Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PAGE \* MERGEFO RMAT2 1 PAGE \* MERGEFO RMAT2 2 SUMÁRIO GRUPO I (CONSTITUCIONAL, ADM., ELEITORAL, TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO) ................ 3 GRUPO II (PENAL, CRIMINOLOGIA E PROCESSO PENAL) ................................................ 34 GRUPO III (CIVIL E PROCESSO CIVIL) ............................................................................... 68 GRUPO IV (DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL COLETIVO) ............................................ 81 PAGE \* MERGEFO RMAT2 3 PROVA MP-MG (2021) GRUPO I (CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO, ELEITORAL, TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO) QUESTÃO 1 Assinale a alternativa CORRETA: A) O “estado de coisas inconstitucional”, lido pela doutrina pátria como princípio da proibição de proteção deficiente, indica uma situação fática de desídia estatal diante de determinado direito fundamental. B) O realismo jurídico, movimento teórico que superou o formalismo, ressalta a estrita vinculação das decisões judiciais ao comando legal, importando mais a lei em si do que as consequências fáticas de sua aplicação. C) A ideia da “desconstitucionalização” reconhece a recepção de preceitos constitucionais anteriores, porém na condição de direito ordinário, e desde que compatíveis com a nova ordem constitucional. D) O conceito de efetividade da norma jurídica, distinto da mera ideia de eficácia, não se aplica às normas constitucionais, naturalmente dependentes da ação política e da realidade social vivenciada, circunstâncias limitadoras da materialização concreta do preceito legal. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS A) INCORRETA. O primeiro ponto a ser questionado nesta questão diz respeito à origem da discussão a respeito do Estado de Coisas Inconstitucional. Segundo Márcio André Lopes Cavalcante, a ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema Corte do país pode atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional Colombiana, em 1997, com a chamada “Sentencia de Unificación (SU). Segundo a doutrina nacional, pacífica, foi a primeira vez que se usou essa expressão. Proibição de Proteção Deficiente (Untermassverbot), por sua vez, é um termo da doutrina alemã, de cunho constitucional, que significa uma atuação positiva por parte das Cortes Constitucionais em casos explícitos de descumprimento do papel de legislar em matéria de norma constitucional de eficácia limitada. Nos termos do HC 102.087/MG, p. 94, [...] O ato não será adequado caso não proteja o direito fundamental de maneira ótima; não será necessário na hipótese de existirem medidas alternativas que favoreçam ainda mais a realização do direito fundamental; e violará o subprincípio PAGE \* MERGEFO RMAT2 4 da proporcionalidade em sentido estrito se o grau de satisfação do fim legislativo for inferior ao grau em que não se realiza o direito fundamental de proteção. BERNAL PULIDO, Carlos. El principio de proporcionalidad y los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales; 2003, p. 798 e segs. Alfim, um caso atual envolvendo esse conceito é veiculado no Info 944, ADO 26 e MI 4.733/DF, pelo Supremo Tribunal Federal. B) INCORRETA. É exatamente o contrário. Vamos nos embasar nos ensinamentos de Norberto Bobbio para um melhor entendimento. Para ele, formalismo jurídico é uma certa teoria da justiça, em particular a teoria segundo a qual justo é aquele que é conforme a lei, e injusto, aquele que está em desacordo com ela. Para Bobbio, esse formalismo deveria ser chamado de formalismo ético, concepção muito mais comum entre os juristas. C) CORRETA. De acordo com a teoria da desconstitucionalização, as normas constitucionais que não sejam materialmente constitucionais e que tenham compatibilidade com a nova ordem vigente podem ser mantidas com natureza de lei, desconstitucionalizando-se (lei ordinária - CF/88, art. 59, III; por exemplo) . Em regra, não é admitida no direito brasileiro. A título de aprofundamento, é importante frisar que essa teoria tem previsão expressa na Constituição de Portugal - art. 292. No Brasil, por sua vez, o art. 147 da Constituição de 1967 do Estado de São Paulo previa tal viabilidade. D) INCORRETA. Já salta aos olhos o extremismo da afirmação: não se aplica às normas constitucionais. Temos que sempre ter cuidado com essas expressões em provas, e aqui não foi diferente. Segundo Luís Roberto Barroso, efetividade é a própria realização do direito, o desempenho concreto de sua função social. QUESTÃO 2 Assinale a alternativa CORRETA: A) Os Estados, titulares de competências legislativas concorrentes, só poderão disciplinar a forma de funcionamento de bingos e loterias diante da omissão legislativa da União. B) Os Municípios, com base no princípio do interesse, podem legislar sobre gratuidade no uso de estacionamento em estabelecimentos comerciais privados (shopping centers, supermercados, etc.), sediados nos limites de seu território. C) Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais de intervenção no domínio econômico, exigíveis no mesmo ano em que criadas, desde que observada a anterioridade nonagesimal, PAGE \* MERGEFO RMAT2 5 D) No âmbito da competência concorrente, a superveniência de lei federal que disponha sobre normas gerais não revoga a lei estadual anteriormente editada, mas suspende a eficácia dos dispositivos que lhe forem contrários. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS A) INCORRETA. De acordo com a Súmula Vinculante n. 2: É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. Ademais, nos parâmetros da CF/88, art. 22, XX: Compete privativamente à União legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios. B) INCORRETA. Vamos a alguns julgados em que o Supremo Tribunal Federal enfrentou a matéria. “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL. ESTACIONAMENTO EM LOCAIS PRIVADOS. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO ART. 22, I DA CONSTITUIÇÃO. Esta Corte, em diversas ocasiões, firmou entendimento no sentido de que invade a competência da União para legislar sobre direito civil (art. 22, I da CF/88) a norma estadual que veda a cobrança de qualquer quantia ao usuário pela utilização de estabelecimento em local privado (ADI 1.918, rel. min. Maurício Corrêa; ADI 2.448, rel. Min. Sydney Sanches; ADI 1.472, rel. min. Ilmar Galvão). Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente” (RT 909/337). “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 1.º DA LEI N.º 1.094/96, DO DISTRITO FEDERAL. ALEGADA VIOLAÇÃO AOS ARTS. 5.º, XXII; E 22, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Norma que, dispondo sobre o direito de propriedade, regula matéria de direito civil, caracterizando evidente invasão de competência legislativa da União. Precedente. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade da expressão ‘privadas ou’, contida no art. 1.º da lei distrital sob enfoque” (STF, ADI 1.472- DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ilmar Galvão, 05-09-2002, v.u., DJ 25-10-2002, p. 24). Sendo mais específico quanto em matéria de jurisprudência, segundo a ADI 4.862/PR: É inconstitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança de estacionamento de veículos. C) INCORRETA. Nos termos do art. 149 da CF/88: Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, §6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Ainda na dicção do art. 150, I e III: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou PAGE \* MERGEFO RMAT2 6 aumentado; no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; e, antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b. Dessa forma, é necessário observar tanto o princípio da anterioridade ordinária quanto a anterioridade nonagesimal. D) CORRETA. Não há revogação, mas suspensão da Lei Estadual, em caso de competência concorrente. Segundo o art. 24, §4º da CF/88: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [...] A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. QUESTÃO 3 Sobre a interpretação das normas constitucionais, é INCORRETO afirmar que: A) O princípio da justeza, ou da conformidade funcional, exige do intérprete a busca da maior efetividade social possível na aplicação da norma constitucional. B) O princípio da concordância prática, ou da harmonização, pressupõe a ideia de unidade da Constituição e de inexistência hierárquica entre as normas nela consagradas, de modo a evitar-se o sacrifício de valores constitucionais igualmente relevantes. C) O método histórico de interpretação constitucional, embora próprio dos países do chamado common law, é admitido pelo Supremo Tribunal Federal em situações específicas, notadamente quando necessário para revelar o sentido da norma na conjuntura social em que foi promulgada. D) Dentro do juízo de proporcionalidade, o subprincípio da adequação julga se as medidas de intervenção no direito fundamental são razoáveis e aptas para se alcançar o fim almejado. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS A) CORRETA. De acordo com Hesse (1998), citado por Marcelo Novelino, o princípio da conformidade funcional orienta os órgãos encarregados de interpretar a constituição a agirem dentro de seus respectivos limites funcionais, evitando decisões capazes de subverter ou perturbar o esquema organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido. Dessa forma, trata-se de diretriz voltada, sobretudo, à atuação dos tribunais constitucionais em suas relações com os poderes públicos, sendo atualmente considerada mais como princípio autônomo de competência do que propriamente de interpretação constitucional, isso nas lições de J.J Gomes Canotilho (2000). Importante PAGE \* MERGEFO RMAT2 7 frisar que esse princípio também é sinônimo de exatidão funcional ou correção funcional - são nomes que podem aparecer em provas. B) INCORRETA. Vamos usar um trecho do julgado, MS 26.750/DF - Luis Fux, para entender claramente o princípio da alternativa. [...] Ambas essas garantias, que constituem cláusulas elementares do princípio constitucional do justo processo da lei (due process of law), devem ser interpretadas sob a luz do critério da chamada concordância prática, que, como se sabe, consiste numa recomendação para que o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas, ao mesmo tempo, não acarrete a negação de nenhum. A título de informação complementar é importante destacar que Friedrich Muller se inclina em uma diretriz que entende contraditória a existência deste princípio com a lógica do sopesamento de bens, ponderação de valores constitucionais. Noutra monta, dando força ao alinhamento do STF e da Corte Alemã Constitucional, Robert Alexy pensa que o modelo de sopesamento (Teoria dos Direitos Fundamentais) é equivalente à concordância prática, não havendo que falar em contradição no mundo prático. C) INCORRETA. Pelo método histórico devem ser sempre observadas as origem da produção de uma norma, todas as realidades envolvidas que estavam presente em sua gênese, o momento moral, ético e social que o legislador estava inserido, exatamente para se chegar à sua vontade quando do exercício hermenêutico. D) INCORRETA. O princípio da proporcionalidade como concebido no Brasil, por vezes, é confundido com o princípio da razoabilidade - até os Tribunais Superiores costumam fazer essa equiparação em seus julgados. Contudo há que se fazer uma distinção inicial quanto à origem de cada um para destacar os subconceitos da proporcionalidade. Razoabilidade como princípio nasce dentro de uma discussão jurisprudencial- doutrinária nos Estados Unidos (Ronald Dworkin), enquanto proporcionalidade tem como gênese o Tribunal Constitucional Alemão pelos trabalhos do já citado Robert Alexy. Este, ademais, se subdivide em adequação (compatibilidade do meio com o fim almejado pelo intérprete), necessidade (meio menos gravoso em respeito à finalidade do bem envolvido), e proporcionalidade em sentido estrito (juízo de análise entre vantagens e desvantagens quanto ao objeto final de análise). QUESTÃO 4 Analise as assertivas abaixo e, conforme sejam verdadeiras (V) ou falsas (F), assinale a alternativa CORRETA: I. A livre concorrência, expressamente consagrada na Constituição Federal, impede que incentivos fiscais não extensivos às empresas privadas sejam concedidos às empresas públicas e sociedades de economia mista, prestadoras de serviço público. PAGE \* MERGEFO RMAT2 8 II. Ao contrário dos serviços de saúde e educação, o serviço postal é considerado “privilégio” estatal, não podendo ser prestado direta e livremente pela iniciativa privada. III. Não ofende o princípio da isonomia norma legal que concede tratamento tributário especial e diferenciado às microempresas e empresas nacionais de pequeno porte. IV. O Supremo Tribunal Federal não reconhece o direito de “desaposentação” e “reaposentação”, devendo o aposentado que permanece empregado no mercado de trabalho contribuir para a previdência social, em razão do princípio da solidariedade que rege o sistema. A) V-V-V-F B) F-V-V-V C) F-F-F-V D) V-F-V-F RESPOSTA: B COMENTÁRIOS I - FALSO. No RE 596.729, AgR ano 2010: Este Tribunal possui entendimento no sentido de que o art. 173, §2º da CF/88 não se aplica às empresas públicas prestadoras de serviços públicos. Dessa afirmação, porém, não se pode inferir que a Constituição tenha garantido a essas entidades a isenção de custas processuais ou o privilégio do prazo em dobro para a interposição de recursos. Segundo o art. 173, §2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensíveis às do setor privado. II - VERDADEIRO. Na ADPF 46, 2010, o Ministro Eros Graus já havia se posicionado a respeito do tema: A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de privilégio, o privilégio postal. Os regimes jurídicos sob os quais em regra são prestados os serviços públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade. III - VERDADEIRO. Vamos à ADI 1.643 para melhor compreensão: [...] 3. Por disposição constitucional (CF, artigo 179), as microempresas e as empresas de pequeno porte devem ser beneficiadas, nos termos da lei , pela "simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas" (CF, artigo 179). 4. Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do SIMPLES PAGE \* MERGEFO RMAT2 9 aquelas cujos sócios têm condição de disputaro mercado de trabalho sem assistência do Estado. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. IV - VERDADEIRO. Por fim, ao analisar o RE 381.367/RS e o RE 827.833, veiculados no Info 965, temos a fundamentação: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à 'desaposentação' ou à ‘reaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991. STF. Plenário. RE 381367 ED/RS e RE 827833 ED/SC, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/2/2020 (repercussão geral). QUESTÃO 5 I . A liberdade de expressão, mesmo ocupando posição de destaque no rol dos direitos fundamentais, não se traduz em direito absoluto, razão por que o Supremo Tribunal Federal vedou a publicação de biografias não autorizadas, especialmente em casos de ofensa direta a direitos de personalidade do biografado. II. Consoante entendimento do STF, a liberdade de reunião prescinde de autorização da autoridade competente, mas a prévia comunicação é requisito condicionante do exercício do direito, sob pena de ilegalidade do ato público realizado. III. A jurisprudência majoritária nega aplicação, aos direitos sociais, do “princípio da proibição do retrocesso”, notadamente em razão das constantes transformações econômicas da realidade social, que exigem contínua revisão jurisprudencial e legislativa sobre o alcance e extensão desses direitos. IV. O direito de greve do servidor público não é absoluto, só podendo ser exercido por policiais civis nos estritos limites estabelecidos em lei específica, em razão dos imperativos da continuidade do serviço público essencial. Assinale a alternativa CORRETA: A) As assertivas I, II, III e IV são incorretas. B) Apenas as assertivas I e III são incorretas. C) Apenas as assertivas II e IV são incorretas. D) Apenas a assertiva III é incorreta. RESPOSTA: A PAGE \* MERGEFO RMAT2 10 COMENTÁRIOS I - INCORRETA. No gancho do explicitado por Márcio André Lopes Cavalcante - Dizer o Direito: Para que seja publicada uma biografia não é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4.815, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/06/2015. II - INCORRETA. A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003). III - INCORRETA. Em matéria de Direitos Sociais (considerados de segunda dimensão - Flávia Piovesan), na verdade, há a aplicação da teoria da vedação ao retrocesso. Também chamado de efeito cliquet, expressão francesa, significa, em linhas gerais: “não voltar para trás”. Tem como seu nascedouro de debate a jurisprudência alemã em um caso emblemático envolvendo o direito à educação. IV - INCORRETA. Vamos ao julgado que explica a afirmação: A atividade policial é carreira de Estado imprescindível a manutenção da normalidade democrática, sendo impossível sua complementação ou substituição pela atividade privada. A carreira policial é o braço armado do Estado, responsável pela garantia da segurança interna, ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A Constituição Federal não permite. Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse público e social na manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos. Impossibilidade absoluta do exercício do direito de greve às carreiras policiais. Interpretação teleológica do texto constitucional, em especial dos artigos 9º, § 1º, 37, VII e 144. Recurso provido, com afirmação de tese de repercussão geral: “1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria. (ARE 654432, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 08-06-2018 PUBLIC 11-06-2018) PAGE \* MERGEFO RMAT2 11 QUESTÃO 6 Sobre o controle de constitucionalidade das leis, é CORRETO afirmar que: A) O Governador de Estado possui legitimidade para propor ação direta contra lei estadual interna, não podendo questionar a constitucionalidade de normas emanadas de outras unidades da federação. B) Tratados e convenções internacionais que versem, exclusivamente, sobre direitos humanos constituem-se em parâmetro de controle de constitucionalidade, ainda que pendentes de ratificação pelo Congresso Nacional. C) Por meio de arguição de descumprimento de preceito fundamental, o Supremo Tribunal Federal pode realizar o controle abstrato de uma lei municipal em face da Constituição Federal. D) No entendimento do Supremo Tribunal Federal, as resoluções editadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público, enquanto atos administrativos normativos, não podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS A) FALSO. Vamos nos furtar do segmentado na ADO 31 AgR/DF: Alegação de omissão legislativa na implementação de imposto de competência da União – Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Ausência de previsão constitucional de repartição de receitas desse tributo com os demais entes federados. A jurisprudência desta CORTE é pacífica no sentido de que a legitimidade para a propositura das ações de controle concentrado de constitucionalidade, em face de ato normativo oriundo de ente federativo diverso, por governadores de Estado, exige a demonstração de pertinência temática, ou seja, a repercussão do ato, considerados os interesses do Estado. Precedentes. Ausência de pertinência temática. Ilegitimidade ativa do Governador do Estado do Maranhão para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão com o objetivo de instituir imposto de competência da União. B) FALSO. A fundamentação pode ser extraída do art. 5º, §3º da CF/88: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. C) VERDADEIRO. Lei n. 9.882/99, art. 1º - A arguição prevista no §1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder PAGE \* MERGEFO RMAT2 12 Público. Parágrafo único - Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anterioresà Constituição. D) FALSO. Segundo a ADI 4.263/DF: Resolução editada pelo CNMP no exercício de sua competência constitucional, em caráter geral e abstrato, não constitui ato normativo secundário. Ausentes outros vícios na petição inicial, as questões preliminares devem ser rejeitadas e ação direta conhecida. QUESTÃO 7 Assinale a alternativa CORRETA: A) O custeio dos serviços de iluminação pública se dará por meio de taxa, obedecidos os critérios de proporcionalidade em relação ao uso dos serviços por parte de cada um dos contribuintes. B) A obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador, mas a lei pode atribuir ao sujeito passivo a responsabilidade pelo pagamento antecipado do tributo, antes de concretizada a hipótese de incidência. C) Isenções, anistias e imunidades, relativas a impostos, taxas e contribuições, só poderão ser concedidas mediante lei específica federal, estadual ou municipal. D) De acordo com a Constituição Federal, a repartição da receita tributária é definida pela respectiva competência, cabendo ao ente tributante a totalidade do produto de sua arrecadação. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS A) INCORRETA. De acordo com a súmula vinculante 41: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”. Não se trata de serviço específico e divisível, umas vez que não seria possível mensurar com clareza o benefício de cada contribuinte por contar com a iluminação pública em si. B) CORRETA. De acordo com o artigo 113, § 1º do CTN, “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.” No entanto, é importante que se verifique a redação do art. 150, do §7º da CF/88, o qual informa que “A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer PAGE \* MERGEFO RMAT2 13 posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.” A análise dos dois dispositivos representa o teor da letra B, que deve ser assinalada como correta. C) INCORRETA. As imunidades são tratadas na CF/88, e não concedidas mediante lei específica. Portanto, não podem ser tratadas como as demais hipóteses citadas. D) INCORRETA. Podemos citar os arts. 157 a 162, CF para exemplificarmos divisões de arrecadações de seus tributos. Logo, em nosso modelo, não é uma premissa correta afirmar que cabe ente tributante a totalidade do produto de sua arrecadação. Seguem exemplos de repartições de valores arrecadados. Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I. Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio. QUESTÃO 8 Sobre o tema da responsabilidade civil do poder público, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA: I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público pelos danos causados à vítima, conforme previsto na Constituição Federal, subsume-se à teoria do risco administrativo, podendo ser excluída somente quando comprovada a existência de caso fortuito ou força maior. II. Ao apreciar o Tema nº 362, da repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal assentou que a responsabilidade civil do Estado por omissão no dever de vigilância, pelos danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, é PAGE \* MERGEFO RMAT2 14 objetiva, sendo desnecessária a demonstração do nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. III. Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral, Tema nº 246, o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado transfere automaticamente ao poder público contratante a responsabilidade pelo pagamento, em razão da responsabilidade solidária do Estado, nos termos da Lei nº 8.666/93. IV. O Estado possui o dever, imposto pelo sistema normativo, de manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, devendo ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos pela falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88. A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas. C) Apenas a assertiva I está correta. D) Apenas a assertiva IV está correta. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS I - INCORRETO. Segundo Renério de Castro Júnior, o direito brasileira adota, em regra, a responsabilidade objetiva do Estado na modalidade fundada na Teoria do Risco Administrativo. Isso quer dizer que o Poder Público poderá valer-se, em sua defesa, de causas excludentes da responsabilidade, o que não seria possível no caso de adoção da teoria do risco integral. Segundo o mesmo autor, e seguindo a doutrina pacífica, são excludentes de responsabilidade: culpa exclusiva da vítima (exclusiva ou concorrente), caso fortuito ou força maior, fato exclusivo de terceiros (exemplo: danos causados por multidões). II - INCORRETO. De acordo com o RE 608.880/MT: [...] Entretanto, o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias como o caso fortuito e a força maior ou evidências de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima. A fuga de presidiário e o cometimento de crime, sem qualquer relação lógica com sua evasão, extirpa o elemento normativo, segundo o qual a responsabilidade civil só se estabelece em relação aos efeitos diretos e imediatos causados pela conduta do agente. Nesse cenário, em que não há causalidade direta para fins de atribuição de responsabilidade PAGE \* MERGEFO RMAT2 15 civil extracontratual do Poder Público, não se apresentam os requisitos necessários para a imputação da responsabilidade objetiva prevista na Constituição Federal - em especial, como já citado, por ausência do nexo causal. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para julgar improcedentes os pedidos iniciais. Tema 362, fixada a seguinte tese de repercussão geral: “Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada”. III - INCORRETO. Essa transferência não ocorre de forma automática, como citado na afirmativa, vejamos o julgado: [...] A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve empregar as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de excelência à população com os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela teoria e pela prática internacional, que a terceirização não importa precarização às condições dos trabalhadores. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplênciado contratado, com referência aos encargos trabalhistas, não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime porque a Lei nº 9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de não responsabilização com referência a encargos trabalhistas. [...] Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese para casos semelhantes: “O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”. (RE 760931, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017) IV - CORRETO. Esse tema, de alto conhecimento no mundo jurisprudencial, já tinha sido noticiado pelo MPMG em 10/02/2020. RE 580.252/MS: Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no art. 37, §6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou da insuficiência das condições legais de encarceramento. QUESTÃO 9 Sobre o tema do controle da administração pública, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA: I. Conforme Súmula n° 473, do Supremo Tribunal Federal, os atos administrativos podem ser anulados, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, bem como revogados, por PAGE \* MERGEFO RMAT2 16 motivo de conveniência e oportunidade, tanto na esfera administrativa, como na judicial, respeitados os direitos adquiridos. II. Considerando-se que o ato administrativo tem presunção de legitimidade, pode-se dizer que, interposto recurso pelo administrado, somente haverá efeito suspensivo se houver previsão legal, caso em que ficará suspenso o prazo prescricional. III. Tendo em conta a independência de instâncias, ainda que recebido no efeito suspensivo o recurso interposto na via administrativa, poderá o interessado recorrer à via judicial para a defesa de seu direito, visto que nenhuma lesão ou ameaça de lesão será excluída da apreciação do Poder Judiciário. IV. Constitui exceção à independência de instâncias a absolvição levada a efeito no juízo criminal, qualquer que seja o fundamento, caso em que a responsabilidade do servidor será afastada na esfera administrativa. A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas. C) Apenas as assertivas III e IV estão corretas. D) Apenas a assertiva III está correta. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS I - INCORRETA. Essa questão entra em um ponto exatamente polêmico envolvendo a intervenção do Poder Judiciário nos atos administrativos, sobretudo os discricionários. Há que se observar que o mérito administrativo não pode ser alterado pelo Poder Judiciário, isso se contradiz com a separação de poderes e com doutrina tradicionalista administrativista. Segundo REsp 1.271.057/PR: 1. Consoante entendimento consolidado nesta Corte Superior, a intervenção do Poder Judiciário nos atos administrativos cinge-se à defesa dos parâmetros da legalidade, permitindo-se a reavaliação do mérito administrativo tão somente nas hipóteses de comprovada violação aos princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade, sob pena de invasão à competência reservada ao Poder Executivo. 2. Na hipótese dos autos, declarada a nulidade do auto de infração pela ilegalidade da apreensão e decretação de perdimento de mercadorias, por malferimento à proporcionalidade, é defeso ao Poder Judiciário imiscuir-se no mérito administrativo, para o fim de substituir aquelas penalidades contidas no Auto de Infração, lavrado pela Autoridade Alfandegária, por multa prevista na legislação aduaneira, sob pena de o provimento jurisdicional substituir o próprio Administrador Público, a quem compete a aplicação e mensuração da sanção administrativa. Precedente: RMS 20.631/PR, Rel. 3. Agravo Interno da Fazenda Nacional PAGE \* MERGEFO RMAT2 17 desprovido. (AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/05/2017, DJe 25/05/2017) II - INCORRETA. Fundamenta-se no art. 61, parágrafo único da Lei n. 9.784/99: Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. III - INCORRETA. Essa afirmação é bastante polêmica, sobretudo porque a alternativa D poderia ser uma possível resposta. Contudo, ousamos discordar de contradições e reafirmar o gabarito, uma vez que há exceções: justiça desportiva; ato administrativo contrário à súmula vinculante; habeas data; ações previdenciárias administrativas (RE 631.240). IV - INCORRETA. A sentença proferida no âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida a inexistência material do fato ou a negativa de sua autoria. Assim, se a absolvição ocorreu por ausência de provas, a administração não está vinculada à decisão proferida na esfera penal (STJ, REsp 1.323.123, 2013). QUESTÃO 10 Quanto ao tema da administração pública, assinale a alternativa CORRETA: A) Pelo princípio da imputação volitiva, característica da teoria do órgão, a atividade exercida por agente que não tenha investidura legítima não pode ser imputada à pessoa jurídica de direito público. B) O órgão, por ser despersonalizado, apenas integra a pessoa jurídica de direito público, razão pela qual não pode, em nenhuma hipótese, figurar em qualquer dos polos de uma relação processual. C) As decisões prolatadas pelas agências reguladoras, a despeito da autonomia decisória no exercício da função do controle de determinadas atividades públicas e privadas de interesse social, devem indicar os motivos de fato e de direito que as determinam, inclusive quanto à edição ou não de atos normativos. D) As autarquias, conquanto dotadas de personalidade jurídica de direito público, praticam atos administrativos de direito privado, os quais são considerados atos de autoridade para fins de controle de legalidade por mandado de segurança. RESPOSTA: C PAGE \* MERGEFO RMAT2 18 COMENTÁRIOS A) INCORRETA. Segundo Renério de Castro Júnior (2021), a teoria do órgão consegue justificar a validade dos atos praticados pelo servidor de fato (aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade). Ainda de acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da presunção de legalidade dos atos administrativos, reputam-se válidos os atos praticados pelo servidor de fato, se por outra razão não forem viciados. B) INCORRETA. A exceção fica a cargo dos órgãos independentes e autônomos. Segundo a Súmula n. 525 do STJ: Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais. C) CORRETA. O fundamento é aquele previsto na Lei n. 13.848/19, art. 5º: A agência reguladora deverá indicar os pressupostos de fato e de direito que determinarem suas decisões, inclusive a respeito da edição ou não de atos normativos. D) INCORRETA. As autarquias compõem a Administração Pública indireta, e conforme doutrina majoritária praticam atos administrativos públicos, ou seja, diferente daquelas praticados pelas associações e partidos políticos, por exemplo, regidos pelo CC/02. QUESTÃO 11 No tocante aos atos administrativos, analise as assertivas abaixo e marquea alternativa CORRETA: I. Tratando-se de parecer obrigatório, mas não vinculante, a autoridade competente para proferir a decisão poderá deixar de acolhê-lo, sendo-lhe dispensável explicitar os motivos da recusa. II. O ato administrativo praticado no uso do poder discricionário que nega, limita ou afeta direitos ou interesses dos administrados, deve ser devidamente motivado, sendo suficiente indicar que se trata de interesse público. III. Considerando que os decretos regulamentadores, de competência do Chefe do Executivo, são atos administrativos que estabelecem normas gerais com a finalidade de explicitar o teor das leis – completando-as, se for o caso –, podem, no intuito de possibilitar a execução da lei, restringir ou ampliar seus preceitos. IV. Tratando-se de ato discricionário em que se permite ao agente maior liberdade de aferição da conduta, segundo critérios de conveniência e oportunidade, tem-se que, explicitada a motivação do ato, essa não pode ser revista pelo Poder Judiciário em nenhuma hipótese, visto não ser possível o controle judicial do mérito do ato administrativo discricionário. PAGE \* MERGEFO RMAT2 19 A) As assertivas I, II, III e IV são corretas. B) Apenas a assertiva IV está correta. C) As assertivas I, II, III e IV são incorretas. D) Apenas a assertiva I é correta. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS I - INCORRETA. De acordo com um julgado do ano de 2012 (Info 680): É possível a responsabilização de advogado público pela emissão de parecer de natureza opinativa, desde que reste configurada a existência de culpa ou erro grosseiro. MS 27.867 AgR/DF. Em importante oportunidade no julgamento do MS 24.631/DF, o Ministro Joaquim Barbosa apresentou a seguinte conceituação: PARECER FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE O administrador não é obrigado a solicitar o parecer do órgão jurídico. O administrador é obrigado a solicitar o parecer ao órgão jurídico. O administrador é obrigado a solicitar o parecer do órgão jurídico. O administrador pode discordar da conclusão exposta no parecer, desde que o faça fundamentadamente. O administrador pode discordar da conclusão exposta pelo parecer, desde que o faça fundamentadamente como base em novo parecer. A administração não pode discordar da conclusão exposta pelo parecer. O administrador decide nos termos da conclusão do parecer, ou então, não decide. Em regra, o parecerista não tem responsabilidade pelo ato administrativo, contudo, pode ser responsabilizado, se ficar configurada a existência de culpa ou erro grosseiro. Em regra o parecerista não tem responsabilidade pelo ato administrativo, contudo, pode ser responsabilizado, se ficar configurada a existência de culpa ou erro Há uma partilha do poder de decisão entre o administrador e o parecerista, já que a decisão do administrador deve ser de acordo com o parecer. Logo, o parecerista responde PAGE \* MERGEFO RMAT2 20 grosseiro. solidariamente com o administrador pela prática do ato, não sendo necessário demonstrar culpa ou erro grosseiro. QUESTÃO 12 Sobre o tema do servidor público, assinale a alternativa INCORRETA: A) Cargos em comissão, ou de confiança, destinam-se somente a funções de chefia, direção e assessoramento, e podem ser ocupados por pessoas que não pertencem aos quadros funcionais da administração, ao passo que as funções de confiança, ou gratificadas, são reservadas exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo. B) O servidor público não tem direito à imutabilidade do estatuto; no entanto, preenchidos os requisitos previstos em lei, passa a ter direito adquirido ao benefício ou vantagem que o favorece, ainda que tal direito venha a ser exercido após mudança na lei instituidora. C) Os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias podem ser recrutados pelos gestores locais do Sistema Único de Saúde por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos para seu desempenho. D) A investidura em cargo efetivo, após aprovação em concurso público, gera para o servidor a efetividade e a estabilidade. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS A) INCORRETA. CF/88, art. 37, V: As funções de confiança exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. B) INCORRETA. RE 594.296 - Conforme entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal, a revogação de ato administrativo que já gerou efeitos concretos exige regular processo administrativo em que se oportunize a manifestação do interessado, sob pena de infringência às garantias do contraditório e da ampla defesa. PAGE \* MERGEFO RMAT2 21 C) INCORRETA. CF/88, art. 198, §4º: Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. D) CORRETA. Esta alternativa está correta por estar incorreta, uma vez que não há essa estabilidade automática no ato de investidura. A estabilidade, conforme previsão da CF/88, ocorre somente após 3 anos de efetivo exercício. QUESTÃO 13 Quanto à responsabilidade do poder público em caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, à luz do que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 724.347/DF, em regime de repercussão geral (Tema nº 671), é CORRETO afirmar que: A) Comprovados o ato ilícito da administração (ausência de nomeação), reconhecido por decisão judicial transitada em julgado; o dano causado (nomeação e posse tardias), e o nexo de causalidade entre esses elementos, a indenização é devida, com fundamento na responsabilidade civil objetiva do Estado, conforme artigo 37, § 6º, da CF/88. B) Apenas em situação de flagrante arbitrariedade o servidor faz jus a indenização, com o fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior. C) A anulação judicial de qualquer ato administrativo praticado em concurso público atrairá a incidência do art. 37, § 6º, da CF/88, sendo, portanto, devida a indenização pelo tempo em que o candidato aguardou solução judicial definitiva sobre sua participação e aprovação em concurso público. D) Não é possível haver mitigação da responsabilidade civil objetiva do poder público, em nenhuma hipótese, em se tratando de investidura em cargo público determinada por decisão judicial. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS A) INCORRETA. A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868). PAGE \* MERGEFO RMAT2 22 B) CORRETA. Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. [Tese definida no RE 724.347, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso, P, j. 26-2-2015, DJE 88 de 13-5-2015, Tema 671.] C) INCORRETA. A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública (...). Além disso, determinar o pagamento de valores retroativos nessa hipótese desencorajaria o exercício do poder-dever daAdministração Pública para corrigir seus próprios equívocos, estimulando-se, na mão inversa, a indesejada judicialização de demandas desse feitio. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 30/11/2017, DJe 07/12/2017. D) INCORRETA. Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. [Tese definida no RE 724.347, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso, P, j. 26-2-2015, DJE 88 de 13-5-2015, Tema 671.] QUESTÃO 14 Compete ao Procon-MG, órgão de administração do Ministério Público, exercer, no Estado, a coordenação da política do Sistema Estadual de Defesa do Consumidor – SEDC, EXCETO: A) Processar reclamações e denúncias que noticiarem lesão ou ameaça de lesão a interesses individuais. B) Dar orientação permanente aos consumidores sobre seus direitos e deveres. C) Fiscalizar as relações de consumo e aplicar as sanções e penalidades administrativas previstas na Lei Federal nº 8.078/1990 e em outras normas relativas à defesa do consumidor. D) Atuar, no processo administrativo, como instância de instrução e julgamento, no âmbito de sua competência, observado o disposto na Lei Federal nº 8.078/1190 e na legislação complementar. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS PAGE \* MERGEFO RMAT2 23 A) INCORRETA. Não se trata de competência atribuída ao Procon-MG, nos termos da LC 61/2001, que dispõe sobre a organização do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Ocorreu uma tentativa de confundir o candidato com a leitura do inciso II do art. 23 da lei: “II – receber, analisar, avaliar e apurar consultas, reclamações e denúncias apresentadas por entidades representativas, por grupo, categoria ou classe de pessoas, por pessoas jurídicas de direito público ou privado ou por consumidores individuais, processando aquelas que noticiarem lesão ou ameaça de lesão a interesses ou direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos”; A ausência da hipótese de “processar” constitui o erro na assertiva da prova no comparativo com o teor do dispositivo citado. B) CORRETA. Art. 23, inciso III da LC 61/2001 que dispõe sobre a organização do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. C) CORRETA. Art. 23, inciso V da LC 61/2001 que dispõe sobre a organização do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. D) CORRETA. Art. 23, inciso VI da LC 61/2001 que dispõe sobre a organização do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. QUESTÃO 15 No tocante à novel Lei nº 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), assinale a alternativa CORRETA: A) A par de extinguir as modalidades de convite e de tomada de preços, criar a modalidade de diálogos competitivos e incorporar os institutos RDC e pregão, a Lei nº 14.133/2021 permitiu ao gestor, no prazo de 2 (dois) anos, decidir pela aplicação das leis por ela revogadas, ainda que a opção escolhida não conste do edital, do aviso ou do instrumento de contratação direta. B) Foi inserida, na comissão de licitação, a figura do agente de contratação, bem como estabelecido o princípio do segregamento de funções. C) Foi criado o Portal Nacional das Contratações Públicas, destinado à divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos na Lei nº 14.133/2021, além de terem sido inseridos diversos princípios, entre os quais o do planejamento e o da transparência. D) A Lei nº 14.133/2021 abrange os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função administrativa, bem como as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303/2016. RESPOSTA: C PAGE \* MERGEFO RMAT2 24 COMENTÁRIOS A) INCORRETA. Na verdade, a nova lei de licitações e contratos exige que o instrumento convocatório preveja antecipadamente o regime a ser adotado. Pode ocorrer a aplicação de uma legislação ou outra, em sua inteireza, nunca de forma complementar. B) INCORRETA. A Lei n. 8.666/93 já trazia a figura do agente de contratação: comissão de licitação. Trata-se de uma comissão responsável para a realização de cada processo licitatório. C) CORRETA. O art. 174 da Lei n. 14.133/21 afirma que foi criado o PNCP (Portal Nacional de Contratações Públicas). D) INCORRETA. A lei n. 13.303/16 continua a reger as licitações e contratos envolvendo as empresas públicas e sociedades de economia mista. QUESTÃO 16 I. A base de cálculo do ICMS é o valor da transação, desconsiderados os descontos concedidos pelo fornecedor. Todavia, caso o contribuinte seja optante pelo Simples Nacional, a base de cálculo se altera e passa a ser a receita bruta dos últimos doze meses, excluindo o sistema de débito e crédito para cálculo do imposto. II. Segundo o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de substituição tributária “para trás” ou regressiva, o eventual pagamento do ICMS referente a fato gerador que não se consumou, ou que se realizou com base de cálculo a menor, poderá importar em compensação tributária ou repetição do indébito. III. Constitui um dos fatos geradores do ICMS a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço. IV. Compete ao Senado Federal fixar, por resolução, as alíquotas do ICMS nas operações interestaduais. Também é facultado ao Senado Federal regular as alíquotas mínimas do ICMS nas operações internas e as alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados. Assinale a alternativa CORRETA: A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. B) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas. C) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas. PAGE \* MERGEFO RMAT2 25 D) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Apenas os itens I, III e IV estão corretos. ITEM I – CORRETO. De acordo com a Lei Complementar 87/96 (que trata do ICMS): Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da operação; § 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: II - o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; Descontos concedidos pelo fornecedor, sem nenhuma condição, não integra a base de cálculo do ICMS. Segundo a Lei Complementar 123/06 (Simples Nacional): Art. 18. (...) § 1º Para efeito de determinação da alíquota nominal, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao do período de apuração. ITEM II - INCORRETO. Há duas situações a serem verificadas, tidas no item como de mesmo fim (mas que importam em soluções distintas): 1. Se o fato gerador que não se consumou (pode ocorrer compensação) 2. Se o fato gerador se realizou com base de cálculo a menor (não seria caso de compensação). O STF pronunciou-se sobre o caso no RECURSO EXTRAORDINÁRIO 593.849 (MG): MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA – DIFERENÇA APURADA ENTRE A BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA E A BASE DE CÁLCULO DO REAL VALOR DE VENDA DO PRODUTO – COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS DE ICMS – POSSIBILIDADE APENAS NO CASO DO FATO GERADOR NÃO SE REALIZAR. Só é devida a restituição ou complementação do imposto pago na hipótese de não realização do fato gerador, no caso de substituição tributária progressiva, possuindo a base de cálculo do ICMS caráter definitivo, não sendo devida quandoapurada diferença entre a base de PAGE \* MERGEFO RMAT2 26 cálculo presumida e a base de cálculo do real valor de venda do produto ao consumidor final”. III. CORRETO. Item em acordo com a CF/88, art. 155, §2º): IX - incidirá também: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001). IV. CORRETO. De acordo com a CF/88, (CF Art. 155 §2º, IV e V): IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; QUESTÃO 17 Sobre os crimes contra a ordem tributária, assinale a alternativa CORRETA: A) O pagamento integral do débito tributário, incluindo todos os acessórios, extingue a punibilidade do agente, mesmo se realizado após o oferecimento da denúncia. B) O crime de apropriação indébita tributária não se aplica à omissão de recolhimento de ICMS próprio. C) É cabível a tipificação da tentativa de sonegação fiscal com base no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90. D) As modalidades culposas dos crimes contra a ordem tributária não dependem da prévia constituição do crédito tributário. PAGE \* MERGEFO RMAT2 27 RESPOSTA: A COMENTÁRIOS A) CORRETA. Importante o conhecimento do artigo 83 da lei 9.430/1996: Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011). No entanto, ainda não havia um posicionamento na lei acerca da extinção mesmo após o recebimento da denúncia. O que foi firmado pela jurisprudência. AÇÃO PENAL. EX-PREFEITO E ATUAL DEPUTADO FEDERAL. DENÚNCIA DE INFRAÇÃO AO DECRETO-LEI 201/1967, ART. 1º, III E IX. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. EMENDATIO LIBELLI. ABSOLVIÇÃO EM RELAÇÃO A PARCELA DA APROPRIAÇÃO, EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO, EM RELAÇÃO AO MAIS. 1. A apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do Código Penal) prevalece sobre o tipo previsto no art. 1º, XIV, do Decreto-Lei 201/1967, quando a hipótese versa descumprimento de lei municipal atinente a recolhimento a autarquia previdenciária. 2. Ausência de descrição própria de desvio de renda pública, independente da suposta apropriação indébita, leva à absolvição, sobretudo quando a prova dos autos evidencia não ter havido o suposto fato. Improcedência da denúncia, no ponto. 3. Incide, no caso, o entendimento de que o pagamento do tributo, a qualquer http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art168a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art337a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art337a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12350.htm#art43 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12350.htm#art43 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12382.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12382.htm#art6 PAGE \* MERGEFO RMAT2 28 tempo, extingue a punibilidade do crime tributário. Precedente. (AP 450, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 18/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-028 DIVULG 10-02-2015 PUBLIC 11-02-2015) PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 1. É possível o reconhecimento da extinção de punibilidade, mesmo após o recebimento da denúncia, quando existe prova convergente e pré-constituída no sentido da ocorrência do pagamento integral dos tributos devidos. Precedentes. 2. No caso, as informações prestadas pelo Chefe do Núcleo Fiscal de Cobrança de Marília/SP indicam que, após a inscrição do débito em dívida ativa, foram realizados três recolhimentos, em 13/6/2016, 11/7/2016 e 22/7/2016, suficientes para liquidar integralmente o valor devido. 3. Recurso provido para trancar a ação penal na origem. (RHC 98.508/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 23/10/2018, DJe 13/11/2018) B) INCORRETA. Após o julgamento do HC 399.109, a 3ª Seção do STJ entendeu que também configura crime de apropriação indébita tributária o destaque do ICMS na nota fiscal sem o respectivo recolhimento do imposto devido em operações próprias cujo “ônus financeiro” foi repassado no preço pago pelo consumidor final. O fator distintivo entre o mero inadimplemento de tributo — que é um fato atípico — e a apropriação indébita tributária, seria o dolo do contribuinte de manter sob sua posse a parcela do preço produto que se refere ao ICMS devido ao Estado. O tema foi submetido ao STF, o qual analisou a questão nos autos do Recurso em Habeas Corpus 163.334, onde entendeu que configura crime contra a ordem tributária, com fundamento no artigo 2º, II, da Lei 8.137/1990, o não pagamento do ICMS-próprio destacado na nota fiscal e declarado ao Fisco. C) INCORRETA. O crime não envolve tentativa, pois até o final do prazo para que se cumpra a obrigação acessória, ela não produzirá efeitos. De acordo com a SV 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º incisos I a IV da lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. PAGE \* MERGEFO RMAT2 29 A súmula cita o artigo 1º, inciso I a IV da Lei 8.137/90. Nos crimes do artigo 1º, inciso I, II, III e IV da Lei 8.137/90 que são crimes materiais contra a ordem tributária, não se tipifica o crime antes do lançamento definitivo do tributo. Logo, fica inviável falarmos em tentativa neste caso. D) INCORRETA. No que toca aos crimes contra a ordem tributária, a figura do dolo é indispensável, já que as condutas tipificadas nos artigos da Lei n. 8.137/90 são puníveis, meramente, na modalidade dolosa por inexistir previsão da punibilidade na modalidade culposa devido à intenção do agente de fraudar a Fazenda Pública, através da prática de atos abalizados para tanto, não caracterizando o delito penal o simples fato de abster- se de honrar com seu débito fiscal, evento que corrobora para a aplicação de infrações tributárias anteriormente distinguidas. Os tiposinseridos na lei de crimes contra a ordem tributária são, em regra, dolosos, ou seja, determinam uma vontade livre e consciente de produzir um crime contra a ordem tributária. A exceção de delito culposo que se tem na Lei 8.137/90 compreende-se a tipos referente aos crimes contra a relação de consumo, existente no art. 7º, parágrafo único. Como a alternativa refere-se exclusivamente aos crimes contra a ordem tributária, (e não de consumo (embora tratados pela mesma lei neste caso), encontra-se equivocada. QUESTÃO 18 A pandemia da Covid-19 impôs desafios aos gestores públicos. Em razão disso, o Poder Legislativo federal promoveu relativizações na Lei de Responsabilidade Fiscal. As alternativas a seguir correspondem a uma dessas relativizações, EXCETO: A) A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita independe de estimativa do impacto orçamentário- financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, quando decretado estado de calamidade pública e desde que o incentivo ou benefício, a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao combate à calamidade pública. B) Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão realizar aditamento contratual que suspenda os pagamentos devidos no exercício financeiro de 2020, incluindo o principal e quaisquer outros encargos de operações de crédito interno e externo celebradas com o sistema financeiro e instituições multilaterais de crédito, desde que os aditamentos sejam firmados no exercício financeiro de 2020. C) A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa durante a vigência de estado de calamidade pública decretado pelo Chefe do Poder Executivo independe de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que devam entrar em vigor e nos dois subsequentes. PAGE \* MERGEFO RMAT2 30 D) A suspensão, na forma do regulamento, dos pagamentos dos refinanciamentos de dívidas dos Municípios com a Previdência Social com vencimento entre 1º de março e 31 de dezembro de 2020. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS A alternativa C, a ser marcada, encontra-se em desacordo com a LC 101/2000, por força do artigo 16 da LC 101/2000, logo deveria ser marcada em prova. Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; QUESTÃO 19 Sobre as garantias e vedações dos membros do Ministério Público, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA: I. É vedado aos membros do Ministério Público que ingressaram na instituição após a Constituição de 1988 o exercício de cargos comissionados no Poder Executivo, ainda que com funções inerentes às funções institucionais do Parquet. II. A filiação político-partidária de membros do Ministério Público é vedada, ressalvada a hipótese de prévio licenciamento, exoneração ou aposentadoria. III. As garantias da inamovibilidade e independência funcional impedem que o Procurador-Geral de Justiça realize designações, ainda que excepcionais, de membro do Ministério Público para acompanhar inquérito policial ou diligência investigatória. IV. Os dois primeiros anos de efetivo exercício na carreira são considerados de estágio probatório, durante os quais será examinada pelo Conselho Superior do Ministério Público, pela Corregedoria-Geral do Ministério Público e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional a conveniência da permanência na carreira e do vitaliciamento do membro da instituição. A) As assertivas I e II estão corretas. B) As assertivas II e IV estão corretas. C) As assertivas I e IV estão corretas. D) As assertivas I e III estão corretas. PAGE \* MERGEFO RMAT2 31 RESPOSTA: C COMENTÁRIOS Alternativas I e IV estão corretas. Os itens II e III estão equivocados pelos motivos abaixo: Item II - A filiação político-partidária de membros do Ministério Público é vedada por força do art. 128, § 5º, II, e), sem exceção feita à prévio licenciamento, o que só poderia ser entendido como correto se o examinador especificasse a condição dos membros do MP que ingressaram antes da CF/88, o art. 29, § 3º, do ADCT, em que se permitiu a opção pelo regime jurídico anterior, o que lhes acabou facultando, em consequência, o exercício da atividade político-partidária, ainda que sem licença do cargo. Item III - Esse caso não ofende o princípio do promotor natural, que combate designações casuísticas de membros, em nítido caráter de perseguição (STF, HC 136.503), o que não fica claro no enunciado. Não há ilegalidade nas designações de membro do Ministério Público para acompanhar inquérito policial ou diligência investigatória. QUESTÃO 20 Correspondem a hipóteses de crime eleitoral, EXCETO: A) Divulgar pesquisa eleitoral fraudulenta. B) Publicar novos conteúdos ou impulsionamento de conteúdos através da internet, no dia da eleição. C) Manter, movimentar ou utilizar qualquer recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação eleitoral. D) Usar, na propaganda eleitoral, símbolos, frases ou imagens, associados ou semelhantes às empregadas por órgão de governo. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS É importante destacar ao aluno que os crimes eleitorais não estão exclusivamente elencados no código eleitoral. As alterna PAGE \* MERGEFO RMAT2 32 A) INCORRETA. A conduta é tida por crime de acordo com o art. 33, § 4º da Lei das Eleições: “A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR”. B) INCORRETA. De acordo com o art. 39, § 5º, da Lei das Eleições: “Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR: (...) IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)”. C) CORRETA (pois se trata da exceção). A questão é polêmica e a redação um tanto confusa (entendemos que, inclusive, deveria ser anulada). De acordo com a resposta da banca, a conduta de caixa 2 não teria um crime eleitoral correspondente de forma imediata. Ocorre que o TSE posição consolidada que a conduta pode ser caracterizadas como o crime de “falsidade ideológica eleitoral”, conforme abaixo: Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular. Segue, inclusive, julgado do TSE sobre o tema: “[...] 5. Esta Corte Superior já decidiu que a doação eleitoral por meio de caixa dois e a omissão de recursos na prestação de contas de campanha eleitoral podem configurar o crime previsto no art. 350 do CE, não sendo exigido que a conduta ilícita tenha sido cometida necessariamente durante o período eleitoral, porquanto a caracterização da finalidade eleitoral está relacionada ao potencial dano às atividades–fins desta Justiça especializada. 6. O tipo penal da falsidade ideológica eleitoral objetiva proteger a fé pública eleitoral do falso conteúdo posto em documento verdadeiro, consumando–se com a simples potencialidade do dano, de natureza eleitoral, visado pelo agente, não sendo imprescindível,para a sua configuração, a efetiva ocorrência de prejuízo. É delito formal, cuja consumação independe de qualquer resultado naturalístico ou efetiva lesão à administração eleitoral. 7. No caso, a potencialidade lesiva do ilícito de falsidade ideológica eleitoral surgiu quando foi instrumentalizada a intenção de prejudicar a regularidade da prestação de contas pelo candidato que participou da disputa eleitoral. A investigação [...] está relacionada à inserção de declaração ideologicamente falsa no http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13488.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13488.htm#art1 PAGE \* MERGEFO RMAT2 33 conjunto da prestação de contas de campanha, composta por diversos documentos (idôneos e inidôneos), apresentada à Justiça Eleitoral. [...]” (Ac. de 2.6.2020 no CC nº 060073781, rel. Min. Og Fernandes.) É importante mencionar que este assunto caiu na prova oral do MP-MG 2020 e que foi comentado no vídeo abaixo pelo professor Arnaldo Bruno, quando analisou algumas questões de direito eleitoral exigidas no concurso: Link: https://youtu.be/Sm4BV12OBs0 Para considerar esta a assertiva a ser marcada em prova, só podemos imaginar que o examinador quis questionar se havia um crime específico de caixa 2 com a redação das condutas como ele elencou na alternativa, o que (até o momento) realmente não existe. Mas a conduta é sim tida como crime e pode ser tipificada no artigo 350 do Código eleitoral, o que nos soa uma redação e intenção um tanto polêmicas como posta ao candidato do concurso, que precisa de total clareza do enunciado para compreender como direcionar sua resposta. Registramos, portanto, críticas à essa questão, que com boa vontade poderia ter sido melhor apresentada para o mesmo fim. D) INCORRETA. A conduta é tida como crime, de acordo com o art. 40 da Lei das Eleições: “O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade de economia mista constitui crime, punível com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR”. http://inter03.tse.jus.br/sjur-consulta/pages/inteiro-teor-download/decisao.faces?idDecisao=1173141&noChache=1747051404 https://youtu.be/Sm4BV12OBs0 PAGE \* MERGEFO RMAT2 34 GRUPO II (PENAL, CRIMINOLOGIA E PROCESSO PENAL) QUESTÃO 21 Acerca da relação de causalidade e da teoria da imputação objetiva, é INCORRETO afirmar: A) Para a denominada “teoria da equivalência”, é causal, no sentido jurídico-penal, toda e qualquer condição que não possa ser suprimida mentalmente, em um juízo hipotético de eliminação, sem que o resultado seja excluído. B) A “teoria da conditio sine qua non” não faz distinção entre causa e condição. C) As denominadas concausas preexistentes relativamente independentes não afastam a imputação do resultado. D) De acordo com a denominada “teoria do aumento ou incremento do risco”, ainda que haja certeza - em um juízo ex post -, sobre a ineficácia do comportamento lícito alternativo, a imputação do resultado não deve ser excluída. RESPOSTA D COMENTÁRIOS A) CORRETA. A teoria da equivalência das condições equipara causa e condição, de forma que todo e qualquer evento que faça parte da cadeia causal é considerado causa para a teoria. B) CORRETA. A teoria da equivalência das condições equipara causa e condição, de forma que todo e qualquer evento que faça parte da cadeia causal é considerado causa para a teoria. C) CORRETA. As concausas preexistentes, quanto relativamente independentes, aderem a um curso causal posteriormente deflagrado, unindo forças para produzir o resultado, motivo pelo qual não afastam a imputação do resultado. D) INCORRETA. No segundo nível de imputação, trabalha com as condutas alternativas conforme ao direito, partindo da premissa que se o agente eleva o risco, mas o comportamento exigido não alteraria o resultado, há exclusão da imputação. Em exemplo, citado por Roxin e Jakobs, o diretor de uma fábrica de pincéis entrega às suas trabalhadoras pelo de cabra-china para confecção de pincéis, sem esterilizá- los previamente conforme dispõe a norma, causando a morte de quatro trabalhadoras que foram infectadas com bacilos de carbunco. Posteriormente, a investigação realizada comprova que ainda que tivesse sido utilizado o desinfetante PAGE \* MERGEFO RMAT2 35 prescrito, esse seria ineficaz contra o bacilo. No exemplo, não há dúvidas quanto a omissão do diretor da fábrica, mas o resultado morte não lhe pode ser imputado porque o risco criado não produziu reflexos no resultado. Dessarte, comparando-se a conduta conforme o Direito, confrontando-se a conduta praticada e a conduta adequada, ainda assim o resultado teria ocorrido (Direito Penal para concursos, Fernando Abreu). QUESTÃO 22 No que se refere aos delitos de roubo e de extorsão mediante sequestro, é CORRETO afirmar: A) No delito de roubo, a pena aumenta-se de 2/3 (dois terços) se ocorre destruição de obstáculo, em qualquer caso. B) No delito de roubo, a pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade caso haja emprego de arma de fogo. C) Na extorsão mediante sequestro, o resultado morte pode derivar do emprego de grave ameaça. D) O delito de extorsão, que é de natureza formal, não admite a modalidade tentada. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS A) INCORRETA. Consoante dispõe o Art. 157, § 2º-A do Código Penal, com redação dada pelo Lei 13.654/18, a pena aumenta de 2/3 (dois terços) nos seguintes casos: I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Assim, verifica-se que a causa de aumento não recai sobre qualquer conduta que acarrete destruição ou rompimento de obstáculo, mas tão somente naquela em que é praticada mediante emprego de explosivo ou artefato análogo e que cause perigo comum. B)INCORRETA. Consoante exposto alhures, aduz o art. 157, § 2º-A do Código Penal que a pena aumenta de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; PAGE \* MERGEFO RMAT2 36 ATENÇÃO! Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput do art. 157 do CP. C)CORRETA. O núcleo do tipo é a ação de constranger, que se traduz em uma obrigação, em uma imposição, realizada sob forma de grave ameaça ou violência à pessoa. Consoante a melhor doutrina, é um crime de forma vinculada, já que exige mecanismos específicos e para a produção do constrangimento: ameaça ou violência. Ademais, não há limites para a forma de ameaça prevista como meio de realização do constrangimento. Apenas é certo que ela deve ser grave, ou seja, revestir-se de importância. Os objetos da ameaça, inclusive, não se restringem à promessa do mal físico, podendo consistir em “promessa de revelar fatos escandalosos ou difamatórios, segredos e etc... A violência, por sua vez, pode ser qualquer forma de agressão, desde as lesões corporais até as vias de fato. D) INCORRETA. De fato, trata-se de crime formal ou de consumação antecipada, uma vez que, presente o constrangimento que leva alguém a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa, o crime está consumado antes da obtenção da pretendida vantagem econômica. O tema foi sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula 96) que, corretamente, entendeu que: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida”. Não obstante, a tentativa é possível,
Compartilhar