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Livros Profticos-Unifatecie

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Prévia do material em texto

Livros 
Proféticos
Professor Esp. Felipe Fernandes
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
F363L Fernandes, Felipe 
 Livros proféticos / Felipe Fernandes. Paranavaí: EduFatecie, 
 2022. 
 85 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Bíblia. A.T. Profetas - Introduções. 2. Teologia. 3. Profetas. 
 4. Hermenêutica - Religião. I. Centro Universitário Unifatecie. 
 II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 
CDD: 23 ed. 223.06 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Professor Carlos Felipe Fernandes
● É formado no Bacharelado em Teologia pela Unicesumar (2013);
● Pós graduado em Liderança Pastoral pela Faculdade Teológica Sul Americana – 
Londrina Pr (2016);
● Pós-graduado em Docência no Ensino Superior e Tecnologias Educacionais e 
Inovação pela Unicesumar (2019);
● Professor Mediador no curso de Graduação em Teologia na Unicesumar – EAD 
(2020);
● Atualmente é Orientador dos cursos de pós-graduação das áreas de Educação e 
de Teologia da Unicesumar – EAD.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1466605796030805 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá acadêmico (a), seja bem vindo (a) 
Iniciamos aqui a nossa disciplina “Livros Proféticos”, neste livro e em nossas aulas 
vamos imergir em contextos sociais dos mais diferentes do Oriente Antigo no período bíblico, 
iremos compreender o ministério profético, suas nuances e características especiais nos 
textos bíblicos. Nesta jornada, iremos perpassar em especial os livros do Antigo Testamento. 
Poderemos observar no decorrer como o ministério dos profetas se desenvolveu e quais 
foram principais precursores em diferentes épocas no enredo veterotestamentário.
Diferente do que estamos habituados a ouvir sobre os profetas, o profetismo teve 
importante papel, não somente no campo religioso, mas foi muito relevante nos campos 
políticos e sociais nas sociedades as quais estavam inseridos. Estudar essa temática é 
um convite à imersão em culturas diversas bem como a embates entre povo e monarquia, 
que mostram como era importante o papel dos profetas nos diferentes contextos aos quais 
estavam inseridos. 
Neste material vamos estudar os principais períodos e marcos históricos dos 
profetas bíblicos suas mensagens e sua vida e abnegação em obediência as ordens e 
profecias dadas por Deus para o povo.
Então pegue seu livro e vamos embarcar nessa maravilhosa viagem rumo ao 
conhecimento!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Profetas e Profetismo Bíblico
UNIDADE II ................................................................................................... 26
Profetismo do 8° Século
UNIDADE III .................................................................................................. 47
Profetismo do Século 7° e 6° Século
UNIDADE IV .................................................................................................. 66
Profetismo do 6° e 5° Século
3
Plano de Estudo:
● Introdução aos profetas;
● Definindo os tipos de profetas;
● Formas de Profetismo;
● Cultura e sociedade no oriente do antigo testamento;
● O Reino de Israel.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar quem eram os profetas, seus livros, suas mensagens 
e contextos sociais que estavam inseridos;
● Compreender os tipos de profetas e as mensagens
 especificas em cada período e contexto;
● Estabelecer a importância da mensagem profética nos campos 
da religião, política e sociedade dos períodos aos 
quais os profetas estavam inseridos.
UNIDADE I
Profetas e 
Profetismo Bíblico
Professor Esp. Felipe Fernandes
4UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
INTRODUÇÃO
Dentre as diversas áreas do saber no estudo teológico, a teologia bíblica contempla 
a clivagem dos estudos sobre os profetas e o profetismo. Em nosso objeto de análise desta 
feita, teremos como recorte o profetismo, em especial, no Antigo Testamento. 
Nesta unidade introdutória ao nosso material de estudos vamos conhecer quem 
eram os profetas, seu ministério e suas peculiaridades. Uma análise mais aprofundada do 
ministério destes grandes homens de Deus, de fato, merece a continuidade da pesquisa 
acadêmica. Mas nessa unidade, você leitor, será convidado a viajar ao mundo contextual do 
Oriente Antigo e vamos descobrir juntos os caminhos que formaram e forjaram os profetas 
a serem fiéis à mensagem recebida por Deus, bem como a transmiti-la com coragem e 
ousadia a todos: da monarquia aos plebeus, dos ricos aos pobres, aos Filhos de Deus e 
aos pagãos, a sacerdotes de divindades pagãs, a profetas vendidos e aos falsos profetas. 
Tudo em nome da verdade de Deus e sua vontade ao povo.
Falei aos profetas, e multipliquei a visão; e pelo ministério dos profetas propus 
símiles (Oséias 12:10)
5UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
1. INTRODUÇÃO AOS PROFETAS
Devemos iniciar nossa abordagem desconstruindo a ideia de que os profetas 
atuavam apenas dentro da abrangência do período bíblico. Existem diversos registros 
históricos de profetas e formas de profetismo anteriores aos relatos veterotestamentários. 
Desta forma, o termo “profeta” não é oriundo de Israel, mas do antigo mundo da Bíblia, 
que podemos nominar como o “Antigo Oriente Próximo”. De fato, com a ampla leitura 
dos textos sagrados da Bíblia, o uso do termo profeta ficou comumente relacionado 
exclusivamente ao enredo bíblico, mas que tiveram atuação na vida em sociedade dos 
mesmos períodos no Antigo Testamento. 
No entanto, quando fazemos a clivagem (recorte) da nossa análise da profecia 
bíblica no Antigo Testamento, temos seus matizes próprios, características peculiares que 
exalam a verdade do Deus de Israel. Os profetas comprometidos em proferir as verdades 
de Deus mesmo que suas vidas fossem colocadas em risco, dada à seriedade dos juízos 
e acusações que profetizavam. Isso com ousadia e intrepidez, com as quais as elites não 
estavam habituadas a lidar e nem estavam dispostas a dialogar e compreender. Neste 
contexto, alguns dos profetas do período escreveram suas mensagens proféticas, outros 
não registraram, e desta forma tiveram suas profecias contadas poroutros escritores 
através da tradição oral, muito recorrente nas primeiras culturas da Bíblia.
A profecia bíblica no Antigo Testamento valeu-se dos mais variados gêneros 
literários como poesias, figuras de linguagens, simbolismos proféticos e outros diversos. 
6UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Houve também neste período, profetas que estavam profetizando por interesses 
políticos, outros por proeminência nas regiões onde viviam, e também profetas que profetizavam 
por ascensão social. No entanto, havia profetas que iniciaram profetizando as verdades de 
Deus (Javé) e corromperam a posteriori. Em oposição a estes, tinham os profetas que estavam 
cabalmente firmados em profetizar somente o que Javé ordenara com coragem, para confrontar 
uma monarquia organizada e impiedosa, que era seu opositor, e que priorizava e protegia os 
mais abastados da sociedade, cuidavam de suas festas e reuniões com seus capatázios, em 
detrimento aos pobres e injustiçados. Estes últimos, por sua vez, sofriam as injustiças por meio 
de impostos duramente cobrados, que aumentavam drasticamente as desigualdades sociais, 
conduzindo a sociedade à miséria sem piedade alguma.
Neste momento, as profecias contra a monarquia seguiam expondo mazelas sociais 
e o desagravo de Deus diante do cenário exposto passou a inserir os profetas diretamente 
nas questões sociais, bem como, nas questões espirituais às quais o povo também padecia, 
pois o relacionamento do povo com Deus a essa altura estava olvidado (esquecido). 
Os profetas, agora muito mais inseridos em diferentes classes sociais - no 
exército, entre sacerdotes, juízes e latifundiários, e principalmente, com o povo oprimido 
e desesperançado, - passam a ter forte atuação utilizando Javé e seus juízos como 
arma para que esta realidade instalada sofresse mudanças. Para alguns profetas, 
como Jeremias, por exemplo, o embate com a monarquia e suas ofensas aos pobres 
são confrontadas com fortes denúncias das injustiças notadas na vida do povo comum, 
denúncias estas muito corajosas e audaciosas contra os poderes e instituições ligadas à 
monarquia, principalmente quando ressaltamos que a coragem não era um ponto forte no 
início do chamamento deste profeta (Jr 1:7-8). Mesmo assim, diante do cenário repleto de 
desumanidades que o profeta contemplava, Javé o encoraja ao confronto e ele profetiza 
contra a monarquia e as instituições estabelecidas. 
Para os profetas bíblicos, seu comprometimento com Deus e suas profecias estavam 
firmadas na fidelidade à entrega da mensagem verdadeira. A vocação dos verdadeiros profetas 
não contemplava vínculos com grupos ligados às monarquias para abrandamento de suas 
mensagens proféticas, principalmente as mensagens proféticas que vaticinavam juízo ante 
às opressões causadas pelas desigualdades. O compromisso do profeta antes de qualquer 
apontamento era com sua vocação e com os desígnios de Deus para sua vida; estavam 
prontos a colocar suas vidas e suas reputações, se preciso fosse, em favor de Deus. Existia 
um compromisso verdadeiro do profeta com a Palavra de Deus e com o Deus da Palavra.
7UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
2. DEFININDO OS TIPOS DE PROFETAS
Nas leituras veterotestamentárias, o ministério profético se apresenta com diversas 
nuances, com contextos e objetivos diferentes em suas profecias. Assim, podemos notar o 
quanto a profecia bíblica torna-se um fenômeno diversificado. 
Ao estudarmos a profecia podemos dividi-la em três grupos de profecias em todo o 
Israel, sendo: Um primeiro grupo que denominamos “profetas do templo e da corte” (Natã 
em Gade, pertencentes à corte de Davi). Um segundo grupo, com profecias mais críticas e 
também mais distantes da corte e do templo (Elias e Eliseu) e, por fim, um terceiro grupo ao 
qual nosso material trará um enfoque maior, os “profetas radicais”, que visavam ao embate 
com a monarquia e à denúncia das mazelas sociais causadas pelo Estado (Amós, Isaías, 
Jeremias, entre outros). A profecia, mesmo em tempos e ambientes distintos, sempre 
apontava a verdade de Javé e sua atenção para com os erros causados por lideranças 
e poderes que, de alguma forma, feriam seu povo e os afastavam da comunhão cúltica 
com Javé. Geralmente em contextos semelhantes a estes, Deus levantava os profetas em 
oposição a estas crises. No entanto, o termo profetas aplicado nas Escrituras perpassa por 
diferentes terminologias. Destas, três descreveremos pormenorizadamente, destacando 
que as terminologias de cada título profético remetem aos atributos e objetivos do profeta. 
Assim sendo, os três títulos são: ro´eh, hozeh e nab’. Há um quarto termo que aparece 
também com frequência no enredo bíblico; ´ish´elohim, “homem de Deus”. 
8UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Os dois títulos Ro´eh e Hozeh, de forma bem objetiva, apontam para a ideia de vidente 
(Heb. hozeh: “aquele que vê”) que se relaciona na língua hebraica ao termo hazon (Heb. hazon: 
“visão”), ao qual temos uma aproximação com o texto do profeta Isaias 1:1, como veremos: 
“Profecia (Heb. hazon: “visão”) de Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e Jerusalém no 
tempo de Ozias, de Joatão, de Acaz e de Ezequias, rei de Judá” (ISAIAS 1:1, Bíblia Jerusalém). 
Para muitos pesquisadores bíblicos, o ministério profético estava diretamente rela-
cionado à vidência dos profetas, suas visões sobre os juízos futuros, bem como as verdades 
de Javé a eles reveladas previamente, tendo assim a figura do profeta como um vidente, 
aspecto preponderante, até mesmo quando apresentamos a relação com exemplos de 
profetas arábicos ou também com o profetismo além do cânon bíblico. Isto nota-se também 
nos profetas do Antigo Oriente Médio, na cidade de Mari por exemplo, como veremos a 
diante em nosso livro. A relação do profeta com o termo hozeh (“aquele que vê”) também 
pode ser assemelhada aos nômades patriarcas e no caso de Balaão (Números 22:24). O 
termo ro´eh, por sua vez, tem uma definição próxima ao termo hozeh. Quando o termo 
hozeh designa “aquele que vê” está vinculando-o à vidência, à revelação de algum fato. 
Assim o termo ro´eh, remete-nos a expressão de alguém que pode então penetrar o futuro 
e revelá-lo (Dt 18:21-22), como destaca o Isaltino Gomes Coelho Filho ao exemplificar o 
termo ro´eh “alguém que vê” ao chamado de Jeremias (Jeremias 1:11-12):
Nem sempre o termo está associado com vidência. Algumas vezes é uma 
interpretação dos eventos ou a compreensão de algo mais profundo numa 
visão comum. Jeremias vê um oleiro fazendo um vaso e compreende a relação 
entre Iahweh e Israel (18.1-4). Vê uma vara de amendoeira florescendo (1.11-
12) e faz um trocadilho: ele vê uma amendoeira. (shaqed) que soa parecido 
com vigilante. (shoqed). A amendoeira floresce quando capta o aumento da 
umidade do ar. Está pronta para lançar as folhas, novamente. Ela vigia, ela 
shoqed o ar. Assim Deus está shoqed com sua palavra. Ninguém veria isso, 
mas o profeta vê. Ele vê uma panela fervendo, na parte norte (1.13-15). Estava 
vazando. Ele vê a ira de Deus fervendo e pelo norte, de onde vem um inimigo. 
Não tem sentido algum para o homem comum, mas tem para ele. O profeta 
vê o que os outros não vêem. Chamaríamos isso, hoje, de discernimento. Lá 
estão os homens a brincar com o pecado, a sociedade a relaxar seu padrão de 
conduta, a moralidade baixar assustadoramente (COELHO FILHO, 2004, p.03) 
Estes profetas são dotados de um poder sobrenatural e por isso podem também 
ser chamados na bíblia de ´ish’elohim, ou “homem de Deus” (ex. Moisés e Samuel: Dt 33.1; 
1 Sm 9.1-10,16). Outra aparição do uso dessa palavra (ro’eh) está em Amós 7.12, no qual 
Amazias chama Amós de ro’eh: Vai-te, ó vidente (ro’eh), foge para a terra de Judá, e ali 
come o teu pão, e ali profetiza.
9UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Outra terminologia hebraica utilizada para distinguir os fenômenos proféticos é o 
uso do termo Nabi’ remetendo à prática da vidência profética. AntonioGunnenweg, teólogo 
protestante holandês e professor do Antigo Testamento, um dos melhores nas referências 
para pesquisa em teologia do A.T., relaciona o uso do termo nabi’ a sua raiz em língua 
hebraica nb’ (“chamar”) neste caso o vocábulo “chamar” no enredo veterotestamentário. 
Para o professor José Luis Sicre, dividia-se o mesmo termo em outras três formas de 
atuação profética, como vemos a seguir: “O verbo demonstrativo de nabi’, que se emprega 
em nifal e hitpael, às vezes com sentidos bem diferentes: (1) “ficar frenético”, (2)“dançar 
ritualmente”, [..] (3) “profetizar”, “cantar” ” (SICRE, 1996, p. 87).
Seguindo a abordagem de Sicre, essas formas frenéticas, danças e cantos 
proféticos, são ações denominadas de profecia em delírio extático, “estar fora de si”, ou 
seja, em alguns momentos no ato da entrega das profecias os nabi’ eles entravam nesta 
espécie de ação transcendente para exercer seu ministério. Outra característica relevante 
é que os profetas nabi’, ao contrário dos grupos mencionados anteriormente em nosso 
material, podem aparecer no texto bíblico em ações em grupo e reunidos em grupos de 
profetas nabi’ (1Sm 10.10-13; 19.18 2Rs 2.15; 4.38; 6.1; 13.11; 2Rs 2.3.5; Ml 3.5).
No entanto, relacionar ou definir estritamente que os profetas nabi’ atuavam apenas 
como profetas extáticos ou tinham como características únicas a atuação em grupos pode 
ser um erro, pois o termo nabi’ pode ser aplicado também a profetas de atuação individual, 
provavelmente com uma relação ao termo nabû com possibilidades de aplicação conjunta 
às palavras “chamar”, “anunciar”, “nomear”. Como nos estudos na língua hebraica os 
agentes passivos e ativos da ação interferem nas possibilidades de interpretação e com 
o uso dos termos, não há como afirmar se estes tem sentido no passivo ou ativo nas 
ações proféticas. Desta forma, considerando que o hebraico exprime a ação de profetizar 
no passivo (no sentido de que o profeta recebe e depois transmite a profecia), sugerimos 
então que o termo nabi’ relaciona-se a quem sofre a ação que Deus lhes impunha (ordem 
de profetizar), e consequentemente, a ação do profeta e sua profecia não dependia da 
sua iniciativa ou de quaisquer iniciativas humanas, mas dependia exclusivamente da ação 
divina. Assim, etimologicamente, nabi’ significaria alguém “chamado”, “convocado” para 
uma missão concreta. 
Desta forma, em síntese, devemos manter sempre em mente que os profetas foram 
anunciadores da(s) Palavra(s) de Deus, pois de alguma forma recebiam de forma passiva 
10UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
a mensagem do próprio Deus e a compartilhavam para que os rumos futuros das nações, 
dos povos e das monarquias fossem alinhados aos planos de Deus e sua soberania. 
O profeta em suas diferentes formas de atuação é o “alguém que vê” os rumos da 
história (lembre-se: esse é o significado de ro´eh) e também é um nabi’, ou seja, alguém 
que profetiza/proclama a Palavra de Deus. 
Outro termo utilizado também nas escrituras remete aos profetas na relação de 
mentores, aos quais comumente praticavam uma espécie de relação mestre-discípulo. O 
termo neste caso é o beney há-nebi’im ou Filhos dos profetas. Estes filhos dos profetas, eram 
crianças e adolescentes entregues aos profetas e inseridos nas comunidades de profetas, 
poderiam ficar por longos períodos ou apenas curtas temporadas junto ao seu profeta-mentor. 
Os locais aos quais esses filhos de profetas se agregavam aos profetas eram variáveis, 
podendo ser em cavernas, matas ou casas, com mobília e estilo de vida bem modestos 
afastando-se na maior parte do tempo da vida em sociedade comum (1Rs 20.41; 2Rs 2.23). 
Por fim, outro título profético atribuído nas Escrituras é o ‘ish há-elohim (Homem 
de Deus) vide os textos bíblicos sugeridos (1Rs 17, 18; 13.1,11; 20.28; 2Rs 1.9-18; 4.7; Jz 
13.6.8; 2Cr 25.7,9), título esse concedido dada a comunhão íntima e profunda com Javé. 
Esse tipo de título atribuído estava muito mais relacionado à forma como os pertencentes da 
comunidade dos profetas viam os profetas e as pessoas da sociedade comum aos quais os 
profetas tinham suas relações sociais. O termo ‘ish há-elohim aparece 76 vezes no Antigo 
Testamento e quase na metade das vezes é aplicado a Eliseu. O ‘ish há-elohim é mostrado 
como uma pessoa de confiança de Deus e as pessoas veem isso na sua vida devotada.
11UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
3. FORMAS DE PROFETISMO
Existem diversos relatos de profetas e profetismos na história e em especial no Antigo 
Oriente Médio, esse fenômeno religioso se fazia presente em diversas culturas e também 
não se constituiu um fenômeno exclusivo do Javismo (Religião de Javé). Relatos apontam 
que desde a antiga Assíria havia tipos de profecias estáticas, exercidas por sacerdotisas 
no templo de Ishtar. Já quando se trata de relatos equivalentes no Egito, não existe certa 
evidência histórica sobre o aparecimento de profetas. Nas regiões de Canaã há registros de 
profetas e profetismo, mas desta feita muito mais pelos relatos bíblicos do que por relatos 
e pesquisas extrabíblicas (SCHOKEL, 1991). Notamos isso especialmente no relato de 1º 
Reis 18 e 1º Reis 19:26-29. Os cananeus, por exemplo, faziam uso de árvores sagradas, 
(vide o carvalho de Moré, em Gênesis 12.6 - Moreh, em hebraico, significa - mestre), além 
de sonhos e a interpretação dos voos dos pássaros. 
Em especial, em nosso material faremos um recorte das pesquisas no tema que 
remetem a cidade de Mari, antiga cidade da Mesopotâmia (atualmente Tel Hariri), que foi uma 
antiga cidade-estado semítica da Síria e um dos sítios arqueológicos mais importantes na 
Mesopotâmia atualmente. Foram através de pesquisas de cartas de profetas da cidade que 
relações estabelecidas entre as profecias israelitas e profecias no Oriente Próximo Antigo foram 
observadas, em especial na correlação fenomenológica que pode se estabelecer entre ambas. 
12UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Embora essa correlação tenha sido feita, neste caso ainda se trata de um vasto 
campo de pesquisa para poder estabelecer relações diretas entre os profetismos de Mari 
com quaisquer relações com o profetismo israelita ou com seus profetas. Mas em certo 
ponto as cartas encontradas na cidade de Mari, mencionam as tipologias de oráculos, 
emissários e proclamadores em nome de outro “divino”, com mensagens de alerta e juízos 
vindouros, isso antes de qualquer relato bíblico. Em Mari e em suas cartas, um dos oráculos 
mencionados é chamado de Apilu / Apiltu, que pode ser um correspondente na forma 
participal do verbo “responder”. Essa designação leva-nos a entender que os profetas apilus 
eram homens que davam respostas das divindades às perguntas que os homens faziam. 
No texto abaixo, apresentado por Fohrer, remete a uma destas respostas:
Fala ao meu senhor: Assim (diz) Mukannishum, teu servo: eu tinha oferecido 
os sacrifícios a Dagan pela vida de meu senhor. O respondente de Dagan de 
Tutal ergueu-se; assim falou ele, a saber: Babilônia, estás ainda disposta? 
Eu te conduzirei para a armadilha... As casas / famílias dos sete parceiros 
e quaisquer que (sejam) suas possessões eu porei nas mãos de Zimrilim 
(FOHRER, 1982, p. 279).
Nas cartas, vários títulos proféticos mencionados em Mari relacionam-se com o período 
de Zimrilim, rei daquela cidade por volta de 1700 a.C. Os profetas apilus comporiam uma classe 
de homens e mulheres que recebiam alguma ordem da divindade, mantinham relação cúltica 
com os templos das divindades existentes. Relatos apontam também para manifestações 
extáticas (extasiados) com experiências diversas, com presságios futuros e visões e também 
as cartas remetem a profetas apilus que tinham visões. As relações destes tipos de profetas 
(apilus) com os profetas bíblicos está apenas no campo de análise dos fenômenos dentro dos 
tipos de profetismo. A diferença é de simples compreensão, para os profetas bíblicos todos os 
outros profetascomo nas cartas de Mari eram considerados falsos deuses, os profetas bíblicos 
profetizavam apenas no nome de um Deus, o verdadeiro Deus de Israel.
Os profetas vinculados às divindades pagãs, por vezes se diferenciavam da sua 
forma de atuação e rituais utilizados em seus atos proféticos, como por exemplo, o uso 
recorrente da lecanomância (leitura do futuro pela figura do azeite derramado numa taça 
sagrada), a hepatoscopia (a leitura do futuro pelos riscos do fígado de animais sacrificados 
aos ídolos). Esses dois rituais são exemplos de atuação profética no paganismo. 
No enredo bíblico temos o exemplo dos cananeus, que consultavam as árvores 
sagradas como oráculo. No profetismo pagão destaca-se também a relação profeta/
poder, onde as profecias estavam muito mais atreladas a orientação das monarquias em 
futuras batalhas bélicas, declarando-se (os profetas) a favor ou não à entrada do rei em 
determinada pugna com outra nação, a firmar alianças político/comerciais com outras 
nações ou a decisões complexas a serem tomadas, como aconteceu em Gênesis 41,8, 
com adivinhadores e os sábios de Faraó.
13UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Por fim, ressalta-se que a diferença fenomenológica nas ações dos profetas pagãos 
para com os profetas Javistas, não se caracteriza o movimento profético como exclusivo ao 
período bíblico do Oriente Médio, mas que de fato profetismos diferentes são registrados em 
textos extrabíblicos e históricos como nas cartas de Mari. Cabe-nos então saber discernir e 
diferenciar os profetas e profetismos, isso porque nas Escrituras temos relatos de profetas 
Javistas (profetas que creem exclusivamente em Javé) com os de profetas pagãos dentro 
do mesmo escrito, merecendo então essa análise de leitura e pesquisa.
Concluímos assim que o profetismo não pertencia exclusivamente aos textos 
veterotestamentários e cada profeta bíblico atendia especificamente a um termo sobre sua 
forma e atuação profética. Esses profetas compunham um advento registrado na história 
como um todo, isso citado nesta unidade nos registros nas cartas de Mari. 
14UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
4. CULTURA E SOCIEDADE NO ORIENTE DO ANTIGO TESTAMENTO
Toda análise textual da Bíblia requer do estudante a compreensão e prática de um 
método de análise dos objetos em pesquisa. Dentro dos estudos na Teologia Bíblica diversos 
métodos foram observados, analisados, adaptados ou até mesmo rejeitados pelos estudiosos 
desta área na teologia em diversos tempos da história. Fato é que sempre existirá a necessidade 
de um método para qualquer análise de textos bíblicos que fundamente os resultados 
esperados, seja nas análises de períodos ou fatos bíblicos, assim o método hermenêutico 
é muito importante e não pode ser ignorado. A ausência de um método hermenêutico pode 
conduzir o estudante/pesquisador a equívocos severos, ainda mais em leituras que exigem 
tanto, como as leituras no Antigo Testamento, principalmente nos profetismos. Não respeitar 
o método escolhido e empregado na análise, pode conduzir a deduções nos textos que não 
existem e que não perpassaram o crivo de outras áreas do saber, relacionadas com a teologia 
como arqueologia, história, línguas e outras ciências do saber, trazendo sérios danos aos 
estudos. Por esses e outros motivos os métodos são tão fundamentais. 
Na teologia bíblica, muitos métodos são usados nas análises literárias, culturais e 
linguísticas dos textos: Método Histórico-Crítico, Método Histórico-Crítico-Social, Método His-
tórico-Gramatical, Método Hermenêutico Contextual, Método Sêmio-Discursivo entre outros
Nos textos do Antigo Testamento a compreensão das nuances de contextos, 
sejam eles históricos ou culturais, se fazem de muita relevância, pois nos textos do 
Antigo Testamento, mudanças de contextos acontecem entre os textos, justamente pela 
abrangência histórica entre os livros desta parte da Bíblia.
15UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Existem questões culturais e gramáticas que se diferem, por exemplo, dos textos 
do Pentateuco para o livro dos Salmos, isso também ocorre nas leituras dos profetas e em 
suas estruturas literárias.
Temos então, profetas diferentes, em tempos diferentes e em contextos diferentes, 
profetizando as verdades de Deus com objetivos diferentes. Assim, levar em conta os 
contextos de cada profeta torna-se um fator imprescindível para a continuação do nosso 
estudo e veremos isso nas unidades posteriores em nosso livro. As leituras hermenêuticas 
contextuais nestes casos são de grande valia para poder ampliar as percepções da profecia 
e mensurar os efeitos das profecias.
A hermenêutica contextual é uma vertente do método histórico-gramatical. Esta 
proposta se distingue pelo maior cuidado na análise dos contextos do texto bíblico e da 
época da leitura, algo muito relevante em nossas análises nas próximas unidades, onde 
iremos abordar a formação sociocultural de alguns dos profetas bíblicos. Nesta vertente, a 
leitura e pressupostos da ação profética são vistos sob diversos prismas, não apenas o viés 
teológico da ação dos profetas, mas também os efeitos sociais e fatores socioculturais que 
a mensagem a ser entregue poderia causar. Outro fator a ser ponderado nestes casos são 
os fatores linguísticos e a escrita dos textos de cada profeta, haja vista, como mencionamos 
anteriormente, os profetas tinham formas de escrita que se diferenciavam, bem como, 
elementos socioculturais que interferiam diretamente na escrita e direcionamento das 
mensagens proféticas. Esta informação pode ser confirmada pelo fato de que os profetas 
habitualmente no início de seus escritos se situarem ante aos ambientes que direcionariam 
suas profecias (escritos), colocando-se dentro de um plano histórico, como afirma Hans 
Walter Wolff: “Os profetas são habitualmente introduzidos no começo de seus escritos, e 
identificados pela data e local da atividade. A pessoa histórica do profeta assume importância 
fundamental para a transmissão de sua mensagem” (WOLFF, 2003, p.74-75).
Este fato é facilmente notado nas leituras proféticas na Bíblia, por exemplo: “A 
palavra de Amós”, “a visão de Isaías” ou “a palavra do Senhor que veio a Oséias”: essas 
são algumas formas dos profetas se identificarem no plano contextual da sociedade de seu 
tempo. Outra forma é situando-se na história como, por exemplo: “No ano que morreu o 
Rei Uzias (Is 6:1)” neste caso que exemplificamos o Rei Uzias, o profeta apresenta dados 
importante sobre seu lugar histórico, pois Uzias foi o 10º rei de Judá e teria começado a 
reinar por volta de 829 a.C até 778 a.C desta forma Isaías coloca sua profecia num plano 
histórico e insere-se como participante deste período para a história da nação.
16UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Neste tipo de inclusão na história o profeta consequentemente assume e/ou de-
monstra a relevância de seu ministério, de sua mensagem. Não apenas no campo da reli-
gião da época, mas de alguma forma o profeta tenta inserir a sua profecia como elemento 
relevante da vida e sociedade de seu tempo. Por estes e outros motivos que a leitura dos 
textos proféticos exige no hermeneuta uma percepção mais contextual da vida, obra e 
mensagem do profeta. Não proceder desta forma é empobrecer a profecia, que por algu-
mas vezes custou a vida dos profetas, para que chegasse ao nosso tempo e pudéssemos 
estudá-las com mais profundidade.
No Antigo Oriente próximo, a vida cotidiana perpassava por diversos estilos, como 
os peregrinos, nômades, sedentários (oposto de nômades), clã fechados, clãs abertos e etc. 
Formas de vida tão diferentes também estavam vinculadas a ambientes bem diferentes. A vida 
nestes períodos tinha ambientes variados, mesmo assim a mensagem dos profetas procura 
em certa medida atender a totalidade da vida, o andar, o comer, o viver, a fé, as opressões 
sofridas pelo povo causadas pelas monarquias, julgamentos, questões agrárias, manejo daterra, orientações de guerras, o pensar, o escrever entre outras muitas questões. Os profetas 
em suas mensagens visavam se fazer ouvidos e com as suas mensagens nas mais variadas 
circunstâncias, como forma de que suas profecias fossem vivas e trouxessem vida e esperança 
na vida. Neste momento, convido a cada um para ler com atenção o texto de Isaías 28,23-29, 
em que apresentaremos a amplitude dos objetivos do profeta com a profecia: 
Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz; atendei bem e ouvi o meu discurso. 
Porventura lavra todo o dia o lavrador, para semear? Ou abre e desterroa todo 
o dia a sua terra? Não é antes assim: quando já tem nivelado a sua superfície, 
então espalha nela ervilhaca, e semeia cominho; ou lança nela do melhor trigo, 
ou cevada escolhida, ou centeio, cada qual no seu lugar? O seu Deus o ensina, 
e o instrui acerca do que há de fazer. Porque a ervilhaca não se trilha com trilho, 
nem sobre o cominho passa roda de carro; mas com uma vara se sacode a 
ervilhaca, e o cominho com um pau. O trigo é esmiuçado, mas não se trilha 
continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro, nem se quebra 
com os seus cavaleiros. Até isto procede do Senhor dos Exércitos; porque é 
maravilhoso em conselho e grande em obra (Isaías 28:23-29, BÍBLIA, 2002).
Nota-se então que o profeta, em sua mensagem, deixa claro sua instrução de 
forma didática aos ouvintes de sua mensagem, um poema didático (Wolff, 2003). Fica 
clara a relação proposta pelo profeta de relacionar a mensagem ao contexto bucólico ao 
qual a maioria de seus ouvintes estava habituada (plantas, cultivar, colher). A profecia 
neste ponto fica relacionada ao contexto para a compressão da mesma, isso é leitura 
contextual da profecia pelo profeta e deve ser feita pelo estudante/pesquisador. Em um 
segundo plano, evidencia que a linguagem bucólica rural é utilizada para apontar o plano 
de Iahweh na nação e nos tempos, apresentando a ação divina no plano da história (Deus 
cuida da história: começo/plantio, meio/cultivo e fim/colheita). 
17UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Lembramos ainda que o uso da figura bucólica rural era comum aos ensinos 
sapienciais do judaísmo primitivo, como vemos no livro de Quohelet, ou Eclesiastes. Por fim, 
o profeta (Isaías) deixa claro em sua mensagem profética a bondade de Deus em conceder 
conselhos, “profecias pelos profetas”, para que o povo não erre ou transgrida suas leis, sendo 
a obediência aos “conselhos proféticos” um caminho mais seguro ao povo. Este texto em 
análise, é uma breve apresentação de como a profecia não pode ser observada apenas polo 
seu caráter religioso ou espiritual, mas que os profetas se muniam de diversas ferramentas 
para que suas mensagens proféticas pudessem ser vividas e memorizadas pelo povo.
Na hermenêutica profética o estudante deve sempre levar em consideração que a 
mensagem profética bíblica está relacionada em duas vias: a mensagem divina e os protestos 
ao Estado/Monarquia. Isso porque os Estados israelita e judaíta abandonaram os princípios 
ordenados por Javé, ocasionando assim desequilíbrio social e opressão ao povo. Soma-se 
a este cenário o fato de que esses governantes firmaram alianças com povos aos quais 
não deveriam firmar e prestaram cultos a falsas divindades, fato amplamente condenado 
por Javé. Podemos notar como as mensagens proféticas se relacionavam diretamente às 
opressões do Estado em diversos profetas, como por exemplo, Samuel que, em especial no 
oitavo capítulo de seu primeiro livro, direciona a profecia a uma crítica às ações da monarquia 
e sua forma de governo (1 Sm 8: 11-17). Os profetas Gade e Natã, que estavam vinculados à 
monarquia criticam algumas ações do Estado em detrimento ao povo. Aías, o silonita, é outro 
caso semelhante e apoia uma conspiração contra o Rei Salomão por seu modelo de governo 
econômico. Elias se levanta contra Acabe, filho de Onri, que iniciou seu reinado no 38º ano 
de Asa, rei de Judá e casou-se com Jezabel. O profeta condena as ações governamentais e 
as direções espirituais do governo e sofre forte oposição por profetizar contra Acabe. Outro 
aspecto a ser destacado nestas e em outras relações entre a mensagem profética e o Estado 
pode ser notado nos textos iniciais dos livros proféticos, onde, como vimos anteriormente, o 
profeta se situa na história social para compartilhar sua mensagem profética (Is 1:1; Jr 1:1; Ez 
1:2s; Am 1:1; Mq 1:1; Sf 1:1; Ag 1:1; Zc 1:1).
As denúncias propostas pelos profetas condenam as ações do Estado e suas 
opressões e o rompimento pelo povo e pelo Estado da aliança feita com Javé. Nos estudos, 
diferir essas ações é muito importante, como também notar em que aspectos a profecia é 
uma crítica estatal, um alerta espiritual ou ambas. Se por um lado, o povo e a monarquia 
seguiam obstinados em seus pecados, por outro clamavam a Deus ação mediante as 
opressões que sofriam.
18UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Uma relação de interesse mútuo entre monarquia e povo com olhos nos cuidados 
divinos: de fato, uma relação “interesseira” com Javé. Neste contexto, Deus envia profetas 
seguidamente, que elevam suas mensagens visando o rompimento de um ciclo pecaminoso 
(no âmbito espiritual de suas profecias), bem como o rompimento da opressão dos agentes 
de poder e cultos a falsos deuses.
Esse conteúdo das mensagens dos profetas aparece e podem ser facilmente 
notados em Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel. A complexidade da profecia 
eleva então, o profeta, a uma condição de persona digna de apreço em nossos estudos, 
pois se apresentam hábeis em suas atuações e percepções do rumo de sua sociedade (não 
considerando neste aspecto as profecias messiânicas). Assim, para lermos os profetas é 
indispensável compreendê-los em suas incompatibilidades com a dominação monárquica 
e o afastamento do verdadeiro Deus. O profeta por vezes atuava solitariamente, pois não 
estava comprometido com a política monárquica e seus desmandos. Mas para poder 
permanecer fiel ao chamado divino e à verdade a ser profetizada, permanecia firme e 
isolado até mesmo de seus semelháveis, alimentando o forte interesse de mudar a situação 
espiritual (primeiro plano) e social (em segundo plano) da realidade em que o povo estava 
inserido, mostrando disposição em pagar o caro preço pela verdade.
 
19UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
5. O REINO DE ISRAEL
 
Neste tópico, vamos apresentar de forma resumida a situação política, econômica, 
social e religiosa do Reino do Norte. 
O Reino de Israel se caracteriza ao longo de sua história no período bíblico por 
grandes instabilidades do governo, sendo que o trono foi tomado a força três vezes 
(GUSSO, 2003). A estabilidade dentro das estruturas de poder foi conseguida apenas 
entre os anos de 885 a 874 a.C., a partir do reinado de Omri, com um governo sólido 
que conseguiu manter Israel com propriedade econômica e políticas internas de paz. 
Mais à frente, Davi e Salomão remodelam este modelo de governo ampliando com uma 
relação mais amena com o Reino do Sul (Judá), fato consolidado no reinado de Acabe, 
ao qual as relações internacionais do Reino do Norte foram se firmando. Essa política 
interna e externa que perdurava desde Omri, termina em Jeú, com um governo autoritário 
ao qual promove brigas e assassinatos internos dentro do Reino. Os efeitos do governo 
violento de Jeú são devastadores a Israel, que acaba por ser invadida por vizinhos mais 
agressivos, causando mortes e instabilidade social e religiosa entre o povo. É então em 
Jeroboão II que a nação ganha novos rumos e o cenário hostil sofre mudança, com o 
Reino gozando de uma prosperidade sem igual (GUSSO, 2003). Por fim, com a invasão 
dos Assírios esse período de prosperidade e paz termina.
No campo social, os israelitas se viram em meio aos jogos políticos, sendo jogados 
de um lado a outro. Períodos prósperos, tão logo seguidos de massacres em massa e 
guerras perdidas, o que fez tambémque este povo desenvolvesse forte habilidade na 
administração e experiência em confrontos bélicos, mesmo ante as derrotas sofridas por 
nações circunvizinhas.
20UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
O livro do Reis parece mostrar mais claramente que a situação do povo não era das 
melhores. No reinado de Jeroboão II o comércio volta a ter protagonismo, principalmente 
pelo comércio com os Fenícios, mas com o fim da monarquia encabeçada por Jeroboão 
a crise novamente se instala, guerras e invasões voltam a acontecer e como forma de 
reagir a estas situações e manter o exército armado, os impostos são acrescidos, gerando 
necessidades em uma população que passa a ser explorada por classes superiores e 
pessoas mais ricas. No período, esta situação social é denunciada pelo profeta Amós, com 
duras críticas às castas superiores e à monarquia ostentadora que oprimia o povo. De fato, 
a mensagem de Amós teve ênfase na justiça social.
No campo religioso, Israel padecia ante aos conflitos políticos que geravam confusão 
no campo religioso, com práticas e cultos aos falsos deuses e abandonando o culto a Javé. 
O ponto mais complexo da crise religiosa foi no período do reinado de Acabe, casado com 
Jezabel, a qual conseguiu introduzir o culto a Baal em Israel. Divindade herdada de seus 
pais, o culto a Baal virou o culto estatal e a religião oficial da monarquia. Acabe mantém o 
culto a Javé como religião civil oficial, apenas nominalmente, pois a religião de Javé correu 
sérios riscos de ser exterminada do Reino do Norte. Levanta-se então Elias, que confronta 
o povo e a monarquia pela quebra da aliança com Javé, profetizando o juízo, caso não 
houvesse restauração do culto. Elias conclama o povo a derribar altares e abandonar o 
culto pagão, ascendendo à ira de Jezabel e complicando a situação religiosa entre povo 
e monarquia. Mas com o apoio do povo, Jeú obtém sucesso em um empreendimento de 
golpe de estado e toma o governo de Israel, tirando das esferas de poder todos que tinham 
vínculos com Jezabel e seus desmandos, destruindo o templo de Baal e matando todos 
os profetas, sacerdotes e sacerdotisas do templo pagão. A ação de Jeú restaura o culto a 
Javé, mas raízes permanecem no povo e o sincretismo passa a coabitar entre o povo, fato 
condenado posteriormente pelos profetas Amós e Oséias. Os profetas destes períodos 
foram: Aías, Elias, Eliseu, Micaías, Jonas, Amós, Oséias e Odede.
21UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
6. O REINO DE JUDÁ
Neste tópico vamos apresentar de forma resumida a situação política, econômica, 
social e religiosa do Reino do Sul. 
Na divisão dos reinos o reino de Judá termina relativamente como um reino fraco, 
o que a vistas da política externa, fez com que outros reinos desejassem invadir Judá 
e ampliar seus territórios de domínio e assim exercer maior poder. Susac, Rei do Egito, 
que articulou politicamente a cisão dos reinos, utilizou de suas informações privilegiadas 
e empreendeu contra Judá, invadindo-a e saqueando. Calcula-se que mais de 150 
localidades do reino foram atingidas neste ataque ao Reino do Sul (GUSSO, 2003). Essa 
vulnerabilidade era cada vez mais exposta, o que fez que Judá sofresse ataque por muito 
tempo em sua história, como os ataques da Síria, Assíria, Egito e Babilônia. A relação 
com os seus coirmãos do Reino do Norte não era das fraternais e sofria também com as 
instabilidades do Reino do Norte, também sentidas de alguma forma no Reino do Sul. 
Mas Judá parecia aprender com erros do Reino do Norte e administrava as crises de 
forma mais tranquila internamente (GUSSO, 2003). 
As dinastias não tiveram sucesso no Reino do Norte, o que acarretava pontos 
positivos e negativos. Positivos quando apontamos que os governantes eram atentos ao 
povo e evitavam conflitos diretos para não perder seu poder. Negativos, pois não produziam 
políticas de médio e longo prazo por medo de terem seus mandatos interrompidos por uma 
revolução social e consequentemente uma troca no poder. Entretanto, no reino do Sul, as 
dinastias foram quebradas apenas uma vez, e por pouco tempo, quando Atália, esposa 
estrangeira de Jeorão, assumiu o trono após a morte de Acazias, seu filho, e sem sucessão 
hereditária ao trono, fazendo que ela assumisse o posto mais alto da nação.
22UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
Mesmo mais fraco que o Reino do Norte na parte econômica, Judá era mais estável, 
mesmo quando oprimida por impostos pesados dos reinos vizinhos, que obtiveram êxito 
em suas invasões comprando assim sua “liberdade”. No reinado de Uzias (791-740 a.C.) 
a economia local cresce, focada inicialmente na agricultura e cultivo de animais. Poços 
de água são cavados em postos estratégicos junto com torres de proteção a produção 
agrícola. Uzias lutou e reconquistou usinas de cobre e ferro em Elate e estabeleceu 
acordos comerciais com o Egito e com a Arábia. Socialmente, a disposição de renda e 
trabalho manteve a população saudável, bem alimentada e as divisões de classes menos 
discrepantes. Mas com o abandono do culto a Javé no reinado de Acabe, o cenário 
equilibrado sofre mudanças e faz com que Isaías e Miquéias profetizem relacionando a 
situação social à crise religiosa. 
SAIBA MAIS
Atualmente, existe de forma corriqueira uma crise de compreensão sobre a profecia 
bíblica que permeia diversas comunidades de fé, gerando nestes casos afirmações 
equivocadas e interpretações desprendidas de um método de interpretação coerente 
das Escrituras. Conhecer a profecia e o profeta, mas principalmente o contexto em 
que o profeta emitia sua denúncia, é fundamental para uma boa hermenêutica bíblica. 
Os profetas não se esconderam ou eximiram-se de pronunciar a verdade de Deus nos 
contextos históricos e sociais controversos e opressores em que viviam. Mas, pelo 
contrário, profetizaram contra as mazelas sociais e a favor do reestabelecimento da 
religião verdadeira em Javé. Assim, quanto melhor a forma de leitura do conteúdo 
literário profético, melhor serão os impactos em uma espiritualidade bíblica, promovendo 
mudanças em nossos contextos sociais.
Fonte: O autor (2021).
23UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
REFLITA 
O verdadeiro profeta anunciava a ruína do poder estatal e religioso, devido ao detrimento 
moral e espiritual desses (Jr 7; 27-28; cf. 1Rs 22). Os verdadeiros profetas não estavam 
comprometidos com a política estatal, mas com a Palavra de Deus. Por isso, considerando 
o fato de que os Estados judaíta e israelita abandonaram os princípios do verdadeiro 
Deus, os profetas anunciaram sem reservas a destruição desses estados por inimigos. 
Fonte: PETERLEVITZ, Luciano R. Introdução ao Profetismo. Revista Theos – Revista de Reflexão Teológica 
da Faculdade Teológica Batista de Campina. Campinas: 5ª Edição, v. 4, n. 1 - Junho de 2008. ISSN: 1908-0215.
24UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final deste nosso primeiro encontro com a mensagem dos profetas e 
o profetismo no Antigo Oriente. Neste início, conhecemos a importância de um método que 
analise a profecia dentro de um contexto mais amplo e não apenas com leituras voltadas a 
percepção espiritual da mensagem profética. Vimos também os nomes que caracterizavam 
os profetas e características do profetismo individual dentro dos termos nas línguas originais. 
Prosseguimos então olhando os profetas e suas denúncias contra a monarquia 
e opressão ao povo, conhecemos também as realidades políticas, sociais e religiosas de 
Judá e Israel. 
A partir destas compreensões seguiremos avante, agora conhecendo um pouco 
mais afundo cada profeta e sua mensagem. 
Vamos lá?
25UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Teologia do Antigo Testamento
Autor: Paul R. House.
Editora: Vida acadêmica.
Sinopse: Neste material encontramos uma abordagem muito 
completa e detalhada de fatores extrabíblicos que muito colaboram 
nas pesquisas em textos do AntigoTestamento, sendo um material 
indispensável aos estudantes de Teologia.
FILME/VÍDEO 
Título: Israel, a terra do Deus da promessa.
Ano: 2018.
Sinopse: Toda a história de Israel é revisitada e analisada pela 
perspectiva dos dias atuais de dez renomados escritores israelenses. 
Conflitos, religião, amor, diferenças e controvérsias: tudo é explorado 
por algumas das mentes mais interessantes do país.
26
Plano de Estudo:
● O profeta Amós;
● O profeta Oséias;
● O profeta Isaias;
● Os profetas Miquéias e Jonas.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar o aluno dentro dos períodos históricos da Bíblia;
● Abordar o profeta em sua vida, obra e missão;
● Estabelecer a importância da mensagem profética nos campos da religião, política 
e sociedade dos períodos aos quais os profetas estavam inseridos.
UNIDADE II
Profetismo do 
8° Século
Professor Esp. Felipe Fernandes
27UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 27UNIDADE II Profetismo do 8° Século
INTRODUÇÃO
Olá acadêmico (a),
Iniciamos aqui nossa segunda unidade de estudos de nossa apostila, aqui começa 
nossa imersão na vida, obra e missão dos profetas bíblicos. Nesta unidade vamos conhecer 
nomes importantes da bíblia como Amós, Oséias, Isaías, Miquéias e Jonas. Veremos que 
cada um destes profetas se tem seu destaque e merece muito de nossa dedicação nos 
estudos, pois foram relevantes em seu tempo e sua mensagem profética tem verdades 
que perduram até hoje, com colaborações importantes na vivência da fé e da pesquisa 
acadêmica. Conhecer e aprofundar-se nestes nomes pode elevar sua hermenêutica bíblica 
inserindo a você leitor dentro da mensagem e do contexto da mensagem do profeta. O 
convite está feito... Vamos mergulhar no mundo que viveram estes profetas.
Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a 
alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. (Oséias 
6:3) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002).
28UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 28UNIDADE II Profetismo do 8° Século
1. O PROFETA AMÓS
Sobre a biografia de Amós existem poucos dados sobre sua vida antes da profecia 
com poucas informações históricas sobre ele, neste caso apenas conhecemos seu lugar 
de origem, Técua, uma cidade pequena e importante localizada a dezessete quilômetros de 
Jerusalém e mesmo pregando no Reino do Norte, Amós era judeu. Também sua profissão 
o apresenta como alguém do campo, um pastor (noqued), vaqueiro (bôqer) e plantador 
de sicômoros (um tipo de figo). Algumas pesquisas apontam Amós como um homem do 
campo, mas com posses consideráveis e um viajante inteligente no comercio de animais 
e de suas colheitas, caracterizando como um homem viajado e experiente em sua região, 
estes aspectos tornam sua mensagem mais relevante como veremos a seguir. O profeta não 
alimentava relação com grupos de profetas anteriores e sua vocação profética é levantada 
de forma independente.
Logo de início em nossos estudos, precisamos estabelecer uma visão panorâmica da 
época do profeta Amós. Inicialmente no século VIII, os profetas de Israel de grande eminência 
inauguram o período conhecido como dos “profetas escritores”, isso pelo fato de terem agora 
suas profecias escritas em registros literários, apenas este fato já nos aponta a importância 
do profeta Amós em seu tempo. A partir de Amós outros profetas também passam a ter tal 
reconhecimento de sua mensagem profética, desta forma cada vez a profecia destes homens 
a estabelecia relações mais profundas com sua sociedade provando que suas mensagens 
vaticinadas causaram impressões importantes em seus ouvintes.
29UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 29UNIDADE II Profetismo do 8° Século
O primeiro grande diferencial da profecia de Amós que difere de seus pares anteriores 
a ele se dá pelo fato de que Amós não se enquadraria no grupo de profetas reformistas, 
mas o que eram esses profetas reformistas? Os profetas reformistas anteriores a Amós 
entregavam suas mensagens profetas com moderação contra a monarquia e os poderosos 
de seu tempo, crendo em uma espécie de reforma “mudança” dentro da corte através das 
suas profecias. Estes profetas admitiam falhas nas estruturas de poder, mas criam na solução 
de problemas mesmo que não abandonassem essas estruturas (GUSSO, 2003). Em Amós, 
esse prisma e objeto da mensagem mudam, e o profeta então passa a advertir a todos, 
inclusive poderosos de que essas estruturas de poder estão deterioradas, apodrecidas e 
que não havia restauração ou “reforma”, o apontamento do profeta é uma ruptura completa 
da estrutura uma volta urgente a Deus e sua verdade bem como o arrependimento genuíno, 
caso contrário, Deus não perdoaria o seu povo e nem voltaria a agir em favor deles.
Essa ruptura no molde da mensagem profética anterior, a Amós teria sido o motivo 
pelo qual a profecia do profeta em menção seria escrita, como forma de que quando a desgraça 
acontecesse, ninguém pudesse dizer que Deus não tinha anunciado (SICRE, 1992). Outro 
indicativo é que os profetas posteriores a Amós também desejassem manter seus escritos 
por dois motivos: prova e contraprova de que Deus havia avisado anteriormente seu povo 
e por Deus ordenar a seus oráculos que registrassem as ordenanças de Deus os seus 
profetas. Neste sentido, a literalidade iniciada em Amós causará impactos fortíssimos ao 
povo por rememorar as palavras de Deus e aos profetas de suas responsabilidades além de 
seu tempo. Neste período (século VIII) mais profetas de relevância comunicam sua profecia 
e ganham notoriedade no enredo bíblico sendo eles: Oséias, Isaías e Miqueias. 
Para podermos contextualizar a profecia de Amós no âmbito social é preciso 
atenção, pois embora junto a outros profetas (Oséias, Isaías e Miqueias) as estruturas 
sociais são muito parecidas, os problemas sociais também, mas o olhar e o enfoque da 
profecia de cada um deles muda e ressalto mesmo em contextos sociais parecidos. Em 
Amós, a riqueza do Estado era reduzida por meio do trabalho dos mais pobres, mas este 
não era o problema para Amós, já que o fato se dava na opressão e nos soldos injustos 
ante o muito trabalho do povo. A supremacia poderosa extraia dos mais pobres sua força de 
trabalho ao extremo, sem a remuneração que lhes permitissem no mínimo a subsistência 
básica em quanto por outro lado os ricos cada vez mais ricos usufruíam de luxos ignorando 
as situações de extrema pobreza do povo. Por este motivo Amós divide a população de 
Samaria em dois grupos: os “oprimidos” e os que “entesouram” (Am 3.9-12).
30UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 30UNIDADE II Profetismo do 8° Século
 A cidade Samaria está em um caos de opressão tão discrepante que Amós faz um 
convite a seus inimigos mais severos a retornarem a Samaria e contemplarem o tamanho 
desgraça como destaca Sicre (1992): 
Só um público especializado na matéria (em destruir Samaria) é capaz 
de entende-la. Por isso Amós começa convidando os filisteus (Azoto) e 
os egípcios. Para os israelitas esses dois povos são inimigos tradicionais, 
protótipo de opressores. Os egípcios escravizaram Israel antes do êxodo; 
os filisteus, quando se estabeleceram em Canaã. A este público, perito 
em infligir opressão, Amós faz o convite de contemplar o espetáculo da 
opressão (SICRE, 1992, p. 361). 
Por este motivo, como mencionamos na unidade I, que a leitura do contexto agrega 
muito a compreensão de sua profecia, leiamos agora o texto de Amós capitulo três os 
versículos nove e dez:
Proclamai este oráculo nos palácios de Azot, nos palácios do Egito. Clamai: 
Juntai-vos nos montes da Samaria, e vede quantas desordens há nessa 
cidade, quanta violência se pratica no seu seio! São sabem fazer o que é reto 
- oráculo do Senhor - amontoam em seus palácios “o fruto” de suas violências 
e de seus roubos (Amós 3: 9-10, Bíblia, Versão Católica, 2002 ). 
Amós usa então termos muito severos para expressar à situação vivida dada as 
diferenças sociais explícitas na cidadeele as apresenta como mehûmot rabbôt, ou seja, 
grande terror, semelhante ao de guerra. Mas esse cenário apresentado pelo profeta difere-
se muito caso um visitante casual entrasse em Samaria, pois ele veria uma cidade em 
construção, um grande canteiro de obras luxuosas e portentosas. O luxo esbanjador das 
grandes famílias era facilmente notado trazendo então uma imagem de cidade prospera e 
feliz, mas isso não passa pelos olhos do profeta, vejamos: 
Oráculo do Senhor: Por causa do triplo e do quádruplo crime de Israel, não 
mudarei meu decreto. Porque vendem o justo por dinheiro, e o pobre por um 
par de sandálias, porque esmagam no pó da terra a cabeça do pobre, e trans-
viam os pequenos, porque o filho e o pai dormem com a mesma jovem, o que 
é uma profanação do meu santo nome, porque se estendem ao pé de cada 
altar sobre vestes recebidas em penhor, e bebem no templo do seu Deus o 
vinho dos que foram multados (Amós 2:6-8, Bíblia, Versão Católica, 2002 ). 
Por fim, é neste caos que Amós se levante para profetizar contra a injustiça notória 
praticada ao povo e a exploração dos mais ricos por dinheiro, mas Amós aponta que Deus 
vê e agirá diante desta situação. O fim da mensagem de Amós é o consolo do céu ao povo 
que tanto foi oprimido, mas com a certeza que Deus viu seu sofrimento, enviou seu profeta 
e agira em favor dos seus, castigando severamente quem não atendeu a voz de Deus.
31UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 31UNIDADE II Profetismo do 8° Século
2. O PROFETA OSÉIAS
Sobre a biografia de Oséias não existem informações concretas de seu lugar de 
nascimento a história não apresenta sem sua data natalícia nem sua data terminal. Temos 
informações de seu pai (Beeri) e de sua esposa (Gomer). O nome Oséias de acordo com 
Gardner (2012) significa em hebraico “ajuda” ou “salvação”, ele então é o único personagem 
com um nome que faz referência ao termo salvação no Antigo Testamento. A árvore 
genealógica com raízes em Oséias se ramifica em seus três filhos, que assim como Oséias 
recebem nome com forte apego simbólico sendo: Jezrael (Deus semeia), Lo-Ruama (que 
significa Sem Compaixão) e Lo-Ami (que significa Não-povo-meu).
O casamento de Oséias inicialmente é um fato inesperado, uma ordem de Deus 
para que o profeta tomasse para si, Gomer como esposa mesmo sendo ela uma prostituta, 
fato esse que também ganha possibilidades de interpretação dado aos simbolismos que 
envolvem a vida do profeta. Logo no início de seu texto, Gomer engana ao profeta. Posterior 
a este fato, o profeta recebe outra mensagem de Deus que lhe pede que tome outra mulher 
agora e que o profeta cometesse um ato de adultério com ela, fato que foi consumado, 
então o profeta lhe pede uma espécie de celibato e segredo de seu ato (Oséias 3). Nestes 
itens alguns autores diferem, pois creditam a Gomer a posição de meretriz, mas seus atos 
são frutos de uma relação conturbada com o profeta, que levaram atraiçoes mutuas. No 
entanto, Sicre (1992) defende que “essa experiência trágica no casamento serviu a Oséias 
para compreender a relação entre Deus e seu povo”.
32UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 32UNIDADE II Profetismo do 8° Século
A mensagem de Oséias tem relações próximas como vimos no tópico anterior, no 
que tange a profecia e sociedade, com um enredo literário dos profetas voltados a uma 
posição de Deus ante as mazelas sociais as quais o povo estava sendo submetido pelos 
poderosos opressores (KESSLER, 2009). Oséias também tem um olhar diferente ao culto 
religioso e sua profecia também contempla críticas ao culto, que os olhos de Oséias era um 
culto superficial e falso (WOLFF, 2003) somado a rituais a outras divindades que não seriam 
o Deus verdadeiro. O culto a Baal instituído por Jeroboão I quando as tribos do Norte e do 
Sul haviam se separado, já havia se tornado em uma espécie de culto cultural, ou prática 
cultural do período Jeroboão I, que colocará em evidencia imagens de ouro maciço (bezerros) 
fazia com que o povo lhes prestasse adoração. Outra modalidade de culto errôneo notado 
por Oséias se dava nas relações bélicas firmadas entre Israel, Egito e Assíria, essa aliança 
tinha como resultado a manutenção do exército Israelita (defasado) fazendo com que o culto 
e práticas e egípcios e assírios fossem aceitas com uma certa normalidade, dividindo ainda 
mais o culto com Javé. Aliança tríplice entre essas nações conduzem o povo de Israel a um 
erro com consequências penosas diante de Deus, como desta Luis Sicre: 
(...) os israelitas correm perigo ao procurar salvação fora de Deus nas 
alianças com Egito e Assíria, grandes potencias militares que podem 
proporcionar cavalos, carros e soldados. [...] O povo corre atrás deles 
esquecendo a Javé (SICRE, 1992, p. 256).
Diante do erro descomunal do povo em sua relação com Deus, Oséias divide em 
sua profecia-texto sua pregação em três etapas. A primeira apontando pequenos juízos 
de Deus para que seu povo retorne a lei e ao relacionamento estabelecido e esperado por 
Deus, um relacionamento de exclusividade. Nesta primeira, o povo se concertava, mas 
tão logo retornavam aos erros originais e perdiam as bênçãos da obediência a profecia e 
ao profeta (Os 2:9,7; 10-14), assemelhando-se a figura de um casal onde o marido/Deus 
perdoa sua esposa/povo. Num segundo momento de sua pregação, em forma de poesia, 
a mensagem do profeta muda a figura de Deus/esposo para Deus/pai e Israel sendo seu 
filho. Nesta parte Israel/filho se afasta do Deus/pai e prefere os amigos/ Egito-Assíria 
abandonando seus ensinamentos, um protótipo de filho rebelde, pois Israel chega a pedir 
auxílio a Baal ante suas batalhas. Na última etapa de sua pregação, também em poema, 
Oséias inicia com uma exortação, pedindo que o povo se arrependesse e voltasse tão 
logo a Deus e seus preceitos, abandonando os ídolos e falsos deuses já estabelecidos na 
forma de culto cultural na nação, como resultado deste arrependimento da nação Deus a 
curaria, perdoaria e a amaria novamente. 
33UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 33UNIDADE II Profetismo do 8° Século
Essas mensagens situam-se no período final do reinado de Jeroboão II, sua 
mensagem profética entra em ação logo após o exílio de Amós no reino do Norte. Uma 
crise política se estabelece data a alternância na ocupação do trono, Zacaria filho Jeroboão 
é morto assinado por Selum, que logo em seguida é assinado por Manaém (2 ª Rs 15:8-
16) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002). Manaém tem um início de reinado prospero, mas com a 
ascensão de Teglat-Falasar III ao trono da Assíria, Manaém é rendido e tem que comprar 
sua liberdade ao pagar mil pesos de prata (2ª Rs 15:19-20) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002). 
Manaém para resolver o déficit em suas contas aumenta impostos inclusive aos mais ricos 
e sofre forte pressão no trono (GUNNEWEG, 2005). O filho de Manaém, Facéias, assume 
o trono no lugar de seu pai, mas dois anos após sua ascensão ao trono ele é morto. Diante 
de batalhas perdidas aos exércitos de Damasco, então Teglat-Falasar III intervém, ajuda a 
Judá e deporta judeus a Assíria. O povo, agora rendido ante a um opressor mais poderosa, 
fica sem reação e a profecia ganha tons cinzentos quando a esse quadro somasse o 
culto a Baal e o povo literalmente afastado de Deus. Assim concluímos que a mensagem 
do profeta Oséias foi uma mensagem profética entregue ao povo em diferentes formas e 
linguagens, sempre com Deus ansiando de seu povo a compreensão de sua mensagem de 
forma completa. O profeta atende a ordem de Deus e entrega por completo sua mensagem 
tanto para os juízos como para as bênçãos advindas da obediência, mas de fato, o povo de 
coração corrompido e endurecido se afastou da verdade de Javé e colheu as consequências 
deste abandono aos preceitos divinos, sofrendo a duras pagas as consequências de sua 
obstinação em seguir seus próprios conselhos.
34UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 34UNIDADE II Profetismo do 8° Século
3. O PROFETAISAIAS
Neste tópico abordaremos um dos profetas de mais proeminência nos escritos 
veterotestamentários, Isaias. Não existem dados concretos de pesquisa quanto ao seu 
nascimento e educação, mas provavelmente o profeta Isaias tenha nascido e foi educado 
em Jerusalém (GARDNER, 2012). Seu pai chamava-se Amós, mas não podemos afirmar 
uma relação entre o profeta Amós de Técua (SHOKEL e SICRE, 1988 ) o restante de sua 
genealogia segue ainda desconhecida, no entanto, existem suposições de uma relação 
parental com o Rei Uzias (791 a 740 a.C.) isso pelo fato de o profeta ter acesso a corte 
e assuntos a ela relacionada que pessoas comuns não poderiam acessar. Um reforço a 
esta tese se dá pela forma de escrita e literalidade, pois o profeta Isaias tinha consciência 
história de seus escritos e que apontam para valorosa formação acadêmica. 
Sobre a literalidade do profeta Isaias, destaca-se as diferentes formas de escrita 
utilizadas em seu livro e a forma compreensível em que comunicava os oráculos de Deus a 
seu povo. A forma da escrita do livro é esplêndida e rompe em partes com os modelos literários 
do Antigo Testamento até Isaias, para Paul Gardner a escrita de Isaias é “incomparável 
em sua expressão literária” isso pelo uso de seus artifícios retóricos e imagens literárias. 
Esses artifícios retóricos se dão pela facilidade que o profeta tinha de escrever utilizando 
linguagens de guerras, conflitos sociais e vida rural. Somasse a essas ricas características 
um vocabulário muito polido do profeta em sua escrita, fator que reforça a tese anterior de 
um vínculo parental mesmo que distante com a monarquia. 
35UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 35UNIDADE II Profetismo do 8° Século
Por fim em sua literalidade aspectos devem ser levados em consideração na 
hermenêutica das profecias vaticinadas por Isaias como: Personificação da criação (sol, 
lua, montanhas, arvores...) ele também faz uso de expressões apocalípticas, metáforas, 
sarcasmo, aliterações, jogos de palavras, assonâncias e usa até zombarias em seus escritos 
(Is 14:4-23). Quando falamos do uso destes recursos na língua hebraica um desenho do 
profeta como pregador também começa a surgir, e Isaias ganha o caráter de um pregador 
exímio e talentoso, Isaias pregava não para oferecer às respostas as crises de seu tempo 
e sociedade, mas propunha questionamentos, elemento diferencial a ser destacado como 
orador. Isaias como pregador e profeta mostrava-se em seus escritos também como um 
servo temente, piedoso e devotado e sua vocação profética.
O chamado de Isaias acontece com ele ainda muito jovem, neste período Isaias 
desfrutava de uma “piedade juvenil”, ou seja, estava próximo de Deus e sabia que seu 
chamado estando alinhado a este relacionamento íntimo certamente lhe trazia grande 
segurança e convicção. Quatro pilares são estabelecidos tanto na profecia como em sua 
vida devocional, são eles: a) A santidade de Deus; b) a consciência do pecado (individual 
e coletivo); c) a necessidade de um juízo (castigo) e por fim d) a esperança de salvação 
em Deus. Isaias casou-se ainda jovem, mas relatos convictos de que era sua esposa ainda 
merecem ser mais apurados, mas deste relacionamento Isaias tem dois filhos Sear Yasub 
(“Um resto há de voltar”) e Maher Salal Has Baz (“Pronto para o saque, preparado para o 
butim”) (SICRE, 1992), esses nomes também reafirmam a devoção completa a Deus pelo 
profeta. Sobre a família e genealogia de Isaias não temos informações ou fontes confiáveis 
para tal, às informações também vagam quanto a data de sua morte.
A profecia de Isaias no enredo de livro e transmitida pelos copistas da época, colo-
cam Isaias profetizando em três períodos durante o texto, sendo: no reinado de Joatão, no 
reinado de Acaz e no período de minoridade e maioridade de Ezequiel. Em uma proposta 
de síntese da mensagem do profeta Isaias, podemos dividi-la em dois períodos, sendo um 
período mais voltado aos problemas sociais de seu povo e outro com sua profecia voltada 
a questões mais políticas a partir do ano 734 (SICRE, 1992).
Em suas ações proféticas o caráter de denúncia do profeta se dá em partes por 
influência do profeta Amós, mesmo estando em estados diferentes (Norte e Sul), mas 
mantendo-se o mesmo viés de crítica, em que apontavam principalmente as classes 
dominantes e as injustiças sociais que causavam. 
36UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 36UNIDADE II Profetismo do 8° Século
Suas mensagens em oposição a estes fatos alimentavam no profeta a esperança 
de mudança de comportamento dos opressores: “Cessai de praticar o mal, aprendei a fazer 
o bem” (Is 1:17) a mentalidade profética de Isaias vislumbrava essa mudança por parte 
dos opressores. Somando-se a isso a experiência pessoal do profeta ao “ver o trono” é 
um fato marcante no desenvolvimento de sua profecia, e ver como um homem pecador, 
impuro no meio de um povo impuro traz para o profeta uma responsabilidade na mudança 
do cenário ao qual estava inserido e um clamor a obediência primeiramente a Deus, como 
em sua vocação e também em sua mensagem profética. A mensagem do profeta Isaías 
deste modo mesclou repreensões e anúncios de maldições pela infidelidade do povo, com 
conforto e esperança pela restauração futura. Desse modo, o profeta Isaías pregou sobre 
a importância da fidelidade ao Senhor.
Essa mudança proposta pelo profeta em sua mensagem estabelece em Isaias uma 
nova forma de modus vivendi do povo com Deus, no texto de Isaias fica notório que a conversão 
a mudança de erros cometidos no passado está diretamente atrelada a uma relação integra e 
correta com Deus, para o profeta então, Deus não espera palavras de fidelidade e cultos fiéis, 
mas espera obediência integral por parte dos seus causando assim mudanças na sua vida 
cotidiana, isso seriam frutos de uma conversão a Deus por meio da mensagem profética.
Isaias também em sua profecia é alimentado de um messianismo, fato que por 
algum tempo de forma corriqueira era chamado de profeta messiânico, isso pelo fato de 
sua mensagem ter forte apego a vinda de um Messias que reestabeleceria a verdade de 
Deus e sua justiça entre o povo. Muitas de suas mensagens com foco em seu tempo 
apontavam apara um futuro próximo e que foram cumpridos no ministério de Jesus (cf. Is 
53:4-6; 2Co 1:15; Hb 9:26 ) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002). Outro aspecto que podemos 
incluir a estes fatos se dá ao fato que Isaías apresentou Jesus como “o Servo” que traria 
justiça as nações, que restabeleceria a aliança, iluminaria os gentios (no sentido de prover 
salvação a eles), expiaria o pecado de seu povo e, finalmente, ressuscitaria dos mortos 
(Is 42:1-7; 49:1-7; 52:13-53:12) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002). Essa percepção da vinda do 
Messias prometido, fizeram com que o profeta Isaias fosse o profeta mais mencionado no 
Novo Testamento, principalmente quando as pautas direcionavam a pessoa de Jesus e as 
profecias que se cumpriram com perfeição sobre o Messias no Antigo Testamento.
Sobre a morte do profeta, alguns historiadores apontam que Isaías morreu durante 
o reinado do rei Manassés. Se for esse o caso, por este motivo, o nome de Manassés não 
consta na relação de reis em Isaías 1:1 porque talvez o profeta Isaías já não desempenhasse 
mais nenhuma atividade profética neste período. A tradição também afirma que o profeta 
Isaías sofreu martírio sendo serrado ao meio por ordem do próprio Manassés, mas não há 
muitas evidencias a esse respeito.
37UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 37UNIDADE II Profetismo do 8° Século
 Caso de fato tenha ocorrido isso com o profeta, então talvez o escritor do livro de 
Hebreus tenha mencionado seu martírio na galeria dos heróis da fé (Hb 11:37) (BIBLIA 
JERUSALÉM, 2002). 
Por fim, o livro de Isaias está repleto de mensagens proféticas ao seu povo com 
vistas ao futuro, isto também pelo fato do livro de Isaias conter dois blocos de textos 
apocalípticos (Cap. 24-27 e 33-35). A formaçãoabalizada do profeta, sua forma rebuscada 
de escrita, seu vínculo com a monarquia, sua habilidade como pregador, sua percepção e 
crítica social, sua responsabilidade com sua vocação, sua sinceridade de condição diante 
de Deus, sua autoridade, sua audácia, suas convicções e fidelidade a Deus de fato atribuem 
ao profeta características que de fato o elevam de categoria nos textos bíblicos e de forma 
mais que merecida. Nesta pequena amostragem da vida e obra do profeta as páginas 
deveriam exceder-se mais, nossas laudas são poucas, mas que permaneça em nós leitores 
o desejo pela pesquisa do profeta Isaias.
38UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 38UNIDADE II Profetismo do 8° Século
4. OS PROFETAS MIQUÉIAS E JONAS
4.1 Miquéias 
Neste momento apresentaremos uma síntese sobre a vida e obra do profeta 
Miquéias. Nascido em Moreset, aldeia próxima a Judá, a cerca de 35 quilômetros, o profeta 
teve sua formação em um ambiente bucólico/rural vivenciando as experiências e sabedoria 
destes, mas também vivendo conjuntamente com suas agruras e opressões, principalmente 
advindas de latifundiários (SICRE, 1992). Poucas informações apontam para qual seria a 
profissão do profeta e suas condições sociais, mas certamente seria um homem embainhado 
de simplicidade e dado ao trabalho pesado. Em seu ministério, como afirma Wollf (2003) 
o profeta desempenha um importante papel, sendo já um ancião (zaqen) Miqueias parece 
ter se cansado das injustiças que presenciou ao longo de sua vida e que a incomodarão 
com tais fatos o levantassem como profeta de Deus. Seu ministério foi desenvolvido entre 
os reinados de Joatão, Acaz e Exequias, alinhando-se em alguns aspectos a mensagem 
do profeta Isaias, isso entre os períodos de 740-698 a.C. (SICRE, 1992). Durante esses 
reinados, ao levantar sua denúncia profética Miquéias foi muito incisivo contra os opressores 
dos moradores rurais, com veementes ameaças contra latifundiários que exploravam os 
trabalhadores rurais o ambiente em que Miqueias viveu era marcado por latifúndio, altos 
impostos, aldeias saqueadas, roubos, tra¬balhos forçados e prostituição.
A mensagem do profeta em aspectos literários, ou seja, sua escrita está basicamente 
nos capítulos inicias de seu texto, mais especialmente nos capítulos 2 e 3, onde o profeta 
de fato é apresentado como um forte promotor de justiça contra as invasões e apropriações 
das casas dos camponeses. 
39UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 39UNIDADE II Profetismo do 8° Século
A narrativa nos coloca como leitores do livro de Miquéias em um ambiente tenebroso, onde 
os mais fracos, sem condições de qualquer residência ou defesa perdem tudo de forma autoritária. 
Ao abrirmos o livro do profeta Miqueias, deparamo-nos com fortes denúncias e julgamentos 
severos contra as autoridades do seu tempo. À luz de seu sofrimento o profeta acredita que Deus 
não compactua com a realidade notada de injustiça social. Como vemos abaixo:
Escutem bem, chefes de Jacó, governantes da casa de Israel! Por acaso, 
não é obrigação de vocês conhecer o direito? Inimigos do bem e amantes 
do mal, vocês arrancam a pele das pessoas e a carne de seus ossos. Vocês 
são gente que devora a carne do meu povo e arranca suas peles; quebra 
seus ossos e os faz em pedaços, como um cozido no caldeirão. Depois, 
vocês gritarão a Javé, mas ele não responderá. Nesse tempo, ele esconderá 
o rosto, por causa da maldade que vocês praticaram (Mq 3:1-4).
Concluímos então que o profeta Miqueias elabora uma espécie de “Teologia da 
Opressão” onde os opressores serão julgados de forma severa pelo próprio e Deus e 
verão em vida as consequências de seus atos injustos e por outro lado os oprimidos serão 
assistidos pelo próprio Deus e libertos da opressão e injustiça de seus opositores. Quanto 
à morte de Miqueias as informações não são concretas, mas o profeta encerra sua carreira 
com uma mensagem de forte embate contra as injustiças ao povo de Deus.
4.2 Jonas
O profeta Jonas identificado como “filho de Amitai” no início de seu livro, era 
natural da vila de Gate-Hefer, uma região cosmopolita e com diferentes culturas coabitando 
na vila, fato que pode ter sido preponderante no envio de Jonas Nínive. O nome Jonas 
tem o significado em hebraico de “pomba”, esse significado pode ser dado por seu país 
considerarem Jonas uma criança dócil e pacífica, mas também um contraponto a vocação 
dele como profeta ao enviar uma dura mensagem contra os Nínivitas. A época de Elias já 
havia passado e seu sucessor, Eliseu, tinha morrido durante o reinado do pai de Jeroboão 
II. Embora Jeová tivesse usado esses homens para eliminar a adoração de Baal, Israel 
estava se desviando novamente (HOUSE, 2005). O país estava mais uma vez sob o poder 
de um rei que “fazia o que era mau aos olhos de Jeová” (2 Reis 14:24). 
A ida a Nínive é a peça chave do quebra cabeça da compreensão da vocação profética 
de Jonas. A cidade era capital do reino da Assíria, na margem esquerda do rio Tigre, na 
antiga Mesopotâmia, Nínive, cujo nome significava “bela” (também de dimensões territoriais 
extensas). Jonas então é enviado a Nínive para converter o seu povo e, assim evitar a sua 
destruição (Jonas 3:1-10). Mais tarde, é o profeta Naum que descreve a ruína de Nínive, que 
parece ter sucedido por volta de 612 (a.C). 
40UNIDADE I Profetas e Profetismo Bíblico 40UNIDADE II Profetismo do 8° Século
Os Assírios, tradicionalmente tidos como um povo conquistador e cruel foram 
construtores de uma civilização que deixou marcas importantes no mundo antigo, visíveis 
nas suas cidades, como Nínive, Assur e Nimrud. Decaíram a partir do século VII a. C., depois 
de mais de quinze séculos de conquistas e esplendor.
A ida de Jonas a Nínive, cidade fundada por Oannes, por uma ordem divina, em uma 
leitura inicial pode apresentar-nos características de desobediência e covardia por parte do 
profeta, mas também é inegável notar que Jonas teve papel muito importante na história de 
Israel e na expansão do reinado de Jeroboão II (782 a 753 a.C.) (GARNER, 2012). 
Ao que é notado as palavras do profeta Jonas serviram de grande incentivo as 
investidas progressistas e expansivas de Jeroboão II e a recuperação de territórios que 
estavam em domínio dos sírios trouxe de volta parte da glória de Israel como nos dias 
de Davi e Salomão. Embora fatos históricos se assemelham ao livro e são apresentados 
pelo profeta Jonas, alguns teólogos caracterizam o livro como uma alegoria, uma parábola 
destinada a ensinar algumas lições, como por exemplo que Deus é o senhor de todas as 
nações. (GARNER, 2012, p. 372). Este fato é confrontado por outros historiadores que 
apontam Jesus reafirmando a historicidade Jonas ao afirmar que ele ficou três dias no 
ventre do grande peixe (Cf. Mt.12:40) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002), o Cristo entendia a 
história de Jonas como um fato real e que no período do Novo Testamento a narrativa era 
considerada historicamente verídica.
O profeta mesmo podendo contemplar os efeitos da sua mensagem ficou 
desapontado com o ato de “certa maneira” misericordioso de Deus ao ver que seus ouvintes 
se arrependeram como vemos abaixo no texto de seu livro:
E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e 
Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez. Mas 
isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. E orou ao Senhor, 
e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha 
terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus 
compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te 
arrependes do mal (Jn 3:10 e 4:1-2) (BIBLIA JERUSALÉM, 2002). 
Esta sensação de fracasso de Jonas foi para Deus um sucesso na missão do envio 
do profeta, haja vista, é notada a conversão de uma cidade pagã ao arrependimento e volta 
às leis e desígnios de Deus, reafirmando o fato de que Deus é um Senhor de amor, e o 
amor um de seus atributos

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