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Amanda Broetto Rinites As inflamações da mucosa do nariz podem sem infecciosas e não infecciosas: Dentro das não infecciosas: Rinite alérgica e não alérgica (saber diferença porque se trata diferente) ® Conceito: Rinite é uma inflamação da mucosa que vai ser mediada por IgE e vai causar os seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorreia aquosa, prurido nasal e espirros em salvas. Isso tem que ocorrer por mais de dois dias consecutivos e mais de uma hora por dia. O primeiro conceito que tem que entender de fisiopatologia de Rinite alérgica é que para ser alérgica é necessário um alergéno e ele vai ser uma proteína solúvel de baixo peso molecular. Isso porque tem que ser algo que a nossa celula apresentadora de antígeno consiga identificar. Então, não existe “alergia ao frio”. O frio não é uma proteína. É um outro tipo de rinite, é uma rinite não alérgica, que o paciente pode ter em mudanças de temperatura, mas não é uma alergia. Então: tem que ter um alérgeno que será captado pela célula apresentadora de antígenos e vai sinalizar o linfócito Th2 a produzir interleucinas, fazendo com que o linfócito B se transforme em plasmócito e libere IgE. Essa é a primeira fase: FASE DE SENSIBILIZAÇÃO: ela vai gerar no paciente nesse primeiro momento: prurido, espirros, rinorreia e obstrução nasal. Acontece logo que o paciente entra em contato e não ultrapassa 30 min. Depois disso, o paciente vai ter uma FASE TARDIA: aonde vamos ter as moléculas de adesão que estão no vaso (da mucosa do nariz) e ainda vamos ter a diapedese dos eosinófilos; vamos ter a eosinofilia e a liberação de leucotrienos e mais interleucinas que vão produzir mais inflamação e mais sintomas. Isso faz com que tenhamos essa fase em torno de 4-12h após. E aí se o paciente se mantém em exposição, ele vai manter esse ciclo ficando com os sintomas cada vez mais evidentes. Diagnóstico de Rinite alérgica: é clínico! ® Devemos levar em consideração: idade do paciente, profissão. (É incomum que um paciente desenvolva aler- gias após os 40 anos. Normalmente as alergias iniciam na infância e adolescência) ® Na HDA vamos caracterizar as alterações: primeiro os sintomas, a gravidade e a duração de tempo. (Gravi- dade e duração são o que fazem escolher o que vamos usar para tratar o paciente) ® Medicamentos: alguns dão sintomas que mimetizam uma alergia. Ex: BB pode dar broncoespasmo; IECA pode dar angioedema. ® Vamos olhar o ambiente que vive e pesquisar desencadeantes principalmente para rinite alérgica. Ambiente em que trabalha e a história familiar (na atópica é um dado muito importante tem fatores genéticos) Amanda Broetto ⁃ Então vamos classificar a duração para saber se é intermitente ou persistente. ® RINITE INTERMITENTE: menos de 4 dias e menos de 4 semanas por ano. (Não é o cotidiano, o paciente não tem isso de forma regular / cíclica) ® RINITE PERSISTENTE: mais de 4 dias por semana e mais de 4 semanas por ano. ⁃ INTENSIDADE DOS SINTOMAS: leve ou moderada/grave ® Leve: não influencia na qualidade de vida do paciente. Se tem sintomas mas o paciente acha que não interfere muito.. ® Moderada a Grave: Se o paciente tem distúrbios do sono, impacto nas atividades cotidianas: lazer/ esporte/ trabalho/escola ou se o paciente se sente incomodado com esses sintomas EXAMES: não necessariamente vai precisar pedir exames no paciente com rinite alérgica, isso porque o diagnóstico é clínico. Mas esses exames vão estar alterados no paciente e pode pedir se tiver dúvida diagnóstica. Hemograma: eosinofilia (> 400/500 células). O problema é que é muito pouco específico, não é um bom exame! (gravidez, doenças virais e parasitárias, paciente que fez sexo no dia anterior; paciente menstruada.. tudo isso pode alterar eosinófilo) IgE total : positivo para rinite alérgica quando: IgE total >200ml/unidade + HF de atópia. Só que ela também é pouco específica (parasitoses, drogas e medicamentos.. podem alterar a IgE total, tanto au- mentar ou diminuir) IgE específica: e aí sim já entramos no diagnóstico de rinite mesmo, para tentar achar a causa. A IgE específica pode pedir de duas formas: ou avaliar a sanguíneo (IgE sérica) ou a cutânea. Mas mesmo a IgE específica vai ser solicitada conforme a exposição do paciente (não vai pedir para tudo, pede “bateria cosmética” por exemplo). TESTE DE PUNTURA ( PRICK TEST) : número 1 é o controle positivo: histamina. Coloca uma gota de SF 0,9% e coloca os alérgeno por cima. A histamina vai ser controle positivo porque se o paciente estiver tomando anti-histamínico, mesmo a gotinha de histamina vai dar negativa e aí você sabe que o teste não é válido. Se o 1 (histamina) der positivo - e ela TEM QUE dar positivo: pápula em torno de 7mm- é porque o teste é válido. E o controle negativo que é soro fisiológico: o paciente não terá alergia a SF. Então, tu evita de por exemplo estar formando só uma pápula por irritabilidade da pele.. Então, normalmente, de acordo com o tamanho das pápulas é o “grau” de alergia. OBS: Para o IgE específico: Paci- ente não pode estar usando corticoide e nem anti-hista- mínicos 5 dias antes porque se não o teste vai dar negativo. Classificação Amanda Broetto Citologia nasal: quantifica pela secreção do nariz o número de neutrófilo e de eosinófilo e aí você pensa na etiologia. Neutrófilo: fala a favor de uma rinite infecciosa. Eosinófilo + prick test positivo= rinite alérgica. E Eosinófilo + prick test negativo = RENA (é um tipo incomum de rinite não alérgica) Bacterioscopia: pensando em identificar algum agente viável. Teste da sacarina: para ver se a mucosa do nariz está preservada. Se coloca uma pedrinha de sacarina (açúcar) em baixo do corneto inferior do paciente e depois de 3-12 minutos o paciente tem que sentir gosto doce na boca. Isso porque a nossa mucosa nasal é ciliar e ela bate em direção a boca, então, se ela estiver funcionando bem, essa pedrinha de sacarina vai se desmanchando e vai caindo a sacarina para região de orofarínge. Nasofibroscopia: pode pedir para diagnóstico diferencial. É possível ver a questão de secreção e também anatomia do nariz. No paciente que tem rinite o corneto e a mucosa do nariz são bem pálidas e tem uma leve secreção esbranquiçada. Pode pedir também exames de imagem: pensando em diagnóstico diferencial. Tratamento São a base dos 3 pilares: Afastar o que causa alergia. Primaria ou secundária. Secundário é quando o paciente já sabe que tem alergia e vai tomar medidas para evitar: ex: evitar cortinas.. COMO ESCOLHE O MEDICAMENTO? *tabela* = se baseia nos sintomas. É o único tratamento que é modificador da doença. Ou seja, que você consegue diminuir a rinite. Os outros é só para controlar a doença. Higiene Ambiental Medicamentos Imunoterapia Amanda Broetto TRATAMENTO HIGIENE AMBIENTAL SEMPRE! RINITE ALÉRGICA INTERMITENTE E LEVE: ⁃ anti-histamínico oral ou nasal (não tem no BR) ou anti-leucotrieno RINITE ALÉRGICA MODERADA/ GRAVE: ⁃ corticoide nasal anti-histamínico oral ou nasal (não tem no BR) ou anti-leucotrieno ou corticoide nasal + elastina nasal (todas essas são 1 linha) Rever o paciente de 2-4 semanas. Se falha: Rever diagnóstico/ adesão do paciente e investigar causas infecciosas. Se confirmar o diagnóstico de rinite alérgica: associar mais uma das drogas de 1 linha. Se 2-4 semanas melhorar: mantém o tratamento. Se falha: associar 2 ou + . *que é a mesma coisa da persistente leve. NA PERSISTENTE GRAVE: Já pode começar associando CORTICOIDE NASAL + ANTI- HISTAMÍNICO ou anti-histamínico oral ou anti- leucotrieno. Sempre rever de 2-4 semanas. Só que nas persistentes (principalmente se for moderada / grave) a gente sempre deixa NO MÍNIMO 1 MÊS DE MEDICAÇÃO. Isso porque é um paciente que já tem uma inflamação crônica,então você estende um pouco mais o tratamento. Se falha no diagnóstico: associar medicações; encaminhar para um especialista OU pode usar descon- gestionante oral ou corticoide oral. ® Além disso: se por exemplo: o paciente está usando as medicações, mas teve uma exposição aos alérgenos e teve uma piora: VOCÊ USA MEDICAÇÕES DE RESGATE. Depende do que tá usando no tratamento é que vai escolher a classe. EXCETO O PACIENTE EM RINITE ALÉRGICA PERSISTENTE LEVE: TODOS OS OUTROS TEM INDICAÇÃO DE IMUNOTERAPIA. *Normalmente: anti-histamínico oral ou anti-histamínico + descongestionante (ALEGRA D) ou pode deixar um corticoide oral. Amanda Broetto OBS: Um erro muito comum dos pacientes que tem rinite alérgica é usar “BETA 30” para tratamento. CORTICOIDE INJETÁVEL NÃO É TRATAMENTO DE RINITE ALÉRGICA! O corticoide é usado por uma semana normalmente 20-40mg (se é um DM ou algo assim usa de 20mg). O que a professora faz, por ex: paciente usa um corticoide nasal e faz lavagem nasal com SF 0,9% e aí em épocas de crise: usa um anti-histamínico. Se o paciente está muito ruim: usa um corticoide por 7 dias e junto e aí deixa o anti- histamínico por 30 dias. Se o paciente já usa anti-histamínico daí dá um anti-leucotrieno, e as vezes vai demorar para sair da crise, então coloca junto um corticoide por 7 dias e daí deixa o anti-histamínico e o anti-leucotrieno por mais tempo. COMO ESCOLHER OS MEDICAMENTOS? Se baseia nos sintomas. Anti-histamínico: não é tão bom para obstrução nasal, é bom para os outros sintomas alérgicos. *anti-histaminico: usa de segunda geração. Geralmente loratadina. Corticoide tópico: pega os 4 principais sintomas Amanda Broetto Oral: Paracetamol Sinus – Tylenos Sinus (tem descongestionante) ou Alegra D (anti-histamínico + des- congestionante): para obstrução nasal Anti-leucotrieno: pega melhor rinorreia e melhor obstrução nasal. Ele é bom para longo prazo junto com anti-histamínico. Corticoide nasal: Mometasona, Fluticazona: eles têm absorção/ação local, e pouquíssima absorção sistê- mica (com exceção do Budesonida que tem 0,5 de absorção sistêmica; os outros tem menos de 0,05 de absorção sistêmica). Ajudam também no prurido ocular. É bastante usado. OBS: no resfriado comum é primeira linha você usar descongestionante tópico para o paciente ter alívio dos sintomas. Por que, normalmente na prática, a gente não dá? O paciente descobre aquilo e acha maravilhoso então ele usa para sempre. Então se prefere não usar e usar outras medicações. o que é o efeito rebote por uso excessivo de descongestionante? O descongestionante faz uma vasoconstrição bem agressiva da mucosa nasal e aí depois dessa vasoconstrição tem a va- sodilatação. Então, o paciente usa sorine e é maravilhoso, mas aí depois quando tem a vasodilatação “tranca” e tranca mais ainda. E aí se você usa mais de 5 dias contínuo: já começa a ter uma inflamação crônica por conta desse “efeito rebote” e tem uma rinite medicamentosa e então vai “viciando” e vai vi- rando uma “bola de neve”. Por isso que não se usa! IMUNOTERAPIA: é O ÚNICO CAPAZ DE ALTERAR A HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA. ® Pode ser Sublingual ou Subcutânea. Então, depois que faz o Prick test ou o Rast test (que é aquele que você identifica exatamente do que o paciente tem alergia); então a gente faz preparações com pequenas quantidades do alérgeno do paciente e vai dessensibilizando. O tratamento dura mais ou menos 2 anos para a dessensibilização e o paciente diminui muito os sintomas e a resposta ao alérgeno. Quando a imunoterapia é boa para o paciente? Quando o paciente não tem muitas alergias. Quando no Prick test dá alergias específicas (ex: ácaro e fungo) porque não tem como pegar tudo. Normalmente a imunoterapia é feita com no máximo 3 alérgenos. Quando o paciente tem muitas alergias e mesmo assim quer fazer, você coloca aquele que ele tem mais contato e o que dá o teste mais positivo. Mas, não tem tão boa resposta quanto o paciente que tem uma alergia mais específica. Óbvio que se você está dessensibilizado ao pólen, mas não está outro tipo de gramínea e tem no ambiente também, tu vais continuar com sintomas, mesmo aquela alergia específica da imunoterapia que tu fez. Amanda Broetto QUANDO INDICAR IMUNOTERAPIA? ® Doença mediada por IgE (tem que ser, tem que fazer prick test)- “Rinite alérgica"- IgE + ) ® Falha na higiene ambiental ou por exemplo, a pessoa que tem alergia a gato, mas tem um gato e não quer se desfazer dele. ® Falha na farmacoterapia ® Disponibilidade de extratos de boa qualidade (se não, não vale a pena) QUANDO A GENTE PENSA EM RINITE ALÉRGICA E QUANDO NÃO PENSA? O QUE TEM DE PRINCIPAL NÃO ALÉRGICA, MAS QUE É RINITE E NÃO É INFECCIOSA? A primeira e mais comum HIPERÊME NÃO ALÉRGICA (Rinite vasomotora ou Rinite idiopática): mais comum em mulheres 40-60 anos. Está relacionada a estímulos colinérgicos e os principais fatores desencadeantes são: alimen- tos, bebidas, mudança de temperatura, gustatório e odores. Ex: “cheiro de fumaça me dá muita alergia” ou o paciente que diz que vai pra o jantar e vai começar a comer tem rinite - então gustatória. Não é o alérgeno que está ali, o que desencadeia os sintomas é o estímulo da inervação do nariz! O tratamento é: -Brometo de ipratropio (no Brasil só temos ATROVENT para nebulização, não temos na forma de spray nasal) Amanda Broetto Ex: “cheiro de fumaça me dá muita alergia” ou o paciente que diz que vai para o jantar e vai começar a comer tem rinite - então gustatória. Não é o alérgeno que está ali, o que desencadeia os sintomas é o estímulo da inervação do nariz! O TRATAMENTO É: ® Brometo de Ipratrópio (no Brasil só temos ATROVENT para nebulização, não temos na forma de spray nasal) ® “Dymista” (Cloridrato de azelastina + propionato de fluticazona -corticoide tópico) – suspensão spray inalatória nasal- é o que a profe mais indica porque é mais prático. *mas no paciente que mesmo assim reclama que “escorre” o nariz quando por exemplo sai para fazer exercício ou jantar: indica o Brometo de Ipratropio na nebulização uma hora antes de sair. RINITE EOSINOFILICA NÃO ALÉRGICA - é aquela bem específica que o paciente tem eosinofilia nasal, mas tem teste alérgico cutâneo e níveis de IgE normal. É incomum. O importante é que : Dos pacientes com a doença 30% vão ter polipose nasal e intolerância ao AAS e 50% vão ter hiperatividade brônquica. E, este paciente com rinite eosinofilica não alérgica, o tratamento é o corticoide tópico; mas como esses 30% tem intolerância à AINES E AAS , se fazem uso dessa medicação tem piora do quadro deles. Normalmente o paciente já vem com polipose no consultório e o diagnóstico é feito ao contrário. O paciente não melhora, então fazemos o teste e des- confia. Então faz a dessensibilização do AAS e dos AINE e aí ele vai melhorar. RINITE HORMONAL OU GESTACIONAL: paciente que nunca teve alergia a nada e aí no 2-3 trimestre da gestação até 2 semanas pós-parto ela vai ter sintomas alérgicos. (Ou também uso de estrógenos / hipotireoi- dismo. o mais comum é gestacional). Esses estrógenos, fatores de crescimento placentários, atuam sobre .. da mucosa, mas principalmente sobre terminações nervosas do parassimpático. Tratamento: corticoide tópico. A Budesonida é o único que tem estudo em gestação! RINITE INDUZIDA POR MEDICAMENTDOS: vasoconstritor tópico por mais de 5 dias é o mais importante sobre isso. OUTROS: Cocaína (é vasoconstritor). Tratamento: corticoide tópico e retirar a droga (que é muito difícil). *A Profe dá: Descongestionante sistêmico + corticoide oral e pede para paciente fazer desmame. Desmame= paciente joga metade do frasco fora e completa com SF- usa 1-2 semanas e joga mais a metade fora e de novo completa com SF 0.9%. Ou seja,vai diluindo o vasoconstrictor até ele conseguir largar. Junto disso descobre a causa de ter começado usar vasoconstritor (normalmente o paciente tem um desvio de septo, tem uma rinite alérgica não tratada junto, então tu junto vai tratando o motivo que levou ao inicio do uso). Amanda Broetto RINITE DO IDOSO: É bem comum e bem chato de tratar; também é relacionado a alterações autonômicas. Pesquisar drogas em uso; pesquisar tumor nasal. E o tratamento é autonômico: Ipratropio, pode usar o Dymista. Lem- brar que no paciente idoso: cuidar o descongestionante VO porque pode ter infecção urinária e alterações cardiovas- cular. TABELA EXTRA PARA ESCOLHA DE MEDICAÇÃO BASEADA EM SINTOMATOLOGIA Rinite: Processo inflamatório da mucosa nasal e dos seios paranasais Infecciosa (= rinossinusite): Vírus, bactérias, granulomatosas Não- infecciosa: ® Alérgica (segunda mais frequente) ® Não alérgica: Idiopática, eosinofílica não alérgica, hormonal e gestacional, induzida por drogas, induzida por irritantes, gustativa, do idoso, atrófica. RINITES NÃO- INFECCIOSAS RINITE ALÉRGICA RINITE NÃO ALÉRGICA Pessoas mais jovens (<20 anos – 80%) Idade > 30 anos HF de atopias HF negativa asma e rinite História sazonal (“toda primavera” ou “sempre que faço tal coisa”) Sem sazonalidade Espirros paroxísticos, prurido ou coriza Pressão facial, muco, até 4 espirros Dermatite / conjuntivite associadas Olho seco- Blefarite Corneto pálido e edema Corneto eritematoso IgE positivo IgE negativo Amanda Broetto
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