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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Disciplina de Biofarmácia – CIF 5314 Profa. Elenara Lemos Senna – 2021/2 Estudo dirigido NOME: Iasmim Fermiano Orsi e Júlia Ramos Köche Demarchi PARTE I. Com base nas referências bibliográficas indicadas e resoluções/normas atuais da ANVISA, responda às seguintes questões: 1. Conceitue de acordo com a ANVISA o que é medicamento de referência, medicamento genérico, medicamento similar e medicamento similar único. Segundo a ANVISA, medicamento de referência é aquele inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, ou seja, registrado na ANVISA, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. Já o medicamento genérico é similar a um produto de referência ou inovador, que seja intercambiável com o mesmo, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI (segundo lei nº 9.787, de 10/02/1999). O medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e é equivalente ao medicamento registrado na ANVISA, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca (redação pela MP 2.190- 34, de 23 de agosto de 2001).Já o medicamento similar é aquele registrado como medicamento similar junto a ANVISA e é o único comercializado no momento da solicitação da indicação do medicamento de referência. 2. O que entendes por equivalente farmacêutico, equivalente terapêutico, bioequivalente e intercambiabilidade? Quando a intercambialidade entre dois medicamentos é possível? Medicamentos similares podem ser intercambiáveis? Equivalente farmacêutico: são medicamentos que apresentam características semelhantes, ou seja, a mesma forma farmacêutica, mesma via de administração e mesma quantidade da substância ativa, ou seja, apresentar o mesmo sal ou éster da molécula terapêutica, porém não há necessidade de apresentar os mesmos excipientes, porém esses devem ser escolhidos com cautela, para garantir o desempenho do medicamento. Equivalente terapêutico: medicamentos que já tem equivalência terapêutica e que, após administração na mesma dose molar, apresenta eficácia e segurança semelhantes. Bioequivalente: É o termo usado para designar dois produtos farmacêuticos que possuem doses iguais do mesmo princípio ativo (ou princípios ativos) e não diferem significativamente nas características de biodisponibilidade quando testados em condições experimentais similares, ou seja, quando administrados na mesma dose molar e nas mesmas condições experimentais, não apresentam diferenças estatisticamente significativas em relação à biodisponibilidade. Intercambialidade: medicamento genérico que apresenta equivalência farmacêutica e bioequivalência com seu referência, de modo que possa-se alterar o tipo do medicamento que está sendo utilizado pelo paciente sem prejudicar a eficácia clínica e alterar os efeitos adversos. 3. Segundo a RDC Nº. 31 de 11/08/2010, o que são estudos de dissolução comparativos? Qual a finalidade de sua realização? Para quais formas farmacêuticas este estudo não é aplicável? Segundo a RDC nº 31 de 11/08/2010, o estudo de dissolução comparativo é um ensaio analítico com coletas em múltiplos pontos para a avaliação da dissolução de uma determinada substância ativa comparando duas formulações, ou seja, verificar se a velocidade de dissolução do medicamento teste é semelhante do referência, já que a velocidade de liberação (dissolução) está relacionada a absorção do medicamento pelo organismo, logo, visa-se que para que haja uma equivalência entre as formulações, a velocidade e, consequentemente, a absorção seja próxima. O estudo não é aplicável para pós, granulados e formas farmacêuticas efervescentes que ao serem reconstituídos tornam-se soluções; semi-sólidos (exceto supositórios); formas farmacêuticas administradas como sprays ou aerossóis nasais ou pulmonares de liberação imediata; gases; líquidos (exceto suspensões). PARTE II. Comparação do perfil de dissolução da hidroclorotiazida a partir de comprimidos contendo 10 mg de fármaco. 1. Ensaio de dissolução: ● Aparelho de dissolução USP 1_Método das cestas ● Meio: ácido clorídrico 0,1 M ● Volume de meio 900 mL ● Velocidade de agitação 100 rpm ● Coleta: 5, 10, 15, 20, 30, 45 e 60 min. ● Método analítico: Espectrofotometria de absorção no UV a 273 nm. ● Equação da reta da curva de calibração: y = 0,083x – 0,0509. TABELA 1. Percentual dissolvido de hidroclorotiazida dos medicamentos referência, teste de teste 2 (média ± DP). Referência Teste 1 Teste 2 5 22,26 ± 0,73 24,24 ± 1,50 12,09 ± 2,94 10 38,34 ± 1,35 40,12 ± 2,02 21,30 ± 2,93 15 49,84 ± 7,49 51,96 ± 1,67 28,84 ± 4,87 20 68,36 ± 3,66 70,72 ± 6,44 37,98 ± 5,54 30 83,02 ± 1,61 85,09 ± 3,31 61,01 ± 2,97 45 97,70 ± 1,47 98,16 ± 3,39 78,97 ± 2,05 60 101,82 ± 3,04 99,27 ± 3,30 87,41 ± 2,02 2. Comparação dos perfis de dissolução 2.1 Construa os gráficos de porcentagem dissolvida (%) versus tempo (min). 2.2 Cálculo dos valores f1 e f2. Referência & Teste 1 Tempo (min) % Dissolvida Rt (referência) % Dissolvida Tt (teste) [Rt-Tt] [Rt-Tt]2 5 22,26 24,24 1,98 3,9204 10 38,34 40,12 1,78 3,1684 15 49,84 51,96 2,12 4,4944 20 68,34 70,72 2,38 5,6644 30 83,02 85,09 2,07 4,2849 45 97,70 98,16 0,46 0,2116 60 101,82 99,27 2,55 6,5025 Σ (somatório) 461,32 469,56 13,34 28, 2466 Valores de f1 e f1 para o teste 1: = 2,89 Referência & Teste 2 Tempo (min) % Dissolvida Rt (referência) % Dissolvida Tt (teste) [Rt-Tt] [Rt-Tt]2 5 22,26 12,09 10,17 103,4289 10 38,34 21,30 17,04 290,3616 15 49,84 28,84 21 441 20 68,34 37,98 30,36 921,7296 30 83,02 61,01 22,01 484,4401 45 97,70 78,97 18,73 350,8129 60 101,82 87,41 14,41 207,6481 Σ (somatório) 461,32 327,6 133,42 2799,4212 Valores de f1 e f1 para o teste 2: Valores de f1 e f2 (Todos os cálculos devem ser demonstrados) f1 f2 Referência & Teste 1 2,89 82,4495 Referência & Teste 2 28,92 35,142 3. Conclusões (discutir os resultados com base no conceito de Equivalência Farmacêutica). O estudo realizado visa conhecer o comportamento desses dois medicamentos antes de realizar o estudo de dissolução relativa/bioequivalência. O valor de F1 expressa o fator de diferença, ou seja, a porcentagem entre dois perfis diferentes de dissolução, sendo que esse deve estar entre 0% a 15%, sendo que quanto mais próximo de 0, melhor. Já F2 é o fator de semelhança, ou seja, a medida de semelhança entre as porcentagens dissolvidas de ambos os perfis, devendo estar entre 50% - 100%. Vale ressaltar que os fatores apresentam proporcionalidade, isto é, quando F1 aumenta, F2 diminui e vice e versa. Avaliando os perfis calculados para o teste 1, os valores referentes a F1 (2,89%) e F2 (82,45%) se encontram dentro do intervalo que garante a similaridade dos dois perfis de dissolução, logo, são equivalentes. Já para o teste 2, o valor de F1 (28,92%) apresenta-se acima do intervalo aceitável e, por consequência, o valor de F2 (35,14%) está inferior ao ideal, que seria, no mínimo 50%, desse modo, não apresentam semelhança, consequentemente não sendo equivalentes entre si Referências ARRUNATEGUI et al. Biopharmaceutics classification system: importance and inclusion in biowaiver guidance. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 1, n.1, 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-82502015000100015 AULTON, M.E. & TAYLOR, K. (Eds.) Delineamento de formas farmacêuticas. 4 ed. São Paulo (SP): Artmed, 2016. (Capítulos 21 e 35).BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no. 134 de 29 de maio de 2003. Dispõe sobre a adequação dos medicamentos já registrados. Brasília, DF, 2003, 7p. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no. 31 de 11 de agosto de 2010. Dispõe sobre a realização dos Estudos de Equivalência Farmacêutica e de Perfil de Dissolução Comparativo. Brasília, DF, 2010, 14p. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no. 37 de 03 de agosto de 2011. Dispõe sobre o Guia para isenção e substituição de estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência e dá outras providências. Brasília, DF, 2011, 13p. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa no. 10 de 29 de setembro de 2016. Determina a publicação da “Lista de fármacos candidatos à bioisenção baseada no Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB)” e dá outras providências. Brasília, DF, 2016, 2p. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de dissolução aplicável a medicamentos genéricos, novos e similares. Brasília, DF, 2018, 36p. PIANETTI, G. A., CESAR, I. C., NOGUEIRA, F.H.A. Equivalência Farmacêutica de Medicamentos: In STORPIDIS ET AL., Biofarmacotécnica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. P. 109-114.