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GENÉTICA BIOQUÍMICA Professora: Eduarda Bassi Anziliero Farmacêutica Bioquímica Especialista em Análises Clínicas e Toxicológicas Mestra em Bioexperimentação O que é um erro inato do metabolismo? Erro inato do metabolismo (EIM) No passado: situações clínicas conseqüentes de defeitos em vias metabólicas Atualmente grupo de doenças geneticamente determinadas, decorrente de deficiência em alguma via metabólica que está envolvida na síntese (anabolismo), transporte ou na degradação (catabolismo) de uma substância. Ultrapassam 400. Eles são estudados por um ramo da medicina laboratorial conhecido como Bioquímica Genética. Toda a doença genética é um erro metabólico? Erros metabólicos são geneticamente determinados As doenças genéticas podem causar problemas ao comprometer, por exemplo, a estrutura da célula, sua capacidade de multiplicação ou interferir em seu processo de comunicação. Doenças genéticas podem ser gênicas (quando existe comprometimento de um único gene) ou cromossômicas (quando há alteração na quantidade de material genético, envolvendo muitos genes, com perda, acréscimo ou rearranjo de grandes segmentos de DNA). Alterações genéticas que levem a alteração de alguma via metabólica específica são chamadas de EIM. Qual é o tipo de herança dos EIM? A maior parte dos EIM é decorrente de alteração do DNA presente no núcleo. Caráter de herança autossômica recessiva, ou seja, decorrente de mutação que afeta o produto de ambas as cópias de um único gene. Herança recessiva ligada ao cromossomo X. Nesta situação, as mulheres portadoras não manifestam a doença, que vai se expressar apenas em seus filhos homens que recebam o gene com a mutação. Herança de caráter autossômico dominante, ou seja, a presença de mutação em apenas uma das cópias do gene é suficiente para determinar o aparecimento de manifestações clínicas. Um outro mecanismo, menos comum, se dá por meio do DNA presente na mitocôndria e transmitido pela mãe Qual a freqüência de EIM na população? Apesar de serem eventos raros, os EIM representam importante problema de saúde e seu diagnóstico, freqüentemente, se constitui em desafio para o clínico. populações e grupos étnicos Quantos EIM são conhecidos? A lista de EIM cresce a cada ano, sendo conhecidos atualmente mais de 400 defeitos metabólicos. Um mesmo EIM pode ter diferentes expressões clínicas, na dependência da atividade remanescente da enzima e do tipo de mutação genética. Em que idade pode se manifestar um EIM? Os EIM podem causar sintomas antes do nascimento, no período pós- natal, na infância, no período escolar, na adolescência e na vida adulta. A idade de início e a forma de apresentação dos sintomas são importantes na orientação do diagnóstico clínico. As formas de início mais tardio de EIM costumam ter apresentações mais atípicas e são, em geral, mais difíceis de serem diagnosticadas. EIM são mais freqüentes na faixa etária pediátrica, eles podem manifestar- se em qualquer idade. Na medida que melhoram os cuidados médicos e os recursos terapêuticos para muitas dessas condições, aumenta a sobrevida dos afetados, que dessa forma passam a atingir a vida adulta. O que causa um EIM? Na origem de um EIM, algumas vezes existe a falta de atividade de determinada enzima ou co-fator (uma vitamina, por exemplo). Isto faz com que certas reações químicas não se processem com a velocidade e eficiência necessárias, ocorrendo um “bloqueio” de determinada via metabólica. Outras vezes, uma proteína que está envolvida no transporte de determinadas substâncias através dos diversos compartimentos celulares ou da membrana citoplasmática encontra-se deficiente, acarretando distúrbio na função metabólica da célula. Como um erro no metabolismo pode levar a manifestações clínicas? Uma vez que os EIM são decorrentes de problemas em uma via metabólica, as manifestações clínicas tanto podem ser decorrentes do acúmulo do substrato (A) de uma reação, como da falta de produto dessa mesma reação (B). Alternativamente, pode haver o acúmulo de uma substância originada de via metabólica alternativa (C) De que forma o acúmulo de substrato ou substâncias dele derivadas pode levar a alteração do funcionamento da célula? Acúmulo de substrato hidrossolúvel que seja tóxico para a célula ou que interfira com seu funcionamento. É o que ocorre em alguns erros inatos de aminoácidos e de organoácidos. Estas substâncias, por serem hidrosolúveis, poderão ser detectadas em diversos fluídos corporais. De que forma o acúmulo de substrato ou substâncias dele derivadas pode levar a alteração do funcionamento da célula? Acúmulo de substrato de baixa solubilidade em água, como acontece na maior parte das doenças decorrentes de acúmulo intralisossomal (por exemplo, nas mucopolissacaridoses e na doença de Gaucher). Nestes casos, a substância não é tóxica mas o seu acúmulo interfere com o funcionamento normal da célula. Por serem pouco solúveis em água e se depositarem somente em alguns órgãos e tecidos, sua detecção é, na maioria das vezes, difícil. De que forma o acúmulo de substrato ou substâncias dele derivadas pode levar a alteração do funcionamento da célula? Acúmulo de substrato de baixa solubilidade em água, como acontece na maior parte das doenças decorrentes de acúmulo intralisossomal (por exemplo, nas mucopolissacaridoses e na doença de Gaucher). Nestes casos, a substância não é tóxica mas o seu acúmulo interfere com o funcionamento normal da célula. Por serem pouco solúveis em água e se depositarem somente em alguns órgãos e tecidos, sua detecção é, na maioria das vezes, difícil. Acúmulo de substância tóxica derivada do substrato, como ocorre em algumas poucas doenças, como a galactosemia Em que circunstância a deficiência do produto da reação pode levar ao aparecimento de sintomas? Quando uma via metabólica está envolvida com a síntese de uma determinada substância, o seu bloqueio poderá acarretar o aparecimento de sintomas pela deficiência desta substância. É o que se observa na acidúria argino-succínica, em que ocorre deficiência de arginina e ornitina e conseqüente hiperamonemia, e em muitas doenças em que há comprometimento da oxidação fosforilativa, com redução da produção de ATP e diminuição da oferta de energia. É possível o desarranjo de uma via metabólica interferir com o funcionamento de outra? Sim. Todo o metabolismo celular é interligado, o que faz com que o comprometimento de uma via metabólica possa interferir com o funcionamento de outra. Na acidemia propiônica, por exemplo, existe elevação dos teores de glicina, além do aumento de ácido propiônico. Na acidemia metilmalônica, observa-se acúmulo de glicina, amônia e cetoacidose grave. É importante, desta forma, decidir se um determinado erro metabólico é primário ou secundário ao desarranjo de outras vias. Como são classificados os EIM? Existem muitas formas de se classificar os EIM, a classificação pode levar em conta: 1. A organela cuja função encontra-se alterada: lisossomo, mitocôndria e peroxissomo. 2. A via metabólica que se encontra comprometida: beta-oxidação mitocondrial de ácidos graxos, degradação do glicogênico, biotransformação de aminoácidos, ciclo da uréia etc. 3. As manifestações clínicas dominantes: ataxia, sintomas extrapiramidais, coma, encefalopatia progressiva, convulsões, hepatopatia, miopatia etc. 4. O tipo de apresentação clínica: progressiva versus não progressiva, aguda versus crônica, com sintomas mantidos versus sintomas intermitentes. Quais as vias metabólicas que podem estar alteradas nos EIM? 1. Produção de adenosina trifosfato (ATP). 2. Síntese e degradação de aminoácidos. 3. Síntese de purinas e pirimidinas (que vão formar os ácidos nucléicos). 4. Síntese de uréia. 5. Catabolismo de glicosaminoglicanos (mucopolissacárides). 6. Catabolismo de esfingolípides. 7. Síntese e degradaçãode glicogênio. 8. Síntese de neurotransmissores. 9. Transporte de aminoácidos, metais e açúcares. 10. Transporte de metais. 11. Transporte ou reciclagem de vitaminas. 12. Catabolismo de ácidos graxos. 13. Síntese do anel porfirínico. 14. Síntese de creatina conhecidas pelo nome dos primeiros autores a descrevê-las. Para que serve o lisossomo? Degradação de ácidos graxos O lisossomo possui sistema para reconhecer e captar enzimas produzidas no citoplasma e destinadas a atuar no seu interior. Quando uma destas enzimas não funciona adequadamente, ocorre um acúmulo de seu substrato dentro do lisossomo que poderá comprometer o funcionamento da célula. Alternativamente, este substrato acumulado poderá ser transformado, por meio de via metabólica alternativa, em produto tóxico para a célula. Para que serve o peroxissomo? Eliminação de radicais peróxido (H2O2). Mitocôndrias Todas as mitocôndrias são herdadas da mãe, uma vez que o citoplasma do espermatozóide não é incorporado ao zigoto Na mitocôndria estão as enzimas envolvidas com: o ciclo de Krebs (que vai produzir NADH e FADH, necessários para a geração de ATP) com o complexo da desidrogenase pirúvica (que faz a junção entre a glicólise e o ciclo de Krebs) com a maior parte do ciclo da uréia (envolvida na eliminação de amônia) com a oxidação fosforilativa (responsável pela produção de ATP) com a beta oxidação de lípides (redução progressiva do tamanho da cadeia de carbono dos ácidos graxos, com produção de acetil-coenzima A, que vai ser metabolizada no ciclo de Krebs). Como a célula produz energia A energia que a célula precisa para se manter operante é gerada em grande parte na mitocôndria, na forma de adenosina trifosfato (ATP). Como a célula mantém e busca as informações necessárias para seu funcionamento? A informação para produzir uma proteína está contida no gene presente no DNA. Este tem que ser transcrito em RNA mensageiro que, por sua vez, deve ser transportado para o citoplasma e traduzido em proteína no ribossomo Qual é o tratamento existente para erros inatos metabólicos? Dietas especiais, como as empregadas nas hiperfenilalaninemias (inclusive fenilcetonúria), na leucinose, na galactosemia e nas acidemias metilmalônica e propiônica. Aporte calórico continuado com administração de amido durante a noite, para evitar hipoglicemia, como proposto em diversas glicogenoses hepáticas. Dieta cetogênica, recomendada para a deficiência da proteína transportadora de glicose GLUT1 e para a deficiência da desidrogenase pirúvica. Medicamentos, como os utilizados na doença de Wilson (penicilamina), na tirosinemia tipo I (NTBC), na cistinose (N-acetil-cisteína) e na homocistinúria (betaína). Qual é o tratamento existente para erros inatos metabólicos? Reposição da enzima deficiente, já disponível para tratamento da forma não-neuropática da doença de Gaucher e da doença de Fabry e em desenvolvimento para outras formas de doenças lisossomais, entre as quais encontram-se a doença de Hurler (MPS I), a doença de Maroteaux-Lamy (MPS VI) e a doença de Pompe. Reposição de vitaminas e co-fatores, útil na homocistinúria (vitamina B6), na acidúria metilmalônica (vitamina B12), na acidemia glutárica do tipo I (riboflavina) na deficiência da biotinidase (biotina), na síndrome ataxia-deficiência de vitamina E. A suplementação de carnitina, que facilita o transporte de lípides para a mitocôndria, é útil em diversos erros metabólicos que interfiram com a produção de energia. Prevenção da hipoglicemia decorrente de jejum ou estado hipercatabólico, recomendado na acidúria glutárica e nos defeitos da beta-oxidação de lípides. Diálise peritonial ou hemodiálise, para o tratamento de erros do ciclo da uréia, com hiperamonemia. FENILCETONURIA Herança autossômica recessiva Enzima que converte aminoácido fenilalanina em tirosina (converte em acido fenilpiruvico que é toxico) é defeituosa Corpo não produz mas retira dos alimentos TRATAMENTO: Restringir o consumo de alimentos que contêm fenilalanina e introduzir fórmulas metabólicas específicas com os nutrientes necessários de acordo com as exigências dietéticas de cada paciente. Não ingerir fenilalanina DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE Doença genética rara caracterizada pela deficiência da enzima responsável pelo metabolismo da biotina herança autossômica recessiva que interfere na capacidade do organismo de obter a vitamina biotina a partir dos alimentos - uma vitamina existente nos alimentos que compõem a dieta normal, indispensável para a atividade de diversas enzimas. essencial para o bom funcionamento do corpo, já que está relacionada com a produção de glicogênio e de proteínas TRATAMENTO ingerir biotina Amiloidose ATTR hereditária (hATTR) Herança autossômica dominante A proteína TTR é produzida principalmente no fígado e é transportadora da vitamina A e da tiroxina A amiloidose é um grupo de doenças raras, causadas pelo depósito de proteínas insolúveis no corpo. Ao contrário das proteínas normais do nosso corpo, que são capazes de se degradarem, essas proteínas insolúveis se depositam nos órgãos e tecidos, causando danos. Elas formam os chamados “depósitos amiloides”, que geram uma fibra nos tecidos, incapaz de ser eliminada pelo organismo. Cisticinose É uma patologia autossômica recessiva que ocasiona lesões graves, em especial nos olhos e nos rins. Cistinose é uma doença genética rara, identificada pela acumulação do aminoácido cistina que não dissolve em agua no organismo. Quanndo a doença é diagnosticada, uso de remédios, como a cisteamina, que ajudam o corpo a eliminar a cistina em excesso. Doença de pompe A Doença de Pompe (DP) é uma doença genética, causada pela deficiência da enzima alfa-glicosidase ácida (GAA), levando a acúmulo progressivo de glicogênio dentro dos lisossomos, com sintomas de fraqueza muscular, deterioração da função respiratória e morte prematura. Acúmulo excessivo de glicogênio, principal reserva energética encontrada no fígado e músculos. IMUNOGENÉTICA IMUNOGENÉTICA Trata dos aspectos genéticos dos antígenos, anticorpos e suas interações, inclusive grupos sanguíneos, incompatibilidades, repostas a transplantes de tecidos e órgãos, doenças por deficiências imune e autoimune ANTÍGENO Induzir resposta IMUNE específica Endógeno Exógeno ANTICORPO Proteínas do soro denominadas Imunoglobulinas Especificidade Sistema chave-fechadura Aglutininas x Aglutinogênios SISTEMA ABO Genótipos e Fenótipos do Sistema ABO Fenótipo Genótipo Antígeno ou aglutinogênio (nas hemácias) Anticorpo ou aglutinina (no plasma) Grupo A IAIA ou IAi Antígeno A Anti-B Grupo B IBIB ou IBi Antígeno B Anti-A Grupo AB IAIB Antígenos A e B Sem anticorpos Grupo O ii Sem antígenos Anti-A e Anti-B Genótipos e Fenótipos do Sistema Rh Fenótipo Genótipo Antígeno ou aglutinogênio (nas hemácias) Anticorpo ou aglutinina (no plasma) Rh + RR ou Rr Antígeno Rh - Rh - rr Sem antígeno Ac anti Rh em caso de transfusão com Rh + Farmacogenética
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