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TEOLOGIA SISTEMÁTICA III-Aula 3-O Espírito Santo no Evangelho de João

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Teologia Sistemática III
Aula 3: O Espírito Santo no Evangelho de São João
Apresentação
Esta aula apresenta o desenvolvimento da doutrina e da experiência do Espírito
Santo no âmbito do Evangelho de João. Em particular, o termo “Espírito da Verdade”.
O estudo da Doutrina do Espírito Santo na tradição do Evangelho de São João
constitui uma fascinante aventura da teologia no âmbito do Novo Testamento, pois o termo “Espírito da Verdade” é a marca exclusiva de uma experiência eclesial e de
uma tradição teológica que se imporá no campo da pneumatologia.
Verdade é Cristo, e o Espírito Santo no Evangelho de João é o porta-voz do próprio Ressuscitado na Igreja.
Objetivos
Compreender a doutrina do Espírito Santo no conjunto dos Evangelhos;
Reconhecer os âmbitos da pneumatologia (teologia do Espírito Santo) no Evangelho de João (Jo 14-16).
 (
(Fonte:
 
GD
 
Arts
 
/
 
Shutterstock)
)
Premissa
Nesta aula, analisaremos o termo “Espírito da Verdade”, que aparece somente no Evangelho de João, entre os caps. 14-16, também chamados, “Discursos de Adeus”. (Nas aulas da Unidade II, teremos a oportunidade de nos ocupar com o problema do Paráclito.) Sobre esse vasto assunto, todas as Igrejas têm produzido muita reflexão pertinente.
Trata-se da seção das promessas do Espírito Santo – cinco ditos do Espírito, dos quais três se referem ao Espírito com o termo “da Verdade”. Ampla e diversificada é a
afirmação de fé e, sobretudo a experiência do Espírito Santo no Novo Testamento. Aqui nos cabe uma análise do ponto de vista da Igreja, seja porque ela o experimenta, seja
porque fala sobre o Espírito Santo até formular um artigo de fé, no qual afirma a “Personalidade” do Espírito de Deus revelado definitivamente em Jesus Cristo.
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Atenção
No corpo joanino (Evangelho e Cartas), a antropologia teológica depende da
pneumatologia, isto é, o Homem, como Imagem e Semelhança Divina redimido pelo Cristo, necessita do Espírito Santo para experimentar a si mesmo nessa novidade, e, ao mesmo tempo, formular uma linguagem “ortodoxa” do Ministério que se porta e que nos autorredefine.
Por isso, em João, a pneumatologia é a fonte do agir revelador da existência “em Cristo”. O Discípulo Perfeito é o sinal da economia do “Espírito” em ação no mundo. Trata-se de limpar vidros e janelas da existência humana definitivamente radicada no Ministério da Redenção do Cristo, mas, ao mesmo tempo, tornar eloquente, aos olhos do mundo e da mentalidade pagã, o alcance da Salvação em Cristo.
No âmbito da tradição do Evangelho de João, temos dois termos que são únicos no Novo Testamento: “O Paráclito” e “O Espírito da Verdade”. Teremos uma aula sobre a compreensão do termo “Paráclito” no movimento pentecostal, mas aqui trataremos desse termo em comparação com o “Espírito da Verdade”.
I. Jo 14, 16-17
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.
II. Jo 15, 26-27
Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que
procede do Pai, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
III. Jo 16, 13-15
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e vos anunciará as coisas que virão. Ele
me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e vo-lo anunciará.
Como se percebe, os textos da tradição joanina justapõem estes dois termos: Paráclito e do outro, Espírito da Verdade.
A origem do termo “verdade” nos escritos joaninos
Quando se fala de Espírito Santo na tradição de João, no seu Evangelho, devemos ao menos considerar a questão da “verdade”, termo que determina a Pessoa do Espírito, nesse âmbito eclesial.
O problema inicial da análise do termo “verdade” no contexto da literatura joanina seria aquele da sua origem sociorreligiosa. O problema é muito complexo. De fato, diversos autores divergem na explicação das fontes socioliterárias do termo “verdade” nos
escritos Joaninos.
Constata-se, com frequência, uma aproximação vocabular com tantos ambientes culturais como aquele gnóstico, de Qumran, hermético, e da filosofia platônico-
helenística. No entanto, parece que se pode afirmar uma originalidade “joanina” no uso desse termo, em relação a todos os pontos de contatos em nível de vocabulário/tipo ou mesmo conteúdo.
Clique nos botões para ver as informações.
A concepção teológico-joanina
No conjunto da teologia joanina, o termo “verdade” pertence à esfera do campo cristológico, e em particular, à sua função de Revelação. A palavra “verdade”, no
sistema teológico joanino, jamais aplicado a Deus, é uma realidade da “economia” da Salvação. Trata-se de uma verdadeira cristologia joanina, na forma de uma
“cristologia da verdade”.
A primeira fonte literária do termo “Espírito da Verdade” no Novo Testamento são os chamados “discursos de Adeus” do Evangelho de João. São capítulos muito
complexos, onde a elaboração definitiva de uma teoria coerente sobre sua
colocação atual e das suas recíprocas relações está longe de se propor. No entanto, pode-se dizer que vêm classificados dentro de um gênero literário clássico, muito difuso tanto na literatura veterotestamentária como greco-romana.
A promessa do espírito da verdade (Jo 14, 16-17)
No cap. 14 do Evangelho de João entramos na primeira seção dos chamados “Discursos de Adeus”. Nesses versículos, analisaremos os diversos elementos que pela primeira vez configuram esse título joanino do Espírito.
A maioria dos estudiosos está de acordo, ao menos, sobre a complexidade de estruturar esse discurso, sobretudo pela quantidade e variedade de propostas de estruturação. A fragilidade de soluções para esse problema é perceptível.
Leia mais sobre o termo “verdade”:
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 Delimitação: Jo 14, 15-17
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Delimitação: Jo 14, 15-17
O primeiro passo na pesquisa exegética de um texto consiste na sua
constituição. Isto é, ao buscar analisar o termo Espírito da Verdade, que se encontra pela primeira vez no Evangelho de João (v. 17, cap. 14), é
metodologicamente necessário estabelecer os limites mínimos, que nos
permitem situar uma palavra ou expressão dentro de um contexto literário,
denominando assim a unidade a que pertence. Esse título do espírito joanino se encontra no parecer da maioria absoluta dos estudiosos na unidade dos v. 15-
17. O v. 15 constitui o limite inicial dessa perícope.
Dentro do grande contexto da partida de Jesus, que ocupa todo o capítulo, Ele assegura à comunidade que não permanecerá sozinha no seu caminho (vv. 1- 14). E, ao mesmo tempo, com a promessa de um novo “socorredor”, o “Espírito da Verdade”, inicia-se uma segunda unidade do capítulo (vv. 15-26).
Os vv. 15-17, ou seja, a promessa do Espírito da Verdade constitui, por sua parte, uma verdadeira unidade literária, seja pela introdução de um novo tema, que, no entanto não é abrupta, graças à preparação dos vv. 13-14, seja com o tema da intercessão de Jesus pela clara separação criada pelo v. 18.
Sobre o contexto de Jo 14, 15, "Se me amais, guardareis os meus
mandamentos", esse versículo parece ter a função literária de introduzir o tema da Promessa do “Outro Paráclito”, o “Espírito da Verdade”, no conjunto dessa
unidade, que se limita aos vv. 16-17. Ele impede, assim, um abrupto início do tema, em relação àquilo que se dizia antes, ou seja, o tema da oração e glorificação recíproca do Pai e do Filho (Jo 14, 13-14).
De fato, em Jo 14, 14, Jesus aparece como “Intercessor”, no Seu Nome se
intercederá para a maior Glóriado Pai. Todos os verbos desse versículo estão no futuro, dentro da lógica da glorificação do Pai e do Filho.
O v. 15 não somente enquadra a unidade referente ao tema do Espírito da Verdade prometido aos discípulos, mas também condiciona e qualifica a
condição de recebê-lo: “se me amais” é uma “prótase” (aquele que, subordinado ou dependente, cria uma expectativa para a enunciação do segundo (apódose)) de um discurso hipotético que se prolonga até o v. 17a.
Em outras palavras, o amor a Jesus condiciona toda a unidade, seja na
observação dos “seus” mandamentos, seja como condição para o cumprimento da promessa do Espírito. No v. 15 encontra-se a resposta à questão da “futura” relação dos discípulos com o Revelador, que está por partir junto ao Pai (o
contexto dos “discursos de Adeus”). A esse problema a resposta é clara: o amor, fonte segura dessa relação, permanece forte e presente, através da observância dos seus mandamentos.
Aqui percebemos as conexões com 13, 31-34, mas também com toda a
estrutura literária do próprio cap. 14, pois o observar os meus mandamentos do
v. 15 está em paralelo com os v 23: "e alguém me ama, guardará a minha palavra".
E isto quer dizer simplesmente crer: quem deseja uma relação de “amor” com Jesus, deseja, na verdade, viver uma relação de fé.
Talvez o Evangelista pense as exigências do v. 15 à luz da problemática mais ampla dos discursos de Adeus, a saber, manter-se efetivamente em Cristo,
como garantia e antecipação da União Definitiva com o Pai.
Um estudo de Jo 14, 16 nos mostra diversas questões sobre o original termo “outro Paráclito”: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que
fique eternamente convosco.” Com esse versículo entra-se diretamente na lógica literária da primeira promessa do “Espírito da Verdade”. Parte-se da exigência dos mandamentos de Jesus, como sinal concreto do amor a Jesus, que “de Sua Parte” intercede junto ao Pai, pelos seus.
A originalidade e a síntese desse versículo estão concentradas sobre a questão do “outro Paráclito”. Isso torna possível, após a partida de Jesus (o primeiro Paráclito?), a continuidade dessa relação de amor com os discípulos, por meio da fé, como obediência aos mandamentos.
Sob o aspecto teológico central, pode-se dizer que, apesar da visão paralela entre o outro Paráclito (v. 16) e o Espírito da Verdade (v. 17) em relação à
pneumatologia no Evangelho joanino, a questão só pode ser bem situada a
partir da perspectiva cristológica. Isto é, em que sentido a função reveladora de Jesus, que supõe a ação do Espírito na sua fase terrena, relaciona-se com a fase pós-pascal, decisiva para os discípulos, na sua compreensão e visão de Jesus?
Em relação ao “ser-com Jesus”, para sempre, como elemento que faz “ver” e “permanecer”, é muito mais decisivo ainda o fator da unidade/Amor ao
Ressuscitado-Elevado, e também entre si, como sinal que testemunha a Verdade. Veja, por exemplo, Jo 13, 35: “Nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”
Nessa primeira promessa, o termo “Outro Paráclito” é muito importante, porque estabelece claramente uma continuidade entre a obra de Jesus e aquela do
Espírito da Verdade. Esse outro Paráclito é apresentado como continuador da “obra terrestre” de Jesus, junto aos discípulos. A expressão por isso não
procede, apesar do paralelo com 1 Jo 2, 1, de afirmar em plena forma, que
durante o ministério terrestre de Jesus, Ele tenha recebido esse título, apesar de encontrarmos diversos elementos de intercessão e defesa.
Essa função será reservada ao Espírito da Verdade, no contexto da perseguição aos discípulos (mais claramente em Jo 15) e do juízo contra o mundo (Jo 15,
12-16, 13).
Quanto ao problema dos sujeitos que enviam o Espírito, não é secundário
indicar que Pai, nessa perícope (assim como em Jo 14, 26), constitui o doador do Espírito da Verdade, por intercessão de Jesus. Aqui se coloca a questão Trinitária, que na nossa primeira aula começávamos a tratar.
Em Jo 15, 26, 16, 7 e 1 Jo 2, 20,27 é o próprio Cristo glorificado a fazê-lo. Essa questão, no entanto, se insere no contexto teológico das relações entre o Pai e o Filho. “Para que permaneça convosco para sempre.” O problema não é outro senão aquele da relação da Comunidade e Jesus Cristo, que vem garantida a
partir da doação do Espírito da Verdade. Uma relação que se qualifica como
permanente. Em outras palavras, a experiência da Igreja pode ser traduzida, sob essa ótica, como contato permanente com Cristo.
Esse contato criado pelo Espírito da Verdade constitui a significação Divina de sua Revelação e, ao mesmo tempo, é a Comunidade no Espírito que interpreta e atualiza o “ser-em-Cristo”, como Revelador Permanente do Pai, na Comunhão Nova, possível no Espírito.
Em Jo 14, 17 chegamos então à expressão original do Evangelho Joanino sobre o Espírito Santo, dito da “Verdade”: “É o Espírito da Verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.” A função dessa primeira promessa do
Espírito é aquela de coordenar os diversos aspectos dessa comunidade, na qual realiza-se fundamentalmente o tempo pós-pascal como tempo da presença do Espírito entre os fiéis.
Por isso, o texto vem entendido como uma composição, onde a promessa dos Espíritos torna-se chave hermenêutica das Promessas de Jesus, que parte da sua Comunidade.
Atenção
O importante é reforçar a ideia da relação entre Jesus e o Espírito como fundamento, sobre o qual o mesmo Espírito, Representante mandado do Pai, pode fazer valer, que Jesus, permaneça como “alma” desta relação nova, na história entre o Mestre e os seus discípulos-amigos, após Sua Glorificação.
No contexto imediato do v. 17, convém imediatamente enfrentar a temática literária e teológica da relação entre o Espírito da Verdade e o “outro Paráclito”.
Outros apresentaram diversas teorias literárias, separando em distintas camadas, no “discurso de Adeus”, como explicação para as diversas
incongruências “aparentes” que se encontram nos textos de Jo 13-17.
Ambos os termos virão utilizados nos textos das cinco promessas do Espírito – Jo 14, 16-17 (1), 26-27 (2); 15, 25-27 (3); 16, 7-10 (4); 12-15 (5) – e constituem o
grande patrimônio da pneumatologia joanina no conjunto daquelas do Novo Testamento, que terá uma grande influência sobre a teologia do espírito na história da teologia.
Na exegese das promessas do Espírito, fala-se em paráclito quando, com esse título, busca-se relacionar as funções do Espírito em conexão pessoal com aquelas de Jesus, durante seu ministério terreno.
Sendo um complemento adnominal em relação ao Espírito, exige que se busque no conteúdo cristológico da verdade Joanina as consequentes demarcações de significado. Em outras palavras, essa forma qualifica o Espírito.
Segundo a etimologia, este significa olhar um espetáculo, observar com atenção e concentração, em sentido figurado contemplar. O acento recai evidentemente sobre o aspecto ativo da ação. Quando esse verbo se aplica à realidade religiosa, constata-se que Jesus não é jamais sujeito, mas como objeto, Ele
mesmo, ou Sua ação. Em Jo 6, 40; 12, 45;14, 9; 17, 24, equivale ao conjunto da visão do Mistério Pessoal do Filho, em Jesus.
O problema que se coloca diante da exegese consiste em saber em que sentido o mundo não vê ou contempla o Espírito da Verdade. E, de novo, é a partir da
cristologia que encontramos os elementos justos para interpretar a pneumatologia Joanina.
De fato, o Espírito pode ser “visto” através da vida-existência de Jesus; suas palavras e obras são os meios sensíveis para “ver” o Espírito da Verdade.
Ao terminar a seção exegética dessa primeira promessa do Espírito da Verdade, convém destacar os elementos principais, assumidos até agora. Dois
elementos, a seguir, devem ser sublinhados.
A questão cristológica: o outro paráclito
Destacamos desde o início, que uma característica principal da pneumatologia joanina (Evangelho e Cartas) baseia-se na relação de dependência direta do discurso teológicosobre a pessoa e a ação do Espírito, em relação a Cristo.
E não poucas vezes, quando problemas semânticos se mostravam
demasiadamente complicados, era a via cristológica a única efetivamente a
iluminar, não somente as questões
pneumatológicas, mas também aquelas de origem eclesiológica.
A maioria dos autores está de acordo que se deve afirmar que o termo “outro Paráclito”, aliás, característica original desta primeira promessa, evidencia esse aspecto da relação de “continuidade” entre o Jesus terreno e a presença do
Cristo Glorificado na Comunidade pós- pascal.
Teríamos assim, com esta expressão, não tanto a afirmação do Cristo como
“paráclito”, mas a acentuação do “Paralelismo” entre a presença
messiânica de Jesus Cristo junto à sua Comunidade, antes e depois da Páscoa de Ressurreição.
(Fonte: Jacob_09 / Shutterstock)
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Comentário
As relações entre o “outro paráclito” e o “espírito da verdade”.
Ambos, de modos diversos, acentuaram as duas etapas da presença de Cristo, como critério para distinguir o valor desses dois termos.
Ao percorrer os verbos dessa unidade, interpretava os dois tempos, aquele do
presente, aplicando-os ao Paráclito, como presença atual e incoativa do Espírito junto aos discípulos e aqueles do futuro, que constituem o cerne da promessa de outra forma de presença do mestre, denominada Espírito da Verdade.
Propõe-se como critério de distinção desses dois termos, caso se quisesse distingui- los, relacionar o termo Paráclito ao período pré-pascal da relação entre Jesus e a
comunidade. Em outras palavras, cada termo acentua diferentemente as formas de presenças de Cristo na Igreja.
Atividade
1. Leia o artigo de Santos (2000) e responda:
a) Como o Espírito Santo na tradição joanina pode ser entendido como Pessoa Trinitária?
b) De que maneira Cristo é o Referente do Espírito na Igreja?
2. O que significa a expressão “Espírito da Verdade” na tradição pneumatológica do Evangelho de João?
a) Essa expressão não pertence à tradição de João sobre o Espírito.
b) O Espírito Santo faz revelações inéditas sobre o Cristo.
c) Verdade é uma característica exclusiva do Cristo, não do Espírito.
d) O Espírito Santo na tradição de João funciona como uma nova profecia do futuro.
e) O Espírito ensina e recorda a Verdade do Evangelho à Igreja.
3. Qual é o papel de Cristo Glorificado na evocação e no envio do Espírito Santo no Evangelho de São João?
a) Cristo Glorificado intercede ao Pai pelo Envio do Espírito Santo à Comunidade.
b) O Espírito sucede Cristo após sua Missão, sem que Cristo possa interferir.
c) A Igreja, agora sem Cristo, com sua partida, depende exclusivamente do Espírito.
d) O Cristo glorioso não interfere na Vinda do Espírito, pois é uma prerrogativa do Pai.
e) Cristo nunca em sua vida terrena prometeu o Espírito para a Comunidade.
Referências
SANTOS, P. P. A. A tradição joanina: história e teologia. Coletânea, Rio de Janeiro, v. 16, p. 39-62, 2017.
 	. Jo 14, 15-17: tò pnêma tes alethéias: as promessas do espírito da verdade. Exegese e hermenêutica na tradição teológica do quarto Evangelho. Um exercício teológico-literário. Communio, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2-3, p. 519-551, 2005.
WELKER, M. O Espírito Santo. Estudos Teológicos, São Leopoldo, v. 1, n. 48, p. 5-17, 2008.
Próxima aula
Concluiremos a questão do Espírito Santo no conjunto do Novo Testamento:
Pneumatologia nas Cartas Paulinas;
Pneumatologia no Apocalipse.
Explore mais
Leia os textos:
HACKMANN, G. L. B. (org.). O Espírito Santo e a teologia. Porto Alegre: EdPUCRs, 1998;
Oliveira, d. m. Os pentecostais, o Espírito Santo e a Reforma. Pistis & Praxis:
Teologia e Pastoral, Curitiba, v. 9, n. 2, 539-553, maio/ago. 2017;
RIDOUT, G. W. O poder do espírito santo. São Paulo: Imprensa Metodista, 1993;
SANTOS, P. P. A. dos. Jo 15,26: Cristo envia-nos do Pai o Espírito da Verdade:
dimensão trinitária no Evangelho de João. Communio. Rio de Janeiro, v. XV, n.82, p. 89-101, 2000;
 	. Verdade e espírito no âmbito da teologia do Novo Testamento. Communio, Rio de Janeiro, v. XV, n. 83, p. 173-199, 2000.

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