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TEOLOGIA SISTEMÁTICA III-Aula 7-A Igreja no Novo Testamento

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Teologia Sistemática III
Aula 07: A Igreja no Novo Testamento
Apresentação
Nesta aula, estudaremos a Igreja à luz da Revelação do Novo Testamento. Pudemos
ver antes, na aula anterior, de que maneira o Antigo Testamento delineou
profeticamente a �gura da Igreja, em diversas etapas da História de Israel.
Agora iremos re�etir como, a partir dos Evangelhos e dos outros textos do Novo
Testamento, partindo de Jesus, a Igreja é o maior evento da Redenção em sua
de�nitividade.
Passaremos, assim, pelos Evangelhos, pelas Cartas e pelo Apocalipse. Mas será
mister aprofundar nosso estudo nos Atos dos Apóstolo, registro histórico-teológico
da Igreja nascente.
Objetivos
Identi�car de que maneira Jesus, em sua trajetória histórico-messiânica, funda a
Igreja na pessoa dos Apóstolos/Discípulos;
Examinar a experiência da Igreja no Livro dos Atos dos Apóstolos e como a pena
de São Lucas delineou a silhueta da Igreja apostólica (Pedro/Paulo);
Analisar, por �m, as experiências das Cartas Paulinas, do Evangelho e do
Apocalipse de São João.
Jesus quis e fundou a Igreja?
 (Fonte: thanasus / Shutterstock)
Para falarmos da Igreja no Novo Testamento temos que apreciar primeiro a pergunta
sobre as relações entre a existência de Igreja e a Pessoa de Jesus. De fato, o conceito
teológico mais abrangente da Igreja é ser “de Cristo”.
Em que sentido na ação e ministério de Jesus se encontram alguns dos
elementos essenciais do Mistério da Igreja? Podemos a�rmar que Jesus
quis e fundou a Igreja?
Um segundo elemento, que já estudamos e, por isso, se torna prévio às nossas re�exões
eclesiológicas, é a Figura e Ação do Espírito Santo em relação à Igreja. Não por acaso, a
dupla obra literária de São Lucas aponta para esta síntese: Onde está o Espírito Santo ali
estará também a Igreja. Sem ele seria apenas um grupo empolgado de seguidores de
um sujeito extraordinário.
Ao contemplar este tema, deparamo-nos com uma tarefa enciclopédica, pois se abre
para nós uma nova perspectiva, de certa maneira in�nita de possibilidades, graças à
multiplicidade de conceitos e experiências de Igreja que encontramos ao longo dos
diversos textos canônicos do Novo Testamento.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Saiba mais
Ora, por isso mesmo, traçaremos limites ao percurso pelo termo ekklesia no interior do
Novo Testamento, restringindo-nos, assim, a alguns textos mais signi�cativos na
literatura Lucana, no Evangelho e nos Atos dos Apóstolos , na literatura Paulina, na
qual faremos apenas uma breve alusão, tendo em vista a amplitude de uma tal empresa
e, por �m, nos escritos Joaninos.
Na primeira parte de nossa exposição, buscaremos expor de modo sucinto os traços
principais da eclesiologia bíblica, no âmbito dos Evangelhos Sinóticos e de Atos dos
Apóstolos, onde se encontram juntos os dois paradigmas da realidade da Igreja no Novo
Testamento.
De um lado, a experiência
eclesiológica, como esta
ocorre e vem
experimentada. A Igreja
como realidade empírica. 
Do outro, o conceito de
Igreja, que surge da
consciência re�exiva,
expressa na literatura
canônica como discurso de
uma realidade.
Os textos do Novo Testamento que selecionamos servirão de janelas, pelas quais, de
certa maneira, pode-se captar o quadro geral da compreensão primitiva da Igreja sobre
si mesma e também sobre o Espírito Santo, atuante e imprescindível nesse processo de
autoconsciência eclesial.
Em seguida, esboçaremos um per�l da Igreja no âmbito da realidade Joanina,
determinando aquilo que se pode demonstrar a partir de uma visão oblíqua desta
realidade, extraída dos textos mesmos.
De fato, a expressão ekklesia ocorre raramente nos textos Joaninos do Evangelho e das
Cartas, estando mais presente no texto do Apocalipse. Contudo, como no conjunto da
tradição literária neotestamentária, não se determina de modo inequívoco por uma
determinada conceituação que respondesse à pergunta:
Mas a�nal de contas, o que é a Igreja?
Une-se a esta questão outro elemento, não
menos complexo, que é a ação do Espírito Santo
no contexto do Cristianismo Primitivo. Trata-se
da Esperança messiânica que se realiza através
da Doação do Espírito Divino como um Sinal dos
novos tempos, a superação do Mal e a
instauração do de�nitivo Eon. A Igreja é o Novo
Israel!
E, ao mesmo tempo, o discurso que a Igreja elabora sobre esta presença pneumática
em sua própria maneira de agir e anunciar o Cristo como único Salvador.
O Espírito Santo e o Mistério da Igreja no
Novo Testamento
É muito ampla e diversi�cada a a�rmação de fé e, sobretudo, muito rica a experiência do
Espírito Santo no Novo Testamento.
Aqui cabe uma análise do ponto de vista da Igreja, seja porque ela o experimenta, seja
porque ela fala sobre Ele, formulando um artigo de fé, em que a�rma a Personalidade do
Espírito de Deus, revelado de�nitivamente em Jesus Cristo.
 (Fonte: legnda / Shutterstock)
Como dissemos, o Espírito é um objeto complexo em relação à Igreja, pois, de um lado,
Ele mediu o conhecimento que a Igreja tem de si própria e, por outro lado, é a Igreja que
�xa uma linguagem sobre o Espírito que corresponda à consciência Divina da 3ª Pessoa
da Trindade, como a conhecemos na linguagem da tradição ortodoxa.
A Igreja só conhece seu Mistério quando em contato com o Espírito, pois este dá acesso
ao âmago do Cristo e, assim, ao epicentro de sua consciência enquanto Igreja.
A Perspectiva Igreja-Espírito na obra de
Lucas-Atos
Leitura
Sobre este assunto leia: 
RABUSKE, J. I. A IGREJA EM SUAS ORIGENS: Revisitando os Atos dos Apóstolos.
Teocomunicação 42/1, p. 5-18, 2012.
Muitos são os caminhos para demonstrar este axioma a partir do Novo Testamento.
Assim, temos que enfrentar a questão sobre as relações históricas entre Jesus e a
fundação da Igreja.
 Sobre Loisy e o Modernismo
 Clique no botão acima.
Tomamos aqui o termo modernismo em sentido teológico, sabendo embora que
outros sentidos lhe andam também ligados, como são os sentidos literário e
artístico. Em sentido teológico trata-se de um movimento desencadeado na
Igreja Católica na viragem do séc. XIX para o séc. XX com o objetivo de adaptar
a doutrina e as estruturas do catolicismo às tendências do pensamento
contemporâneo. Os adeptos deste movimento pretenderam assumir-se como
renovadores da Igreja para melhor a adaptar às condições modernas do
pensamento e da ação. Na medida em que este foi um movimento que partiu do
interior da Igreja, e para defesa da mesma Igreja, os modernistas não desejaram,
pelo menos à partida, romper com o catolicismo, mas adaptá-lo às exigências
da modernidade, e por isso chegou a ser apresentado como uma autêntica
renascença católica. Em 1900 Adolfo Harnack publica o seu livro A Essência do
Cristianismo, enquanto Loisy inicia um curso de ciências religiosas na Escola de
Altos Estudos.
FELICIO, M. R. A Viragem do século (XIX-XX). O Modernismo. Mathesis 11
(2002), 373-387. Disponível em:
//www4.crb.ucp.pt/biblioteca/Mathesis/Mathesis11/mathesis11_373.pdf
Acesso em 31 de julho de 2019
Saiba mais
Leia também o documento o�cial da Igreja sobre o Modernismo de Pio X.
Para esta corrente de pensamento já ultrapassada, a Igreja se institui a si própria diante
da frustração da Parusia, entendida como tardia e, portanto, obrigando os dirigentes
eclesiásticos a remodelarem as expectativas e substituí-las por uma forma estável,
institucional.
Os Evangelhos colocam o problema de outra maneira:
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Cristo toma a iniciativa de compor um grupo de discípulos mais estreito às suas
tarefas, que se distinguirá de outros, os 72 ou ainda discípulos da multidão, pela
designação de ‘Apóstolos’.
É o que se lê, por exemplo em Lc 9, 1-6 e paralelos:
Reunindo Jesus os doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os
demônios, e para curar enfermidades. Enviou-os a pregar o Reino de Deus e a
curar os enfermos. Disse-lhes: “Não leveis coisa alguma para o caminho, nem
bordão, nem mochila, nempão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas. Em
qualquer casa em que entrardes, �cai ali até que deixeis aquela localidade. Onde
ninguém vos receber, deixai aquela cidade e em testemunho contra eles sacudi a
poeira dos vossos pés”. Partiram, pois, e percorriam as aldeias, pregando o
Evangelho e fazendo curas por toda parte.
(Mt 14,1s = Mc 6,14ss)
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Lumem Gentium, que lemos na aula passada, também indica elementos sobre esta
questão das relações entre Cristo, em sua etapa histórica e a Igreja:
Veio pois o Filho, enviado pelo Pai, que n'Ele nos elegeu antes de criar o mundo, e
nos predestinou para sermos seus �lhos de adopção, porque lhe aprouve reunir
n'Ele todas as coisas (cf. Ef 1, 4-5. 10). Por isso, Cristo, a �m de cumprir a vontade
do Pai, deu começo na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério,
realizando, com a própria obediência, a redenção. A Igreja, ou seja, o Reino de
Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus.
Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que manaram do
lado aberto de Jesus cruci�cado (cf Jo 19,34), e preanunciam-nos as palavras do
Senhor acerca da Sua morte na cruz: “Quando Eu for elevado acima da terra,
atrairei todos a mim” (Jo 12,32 gr). Sempre que no altar se celebra o sacrifício da
cruz, na qual “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1 Cor 5,7), realiza-se também a
obra da nossa redenção (LG 3).
(Paulo VI, 1965, 3) Disponível em: //www.vatican.va. Acesso em 31 de julho de 2019.
E ainda sob a lógica teológica do Reino de Deus (Mc 1,15: “Completou-se o tempo e o
Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho”), a mesma LG
a�rma:
O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu
início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido
desde há séculos nas Escrituras: “cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está
próximo” (Mc 1,15; cf Mt 4,17). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu
fundador e guardando �elmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de
abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus
em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra.
Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja
juntar-se ao seu Rei na glória.
- (Paulo VI, 1965, 5.): cf. 
//www.vatican.va
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Aqui cabe recordar que os estudiosos
falam de Atos dos Apóstolos como obra
histórico-teológica sob a égide do
Evangelho Lucano que, de certa maneira,
estende-se e autoexplicita-se na história e
na práxis da Igreja das primeiras horas.
Nesses relatos surge um elemento
comum e paralelo entre o Espírito e a
Igreja, em relação a Jesus o Cristo: o
testemunho. Em todos eles o testemunho
é ocular (trata-se de experiência da visão
profético-pneumática). Por isso estes são
considerados as testemunhas que
corroboram aos leitores/ouvintes do
Evangelho seu caráter de portadores de
anúncio do Evento Divino.
Esse processo encontra-se de modo de�nitivo e acabado nos Discursos de Pedro e dos
Apóstolos nos Atos. Trata-se de uma voz humana. Divina aquela da Igreja, que anuncia e
realiza com serrais o Evento Redentor e seu Epicentro no mundo! (Ao lado da autoridade
Pétrea, aquela de Tiago cf. Atos 15,28).
Aqui, ressalta-se o centro da consciência da Igreja. Ela viu e sabe o que viu. Ele diz e
a�rma aquilo que Deus �zera através da Mediação De�nitiva de seu Filho Jesus de
Nazaré (cf Joel 3 coloca o acento da Revelação da Igreja sob a égide da escatologia
pneumática, típica do ambiente primitivo).
Dois elementos unem-se e complementam-se nos textos da obra Lucana: Sinais-
milagres, isto é, evento numinoso da continuidade histórica de Jesus o Ressuscitado em
relação à sua Igreja, e a revelação do Plano Signi�cado de sua obra. Ação Divina e
acesso a signi�cação, ou seja, a consciência de ser intérprete autorizada dos Eventos
que sinalizam uma Presença Potente. Pedro, na primeira parte de Atos, sinaliza no seu
apostolado os gestos e situações de Jesus: ele sofre espancamentos (At 5, 40; 12,1-14),
sua sombra cura doentes (At 5, 15s) e ele ressuscita uma pessoa (Tabita: At 9,37).
A Perspectiva Igreja-
Espírito no “Corpus
Paulinum”
Não poderíamos abandonar o Novo
Testamento sem uma rápida, mas
conclusiva, visão da obra Paulina nas
Cartas. O Primeiro testemunho literário
cristão, as cartas autênticas e
dêuteropaulinas, oferece-nos um
memorial muito importante da relação
entre o Espírito e a missão-essência da
Igreja.
Aqui é irrefutável dizer que Lucas-Paulo-
João, como o conjunto dos textos
canônicos do Novo Testamento, se inter-
relacionam profundamente e ao mesmo
tempo distinguem-se entre si como uma
característica própria ao ambiente do
Cristianismo Primitivo. Isto é, unidade e
diferença equilibram-se sobre o
fundamento de uma experiência de
Revelação e Testemunho do Conteúdo
Vital da Redenção.
 (Fonte: Janece Flippo / Shutterstock)
Arauto de Cristo, a Eclesiologia Paulina exibe traços carismáticos evidentes. Trata-se de
uma forma social que se autocompreende a partir da Revelação do Espírito de Cristo.
Paulo entende que conhecer Cristo se realiza na Igreja.
Isto �ca patente em sua própria experiência pessoal de Conversão na qual a Igreja e
Cristo se identi�cam: At 9, 4s (Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia:
“Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Saulo disse: “Quem és, Senhor?”
Respondeu ele: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. [Duro te é recalcitrar contra
o aguilhão]) pois aquilo que somos eclesialmente realiza-se somente na explicita
comunhão com Ele, por meio do Dom e da Promessa (cf Rm 8,10).
A Igreja em João e o Evangelho de João na
Igreja
 (Fonte: Casezy idea / Shutterstock)
O Cristianismo (Eclesialidade) em João é considerado distinto no que tange à questão
do conceito de Igreja nos Escritos Joaninos e da discussão do uso destes documentos,
particularmente do Evangelho, na Igreja Antiga.
Mesmo não encontrando o termo ekklesia no Evangelho, a discussão coloca-se a partir
de textos como:
Jo 10, 1-10; 15, 1-15, ou ainda o cap 17 com a
oração sacerdotal de Jesus, mais claramente
ainda nos discursos de Adeus (Jo 14-16).
Nestes discursos sublinha-se uma relação de continuidade entre Jesus Glori�cado e a
comunidade dos seus discípulos, indicando-nos assim uma forma de concepção
Joanina de Igreja (suposição que encontra certa con�rmação em 1 Jo).
O problema se coloca sobre a possibilidade de deduzir uma concepção Joanina de
Igreja a partir de textos Joaninos relevantes.
O autor cita a discussão entre E. Schweizer, como representante da visão protestante e
R. E. Brown, como representante da tese católica.
Para Smith, mesmo considerando o valor do debate dogmático, isto é, sobre a doutrina
eclesiológica desenvolvida tanto em campo católico como naquele Protestante, o
conceito de comunidade cristã ou Igreja não seria irrelevante para a de�nição e a
compreensão da realidade especí�ca, concreta e histórica do Cristianismo Joanino.
Assim, enquanto o conceito de comunidade cristã ou da Igreja, na literatura Joanina,
certamente não é irrelevante para a de�nição e a compreensão da realidade concreta e
especí�ca da história do cristianismo Joanino, o esclarecimento deste conceito pode ser
possível com base na própria exegese (SMITH, 1987, p. 3, tradução nossa).
Atenção
É importante ainda ressaltar que a exegese destas perícopes discutidas deverá ajudar-
nos a superar o con�ito das interpretações para obter a visão mais objetiva possível
desta realidade eclesial tão especí�ca.
Elementos Eclesiológicos nos Escritos
Joaninos
I. Segregação-Separação
Uma simples leitura de diversos textos Joaninos deixa-nos a impressão de que por
detrás de certas expressões existe um claro sentimento de distinção ou mesmo
separação do que os circundava. Encontra-se, porém, nos textosJoaninos certa
concepção de missão.
Diversos elementos diferenciam a eclesiologia, isto é, a compreensão da Igreja na
tradição Joanina em relação aquela Paulina ou Lucana. Destacam-se, entre outros
elementos, os seguintes:
Clique nos botões para ver as informações.
A questão da Pneumatologia seria um elemento importante na identi�cação dos
elementos Joaninos (isto é, do material propriamente Joanino). O mais importante
é a possibilidade de a�rmar que os discursos de Jesus sobre o Espírito constituem,
verdadeiramente, o principal material de constatação da existência de um conteúdo
tradicionalmente joanino. Temos, entre os Capítulos 14-16, os discursos de Adeus
sobre o Espírito e a Igreja, que constituem a matéria básica da identidade e da
missão nas Igrejas Joaninas.
O Paráclito 
Esta �gura tem uma signi�cativa importância para o problema das origens do
Joanismo. No cap. 21, ele é apresentado como uma �gura histórica, conhecida por
todos. Ele representa, desde o princípio, um elo entre a Teologia dos Escritos e a
Tradição.
Neste sentido, os círculos de tradição Joanina, por meio do Discípulo Amado, eram
associados à pregação genuína de Jesus, Ele mesmo. Pelo “nós”, presente em
tantos textos do Evangelho e da Iª Carta, eles sentiam-se em continuidade com a
Tradição de Jesus Histórico. Como testemunha desta Tradição de Jesus.
Outra maneira de a�rmar este campo comum à chamada Tradição Joanina é o uso
polêmico entre os diversos setores ao interno do ambiente Joanino em relação à
interpretação ortodoxa (autêntica) da mesma tradição. Apesar da característica
autonomia da tradição Joanina, esta encontra seu terreno de nascimento e
evolução no solo comum das tradições da Igreja Primitiva.
A Figura do Discípulo Amado 
Outro elemento característico muito importante no Joanismo seria a atividade
profético-carismática, que desempenhava um papel importante no desenvolvimento
da Tradição Joanina. Se o Judaísmo sectário era presente na germinação da
Tradição Joanina, a profecia inspirada poderia muito bem prover uma ocasião
especí�ca para a emergência da a�rmação cristã-joanina, na forma de Palavras de
Jesus.
Contudo, este fenômeno se estenderia, sem dúvida, a toda literatura
neotestamentária como uma forte característica do ambiente religioso da
Cristandade Primitiva.
Dentro desta perspectiva, torna-se importante considerar o fenômeno da profecia
inspirada e itinerante dentro do âmbito do movimento eclesial Joanino, como um
dos elementos que ajuda a estabelecer a origem social e eclesial da pneumatologia
e também como um elo de relação entre os escritos joaninos.
Vê-se nos ditos do Paráclito de 14, 5-6 e 16, 12-15, a enunciação de uma teoria
sobre o fenômeno de expressão inspirada pelo espírito que visa, por um lado,
fundamentar-se no próprio ministério histórico de Jesus e assim validá-lo (14, 26) e,
por outro, conferir algum controle sobre ele, colocando-o dentro do contexto para
uma representação de Jesus que não era apenas a palavra se tornar carne, mas
aquele que falava palavras com o status irrevogável dos mandamentos divinos.
Quando na 1 Jo vê-se os vestígios do mesmo aspecto problemático do processo
Joanino de criatividade inspirada pelo espírito, descobre-se que o autor invoca
reiteradamente a Tradição (1, 1-4) como a pedra de toque da crença e a impõe a
seus leitores para testar todo espírito (4, 1-6).
O ambiente profético-carismático: 
A Igreja no Livro do Apocalipse
 (Fonte: Wesley Almeida / cancaonova.com)
Se, a tradição Joanina das Igrejas estabelece-se, como vimos, a partir de uma leitura
crítica do Evangelho/Cartas Joaninas, o Apocalipse une-se a este bloco, mesmo com
profundas diferenças, sobretudo pela característica atividade profético-carismática da
Comunidade dos profetas-Irmãos de João, o Vidente.
I. Apoc 1,10: Uma Joanina experiência “profética”?
Estamos diante de um elemento constitutivo da experiência “profética”
neotestamentária, ou melhor, cristã?
Já no Antigo Testamento, os profetas experimentam a visão como instrumento
privilegiado na Revelação Divina.
Na profecia clássica não ocorrem, como no ciclo de Elias e Eliseu e nas corporações
proféticas, o fenômeno de uma recepção extática ou espetacular do Espírito por parte
dos ungidos ou dos profetas. Parece que o próprio João reconhece-se, na linguagem
desta experiência, inserido dentro da esfera profético-comunitária.
João descreve as circunstâncias da sua chamada como uma atividade profética, pois
com o Espírito se estabelece um contato particular, novo, ao ponto de o Espírito tornar-
se como âmbito no qual ele se move.
A Igreja no Apocalipse situa-se na experiência da visão/audição do vidente de Patmos
(cf Ap 1,10; 4,2), no contexto da profecia cristã primitiva, sobretudo no atormentado
momento eclesial sob o domínio de Domiciano.
São-nos revelados aspectos da vida da Igreja no período do cumprimento escatológico
da promessa e do retorno glorioso de Cristo diante das concretas circunstâncias da
perseguição e do sofrimento por causa do Evangelho.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na paciência
em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e
do testemunho de Jesus. Em um domingo, fui arrebatado pelo Espírito, e ouvi, por
trás de mim, voz forte como de trombeta (Ap 1, 9s).
Para compreender a expressão de Ap 1,10, deve-se partir da premissa da mudança de
papel da parte do Vidente, pois seu banimento teria sido o trauma mais forte no
conjunto das situações de tensão no interior das Igrejas. Ele se vê praticamente
obrigado a escrever, a manter uma relação de correspondência com suas comunidades,
que se tornam seus leitores.
Assim ele tenta demonstrar. A linguagem profética de João é justi�cada pela sua
distância física, mas também pelo fato de que aqueles a quem ele envia sua mensagem
(revelação) são, como ele, profetas, isto é, possuem o mesmo Espírito.
Por trás disso fundamenta-se a relação entre o livro e sua mensagem: a communitas,
razão pela qual encontramos tal linguagem e um semelhante vocabulário difuso na
cultura apocalíptica do mundo mediterrâneo e da Ásia Menor de então, devidamente
transformada, ou melhor, adaptada ao patrimônio (de fé) comum ao autor e às Igrejas
do Apocalipse (como vemos nas Cartas às 7 Igrejas: Ap 2,1-3,22).
O Vidente de Patmos se autocompreende e se apresenta às comunidades baseado
sobre a autoridade deste múnus profético e suas visões consistiriam em profecias de
sustento e encorajamento.
“Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas”
Neste momento terá lugar de relevo a questão do falar do Espírito, particularmente na
seção de Ap 2–3, nas mensagens às Igrejas (comunidades) da Ásia Menor. Esta
questão funcionará para compreender e situar o fenômeno da Profecia, como um fator
enfático na relação lógica entre o Espírito e a Igreja, delineada a partir da irrupção deste
Espírito. Na História, a Igreja atua A Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus diante
do mundo hostil.
Atividade
1. A partir da leitura de A Igreja em suas origens: Revisitando os Atos dos Apóstolos,
indique alguns elementos da Igreja nos Atos dos Apóstolos que sejam mais
característicos dela.
2. Em Ap 1,9-10, encontra-se uma citação sobre o Espírito e a Profecia. Explique de que
maneira eles se relacionam na Igreja do Apocalipse.
3. A palavra Igreja vem do grego, ecclesia, que signi�ca assembleia ou reunião. O que isso
pode signi�car na realidade e na atuação das igrejas? Escolha a resposta CORRETA:
a) As igrejas devem, por isso, incentivar a fé pessoal e dissociada das relações sociais.
b) A atuação das igrejas deve realizar exclusivamente nas redes sociais que congregam as
pessoas.
c) A Igreja é fruto das sociedades, sem as quais ela não tem sentido e razão de ser.
d) As igrejas são assembleias de privilegiados, de poucos que podem se salvar deste mundo.
e) A Igreja é sinal de unidadee de reunião de todos os Povos para a Salvação em Cristo.
Referências
SANTOS, P. P. A. O Espírito e a Igreja: As perspectivas do Novo Testamento, em particular
dos Escritos Joaninos. Atualidade Teológica 21, p. 73-93, 2002.
ROLOFF, J. A Igreja no Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 2005.
RABUSKE, J. I. A IGREJA EM SUAS ORIGENS: Revisitando os Atos dos Apóstolos.
Teocomunicação 42/1, p. 5-18, 2012.
Próxima aula
Questão da Igreja nas diversas tradições cristãs;
Ecumenismo.
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UM TERMO. Persp. Teo. 33, p. 195-216, 2001;
WOLFF, E. O ecumenismo no horizonte do Concílio Vaticano II. Atualidade Teológica.
A XV º 39 403 428 2011
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Ano XV nº 39, p. 403-428, 2011;
ALTMANN, W. EVANGELIZAÇÃO: Re�exão a partir de Lutero e no contexto
ecumênico protestante mundial. Estudos Teológicos. v. 16, n. 1, p. 18-29, 1976.

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