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Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 1 Avicultura A avicultura é uma atividade industrial, mesmo usando sistemas alternativos de criação. Em molde empresarial, tem por objetivo o retorno financeiro e, em molde de subsistência, tem por objetivo gerar alimento e, talvez, venda. A avicultura (criação de aves) se divide em: Produção de carne Produção de ovos Ornamentação A galinha (Gallus gallus) deu origem a todas as espécies atuais e ainda é encontrada na Ásia (não é um animal domesticado). Bases da Produção A avicultura tem base na evolução, no aprimoramento e na integração de várias áreas do conhecimento (genética 25%, sanidade 25%, manejo 25%, nutrição 25%). Sistemas de Criação Frango de Corte Sistema intensivo, industrial ou tradicional Sistema alternativo ou caipira Galinhas poedeiras Sistema de gaiolas, intensivo, industrial ou tradicional Sistema livre de gaiolas/alternativo Avicultura no Brasil A avicultura industrial no Brasil é voltada para a produção de carne (frango de corte, perus, patos e marrecos) e produção de ovos (ovos brancos ou vermelhos e ovos de codorna). A avicultura alternativa no Brasil é voltada para a produção de carne (frango de crescimento lento, ou seja, do tipo caipira), produção de ovos (em galpão ou com acesso a piquetes e, também, do tipo caipira) e outros (patos, gansos, marrecos, ornamentais, etc.). Cadeia Produtiva A produção de ovos e carnes comerciais estão montadas em uma cadeia produtica, na qual várias etapas estão interligadas (busca de uniformidade e continuidade). Cada segmento da cadeia se especializa em sua função, garantindo qualidade. ** Não há reprodução em granja comercial. A avicultura industrial é um setor industrial altamente especializado (considerada uma indústria de transformação). Segmentos da cadeia produtiva O produto final de um segmento é matéria-prima para outro Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 2 Situação Atual da Avicultura Frango de corte O brasil se destaca na produção de frango de corte, sendo o 3º maior produtor (em 1º está os EUA e em 2º está a China, entretanto, a produção da China é para consumo interno, enquanto a produção do Brasil é dividida entre cosumo interno e exportação). O Brasil é o maior exportador de carne de frango no mundo (cerca de 4 milhões de toneladas de frango de corte são exportados por ano para todo o mundo). Entre os produtos exportados, a maior parte é exportada na forma de cortes de frango (67%), frangos inteiros (25%) (é a forma que menos agrega valor ao país, pois não há processamento da carne), salgados (3%), embutidos (2,5%) e industrializados (2%) (os dois últimos são os que mais agregam valor). Em frango de corte, todos que nascem são criados para o batedouro (independe do sexo). Entre os estados do Brasil, o estado que concentra maior produção de frango é o Paraná, principalmente, e outros estados da região Sul e, alguns, do Sudeste, que apresentam maior crescimento atualmente (também há expansão de produção de frangos para o Nordeste). A exportação de frangos ocorre, principalmente, por regiões do Sul, enquanto, no restante do país, a produção de frango supre o consumo interno. O consumo per capita (Kg/hab), no Brasil, está estabilizado, variando um pouco de acordo com o preço e qualidade de outras espécies. Galinhas poedeiras A produção de ovos, nos últimos anos, tem aumentando, aumentando, assim, a produção de ovos no Brasil, que é voltada apenas para o consumo interno. A produção de ovos, no Brasil, se concentra na região Sudeste (em São Paulo, principalmente, seguido por Espirito Santo e Minas Gerais). A produção de ovos ocorre na região Sudeste e exporta para o restante no país (atualmente, há uma expansão da produção de ovos para a região Nordeste). Há pouca exportação de ovos (cerca de 6mil toneladas), os quais são exportados in natura (65%) ou industrializados (35%). O consumo per capita (unidades/hab) de ovos, em 2020, foi de 251 ovos (este número vem aumentando cada vez mais). Outros produtos Além do frango de corte e ovos, a avicultura do Brasil também exporta: Pintinhos de um dia (76,7 milhões de cab.) Ovos férteis (62,8 milhões de unidades) Carne de peru (37 mil toneladas – produção de 172 mil toneladas) Carne de pato de outras aves (3,1 mil toneladas) Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 3 Desafios na Avicultura Brasileira Desafios nas exportações Pressões internacionais dos pa[ises concorrentes, que mantêm fortes programas de subsídios às exportações. Criação de barreiras para as importações Ex.: o programa de cotas e aplicação de tarifas extra-cota, como ocorre com as exportações para a União Européia e Rússia, que impedem um crescimento mais vigoroso. Desafios sanitários Necessidade de produzir atendendo os princípios de segurança alimentar, visando assegurar a melhor proteção do consumidor. Toda cadeia produtiva deve ser monitorada e participar de procedimentos de controle. Adoção de procedimentos de boas práticas de produção. Todas as doenças de notificação obrigatória da suspeita ou confirmação da ocorrência ao serviço veterinário oficial se encontram listadas na Instrução Normativa N° 50, de 24 de setembro de 2013 (MAPA, 2013). Desafios ambientais Proteção ambiental e gerenciamento de dejetos nas criações se tornam, a cada dia, uma necessidade e um dever dentro do setor produtivo. O objetivo é evitar a poluição do solo e água, de forma a garantir uma produção menos impactante ao ambiente. Desafios de mercado Contínua mudança no perfil do consumidor, com surgimento de nichos. Segmentação de tipos de produtos. Sistemas de Produção O modo de organização das empresas pode ser: Produção independente (o produtor compra, cria e revende o produto) Micro, pequena e média empresa avícola (funciona apenas na criação de animais alternativos) Sistema cooperativo Sistema integração de produção (é o sistema de produção predominante para frangos de cortes) As empresas de frango de corte tornaram-se tão grandes que não conseguem administrar toda a produção, não conseguindo abastecer a demanda da empresa. Então, são integradas granjas menores, nas quais há fornecimento de todo o material, sendo as granjas menores responsáveis apenas pela criação (as grandes empresas subsidiam a matéria-prima e remuneram o trabalho das pequenas granjas). Atualmente, as produtoras migram para os locais de produção, integrando os pequenos e médios produtores destas regiões. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 4 A genética da avicultura pode ser dividida em 3 segmentos principais: Raças São catalogados com padrão de perfeição mais de 200 galinhas. Entretanto, nenhuma raça é capaz de competir com a produção de um animal híbrido. Cruzamentos Foi uma técnica comum antes da formação de híbridos. Formação de híbridos Raças de galinhas As raças de galinhas se classificam em orgiem e finalidade Por origem Mediterrâneas (Leghorn) A raça Leghorn é utilizada, até hoje, para a produção de ovos. Inglesas (Cornish) Evoluiu, naturalmente, para um animal muito vigoroso para a produção de carne Americanas (Rhode Island Red) É uma raça sintética (foi cruzada, mas se manteve em um padrão, criando uma raça). É uma raça especializada em ovos de casca vermelha. Asiáticas (Brahma) São galinhas grandes (raça gigante), mas não é especializada em carne ou ovos. Foi muito utilizada no cruzamento para a criação de híbridos. Por finalidade Raças de corte Raças para produção de ovos Ornamentais Classificação da Galinha Doméstica Origemou Classe Mediterrânea – Leghorn Branca Galinha de pele branca e ovos brancos, voltada para a produção de ovos. Origem ou Classe Inglesa – Cornish Galinha de pele amarela (remete um aspecto saudável) e ovos marrons, voltada para a produção de carne. Origem ou Classe Americana – Plymouth Rock Galinha de pele amarela e ovos marrons, voltada para a produção de carne (machos) e ovos (fêmeas), mas, principalmente, em programas de melhoramento. Origem ou Classe Americana – New Hampshire Galinha de pele amarela e ovos marrons, com suplo propósito (voltada para a produção de ovos e para programas de mehoramento). Origem ou Classe Asiática São raças de pele amarela, brincos e ovos vermelhos, tamanho grande e pernas recobertas por penas. Estas galinhas são usadas, principalmente, em programas de melhoramento. Ex.: Brahma, Cochin e Langshan Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 5 Cruzamento entre Raças Normalmente é utilizada para obtenção de produtos de melhor produtividade (ovos ou carne), destinados a criações alternativa. Através do cruzamento, tem-se o vigor híbrido, indicando que a prole possui melhores características do que os pais. Ex.: Frangos mestiços, Poedeira negra - Plymoutth branca x New Hampshire O cruzamento destas raças cria galinhas poedeiras melhores que os pais. As fêmeas do cruzamento são denominadas galinhas negras. Produção Comercial de Aves Durante o século XIX e início do século XX, houve a utilização de raças especializadas desenvolvidas em vários locais No século XX, a partir dos anos 50, ocorreu o cruzamento entre e intra raças para produzir linhagens comerciais. Linhagem de carne: cruzamento entre Cornish e Plymouth Rock Linhagem de ovos brancos: Leghorn branco Linhagens de ovos vermelhos: New Hampshire e Rhode Island Red Seleçaõ Genética Desenvolvimento Genético de Frangos de corte Para frango de cortes, a seleção está relacionada à produção de carne: Ganho de peso Conversão alimentar (alimento consumido/peso vivo) (trata-se do quanto é necessário comer para ser convertido em 1Kg de peso vivo) Rendimento de peito Frangos de corte também foram selecionados para coloração de penas (penas brancas; as penas padronizadas permitem a competição de empresas, em relação à utilização de diferentes raças; além disso, as penas brancas facilitam o abate, pois não há deposição de cor na pele) e problemas esqueléticos (devido ao crescimento acelerado do frango de corte, é comum problemas metabólicos, principalmente, relacionado à calcificação dos ossos, que pode não suportar o ganho rápido de peso e rendimento de peito). A seleção para frango de corte surgiu de linhagens a partir do cruzamento de Cornish (macho) e Plymouth White (fêmeas) Formação do híbrido Do ponto de vista zootécnico, o frango de corte é um híbrido duplo ou triplo, ou seja, na sua formação são envolvidas 4 ou mais linhagens. No caso dos híbridos duplos, estão envolvidas 2 linhagens para a produção de matrizes fêmeas e 2 para a produção de matrizes machos. Linha macho orientada para características produtivas Linha fêmea orietada para características reprodutivas O melhoramento genético gerou o aparecimento inicial de problemas locomotores e respiratório (ascite). Após determinado momento, Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 6 houve, também, o aparecimento de problemas relacionados à qualidade da carne (animais com características como peito amadeirado e peito espaguete). Da mesma forma, animais extremamente selecionados, podem morrer subitamente (devido à seleção genética extrema). Estes problemas, relacionados ao melhoramento genético, geram certa mortalidade dos frangos de corte (esta mortalidade não deve ultrapassar 4%), que podem ser evitadas parcialmente através de manejo. A transferência do progresso genético do topo da pirâmide até a base leva, em média, 4 anos, ou seja, o melhoramento realizado em 2016 nas elites estarão disponíveis no frango comercial somente em 2020. O Brasil depende da importação de aves (avós), provenientes de centros de melhoramente genético. Estes centros, localizados nos EUA e na Europa são detentores de estoques de linhagens puras, a partir das quais se programa o processo de hibridação. No Brasil, existe algumas tentativas de obtenção de linhagens de frangos de corte e de poedeiras (UFV e EMBRAPA) com resultados promissores, mas ainda abaixo do desempenho das marcas comerciais existentes. Características de carcaça 1993 2001 Idade abate 48 dias 42 dias Peso vivo 2046g 2315g Rend. Carcaça 68,56% 68,53% Rend. Peito 22,78% 31,38% Rend. Carne Peito 16,47% 23,01% Rend. Pernas 24,83% 30,89% Gordura abd ND 3,00% As consequências do intenso melhoramento do frango de corte está relacionada ao aumento da taxa de crescimento muscular, mas, também, ao aumento de desordens metabólicas (ascite, problemas locomotores e de qualidade de carne). Além disso, o melhoramento genético levou ao decréscimo da resposta às vacinações, à resistência a doenças e à fertilidade. Todas as marcas de frango de corte no Brasil apresentam mesmo rendimento, ao final dos 42 dias. A diferença entre as marcas ocorre na curva de crescimento (crescimento dos frangos de corte durante os 42 dias, chegando ao mesmo resultado ao final). Desenvolvimento genético de galinhas poedeiras Para galinhas poedeiras, a seleção está relacionada à produção de ovos: Taxa de produção de ovos Conversão alimentar As galinhas poedeiras também são selecionadas para peso de ovos, qualidade de casca e problemas esqueléticos. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 7 Além disso, ocorreu seleção genética nos cruzamentos para algumas características como: Precocidade de postura (quando o plantel atinge 5% de postura, se diz que o plantel está em postura. Atualmente, galinhas poedeiras começam a postura a partir de 18 semanas, atingindo uma a precocidade máxima fisiogicamente) Persistência de produção em idade avançada (a persistência elevada pode levar ao desenvolvimento de problemas relacionados à deposição de cálcio, como osteoporose) Existem momentos fisiológicos distintos, que demandam manejo distintos também. Estes momentos fisiológicos são denominados início (quando começa a postura), pico (postura máxima do plantel, que ocorre por volta de 26 semanas) e pós- pico (quando se inicia o decréscimo da postura, que ocorre por volta de 60-65 semanas). Temperamento (a melhoramento genético selecionou galinhas extremamente calmas, tornando-as inviáveis para a criação em gaiolas. Atualmente, busca-se a seleção de temperamento contrário, para facilitar a criação neste sistema de produção) Cor da casca (ovos vermelhos) (buscou-se a padronização da cor dos ovos. Atualmente, parte do mercado procura a característica contrária, ou seja, cor de ovos diversa) Ausência de manchas de sangue ou carne Conversão alimentar (Kg ração/Kg ovos) Resistência a algumas doenças A seleção para a produção de ovos ocorreu a partir da seleção de linhas de Leghorn branco e, também, a partir de linhagens de New Hamshire e outras vermelhas. Atualmente, há maior pressão de seleção para aumentar a proporção de sólidos, a fim de melhorar o rendimento no melhoramente. Assim, pode-se melhorar: Capacidade de produção após 50 semanas de idade (qualidade de casca, tamanho de ovos, etc.) Mobilização de cálcio em idade avançada (diminuir osteoporose) Período de formação do ovo para menos de 24h (utopia até o momento) Como consequência do intenso melhoramento das poedeiras, tem-se maior produção de ovos e maior número de casos de osteoporose. As linhagens/marcas mais utilizadas pelos produtos brasileiros são: Ovos brancos: Hy-Line W36; Lohmann LSL; Hisex White; Dekalb White Ovos vermelhos: Hy-Line Brown; Lohmann Brown; Isa-Brown; Dekalb-Brown Todas, dentro de suas características genéticas, vem apresentando excelentes desempenhos nas granjas. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 8 Características da Produção de Carne de Frango Conforme mercado de destino Frango de corte par mercados árace e japonês (frango tipo Griler) Produto: carcaça inteira, coxas + sobracoxas Idade de abate: 30 dias Peso vivo médio: 1,6-2Kg Peso carcaça: 1,1-1,4Kg (quanto mais precoce, melhor) CA: 1,3-1,5 Kg/Kg Frango de corte para mercado interno (frango tradicional) (até 1% de mortalidade) Produto: carcaça inteira, peito com e sem ossos, coxas, sobrecoxas Idade de abate: 40-42 dias Peso vivo médio: 2,9-3,2Kg Peso carcaça: 1,8-2,3Kg CA: 1,6-1,8 Kg/Kg Galego para mercado nacional Produtos: carcaça inteira Idade de abate: 19-25 dias Peso vivo médio: 1,0-1,2Kg Peso carcaça: 0,7-0,9Kg CA: 1,3-1,4 Kg/Kg Frango de corte para assar (produtos predominantes em final de ano) (há maior deposição de gordura e há 7-8% de mortalidade, pois apresentam mais problemas metabólicos) Produto: carcaça inteira, processados Idade de abate: 56-70 dias Peso vivo médio: 3,5-4,5Kg Peso carcaça: 2,5-3,0Kg CA: 2,0-2,4 Kg/Kg Características da Produção de Ovos Ovos de casca branca Idade da fêmea à maturidade sexual: 17- 18 semanas Peso corporal adulto: 1,3-1,5Kg Produção anual: 300 ovos CA: 1,2-2,2 Kg/Kg Produtos: ovos de mesa, ovos líquidos (gema e clara), ovos em pó Consumo médio de ração: 95 g/ave/dia Descarte: 80 semanas (sem muda forçada) Já podendo ser criadas até 100 semanas de idade A galinha branca é mais eficiente e demanda menor custo de produção Ovos de casca marrom Idade da fêmea à maturidade sexual: 18 semanas Peso corporal adulto: 1,4-1,7 Kg Produção anual: > 300 ovos CA: 1,9-2,2 Kg/Kg Produtos: ovos de mesa Consumo médio de ração: 110 g/ave/dia Descarte: 80 semanas (sem muda forçada) Já podendo ser criadas até 100 semanas de idade Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 9 Criação e Manejo - Fase Inicial O período de incubação é de 21 dias (o horário é marcado em horas, totalizando 504 horas). Nos primeiros 18 dias, a temperatura deve estar em 37,5ºC e, dos 19 aos 21 dias, deve estar em 36,7ºC. A umidade relativa deve estar em 60% (1- 18 dias) e 75% (19-21 dias). Devem ser realizadas viragens constantes (impede a aderência do embrião à membranada casca do ovo). No nascimento dos pintinhos, é esperado uma proporção de 50% machos e 50% fêmeas, como ocorre nos mamífetos. Entretanto, é a fêmea que determina o sexo. Em qualquer tipo de criação, a fase mais delicada e que exige maior atenção dos produtores é a fase inicial da criação. Nesta fase, as aves nascem sem controle da temperatura corporal, sendo vulneráveis ao ambiente (pintinho rasga a membrana do oco através do dente do ovo) - Deve ser feita a desinfecção com formol (a reação com queratina queima e fica amarelo). - Devem nascer amarelos e devem secar na incubatória, com cerca de 32ºC (criação com idade única). - Por fim, faz-se a limpeza/desinfecção, que tem como objetivo a não contaminação do novo lote (vazio sanitário) Em frangos de corte, o sistema industrial adotado é o “tudo dentro tudo fora”, o que implica na criação das aves em uma mesma instalação (galpão) do início ao final da criação e todos em idade única. Porém, o intervalo entre a saída de um lote de frangos e a entrada de um novo lote de pintos é contada em dias. Portanto, problemas sanitários podem ser transmitidos. - Deve-se realizar a desinfecção úmida, com secagem (galpão fechado) ao longo dos dias e com posterior secagem seca. - Pode-se utilizar a cama, mas deve ser feita a desinfecção, secagem e aeramento (coloca cal, queima e faz a compostagem) - O material da cama deve absorver umidade (higroscópico) - Deve tomar cuidado para o pintinho não comer a cama e para que o material da cama não contamine a água (risco de infecção) Cuidados adotados entre os lotes de frango O intervalo entre a saída de um lote e o novo alojamento é, em média, 12 dias (vazio sanitário) (o intervalo de 7 dias apresenta risco sanitário) Nesse período, deve-se proceder todos os cuidados de limpeza e desinfecção do galpão. Retirar os restos de ração, remover equipamentos (lavar, desinfetar e expor ao sol) Retirar cama, raspar piso, varrer, limpar telas, paredes, silos e teto. Lavar com água sob pressão, usar sabão e/ou detergentes em todo galpão e equipamentos. Desinfetar instalação com ambiente ainda úmido Revisar todos os equipamentos Fechar galpão (vazio sanitário) no mínimo 7 dias Colocar cama nova (cepilho de madeira, feno picado, capim seco picado, casca de café, areia de construção, casca de arroz, etc.) 5cm de espessura no verão e 8cm no inverno Cuidados com o material da cama A cama é o local onde os frangos terão contato físico ao longo da sua criação (deitar, excretar, etc.) O ideal é ser higroscópico e não emplastar (formar placas) O material da cama deve estar nivelado para favorecer a regulagem de equipamentos. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 10 Não permitir que entre material de cama nos comedouros e bebedouros (se necessário, forre com jornal ao redor dos comedouros ou todo o círculo de proteção só no primeiro dia). Cuidado com casca de arroz (os cristais se fixam no esôfago e não saem) Material mofado deve ser tratado com produtos químicos. Cuidados antes da recepção dos pintos 1-2 dias antes da chegada do novo lote, é necessário que se faça uma última desinfecção do galpão e dos equipamentos. Montar todos os equipamentos necessários para a fase inicial Galpões tradicionais: círculo de proteção, campânulas, comedouros e bebedouros infantis Galpões modernos: casulo em uma parte do galpão, aquecimento do ambiente, equipamentos únicos ou com pequenas adasptações. 2-3 horas antes do alojamento, o aquecimento deve esta funcionando (32ºC) e os bebedouros e comedouros devem estar abastecidos. Verificar sistema de abastecimento de água e garantir a cloração (2-3 ppm) Cuidados durante o alojamento do novo lote No momento da chegada dos pintos na granja Distribuir as caixas ao redor do círculo de proteção ou dentro do casulo. Fazer amostragem de 10% das caixas (pesar a caixa e contar os pintos) Pesar individualmente um mínimo de 100 pintos, para verificar uniformidade Soltar os pintos de forma cuidadosa, porém não demorar (virar as caixas uma a uma) Remover as caixas vazias e providenciar incineração (quando são caixas de papelão. Se as caixas forem de plástico, devem retornar ao caminhão, para serem lavadas e esterilizadas) Ração e água já devem estar a disposição imediata dos pintos e deve-se incentivar o consumo o quanto antes. Na água de bebida, pode-se fazer uso de um suplemento vitamínico solúvel (principalmente se houve demora no transporte). Nesse momento, caso necessário, pode ser realizada a sexagem (caso não tenha sido sexado no incubatório) Em todas as marcas comerciais de frangos de corte existentes no mercado, para frangos de corte e quase todas de poedeiras, foi implantado o gene do emepenamento precoce (em fêmeas é precoce o empenamento, enquanto no macho é normal, com poucas penas e uniforme). Qualidade do pinto de um dia A qualidade do pinto de um dia depende de vários fatores: Idade, nutrição e estado sanitário da matriz Tamanho dos ovos e manejo dos ovos (higienização, classificação) Quanto maior o ovo e maior o pintinho, maiora dificuldade de cicatrização do umbigo, tornando-os mais suscetíveis às doenças Manejo durante a incubação (504h ou mais) e manejo no incubatório após o nascimento. Tempo decorrido do nascimento ao alojamento na grnaja (quanto menor melhor). Porém, considerando todos os cuidados necessários no incubatório e distância da granja, podem ocorrer alojamentos com mais de 48h após a eclosão. Nestes casos, tomam-se algumas medidas, como aumentar o diluente da vacina, para hidratar mais; pode-se colocar um gel nas caixas, para hidratação. O ideal seria 4h. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 11 Características que indicam boa qualidade dos pintos: Esperteza (responder bem aos estímulos) Uniformidade (com peso médio compatível à linhagem) Abdome forme Umbigo bem cicatrizado Sem defeitos físicos Canelas forte, brilhantes e bem hidratadas Penugem seca e fofa Olhos vivos e brilhantes Acompanhamento inicial – Alojamento Quando acomodados no galpão, verificar o papo dos pintos 4h após a chegada (neste momento, devem estar cheios de ração, ou seja, redondos e cheios). O objetivo é que neste momento seja necessário colocar mais ração nas bandejas ou comedouros. Deve-se verificar o comportamento das aves (se estão com frio, calor ou fugindo de correntes de ar frio). Controle do Ambiente A temperatura é o fator ambiental de maior influência sobre os pintos (no primeiro dia deve ser de 32ºC). A fonte de calor pode ser obtida por diferentes tipos de aquecedores (resistência elétrica, queimadores a gás, aquecedores a lenha ou a óleo diesel). O aquecimento depende da época do ano e da região. O aquecimento deve ser mais crítico até os 14 dias de vida (após este tempo, as aves conseguem regular a temperatura corporal). Após 14 dias, normalmente, deve-se refrigerar as aves, pois o excesso de calor pode interferir no crescimento. Todos os diferentes aquecedores aquecem o ar de forma efetiva, mas geram grande quantidade de CO2 e este gás deve ser removido do ambiente (troca de ar frequente). O CO2 reduz a atividade, resultando em maior desidratação Há possibilidade maior de problemas respiratórios e de ascite A ventilação nas granjas deve ser mínima (não deve haver corrente de ar sobre os pintos) e a troca de ar deve ser frequente Inicia-se a ventilação 2-4h após a chegada das aves em casulos. Pintos em círculo de proteção não necessitam, desde que existam lanternims. Em regiões de grande amplitude térmica, deve-se equipar os aviários com sistema de ventilação mínima (tipo túnel) - No primeiro dia, a taxa de ventilação é mínima = 0,1 m/seg - Acionar o sistema de ventilação a cada 10min durante 1-2 min. Recomendação de Temperatura ambiente UR >50% e <70% Idade (d) Tº no círculo Tº no interior do galpão 1-7 31-33 28 7-14 29-31 28 15-21 - 24-26 22-42 - 22-24 Controle Sanitário Entre a 1ª e 3ª semanas, os problemas mais comuns estão relacionados à qualidado dos pintos, problemas de aquecimento e de ventilação. A partir da 3ª semana até o abate, é a fase de vida que se observa maiores complicações respiratórias, imunodepressivas e síndromes digestivas (coccidiose, enterites, etc.) e, muitas vezes, com reflexo final no rendimento de abate (condenação parcial ou total). Estas complicações estão relacionadas ao manejo e alimentação dos animais. Criação Normal: - Silenciosos - Bem distribuídos - Alimentação normal - Saudáveis - Sem diarréia (nas primeiras semanas) - Sem emplastamento de cloaca - Crescimento normal - Empenamento normal - Baixa mortalidade Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 12 Manejo entre 8-21 dias Retirar círculo de proteção no 8º dia (se utilizado), substituir gradativamente equipamentos iniciais pelos definitivos. Evitar umidade excessiva e fermentação na cama, com desprendimento de amônia, revirando a cama 1-2 vezes por semana Manejar a cortina, para propiciar gradativamente a ventilação interna Conforme o clima, pode ser necessário o uso de ventiladores no final deste período (em horas mais quentes do dia) Observar o programa de vacinação para Newcastle e Gumboro (12-14d) Elevar, gradativamente, a altura de bebedouros e comedouros Manter um nível adequado de ração nos comedouros (1/2 prato) Lavar bebedouros todos os dias (se dor modelo pendular) Os bebedouros pendulares devem ficar cerca de 3-5cm acima do dorso das aves Comedouros devem ser regulados na altura do dorso das aves Manejo das cortinas, conforme necesidade de ventilação (é normla abrir durante o dia e fechar a noite de 8-14 dias) Iluminação contínua com 1h de escuro durante a noite. Manejo de 21 dias até a retirada Mesmos cuidados iniciais Monitorar, desde o início da criação: consumo de ração e ganho de peso, mortalidade, descartes, temperatura ambiente, ventilação, gases Retirar refugos e mortes diárias Monitorar coccidiose Manejar cama (evitar pontos de umidade e emplastamento) Um programa básico de controle sanitário deve possuir: Monitoria de qualidade de pintinhos de um dia de vida (onfalite, aspergilose, refugos, peso médio ao alojamento) Vacinação em 100% dos pintinhos contra doença de Marek Análise da necessidade de implementar programa de vacinação mais abrangente (Newclastle, bronquite infecciosa, gumboro) Acompanhamento e tabulação de resultados de abatedouro (aerosaculites, condenação parcial e condenação total) Análise de qualidade de matérias primas (milho, farelo de soja e farinha de origem animal, que podem apresentar micotoxinas, samonellas, etc.). Síndrome da morte súbita - Há ocorrência maior após 21 dias de vida - Acomete os melhores frangos (há grande melhoramento genético, mas parâmetros fisiológicos não acompanham, gerando grande estresse e desafios em qualquer alteração mínima no ambiente) Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 13 Manejo durante retirada O momento da retirada dos frangos do galpão, para serem enviados ao abatedouro, exige cuidados que garantam o bem-estar das aves e a posterior qualidade das carcaças obtidas. Este manejo visa minimizar algumas situações (edemas, fraturas, situações de calor extremo, jejum prolongado, mortes por sufocamento, etc.). O manejo adequado, neste momento, propicia a redução nas condenações, que poderão ocorrer na linha de abate (o manejo durante a retirada é realizado pelo próprio abatedouro, retirando a responsabilidade do granjeiro para qualquer problema durante o processo. A única responsabilidade do granjeiro é dar acesso aos animais, retirando os comedouros e bebedouros, para facilitar a entrada de pessoas e remoção das aves). Captura das aves: a captura deve ser feita pelo dorso, com as duas mãos prendendo as asas, para evitar fraturas das mesmas, ou pelos dois pés/canelas. As aves devem ser acondicionadas em caixas apropriadas para o transporte, dentro do aviário e numa carga de 25 Kg/m2 de aves por caixa. O carregamento deve ser feito, preferencialmente, nas horas mais frescas do dia ou no período noturno. Desempenho dos Frangos de Corte Na produção de frangos, os objetivos são: Criar frangos de crescimento rápido Obter alta eficiência na transformação de ração em ganho de peso Plantéis com baixo índice de mortalidade, refugagem e ausência de doenças Obter máximo rendimento no abatedouro Dessa forma, é preciso avaliar o desempenho zootécnico nas diferentes etapas da produção. Peso vivo dos frangos O peso vivo pode ser obtido em qualquer idade dos frangos, tomando uma amostra representativa do plantel. O normal é realizar pesagens aos 7 e 21 dias (amostragem). Deve-se pesar o total das aves no final da criação e na entrega para abadetouro,obtendoo peso médio. Peso médio/ave = peso total dos frangos entregues / nº aves entregues Consumo de ração É preciso fazer esta determinação, para indicar com precisão o gasto de ração por ave, permitindo calcular, com segurança, a conversão alimentar dos frangos. Na prática, se calcula o consumo no final do período de criação, somando os gastos com as diferentes rações oferecidas às aves, ao longo do período de criação. Normalmente, um frango, ao final dos 42 dias come, em média, 4,5-5 Kg. Consumo = Kg de ração consumida / nº de frangos Conversão alimentar Indica a eficácia de transformação de ração em ganho de peso. CA = média de consumo (Kg) por ave / média do peso vivo (kg) por ave Eficiência alimentar É o inverso da conversão alimentar (quanto mais baixo o valor da conversão alimentar, melhor será a eficiência) EA = 1 / CA Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 14 Mortalidade e Viabilidade Mortalidade é a somatória de todas as aves que foram morrendo e das refugadas, ao longo do período de criação. % mortalidade = (nº aves mortas e descartes / nº aves alojadas) x 100 Viabilidade é o inverso da mortalidade (o ideal é 96% ou mais) Viabilidade = 100 - % mortalidade Fator de produção Índice originado na Europa, chamado Fator Europeu de Produção (Índice de produção ou fator de produção). Permite avaliar, em um só número, o desempenho de um lote de frangos de corte, levando em consideração a velocidade de crescimento, a viabilidade e a eficiência alimentar (reúne os índices de maior interesse em um só número). Veloc. de crescimento (GMD) = PM das aves / (nº de aves x dias de idade) FP = GMD x viabilidade x EA x 100 OU FP = (PM x viabilidade / idade abate x CA) x 100 **É necessário 2 lotes diferentes para comparar o fator de produção. No fator de produção, quanto maior o número melhor (se entre 2 lotes, o fator de produção foi melhor no segundo, significa que houve melhora do manejo e criação). Fatores que mais influenciam os resultados de produção Diferenças entre linhagens (genética) Dados de incubação: idade das reprodutoras, tamanho dos ovos e peso dos pintinhos recém-nascidos Climatologia da granja Manejo da granja Sanidade da granja e da região onde está inserida Nutrição e alimentação das aves Destino das Aves Mortas Durante o período de criação, os frangos que morrem devem ter uma destinação correta. Desta forma, evita-se mal odores, contaminação do solo e água, transmissão de doenças e não atrai moscas, urubus, cães e outros animais. As formas de destinar aves mortas são: Enterrrar (valas ou fossas) Não deve ser usado Incinerar É um processo oneroso (muito complicado) Compostagem É o processo recomendado. A compostagem é uma fermentação aeróbica, não gerando mal odores. Compostagem de aves mortas Vantagens Quando bem manejada, reduz odor e elimina moscas e animais oportunistas Elimina as carcaças do ambiente, evitano a disseminação de doenças e microrganismos patogênicos. Produção de produto final de aplicação agrícola Eliminação de agentes patogênicos Custo inicial baixo Desvantagens Necessidade de mão-de-obra treinada e orientada (na realidade, é necessário mão-de- obra com a técnica mínima, apenas) Aumento do volume final (o volume final aumenta devido às fontes de carbono, que, posteriormente, serão utilizadas como adubo) A compostagem é o modo adequado de destinação de aves mortas (processo aeróbico). Este processo destrói microrganismos patogênicos e Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 15 permite utilização com adubo orgânico. Além disso, tem custo reduzido e é de fácil manejo. A compostagem é realizada conjuntamente com material de cama, palha e aves mortas. Proporção 2:1:1 e umidade entre 45-55% Em peso (1 parte aves mortas : 2 partes de cama : 0,1 parte de palhas : 0,25 parte de água) - Após encher a composteira (coloca-se camadas de frango e maravalha até encher), deve-se colocar um vergalhão para verificar se está aquecendo ou não (enquanto estiver quente, significa que ainda há fermentação). Quando este vergalhão torna-se frio, significa que a fermentação já acabou (em torno de 20 dias), então há a troca de composteira, na qual permanecerá durante um tempo, para garantir que não há mais fermentação (10 dias) e, após este tempo, a compostagem já estará pronta para uso. - O ideal e que haja 3 composteiras, 1 que estará cheia, 1 para descanso e 1 que encherá durante a criação das aves. Os cuidados que devem ser adotados na compostagem são: Não movimentar a pilha Única modificação feita é a inclusão de novas carcaças O manejo da compostagem requer pouco tempo por dia, mas é necessário critério A temperatura durante a fermentação está em até 65ºC Período normal de 30 dias para finalizar a compostagem Evitar moscas Monitorar umidade (não pode haver escorrimento) Evitar mal cheiro Se o material não aquecer ou ficar malcheiroso, geralmente é devido à alta umidade (fica molhado). Neste caso, desenvolve fermentação anaeróbica. Tamanho da composteira O tamanho da composteira depende da quantidade de carcaças que poderão ser compostadas. Os cálculos segundo Carter, T. A et al (2007) são: É necessário lembrar que, para o funcionamento de uma composteira, deve-se ter um local para armazenar: Maravalha ou outro material (fonte de C) Cama de aviário (fonte de microrganismos) Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 16 Criação e Manejo Na produção de ovos, diferente do que ocorre na produção de frangos de corte, o sistema de produção predominante é o de produtores independentes (empresas isoladas) e, em menor escala, no sistema de cooperativismo, não havendo o sistem de integração. O sistema de criação de poedeiras compreende todas as atividades necessárias para manter o sistema de produção em seu funcionamento normal, sendo, normalmente, dividido em fases de criação (períodos de vida). Sistemas de criação de poedeiras Atualmente, a avicultura de postura passa por demandas por sistemas de criação alternativos ao sistema de criação de gaiolas e recebem diferentes denominações: Sistema de criação em gaiolas: sistema principal de produção de ovos no mundo Sistema livre de gaiolas em galpão: atende a um nicho de consumidores, pois as galinhas são criadas sobre piso do galpão, recebem maior conforto e atende melhor ao bem-estar animal. Livre de gaiolas, mas com acesso à área externa (Sistema Caipira): as galinhas ficam em galpão sobre piso e tem acesso a piquetes gramados. Este Sistema é utilizado apenas para galinhas de ovos vermelhos (o acesso externo pode sujar o ovo branco) Sistema de criação em gaiolas As gaiolas podem ser de diferentes configurações (piramidais manuais ou verticais automáticos) e tamanhos, automáticas ou manuais em seu manejo. Este sistema ainda representa mais de 95% de toda a produção. Este sistema pode ser usado para a criação de galinhas de ovos brancos ou vermelhos. As vantagens se relacionam ao lado empresarial e social: Produção por área Custo de produção mais baixo Menor preço dos ovos ao consumidor As desvantagens se relacional ao animal e percepção social: Não há bem-estar das aves Sistema Livre de Gaiolas As galinhas podem ser brancas ou vermelhas, nesse sistema. Deve haver um sistema de ninhos e de água, demandando mais mão-de-obra e cuidados. Este Sistema pode ser livre de giaolas em plano único (7 aves/m2) ou livre de gaiolas em múltiplos planos (11 aves/m2). Sistema Caipira Neste Sistema, apenas galinhas de linhagem vermelha podem ser criadas(3m2/ave). Não há legislação, no Brasil, para a produção e manejo de galinhas em sistemas livre de gaiolas (Brasil ainda está se preparando). Há apenas iniciatias, no sentido de orientar os criadores. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 17 As atividades devem ser direcionadas seguindo prioridades e podem ser divididas em fases de criação. As fases de criação se diferenciam, principalmente, pelo momento fisiológico que as aves passam ao longo de sua vida: 1. Fase de cria 2. Fase de recria 3. Fase de pré-postura 4. Fase de postura ou de produção de ovos Cada fase tem particularidades e necessidades específicas de manejo e, normalmente, são realizadas em instalações sepadaradas (ou seja, galpão de cria, galpão de recria e galpão de postura). Nestas fases, práticas de manejo devem ser aplicadas de forma sistematizada (não adianta uma boa genética e nutrição adequadas se houver erros de manejo). - Todos os galpões são construídos no sentido leste/oeste (no verão, dependendo do local, pode haver sol dentro do galpão, gerando desidratação, apatia e insolação ao animal) Fase de cria e recria Cria (1-42 dias de idade) = 6 semanas Recria (43-112 dias de idade) = 10 semanas A cria pode ser feita no piso (granjas mais antigas), em bactérias metálicas (granjas tradicionais) e em gaiolas modernas onde não existe mais a separação de cria e recria (granjas mais tecnificadas). A recria é realizada em galpão próprio (gaiolas de recria) nas granjas tradicionais e/ou em gaiolas de cria e recria (instalações modernas). O manejo na cria se inicia antes da chegada dos pintos na granja, com o preparo da instalação. Deve-se verificar: Necessidade de reparos, pintura Limpeza e desinfecção dos equipamentos e da instalação Vazio sanitário (mínimo de 15 dias) Sistema de abastecimento de água (reservatórios) e sua limpeza Cortinas Aquecedores (podem ser a gás ou lenha), abastecimento de gás Manejo na chegada Se criadas no piso, forrar o círculo de proteção com jornal e instalar os equipamentos. Ligar aquecimento 2 horas antes do horário previsto da chegada das aes, regulando para 32ºC Espalhar um pouco de ração inicial no jornal. Abastecer comedouros e bebedouros No momento de colocar as pintainhas no círculo ou na bateria, verificar o estado aparente das mesmas. Pesar uma amostra de aves (mínimo 100, individualmente), verificar aspecto geral e cicatrização do umbigo. Posteriormente, calcular uniformidade. Manter luzes acesas dirante os primeiros 2 dias (para favorecer a cicatrização da debicagem, quando ocorre no incubatório. Além disso, é imortante colocar vitaminas na água, a fim de ajudar a recuperação, também). Observar se, 5 horas após instaladas, já ingeriram ração. Abrir ficha do lote, iniciando o controle zootécnico do novo plantel - Os an imais devem f icar espalhados, demonstrando que não estão com fr io ou desconfortáveis. Manejo na 1ª semana Deve-se ter um controle rígido da temperatura ambiente (manejo de campânulas e cortinas) Temperatura recomendada (UR ideal 40-60%) Idade (dias) Temp (ºC) 1 32 2-7 30 8-14 29 15-21 27 22-28 24 Após 28 15-24 Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 18 Na primeira semana, é importante: Suplementação vitamínica na água durante 3 primeiros dias, trocando a solução a cada dia. Limpeza diária dos bebedouros (infantil) Manter luzes acesas durante os 2 primeiros dias e natural depois desse período Observar granulometria da ração (o ideal é que não seja muito fina, 0,6-0,8 mm). Uso de óleo é recomendado (1,5%) para evitar finos e agregar partículas, melhorando a ingestão. Debicagem A debicagem é o corte de parte do bico das frangas de reposição. É, normalmente, realizada em duas etapas (idades). A debicagem tem como finalidades: evitar bicagem (canibalismo, prolapso, lesões, etc.) e auxiliar no consumo homogêneo da ração (melhora a uniformidade do plantel). Na debicagem convencional, a primeira debicagem é realizada entre 7-10 dias de idade e a segunda debicagem entre 7-10 semanas de idade (os produtores estão abandonando a segunda debicagem, pelo comportamento que as aves apresetam e ao bem-estar animal). Alguns criadores estão optando por uma única debicagem (7-10 dias), com correção posterior, caso seja necessário. Não é recomendado a debicagem após 10ª semana (devido à precocidade sexual que as poedeiras apresentam atualmente). Debicadas antes da 10ª semana terão tempo de recuperar o peso (durante o período de recuperação). Deve-se aumentar a quantidade de ração no comedouro, para estimular o consumo, prevenindo estresse adicional do contato do bico (recém- cortado) com o fundo do comedouro. Pode-se adicionar vitaminas K3 e C, antes e depois da debicagem e, também, o uso de ração com maiores níveis de energia e proteína, por alguns dias após a debicagem. A operação de debicagem deverá ser realizada por pessoal treinado, ritmo não superior a 800 aves/hora/pessoa. Debicagem por infra-vermelho É um método mais moderno de realizar a debicagem em aves (ainda está em fase de implantação, mas já é aceito na Europa). É realizada no incubatório, ou seja, no 1º dia de vida, e não é necessário repetir o processo. Esta debicagem é feita por uma máquina, que passa um feixe de luz infra- vermelho (retira esta responsabilidade do produtor) e é um manejo mais higiênico e seguro. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 19 Controle de Desenvolvimento Corporal O acompanhamento do desenvolvimento corporal é fator de grande importância no manejo inicial das poedeiras. Os pesos corporais devem ser verificados periodicamente, durante o período de crescimento (pelo menos 100 aves devem ser pesadas individualmente a cada pesagem, de forma aleatória). A pesagem deve ser iniciada na 5ª semana de idade e repetida a cada 2 semanas, durante o período de crescimento até atingirem produção máxima (deve-se comparar com os pesos indicados pelo manual da linhagem). As pesagens mais importantes são: Peso Correlação 5ª sem Desempenho produtivo do lote, no período de postura 10ª sem Maturidade sexual 16ª sem Viabiliade e peso/uniformidade dos ovo Estas pesagens servem de base para o manejo do plantel nas semanas seguintes e problemas que serão enfrentados (quanto mais próximo da média melhor). Além do peso médio do lote, a pesagem individual permite calcular a uniformidade do plantel. A uniformidade deve ser superior a 85% no final da recria. O acompanhamento rotineiro do peso médio das frangas e a uniformidade do plantel, possibilita a tomada de decisões em caso de problemas de crescimento. Atualmente, as linhagens modernas estão com dificuldade de consumo de ração, principalmente em épocas de estresse calórico. Fase de recria A fase de recria ocorre de 42 aos 120 dias de idade, em galpão de recria convencional ou em gaiolas de recria. Em situações de reduzido consuo de ração, o avicultor poredá fazer uso de programas de iluminação noturna, sem comprometer ou acelerar a maturidade sexual (quando aplicado até a 10ª semana de idade). Esquema de iluminação do tipo 3L:1E permite aumentar consumo nas horas mais frescas e recuperar o peso das frangas. Programa de Iluminação na Cria e Recria A luz influencia na maturidade sexual das aves e na taxa de produção de ovos. No Brasil, a quantidade de luz diária é suficiente para o desenvolvimento fisiológico da ave durante a fase de recria. Na maior parte do país ocorre diferenças no comprimento do dia, em função da época do ano (no inverno os dias são mais curtos e no verão os dias são mais longos). Este fato leva a diferenças no desenvolvimento das frangascriadas nas diferentes épocas do ano. Assim, aves criadas no início do ano estão sob luz decrescente e, desta forma, são mais tardias do que as criadas a partir de agosto. As diferenças são pequenas e não influenciam a produção das aves. Assim, não é recomendado fornecer luz artificial comlementar na recria de frangas no Brasil, a não ser que ocorra algum problema de desenvolvimento do plantel. Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 20 Transferência para Galpão de Postura A transferência das frangas do galpão de recria para o galpão de postura deve ser feita após completar 15 semanas de idade ou atingido o peso estipulado pelo manual da linhagem. Deve-se transportar as aves com o máximo cuidado. No galpão de postura, dependendo da uniformidade do lote, as frangas poderão ser agrupadas conforme o desenvolvimento da crista. Fase de Pré-postura O período considerado da pré-postura é curto (17ª semana até os 5% de postura do plantel, que corresponde a 2-3 semanas). A fase de pré-postura é importante para avaliar como o plantel se comporta no início de produção. Nesta fase, a meta de peso corporal já deverá estar atingida. A parte mais importante da fase de pré-postura é o desenvolvimento do osso medular. A ração na fase de pré-postura deve ter, pelo menos, 2,5% de cálcio, permitindo que as frangas formem a reserva de cálcio (cálcio lábil) É uma fase de adaptaçao da nova realidade da poedeira, que passa a receber uma ração com alto nível de cálcio, diferente do que ocorria na fase de cria e recria. Deve ser iniciado estímulo de luz apenas após a fase de pré-postura (>5% de produção), com aumentos semanais de luz artificial, até atingir 15- 16 horas. O programa de iluminação para postua só começa quando as frangas já estiverem recebendo ração de postura. Deve-se evitar o manejo em galinhas, pois são muito sensíveis. Então, a fim de evitar a postura interna ou a quebra de ovos antes da postura, as galinhas só devem ser manejadas quando há necessidade e em horários específicos, pelo mínimo tempo possível. Programa de Vacinação Para um bom desenvolvimento das futuras poedeiras é necessário um rígido esquema de vacinações. No entanto, os programas devem ser sugeridos para a região onde a criação é realizada, não sendo apropriado uma recomendação única para qualquer tipo de criação. Fase de Produção de ovos Na fase de produção não se deve realizar práticas de manejo na poedeira após iniciada a produção de ovos até passar o pico de postura (vacinações, pesagem, etc.). Deve-se ter cuidado para que as aves sejam alimentadas diariamente, sem exageros, para não haver desperdício de ração. Além disso, deve-se controlar o consumo de ração periodicamente, verificando a necessidade de alterações na fórmula, conforme nível de consumo. Também é necessário verificar constantemente o funcionamento do sistema de iluminação e dos bebedouros. Se o manejo for manual, deve-se fazer cronograma de execução ao longo do dia. A colheita dos ovos deve ser feita antes do arraçoamento, colher ovos sujos, trincados e deformados separado dos ovos limpos e íntegros. Durante período da manhã, colher ovos de hora em hora e mais 2x no período da tarde. Controlar focos de umidade no esterco (debaixo das gaiolas), evitando proliferação de moscar Manter o galpão e seu entorno limpos Retirar e anotar as aves mortas nas gaiolas, cuidando de dar destino adequado a carcaça (fossa) Combater moscas e roedores Autora: Letícia Ferreira Santos Produção Animal II 21 Veificar declividade da gaiola Gaiola tradicional (0,3x0,4m) = 6-8% declive Gaiola moderna (0,5x0,45m) = 9-10% declive Descartes Após pico de postura, deve ser feito um descarte das aves improdutivas, de forma rotineira (mensalmente). Esta prática é denominada culling. Características das aves para descarte Característica Em postura Fora de postura Crista Grande, vermelha e brilhante Pequena e pálida Bico Branco (despigmentado) Amarelo Ossos pélvicos Abertos Fechados Pernas (canela) Brancas (despigmentadas) Amareladas Cloaca Grande, rosada e úmida Pequena, pálida e seca Deve-se acompanhar e registrar diariamente a produção de ovos (% postura / ave / dia e % de postura / ave alojada) e comparar com padrão da linhagem. As poedeiras tem potencial genético de serem exploradas economicamente por período de até 80 semanas (único ciclo). Essa meta só poderá ser atingida com uma boa rotina de manejo de poedeiras. Biosseguridade na produção de ovos A biosseguridade é o melhor método para evitar enfermidades. Um bom programa de biosseguridade identifica e controla as maneiras mais prováveis de entrada de uma enfermidade na granja. A entrada de pessoas e de equipamentos dentro de uma granja deve ser controlada. As visitas nas granjas devem se limitar àquelas que sejam essenciais para sua operação. Todos os visitantes devem utilizar o livro de registros para documentar suas visitas. Não se deve permitir a entrada de pessoas que tenham estado em outra instalação avícola dentro de um prazo de 48 horas. Deve-se fornecer botas limpas, roupas e toucas a todos que trabalham ou visitam a granja. Deve-se colocar lavadores de botas que contenham desinfetante na entrada de todos os galpões de aves. Se for possível, evite o uso de equipamentos que venham de fora da granja para a vacinação, transferências e debicagem das aves. O funcionário deve ter acesso apenas ao galpão que trabalha. O número de loter visitados em um dia deve ser limitado (sempre fazer as conferências de forma progressiva, ou seja, dos lotes mais jovens para os lotes mais velhos e dos lotes mais sadios para os lotes mais enfermos). Depois de visitar um lote enfermo, não se deve visitar outros lotes. Todos os galpões devem estar desenhados para prevenir a exposição do lote às aves silvestres (telhados). Combate sistemático aos roedores. Os arredores do galpão deve estar livre de entulhos e mato alto (servem de abrigo aos roedores e ajuda na proliferação de moscas). Recomenda-se monitorar os galpões de aves contra a presença de espécies patogênicas de Salmonella (particularmente Salmonella enteritidis). Isto pode ser feito através de provas rotineiras do meio ambiente, utilizando swabs de arrasto.
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