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DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO AULA 03 – PROVA – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA Olá, Pessoal! Hoje começaremos a tratar de um tema que o CESPE adora exigir em seus concursos: A PROVA NO PROCESSO PENAL. É um tema vasto, mas interessantíssimo e que sem dúvida, a correta compreensão, garantirá preciosos pontos em sua PROVA. Durante a aula responderemos a importantes questionamentos do tipo: Posso obrigar alguém a provar alguma situação que eu estou colocando em dúvida? Posso utilizar uma conversa telefônica gravada sem seu consentimento na qual escutamos CLARAMENTE uma conversa de duas horas com sua namorada ou namorado, configurando o ILÍCITO de deixar candidatos passarem sua frente na fila de aprovação (Aqui isto é um crime tipificado no art. 1º do Código dos Concurseiros)? Pode o juiz aceitar como prova suficiente para embasar a condenação de um concurseiro o depoimento de uma testemunha, colhido na fase do inquérito, e que afirma ter visto o futuro candidato a um cargo público assistindo “BBB 13” e mais, votando para a saída de um participante da “casa”? Bom, estas e outras perguntas serão respondidas e explicadas! Dito isto, atenção total e vamos em frente recuperar as duas horas no telefone...Eu sei...Eu sei...Você goza de presunção de inocência até a sentença judicial transitada em julgado... Bons estudos!!! *************************************************************** 3.1 PROVA – REGRAS GERAIS O Código de Processo Penal traz em seu texto um conjunto de regras que define a fase probatória em um processo penal. Essas regras podem ser divididas em gerais, que tratam da forma como o magistrado deve apreciar e valorar as provas, e específicas, que versam sobre meios de prova, tais como a acareação, o interrogatório e o mais exigido e cobrado em prova, AS PERÍCIAS EM GERAL constantes dos art. 158 a 184, com modificações importantíssimas inseridas pela Lei nº 11.690/2008. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 3.1.1 CONCEITO O termo prova deriva do latim probatio, que significa inspeção, verificação, ensaio, razão, exame, argumento, aprovação ou confirmação. Visto isto, podemos conceituar prova como sendo o conjunto de elementos que serão apresentados pelas partes a fim de convencer o Magistrado quanto a fatos, atos e circunstâncias. Mirabete afirma que provar é "produzir um estado de certeza, na consciência e mente do juiz, para sua convicção, a respeito da existência ou inexistência de um fato, ou da verdade ou falsidade de uma afirmação sobre uma situação de fato, que se considera de interesse para uma decisão judicial ou a solução de um processo". 3.1.2 OBJETO DA PROVA Objeto da prova é, resumidamente, o fato no processo penal que precisam ser provados por gerar dúvida ao Juiz. Mas todo fato precisa ser comprovado se requisitado por uma das partes? A resposta é negativa. Vamos exemplificar: Imaginemos um processo penal em que Mévio acusa Tício de ter jogado álcool e fogo em sua perna. Durante o litígio, em determinado momento, o advogado de Tício profere a seguinte declaração...”MAS PROVE QUE O FOGO QUEIMA!!!”. Óbvio que tal pedido é um absurdo e exatamente para evitar este tipo de situação a doutrina lista os seguintes fatos que NÃO necessitam de comprovação. São eles: • FATOS AXIOMÁTICOS � São aqueles em que pesam certeza absoluta, inquestionável. São os fatos evidentes, intuitivos sob os quais não recaem questionamentos. Exemplo: Um motoqueiro é atropelado por um caminhão de cerveja (daqueles bem grandes) e tem seu corpo dividido em vários pedaços (espero que os futuros peritos não estejam achando a história pesada). Ao chegar ao local o perito olha para as partes do corpo e diz: “VAMOS REALIZAR O EXAME CADAVÉRICO INTERNO PARA DETERMINAÇÃO DA CAUSA DA MORTE”. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Este perito merece ser DEMITIDO, porque estamos diante de um fato axiomático em que, claramente, é intuitivo a determinação da causa do falecimento. • FATOS NOTÓRIOS � São os fatos que encontram embasamento no conhecimento que faz parte da cultura de uma sociedade. Assim, em um processo contra a honra do Presidente, por exemplo, ninguém precisa provar em juízo que ele é o Chefe do Executivo Federal, pois isto é um fato notório. Não precisamos comprovar que o fogo queima, que a água molha, enfim é tudo aquilo que podemos dizer: “ AHHH, mas isso todo mundo já sabe!”. • PRESUNÇÕES LEGAIS � São juízos de certeza que decorrem da própria lei e que se classificam em: 1. ABSOLUTAS (JURE ET DE JURE) ��� NÃO ADMITEM PROVA EM CONTRÁRIO. 2. RELATIVAS (JURIS TANTUM) ��� ADMITEM PROVA EM CONTRÁRIO, PORÉM INVERTEM O ÔNUS PROBATÓRIO. Exemplo de presunção absoluta: Será possível a um advogado comprovar em juízo que, devido a uma capacidade mental diferenciada, um menor de 18 anos não poderá ser considerado inimputável? A resposta é negativa, pois há, neste caso, presunção legal absoluta de que só o maior de 18 aos é imputável. Exemplo de presunção relativa: Utilizando a situação acima apresentada, podemos dizer que há presunção relativa de que o maior de 18 anos é imputável. Assim, caso este possua uma doença mental, por exemplo, caberá à defesa comprovar tal fato e não a quem está acusando. Como falamos, ocorre a inversão do ônus probatório. Resumindo: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO • FATOS INÚTEIS � São os que não possuem relevância para a causa. Seria o caso, por exemplo, de em um delito de furto o advogado querer saber qual a preferência sexual do réu, ou mesmo o que ele fez nas férias passadas, ou qualquer outro aspecto que em nada agregará ao convencimento do Juiz. Do exposto, podemos resumir: OBSERVAÇÃO - FATOS INCONTROVERSOS NO PROCESSO PENAL, DIFERENTEMENTE DO QUE OCORRE NO PROCESSO CIVIL, OS FATOS ADMITIDOS PELAS PARTES NECESSITAM DE PROVA, POIS, NO PROCESSO PENAL, BUSCA-SE A VERDADE MATERIAL. DESTA FORMA, ATÉ MESMO O JUIZ PODE DETERMINAR DE OFÍCIO A PRODUÇÃO DE PROVAS: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: [...] II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. ASSIM, SE TÍCIO (RÉU) DIZ QUE MATOU E MÉVIO(OFENDIDO) CONCORDA, O MAGISTRADO NÃO É OBRIGADO A ACEITAR TAL SITUAÇÃO, PODENDO REALIZAR DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES PARA DIRIMIR DÚVIDAS. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFTANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Diante do exposto, podemos concluir que a regra geral é a necessidade de provar os fatos, salvo nas situações apresentadas acima que excluem esta obrigação. Para finalizar, existem determinados requisitos para que a prova seja aceita em um processo penal. Para ter aceitação a prova necessita ser: 1. ADMISSÍVEL ��� ADMITIDA PELO DIREITO; 2. PERTINENTE ��� TENHA RELAÇÃO COM O PROCESSO; 3. CONCLUDENTE ���VISA DIRIMIR DÚVIDAS SOBRE DETERMINADA QUESTÃO; 4. POSSÍVEL. 3.1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS 3.1.3.1 QUANTO AO OBJETO • PROVAS DIRETAS � São aquelas que por si só e com certeza demonstram um fato controvertido Exemplo: Testemunho de uma pessoa que estava no local do roubo e tudo viu ou exame do corpo de delito no caso de um homicídio • PROVAS INDIRETAS � São aquelas que exigem um raciocínio lógico para que se deduza determinada circunstância. A prova não encontra ligação direta com o fato, mas mediatamente permite conclusões. Exemplo: Em um delito de homicídio o réu (Tício) consegue um álibi. Este álibi vai proferir uma declaração que no dia X e hora Não viola o art. 5º, LV, da CF/88, o indeferimento da prova tida como desnecessária (STF, RE 446.517/DF, DJ 18.05.2007). Não constitui cerceamento de defesa o indeferimento de diligências requeridas pela defesa, se forem elas consideradas desnecessárias pelo órgão julgador a quem compete a avaliação da necessidade ou conveniência do procedimento então proposto (STF, HC 94.542/SP, DJ 20.03.2009). DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Y Tício estava jantando com ela (Mévia). Mévia pode até nem saber do homicídio, mas para o processo a declaração tem grande importância. 3.1.3.2 QUANTO AO EFEITO OU VALOR • PROVAS PLENAS � São provas em que pesam um alto grau de certeza podendo ser utilizadas como elemento principal de convencimento do Magistrado. Relembro aqui que o Juiz não poderá formar seu convencimento simplesmente em provas sob as quais tenha dúvida, pois, neste caso, in dúbio pro reo. Exemplo: Prova documental, testemunhal, pericial. • PROVAS NÃO PLENAS� Servem para reforçar o convencimento do magistrado, não podendo funcionar como elemento principal de convicção. Exemplo: O indício, a fundada suspeita etc. Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 3.1.3.3 QUANTO AO SUJEITO • PROVAS REAIS � São aquelas que não resultam, diretamente, de pessoas e sim de eventos externos. Exemplo: Cadáver, arma do crime etc. • PROVAS PESSOAIS � São aquelas obtidas através de PESSOAS. Exemplo: Interrogatório, testemunho, laudos periciais etc. 3.1.3.4 QUANTO À FORMA OU APARÊNCIA • TESTEMUNHAL; • DOCUMENTAL; DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO • MATERIAL. Podemos resumir: 3.1.4 PRINCÍPIOS GERAIS DAS PROVAS • PRINCÍPIO DA COMUNHÃO (OU AQUISIÇÃO) � A prova não pertence à parte que a gerou, ou seja, uma vez produzida, passa a integrar o processo, podendo ser utilizada por qualquer dos intervenientes, seja o juiz, sejam as demais partes. QUANTO AO OBJETO QUANTO AO VALOR QUANTO AO SUJEITO QUANTO À FORMA DIRETAS INDIRETAS PLENAS NÃO PLENAS REAIS PESSOAIS TESTEMUNHAL DOCUMENTAL MATERIAL DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Imaginemos, por exemplo, que em um processo eu contrato um perito particular, pago R$5000,00 e apresento um laudo pericial como prova. Este laudo é só meu (TÔ PAGANDO...) ou poderá ser utilizada pela outra parte? Na verdade, a partir no momento que uma prova é produzida, esta passa a ser DO PROCESSO, podendo ser utilizada por qualquer das partes. • PRINCÍPIO DA AUTO-RESPONSABILIDADE DAS PARTES � Em um processo não há que se falar em OBRIGAÇÃO das partes em produzir provas e sim em direito das partes de aplicar o princípio da ampla defesa e do contraditório. Desta forma, as partes assumem as conseqüências por sua inércia, negligência, erro ou inatividade. • PRINCÍPIO DA AUDIÊNCIA CONTRADITÓRIA � Enuncia exatamente o já visto princípio do contraditório. Não há no processo penal as chamadas provas secretas. Isto ocorre, justamente para garantir à outra parte a possibilidade de apresentação de contraprova. • PRINCÍPIO DA NÃO-AUTO-INCRIMINAÇÃO (nemo tenetur se detegere) � Ninguém será obrigado a produzir prova contra si. Assim, por exemplo, se intimado o réu pela autoridade competente para apresentar padrões gráficos de próprio punho para subsidiar uma prova pericial, o investigado deverá comparecer, mas poderá optar por não fornecer o solicitado. Também é este o motivo pelo qual o acusado não está obrigado a responder perguntas em seu interrogatório. • PRINCÍPIO DA ORALIDADE � Como forma de celerizar e tornar mais espontâneas as declarações proferidas durante um processo penal, busca-se a utilização do procedimento oral em substituição ao escrito. Deste princípio surgem outros dois: 1. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO � Deve-se, sempre que possível, concentrar a produção de provas na audiência. Tal princípio restou-se fortalecido com o advento da lei nº. 11.719/08 e as novas regras atribuídas ao procedimento DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO comum, ordinário e sumário. Só para exemplificar, no rito sumário, anteriormente, as alegações finais eram feitas por escrito, preceito este modificado conforme podemos observar: Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 2. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE � Primando-se pela oralidade garante-se de uma forma mais ampla a aplicação da publicidade tendo em vista que o cidadão terá acesso à produção de provas no momento em que elas surgirão (audiência). A publicidade não é absoluta no processo penal e o juiz poderá restringi-la em algumas situações presentes no CPP, mas indubitavelmente, encontra íntima relação com o princípio da oralidade que, para vocês, concurseiros, é o que importa no momento. 3.1.5 SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DA PROVA Os doutrinadores destacam diversos sistemas que, se adotados, geram consequências quanto ao aspecto de valoração da prova por parte do Magistrado. Vamos conhecê-los: 3.1.5.1 SISTEMA LEGAL, TARIFADO OU FORMALCaracteriza-se pelo fato de a lei impor ao Juiz estrito acatamento a determinadas regras preestabelecidas, não conferindo qualquer margem de liberdade ao Magistrado. Aqui não devemos falar em convicção íntima ou mesmo valoração de provas, pois os pesos e medidas já estão estabelecidos pelo legislador. Este sistema vigora como exceção em nosso país em algumas situações, tais como as definidas: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO • No art. 158 do CPP que nos diz que quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. • No art. 155 do CPP que nos preceitua que quanto ao estado de pessoas, na esfera penal, somente se prova mediante certidão, não se admitindo prova testemunhal. Perceba que nas duas situações o Juiz só pode aceitar o fato como verdadeiro se for comprovado exatamente da forma como a lei preceitua. 3.1.5.2 SISTEMA DA ÍNTIMA CONVICÇÃO OU CERTEZA MORAL É exatamente o oposto do que tratamos acima, pois enquanto no sistema legal temos ausência da margem de liberdade, no sistema íntimo temos TOTAL margem de liberdade conferida ao Juiz. Praticamente não encontramos aplicabilidade deste sistema no nosso ordenamento jurídico, mas podemos citar como exemplo as decisões emanadas do Júri popular, nas quais o jurado profere seu voto, sem necessidade de fundamentação. 3.1.5.3 SISTEMA DO LIVRE CONVENCIMENTO OU VERDADE REAL É um equilíbrio entre os dois extremos acima mencionados, ou seja, neste sistema o Juiz forma seu convencimento através da livre apreciação da prova, mas deve fundamentar sua decisão. OBSERVAÇÃO: O citado art. 155 do CPP no seu parágrafo único dispõe: Art. 155. [...] Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Este artigo deixa claro que não são aplicáveis ao processo penal, por uma possível analogia, as restrições ao processo estabelecidas na lei civil, via de regra presentes no Código Civil e Código de Processo civil. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Tal sistema foi acolhido pelo Código de Processo Penal e encontra previsão no art. 155, com redação dada pela Lei nº. 11.690/2008. Observe: Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Duas conseqüências surgem a partir da adoção do sistema do livre convencimento pelo ordenamento jurídico brasileiro. São elas: 1 – INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO COM RELAÇÃO AOS MEIOS DE PROVA � O CPP não cria uma lista taxativa de provas. Isto significa que sendo lícitas e legítimas poderão ser admitidas. 2 – INEXISTÊNCIA DE HIERARQUIA � Quanto à valoração das provas não existe um valor prefixado. Assim, se em um processo o Magistrado desconsidera a prova pericial para condenar o réu unicamente em prova testemunhal, não há qualquer problema. Faz-se necessário ressaltar que a liberdade valorativa não é absoluta, encontrando no ordenamento pátrio as seguintes restrições: • Necessidade de motivação � As decisões judiciais devem ser motivadas. Tal preceito encontra base na Constituição Federal e também no CPP: Art. 381 [...] III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; • Obrigação da produção sob a égide do contraditório � Esta regra encontra-se prevista no já citado art. 155 deixando claro que o Juiz não poderá fundamentar sua decisão unicamente em elementos obtidos na fase da investigação. Desta forma já se pronunciou o STF: É possível a utilização de declarações de testemunhas colhidas na fase do inquérito policial sem observância do contraditório, desde que verificado que a condenação se baseia, outrossim, em depoimentos de testemunhas colhidos em juízo, sob o crivo contraditório. (HC 68.010/MS, DJ 22.04.2008 p. 1) DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Outro importante aspecto a ser tratado neste ponto é com relação ao final do art. 155 que coloca as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas como ressalvas à impossibilidade do magistrado proferir decisões exclusivamente com base nos elementos informativos colhidos na investigação. Esta situação trata de provas consideradas URGENTES, ou seja, provas que se aguardarem o início da ação penal estão passíveis de perecimento. Exemplo: Na fase de investigação o Magistrado determina uma busca domiciliar através da qual são apreendidos diversos objetos incriminadores que demonstram que o acusado realmente é culpado. Neste caso esta prova poderá, unicamente, fundamentar a decisão do Juiz. Do exposto, podemos resumir: 3.1.6 ÔNUS DA PROVA Conforme já visto, a prova não constitui uma obrigação das partes, pois, caso não seja apresentada, não podemos afirmar que tal fato constitui uma afronta ao direito. Exatamente por isso que utilizamos a expressão ônus que caracteriza a posição jurídica cujo exercício conduz o titular a uma posição mais favorável. Sobre o assunto dispõe o CPP: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: AUSÊNCIA DE MARGEM DE LIBERDADE TOTAL MARGEM DE LIBERDADE EQUILÍBRIO NA LIBERDADE � DECISÕES FUNDAMENTADAS DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Perceba que logo no início do art. 156 o CPP trata da prova da alegação discorrendo que ela deverá caber a quem a fizer. Pergunto: A partir deste preceito podemos afirmar que o ônus da prova cabe exclusivamente a quem acusa? A resposta é negativa, pois caberá a quem alega determinado fato, seja a defesa ou seja a acusação. Assim, quem terá que provar que o delito foi doloso e não culposo é quem acusa, mas quem provará uma alegação de uma possível excludente de ilicitude será a defesa, pois ela ALEGA o fato. Desta forma, podemos resumir: ACUSAÇÃO DEFESA FFAATTOOSS CCOONNSSTTIITTUUTTIIVVOOSS •• AAUUTTOORRIIAA •• MMAATTEERRIIAALLIIDDAADDEE •• TTIIPPIICCIIDDAADDEE•• DDOOLLOO OOUU CCUULLPPAA •• EETTCC FFAATTOOSS IIMMPPEEDDIITTIIVVOOSS,, EEXXTTIINNTTIIVVOOSS OOUU MMOODDIIFFIICCAATTIIVVOOSS •• AATTEENNUUAANNTTEESS •• AATTIIPPIICCIIDDAADDEE •• EEXXCCLLUUDDEENNTTEESS DDEE IILLIICCIITTUUDDEE •• DDEESSCCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO •• PPRRIIVVIILLÉÉGGIIOOSS •• EETTCC DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Bom, até aqui vimos a regra que é o ônus da prova caber ou a defesa ou à acusação. Todavia, da leitura do art. 156, percebemos que a produção de provas também pode ser feita, ex officio, pelo magistrado. Este assunto é bem controvertido e encontramos diversas divergências doutrinárias das quais teremos que tratar aqui para que você leve uma compreensão geral sobre o tema para a sua PROVA. Segundo Guilherme de Souza Nucci, a atuação de ofício pelo juiz "trata-se de decorrência natural dos princípios da verdade real e do impulso oficial". Não deve o magistrado, segundo o autor, "ter a preocupação de beneficiar, com isso, a acusação ou a defesa, mas única e tão-somente atingir a verdade". Em sentido contrário, estudiosos alegam que, se o acusado é presumido inocente até sentença penal condenatória transitada em julgado (artigo 5°, LVII, CRFB); se compete privativamente ao Ministério Público a promoção da ação penal pública, segundo o princípio da oficialidade da ação penal insculpido no artigo 129, I, CRFB; se a Carta Política adota o sistema acusatório para o processo penal, devendo o julgador ser imparcial e autônomo em relação à acusação; como aceitar a atividade probatória exercida ex oficio pela autoridade judiciária? Se no processo penal, como garantia individual que este ramo representa, vigora o princípio do in dubio pro reu, como justificar a atividade do magistrado que, na dúvida, não absolve, mas determina produção de provas? Para começarmos a responder a estes questionamentos, observe o interessante julgado do STJ: "(...) O órgão acusador tem a obrigação jurídica de provar o alegado e não o réu demonstrar sua inocência. É característica inafastável do sistema processual penal acusatório o ônus da prova da acusação, sendo vedado, nessa linha de raciocínio, a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal. 3. Carece de fundamentação idônea a decisão condenatória que impõe ao acusado a prova de sua inocência (...) É notório que o órgão acusador tem a obrigação jurídica de provar o alegado e não o réu demonstrar sua inocência. É característica inafastável do sistema processual penal acusatório, como retratado no art. 156 do Código de Processo Penal. Nesse sentido, afirma AFRÂNIO SILVA JARDIM: ´O réu apenas nega os fatos alegados pela acusação. Ou melhor, apenas tem a faculdade de negá-los, pois a não impugnação destes ou mesmo a confissão não leva a presumi-los como verdadeiros, continuando eles como objeto de prova de acusação. Em poucas palavras: a dúvida sobre os chamados fatos da acusação leva à improcedência da pretensão punitiva, independentemente do comportamento processual do réu. Assim,o ônus da prova, na ação penal condenatória é todo da acusação e relaciona-se com todos os fatos constitutivos do poder-dever de punir do Estado, afirmado na denúncia ou queixa; conclusão esta que harmoniza a regra do art. 156, primeira parte, do CPP com o salutar princípio in dubio pro reu." DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Esta decisão do Superior Tribunal de Justiça traduz perfeitamente a idéia de que o processo penal é, antes de tudo, um sistema de garantias face ao uso do poder do Estado. Desta forma, a fim de tomarmos o art. 156 do CPP como constitucional, há de se aplicar ao dispositivo uma interpretação compatível com o sistema acusatório, que deriva de nossa Constituição. Ainda que o caput desse artigo generalize a possibilidade de o juiz agir de ofício nas duas situações previstas (incisos I e II),é relevante ressaltar que, no caso do inciso I, o juiz só poderá agir quando provocado por quem exerce o direito de ação (portanto, com processo em curso) e no resguardo de uma prova pertinente e importante em vias de perecer (arts. 225 do CPP e 846, 851 do CPC). Tal interpretação se faz necessária, na medida em que admitir que o juiz, de ofício, possa ordenar antes do início da ação penal a produção antecipada de provas, seria aceitar a volta de um processo penal inquisitório, o que contrariaria nosso atual sistema de direitos e garantias previstos na Carta Magna. Tal conduta acabaria por violar, a um só tempo, os princípios da inércia, inerente ao sistema acusatório (visto que a ação seria iniciada por parte ilegítima), da iniciativa das partes e o princípio acusatório, o da imparcialidade do juiz (tendo em vista que estaria investigando, adotando comportamento tipicamente inquisitivo, o que lhe é vedado constitucionalmente), o do contraditório, sem se mencionar o próprio princípio do Estado democrático de direito. Desta forma, diante do exposto, na sua PROVA aplique o entendimento de que não figura inconstitucionalidade nos incisos do art. 156 (ATÉ PORQUE ESTA DECISÃO NÃO CABE A NÓS E, ATÉ AGORA NÃO TEMOS UM POSICIONAMENTO CONCRETO SOBRE O ASSUNTO). Entretanto, entenda que a aplicação deles é restrita, pois, segundo doutrina majoritária, devem ser interpretados restritivamente e considerados só em situações excepcionais. 3.1.7 PROVAS ILEGAIS Preceitua a Constituição Federal: Art. 5º [...] LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO A constituição, quando utiliza a expressão “provas obtidas por meios ilícitos”, trata do gênero provas ilegais que pode ser subdividido nas seguintes espécies: • PROVAS ILÍCITAS ��� Afrontam o direito material. Exemplos: Interceptação telefônica obtida sem autorização judicial, busca e apreensão domiciliar sem autorização judicial (salvo os casos previstos na CF), interrogatório obtido mediante tortura etc. • PROVAS ILEGÍTIMAS � Afrontam o direito processual. Exemplo: Perícia realizada por apenas um perito NÃO-OFICIAL, ou seja, aquele nomeado na ausência de perito oficial. Neste caso temos violação ao parágrafo 1º do Art. 159 do CPP. • PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO ��� Provas lícitas em sua essência, mas que trazem em seu bojo uma contaminação advinda de prova ilícita produzida anteriormente. Exemplo: Apresentação de testemunha obtida com base em interceptação telefônica realizada sem as formalidades legais. Vamos tratar especificamente das provas ilícitas e das ilícitas por derivação que exigem um estudo mais aprofundado para efeito de PROVA: 3.1.7.1 PROVAS ILÍCITAS Dispõe o CPP: Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Perceba que não há exceções para a inadmissibilidadede provas ilícitas previstas no Código ou na Carta Magna, sendo cabível, inclusive, o desentranhamento (retirada) das provas que ferirem este preceito. Entretanto, é importante frisar que, de forma majoritária, tanto a doutrina quanto a jurisprudência, tem entendido que se deve relativizar o texto constitucional e legal, fundando-se no princípio da proporcionalidade, que deverá nortear as soluções dos conflitos apresentadas ao meio jurídico. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Quando trata da inexistência de admissibilidade de provas ilícitas previstas no texto constitucional, o Ilustre Jurista Vicente Greco Filho dispõe que, “entende-se que o legislador constituinte tenha adotado uma postura radical, mas, justificada pela ocasião, já que, naquele momento, o país o país rompia com um regime autoritário e passava-se a adotar direitos e garantias fundamentais. Assim, a proibição da produção de provas por meios ilícitos representava uma maneira de evitar arbítrios do Estado para com os indivíduos.” Diante desta analise podemos concluir que a REGRA é a impossibilidade de apresentação de provas ilícitas, mas, excepcionalmente ela poderá ser aceita. A doutrina e a jurisprudência majoritária concordam com a seguinte situação em que a prova ilícita poderá ser aceita: 1 – PROVAS ILÍCITAS EM FAVOR DO ACUSADO: O indivíduo, perante o Estado é mais fraco, necessitando que seus direitos fundamentais, constitucionalmente outorgados, sejam observados, a fim de que o Poder Estatal seja limitado. São de suma importância a existência e o respeito aos direitos fundamentais, principalmente no âmbito do procedimento criminal, onde se tem em voga o direito à liberdade, à vida, à intimidade, dentre outros considerados os mais importantes direitos de qualquer cidadão. A vedação das provas ilícitas visa justamente o respeito a estes direitos, preservando-os e sempre impondo limites ao Estado. É nesta acepção que a incidência do princípio da proporcionalidade pro reo apresenta menores problemas e maior número de adeptos, vez que, neste caso, utilizando-se uma prova ilícita em favor do acusado, mesmo que com infringência a direitos fundamentais seus ou de terceiros, o direito do particular restaria protegido diante do poder do Estado. Segundo César Dario Mariano Silva: "Portanto, se for possível ao acusado demonstrar sua inocência através de uma prova obtida ilicitamente, certamente ela poderá ser utilizada no processo, haja vista a preponderância do direito à liberdade sobre a inadmissibilidade da prova ilícita no âmbito processual". A prova ilícita poderá ser admitida em favor do réu. Pode-se dizer, então, que a prova ilícita não serve para condenar, mas pode ser utilizada para absolver. Isto é possível, pois pelo princípio da proporcionalidade, as normas constitucionais se articulam num sistema, cujo harmonia impõe que, em certa medida, tolere-se o detrimento a alguns direitos por ela conferidos. (STJ, RHC 7216/SP, DJ 27.04.1998) DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO OBSERVAÇÃO: ALGUNS DOUTRINADORES VISUALIZAM A POSSIBILIDADE DE SE EXCEPCIONAR A REGRA DA VEDAÇÃO ÀS PROVAS ILÍCITAS EM PROL DA SOCIEDADE QUANDO SE TRATAR DE CRIMES MUITO GRAVES. TAL ENTENDIMENTO É REPUDIADO PELA JURISPRUDÊNCIA E PELAS BANCAS DE PROVA !!! O eminente doutrinador GOMES FILHO, entende da mesma forma, e assim exemplifica: ”No confronto entre uma proibição de prova, ainda que ditada pelo interesse de proteção a um direito fundamental e o direito à prova da inocência parece claro que deva este último prevalecer, não só porque a liberdade e a dignidade da pessoa humana constituem valores insuperáveis, na ótica da sociedade democrática, mas também porque ao próprio Estado não pode interessar a punição de um Inocente, o que poderia significar a impunidade do verdadeiro culpado; é nesse sentido, aliás, que a moderna jurisprudência norte-americana tem afirmado que o direito à prova de defesa é superior.” 3.1.7.2 PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO Dispõe o CPP sobre o tema: Art. 157. [...] § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) No supracitado texto legal fica claro o posicionamento do legislador em aplicar a chamada Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados (“fruits of fhe poisonous tree”) no nosso ordenamento jurídico, segundo a qual o defeito existente no tronco contamina os frutos. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Assim, resumindo o exposto, se uma prova X(legal), deriva de Y(ilegal), aquela será contaminada por esta. É importante perceber que o § 2o deixa claro a necessidade de uma relação EXCLUSIVA entre a prova posterior e a anterior (ilícita), para que seja considerada inválida. Desta forma, podemos concluir que a prova ilícita por derivação é admissível nos seguintes casos: • QUANDO FOR PROVENIENTE DE FONTE INDEPENDENTE, COMO TAL CONSIDERADA AQUELA QUE NÃO POSSUI NEXO DE CAUSALIDADE COM A PROVA ILÍCITA QUE A PRECEDEU; • QUANDO ACONTECIMENTO POSTERIOR AFASTA VÍCIO QUE TORNAVA A PROVA PRECEDENTE ILEGAL (LIMITAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO EXPURGADA). • QUANDO FICAR CLARO QUE, INEVITAVELMENTE, A PROVA SERIA DESCOBERTA. Para ficar mais claro vamos exemplificar: Imaginemos que no curso de um processo penal Tício foi arrolado como testemunha do fato. Entretanto, após o depoimento de Tício conclui-se que só foi descoberta a relação dele com o caso devido a uma interceptação telefônica ilegal. Nesta situação o depoimento de Tício terá que ser desentranhado dos autos por constituir uma prova ilícita por derivação (derivou da interceptação telefônica ilegal). Agora imagine que durante o inquérito, do mesmo fato supracitado, outra testemunha (Mévio) tenha citado Tício. Neste caso, o depoimento de Tício não será considerado como uma prova ilícita, pois, independentemente da interceptação ilegal, ele seria chamado ao processo como testemunha devido a informações de uma fonte independente (Mévio). 3.1.7.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE PROVAS ILEGAIS Finalizando esse tópico trataremos do último parágrafo do art. 157 que dispõe: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente A decisão judicial não inutiliza,mas sim autoriza a inutilização da prova inadmissível, que deverá dar-se por meios físicos apropriados, como incineração, por exemplo. É isso que se depreende da afirmação de que é "facultado às partes acompanhar o incidente", em redação, aliás, que lembra o art. 9º da Lei nº 9.296/96 que versa sobre a interceptação telefônica: Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. Cabe por fim ressaltar que a prova inadmissível só será destruída depois de preclusa a decisão de desentranhamento. 3.1.8 PROVA EMPRESTADA Imagine que Tício esta sofrendo dois processos penais, um por roubo e outro por homicídio. Durante o processo que tem como objeto o homicídio, Tício, a fim de provar sua inocência produz determinada prova. Será possível a utilização da prova produzida por Tício no processo que versa sobre o roubo? A resposta, segundo entendimento majoritário é que sim. Isso é o que se chama de prova emprestada. Para a elucidação do tema, observe o importante julgado: Preclusão é a perda de faculdade processual ou a extinção do direito a que a parte tiver de realizar o ato, ou de exigir determinada providência judicial. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO ************************************************************************ Finalizada esta primeira parte, passemos, agora, a análise da Lei n.º 9.296/96 que define regras para a interceptação telefônica. ************************************************************************ 3.2 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA A Lei n.º 9.296, de 24 de julho de 1996, surgiu com o propósito de regulamentar o inc. XII, do art. 5.º, da Constituição Federal de 1988, garantia individual fundamental, que dispõe: Art.5º [...] XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Essa inviolabilidade constitucional tem por objetivo assegurar o direito à intimidade e à vida privada das pessoas, entretanto, como pode se observado no supracitado inciso, esta não é uma regra absoluta. O próprio legislador constituinte estabeleceu como exceção a interceptação das comunicações telefônicas, com a devida ordem judicial, nas hipóteses enumeradas na lei para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A interceptação telefônica é um meio de prova excepcional, de natureza cautelar, somente determinado com o cumprimento de uma série de requisitos legais, quando não existem outros recursos probatórios. A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá impetrado, admitira a utilização de prova emprestada em processo penal, desde que sobre ela ambas as partes fossem cientificadas, a fim de que pudessem exercer o contraditório. (STF, HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.5.2009). DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 3.2.1 ANÁLISE LEGAL A partir de agora iremos adentrar na lei n.º 9.296/96 verificando o que lá está disposto. Vamos começar: Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Logo no início do supracitado artigo, o legislador apresenta a expressão: “Comunicação telefônica de qualquer natureza”. Tal expressão significa todo tipo de comunicação, inclusive aquelas que possam surgir por meio de novas tecnologias. Abrange a radioelétrica, a óptica, a eletromagnética, a informática, dentre outras. Posteriormente, o dispositivo legal ressalta a necessidade da interceptação ser determinada por um Juiz. Mas pode ser qualquer Juiz? A resposta é negativa, pois o juiz que determina a interceptação deve ser o competente para julgar a ação criminal principal. Ainda no art. 1º, o seu parágrafo único dispõe: Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Tal parágrafo, sem grande importância para a sua PROVA, trata da telemática que estuda a comunicação relacionada com a informática. Podemos dizer que é a união da telecomunicação com a informática. Observação: Parte da doutrina, minoritariamente, entende ser inconstitucional o parágrafo único do art. 1.º, porque a Constituição Federal de 1988 somente teria excepcionado a hipótese da interceptação telefônica, e não “do fluxo de comunicações em sistema de informática e telemática. Tal entendimento é adotado por alguns doutrinadores, mas NÃO PELAS BANCAS. Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; Apesar de não se exigir uma prova cabal de que o indivíduo realmente foi autor ou partícipe de um ato ilícito, os indícios precisam ser ao menos razoáveis, afastando situações absurdas de determinação da interceptação por suspeitas totalmente sem embasamento. Cabe ressaltar que a interceptação pode ser decretada antes mesmo de instaurado o inquérito policial. Entretanto, deve existir ao menos uma investigação iniciada, isto é, não se pode aceitá-la para ser o ponto de início da investigação da autoria, justamente para não ocorrer abusos. II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; Neste inciso, o legislador deixa claro o caráter subsidiário da intercepção como meio de prova, ou seja, se existe a possibilidade de provar por outro meio, não há que se falar em possibilidade da interceptação. Havendo possibilidade de a prova ser colhida por outros meios disponíveis, como testemunhas, perícias em geral, busca e apreensão, não é possível determinar a interceptação. Como já tratamos, trata-se de procedimento probatório excepcional. III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Não só o Código Penal, como toda a legislação especial, definem penalizações para determinadas condutas. A pena mais rígida é a de reclusão, seguida da detenção. Nos termos do inciso III, a interceptação só é cabível para crimes apenado com RECLUSÃO. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. A situaçãoobjeto da investigação deve ser descrita da melhor forma possível, de modo a delimitar o delito a ser apurado, de preferência com a qualificação dos investigados. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Novamente aqui, a fim de evitar abuso das autoridades, não se admitem autorizações de interceptação genéricas ou abertas, as quais dariam um “poder” de decisão muito grande para as autoridades policiais A linha telefônica objeto da interceptação deverá ser identificada, podendo ser particular ou aberta ao público, ou ainda de repartição pública. Para finalizar, observe o pronunciamento do STJ sobre o tema: Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. A interceptação telefônica pode ser solicitada pelo delegado de polícia ou pelo membro do Ministério Público durante a investigação criminal, primeira fase da persecução penal. Durante o processo criminal, segunda fase da persecução penal, somente pode ser solicitada pelo membro do Ministério Público. Antes ou depois de instaurado o processo, o juiz sempre poderá determiná- la de ofício. Resumindo O ART. 3º: O Juiz, ao determinar a escuta telefônica, o faz com relação às pessoas envolvidas, referindo os números de telefones, não cabendo à autoridade policial fazer qualquer tipo de “filtragem”. E a avaliação dos diálogos que serão usados como prova cabe ao Julgador, quando da sentença. (STJ RHC 13274/RS 19/08/2003) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PROCESSO PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. Com o propósito de evitar excessos na condução do procedimento probatório por parte da autoridade policial, o legislador exigiu como requisito para a concessão da interceptação de comunicação telefônica que o pedido seja devidamente fundamentado, no sentido de demonstrar a necessidade da realização. Em regra, o pedido é escrito. A exceção é o pedido realizado verbalmente, em situações excepcionais, devendo ser, nesse caso, reduzido a termo. O prazo para apreciar o pedido de interceptação é de 24 horas apenas, devido à excepcionalidade desse recurso probatório. Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova Depois de apreciar o pedido no prazo máximo de 24 horas, em decisão motivada, o juiz decidirá sobre a interceptação. Caso a autorize, deve indicar a sua forma de realização. Cabe ressalvar que a interceptação não poderá exceder o prazo de 15 dias, SALVO se comprovada a indispensabilidade do meio de prova, situação esta que permitirá a renovação do tempo por igual período. Quanto a este ponto, surge um importante questionamento: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO Reduzir a termo � É colocar no papel aquilo que esta sendo falado. Normalmente, tal tarefa compete ao escrivão. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Este prazo só pode ser renovado uma vez ou cabe renovação sucessiva, ou seja, uma atrás da outra (15 + 15 + 15 + 15...)? Majoritariamente, prevalece o entendimento segundo o qual a renovação pode ser sucessiva. É o entendimento da banca e do Superior Tribunal de Justiça. Observe: Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério Público. Este artigo praticamente não aparece em PROVAS, bastando a você que saiba que, depois de deferida a interceptação, obrigatoriamente o Ministério Público terá que tomar conhecimento da decisão para, caso julgue necessário, acompanhar o processo. Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. “Este Superior Tribunal tem entendimento de que a interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Todavia, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade”. E ainda: “A interceptação telefônica deve perdurar pelo tempo necessário à completa investigação dos fatos delituosos, devendo o lapso temporal ser avaliado motivadamente pelo Juízo sentenciante, considerando os relatórios apresentados pela polícia. (STJHC 110644 / RJ 2008/0151933-8 16/04/2009) DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO O art. 7º concede à autoridade policial a possibilidade de, diretamente, requisitar informações e serviços técnicos para as concessionárias de serviço público. Cabe ressaltar que não se trata de um PEDIDO, mas de um MANDAMENTO que obrigatoriamente deve ser atendido pela empresa. Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. A Lei 9296/96 determina no supracitado artigo que os autos de interceptação telefônica devam processar-se em apartado aos autos principais. Objetiva-se, com este procedimento, resguardar o sigilo. Cabe ressaltar que, claramente, o sigilo é indispensável nesse meio de prova, sob pena de frustrar todo o procedimento. Todavia, cessada por completo a interceptação, o investigado, no inquérito policial, ou o acusado, no processo criminal, têm o direito de ter acesso a todas as informações colhidas. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial,durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. Esse artigo pode ser facilmente compreendido através de um exemplo: Imagine que Tício é suspeito de crime relacionado com lavagem de dinheiro, para o qual, nas investigações, foi deferido o pedido de interceptação das comunicações telefônicas solicitado pelo Ministério Público. Ao iniciar a gravação obtêm-se o seguinte diálogo: Tício: “Olá, Mévia. Como você está?” Mévia: “Estou bem. Pena que há cinco anos não te vejo. Acho que desde aquele dia em que ficamos a sós em minha casa, logo após o seu casamento”. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Caro aluno, concorda que há sérios indícios da ocorrência de um adultério? A resposta é positiva, mas o que isso tem a ver com o crime de lavagem de dinheiro? Absolutamente nada. Consequentemente, nos termos do art. 9º, tal gravação será inutilizada. Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Por fim, a lei nº 9.296/96 criminaliza: • A interceptação das comunicações sem autorização judicial. • A interceptação com objetivos não autorizados em lei. Agora um importante ponto: A consumação ocorre quando o agente delitivo instala o equipamento ou quando efetivamente toma conhecimento das informações referentes à interceptação telefônica? Consuma-se no momento em que o agente tem acesso às informações, mesmo que parcialmente, independentemente de terceiras pessoas tomarem conhecimento. 3.2.2 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL A partir de agora, trataremos de alguns aspectos jurisprudenciais referentes à lei nº. 9.296/96. Vamos analisar: • É possível incluir na denúncia crimes não investigados, mas descobertos em virtude de intercepção que visava outro delito. Segundo o STJ: Somente caracteriza crime a interceptação telefônica ilegal. Dessa forma, a gravação realizada por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro, não é crime, por falta de previsão legal. É fato atípico. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO • É possível a utilização de prova colhida em procedimento de interceptação telefônica em outro processo. Segundo o STF: • O acusado não está obrigado a fornecer padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial. • ************************************************************ “Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, bem como documentos colhidos na mesma investigação, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessas provas.” (STF Pet 3683 QO / MG 13/08/2008). No mesmo sentido o STJ: “A doutrina e a jurisprudência se posicionam de forma favorável à "prova emprestada", não havendo que suscitar qualquer nulidade, tendo em conta que foi respeitado o contraditório e a ampla defesa no âmbito do processo administrativo disciplinar, cujo traslado da prova penal foi antecedido e devidamente autorizado pelo Juízo Criminal.” (STJ MS 13501 / DF 10/12/2008). “Se, no curso da escuta telefônica – deferida para a apuração de delitos punidos exclusivamente com reclusão – são descobertos outros crimes conexos com aqueles, punidos com detenção, não há porque excluí-los da denúncia, diante da possibilidade de existirem outras provas hábeis a embasar eventual condenação” (STJ RHC 13274/RS 19/08/2003). “o privilégio contra a auto-incriminação, garantia constitucional, permite ao paciente o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial que entende lhe ser desfavorável”. (STF HC 83096/RJ) DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Caros alunos, Por enquanto é “só”!!! Siga com força de vontade, pois tenho certeza que em breve seu esforço será recompensado. Abraços e bons estudos, Pedro Ivo Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si. Ayrton Senna DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO LISTA DOS PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério Público. Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO EXERCÍCIOS 1. (CESPE / INSS / 2010) Não é admitida a interceptação telefônica entre o acusado em processo criminal e seu defensor, pois o sigilo profissional do advogado é uma garantia do devido processo legal. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Não será admitida a interceptação telefônica quando as partes forem o acusado e seu defensor, pois o sigilo profissional do advogado é garantia do próprio devido processo legal. Isto somente poderá ocorrer se o advogado estiver envolvido na atividade criminosa. 2. (CESPE / TRE-BA / 2010) O juiz da causa pode avaliar a necessidade de renovação das autorizações de interceptação telefônica, levando em conta a natureza dos fatos e dos crimes e as circunstâncias que envolvem o caso. Nesse sentido, os tribunais superiores vêm admitindo sucessivas prorrogações enquanto perdurar a necessidade da investigação, sem configurar ofensa à Lei n.º 9.296/1996 e à CF. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Majoritariamente, prevalece o entendimento segundo o qual a renovação pode ser sucessiva. É o entendimento do CESPE e do Superior Tribunal de Justiça. 3. (CESPE / Delegado de Polícia - SGA-AC / 2008) A interceptação poderá ser requerida verbalmente ao juiz pela autoridade policial, desde que estejam presentes os pressupostos que a autorizem, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: De acordo com o art. 4º, § 1° da lei nº 9.296/96, excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. 4. (CESPE / DEFENSORIA PÚBLICA / 2008) Para fundamentação de pedido anteriormente deferido, de que se prorrogue a interceptação de conversas telefônicas, a lei exige a transcrição total dessas conversas, sem a qual não se pode comprovar que é necessária a continuidade das investigações. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, “Não se faz necessária a transcrição das conversas a cada pedido de renovação da escuta telefônica, pois o que importa, para a renovação, é que o Juiz tenha conhecimento do que está sendo investigado, justificando a continuidade das interceptações, mediante a demonstração de sua necessidade.” 5. (CESPE / Analista Processual - MPU / 2010) No tocante aos sistemas de apreciação das provas, é correto afirmar que ainda existe no ordenamento jurídico brasileiro procedimento em que o julgador decide pelo sistema da íntima convicção, não se impondo o dever constitucional de motivar a decisão proferida. GABARITO: CERTA DIREITO PROCESSUALPENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO COMENTÁRIOS: No ordenamento jurídico brasileiro, o sistema da íntima convicção somente é aplicado no julgamento proferido pelos jurados no Tribunal do Júri, por expressa disposição constitucional. Portanto, a regra é o sistema do livre convencimento motivado; enquanto a exceção é o sistema da íntima convicção. 6. (TJ-RS / Juiz Substituto - TJ-RS / 2009) São admitidas provas derivadas das ilícitas quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Para acertar este tipo de questão basta que o candidato tenha lido atentamente o CPP, pois o enunciado reproduz o art. 157, parágrafo 1º: Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 7. (CESPE / Promotor de Justiça- MPE-RN / 2009) Segundo entendimento doutrinário, quando a norma afrontada tiver natureza processual, a prova vedada deve ser chamada de ilícita; afrontando normas de direito material, deve ser chamada de ilegítima DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: É exatamente o contrário. Norma de natureza processual - ILEGÍTIMA / Norma de natureza penal (material) – ILÍCITA 8. (CESPE / Agente de investigação Escrivão de Polícia / 2009) Poderá o juiz, de ofício, ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Segue o Art. 156 do CPP: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 9. (CESPE / Agente - Polícia Civil–ES / 2009) O sistema da livre convicção, método de avaliação da prova concernente à livre valoração ou à íntima convicção do magistrado, é inaplicável no processo penal pátrio, porquanto afasta a necessidade de motivação das decisões judiciais. GABARITO: ERRADA DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO COMENTÁRIOS: A convicção do magistrado é o fundamento principal da valoração de provas no nosso país, vigorando este sistema com base no art. 155. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 10. (OAB-RJ / 2007) Na disciplina da valoração da prova instituída pelo Código de Processo Penal brasileiro, foi adotado o sistema A) da íntima convicção; B) de provas legais; C) do livre convencimento motivado; D) de provas legais, exceto no tribunal do júri, que adota o sistema do livre convencimento motivado. GABARITO: C COMENTÁRIOS: O CPP adota o princípio do livre convencimento motivado segundo o qual o juiz não ficará adstrito aos laudos, mas deve motivar sua decisão. 11. (OAB-SP – 2009) São entendidas como provas ilícitas apenas as que forem obtidas em violação a normas constitucionais, devendo tais provas ser desentranhadas do processo. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Provas ilícitas são aquelas que afrontam normas, sejam constitucionais ou infraconstitucionais. 12. (OAB-SP – 2009) São, em regra, admissíveis as provas derivadas das ilícitas. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Por expressa determinação do CPP, não são admitidas as provas ilícitas e as derivadas das ilícitas. 13. (OAB-SP – 2009) Considera-se fonte independente aquela que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seja capaz de conduzir ao fato objeto da prova. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: É a resposta da questão, pois traz de forma correta o conceito de fonte independente de uma determinada prova. 14. (OAB-SP / 2008) A prova, ainda que produzida por iniciativa de uma das partes, pertence ao processo e pode ser utilizada por todos os participantes da relação processual, destinando-se à apuração da verdade dos fatos alegados. GABARITO: CERTA COMENTÁRIOS: Traz o conceito de prova emprestada que é perfeitamente admitido em nosso ordenamento jurídico. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TJDFT ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA PROFESSOR PEDRO IVO 15. (OAB-SP / 2008) O sistema da livre convicção, adotado majoritariamente no processo penal brasileiro, com fundamento na Constituição Federal, significa a permissão dada ao juiz para decidir a causa de acordo com seu livre entendimento, devendo o magistrado, no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos, e buscar persuadir as partes e a comunidade em abstrato. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: Não cabe ao magistrado “persuadir as partes e a comunidade”, mas apenas motivar sua decisão com base no sistema do livre convencimento MOTIVADO. 16. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-ES / 2011) São inadmissíveis no processo provas derivadas de provas ilícitas, ainda que não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras. GABARITO: ERRADA COMENTÁRIOS: O § 1º do Art. 157 define que são inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando: não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 17. (CESPE / Defensor - DPU/ 2007) Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 DIREITO PROCESSUAL
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