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Expansão Marítima Fuvest 1. (Fuvest 2013) Não mais, musa, não mais, que a lira tenho Destemperada e a voz enrouquecida, E não do canto, mas de ver que venho Cantar a gente surda e endurecida. O favor com que mais se acende o engenho Não no dá a pátria, não, que está metida No gosto da cobiça e na rudeza Duma austera, apagada e vil tristeza. Luis de Camões. Os Lusíadas. a) Cite uma característica típica e uma característica atípica da poesia épica, presentes na estrofe. Justifique. b) Relacione o conteúdo dessa estrofe com o momento vivido pelo Império Português por volta de 1572, ano da publicação de Os Lusíadas. 2. (Fuvest 2020) A representação cartográfica a seguir refere‐se à viagem de circunavegação, iniciada em Sanlúcar de Barrameda, na Andaluzia, em 20 de setembro de 1519, e comandada pelo português Fernão de Magalhães, a serviço da monarquia da Espanha. A despeito da repercussão da viagem para o desenvolvimen- to dos conhecimentos náuticos e para a exploração do Oceano Pacífico, Battista Agnese foi um dos poucos cartógrafos a registrar a empreitada de Magalhães. A representação cartográfica de Battista Agnese a) revelava a permanência das técnicas e sentidos simbólicos da cosmografia medieval, que orientaram os navegadores ibéricos na época da expansão ultramarina. b) estava vinculada aos dogmas cristãos e procurava conciliar o registro da viagem de Fernão de Magalhães com a perspectiva de Terra Plana ainda presente entre letrados cristãos. c) estava baseada nos relatos dos navegadores, no acúmulo de conhecimentos acerca das rotas marítimas e em estimativas de distâncias a partir de cálculos matemáticos e da planificação do globo terrestre. d) apresentava o Oceano Pacífico em suas reais dimensões de acordo com o entendimento de Fernão de Magal- hães e de Cristóvão Colombo e em desacordo com as perspectivas cristãs. e) estava assentada nos conhecimentos e detalhamentos geográficos bíblicos e nas formulações cosmológicas de Ptolomeu, fundamentais para o sucesso da viagem de Fernão de Magalhães. 3. (Fuvest 2020) A imagem a seguir refere‐se às principais rotas de comércio da África do Norte e Ocidental, no século XV. Em relação às rotas comerciais representadas no mapa, é correto afirmar que elas a) indicam que a melhoria das condições ambientais do Saara permitiu a construção de estradas pelo deserto. b) foram construídas pelo poder islâmico do Cairo, que promoveu a unificação de toda a África do Norte. c) mostram a decadência econômica do comércio do Saara oriental, em razão da crise do Império Egípcio. d) atingem a região ao sudoeste do Saara, local de origem do ouro que chegava aos portos do Mediterrâneo. e) representam o poder do Império de Songai, cuja capital era Timbuctu, que unificou todo o território entre o Atlântico e o mar Vermelho. 4. (Fuvest 2017) Encontram-se assinaladas no mapa, sobre as fronteiras dos países atuais, as rotas eurasianas de comércio a longa distância que, no início da Idade Moderna, cruzavam o Império Otomano, demarcado pelo quadro. A respeito dessas rotas, das regiões que elas atravessavam e das relações de poder que elas envolviam, é correto afirmar que a) a China, com baixo grau de desenvolvimento político e econômico, era exportadora de produtos primários para a Europa. b) a Índia era uma economia fracamente vinculada ao comércio a longa distância, em vista da pouca demanda por seus produtos. c) a Europa, a despeito do poder otomano, exercia domínio incontestável sobre o conjunto das atividades comer- ciais eurasianas. d) a África Ocidental se encontrava em posição subordinada ao poderio otomano, funcionando como sua prin- cipal fonte de escravos. e) o Império Otomano, ao intermediar as trocas a longa distância, forçou os europeus a buscar rotas alternativas de acesso ao Oriente. 5. (Fuvest 2016) A exploração da mão de obra escrava, o tráfico negreiro e o imperialismo criaram conflitivas e duradouras relações de aproximação entre os continentes africano e europeu. Muitos países da África, mesmo depois de terem se tornado independentes, continuaram usando a língua dos colonizadores. O português, por exemplo, é língua oficial de a) Camarões, Angola e África do Sul. b) Serra Leoa, Nigéria e África do Sul. c) Angola, Moçambique e Cabo Verde. d) Cabo Verde, Serra Leoa e Sudão. e) Camarões, Congo e Zimbábue. 6. (Fuvest 2015) Examine a seguinte imagem: a) Identifique e analise dois elementos representados na imagem, relativos ao contexto sociopolítico de Portu- gal na segunda metade do século XVIII. b) Aponte e explique uma medida relativa ao Brasil, adotada por Portugal nessa mesma época. 7. (Fuvest 2013) Quando Bernal Díaz avistou pela primeira vez a capital asteca, ficou sem palavras. Anos mais tarde, as palavras viriam: ele escreveu um alentado relato de suas experiências como membro da expedição espanhola liderada por Hernán Cortés rumo ao Império Asteca. Naquela tarde de novembro de 1519, porém, quando Díaz e seus companheiros de conquista emergiram do desfiladeiro e depararam-se pela primeira vez com o Vale do México lá embaixo, viram um cenário que, anos depois, assim descreveram: “vislumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos o que dizer, nem se o que se nos apresentava diante dos olhos era real”. Matthew Restall. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 15-16. Ad- aptado. O texto mostra um aspecto importante da conquista da América pelos espanhóis, a saber, a) a superioridade cultural dos nativos americanos em relação aos europeus. b) o caráter amistoso do primeiro encontro e da posterior convivência entre conquistadores e conquistados. c) a surpresa dos conquistadores diante de manifestações culturais dos nativos americanos. d) o reconhecimento, pelos nativos, da importância dos contatos culturais e comerciais com os europeus. e) a rápida desaparição das culturas nativas da América Espanhola. 8. (Fuvest 2012) Deve-se notar que a ênfase dada à faceta cruzadística da expansão portuguesa não implica, de modo algum, que os interesses comerciais estivessem dela ausentes – como tampouco o haviam estado das cru- zadas do Levante, em boa parte manejadas e financiadas pela burguesia das repúblicas marítimas da Itália. Tão mesclados andavam os desejos de dilatar o território cristão com as aspirações por lucro mercantil que, na sua oração de obediência ao pontífice romano, D. João II não hesitava em mencionar entre os serviços prestados por Portugal à cristandade o trato do ouro da Mina, “comércio tão santo, tão seguro e tão ativo” que o nome do Salvador, “nunca antes nem de ouvir dizer conhecido”, ressoava agora nas plagas africanas… Luiz Felipe Thomaz, “D. Manuel, a Índia e o Brasil”. Revista de História (USP), 161, 2º Semestre de 2009, p.16- 17. Adaptado. Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que a expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um em- preendimento a) puramente religioso, bem diferente das cruzadas dos séculos anteriores, já que essas eram, na realidade, grandes empresas comerciais financiadas pela burguesia italiana. b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era comum, à época, a concepção de que a expansão da cris- tandade servia à expansão econômica e vice-versa. c) por meio do qual os desejos por expansão territorial portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista de novos mercados para a economia europeia mostrar-se-iam incompatíveis. d) militar, assim como as cruzadas dos séculos anteriores, e no qual objetivos econômicos e religiosos surgiri- am como complemento apenas ocasional. e) que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio intercontinental, a despeito de, oficialmente, autoridades políticas e religiosas afirmarem que seu único objetivo era a expansão da fé cristã. 9. (Fuvest 2011) Quando a expansão comercial europeia ganhou os oceanos, a partir do século XV, rapida- mente o mundoconheceu um fenômeno até então inédito: populações que jamais tinham tido qualquer con- tato umas com as outras passaram a se aproximar, em diferentes graus. Uma das dimensões dramáticas desses novos contatos foi o choque entre ambientes bacteriológicos estranhos, do qual resultou a “mundialização” de doenças e, consequentemente, altas taxas de mortalidade em sociedades cujos indivíduos não possuíam anti- corpos para enfrentar tais doenças. Isso ocorreu, primeiro, entre as populações a) orientais do continente europeu. b) nativas da Oceania. c) africanas do Magreb. d) indígenas da América Central. e) asiáticas da Indonésia. 10. (Fuvest 2010) Observe as rotas no mapa e responda: a) O que representou, para os interesses de Portugal, a rota marítima Lisboa Cabo da Boa Esperança-Calicute? b) O que significou a expedição de Pedro Álvares Cabral para o Império Português? Gabarito: Resposta da questão 1: [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] b) Embora em 1572 o império português estivesse vivenciando seu auge, tornando-se verdadeiramente global, com uma rede de entrepostos que ligava Lisboa a Nagasaki, trazendo enormes riquezas para Portugal, o poeta, nesta estrofe, evidencia o paradoxo entre essa riqueza e a maneira como ela era obtida, através, especialmente, de “cobiça” e “rudeza”. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Português] a) Na estrofe que faz parte do epílogo da epopeia “Os Lusíadas”, o poeta dirige-se às musas, declarando-se inca- paz de continuar a fazer poesia devido ao ambiente de cobiça e insensibilidade social que o rodeia. A menção a figuras da mitologia é típica da poesia épica que narra os feitos heroicos de um povo de forma grandiloquente e usa a intervenção de seres sobrenaturais para engrandecimento da ação. Também os versos decassílabos dispostos em esquema rimático ABABABABCC refletem o rigor formal característico do Classicismo. No en- tanto, o tom decepcionado do poeta que, nesta estrofe, tece duras críticas ao aviltamento moral em que o país tinha mergulhado não é comum nas epopeias clássicas que se restringem a enaltecer virtudes e qualidades do herói coletivo. b) No final do século XVI, Portugal atingiu o ponto mais alto da sua economia mercantilista decorrente da expansão marítima por todos os continentes. No entanto, uma crise dinástica que tem início no reinado de D. Sebastião e que se intensifica após sua morte na batalha de Alcácer-Quibir, provocará o início do declínio do Império e que se agravará com o domínio espanhol sobre Portugal até meados do século XVII. Resposta da questão 2: [C] As Grandes Navegações, séculos XV e XVI, contribuíram para ampliar o conhecimento humano sobre o mun- do, relatos dos navegadores contribuíram para afastar o imaginário europeu medieval pautado em monstros, ajudaram a construir melhores mapas, utilizaram instrumentos como bússola, astrolábio, quadrante, etc., cál- culos matemáticos foram importantes. A expansão marítima e comercial do século XV foi o primeiro passo rumo à globalização do mundo. Gabarito [C]. Resposta da questão 3: [D] Desde a antiguidade, o Mar Mediterrâneo foi o eixo econômico, local das rotas de viagens, muitos conflitos ocorreram para ter acesso e controle do Mediterrâneo, o mais relevante foram a Guerras Púnicas, entre ro- manos e cartagineses. Entre os séculos VIII e XII, ao árabes monopolizara o Mediterrâneo, o Norte da Itália dominou o Mediterrâneo entre os século XII ao XV, no contexto do Renascimento Comercial e Urbano. O mapa faz alusão as rotas transarianas que abasteciam os portos do norte do continente Africano com ouro, pimenta, marfim, entre outros. O ouro era oriundo da região do atual Mali. Gabarito [D]. Resposta da questão 4: [E] A partir do movimento das Cruzadas, rotas ligando o Ocidente e o Oriente, fechadas desde a expansão árabe durante o século VII, foram reabertas, em especial as rotas que levavam à China e à Índia. Mas a expansão do Império Otomano, a partir da Ásia Menor, aumentou a tributação para a travessia das rotas, o que obrigou as Monarquias Europeias a buscar rotas alternativas para alcançar o Oriente. Resposta da questão 5: [C] Dentre as colônias portuguesas na África estavam Angola, Moçambique e Cabo Verde. Resposta da questão 6: a) Primeiro elemento: figura de Marquês de Pombal, representante do Despotismo Esclarecido em Portugal; Segundo elemento: ênfase no comércio ultramarino e na colonização além-mar, representados pelos navios. b) Medida: transferência da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, indicando um deslocamento socioeconômico na Colônia, do Nordeste para o Sudeste. Resposta da questão 7: [C] A questão, que tem como referência o texto citado, ressalta elementos de análise do choque cultural entre eu- ropeus e nativos da América à época da Expansão Marítimo-Comercial europeia. Em geral, tanto os conquis- tadores espanhóis que dominaram o Império Asteca (no caso citado pelo texto), quanto os que dominaram o Império Inca ficaram bastante surpresos diante das manifestações culturais dessas civilizações americanas. Contudo, cabe lembrar que prevaleceu a vontade dos europeus sobre a América, o que implicou na destruição dos Impérios Asteca e Inca pelos espanhóis. Resposta da questão 8: [B] Interpretação de texto associado ao conhecimento histórico. O texto deixa claro que “apesar do caráter cru- zadista” – portanto religioso, de luta contra os muçulmanos – os interesses comerciais não estavam ausentes e reforça essa ideia como uma frase proferida pelo rei de Portugal. É comum os livros se referirem à expansão portuguesa como “expansão marítimo comercial” na qual se destacam diversos interesses ligados à nobreza e à Igreja, ao Estado e à burguesia mercantil. Resposta da questão 9: [D] Se por um lado conhecemos o processo que envolveu espanhóis e índios americanos, com a transmissão de doenças e inclusive a utilização das mesmas como arma de destruição e conquista, por outro desconhecemos a relação anterior entre portugueses e africanos. Apesar de não haver colonização portuguesa na África, houve o contato de civilizações, inclusive na região do Magreb onde ocorreram as primeiras conquistas lusitanas, sobre povos africanos islamizados. Resposta da questão 10: a) Em relação à rota marítima Lisboa Cabo da Boa Esperança-Calicute, estabeleceu-se a ligação comercial marítima de Portugal com as Índias e, por conseguinte, o acesso direto aos produtos do Oriente e quebra do monopólio italiano desses produtos, levados à Europa via Mediterrâneo. b) A expedição de Pedro Álvares Cabral confirmou a existência e a posse das terras no Ocidente pertencentes a Portugal conforme as determinações do Tratado de Tordesilhas. Estabeleceu ainda, a consolidação do domínio português no Atlântico Sul.