Buscar

2 Genese da Idade Moderna

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História Moderna
Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura 
Atlantica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Edgar da Silva Gomes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
5
• Introdução
• O Ocaso do Império Romano do Oriente: A Queda de 
Constantinopla (1453)
• As grandes navegações: descobrimento do novo 
mundo
Procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado, lembre-se que ele é a base para as 
questões e avaliações. Para saber mais sobre o assunto leia o material complementar. Não 
esqueça: a leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas, por isso não deixe 
de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. 
Para que a sua aprendizagem ocorra em um ambiente mais interativo possível, na pasta de 
atividades, você também encontrará a atividade de sistematização, o fórum de discussão.
 · Nesta unidade vamos aprender um pouco mais sobre alguns 
temas importantes para a reflexão sobre a História Moderna. 
Trata-se dos temas fundantes da Idade Moderna e que vão 
auxiliá-lo na compreensão do desenvolvimento desse período 
(sempre) em movimento, e que busca através de novos recortes 
e abordagens aprimorar e compreender a história que nos foi 
legada pelos nossos antepassados em suas relações políticas, 
econômicas e sociais. 
Genese da Idade Moderna: Do bloqueio 
do Bósforo à aventura Atlantica
• A Inglaterra invade o Novo Mundo
6
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
Contextualização
Para nos contextualizarmos com o assunto desta unidade, refletiremos sobre um passado tão presente 
por meio de uma entrevista sobre o filme Fetih 1453, que levanta o debate sobre o neo-otomanismo, 
e da letra da música do compositor Taiguara, Descoberta da América.
Reflexões sobre o passado com elementos do presente. 
1) Sobre Fetih 1453.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=5HoR9_VdAXc
Artigo sobre o filme: http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/filme-sobre-tomada-de-constantinopla-
reaviva-debate-sobre-neo-otomanismo
2) Música do compositor Taiguara: Descoberta da América.
http://musica.com.br/artistas/taiguara/m/descoberta-da-america/letra.html
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/filme-sobre-tomada-de-constantinopla-reaviva-debate-sobre-neo-otomanismo
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/filme-sobre-tomada-de-constantinopla-reaviva-debate-sobre-neo-otomanismo
http://musica.com.br/artistas/taiguara/m/descoberta-da-america/letra.html
7
Introdução
Os intelectuais medievais tinham se interessado mais pela teologia, filosofia e lógica do que 
pelas ciências naturais ou exatas de ordem prática, que podiam transformar o ritmo da vida 
que levavam as sociedades. Não costumavam questionar empiricamente os dados recebidos 
da antiguidade clássica, deixados, por exemplo, por gregos como Claudio Galeno (129-217 
a.C.), um importante médico e filósofo da antiguidade, ou Aristarco de Samos (310-230 a.C.), 
astrônomo e matemático precursor da teoria heliocêntrica. 
Os cálculos de Aristarco, no século III a.C., dos tamanhos relativos da Terra, Sol e Lua, a 
partir de uma cópia grega do século X.
Fonte: Wikimedia Commons
Nos séculos XIV e XV, a Europa viveu debaixo de grandes convulsões político-sociais que 
dizimaram grande parte da população de países como a Inglaterra, França, Itália, Portugal, entre 
outros. Os principais motivos foram a Guerra dos Cem Anos (1137-1453), entre Inglaterra e 
França, e a Peste Negra1 , que provocou a escassez de mão-de-obra nos campos e o esfacelamento 
da economia feudal em grande parte da Europa. As provações da Peste Negra, a fome e as 
guerras provocaram transformações econômicas e sociais, e não podiam de deixar de agir sobre 
a forma de pensar do homem.
Mentes perspicazes como as de Tomás de Aquino e Duns Escoto, pais da escolástica, não 
se detiveram sobre as ciências naturais, isso coube aos humanistas do renascimento, mais 
racionalistas e menos adeptos das teorias sobrenaturais que explicavam o homem e a sociedade 
medieval. O renascimento, evento localizado no ocaso da baixa Idade Média e nos primeiros 
séculos da Idade Moderna, transformou a visão que o homem tinha do mundo e revolucionou 
as ciências política, econômica e natural. Surgiu, ainda, a imprensa, descoberta que possibilitou 
que se propagassem as novas ideias com maior velocidade. 
1 A pandemia de peste bubônica, popularmente conhecida como Peste Negra, que assolou a Europa no século XIV, matou 
aproximadamente 75 milhões de pessoas
8
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
A queda do Império Romano do Oriente em 1453 é o marco simbólico desse novo período 
da história – mesmo que questionada por uma parcela considerável dos cientistas sociais. Esse 
evento convulsionou por algum tempo a política e a economia da Europa Ocidental, ao fechar 
as rotas comerciais por terra e mar entre a Europa e a Ásia; mas também impulsionou a busca 
de novas alternativas para se atingir o norte da África, a Índia e a China. Nessa busca, Portugal 
e Espanha saíram na frente, aperfeiçoaram equipamentos de navegação, “descobriram” 
a América e criaram novas rotas comerciais que impulsionaram a retomada econômica da 
Europa. Enquanto o Império turco-otomano fazia sombra política e econômica para grande 
parte da Europa, a península Ibérica se tornou potência econômica por mais de dois séculos e 
refez boa parte dos contornos do mapa do mundo conhecido até o século XV.
A Idade Moderna também ficou marcada como uma época de revolução social, onde a base 
se assenta na substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista. 
Esse processo se firmou na Idade Contemporânea com a revolução industrial inglesa, no início 
do século XIX, sem, porém, findar completamente com o modo de vida feudal, que ainda 
persistiu na Rússia até a revolução de 1917. Com isso, fica exposto o seguinte: a cronologia 
ocidental está relacionada apenas com os processos históricos marcadamente eurocêntricos, e 
sob estas bases vamos estudar a História Moderna.
O Ocaso do Império Romano do Oriente: A Queda de Constantinopla 
(1453)
Construída no século IV por Constantino, Constantinopla foi uma das cidades mais importantes 
do mundo. Localizada no estreito do Bósforo, ligava o mar Negro ao mar de Mármara e marcava 
o limite dos continentes asiático e europeu. Esse estreito funcionava como uma ponte para as 
rotas comerciais por terra entre Europa e Ásia, além de ser o principal porto nas rotas marítimas 
entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. 
O império romano do Oriente (bizantino), por mais de dois séculos antes de sua queda, havia 
se fragmentado internamente em divisões políticas, sociais e religiosas. Foi saqueado inclusive 
pelos cristãos cruzados, durante a quarta cruzada, no ano de 1204. A cidade foi incendiada 
e saqueada por pelo menos três dias por cristãos do ocidente ligados à Roma e ao papa. O 
Império bizantino também esteve em litígio com os turcos seljúcidas e os húngaros durante o 
século XIII.
No alvorecer do século XV, o Império Bizantino não era mais um império, mas somente 
uma cidade: Constantinopla. Ela estava decadente, com um conjunto de alguns territórios na 
Grécia, ainda existia porque a dinastia paleóloga, de imperadores bizantinos, havia reconhecido 
a supremacia de facto do sultão otomano.
As muralhas intransponíveis de outrora foram vencidas pelos turcos-otomanos, colocando 
fim a existência de um dos mais antigos e longevos impérios da história. No ano de 1453, os 
otomanos subjugaram o Império Bizantino com a tomada da cidade de Constantinopla. Sob o 
controle de Maomé II, o Império Turco-otomano inaugurou uma nova era na região do Bósforo, 
fazendo frente política e econômica ao poderio Europeu durante pelo menos três séculos.
9
Siege of Constantinople. Domínio público – pintura de 1499.
O mais antigo mapa sobrevivente de Constantinopla (1422), 
feito pelo cartógrafo florentino Cristóvão Buondelmonti.Fonte: Wikimedia Commons
Cronologia dos acontecimentos 
Com a morte de seu irmão João VIII Paleólogo, Constantino XI assumiu o trono no ano 
de 1449. Ele era uma pessoa popular, lutara na resistência bizantina no Peloponeso frente 
ao exército otomano; no entanto, ele seguia a linha de pensamento de seu pai, Manuel II 
Paleólogo, na conciliação das igrejas cristãs do oriente e do ocidente, gerando a desconfiança 
do império turco-otomano governado pelo sultão Murad II, que via em tal acordo uma ameaça 
de intervenção das potencias na região. O clero bizantino também resistia à aproximação das 
duas igrejas, separadas desde o cisma de 1054.
Maomé II, com a morte de seu pai, o sultão Murad II, assume seu lugar no ano de 1451. A 
princípio, Maomé II prometera a seu pai não violar o território bizantino. Constantino XI, seguro 
de sua popularidade junto aos súditos bizantinos, não tratou com o mesmo respeito o novo 
mandatário otomano. Maomé II ignorou a promessa que havia feito a seu pai e resolveu atacar 
Constantinopla – algumas fontes citam que essa decisão se deu pelo ultraje de ter recebido a 
informação de que Constantino XI resolvera cobrar anuidade para manutenção de um príncipe 
otomano que residia em seus domínios2 . 
Maomé II decidiu atacar Constantinopla, o cerco começou oficialmente no dia 6 de abril de 
1453, com o disparo do primeiro tiro de um grande canhão em direção ao vale do Rio Lico. 
A muralha até então imbatível começou a ruir em menos de uma semana, pois ela não fora 
construída para suportar ataques com canhões. O ataque otomano se restringiu apenas em uma 
frente, o que colaborou para que o tempo e a mão-de-obra dos bizantinos fossem suficientes 
para que suportassem o cerco. O exército otomano evitou atacar por terra, tendo em vista que 
as muralhas eram reforçadas por torres com canhões e artilheiros – o que poderia debilitar a sua 
frota, que não era grande. 
2 RUNCIMAN. James C. S. 1453: The Fall of Constantinople: 1453, London: Cambridge University Press, 1965; PERTUSI, Agostino 
(Dir.). La Caduta di Costantinopoli I: Le testimonianze dei contemporanei. Milano: Mondadori, 1997.
10
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
O exército bizantino obteve duas vitórias no início do cerco. A primeira ocorreu no dia 12 
de abril, diante do almirante otomano, nascido na Bulgária, Suleimã Baltoghlu. Em seu tempo, 
os búlgaros eram súditos do sultão otomano. Suleimã foi atacado quando tentava penetrar no 
Chifre de Ouro, pequeno estuário que divide o lado europeu de Constantinopla. A segunda 
derrota otomana foi seis dias mais tarde, quando o sultão Maomé II tentou atacar pelo vale do 
rio Lico a muralha danificada pelos canhões e foi derrotado por um pequeno contingente de 
bizantinos sob o comando do militar do veneziano Giovanni Giustiniani Longo. 
O contra-ataque de Maomé II veio no dia 22 de abril ao norte de Pera, quando ordenou 
que construíssem uma estrada de rolagem para que suas galés fossem puxadas por terra, 
contornando a barreira que lhes foi imposta pelos bizantinos. Com suas galés reposicionadas, 
os bizantinos, que se espreitavam durante a noite para os reparos das muralhas, não puderam 
mais executar esse trabalho sob a vigilância constante dos inimigos. Sem opção, os bizantinos 
foram obrigados a contra-atacar. No dia 28, tentaram um ataque através do chifre de ouro, mas 
foram descobertos e executados. 
No dia 28 de maio, houve silêncio no campo de batalha. Essa pausa foi ordenada pelo sultão, 
para que fosse preparado o ataque final. Na madrugada do dia 29 de maio de 1453, Maomé 
II voltou a atacar pelo vale do rio Lico. Os soldados bizantinos, sob o comando de Giustiniani, 
resistiram por poucas horas até que finalmente foram vencidos pelos turcos-otomanos. Após 
dias de ataques, os canhões do sultão conseguiram abrir uma grande fenda na muralha. Na 
tentativa de consertá-la, Constantino XI comandou pessoalmente seus homens, tentando 
retardar a invasão do inimigo – os janízaros, elite do exército otomano, escalavam as muralhas 
da cidade. Preocupados com o ataque pelo vale do Lico, os bizantinos se descuidaram do setor 
noroeste, por onde finalmente a cidade foi tomada. 
O comandante Giustiniani ferido foi levado para seu navio, seus soldados sem liderança 
lutaram desordenadamente contra um bem preparado exército de turcos-otomanos. Se é lenda 
ou verdade, no momento final dessa batalha, conta-se que o Imperador Constantino XI levantou 
sua espada e partiu para o combate, e nunca mais foi visto.
A Expansão do Império Turco-Otomano
O Império Turco-Otomano começou sua expansão rumo ao Ocidente no final do século XIII, 
chegando às portas da Europa no Século XV (1299-1453). O território dos turcos-otomanos 
abrangeu boa parte do Oriente Médio, do sudeste da Europa e do norte da África. Nos séculos 
XV e XVI, era uma das maiores potências do mundo. Seu anoitecer se dá na segunda década 
do século XX, ao final da Primeira Guerra Mundial. O território mais importante por eles 
conquistado é hoje a República da Turquia, capital do antigo Império Bizantino. No início do 
século XV, o Império otomano controlava diversas regiões da Mesopotâmia, que incluía as 
proximidades do rio Danúbio e Eufrates.
11
O império otomano não encontra paralelos na Europa. Segundo Green, “[...] era um 
despotismo militar trazido por uma série sultões competentes da Ásia Menor para Constantinopla, 
e daí até as portas de Viena [...]. Mas os turcos não eram bárbaros”3 . A constatação de Green 
refere-se ao modo como os otomanos geriam seus negócios de estado e sua diplomacia – 
além da cultura e da arte, que desenvolveram ao longo dos séculos e que até hoje podemos 
encontrar, não apenas na atual Turquia, mas em países como a Espanha, que teve parte de seus 
territórios ocupados pelos mulçumanos. 
O império otomano se expandiu com sucesso durante os séculos XVI e XVII. Maomé II, ao se 
apoderar de Constantinopla no ano de 1453, assumiu mais um dentre os títulos nobiliárquicos 
que possuía, o de Imperador Romano (Kaisar-i-Rum). Maomé II era um homem culto, preservou 
os monumentos da capital do território anexado ao seu império, manteve relações diplomáticas 
com as cidades-estado italianas, poupou Atenas e assimilou o cerimonial da corte bizantina. O 
seu reinado foi marcado principalmente pela captura de Constantinopla. Apesar de viverem sob 
o domínio mulçumano, os bizantinos foram tratados com bastante tolerância, estabeleceu-se 
com isso uma comunidade religiosa autônoma. O antigo patriarca de Constantinopla exerceu, 
inclusive, funções administrativas na cidade subjugada.
Na Europa, os mulçumanos, do Califado Omíada, liderados pelo general Tárique, tomou 
parte da península ibérica ao vencer o último rei dos Visigodos, Rodrigo. Os mouros dominaram 
parte da península por aproximadamente oito séculos (711-1492). Os mouros foram expulsos 
da península Ibérica pelos reis católicos, Fernando e Isabel da Espanha, no ano de 1492. 
No mesmo ano do jugo de Constantinopla, Maomé II conquistou também pequenas 
monarquias e cidades Bizantinas da Anatólia, dos Balcãs e da Criméia. As sucessivas campanhas 
militares bem sucedidas nessa região fez com que os trucos-otomanos fossem respeitados diante 
das potencias europeias, conferindo-lhes o reconhecimento de império emergente. No entanto, 
o avanço de Maomé II em direção ao coração da Europa foi freado na região onde se encontra 
a República da Sérvia, na cidade de Belgrado, conhecido como Cerco de Nándorfehérvár, em 
1456, acabando com o sonho de Maomé II de conquistar a Hungria. 
Ao tomar Constantinopla dos cristãos no ano de 1453, o Império mulçumano tinha se 
apoderado de um importante entroncamento comercial entre a Europa e a Ásia – a região 
do Bósforo. Esse império, produto do Oriente Médio e adepto das rotas comerciais e militares 
terrestres, tornou-se uma potência marítima ao aproveitar os bem equipados estaleiros existentes 
em Constantinopla e a experiência dos carpinteirosgregos e italianos que lhes prestavam serviço 
na construção de enormes galeras. E assim, “[...] o império otomano, diferente embora na 
religião, na raça e na cultura, nem por isso era menos uma parte da Europa”4. 
3 GREEN, Vivian Hubert Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984. p. 401.
4 GREEN, Vivian Hubert Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984. p. 403.
Na Europa, os mulçumanos, do Califado Omíada, liderados pelo general Tárique, tomou parte da 
península ibérica ao vencer o último rei dos Visigodos, Rodrigo. Os mouros dominaram parte da 
península por aproximadamente oito séculos (711-1492). Os mouros foram expulsos da península 
Ibérica pelos reis católicos, Fernando e Isabel da Espanha, no ano de 1492. 
12
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
As especiarias que chegavam do Oriente – como a seda, a porcelana, pimenta do reino, o chá, entre 
outros – eram cobiçadas havia muito tempo pelos europeus, e foram dominadas neste período quase 
que exclusivamente pela burguesia das cidades-estado italianas.
As especiarias que chegavam do Oriente – como a seda, a porcelana, pimenta do reino, o 
chá, entre outros – eram cobiçadas havia muito tempo pelos europeus, e foram dominadas 
neste período quase que exclusivamente pela burguesia das cidades-estado italianas.
As rotas das especiarias, geradas pelas mercadorias provenientes da Ásia, remontam da 
antiguidade greco-romana e interligavam diversos povos ao longo do tempo, foram dominadas 
por mercadores tanto do Norte da África quanto pelos mercadores do Oriente Médio. Até 
meados do século XV, o comércio com o Oriente se fez por meio de rotas marítimo-terrestres, 
pelo estreito do Bósforo, em galés e caravanas, até chegar aos entrepostos comerciais do 
Ocidente, entre os quais se destacavam Constantinopla e Alexandria. A partir dessas regiões, o 
comércio passava a ser controlado por burgueses de algumas cidades italianas, como Florença, 
Gênova e Veneza, entre outras.
Diplomacia Turco-Otomana
A política externa dos turco-otomanos assentou-se mais nas conveniências do momento do 
que na diplomacia de fato. A Agressão do império turco-otomano aos europeus e persas foi 
muito mais uma reação às pressões sofridas por alianças estrangeiras que ameaçavam seus 
domínios do que uma pré-disposição a invadir a Europa – salvo o ímpeto inicial de expansão 
para o sudeste do continente. Os temas que dominaram a política externa turca foram quatro: 
“a hostilidade dos Persas; a aliança com a França; o comércio e a guerra com Veneza; e a 
oposição aos Habsburgos na Europa Oriental e no Mediterrâneo. Estes temas andavam muitas 
vezes intimamente relacionados entre si”5. 
No final do século XV, Veneza ainda dominava um território considerável de ilhas no mar 
Egeu e sua política mudou de frequentemente em relação aos turcos. A prosperidade de Veneza 
e dos portos da Arábia tinha sido afetada com a abertura do rico mercado de especiarias 
pelos portugueses; dependente que era do comércio do Levante no Mediterrâneo para seu 
abastecimento de cereais, Veneza mantinha boas relações diplomáticas com os turcos, mas se 
sentia ameaçada com seu crescente poderio naval e a intimidação a suas ilhas.
5 GREEN, Vivian Hubert Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984. p. 407.
13
As importantes rotas comerciais terrestres (vermelho) e marítimas (azul) bloqueadas pelo 
Império Otomano em 1453, após a queda de Constantinopla.
Entre atritos com as cidades-estado italianas e o bloqueio da maior parte do comércio entre 
a Ásia e a Europa, o Império turco-otomano impulsionou, indiretamente, a busca de novas 
rotas marítimas para abastecer o mercado europeu. A descoberta de novas rotas pelos países 
ibéricos, além de novas especiarias, revelou um novo mundo “inabitado”, que “necessitava” 
ser colonizado. Há divergências quanto ao marco que inaugurou a idade Moderna, se foi a 
queda de Constantinopla (1453) ou a descoberta do Novo Mundo (1492), mas é inegável que 
a queda de Constantinopla no ano de 1453 favoreceu a descoberta de novas rotas marítimas 
para o Oriente e, consequentemente, a chegada dos ibéricos na América. Eles não foram os 
primeiros, mas foram os ibéricos que começaram a explorar o continente de forma sistemática, 
implantando a colonização europeia na América. 
 
As grandes navegações: descobrimento do novo mundo
Onde a verdade é possuída por prazer.
No leito impuro onde se larga e se abandona, 
A flor humana, renascida pra sofrer.
(...)
Janela aberta pro mesmo sol
Que nos desperta prum novo amor
O céu te oferta o futuro
Que o som liberta do escuro
Pra descoberta do que é teu...
Descoberta da América (Taiguara)
Eu vejo o mundo como um grande quarto escuro, 
No crepúsculo do século XV, a maioria dos europeus ainda estava confinada em sua 
península, navegavam seus mares, margeando seus litorais e não ousavam se arriscar nos 
oceanos desconhecidos. A aventura coube em primeira mão aos portugueses, instigados pela 
lenda do Prestes João, um soberano cristão do Oriente que detinha as funções de patriarca e 
rei. Essa lenda instigou gerações de soberanos portugueses, que tinham como mote ideológico 
a cristianização dos territórios africanos e dos espaços ocupados na península ibérica pelos 
mouros. Na realidade, o que interessava aos soberanos portugueses era dominar os portos de 
Tanger, no Marrocos, e o de Ceuta, no estreito de Gibraltar, entreposto para se atingir a Ásia – já 
que o estreito do Bósforo era dominado por árabes e italianos e, nesse contexto, contava com 
o avanço do império turco-otomano em direção ao entroncamento da Ásia com a Europa, fato 
que culminaria com a tomada de Constantinopla no ano de 1453. 
Os portugueses avançaram para o oriente via costa africana, atingiram o Cabo Verde no 
ano de 1445 e o Cabo da Boa Esperança no ano de 1488. O argumento de surpreender pela 
retaguarda e expulsar os mouros da península ibérica com o auxílio do mítico Prestes João já 
14
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
não estava mais fazendo sentido. No ano de 1492, o reino de Espanha, além de ter expulsado 
os últimos mouros da península, após a queda de Granada, também se lançavam à aventura 
marítima, ao financiar a empreitada de Cristóvão Colombo, que errando sua rota atingiu a 
América. O objetivo era encontrar uma nova rota para a Ásia. Os reis católicos da península 
ibérica deram a largada para a colonização do Novo Mundo. Essa aventura foi perseguida 
posteriormente pelos ingleses, franceses e holandeses. 
 Em destaque, o mundo que os europeus conheciam até o séc. XV
Fonte: Thinkstock/Getty Images
No afã de cristianizar, os ibéricos realizaram outros feitos, como, por exemplo: descobriram 
novas rotas marítimas e reabasteceram o velho continente de ouro e prata. A busca por 
metais preciosos teve como causa a transição do sistema de produção feudal para a economia 
capitalista. Na Europa do século XIV-XV, ou mesmo antes, se acentuou as transformações do 
modo de vida e de produção econômico-cultural. Na transição feudal-burguesa, houve falta de 
metais preciosos para comercialização dos produtos trazidos da Ásia e uma nova mentalidade 
se formou.
Com a Peste Negra sob controle, a população voltou a crescer impulsionando o desenvolvimento 
da economia europeia. Houve aumento da produção de mercadorias destinadas ao comércio e, com 
isso, a necessidade de metais preciosos para se adquirir produtos de luxo e de especiarias oriundas 
da Ásia. Os mercadores empreendiam viagens cada vez mais longas para negociar produtos raros na 
Europa, que consequentemente eram muito mais caros que os produtos europeus. Desde o século 
XIV viajantes como Marco Polo narravam suas aventuras e viagens e despertavam o interesse de 
aventureiros e da burguesia nascente, ávida por lucrar com as viagens.
Metalismo, ou bulionismo, é a prática mercantilista de juntar o máximo de metais preciosos, os quais 
representam a ideiade riqueza do país. O principal país metalista foi a Espanha. Como consequência 
negativa, após acumular grande riqueza, não investiu no desenvolvimento de novas tecnologias 
para a agricultura e a indústria, e cedeu o espaço no mundo contemporâneo para os países que se 
industrializaram a partir do século XVIII. 
15
 Metalismo, ou bulionismo, é a prática mercantilista de juntar o máximo de metais preciosos, 
os quais representam a ideia de riqueza do país. O principal país metalista foi a Espanha. Como 
consequência negativa, após acumular grande riqueza, não investiu no desenvolvimento de 
novas tecnologias para a agricultura e a indústria, e cedeu o espaço no mundo contemporâneo 
para os países que se industrializaram a partir do século XVIII. 
 As grandes navegações estão relacionadas para além do renascimento comercial europeu da 
baixa idade média. Outros fatores foram muito importantes para sua expansão, como a formação 
dos Estados Nacionais – neste caso com a primazia de Portugal e a ascensão burguesa. Medidas 
como a unificação tarifaria e monetária foram capazes de ampliar os negócios da burguesia e 
fortalecer economicamente a coroa, e moldaram a fisionomia dos estados modernos. Com a 
revolução de Avis em 1385, a monarquia portuguesa se associou a nascente burguesia mercantil, 
consolidando-se como um Estado nacional no século XIV. 
Italianos e árabes dominavam o comércio com o oriente. Visando superar a dependência com 
esses dois atravessadores, a coroa portuguesa, apoiada e financiada pelos burgueses, lançou-se ao 
mar, favorecida pelo aperfeiçoamento das técnicas de navegação incentivadas pelo príncipe Dom 
Henrique (1394-1460). Após a reconquista dos territórios portugueses ocupados pelos mouros, 
Portugal se viu ainda impelido a derrotar corsários que singravam suas águas, impedindo a navegação 
mercantil. Coube a D. Henrique o importante papel nos descobrimentos: 
[...] os descobrimentos marítimos do século XV devem considerar-se o resultado de 
reconversão de uma acção militar e depredadora numa atividade de exploração 
cientifica, mudança que se deve a uma opção pessoal do infante D. Henrique6. 
As condições internas criaram a oportunidade para a expansão marítima em Portugal, 
essa expansão correspondia aos anseios de todas as classes sociais da contraditória sociedade 
portuguesa. Para o povo, a expansão marítima representou a oportunidade de emigração em 
busca de conseguir uma vida melhor, pois a mudança social ocorrida nos últimos tempos com a 
progressiva mudança do sistema feudal para o sistema burguês mercantilista não transformara 
suas vidas, apenas modificara a forma de opressão.
Para clérigos e nobres, desde a formação de Portugal no século XII, havia um compromisso 
com o rei e o Estado pontifício de aliar expansão e cristianização. Esse compromisso de servir 
a Deus e servir ao Rei teve como objetivo o merecimento das recompensas mundanas pela 
burguesia, como: comendas, capitanias, cargos administrativos – que, no quadro que se 
encontrava a metrópole, ficava cada vez mais difícil de conseguir, pois dentro de um território 
reduzido como é o português, a desproporção entre os recursos que aumentavam devagar e a 
necessidade da população que crescia depressa estava causando atritos entre as classes sociais. 
Com os descobrimentos, a nação vai tornar-se consumidora de bens produzidos fora dela 
e de riquezas proporcionadas pela exploração das colônias ultramarinas. Portugal passou a 
sobreviver do que estava fora de seus domínios territoriais, tornando “um Estado onde todos os 
planos e projectos foram efêmeros e provisórios e nunca excederam o tempo de uma geração”7. 
Enquanto Portugal despontava para a expansão marítima, a Espanha ainda estava envolvida 
com as guerras de longa duração contra os mouros que ocupavam parte do território da península 
ibérica desde o século VIII. Com o fim da chamada Guerra de Reconquista, os espanhóis se 
6 SARAIVA, José Hermano. História Concisa de Portugal. 24. ed. Mem Martins: Europa-América, 2007. p. 136.
7 SARAIVA, José Hermano. História Concisa de Portugal. 24 ed. Mem Martins: Europa-América, 2007. p. 137.
16
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
inseriram na disputa pela expansão de seus territórios para o além mar. O navegador genovês 
Cristóvão Colombo apresentou aos reis católicos de Espanha um projeto ambicioso, o qual 
decidiram financiar – era a expedição marítima que pretendia atingir o Oriente navegando 
pelo Ocidente. Esse financiamento permitiu aos reis católicos espanhóis a façanha de chegar à 
América, até então, localidade inexistente nos mapas do mundo conhecido, até o século XV, o 
que lhes possibilitou a exploração econômica do novo continente.
Esse descobrimento abriu rivalidade com a coroa portuguesa. Os monarcas buscaram assinar 
tratados definindo as regiões a serem exploradas por seus reinos. No ano de 1493, a bula Inter 
cætera do papa Alexandre VI estabeleceu que as terras descobertas por Cristóvão Colombo 
no ano anterior pertenciam aos reis católicos espanhóis, e aos reis católicos portugueses ficava 
assegurada a região da Costa Africana, a uma distância de 100 léguas de Cabo Verde. Com 
o descontentamento do monarca português, no ano de 1494, esse acordo foi revisto e se 
estabeleceu um novo meridiano de 370 léguas das ilhas de Cabo Verde. Esse novo meridiano 
permitiu que os portugueses chegassem ao sul do continente americano. No ano de 1500, o 
navegador português Pedro Alvares Cabral anunciou para a corte portuguesa o descobrimento 
de novas terras ao sul do Atlântico, essas terras descobertas deram origem à exploração do 
território onde é hoje o Brasil.
Curiosidade!
Área total do planeta 510,3 milhões km²
Área das terras emersas 149,67 milhões km²
Área dos mares e oceanos 360,63 milhões km²
Área do Oceano Pacífico* 179,25 milhões km²
Área do Oceano Atlântico** 106,46 milhões km²
Área do Oceano Índico*** 74,92 milhões km²
Área total da Europa 10 180 000 km²
Área total da União Europeia 4 324 782 km²
Área total da América 42 189 120 km²
* incluindo Mar da China Meridional, Mar de Ojtsk, Mar de Bering, Mar do Japão, Mar da China Oriental e Mar 
Amarelo 
** incluindo Oceano Ártico, Mar do Caribe, Mar do Norte, Mar Mediterrâneo, Mar da Noruega, Golfo do 
México, Baia de Hudson, Mar da Groenlândia, Mar Negro e Mar Báltico 
*** incluindo Mar da Arábia, Golfo de Bengala e Mar Vermelho
http://www.cfh.ufsc.br/~pduarte/dadosterra.html; http://pt.wikipedia.org/wiki/Continente
Essas descobertas e a concessão papal feita aos reis católicos provocaram novas insatisfações. 
Como o de países como a Inglaterra, Holanda e França, que ao longo do século XVI questionaram 
o monopólio ibérico realizando invasões ao continente, praticando pirataria e estabelecendo 
colônias. As descobertas dos países ibéricos provocaram a mudança de eixo da economia 
mundial com a exploração de metais preciosos e produtos como a madeira, além de recursos 
alimentares desconhecidos dos europeus. Estava assim inaugurada uma nova aventura, para 
além da economia e da política. Os europeus não estavam sós na face da terra, um novo modo 
de vida, uma nova cultura os desafiava, as faces da terra se alargavam aos olhos dos europeus, 
17
As viagens dos Vikings nos séculos X e XI e as colônias acidentais na Groenlândia 
e no noroeste continental não tiveram quaisquer impactos generalizados na visão 
europeia do mundo e nem sequer na daqueles povos navegadores do alto mar.8
Foi somente com as grandes navegações em busca de rotas mercantis para abastecer o 
mercado europeu a partir do século XV que a face da terra se modificou definitivamente.
As bulas papais concedidas aos reis católicos derivavam do costume do representante da 
igreja de arrogar-se o direito divino de decidir na terra o que considerasse de propriedade divina, 
como, por exemplo, os mares. No século XVII, algumas teses foram debatidas por juristas, a favor 
ou contra, da liberdade dosmares para todos os reinos em favor da exploração comercial. Hugo 
Grotius escreveu a tese Mare Liberum, enquanto o português Frei Serafim de Freitas assegurava 
o direito papal de decidir sobre essa questão, escrevendo a tese Mare Clausum. Ler: GROTIUS, 
H. O direito da guerra e da paz. Ijuí: Unijuí, 2004. MEREA, P. Os jurisconsultos portugueses e a 
doutrina do Mare clausum. Novos Estudos da História do Direito, Coimbra: s/e, 1937.
As bulas papais concedidas aos reis católicos derivavam do costume do representante da 
igreja de arrogar-se o direito divino de decidir na terra o que considerasse de propriedade divina, 
como, por exemplo, os mares. No século XVII, algumas teses foram debatidas por juristas, a favor 
ou contra, da liberdade dos mares para todos os reinos em favor da exploração comercial. Hugo 
Grotius escreveu a tese Mare Liberum, enquanto o português Frei Serafim de Freitas assegurava 
o direito papal de decidir sobre essa questão, escrevendo a tese Mare Clausum. Ler: GROTIUS, 
H. O direito da guerra e da paz. Ijuí: Unijuí, 2004. MEREA, P. Os jurisconsultos portugueses e a 
doutrina do Mare clausum. Novos Estudos da História do Direito, Coimbra: s/e, 1937.
O genovês Cristóvão Colombo explorou a serviço dos monarcas espanhóis9 as ilhas dianteiras 
da zona central da barreira continental do oceano atlântico, nos anos de 1492 e 1493, achando 
que tinha atingido o continente asiático pelo ocidente, mais propriamente o Japão ou China. 
Por volta de 1497, o florentino Giovanni Caboto, a serviço de D. Henrique VII da Inglaterra, 
navegou a costa setentrional do novo continente, descobrindo a ilha Cape Breton, na região 
da Nova Escócia (Canadá). A incursão de Caboto não teve grandes repercussões no mundo 
europeu. A primeira incursão de Colombo na zona tropical do novo mundo seguiu-se a de 
terras mais vastas apenas no ano de 1498. Em 1492, na convicção de que havia chegado ao 
oriente, generalizou o termo de “índias” para sua descoberta e seus habitantes os denominou 
“índios” – nome adotado pela coroa espanhola e divulgado para toda Europa, os habitantes do 
novo mundo ficariam conhecidos assim.
Cristóvão Colombo, no decurso da terceira viagem em julho de 1498, perante a grandiosidade 
do Delta do Orinoco, deparou-se com correntes de água doce que só poderiam provir de uma 
massa continental; a isso se acrescia as informações de alguns habitantes das terras descobertas 
sobre a existência de vasta porção de terra firme e grande quantidade de ouro10. Segundo Darcy 
Ribeiro, “Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena dos seus ganhos, em 
ouro e glória. Para os índios, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver [...] se defrontaram 
pasmos de se verem tal como eram [...] a selvageria e a civilização”11. 
8 AMARAL, Ilídio. Sobre descobertas europeias do novo mundo e primeiros contatos humanos nos século XV e XVI. 
Porto: FLUP, 2004. p. 143.
9 Utilizo a denominação Espanha para facilitar a compreensão, pois as bases para a unificação da Espanha como a conhecemos hoje 
se deu com a união dos monarcas católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela no século XV.
10 AMARAL, Ilídio. Sobre descobertas europeias do novo mundo e primeiros contatos humanos nos séculos XV e XVI. Porto: FLUP, 2004.
11 RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. p.44-45.
18
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
A expansão marítimo-comercial da península ibérica trazia consigo um compromisso 
ideológico: a cristianização dos pagãos. Segundo Amaral, Vasco da Gama, ao chegar na Índia, 
destacou um emissário para fazer os primeiros contatos com os habitantes locais e, ao ser interrogado 
sobre os motivos que o trouxeram, por dois mouros em castelhano, surpreendeu-os com a sua 
resposta: “cristãos e ouro”, ou seja, a aventura ibérica buscava “dilatar o reino da fé católica aos 
espaços indianos e extrair deles produtos altamente rendosos nos mercados europeus”12. 
Essa cruzada religiosa não rendeu a Cristóvão Colombo a tão sonhada riqueza em ouro e 
prata, nem a Pedro Alvares Cabral, que encontrou o pau-brasil com um valor muito inferior a 
madeira de aloé; ou especiarias, sedas e escravos que rendiam valores muito mais elevados no 
mercado europeu. Mas suas descobertas ainda renderiam muita riqueza aos reis católicos com 
a exploração intensiva dos territórios ultramarinos, que causariam mudanças profundas nas 
sociedades indígenas que habitavam o continente antes da chegada dos europeus.
A Inglaterra invade o Novo Mundo
A empresa marítimo-colonial inglesa começou bem mais tarde que a da península ibérica no 
século XV. Primeiro porque, enquanto a península ibérica se lançou nas grandes navegações, 
a Inglaterra estava saindo de um longo conflito com a França, a Guerra dos Cem Anos (1337-
1453). Mal saída de uma guerra longa e desgastante, entrou em outro conflito, dessa vez interno, 
na Guerra das Duas Rosas (1455-1485) – entre as famílias York, simbolizadas pela rosa branca, 
e Lancaster, que usavam uma rosa vermelha como símbolo. Esses conflitos causaram duas 
importantes reformulações políticas na sociedade inglesa: a primeira fez com que os ingleses se 
unissem e se afastassem do continente, essa atitude passou a ser conhecida como “esplêndido 
isolamento”; segundo, esses conflitos enfraqueceram a nobreza e fizeram surgir uma dinastia 
forte e centralizadora, os Tudor (1485-1603) – eles se tornaram a primeira dinastia absolutista 
da Inglaterra. No século XVI, o nacionalismo se fortaleceu no país. 
No século XVII, a Inglaterra estava em transformação. Havia um esgotamento no campo por 
conta do crescimento da população, causando um êxodo rural. A era Tudor havia proporcionado 
uma revolução agrícola e trouxe progresso para as manufaturas, mas agora as cidades estavam 
lotadas de pobres. Sob a dinastia Stuart os ingleses reviveram o fantasma das guerras. Então, 
estourou a Guerra Civil e a Revolução Puritana, Carlos I foi julgado e morto sob a liderança de 
Cromwell, que tinha um recado implícito aos soberanos ingleses: “os reis devem servir a nação 
e não o contrário”. 
A vida inglesa e a europeia estavam mais difíceis no início do século XVIII. Havia abundância 
de ouro e prata na Espanha. O ouro e a prata retirados da América e despejados na Europa 
empurravam para cima os preços dos produtos de primeira necessidade. A população mais 
12 AMARAL, Ilídio. Sobre descobertas europeias do novo mundo e primeiros contatos humanos nos séculos XV e XVI. Porto: FLUP, 
2004. p. 149.
19
pobre foi atingida e com isso ocorreram agitações sociais pela Europa. Todas essas dificuldades 
estimularam os ingleses a busca, como fizeram os portugueses, por uma vida melhor através da 
imigração. Mas a Inglaterra não tinha nenhum projeto colonial sistematizado para a América, 
após anos de pirataria roubando ouro e prata das embarcações espanholas, a imaginação dos 
ingleses que estavam passando por dificuldades nas ilhas britânicas não resistiu a ideia de se ter 
uma vida melhor fora da Inglaterra. 
Os ingleses não foram os primeiros a chegarem à América do Norte. Verrazano, a pedido do 
rei francês, já havia incursionado ao norte; também Ponce de Leon tinha feito o reconhecimento 
do território a pedido do monarca espanhol. A permissão para colonizar a América do Norte, 
ignorando as pretensões de outras coroas, partiu da soberana Elizabeth I no ano de 1584, que 
doou a Walter Raleight, “terras, territórios e regiões por descobrir e possuir [...]. A cédula de 
doação a sir Walter assumia um tom que iniciava um verdadeiro processo de colonização”13. 
Esse processo, no final do século XVI, não diferia do projeto ibérico para a colonização do novo 
mundo, onde um nobre assumia as responsabilidades por um pedaço de terra sem excluir o 
quinhão de riquezas produzida nas colônias que cabia à coroa. 
Wikimedia Commons LEGENDA = As 13 colônias americanas antes da independência, 1775.
13 PURD, Sean;Fernandes, Luiz Estevam; MORAIS, Marcus Vinicius; KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos. São Paulo: 
Contexto, 2012, p. 40.
20
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
Fonte: Thinkstock / Getty Images
O descobrimento do Novo Mundo rompeu com antigas tradições culturais e científicas 
arraigadas no pensamento judaico-cristão. A natureza humana não se fundamentava mais 
nas genealogias bíblicas, o mundo não se resumia mais ao curto-circuito das certezas 
europeias. Se foi difícil compreender o outro, foi bem mais fácil enxergar o que esse outro 
possuía para rapidamente dilapidá-lo em nome do soberano europeu. O Novo Mundo 
estava “vazio”, era preciso colonizá-lo, “outros tempos viriam de exploração intensiva dos 
territórios, com mudanças profundas das suas sociedades indígenas. Toda a América estava 
destinada a ser recriada pelo europeu”. 
O objetivo dos europeus durante dois séculos foi atingir a Ásia e explorar suas riquezas 
– China, Japão e Índia produziam grande parte do que se consumiu na Europa dos séculos 
XIV e XVI –, mas os europeus desejavam mais que isso. Com o objetivo de derrotar o 
Islã a fim de haver na terra apenas uma fé e uma civilização, os europeus pretendiam 
cristianizar os asiáticos e civilizá-los à moda europeia, para com sua ajuda assaltarem os 
mulçumanos pela retaguarda e esmagá-los. O sonho europeu de transformar totalmente a 
Ásia foi frustrado, ao passo que na América conseguiram conquistar, explorar, evangelizar e 
europeizar, em grande parte, seus habitantes mais vulneráveis a gana homogeneizante dos 
europeus. Os europeus conseguiram saquear a Ásia apenas pelas bordas, enquanto que 
a América foi dilapidada por séculos, abastecendo suas metrópoles e, consequentemente, 
todos os países com os quais elas comerciavam. 
 
21
Material Complementar
Leia” os filmes de forma crítica, lembre-se que, mesmo os documentários, são obras de ficção e 
carregam em si intenções e ideologias de quem os produziu, assim como a própria história que nos 
foi deixada como legado pelos nossos antepassados.
Segundo o professor Darcy Viglus, especialista em Metodologia de Ensino, 
A utilização do filme como recurso didático deve facilitar a aprendizagem, fazendo com que 
o aluno encontre uma nova maneira de pensar e entender a história, uma opção interessante e 
motivadora, que não seja meramente ilustrativa e nem substitua o professor, mas, que seja um 
momento crítico e reflexivo de aprofundamento da história. Um momento como diria Almeida 
(1994), de alfabetização midiática. 
1) Filme: 1492 – A Conquista do Paraíso
2) Documentário: Construindo um Império - Bizâncio - History Channel 
 » Link do documentário: http://www.youtube.com/watch?v=xdvm1qyfYi0
3) Jogo eletrônico: animação sobre a queda de Constantinopla
 » Link do Jogo: http://www.youtube.com/watch?v=17lSbpOO7U8
http://www.youtube.com/watch?v=xdvm1qyfYi0
http://www.youtube.com/watch?v=17lSbpOO7U8
22
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
Referências
ALBUQUERQUE, Luiz de. Mare Clausum: dicionário de História dos Descobrimentos 
Portugueses. v. 2. Alfragide: Caminho, 1994. p. 685-686.
AMARAL, Ilídio. Sobre descobertas europeias do novo mundo e primeiros contatos 
humanos nos séculos XV e XVI. Porto: FLUP, 2004.
BOORSTIN, Daniel. Os descobridores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.
BOXER, Charles R. O império marítimo português: 1415-1815. São Paulo: Cia das 
Letras, 2002. 
COOK. Michael. Uma breve história do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
CROUZET, Maurice (Dir.). História Geral das Civilizações: os séculos XVI e XVII A Europa 
e o Mundo. v. 10. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
CROUZET, Maurice (Dir.). História Geral das Civilizações: os séculos XVIII. O último século 
do antigo regime. v. 11. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
CROUZET, Maurice (Dir.). História Geral das Civilizações: o século XVIII. Perante a 
Revolução. v. 12. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
FERREIRA, Ana Maria Pereira. O Essencial sobre Portugal e a Origem da Liberdade dos 
Mares, Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, [s.d.].
Fome, Peste e Guerra: Triste Trilogia entre os Séculos XIV-XV. In, Infopédia. Porto: Porto 
Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-06-15].
FREITAS, Frei Serafim de. 4. v. 2. Lisboa: INIC, 1983
GIBBON, Edward. Declínio e queda do Império Romano. São Paulo: Cia da Letras, 1989. 
GODINHO, Vitório Magalhães. Os descobrimentos e a economia mundial. 2. Ed. v. 4. 
Lisboa: Presença, 1984. 
GODINHO, Vitório Magalhães. Mito e mercadoria, utopia e prática de navegar: séculos 
XIII-XVIII. Lisboa: Difel, 1990.
GROTIUS, Hugo. O direito da guerra e da paz. Ijuí: Unijuí, 2004. 
HOLANDA, Sergio Buarque de. Visão do Paraiso. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
23
HOUSLEY, Norman. The Later Crusades, from Lyons to Alcazar. Oxford University 
Press, 1995.
LOPES, José Reinaldo. A Igreja declarou que índios e negros não tinham alma. Blog 
Darwin e Deus. Folha de São Paulo 27/8/2013.
MARCONDES, Danilo. Montaigne, a descoberta do novo mundo e o ceticismo moderno. 
Kriterion, Belo Horizonte, n. 126, Dez/2012. p. 421-433.
MEREA, Paulo. Os jurisconsultos portugueses e a doutrina do Mare clausum. Novos 
Estudos da História do Direito, Coimbra: s/e, 1937.
PERTUSI, Agostino (Dir.). La Caduta di Costantinopoli I: Le testimonianze dei contemporanei. 
Milano: Mondadori, 1997.
PERTUSI, Agostino (Dir.). La Caduta di Costantinopoli II: L’eco nel mondo. Milano: 
Mondadori, 1997.
PERTUSI, Agostino. Bisanzio e i turchi nella cultura del Rinascimento e del Barocco. 
Milano: Vita e Pensiero, 2004.
PURD, Sean; Fernandes, Luiz Estevam; MORAIS, Marcus Vinicius; KARNAL, Leandro. História 
dos Estados Unidos. São Paulo: Contexto, 2012
WHEATCROFT, Andrew. Infidels: A History of the Conflict Between Christendom and 
Islam. NY: Random House, 2003.
24
Unidade: Genese da Idade Moderna: Do bloqueio do Bósforo à aventura Atlantica
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000
http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br

Continue navegando