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literatura brasileira II aula 6

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- -1
LITERATURA BRASILEIRA II
O REALISMO EXACERBADO: A PROSA DE 
ALUÍSIO DE AZEVEDO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Identificar as diferenças entre Realismo e Naturalismo; 2. relacionar
a obra de Aluísio Azevedo às características do movimento do Naturalismo; 3. reconhecer a importância do autor
para a história da literatura nacional.
https://www.youtube.com/watch?v=6O7FdsR7F-A
O vídeo que vimos no início da aula, baseia-se na obra de Émile Zola, , considerada a obra-prima doO Germinal
Naturalismo, publicada em 1885. Para escrevê-la, Zola passou dois meses em uma mina de carvão, trabalhando e
vivendo como um mineiro.
A narrativa procura demonstrar os efeitos do meio sobre as relações sociais, no entanto a força da descrição das
imagens e a violência com que os personagens se movimentam nesse universo de exploração tornaram a obra
um tratado social de alcance atual.
Vamos identificar as diferenças entre Realismo e Naturalismo?
De fato, o Naturalismo é o nome que damos ao estilo que enfatiza as características científicas, como os dados
pertinentes às ideias deterministas de Taine – a tríade: herança, meio e momento.
Já o Realismo focaliza com mais intensidade as questões psicológicas, consubstanciadas na descrição
pormenorizada dos conflitos íntimos por que passam os personagens.
Você verá agora dois trechos. Cada um deles foi retirado da obra considerada marco inicial do período estético
que estudamos. Do Realismo, temos o capítulo 49 de , de Machado de Assis,Memórias póstumas de Brás Cubas
que você verá agora, e do Naturalismo, o primeiro capítulo do livro , de Aluísio Azevedo, que você veráO Mulato
mais à frente.
Saiba mais
O cenário preferido dos realistas é a vida das cidades, da classe média, dos pequenos
proprietários e suas veleidades. Já os naturalistas focalizam as classes mais baixas, os escravos,
os trabalhadores braçais e imigrantes.
https://www.youtube.com/watch?v=6O7FdsR7F-A
https://www.youtube.com/watch?v=6O7FdsR7F-A
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MACHADO DE ASSIS
“CAPÍTULO 49
A ponta do nariz
Nariz, consciência sem remorsos, tu me valeste muito na vida... Já meditaste alguma vez no destino
do nariz, amado leitor? A explicação do Doutor Pangloss é que o nariz foi criado para uso dos óculos,
— e tal explicação confesso que até certo tempo me pareceu definitiva; mas veio um dia, em que,
estando a ruminar esse e outros pontos obscuros de filosofia, atinei com a única, verdadeira e
definitiva explicação.
Com efeito, bastou-me atentar no costume do faquir. Sabe o leitor que o faquir gasta longas horas a
olhar para a ponta do nariz, com o fim único de ver a luz celeste.
Quando ele finca os olhos na ponta do nariz, perde o sentimento das coisas externas, embeleza-se no
invisível, apreende o impalpável, desvincula-se da terra, dissolve-se, eteriza-se.
Essa sublimação do ser pela ponta do nariz é o fenômeno mais excelso do espírito e a faculdade de a
obter não pertence ao faquir somente: é universal. Cada homem tem necessidade e poder de
contemplar o seu próprio nariz para o fim de ver a luz celeste, e tal contemplação, cujo efeito é a
subordinação do universo a um nariz somente, constitui o equilíbrio das sociedades.
Você acabou de ver um pequeno trecho em que a típica ironia machadiana incide sobre uma reflexão do
narrador Brás Cubas cuja condição de autor morto lhe permite todo o distanciamento necessário para analisar
aspectos do comportamento humano de maneira fria e distanciada.
A obra, segundo o narrador e protagonista Brás Cubas, surge depois de sua morte, tendo como autor, ele mesmo,
o defunto. Assim o defunto-autor.
Saiba mais
A genialidade de Machado de Assis, reconhecida mundialmente, vai receber a nossa atenção
especial em uma aula dedicada apenas à sua obra.
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No trecho, o narrador avalia a importância do nariz e chega à conclusão de que seu mérito decorre da serventia
que oferece às reflexões. Assim, o nariz é o foco da visão quando não estamos efetivamente olhando para nada,
mas apenas para o nosso próprio interior, procurando o equilíbrio. Por isso, ao lado do amor, o nariz é uma força
capital, capaz de subordinar a espécie humana ao indivíduo.
Observe a perscrutação psicológica, objeto do capítulo, bem como o distanciamento que possibilita a divagação
abalizada do morto. Ironia fina, esgrima de palavras: essas são características de Machado.
Veja agora o trecho do Naturalismo, o primeiro capítulo do livro , de Aluísio Azevedo.O mulato
ALUISIO AZEVEDO
Capítulo 1
Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida
pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões
faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverberações de prata polida; as
folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante,
abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem
cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes.
Em certos pontos, não se encontrava viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido; só os
pretos faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho.
A Praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. De um casebre miserável, de porta e janela, ouviam-se
gemer os armadores enferrujados de uma rede e uma voz tísica e aflautada, de mulher, cantar em
falsete a “gentil Carolina era bela”; do outro lado da praça, uma preta velha, vergada por imenso
tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava
em tom muito arrastado e melancólico: “Fígado, rins e coração!’’
Era uma vendedeira de fatos de boi.
O trecho apresenta uma descrição tão vigorosa e intensa que o leitor tem a impressão de ter sido inserido no
quadro: as ruas quentes de São Luís do Maranhão. Aliás, esse é um traço peculiar a Aluísio Azevedo, a sua
destreza com a descrição de ambientes, paisagens e personagens.
O veio naturalista se nota na inversão da descrição, pois os cães apresentam características humanas
"Os cães (...) tinham uivos que pareciam gemidos humanos” –, enquanto os humanos são
assemelhados a animais – “as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhargas maternas”,
“guinchavam”, “as peixeiras(...), as tetas opulentas.”
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A observação de viés científico resvala para a fixação com o abjeto, seja pela descrição dos suores, seja pela
repulsa provocada pela imagem da vendedora de miúdos bovinos ou do quitandeiro acariciando o pé. Assim, o
narrador conduz o leitor pelo cenário quente, sujo e pobre.
Ressalta-se que o meio age como fator determinante para o comportamento dos indivíduos, estabelecendo,
dessa forma, uma relação de causa e efeito. Não se encontra, muito menos, referência a alguma reflexão ou
conflito interior dos personagens que povoam a cena, pois todos são representados em seus aspectos mais
animalescos.
A obra “O mulato” faz parte de uma trilogia, composta por O Cortiço e Casa de Pensão. Como observa Massaud
Moisés, a tríade consagrou Aluísio Azevedo:
“Como adepto do Naturalismo, partiu de bases científicas para analisar uma sociedade considerada
decadente, a sociedade burguesa, romântica, brasileira, da segunda metade do século XIX, composta
de doentes dos sentidos, sujeitos a imperativos do sangue e do contexto social e a convenções
hipócritas. (...) Do quadro social, o romancista escolheu, entre pessimista e revoltado, três chagas e
lancetou-as, como um clínico impassível, o problema do mulato, o cortiço e a casa de pensão,
situações que lhe permitem evidenciar a mestria em compor flagrantes sociais e tratá-los como
personagens.” (MOISÉS, M. História da literatura brasileira. p. 34)
Das três obras, é reconhecidamente o romance em que Azevedo atingiu o ápice do determinismoO Cortiço
aplicado à sociedade brasileira, em sua observação dos pobres, dos mestiços e dos imigrantes. A narrativa conta
com a descrição pormenorizada de personagens que ganham vidapela plasticidade de seu relevo na obra.
Vamos ler a apresentação do personagem na abertura da obra?
Alçado à posição de protagonista, o cortiço, ambiente onde se desenvolve a trama, é o palco dos embates entre os
sentimentos, os desejos e as ambições. Seu dono, João
Romão, imigrante português determinado a ascender socialmente, sacrifica tudo e todos a fim de atingir seus
objetivos.
“João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre
as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto
economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe
deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda
um conto e quinhentos em dinheiro.
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Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor,
possuindo-se de tal delírio de enriquecer que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia
sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa
cheio de palha. A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua
vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada
com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.
Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a mais bem afreguesada do bairro. De manhã
vendia angu, e à noite peixe frito e iscas de fígado; pagava de jornal a seu dono vinte mil réis por mês,
e, apesar disso, tinha de parte quase que o necessário para a alforria. Um dia, porém, o seu homem,
depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado
da carroça, estrompado como uma besta.”
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf
Logo de imediato, o narrador dá a conhecer ao leitor a fatia social que contemplará em seu texto: o mundo dos
pobres, dos explorados e dos escravos no cenário urbano. No entanto, não se pode esperar uma visada piegas,
muito pelo contrário, a força das figuras e as tramas que fazem evoluir os seus destinos fazem parte de um
projeto determinista: a comprovação da força impiedosa do meio, do momento e do peso da linhagem.
O embate entre ricos e pobres não se configura apenas na relação de exploração imposta por João Romão aos
inquilinos – até porque o proprietário está muito distante de ser tomado como alguém bem-sucedido
socialmente –, mas principalmente pela relação desigual representada pelo sobrado de Miranda, vizinho do
cortiço.
“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E, ao
lado, o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte
daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes,
piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em
torno dela, rachando o solo e abalando tudo.
Posto que lá na Rua do Hospício os seus negócios não corressem mal, custava-lhe a sofrer a
escandalosa fortuna do vendeiro “aquele tipo! um miserável, um sujo, que não pusera nunca um
paletó, e que vivia de cama e mesa com uma negra!”
À noite e aos domingos, ainda mais recrudescia o seu azedume, quando ele, recolhendo-se fatigado
do serviço, deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à mesa da sala de jantar, e ouvia, a
contragosto, o grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais cansados.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf
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Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o embebedava
com o seu fartum de bestas no coito”.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf
Aluísio Azevedo escreveu também textos de viés romântico, em concomitância com as obras de natureza
naturalista. Trata-se de folhetins que garantiam ao autor a sobrevivência econômica, tendo em vista o gosto da
época pelas narrativas românticas.
Embora a estrutura fragmentária do texto publicado capítulo a capítulo nos jornais não pudesse contar com
enredos mais elaborados e intrigas mais longas, dois de seus folhetins devem ser lembrados: Filomena Borges e
.A Mortalha de Alzira
O primeiro se destaca pela vivacidade do enredo que se desenvolve a partir da sátira dos romances românticos;
o segundo, passado na França de Luís XV, retrata o conflito vivenciado por Ângelo, um padre.
Quer ler um trecho de A Mortalha de Alzira?
Então, clique no livro ao lado ou acesse o site:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000018.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000018.pdf
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Em síntese, a superioridade da obra de Aluísio Azevedo se destaca no período pela mestria na descrição dos
ambientes urbanos e no desenho hipertrofiado de seus personagens caricaturais. Nas palavras de Alfredo Bosi:
(...) o abuso não invalida o uso: em face de certa vaguidade romântica no trato das personagens, foi
salutar o deslocamento do eixo para o homem comum, desfigurado, mais do que se acreditava, pelos
revezes da herança biológica, da vida familiar, da profissão. Se a ótica naturalista capta de
preferência a mediocridade da rotina, os sestros e mesmo as taras do indivíduo, ela não será por isso
menos verossímil que a opção contrária dos românticos; e, o que mais importa, é tão significativa
quanto ela, pois uma e outra são sintomas dos impasses criados no espírito do ficcionista quando se
abeira da condição humana enleada na vida social.”
(BOSI, Alfredo. . 41.ed. São Paulo: Cultrix, 2003.p.189)História concisa da literatura brasileira
O Parnasianismo foi a vertente poética contemporânea ao Realismo e será o objeto de nossa próxima aula.
O que vem na próxima aula
• O Parnasianismo;
• características do movimento parnasiano;
• a tríade parnasiana.
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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu as características do Realismo e do Naturalismo;
• analisou trechos de obras do Realismo e do Naturalismo;
• compreendeu a importância do conjunto da obra de Aluísio Azevedo para a literatura brasileira.
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	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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