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Materiais da Indústria da Construção Me. Sandro Melo das Chagas NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Fabio Augusto Gen- tilin e Crislaine Rodrigues Galan. Designer Educacional Tacia Rocha. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira; Erica Fernanda Ortega Editoração Andre M. Freitas; Lavignia S. Santos. Ilustração Natalia de Souza Scalassara; Weling- ton Vainer Satin de Oliveira. Realidade Aumentada Cesar Henrique Seidel; Maicon Douglas Curriel e Matheus Alexander de Oliveira Guandalini C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; CHAGAS, Sandro Melo das. Materiais da Indústria da Construção. Sandro Melo das Cha- gas. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. Reimpresso em 2021. 280 p. “Graduação - Híbridos”. 1. Indústria 2. Construção 3. Materiais. 4. EaD. I. Título. ISBN: 978-65-5615-015-4 CDD - 22 ed. 331.76 CIP - NBR 12899 - AACR/2 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite; Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Este material de estudo foi preparado com o objetivo de apresentar você aos materiais de construção utilizados na indústria da Construção Civil, e ao longo das unidades que você vai estudar, irá conhecer mais e se aprofundar mais sobre cada um dos tipos de materiais que utilizamos intensamente nas obras de Engenharia. Conhecer os materiais utilizados na construção, sua origem, composição, suas características e propriedades, os tipos e locais de uso é fundamental para o profissional que atua na área da engenharia. Cabe ao Engenheiro,ainda, a especificação correta para cada situação, a realização de testes e ensaios para comprovar que a escolha foi a correta, zelar pelo seu armaze- namento e correto transporte, para garantir que, após aplicado, o material atenda suas funções estrutural, estética, de segurança e de durabilidade. Ao longo dos seus estudos, você passará por nove unidades diferentes, em que conhecerá os Agregados (Unidade 1), os Aglomerantes (Unidade 2), o Concreto (Unidades 3 e 4), as Argamassas e Aditivos Químicos (Unidade 5), os Materiais Cerâmicos (Unidade 6), os Materiais Metálicos (Unidade 7), as Madeiras (Unidade 8) e, encerrando nossos estudos, os Vidros e Polímeros (Unidade 9). Aproveite os recursos oferecidos para complementar seus estudos, realize sempre os exercícios e atividades propostas, busque aprofundar sua forma- ção com as sugestões de livros, filmes e links que são apresentados ao longo de cada unidade. Não perca prazos, ficando sempre atento às orientações recebidas, desta forma, seu estudo sobre os materiais de construção será produtivo e eficaz. CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Sandro Melo das Chagas Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de Passo Fundo (1995), Especialização em Gestão Ambiental e Educação para o Desenvolvimento Sustentável na FAISEP e cursando Mestrado em Engenharia Urbana na Universidade Estadual de Maringá - UEM. Atualmente é coordenador do curso de Engenharia Civil nas modalidade presencial e à distância no Centro Universitário Unifamma, e professor na Universidade de Uberaba - UNIUBE, no Polo de Educação a Distância da cidade de Maringá-PR desde 2013, como docente do curso de Engenharia Civil. Agregados 13 Aglomerantes 41 Concreto de Cimento Portland 71 Concreto de CimentoPortland II Argamassas e Aditivos Químicos 99 125 Materiais Cerâmicos 151 Materiais Metálicos Madeira 215 Vidros e Polímeros 245 183 54 Endurecimento do cimento 115 Montagem de peças pré-moldadas 167 As faces de uma telha cerâmica Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Sandro Melo das Chagas • Definir agregados e enumerar os diversos tipos de rochas. • Conhecer a granulometria dos agregados, diferenciar os agregados graúdos e miúdos. • Explorar as propriedades dos agregados e suas aplicações. • Comparar o processo de extração e o beneficiamento dos agregados industrializados e naturais. Definição e Classificação dos Agregados Granulometria dos Agregados Extração e Produção dos Agregados Propriedades dos Agregados Agregados Definição e Classificação dos Agregados Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! A partir de agora, você iniciará o estudo dos materiais utilizados na indústria da construção civil. Nesta primeira unidade, conhecerá os agre- gados, o grupo de materiais mais consumido na construção em todo o mundo. Para começar, você iniciará o contato com os agregados, conhecendo algumas definições e como eles são classificados. 15UNIDADE 1 Definição Agregado é um material particulado, de atividade química praticamente nula, constituído de partícu- las de diversos tamanhos. Estes fragmentos são batizados de “agregados” quando usados no concreto e similares. Em outros usos, podem ter nomes como fíler, pedra britada, bica corrida, entre outros (BAUER, 2013). Ambrozevicz (2012) o definiu como um material granular sem forma ou volume definido, de atividade química geralmente inerte, constituído de dimensão e propriedade adequada para produção de argamassa e concreto. Classificação Para você iniciar seus estudos sobre os agregados, é importante entender que eles podem ser classificados quanto à sua origem, quanto à sua massa específica e quanto às dimensões dos grãos. Quanto à origem Naturais: são aqueles encontrados direta- mente na natureza, onde são extraídos já em forma de grãos ou partículas, necessitando apenas ser lavado e classificado. A areia, o cascalho e os seixos são materiais de origem natural. Industrializados ou artificiais: são os agregados processados a partir da extração de matérias-primas naturais, mas que passam por processos industriais de modificação ou transformação. Considera-se artificiais quando o processo beneficia a rocha sem alterá-la, como a britagem, que ocorre nas rochas de basalto e granito. Os agregados são industrializados quando os processos alteram o material ori- ginal, como a argila expandida e a escória de alto-forno. Figura 1 - Extração da areia Figura 2 - Extração de brita em pedreira A B 16 Agregados Normais ou médios: apresentam a massa es- pecífica acima de 2000 e abaixo de 3000 kg/m³. Neste grupo, estão as britas comuns, as areias e os seixos. Pesados: são aqueles agregados nos quais a massa específica está acima de 3000 kg/m³. Nes- te grupo, encontramos a magnetita, a barita e a granalha de aço. Figura 4 - Agregado normal: Seixos rolados Figura 5 - Agregado pesado: magnetita B C Quanto à dimensão dos grãos Essa classificação remete ao significado de dimensão no sentido de tamanho; é a medida em cada uma das 3 dimensões (eixos x, y e z) de cada grão da amostra. Miúdo: são os agregados cujos grãos passam pela peneira de #4,8 mm e ficam retidos na peneira de #0,150 mm (pelo menos 85% da amostra deve atender estas condições). Como exemplo, pode-se indicar as areias. Figura 6 - Agregado miúdo: areia Fonte: o autor. A Graúdo: fazem parte os grãos que passam pela peneira de #76 mm até ficarem retidos na de #4,8 mm. Assim como no agregado miúdo, no máximo 15% da amostra pode ficar fora destas faixas. Ex.: os cascalhos, as britas e os seixos rolados. Figura 7 - Agregado graúdo: brita Fonte: o autor. B Agora que você já teve um primeiro contato com os agregados, conhecendo algumas de suas carac- terísticas, vamos aprofundar os nossos estudos trabalhando um importante parâmetro que se mede nos agregados, a Granulometria. Quanto à massa específica Essa classificação remete à densidade do material ou à massa específica, conforme as faixas descritas a seguir: Leves: são aqueles que apresentam a massa es- pecífica abaixo de 2000 kg/m³ ou 2 g/cm3. Neste grupo de agregados, encontramos a vermiculita ou vermiculite, a argila expandida, e fragmentos de EVA ou de Isopor.Figura 3 - Agregados leves: pérolas de isopor A 17UNIDADE 1 O estudo da granulometria busca medir e deter- minar a forma do grão do agregado. A maneira utilizada para realizar essas medições é o ensaio de peneiramento do agregado e determinação das porcentagens retidas em cada peneira. São utilizadas uma série de peneiras normalizadas que apresentam malhas quadradas cujo espaçamento atende às especificações da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Para categorizar um agregado, deve-se co- nhecer a proporção de grãos com cada diâmetro presente em determinada amostra. Divide-se, por peneiramento, a massa total em faixas de tama- nhos de grãos e se obtém a massa retida de cada faixa, em porcentagem da massa total. A dimensão das faixas granulométricas das britas variam de acordo com a utilização dela como matéria-prima direta, como em base para pavimentos ou como insumo na composição do concreto, em que a variação de tamanhos tem relação direta com as propriedades desejadas. A combinação dos agregados de diferentes faixas granulométricas entre graúdos e miúdos têm grande importância sobre a qualidade dos concretos e argamassas. Essas proporções influen- Granulometria dos Agregados 18 Agregados ciam para tornar as misturas mais ou menos trabalháveis no estado fresco, assim como obter mistura com maior resistência à abrasão, à compressão ou, ainda, com maior durabilidade quando no estado endurecido. As dimensões dos agregados também afetam a quantidade necessária de água ou de cimento para a realização das misturas que estudaremos nas próximas unidades. Figura 8 - Peneirador mecânico com peneiras fixadasFonte: o autor. Ensaio de Granulometria As especificações dos agregados, tanto graúdos quanto miúdos, estão na NBR 7211:2009 – Agre- gados para concreto – Especificação. Para a de- terminação da granulometria, costuma-se aplicar uma amostra do agregado que se deseja classificar por meio de várias peneiras com espaçamentos de malhas diferentes. As peneiras são dispostas de forma que a ma- lha de dimensões maiores fiquem sempre sobre uma malha menor. Assim, organizam-se as pe- neiras colocando o peneirador primeiramente no fundo e sucessivamente da menor para a maior malha, sendo a maior a última a ser colocada, fi- cando por cima de todas. É nesta que a amostra de agregado será depositada. A vibração aplicada pode ser manual ou me- cânica, por meio de um vibrador elétrico, como você pode ver na Figura 8. As dimensões são pa- dronizadas pela norma, e a frequência de agita- ção e o tempo aplicado seguem orientações para que o ensaio possa ser realizado com qualidade e precisão independente do agregado aplicado e de quem vai realizar os procedimentos. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 19UNIDADE 1 Agregados Graúdos São classificados como agregados graúdos aqueles com dimensão acima de 4,8 mm. O tipo de agregado mais consumido na construção civil é a pedra britada, material que é obtido, principalmente, a partir de rochas ígneas, como o basalto e o granito, por meio de um processo de fragmentação ou fracionamento. Esse material obtido é dividido em diversas categorias devido à sua dimensão final, como você conhecerá a seguir. As peneiras são padronizadas em série normal e série intermediária: a) Série normal: são as peneiras #4,75 mm, #9,5 mm, #19 mm, #38 mm, #76 mm e #152 mm. A razão entre as peneiras da série normal é de 2, ou seja, cada peneira tem uma malha com abertura duas vezes maior que a anterior. b) Série intermediária: são peneiras #6,3 mm, #12,5 mm, #25 mm, #32 mm, #50 mm e #64 mm. São malhas posicionadas entre as peneiras da série normal para possibilitar a definição de outras faixas de exploração comercial. A vibração externa é aplicada no conjunto de peneiras. O agregado vai transpondo as malhas até ficar retido, pois sua dimensão é maior que a abertura da malha da peneira, como você pode ver na Figura 9. Por isso, chamamos de material retido e material passante. A última bandeja (chamada de fundo) sempre é um recipiente que recolhe as partículas menores, que não ficaram retidas em nenhuma das malhas das peneiras. Figuras 9 - Agregados retidos nas peneiras Fonte: o autor. Caro(a) aluno(a), sempre que tiver dúvidas em relação a materiais que são normatizados ou encontrar publicações com valores ou informações divergentes, lembre-se sempre de consultar e priorizar as informações das Normas de Referência. • Para pesquisar a sua descrição, use o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas: http://www.abnt.org.br/ • Se você quiser adquirir a licença de uso de uma Norma ou verificar se a norma está em vigor, qual o último ano de atualização ou se está cancelada (essa opção é muito útil) o site é: https://www.abntcatalogo.com.br/. 20 Agregados A NBR 7211 – Especificação de agregados – define as faixas granulométricas em categorias, baseada no limite superior e inferior das faixas. Essas categorias servem para a comercialização e uso na indústria desses agregados. Quadro 1 – Faixas granulométricas e intervalos das britas NBR 7211 Uso comercial Faixa do agregado Limite inferior da faixa Limite superior da faixa Limite inferior da faixa Limite superior da faixa Pedra 0 4,75 mm 9,5 mm Pedra 1 4,75 mm 12,5 mm 9,5 mm 19 mm Pedra 2 12,5 mm 25 mm 19 mm 25 mm Pedra 3 25 mm 50 mm 25 mm 38 mm Pedra 4 50 mm 76 mm 38 mm 76 mm Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). Agregados Miúdos Quando se fala em agregados miúdos, vamos priorizar o estudo da areia – o material mais usado e mais importante com esse tipo de granulometria. Geologicamente, é um sedimento inconsolidado de grãos em geral quartzosos, de diâmetros entre 0,075 mm e 4,75 mm. As areias grossas são usualmente constituídas de fragmentos de rocha e as areias finas de grãos minerais (AMBROZEWICZ, 2012). A granulometria da areia é a distribuição do tamanho dos grãos em diversas faixas, que podem ser definidas por meio de peneira- mento. Contudo, diferentemente das britas (graúdos), a classifica- ção da areia em relação à sua dimensão de grãos pode ser de duas formas diferentes: • O ensaio de granulometria. • A determinação do módulo de finura, que será abordado adiante. O ensaio de Granulometria considera os agregados retidos nas peneiras da série normal para determinar as dimensões predominantes e classificar a areia (esse método é o mesmo utilizado para classificar os agregados graúdos). Os grãos passantes na pe- neira de #4,75 mm são classi- ficadas como agregados miú- dos. Os intervalos inferiores das peneiras continuam com a razão sendo 2 (0,15 mm; 0,3 mm; 0,6 mm; 1,2 mm e 2,4 mm) (ABNT NM 248, 2003). Na Figura 10, você pode observar uma amostra de areia que foi submetida às peneiras para realização do ensaio granulométrico. 21UNIDADE 1 Diante do procedimento (Figura 10), algumas observações: • Temos 7 recipientes na figura, que são 6 peneiras e um fundo. A 4ª peneira da parte superior no canto direito contém os grãos que ficaram retidos na peneira de #4,75 mm, e já estão na faixa dos agregados graúdos. • O fundo (peça inferior no canto esquerdo) é uma espécie de prato, que serve para recolher as partículas menores (aquelas que passaram por todas as malhas sem ficarem retidas). Essas partículas são chamadas de material passante e são menores que #0,15 mm. • Assim, vamos considerar as outras cinco peneiras da figura. A areia que será ensaiada é a que ficou dividida entre essas cinco peneiras da série normal, sendo a imagem, da esquerda para a direita: 1ª, 2ª e 3ª peneiras na parte superior, e 2ª e 3ª na parte inferior. Por meio do ensaio de granulometria, é possível classificar a areia em faixas, chamadas areia fina, areia média e areia grossa. Figura 10 - Amostra de areia separada no ensaio de granulometria Fonte: o autor. Quadro 2 - Faixas granulométricas e intervalos das areias NBR 6502 Uso comercial Faixa do agregado Limite inferior da faixa Limite superior da faixa Limite inferior da faixa Limite superior da faixa Areia fina 0,06 mm 0,2 mm 0,05 mm 0,3 mm Areia média 0,2 mm 0,6 mm 0,3 mm 1,2 mm Areia grossa 0,6 mm 2,0 mm 1,2 mm 4,8 mm Fonte: adaptado de ABNT NBR 6502 (1995). 22 Agregados Módulo de finura (M.F.) A determinação do Módulo de Finura é um ensaio exclusivo para os agregados miúdos, como a areia. O valor obtido no cálculo caracteriza a medida que o agregado se torna mais fino, e o resultado obtido possui relação com a área superficial do agregado e a quantidade de água necessária para se obter de- terminada consistência. Para se obter o módulo, deve-se realizar a soma das porcentagens acumuladas na série normal dividida por 100. Quadro 3 - Classificação por módulo de finura Classificação Faixas granulométricas Valor do intervalo do Módulo Muito fina Faixa 1 M.F. de 1,35 a 2,25 Fina Faixa 2 M.F. de 1,71 a 2,85 Média Faixa 3 M.F. de 2,11 a 3,38 Grossa Faixa 4 M.F. de 2,71 a 4,02 Fonte: adaptado de Bauer (2013). Você pode observar que, na coluna “Valor do intervalo do Módulo”, as faixas se sobrepõem. Isso é possível, pois é considerado uma área de transposição ou transição entre as faixas nos seus limites inferior e superior. Mistura de Agregados Apesar da indústria convencional preferir priorizar o uso de somente uma granulometria de agregado a cada lote produzido, pelas questões logísticas dentro da indústria, as opções de misturas entre mais de um tamanho são bem-vindas e podem ter resultados positivos. a) Para Agregados miúdos: com a mistura de diferentes granulometrias de agregados miúdos por meio do rearranjo nadistribuição dos grãos, é possível alterar e até melhorar o desempenho da areia. Realizando combinações entre mais de uma granulometria diferente, é possível alterar o peso específico aparente e o índice de vazios e, com isso, modificar as características da areia em misturas de concretos ou argamassas. b) Para Agregados graúdos: com a mistura de diferentes granulometrias de agregados graúdos, corretamente dosados, é possível aumentar a massa unitária total da mistura e, com isso, alterar a quantidade de água e de cimento utilizados, sem perder a qualidade do concreto. 23UNIDADE 1 O estudo das propriedades dos agregados é muito importante, pois somente conhecendo detalhes sobre a massa, a quantidade de vazios, a resis- tência, entre outros que você vai estudar nesse tópico, é possível fazer as escolhas e indicações adequadas sobre qual material é mais adequado para cada situação. Propriedades dos Agregados As propriedades dos agregados podem ser vistas como as características que eles apresentam, originários da sua estrutura ou origem. A partir destas propriedades, é possível indicá-los para os usos mais adequados. As propriedades são rela- cionadas, em sua maior parte, a valores numéri- cos, ou seja, parâmetros que mostram as mais diversas aplicações nos serviços de engenharia Fonte: adaptado de Lara (2013). 24 Agregados Massa Específica A massa específica ou massa específica absoluta é a massa do material que constitui a formação do agregado. Numericamente, é a relação entre a massa de uma determinada quantidade de agrega- do e a soma dos volumes dos grãos componentes, chamado volume real. A massa específica dos agregados mais utilizados é de, aproximadamente, 2.700 kg/m³ (ou 2,70 g/ cm³). Para o granito e para o basalto apresenta valores próximos de 2.900 kg/m³ (2,9 g/cm³). Uma observação interessante é que a massa específi- ca desses agregados é maior que a do concreto endurecido (aprox. 2.300kg/m³), concluindo, as- sim, que o agregado contribui para aumentar o valor da massa final do concreto. Fonte: adaptado de Bauer (2013). Massa Unitária A massa unitária também é conhecida como massa específica aparente ou massa barimétrica. Para a de- terminação desta massa, além da massa dos grãos do produto, considera-se o volume ocupado pela quan- tidade de vazios. Diferentemente da massa específica abordada anteriormente, a massa unitária não possui um valor constante, podendo variar de acordo com o grau de adensamento do agregado. Os valores obtidos na massa unitária são im- portantes na dosagem dos concretos e argamassas, pois servem para transformar os traços de mas- sa em volume e de volume em massa, também servem para realizar o cálculo do consumo dos materiais. Nos agregados miúdos, como a areia, a massa unitária sofre variação de acordo com o teor de umidade, que é chamado de inchamento e que veremos mais adiante, neste material. Para comparar as grandezas das massas espe- cífica e unitária e observar como a presença dos vazios causa uma grande alteração nos resultados, observe os produtos a seguir: • Areia Natural: » Massa Específica: aprox. 2.600 kg/m³ » Massa Unitária: aprox. 1.400 kg/m³ • Brita Comum: » Massa Específica: aprox. 2.700 kg/m³ » Massa Unitária: aprox. 1.500 kg/m³ Para proceder a determinação da massa específica e massa específica aparente, você pode utilizar as seguintes Normas: • NBR NM 45:2006 – Agregados - Determina- ção da massa unitária e do volume de vazios. • NBR NM 52:2009 – Agregado miúdo - De- terminação da massa específica e massa específica aparente. • NBR NM 53:2009 – Agregado graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e absorção de água. Absorção e Porosidade Diferentemente da massa, que é uma propriedade presente no material em qualquer condição a que ele estiver exposto, as propriedades que você vai ver agora, assim como as próximas a seguir, dependem de condições, de aplicações ou de alterações sobre o material para elas serem identificadas. No caso da absorção, é necessário que o ma- terial esteja exposto ou em contato com a água para que esta seja identificada. Já a porosidade está naturalmente presente no material, mas para os nossos estudos ela só será relevante quando ex- posta à presença de água. Vamos, agora, entender cada uma delas: 25UNIDADE 1 • ABSORÇÃO: ocorre devido à presença de poros nos grãos dos agregados. Pode-se definir a absorção como a quantidade de água absorvida até preencher esses poros e tornar o agregado totalmente saturado. Os procedimen- tos para determinar o grau de absorção de um material miúdo devem ser feitos por meio dos procedimentos da NBR NM 30:2001 – Agregados miúdos – Determinação da absorção de água. • POROSIDADE: a porosidade é vista de maneira distinta em agregados graúdos e miúdos. Para os agregados miúdos, é o espaço vazio que fica naturalmente entre os grãos, consi- derando-se uma amostra de agregado. Assim, a porosidade não é do grão, mas sim de uma amostra do agregado. Neste caso, é importante lembrar que a porosidade não é um valor constante, mesmo em uma mesma amostra de agregado, pois ela pode ser alterada pelo adensamento (compactação) que for aplicado naquele agregado. Nos agregados graúdos, considera-se a relação entre o volume de vazios existentes e o volume total do agregado. Outras propriedades que se apresentam de formas semelhantes e são muito comuns de serem confundidas são a porosidade e a permeabilidade. Apesar de ambas estarem relacionadas ao contato com a água (ou qualquer outro fluído) ou a presença de umidade, elas não são a mesma coisa. A permeabilidade é a taxa de penetração de um fluído entre os poros e também se define como a capacidade que o material tem de percolar, de permitir que o fluído atravesse. Desta forma, se tivermos muitos poros, o que identifica uma alta porosidade, mas se esses poros não estiverem interligados, não vai ocorrer o deslocamento do fluído por eles e, assim, mesmo com alta porosidade, a permeabilidade será baixa, chegando até a ser inexistente. 26 Agregados Resistência à Compressão (para Agregados Graúdos) A resistência à compressão é uma característica pre- sente nos agregados graúdos, e os resultados obtidos variam conforme o esforço de compressão exercido paralelamente ou perpendicularmente ao veio da rocha. As principais rochas utilizadas como agrega- do e mais resistentes são o granito e o basalto, com resistências médias acima de 150 MPa, no granito, e acima de 250 MPa, no basalto. Quando não estão disponíveis, a indústria uti- liza outras rochas menos resistentes à compressão, como as sedimentares arenito e calcário. Assim, os calculistas costumam, ao dimensionar, utilizar rochas com a resistência de, pelo menos, 2,5 vezes maior que a resistência do concreto a ser produ- zido. Com efeito, rochas de menor resistência não são excluídas. Elas só servem para produzir con- creto de menor exigência estrutural à compressão. Materiais Pulverulentos Denominamos material pulverulento a quantida- de de material muito fino (composto por siltes e argilas) que, ao ser aplicado no ensaio de granu- lometria, atravessou todas as malhas e não ficou retido em nenhuma das peneiras, inclusive na peneira de #0,075 mm, ficando, então, depositado no fundo do recipiente. A quantidade dos materiais muito finos pre- sentes nos agregados torna necessário aumentar a quantidade de água para se atingir a plasticidade desejada nas misturas de argamassa e de concreto e, consequentemente, pode ocorrer redução na resistência e aumento na retração e na fissuração. Os procedimentos para determinar a presença e quantidade do material pulverulento devem ser feitos por meio do ensaio descrito na NBR NM 46:2003 – agregados – determinação do material fino por lavagem. O granito e o basalto são as rochas preferidas pela disponibilidade na maioria das regiões brasileiras, e como a resistência da rocha é muito mais elevadado que as atingidas pelo cimento ou pelo con- creto, são perfeitamente adequadas para agregar uma resistência adicional à mistura do concreto. Fonte: adaptado de Bauer (2013). Ensaio de Abrasão Simular o desgaste provocado pela abrasão em um agregado é o que se busca determinar com a realização do ensaio de abrasão “Los Angeles”. Para isso, utiliza-se uma máquina “Los Angeles” (Figura 11), que é uma espécie de tambor ci- líndrico e oco que gira em torno de um eixo horizontal. O material a ser ensaiado é introduzido juntamente com a carga abrasiva, que consiste em esferas de fundição, de ferro ou de aço, com, aproximadamente, 48 mm de diâmetro e massa compreendida entre 390 g e 445 g. A quantidade de carga abrasiva depende do tipo de material a ser ensaiado (ABNT NBR NM 51, 2001). O tambor é hermeticamente fechado para impedir a perda de material e de pó durante os giros. Esse ensaio tem como objetivo medir as partículas do material original que se desprenderam devido ao atrito (simulação de desgaste), provocado pelos ciclos de abrasão. 27UNIDADE 1 Para se determinar o índice de desgaste de abrasão “Los Angeles”, deve-se seguir os procedimentos descritos pela NBR NM 51:2001 – Agregado graú- do – Ensaio de abrasão “Los Angeles”. Forma (graúdos) Os agregados graúdos são grãos que não possuem forma geométrica definida, porém pode-se iden- tificar que suas formas, mesmo que irregulares, apresentam proporções entre suas dimensões, que influenciam na sua participação dentro das misturas para o concreto. A análise destas dimensões, como comprimen- to, largura e espessura servem para classificar o material em alongados, cúbicos e lamelares. O que importa, aqui, é a relação entre as dimensões, independentemente do tamanho dos agregados. Para determinar a forma das partículas, usa-se a NBR 7809 - Agregado Graúdo – Determinação do índice de forma pelo método do paquímetro, conforme se pode observar na Figura 12 a seguir: Vista lateral 510 830 12,7 85 305 10040 160 305 12,7 71 0 Vista lateral 510 830 12,7 85 305 10040 160 305 12,7 71 0 Forma Lamelar c/e > 2,4 l/e > 2,4 Forma Alongada-lamelar c/e > 3,0 l/e > 3,0 Forma Cúbica c/e < 1,8 l/e < 1,8 Forma Alongada c/e > 1,8 l/e < 1,8 c - Comprimento l - Largura e - Espessura c l e Forma Lamelar c/e > 2,4 l/e > 2,4 Forma Alongada-lamelar c/e > 3,0 l/e > 3,0 Forma Cúbica c/e < 1,8 l/e < 1,8 Forma Alongada c/e > 1,8 l/e < 1,8 c - Comprimento l - Largura e - Espessura c l e Forma Lamelar c/e > 2,4 l/e > 2,4 Forma Alongada-lamelar c/e > 3,0 l/e > 3,0 Forma Cúbica c/e < 1,8 l/e < 1,8 Forma Alongada c/e > 1,8 l/e < 1,8 c - Comprimento l - Largura e - Espessura c l e Forma Lamelar c/e > 2,4 l/e > 2,4 Forma Alongada-lamelar c/e > 3,0 l/e > 3,0 Forma Cúbica c/e < 1,8 l/e < 1,8 Forma Alongada c/e > 1,8 l/e < 1,8 c - Comprimento l - Largura e - Espessura c l e Forma Lamelar c/e > 2,4 l/e > 2,4 Forma Alongada-lamelar c/e > 3,0 l/e > 3,0 Forma Cúbica c/e < 1,8 l/e < 1,8 Forma Alongada c/e > 1,8 l/e < 1,8 c - Comprimento l - Largura e - Espessura c l e Figura 11 - Máquina “Los Angeles” Fonte: DNER-ME 035/98 (1998, p. 3). Figura 12 - Forma dos agregados Fonte: Silva e Geyer (2018, p. 4). 28 Agregados Teor de Umidade e Umidade Superficial Para identificar o teor de umidade de um agrega- do, você deve calcular a relação entre a água ab- sorvida pelo agregado preenchendo os seus vazios com a massa desse mesmo agregado quando to- talmente seco (acontece quando há ausência total de umidade – secagem em estufa). Se o material apresenta seus vazios parcialmente preenchidos pela água, dizemos que ele está úmido. Já quando todos os vazios do grão estão preenchidos pela água, chamamos o grão de saturado. Conhecer a quantidade de água presente nos agregados é importante, pois ela interfere em mui- tas propriedades e aplicações dos agregados nas misturas. Na areia, mesmo que pareça que ela está seca, em estado natural, contém sempre uma quan- tidade de água que não é visível, que influencia no que chamamos de inchamento. A brita já não sofre esse efeito de inchamento, e mesmo molhada, seca rapidamente, pois os espaços entre os grãos são maiores, facilitando a evaporação da água. A umidade em agregados graúdos A umidade dos grãos pode aparecer do seguinte modo: • Agregado seco em estufa: não possui umi- dade interna ou externa. • Agregado seco ao ar: apresenta somente a umidade interna natural, que preenche parcialmente os poros do grão, não sendo perceptível ao contato no agregado. • Agregado saturado com a superfície seca: não é possível identificar água na superfí- cie externa, mas todos os poros internos do grão estão preenchidos com água. • Agregado saturado: apresenta todos os po- ros saturados, ou seja, todos preenchidos de água e, ainda, possui água livre na super- fície, o agregado está envolvido pela água. Na Figura 13, é possível observar os estados de umidade nos agregados conforme essa descrição apresentada: Seco em estuía Seco ao ar Saturado com sup. seca Saturado Figura 13 - Teor de umidade nos agregados Fonte: Ambrozewicz (2012, p. 59). A umidade superficial é a umidade absorvida pelos grãos dos agregados miúdos, mas que, ao contrário dos agregados graúdos, em vez de preencher os vazios dentro dos grãos, nos miúdos ela envolve o grão e é relacionada diretamente com o seu inchamento. É importante identificar a presença desta umidade superficial, pois o volume da areia com o in- chamento pode aumentar em até 30%, prejudicando os traços de argamassa e do concreto quando medidos em volume. Mesmo quando medido em massa, a água presente no agregado altera a relação dos componentes na composição da mistura. Você vai conhecer, a seguir, como esse inchamento ocorre, como ele pode ser medido e quais os efeitos que ele provoca. 29UNIDADE 1 Inchamento – os efeitos da umidade em agregados miúdos A areia seca absorve a água, que passa a formar uma película em torno dos grãos. Os vazios da areia chegam a ser delgados quanto à espessura da película de água, afastando os grãos uns dos ou- tros, resultando no inchamento (BAUER, 2013). O inchamento pode ser descrito como o au- mento de volume que sofre a areia seca ao ab- sorver a água. Para cada teor de umidade dife- rente, o agregado apresentará um coeficiente de inchamento diferente (relação do volume da areia úmida dividido pelo volume da areia seca). Isto ocorre porque a umidade aderente nas superfícies dos grãos dos agregados miúdos trans- forma estes em partículas com cargas elétricas negativas. Com a mesma carga, por repulsão elé- trica, os grãos naturalmente se afastam, causando o inchamento. Cálculo do teor de umidade Entendendo o que é o inchamento e como ele acontece, você pode calcular o seu valor nume- ricamente: • A massa de água (Mágua), presente nos agre- gados, indica o teor de umidade (h%), calcu- lado como uma porcentagem da massa de material que está completamente seco (Ms); Considerando: » Ms: massa da areia seca » Mh: massa de areia úmida » Mágua: massa de água embutida na areia Podemos calcular: Mágua = Mh – Ms E, assim, calcular a taxa de umidade (h%) presente na amostra utilizada h%= x 100 % Mh -Ms Ms O inchamento é maior nas areias mais finas, pois elas apresentam uma maior área específica e, nes- sas areias, os valores para o inchamento máximo ficam entre 4% e 6%. Para se conhecer o inchamento máximo, repe- tem-se os cálculos, variando a umidade em cada repetição de ensaio e buscando calcular o valor da massa do agregado sob o efeito do inchamento. O valor da menor massa obtida representa a maior taxa de inchamento. O conhecimento sobre o inchamento é muito importante na dosagem dos materiais em volume. Para demonstrar isso, vamos propor uma situação para você: Ao comparar dois recipientes iguais (mesmo tamanho) e encher o primeiro de areia molhada e o segundo de areia seca, aprimeira impressão é de que o recipiente que contém areia molhada pesará mais, pois tem a areia mais a água preenchendo os poros. Isto está certo? Se fossem agregados graúdos, seu raciocínio estaria perfeito, mas para as areias estará totalmente errado! Em igualdade de volume, a areia úmida estará exposta aos efeitos do inchamento, seus grãos estarão afastados uns dos outros e assim vai pesar menos que a areia seca. 30 Agregados Você deve sempre conhecer o teor de umidade nos agregados quando for realizar a dosagem dos concretos e das argamas- sas, pois a presença da umida- de altera o fator água/cimento (conteúdo da Unidade 3), sen- do, muitas vezes, necessário rea- lizar o ajuste da quantidade de água na mistura para se obter a resistência e a plasticidade que foi calculada no dimensiona- mento. Para compensar a pre- sença da água, você pode alterar a quantidade a ser usada como água de amassamento da mis- tura ou, ainda, alterar o volume da areia na confecção do traço, para compensar o inchamento. Para mais detalhes sobre o inchamento e como realizar os ensaios, você pode verificar a NBR 6467:2009 – Determina- ção do inchamento de agregado miúdo – Método de ensaio. 31UNIDADE 1 A extração de agregados graúdos e miúdos possui diferenças devido ao estado em que eles se encon- tram na natureza. Enquanto o principal agregado miúdo, a areia, é encontrada processada natural- mente e pronta para o uso, o principal agregado graúdo, a pedra britada, é extraído em uma forma, depois, processado artificialmente. Extração dos Agregados Miúdos A areia pode ser natural, extraída em jazidas de rio ou em jazidas de cava. No rio, o material está depositado no leito, de onde é succionado por barcas ou barcaças, que podem transportar a areia ou depositá-la na lateral do rio para posterior transporte. Extração e Produção dos Agregados 32 Agregados A extração em cava são areias depositadas em fundos de vale ou nas laterais dos rios, mas que possibilitam a extração por escavação, partindo, assim, para o transporte. Esse tipo de areia, muitas vezes, necessita de lavagem e classificação. Pode ser, ainda, uma areia in- dustrializada, de britagem, obtida no processo de lavagem da brita produzida nas pedreiras. Outra opção de extração é utilizar as areias de praia e dunas, porém, normalmente, não são usadas na construção, principalmente na confecção do concreto, por ser uma areia muito fina, mas prin- cipalmente pela presença do cloreto de sódio, altamente prejudicial para as armaduras de aço. Extração e Produção de Agregados Graúdos A pedra britada ou brita é o agregado industrializado mais inten- samente utilizado na construção civil. Ela é produzida em estabe- lecimentos industriais, conhecidos como “pedreiras”. Extração É necessário se encontrar uma jazida, um local natural com volu- me e qualidade adequado para viabilizar a exploração do material. Normalmente, a exploração ocorre em cavas ou mina a céu aberto. Diversas etapas são necessárias para se extrair as rochas, como: • Remoção de camadas inservíveis sobre a rocha original. • Perfuração para encaixe dos explosivos. • Ruptura da rocha com explosão controlada. • Fragmentação inicial da rocha por meio de explosivos, buscando separar porções menores que possibilitem se- rem manipuladas pelos equipamentos existentes na Pe- dreira. Esse processo é chamado de Lavra. • O tamanho deve ser adequado para que as escavadeiras ou pás carregadeiras depositem o material nas caçambas dos caminhões até as centrais de britagem. Outro limitador à dimensão das rochas transportadas é que suas dimensões sejam adequadas para serem inseridas dentro do britador. 33UNIDADE 1 Na Figura 14, é possível ver um esquema das etapas de produção e classificação em centrais de britagem: Processamento Esta etapa, também conhecida por beneficiamen- to, é quando ocorrem os processos de britagem, rebritagem, lavagem e estocagem dos agregados, nesse momento já prontos para o uso nos serviços da construção civil. Britagem Esta etapa consta de depositar a rocha trans- portada em um britador primário, de mandí- bulas, para a primeira redução do material. Esse britador beneficia as rochas no que chamamos de bica corrida, pedras com dimensões entre 20 a 40 cm. Lavra Bica corrida primária Bica corrida secundária Britador primário Britador secundário Britador terciário Separador de areia Grelha Peneiras de classi�cação Pó de pedra Pedrisco Pedra 1 Pedra 2 Pedra 3 Pedra 4 Areia Restolho Rachão Rebritagem É necessário reduzir a bica corrida ao tamanho dos agregados desejados. Nesta etapa, utiliza-se um britador chamado de secundário, que possi- bilita obter uma regulagem mais precisa. O bri- tador desta etapa pode ser outro de britador de mandíbulas com movimentos circulares, britador de mandíbulas de impacto e um britador de cone (Figura 15). Se necessário reduzir ainda mais a dimensão dos agregados, pode-se repetir nova- mente o processo ou passar por outro britador, adequado para o trituramento mais fino, que seria chamado de britador terciário. Figura 14 - Esquema para produção de agregados Fonte: Freitas Jr. (2013, p. 43). 34 Agregados Lavagem O processo de britagem também gera partícu- las mais finas, com dimensões menores do que se deseja para a padronização de uma faixa de agregados. Esse material precisa ser retirado, pois há limites máximos de sua presença nas faixas de agregados. O processo mais utilizado para a lavagem é a aplicação de jatos de água pressurizados, que vão arrastar o material mais fino. Essa água não deve ser descartada, mas levada para tanques de decantação e utilizada repetidamente no processo. O material decan- tado também é aproveitado para outros fins, após ser retirado e secado. Figura 15 - Diferentes tipos de britadores Figura 16 - Esteiras transportadoras de agregados 35UNIDADE 1 Classificação e Estocagem Após a britagem e lavagem, o agregado é classificado em frações de granulometria semelhante, ba- seado em uma faixa predetermi- nada. O agregado é transportado por esteiras ou peneiras vibrató- rias que direcionam os agregados de tamanho similar para as pilhas de estocagem (Figura 16). Os sis- temas mais modernos permitem retornar a brita para o britador para repetir o processo e se obter lotes específicos de mesma gra- nulometria. Você chegou ao final desta unidade conhecendo muito mais sobre importantes materiais da indústria da construção, que fazem parte do dia a dia da vida do futuro profissional que você se tornará. Encerro esta unidade falando, agora, não como professor, mas como profissional com mais de 20 anos de atuação na cons- trução civil: posso garantir que, independentemente da área que você for atuar, do tipo de obra, do tamanho da cidade ou da região do Brasil em que você possa vir a trabalhar, o conhe- cimento sobre os materiais que você estudará ao longo desta caminhada sempre será lembrado e exigido de você, futuro(a) engenheiro(a), o que torna esse nosso estudo fundamental para sua vida profissional e seu sucesso no desempenho das funções de engenheiro(a) civil. 36 1. Uma amostra de areia média tem massa de 2.935 g quando úmida e 2.700 g após a secagem. Qual é o teor de umidade presente inicialmente na amostra de areia? 2. Muitas vezes, as rochas ígneas, que são mais resistentes, como o basalto e o granito, não estão presentes em determinados locais, e a indústria acaba tendo que utilizar outros tipos de rochas que estão disponíveis nesta região. Baseado neste texto e nos seus conhecimentos, responda: a) Qual a resistência à compressão que as rochas que serão utilizadas na produção dos agregados devem ter para o dimensionamento do concreto? b) Somente as rochas de maior resistência podem ser utilizadas para produzir o concreto? Argumente para embasar sua resposta. 3. As propriedades dos agregados podem ser vistas como as características que eles apresentam, originários da sua estruturaou origem. A partir destas proprie- dades é possível indicá-los para os usos mais adequados. As propriedades são relacionadas, em sua maior parte, a valores numéricos, ou seja, parâmetros que mostram as mais diversas aplicações nos serviços de engenharia (LARA, 2013). Com base no texto e no seu material de estudo, marque se as afirmações a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F): ) ( A massa específica dos agregados mais utilizados é de, aproximadamente, 2.700 kg/m³ para o granito, e para o basalto apresenta valores próximos de 2.900 kg/m³. ) ( A massa unitária é medida considerando a presença dos vazios, e os resultados obtidos são menores que a massa específica, em torno de 2,70 g/cm³ para o granito e de 2,9 g/cm³ para o basalto. ) ( Permeabilidade é a quantidade de água absorvida até preencher os poros e tornar o agregado totalmente saturado. ) ( Para agregados miúdos, a porosidade não é um valor constante, mesmo se tratando de uma mesma amostra, pois ela pode ser alterada pela compactação do agregado. ) ( A Porosidade é a taxa de penetração de um fluído entre os poros, é a capaci- dade que o material tem de permitir que o fluído atravesse. Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 37 O link a seguir remete a um vídeo técnico que permite observar o processo completo de extração e beneficiamento dos agregados em uma Pedreira. É um material muito interessante, pois permite conhecer um pouco mais sobre as britas, que estão entre os materiais de construção mais consumido no planeta. WEB Manual de Agregados para a construção civil Autor: Aldo Benvindo da Luz, Salvador Luiz M. de Almeida Editora: CETEM, 2016. Sinopse: produzido em parceria com a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério das Minas e Energia, o Manual reúne 20 capítulos redigidos por especialistas do CETEM, universidades, empresas de consultoria, empresas do ramo da mineração e siderurgia e órgãos de defesa do meio ambiente. De acordo com os editores, Adão Benvindo da Luz e Salvador Almeida, a mineração de agregados está normalmente inserida na malha urbana, gerando conflitos entre a comunidade do entorno e o minerador, em virtude dos problemas ambientais gerados. Neste contexto, torna-se indispensável uma atenção especial à gestão dos impactos socioambientais, um dos assuntos abordados no Manual. LIVRO Os 33 Ano: 2015 Sinopse: Capiapó, Chile. Um desmoronamento faz com que a única entrada e saída de uma mina seja lacrada, prendendo 33 mineradores a mais de 700 metros abaixo do nível do mar. Eles ficam em um lugar chamado refúgio e, li- derados por Mario Sepúlveda (Antonio Banderas), precisam racionar o alimento disponível. Paralelamente, o Ministro da Energia Laurence Golborne (Rodrigo Santoro) faz o possível para conseguir que os mineiros sejam resgatados, en- frentando dificuldades técnicas e o próprio tempo. Comentário: escavação, extração de minérios, tipos de rochas e solos são as- suntos presentes nesse filme. FILME 38 ABNT 6467:2009. Agregados - Determinação do inchamento de agregado miúdo - Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2009. ABNT 7809:2019. Agregado graúdo - Determinação do índice de forma pelo método do paquímetro. Rio de Janeiro, 2019. ABNT NBR 6502:1995. Rochas e Solos - Terminologia. Rio de Janeiro, 1995. ABNT NBR 7211:2009. Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2009. ABNT NBR NM 30:2001. Agregados miúdos – Determinação da absorção de água. Rio de Janeiro, 2001. ABNT NBR NM 45:2006. Agregados -Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006. ABNT NBR NM 52:2009. Agregado miúdo -Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2009. ABNT NBR NM 53:2009. Agregado graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e absorção de água. Rio de Janeiro, 2009. ABNT NM 248:2003. Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003. ABNT NM 46:2003. Agregados - Determinação do material fino que passa através da peneira 75 um, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003. ABNT NM 51:2003. Agregado graúdo – Ensaio de abrasão “Los Angeles”. Rio de Janeiro, 2001. AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção. São Paulo: Pini, 2012. BAUER, L. A. F. Materiais de construção I. 5. ed. revisada. Rio de Janeiro: LTC, 2013. DNER-ME 035/98. Agregados - Determinação da abrasão “Los Angeles”. Rio de Janeiro, 1998. FREITAS JR., J. de A. Materiais de Construção - Agregados. Curitiba: UFPR, 2013. LARA, L. A. M. Materiais de construção. Ouro Preto: IFMG, 2013. SILVA, D. de A.; GEYER, A. L. B. Análise e classificação da forma do agregado graúdo britado para concreto. Re- vista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, São Paulo, v. 5, Ano 03, Ed. 12, pp. 18-28, 2018. 39 1. Resposta: h%= ( ( 2935 - 2700 ) / 2700 ) x 100 h% = 8,7% 2. Resposta: a) Os calculistas costumam utilizar rochas com a resistência à compressão simples pelo menos 2,5 vezes maior que a resistência do concreto a ser produzido. b) Não, as rochas de menor resistência também podem ser utilizadas, porém só servem para produzir concreto de menor exigência estrutural à compressão. 3. Resposta: a) V. b) F. Os valores são os mesmos da alternativa anterior, de massa específica, só foram alteradas as unidades. c) F. Esse conceito se refere à absorção. d) V. e) F. Esse conceito se refere à permeabilidade 40 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir e classificar os aglomerantes de origem mineral. • Conhecer os tipos de aglomerantes e seus locais de apli- cação, assim como o drywall e seu processo de fabricação. • Compreender a importância do cimento e conhecer suas propriedades. • Identificar as matérias-primas na produção do cimento e conhecer o processo de fabricação. • Classificar os cimentos e conhecer os seus tipos e para que são usados. Definição e Classificação dos Aglomerantes Cal, Asfalto, Gesso e Drywall Produção do Cimento Portland Tipos de Cimento Portland Cimento Portland e Suas Propriedades Me. Sandro Melo das Chagas Aglomerantes 42 Aglomerantes Definição e Classificação dos Aglomerantes Caro(a) aluno(a), é muito bom estar aqui de novo com você! Seguindo sua caminhada pelo mundo dos materiais utilizados na indústria da construção civil, nesta segunda unidade, você vai conhecer o grupo de materiais chamados de aglomerantes. Para começar, você iniciará o contato com os aglomerantes, conhecendo sua conceituação e como eles são classificados. Aglomerantes – Conceituação Aglomerante é o material com função ligante, com características de unir ou aglomerar outros materiais entre si. Normalmente, é um material pulverulento, apresentado em forma de pó que, ao ser hidratado, forma uma pasta densa, com a capacidade de endurecer pela perda da umidade ou devido a reações químicas de endurecimento. É utilizado como elemento ativo na composição das pastas, natas, argamassas e concretos. 43UNIDADE 2 Classificação dos Aglomerantes Classificar corretamente os aglomerantes, enten- dendo como eles podem ser divididos e seleciona- dos é muito importante para escolher os materiais adequados para cada situação de uso. Aglomerante utilizado como componente Os aglomerantes são insumos que podem com- por produtos utilizados na construção civil, como: a) Pasta: o aglomerante recebe adição de água. Ex.: utilizado para rejuntamentos de la- drilhos e azulejos. b) Nata: pasta (aglomerante + água) com au- mento da proporção de água, tornando a mistura mais fluida. Ex.: usada para regularização de superfí- cies mais lisas ou como pintura de baixa qualidade. c) Argamassa: composição de aglomerante + agregado miúdo + água. Ex.: utilizada para assentamento de blocos e tijolos ou como revestimento. d) Concreto: aglomerante + agregado miúdo + agregado graúdo + água. (o concreto será estudado mais detalha- damente na Unidade 3). Quanto à sua origem Os aglomerantespodem ser: a) Orgânicos Ex.: Asfaltos (Betumes) e Resinas. b) Inorgânicos Ex.: Cal, Gesso, Cimento Portland e Ci- mento Aluminoso. Quanto às reações químicas Os aglomerantes são classificados em: a) Ativos: são aqueles que endurecem por reações químicas: • a.1) Aglomerantes Hidráulicos (ci- mento): Não necessitam da presença do ar, reagem e endurecem pela ação exclu- siva do contato com a água – processo chamado de hidratação. São mais resistentes à ação prolongada da água, sendo adequados para utiliza- ção em ambientes externos ou úmidos. • a.2) Aéreos: endurecem devido à rea- ção química com o CO2 (gás carbôni- co) presente no ar atmosférico. Formam misturas pouco resistentes à ação prolongada da água, sendo ade- quados para ambientes secos. b) Inativos (são exceções): endurecem com a perda da umidade, mas que não passam por nenhuma reação química (ex.: argila). Agora que você conheceu como se classifica em relação à utilização, origem e reações químicas dos aglomerantes, vamos avançar nos estudos desses importantes materiais, conhecendo cada um deles nos próximos itens. 44 Aglomerantes Agora, você vai estudar diversos tipos de aglome- rantes diferentes e seus principais usos na cons- trução civil. Procure sempre observar informa- ções que facilitam o entendimento de cada um deles, como a matéria-prima, como é obtido, as características e onde é aplicado! Cal A cal é um produto obtido partir de rochas calcá- rias sedimentares. As rochas são fragmentadas e trituradas e passam por um processo de calcinação – aquecimento a uma temperatura que chega aci- ma de 900 ºC – provocando reações no carbonato de cálcio da composição, transformando-se em grânulos de cal “viva” ou cal virgem, compostos principalmente de óxidos de cálcio e magnésio. Cal viva Conforme explicado, a cal originária diretamente do processo de calcinação se chama cal viva. A cal viva em pedras é armazenada para res- friamento e, posteriormente, será triturada e moí- Cal, Asfalto, Gesso e Drywall 45UNIDADE 2 da para atingir a granulometria desejada. O material obtido é a cal virgem em pó, pronta para ser embalada e comercializada. A cal viva ou virgem não é exatamente um aglomerante utilizado na construção. O óxido deve ser hidratado, transformando-se em hidróxido, que é o constituinte básico do aglomerante cal. Essa hi- dratação forçada recebe o nome de extinção e o hidróxido resultante denomina-se cal extinta (é chamado assim quando é realizado no canteiro de obra) ou se denomina cal hidratada (chamada assim quando esta extinção ocorre na indústria produtora do material) (BAUER, 2013). A cal virgem (Figura 1) pode ser denominada conforme requisitos químicos e físicos atingidos durante seu processo de fabricação em: • Cal virgem especial: CV-E; • Cal virgem comum: CV-C; • Cal virgem em pedra: CV-P (ABNT NBR 7175:2003). Figura 1 - Cal virgem comum e em pedra Cal hidratada A cal virgem armazenada na indústria é transportada para a fase seguinte do processo: a hidratação. Nesta fase, ocorre a reação de hidratação do óxido de cálcio e óxido de magnésio, que se transformam em Hidróxido de Cálcio [Ca(OH2)] e Hidróxido de Magnésio [Mg(OH2)]. Isto acontece quando a cal virgem entra em contato com a água [H2O]. Após a hidratação, um novo produto se forma: a cal hidratada pronta para ser embalada ou comercializada a granel. A qualidade da cal hidratada é obtida por meio do controle das matérias- -primas e dos processos produ- tivos. Ela pode ser denominada conforme requisitos químicos e físicos atingidos durante seu processo de fabricação em: • Cal hidratada: CH-I; • Cal hidratada: CH-II; • Cal hidratada: CH-III (NBR 7175:2003). • Extinção da Cal Para proceder a extinção da cal, adiciona-se duas a três partes de água para uma parte da cal. Esse processo gera calor e, após con- cluído, os grãos se transformam em uma massa branca pastosa, a partir deste momento é chama- da de cal hidratada. O uso da cal viva ou virgem, na construção civil, foi muito comum até meados dos anos de 1990. Era comum encontrar, nas obras, as caixas de madeira construídas sobre o solo, com capacidade para centenas de quilos de material, para pro- cessar a hidratação da cal com água e deixar a mistura pastosa depositada pelo tempo necessá- rio para ocorrer a extinção. Nos dias atuais, esta forma da cal está em desuso, seja substituí- da pela cal hidratada, já pronta para o uso, ou até por argamassas já misturadas, como as argamas- sas usinadas, que serão estudadas na Unidade 5 deste livro. 46 Aglomerantes A cal hidratada é utilizada, principalmente, na composição das argamassas, em que são adi- cionados água e agregado miúdo. Após a adição da água nesta mistura, o endurecimento da cal ocorre com a evaporação da água e depende do contato com o ar atmosférico, por isso é também chamada de cal “aérea”. A presença da cal em uma mistura aumenta a plasticidade da argamassa e, consequentemente, aumenta a sua trabalhabilidade. Como retentor de água, ela minimiza a retração na secagem e facilita a ligação entre a argamassa de assenta- mento e os blocos da alvenaria ou entre as etapas da argamassa de revestimento (será retomado na Unidade 5 – Argamassas). Diferentemente do cimento, material de uso prati- camente restrito à construção civil, a cal é utilizada para diversos usos em outras indústrias e ativida- des, como na fabricação de aço; tratamentos de água, para elevação de pH; celulose e papel, para branquear o papel; na produção do açúcar; como na produção da cerâmica, do couro, etanol, tintas, produtos farmacêuticos e alimentícios. As principais normas a ser consultadas sobre a cal são: • NBR 6453 - Cal virgem para a construção civil. • NBR 7175 - Cal hidratada para arga- massas. Asfalto O asfalto é encontrado no petróleo cru, onde se encontra dissolvido. Diversos processos de be- neficiamento produzem uma grande variedade de produtos, muitos deles com uso intenso na construção civil. Os asfaltos são aglomerantes com boa ca- pacidade de ligação, com adesividade rápida, com boa impermeabilidade e durabilidade. É um material hidrófugo, repelente à água. Pro- porciona um material com boa resistência ao ataque pela maioria dos ácidos, álcalis e sais (BAUER, 2013). O asfalto utilizado em pavimentação é um ligante betuminoso (Figura 2), derivado da des- tilação do petróleo, sendo um adesivo termovis- coplástico, impermeável à água e pouco reativo (BERNUCCI et al., 2010). Caro(a) aluno(a), é importante que você com- preenda que a cal hidratada tem vantagens quando comparada com a cal virgem, como a facilidade de manuseio, de transporte e de ar- mazenamento. É um produto já pronto para ser usado, eliminando a realização do processo de extinção em um canteiro de obras. Fonte: adaptado de Bauer (2013). Figura 2 - Asfalto em forma líquida 47UNIDADE 2 Os asfaltos são usados em obras de pavimentação, em forma de emulsão em pinturas impermeabilizan- tes, como isolamento elétrico e impermeável, entre outros usos. Você pode encontrar os asfaltos em quatro tipos diferentes: a) Cimento asfáltico • Natural (conhecido como CAN). • Obtido da destilação do petróleo, cha- mado de CAP (cimento asfáltico de pe- tróleo). É um material termoplástico, com consistência entre firme (semissólido) e rígido (sólido), quando exposto à temperatura ambiente. Quando aquecido, torna-se fluído, facilitando a sua aplicação. O CAP é produzido a partir de compostos de as- falto e óleo residual, destilado em baixa temperatura sobre vácuo. É necessário aquecer a mistura a uma temperatura em torno de 250 ºC para a realização do processo. b) Asfalto líquido Podem ser de cura lenta, média ou rápida. • Cura lenta: mistura de cimento asfáltico e óleos. O endurecimento acontece de forma lenta por meio da evaporação do óleo, possibilitando que o material atinja a consistência final desejada. • Cura média: mistura de cimento asfáltico com um solvente hidrocarbonado.Como o solvente utilizado apresenta um médio grau de volatilidade (próximo ao que- rosene), esses asfaltos endurecem mais rapidamente que os anteriores. • Cura rápida: mistura de cimento asfáltico mais rígido que os anteriores, com um solvente altamente volátil (próximo à ga- solina). Devido a esse processo, torna-se um material que endurece mais rapida- mente entre os tipos de asfalto. c) Emulsão asfáltica Mistura de cimento asfáltico e água (entre 30 a 45% de água), devidamente homogeneiza- dos, podendo ter a adição de um emulsifica- dor ainda no processo de fabricação. d) Mantas asfálticas Um produto à base de asfalto muito utiliza- do na construção civil são as Mantas asfálti- cas. Elas são produtos modificados com ou sem armadura (véu ou tecido de reforço), impermeáveis, fabricadas em rolos e são utilizados como revestimento para imper- meabilização. • Quanto à aplicação no substrato, as man- tas podem ser do tipo: totalmente aderi- da, parcialmente aderida ou não aderida ao substrato. • Quanto ao sistema de aplicação, as man- tas podem ser aplicadas a quente (Figura 3), amolecidas com o uso de um maça- rico de chama ou aplicada a frio, onde a fixação e união entre os rolos se dá por contato com um adesivo inserido na manta durante a fabricação. Figura 3 - Manta asfáltica aplicada a quente 48 Aglomerantes Gesso O gesso apresenta-se em forma de pó muito fino de cor branca, originário do processamento da Gipsita. A Gipsita (CaSO4.2H2O) é calcinada em um forno em temperatura de 180 ºC até 300 ºC, dependendo do uso pretendido, e triturada para formar o gesso. O processo de pega do gesso inicia com 2 a 3 minutos após a mis- tura com a água e dura de 15 a 20 minutos. Esse processo apresenta liberação de calor. Já o aumento de resistência do gesso pode durar semanas e é determinado por: • Tempo e temperatura de calcinação da gipsita. • Finura do gesso. • Proporção de água utilizada para a mistura. • Ausência de impurezas. Outras utilizações cada vez mais frequentes para o gesso é o uso em peças pré-moldadas de acabamento (Figura 4), como placas para forro, peças irregulares (sancas, capitéis, roda forros) e como blocos, inclusive com a fabricação de blocos estruturais autoportantes. O gesso é um aglomerante aéreo que pode ser aplicado misturado diretamente com água, em uma pasta bem plástica, formando uma superfície lisa e livre de imperfeições, de ótimo acabamento, empregado para acabamento final do revestimento em forros e paredes. É utilizado em forma de argamassa, misturado com areia e água. O gesso apresenta, naturalmente, um rápido endureci- mento, pois permite a fabricação de produtos sem tratamento ou aditivos de aceleração. Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). Figura 4 - Molduras de gesso 49UNIDADE 2 Drywall Chapas tipo “drywall” são painéis ou placas de gesso acartonado. Tra- tam-se de painéis compostos por um miolo de gesso hidratado e re- vestidos por lâminas de um papel cartão semelhante a um papelão. Os painéis são usados para a construção de paredes, forros e revestimentos em áreas internas em todos os tipos de construção predial (Figura 5). Você pode encontrar inúmeras vantagens ao comparar o drywall com a alvenaria tradicional, como as que estão destacadas a seguir: • Execução rápida e fácil de trabalhar. • Baixo desperdício e facilidade para reforma, manutenção e re- paros. • Material muito versátil, que possibilita a construção de diversos tipos de paredes para qualquer tipo de ambiente interno, até mesmo paredes curvas. • Oferece uma superfície lisa e pronta para o acabamento que se deseje aplicar, seja pintura, azulejo ou outro tipo de revestimento. • Pode ser usada em áreas úmidas, como banheiros. • Apresenta uma boa performance acústica, térmica e de resis- tência ao fogo. Tipos de Chapas As chapas de drywall são classificadas conforme o local de uso ou desempenho a que elas são indicadas: • Chapas cor verde - garantem resistência à umidade. • Chapas cor rosa - oferecem mais resistência ao fogo. • Chapas que oferecem maior resistência a impactos. • Chapas para paredes e forros curvos. • Chapas drywall perfuradas que garantem absorção acústica e são peças de design decorativo (usadas em restaurantes, salões e outros ambientes onde a reverberação do som pode causar desconforto (DRYWALL, [2020], on-line)1. 50 Aglomerantes As principais normas a ser consultadas sobre o dry- wall são: • NBR 14.715:2010 – Chapas de gesso para drywall – Requisitos e Métodos de ensaios. • NBR 15.217:2018 – Perfilados de aço para sistemas construtivos em chapas de gesso para Drywall – Requisitos e Métodos de en- saios Cal hidratada para argamassas. • NBR 15.758:2009 – Sistemas construtivos em chapas de gesso para Drywall – Projeto e procedimentos executivos de montagem. Apesar de serem materiais distintos, os aglomerantes estudados, como o gesso e a cal, possuem caracterís- ticas semelhantes e, em algumas situações, podem até um substituir outro. Os asfaltos são muito mais versáteis, usados como matéria-prima em alguns compostos e como material final acabado em outros, é um material que praticamente não tem substitutos com a mesma qualidade ou com o mesmo custo. Assim, encerramos o estudo desses aglomerantes, preparando-nos para o próximo material a ser estu- dado, o importante e altamente consumido cimento. Figura 5 - Paredes com chapas em Drywall 51UNIDADE 2 Chegamos ao mais importante e utilizado aglo- merante, o cimento. Estude com atenção, pois o conhecimento que você vai adquirir a partir de agora será utilizado sempre, durante toda a sua carreira como Engenheiro Civil. Cimento Portland e suas Propriedades 52 Aglomerantes Definição O cimento Portland é um aglomerante fino e pulverulento que endurece com a ação da água. É obtido por meio da moagem do clínquer – um produto resultante da calcinação da mistura de cal- cário e argila. Os constituintes fundamentais para a formação do clínquer são a cal, a sílica, a alumina e o óxido de ferro, que consti- tuem, aproximadamente, 95% do material original. A NRB 16697:2018 complementa que o cimento Portland é um aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer, ao qual se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a moagem, é permitido adicionar, a esta mistura, materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-forno e/ou materiais carbonáticos. As principais propriedades estão divididas entre propriedades físicas e químicas. As propriedades podem ser consideradas, tam- bém, sob três condições distintas: • As propriedades do produto cimento, em sua condição em pó. • Na mistura do cimento com a água em forma de pasta. • Na mistura incluído os agregados formando a argamassa. Densidade A densidade absoluta é considerada próxima de 3,15, podendo variar para valores menores. Esse valor é utilizado nos cálculos de consumo do produto nas misturas feitas com base nos volumes dos componentes do traço. A densidade aparente, no manuseio do produto ou quando é armazenado, fica em torno de 1,5 Finura A finura é uma propriedade relacionada ao tamanho dos grãos do produto. É definida de duas maneiras: a) Pelo tamanho máximo do grão retido em um processo de peneiramento específico. b) Pelo valor da superfí- cie específica, que é a soma da superfície dos grãos em uma deter- minada amostra. O aumento da finura melhora muitas propriedades, como au- mento da resistência, principal- mente na primeira idade; diminui a exsudação (separação espontâ- nea da água da mistura); melhora a impermeabilidade; e melhora a trabalhabilidade dos concretos. Contudo, o aumento da finura apresenta resultados não deseja- dos, como um maior calor de hi- dratação, maior retração e maior ocorrência de fissuramento. O ensaio para avaliação da finura do cimento mais uti- lizado é descrito pela NBR 11579:2013 – Cimento Portland – Determinação da finura por meio da peneira 75 µm (nº200). O objetivo do ensaio é de- terminar a finura por meio do peneiramento, pelos procedi- mentos manual e mecânico. É determinada a porcentagem, em massa, de cimento cujas dimensões dos grãos são supe- riores a 75 µm (fração retida) (NBR 11579:2013). Os procedimentos para rea- lizar o ensaio podem ser obser- vados passo a passo, conforme descrição apresentada na NBR 11579:2013. 53UNIDADE 2 Exsudação Exsudação consiste na separação que ocorre entre a água e os demais componentes da mistura, que se separam naturalmente pelo efeito conjunto da diferença de densidade entre o cimento e a água. Os grãos de cimento, mais densos que a água que os envolve, tendem a apresentar uma sedi- mentação. Como resultado dessa tendência de movimentação dos grãos para baixo, ocorre um afloramento do excesso de água, expulso das por- ções inferiores (BAUER, 2013). Como efeitos da exsudação, temos alterações que prejudicam a uniformidade, a resistência e a durabilidade dos concretos. Tempo de Pega Tempo de pega é o aumento da resistência me- cânica de uma mistura no início do processo de endurecimento. O tempo para o “início da pega” é muito importante para a produção dos produtos que utilizam cimento, e é medido desde o instante em que a água e o aglomerante são misturados, até o momento em que se iniciam as reações químicas no aglomerante. Quando se está utilizando o cimento, para fa- cilitar a percepção do tempo para o observador, define-se como o instante que a pasta perde sua fluidez, onde apresenta um aumento progressivo da viscosidade em pouco tempo, até apresentar uma determinada consistência que impossibilita a sua utilização em nova aplicação. É importante sempre observar que esse processo ocorre acom- panhado de um aumento de temperatura na mis- tura, conhecido como calor de hidratação. A Pega e o Endurecimento são dois aspectos que fazem parte do mesmo processo de hidratação do cimento, só que observados em momentos diferentes – a pega é o início do processo e o en- durecimento segue até o final do processo. Com um certo tempo após a realização da mistura (que depende do tipo de cimento), o processo da pega alcança um estágio em que não é mais trabalhável e não permite mais a remistura. Fonte: adaptado de Bauer (2013). Determinar o início e o fim da pega é muito im- portante, pois o tempo transcorrido entre eles equivale ao tempo que os envolvidos no proces- so de produção terão para misturar, transportar, lançar e adensar as argamassas ou o concreto. Também é possível, com o fim da pega e o início do endurecimento, permitir-se circular por sobre a peça ou local concretado. A Figura 6 retrata a sequência das transformações químicas que acontecem nos grãos de cimento, descritos a seguir (iniciando nas partículas de ci- mento, do lado esquerdo da figura): 54 Aglomerantes 1. Partículas de cimento originais, não hidratadas. 2. Ocorre a hidratação das partículas. 3. Após a hidratação, espera-se o tempo necessário para o início da pega. A partir deste momento, ocorre a liberação do calor e o início da formação do gel. 4. Ocorre a formação de cristais a partir dos grãos de cimento. 5. A formação das agulhas a partir dos grãos aumenta até se encontrar e se entrelaçar com agulhas originárias de outros grãos. Nesse momento, começa a transição entre a pega e o endurecimento 6. Concluída a cristalização, o processo de endurecimento está ocorrendo. O cimento continua ganhando resistência por mais de dois anos. Alguns pesquisadores afirmam que o aumento de resistência continua acontecendo para sempre, mesmo que em valores muito pequenos, difícil de ser medido. Figura 6 - Reações químicas do cimento após a hidratação Fonte: adaptada de Mehta e Monteiro (1994). Endurecimento do cimento Depois de hidratado, as reações químicas que acontecem são irre- versíveis e não podem ser interrompidas ou paralisadas – podem ser somente desaceleradas, mas elas vão continuar acontecendo até o processo de endurecimento total. Existe, também, um ensaio para determinação do tempo de pega descrito pela NBR 16607:2018 – Cimento Portland – Determinação do tempo de pega. O objetivo do ensaio é estabelecer um método de determinação do tempo de pega da pasta de cimento Portland utilizando o aparelho de Vicat (ABNT NBR 16607:2018). Formação de agulhas/cristais Partículas de cimento Até o estado endurecido Água Formação de gel Agulhas se aglomeram mais, por meio de hidratação Partículas de cimento com adição de água Liberação de calor Calor externo 55UNIDADE 2 Resistência à Compressão A resistência do cimento é avaliada de duas for- mas diferentes: • O tempo de endurecimento: Para se medir o tempo de endurecimento, é ne- cessário registrar a quantos dias o cimento foi mis- turado com água e quando as reações químicas se iniciaram. Os cimentos tradicionais possuem uma resistência inicial que pode ser medida aos 3 dias; uma resistência intermediária (um pouco acima dos 50%), obtida aos 7 dias; e a resistência final aos 28 dias. Apesar de se reconhecer que o cimento continua ganhando resistência por muito mais tempo, foi considerado os 28 dias como o prazo onde o cimento deve atingir a sua resistên- cia máxima de projeto. Os valores mínimos de resistência à compres- são devem ser garantidos pelo fabricante do ci- mento para ser atingido após 28 dias de cura. Esses valores, que chamamos de Classe de Outras Propriedades Químicas São as propriedades ligadas diretamente ao processo de endurecimento por hidratação. Podemos citar como propriedades: • Estabilidade: propriedade ligada à ocorrência de expansões volumétricas após o endurecimento. • Calor de Hidratação: é o calor dissipado durante o processo de endurecimento do cimento devido às reações de hidratação (já foi descrito, pois fazia parte de outras propriedades). Neste tópico, conhecemos diversas propriedades do cimento, que são responsáveis diretas pela quali- dade, versatilidade, resistência, enfim, pelas características que esse incrível material apresenta, possi- bilitando que ele possa ser aplicado em inúmeras situações. Resistência, dependem dos processos de fabri- cação, como as adições realizadas e a finura da moagem do cimento. A resistência é medida em MPa (Mega Pascal), e as classes são divididas em 25 MPa, 32 MPa e 40 MPa. • Medição da resistência à compressão: O ensaio para determinar a resistência à com- pressão do cimento mais utilizado é descrito pela NBR 7215:2019 – Cimento Portland – Determi- nação da resistência à compressão. O objetivo desta norma é definir os proce- dimentos para a determinação da resistência à compressão do cimento Portland. O método utiliza corpos de prova cilíndricos com 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura. Os corpos de prova devem ser curados por 28 dias e, poste- riormente, ser testados até sua ruptura em uma máquina de ensaio para compressão capaz de aplicar cargas de maneira contínua, sem cho- ques, à velocidade constante de ensaio (ABNT NRB 7215, 2019). 56 Aglomerantes Agora você vai conhecer todas as etapas e pro- cessos que ocorrem desde a extração das ma- térias-primas até o cimento estar pronto para a comercialização. As plantas industriais são de grandes dimen- sões; isso vem de diversas razões que se somam. Primeiramente, como o processo de licenciamen- to é bastante complexo, a energia dispendida, as- sim como os recursos consumidos para licenciar uma pequena indústria ou uma de grande porte, é muito semelhante. Outro fator é a dinâmica do mercado de cimento, onde as grandes corporações nacionais e muitas multinacionais dominam o mercado e acabam adquirindo as empresas me- nores que se aventuram a competir neste mer- cado. Por fim, como o valor unitário do cimento é relativamente baixo e os equipamentos para a instalação da indústria são caríssimos, só se torna viável a produção se for em uma escala da pro- dução muito elevada, o que leva à instalação de grandes plantas industriais (Figura 7). Produção
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