o coágulo pode se deslocar e se mover pelo sistema venoso. O Trombo Ascende dos MMII (mais comum) pela veia cava inferior e acessa o coração através do átrio direito. Posteriormente, vai para o ventrículo direito e por fim alcança a circulação pulmonar. A obstrução dos vasos leva a diminuição da pré-carga e a liberação de mediadores inflamatórios como o tromboxano que age promovendo a vasoconstrição e elevando a resistência pulmonar. Com a obstrução de um ramo da artéria pulmonar, surge uma área de espaço morto patológico no pulmão, definida como uma área em que há ventilação, no entanto, não há perfusão para que ocorra a troca gasosa. Dessa maneira, há uma alteração na relação ventilação/perfusão (V/Q), o que contribui para o desenvolvimento de sintomas respiratórios como dispneia e alterações como hipóxia. *hipóxia: condição em que não chega oxigênio suficiente às células e tecidos do corpo. REFERÊNCIAS: DO AMARAL BARUZZI, Antonio Claudio et al. Trombose venosaprofunda. Profilaxia. Arq Bras Cardiol, v. 67, n. 3, 1996. NETO, Rodrigo Antonio Brandão. Trombose venosa profunda. 2006. ALVARES, Flávia; PÁDUA, Adriana Ignácio; TERRA FILHO, João. Tromboembolismo pulmonar: diagnóstico e tratamento. Medicina (Ribeirão Preto), v. 36, n. 2/4, p. 214-240, 2003. VOLPE, Gustavo Jardim et al. Tromboembolismo pulmonar. Medicina (Ribeirão Preto), v. 43, n. 3, p. 258-271, 2010. *na tvp, o coagulo é preso a parede do vaso. Com o desenvolvimento da patologia, esse coagulo pode se desprender da parede e cair na circulação sanguínea. Geralmente, o coagulo ascende dos MMII pela veia cava inferior, acessa o coração e vai em direção a circulação pulmonar. A obstrução dos vasos leva a diminuição da pré-carga e a liberação de mediadores inflamatórios como o tromboxano que age promovendo a vasoconstrição e elevando a resistência e a pressão pulmonar. Isso caracteriza a TEP*
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