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UNIVERSIDADE JOAQUIM CHISSANO
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DIPLOMACIA
CADEIRA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONTEMPORÂNEAS 
4° ANO, PERIODO LABORAL
Tema:
Implicações do terrorismo na segurança dos Estados da região do Sahel: o caso da Nigéria
Discentes:
Ângela Cardoso 
Gizelda Alberto 
Helga Bilal
Marven Quive
Márcia Messias 
Naila Baptista 
Teresa Siquirire 
Yara Sapuleta 
Docente:
Hilário Chacate, M.A
Maputo, Maio de 2022.
Índice
Introdução	2
CAPÍTULO I: TERRORISMO	4
1.	Debate conceptual	4
1.1	Forma de manifestação	4
CAPÍTULO II: A REGIÃO DO SAHEL	5
2.	Localização Geográfica	5
2.1.	O cenário da Região do Sahel	5
2.2.Países Mais Afectados pelo Terrorismo na Região do Sahel	6
3.	Terrorismo à luz do liberalismo	7
3.2.	Implicações para a segurança do Estado	8
3.3.Sector político	10
3.5.	Sector económico	11
3.6.	Sector social	12
3.7.	Sector ambiental	12
CONSIDERAÇÕES FINAIS	13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	14
Introdução 
O trabalho tem como tema Implicações do terrorismo na segurança dos Estados da região do Sahel: o caso da Nigéria e insere-se numa perspectiva temporal no período que abrange os anos 2009 (ano em que o primeiro líder faleceu, ascendendo outro líder mudando a dinâmica do grupo que passou a assumir uma postura mais violenta) à 2014 (ano em que ocorre o sequestro de cerca de 300 raparigas na localidade de Chibok causando impacto a nível internacional). No que concerne a perspectiva espacial, o trabalho tem como alvo a região do Sahel concretamente a Nigéria que têm sofrido ataques terroristas.
 O terrorismo é definido pela ONU como o uso de violência física ou psicológica, por meio de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incluir pânico, medo e obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o número de vítimas, incluindo o restante da população do território. Segundo Contrera (2015:191), a sobrevivência e segurança do Estado lideram o topo da hierarquia dos interesses nacionais de um Estado. Autores como Arnold Wolfers (1962, citado por Buzan, 2011:21), advogam que a Segurança possui um sentido objectivo, que é ausência de ameaças contra valores centrais e adquiridos, e um sentido subjectivo, que é a ausência de temores à usurpação de tais valores. Essa definição remete-nos à medidas e acções concretas que devem ser tomadas para salvaguardar os valores centrais e adquiridos de um Estado. Na actualidade, um dos maiores desafios dos Estados no Sistema Internacional, tem sido o terrorismo, principalmente nos Estados africanos, que detêm de uma fraca estrutura política e de segurança. O que tem demonstrado certa fragilidade e, até certo ponto, incapacidade de fazer face as incursões terroristas. Sendo a segurança do Estado o principal alvo das incursões terroristas, torna-se imprescindível, nos dias de hoje, questionar: até que ponto o terrorismo coloca em causa a segurança da Nigéria? 
Este trabalho tem como objectivo geral reflectir em torno das implicações do terrorismo na segurança dos Estados na região do Sahel tendo em conta o caso da Nigéria. Para atingir tal fim, arrolam-se como objectivos específicos os seguintes: debruçar em torno do conceito do terrorismo, perceber a razão da ocorrência de ataques terroristas na região do Sahel e por fim, perceber de que forma o terrorismo incide sobre a segurança do Estado nigeriano. No âmbito destes objectivos, são levantadas as seguintes questões de pesquisa respectivamente: o que e o terrorismo, por que razão ocorrem ataques terroristas na região do Sahel e por fim, de que forma o terrorismo incide sobre a segurança do Estado nigeriano. Naturalmente, das questões de pesquisa levantadas irão surgir como hipóteses as seguintes: o terrorismo é uma forma de violência política que se manifesta com base na disseminação do terror, o que leva à ocorrência de ataques terroristas na região do Sahel é a situação de pobreza mesmo com a existência de recursos com potencial para o desenvolvimento e por fim, o terrorismo afecta os diferentes sectores que compõem a segurança 
CAPÍTULO I: TERRORISMO 
1. Debate conceptual 
Definir terrorismo não é uma tarefa simples pois cada entidade possui a prerrogativa de definir este fenómeno servindo seus interesses. A ONU, define o terrorismo como o uso de violência física ou psicológica, por meio de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incluir pânico, medo e obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o número de vítimas, incluindo o restante da população do território. Por seu turno, Joaquim pinheiro tem percebido o terrorismo de diversas maneiras actualmente, e de certo modo tem sido até banalizado a sua percepção, contudo o terrorismo deve ser visto como um conjunto de acções violentas empregadas por grupos pouco numerosos contra regimes, classe ou maioria (PINHEIRO, pp 14, 1979) . Por sua vez Maria Galito tenta ser mais especifica na percepção sobre o terrorismo, considerando como o estabelecimento de violência física ou fisiológica contra alvos não combatentes, bem como a resistência violenta ao Estado ou serviços do interesse do Estado (GALITO, 2013). Neste âmbito , o terrorismo pode também ser definido como violência exercida com fins políticos por grupos rebeldes. Isto supõe incluir dentro da definição de terrorismo qualquer forma de violência política exercida por agentes não estatais e excluir em troca a violência exercida pelos agentes regulares de um Estado, Zuinaga (2004:21).
As definições apresentadas, convergem na medida em que cada um dos autores vê o terrorismo como um conjunto de actos criminosos, com o intuito de disseminar o pânico e medo. No entanto, o último autor traz um elemento novo que são os agentes não estatais responsáveis por perpetrar os ataques terroristas. Contudo, deve-se perceber terrorismo como fenómeno levado a cabo por actores não estatais com aspirações políticas. 
1.1 Forma de manifestação 
Movimentos terroristas atraem atenção para si mesmo e sua causa por meio do uso da violência, que pode ser divulgada em redes sociais de modo a manipular as pessoas e levar os governos a fazer cedências. Deste modo, os grupos terroristas, usam uma gama de equipamentos de comunicação para divulgar e planear acções terroristas que vai desde e-mails à celulares via satélite. Embora pareça esporádica, a acção terrorista é devidamente deliberada e tal como qualquer movimento, para desempenharem suas acções, precisam de financiamento. Os recursos que possuem provém de negócios ilegais como tráfico de drogas, a pirataria bem como organizações e indivíduos abastados. Tem-se verificado uma instrumentalização da religião para justificas as acções terroristas, culminando com uma disposição a dar vida mediante promessas de recompensas divinas. Contudo, o objetivo central dos movimentos terroristas é a disseminação do terror que visa abalar as estruturas governamentais de um Estado, deixar a população num estado de incerteza e medo constante pondo em causa a eficiência do governo.
CAPÍTULO II: A REGIÃO DO SAHEL 
2. Localização Geográfica
A palavra Sahel vem do termo árabe sahil, que significa costa ou fronteira, tratando-se de uma região semiárida que se estende da Mauritânia ao Sudão. É uma faixa de transição, localizada no continente africano, que separa o Deserto do Sahara e a região das savanas. Além de ser uma faixa de transição geográfica, o Sahel também divide o Norte da África, maioritariamente árabe, e a África Subsaariana, constituindo, portanto, uma região com imensa diversidade étnica e religiosa.[footnoteRef:1] Contudo o Sahel é uma área de tensões permanentes por causa do crescimento demográfico galopante e as rivalidades tribais, pois, ao longo da História da África, o Sahel assistiu à sucessão de alguns dos mais avançados reinosafricanos, que beneficiaram do comércio através do deserto, conhecidos como Reinos Sahelianos. [1: ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA. Sahel, Jan. 2014. Disponível em: <https:// www.britannica.com/place/Sahel>. Acesso em: 06 de julho de 2021.
] 
 
2.1. O cenário da Região do Sahel
A região do Sahel é uma região semiárida que compreende partes do Senegal, Mali, Burkina Faso, Argélia, Níger, Nigéria, Chade, Camarões, Sudão do Sul, Etiópia e Eritreia. Estes países estão entre os que possuem os mais baixos indicadores sociais do mundo, porém possuem uma vasta riqueza em recursos naturais, como alguns tipos de minérios e petróleo. Entretanto, o facto destes possuirem os mais baixos indicadores sociais do mundo, deteriora a situação desta região, causando conflitos étnicos e armados, justificados por diversos motivos dentre eles: o terrorismo; má distribuição da renda proporcionada pela exploração dos recursos, restrita ao poderio das elites; corrupção; questões climáticas, que criam conflitos entre pastores e agricultores, devido a seca que reduziu os níveis do rio Níger, diminuindo a quantidade de terras férteis; centralização do poder administrativo e militar nas capitais dos países, negligenciando os restantes territórios, o que dá grande abertura para que o crime organizado, o tráfico e o terrorismo ganhem espaço em zonas distantes das capitais (Sousa, 2012:150), e; conflitos étnicos, motivados por diversas razões intrínsecas a cada Estado. Sendo que na Nigéria, as razões são políticas, onde há uma disputa por maior representação de cada grupo no governo e por controle dos recursos nacionais. Porém, a região de Sahel é conhecida por ser a região que apresenta os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. Alguns países passaram por fortes guerras civis, ditaduras e regimes autoritários, apesar da beleza natural, a pobreza, a fome e o alto índice de contaminação pelo vírus da AIDS ainda fazem parte do cotidiano da região mais paupérrima do planeta.
Contudo, o Sahel é composto por países considerados frágeis, que possuem dificuldades para erradicar a violência, o que abre espaço para a actuação de grupos terroristas. No que concerne ao terrorismo, Galito (2012: 83), expõe que, na região do Sahel, ele pode ter um carácter mais nacionalista que se relaciona com o separatismo, ou pode existir por forte descontentamento ideológico, económico ou cultural. Deste modo, não há união entre os grupos terroristas que atuam na região, pois o instrumento e as razões políticas desses grupos se diferem.
2.2.Países Mais Afectados pelo Terrorismo na Região do Sahel
Os países de Sahel mais afectados pelo terrorismo são: Argélia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Niger, Sudão e Nigéria, sendo estes dois últimos os mais preocupantes. Pois, estes possuem um passado histórico de vulnerabilidade que não foi ultrapassado depois dos respectivos processos de descolonização, o que resultou em tensões regionais sociais, económicas e políticas que constituem obstáculos à neutralização do terrorismo. Neste contexto, as incursões terroristas nesta região têm como alvo militares do exército, organizações não-governamentais, escolas, civis, membros do governo e propriedades privadas, Galito (2012: 83).
CAPÍTULO III: TERRORISMO NA NIGÉRIA 
3. Terrorismo à luz do liberalismo 
O Liberalismo é uma das várias abordagens na ciência de Relações Internacionais que surge há vários anos, más que foi sendo abordado sob várias maneiras. Tem como alguns precursores o Emmanuel Kant, Richard Cobiden, Joseph Schumpeta entre outros precursores, cada um contribuindo de sua maneira. 
Viott e Kauppi ( 2012: 129-130) apresentam na sua obra, 5 grandes pressupostos do Liberalismo, más recorremos à apenas 2 que nos ajudarão na abordagem do tema. O primeiro pressuposto diz que atores não estatais assim como estatais são importantes na política mundial. O segundo pressuposto defende que a agenda de Relações Internacionais é abragente, neste todos assuntos importam na política internacional, tanto os militares assim como os não militares. Operacionalizando este pressuposto serviria de base para explicar o porquê do nosso tema que é sobre terrorismo, neste caso, sendo o terrorismo um assunto novo que recrudesceu com o fim da ordem bipolar. Por esta razão antes falar de terrorismo nos níveis que se assistem hoje era "impensável", más hoje em dia vê-se a necessidade de se abordarem temas como estes que ameaçam os Estados.
3.1.O Boko Haram 
O Boko Haram é um grupo terrorista que surgiu na Nigéria, muitas vezes, denominado grupo radical islâmico pois as suas ações correspondem ao fundamentalismo religioso de combate à influência ocidental e de implantação radical da lei islâmica, a sharia. O nome Boko Haram significa que a educação ocidental é pecado e faz uma rígida leitura das leis islâmicas, assim como outros grupos radicais surgiu com a intenção de transformar a Nigéria num país islâmico procurando fazer com que seus seguidores acreditassem que esta seria a solução para a corrupção e a má governação no país. Deste modo, o grupo ganhou notoriedade no mundo islâmico por utilizar a religião como solução para os problemas políticos, no restante do sistema internacional, por conta das ações violentas praticadas, especialmente após o sequestro de trezentas adolescentes numa escola secundária de Chibok, em abril de 2014.
Entretanto, O Boko Haram surgiu em 2002, na cidade de Maiduguri no estado de Yobe, tendo como líder Mohamed Ali que convenceu outros grupos muçulmanos a se juntarem a ele e viverem como uma comunidade separatista sob a ideologia islâmica. Em 2003, numa disputa por direitos à pesca, o grupo entrou em conflito com a polícia, perdendo a maioria de seus membros, inclusive seu líder. Neste âmbito, o grupo chamou a atenção do governo nigeriano e da sociedade internacional devido ao nome que recebeu, sendo até hoje conhecido também como Talibã Nigeriano pois diversos nomes de políticos apareceram na formação do grupo, filhos e parentes de alguns deles diziam fazer parte do Boko Haram. Neste contexto, o Boko Haram surgiu influenciado pelo antigo grupo islâmico Maitatsine, que surgiu na década de 1980, com uma atitude agressiva contra a influência ocidental e às autoridades governamentais, sendo o primeiro a tentar impor uma ideologia religiosa na Nigéria. O Boko Haram, além de se apropriar das ideias do Maitatsine, estabeleceu ligação com a Al-Qaeda e com outros grupos jihadistas africanos. Porém, a sua primeira intervenção em conflitos foi em 2009 onde seu líder acabou por ser morto e no ano seguinte atacou uma das cidade de Nigéria e matou muitos civis em 2011 fortificando suas relações com o grupo de Al-Qaeda. Contudo, podemos constatar que na região norte de Moçambique a atuação do grupo provocou o isolamento, com a diminuição de investimentos tanto do governo como de empresas multinacionais (Total). 
3.2. Implicações para a segurança do Estado 
Os estudos de segurança sugerem que o conceito de segurança, é polissémico e ambíguo, requer detalhes minuciosamente estudados e linhas de orientação para que seja devidamente conceitualizado. Para fins desta pesquisa, recorrer-se-á à dois conceituados autores para tal efeito, Arnold Wolfers e David Baldwin. Wolfers (1962[footnoteRef:2], citado por Buzan, 2011:21), define segurança em sentido objetivo, onde mede a ausência de ameaças aos valores adquiridos, e em sentido subjetivo, onde mede a ausência de medo de que tais valores venham a ser atacados. Onde, as concepções objectivas geralmente definem segurança em termos materiais e as concepções subjetivas enfatizam a importância da história, normas, das más percepções e contextos relacionais (amigos, rivais, neutros, inimigos) dentro dos quais as ameaças são enquadradas. Por sua vez, Baldwin (1997: 25[footnoteRef:3], citado por Buzan, 2011:21) advoga que para que seja conceitualizada a segurança, é necessário que se questione alguns aspectos: segurança para quem? segurança sob que ameaças? e segurança contra que valores? [2: WOLFERS, Arnold,(1962), ‘National security as an ambiguous symbol’, Discord and Collaboration, Baltimore: Johns Hopkins University Press, Pp 150.] [3: Baldwin, David, (1997), “The Concept of Security” Review of International Studies, vol. 23, no. 5, pp. 5–26] 
Neste sentido, no que diz respeito à primeira questão, este trabalho concentra-se na segurança para o Estado, para a segunda questão o trabalho centra-se no terrorismo como uma ameaça sendo que os tipos de ameaça serão estudados com base em Charles David, por fim, para a terceira recorreremos aos sectores de segurança.
No que diz respeito às ameaças, David (2001: 57) faz distinção de ameaças à segurança nacional, em militares e não-militares. As ameaças militares são variadas, são elas: agressões e dominações territoriais, rivalidades de poder, projecção de força, coerção, reforço das capacidades militares, dinâmica e proliferação de armas (especialmente as biológicas, químicas e nucleares). Por sua vez, as ameaças não militares resultam de condições políticas, económicas, sociais ou ambientais, que põem em causa o funcionamento e a sobrevivência do Estado e, chegada a ocasião, provocam conflitos e uma violência civil que perturbam as condições de existência das populações. Desta forma, olhando para os tipos de ameaças segundo David, com especial atenção às ameaças militares, pode-se constatar que o terrorismo, para o caso da Nigéria, representa uma ameaça militar, onde existe dominação territorial no norte da Nigéria, uso da força, coerção e capacidades militares (ataques, sequestros, saqueamentos, decapitações) bem como aspirações de carácter político. A segurança do Estado é colocada em causa considerando determinados sectores, sectores estes que correspondem à áreas nas quais prestamos atenção quando analisamos um determinado referente de segurança. Na sua obra People, States and Fear (1983) o securitário Barry Buzan conclui que para além do sector militar existem outros que vão compôr a segurança, tais sectores são mais tarde sistematizados na sua obra Security: A New Framework for Analysis (1997). Desta forma, as acções terroristas do Boko Haram interferem com a segurança a nível dos sectores nos moldes que serão abaixo referidos.
3.3.Sector político
A Nigéria a pesar de ser uma grande potência na produção de petróleo a nível mundial, o impacto e a distribuição das rendas deixam a desejar, pois tem um nível de desenvolvimento relativamente baixo, considerando o seu nível de produção e recursos existentes. 
A má qualidade de vida dos nigerianos provocou uma onda de insatisfeitos, que agora questionam as intuições políticas a quanto do seu bom funcionamento. E desde o surgimento do Bolo Haram em 2002, mas de forma mais específica em abril de 2014 quando o grupo ganhou notoriedade no mundo islâmico por utilizar a religião como solução para os problemas políticos, e no restante do sistema internacional, por conta das ações violentas praticadas, especialmente após o sequestro das meninas a instabilidade política só tende a aumentar o seu nível.
Este movimento têm criado uma ruptura no sistema político nigeriano, pois sendo a Nigéria o segundo país africano com mais islâmicos só abaixo do Egipto, uma grande massa que não percebe dos princípios do Islão se têm deixado influenciar por este movimento, que usa a religião como a sua principal arma para justificar os seus intentos, e com a charia, este movimento têm feito que os seus apoiantes tenham descrédito aos políticos locais, pois eles preconizam que o que por eles é trazido, é a instrução divina, e nenhuma lei feita pelo homem , como as leis políticas, deve ser colocado em primeiro lugar fora o que por eles é anunciado. Um dos episódios alarmantes na política foi em janeiro de 2012, quando o presidente Goodluck declarou que “alguns deles [financiadores e simpatizantes do Boko Haram] estão no Executivo do governo, outros no Legislativo, enquanto alguns estão inclusive no Judiciário”, deixando claro a influência desse movimento em questões políticas, contudo também levanta um outro problema, que tem a ver com os líderes políticos da religião islâmica, este pronunciamento deixou em dúvida o verdadeiro comprometimento deles com a causa da nação, o que pode ser visto como um insulto por parte dos políticos islâmicos, que têm sacrificado as suas vidas para salvaguardar a pátria.
Os projetos políticos e as instituições têm sido gravemente afectadas, a perda de capital e instabilidade económica, têm impedido a realização dos principais planos políticos, como as eleições gerais em 2015, que foram adiadas pela falta de segurança no país, o que resultou em altas somas de dinheiro político perdido. O norte da Nigéria, onde mais sofre com as incursões do Boko Haram, vive em risco de "isolamento político", pois não sendo o centro político e económico, as intervenções não se têm feito de grande efeito. Às questões de integridade territorial e soberania têm sido ameaçados, pois o cumprimento dos deveres e direitos plasmados na constituição têm sido descredibilizado por este movimento radical, e a preocupação política têm sido garantir a continuidade do Estado, que é soberano e erradicar qualquer forma de radicalismo religioso que afete a continuidade do Estado.
3.4.Sector Militar 
O movimento radical Bolo Haram tem tido uma postura ofensiva, apesar de não os meios formais de guerra. Considerando a charia, por eles acreditado, nenhum sistema político dos homens, principalmente do Ocidental devia prevalecer em detrimento das leis divinas. Nesta perspectiva eles procuram derrubar o sistema político estabelecido, raptando e orquestrando ataques a cíveis e também a forças de defesa. 
As forças militares nigerianas limitavam-se na defensiva, com intuito de paralisar as incursões do radicais, sem mostrar claros avanços em relação aos radicais, contudo em 2015, após a união com o Chade e Camarões para uma luta contra este movimento radical, a ofensiva nigeriana passou a ser evidente, recuperando parte dos territórios perdidos. 
Este conflito tem desviado a atenção da Nigéria em questões relacionadas ao combate e pobreza e o desenvolvimento, até ao ano de 2021 Nigéria era o país da África-subsariana que mais gastou com o sector da defesa, um valor que chegou a atingir 4.5 milhões de dólares (Deutsche Welle news, DW ). O governo nigeriano têm agora sentido as realizações dos seus investimentos no sector da defesa, que viu muitas das raparigas sequestradas já recuperadas, e principalmente a rendição de muitos dos militantes radicais, em Agosto de 2021( Euronews ).
3.5. Sector económico 
Tem a ver com a capacidade do Estado de estabelecer relações económicas internacionais, o seu acesso à recursos materiais e financeiros bem como acesso à mercados necessários para sustentar níveis aceitáveis de bem-estar do Estado. Certamente o Boko Haram desde o início das suas acções tem afectado o sector económico nigeriano no entanto, não o suficiente para justificar a crise que se faz sentir no país inteiro, além do mais, suas acções são direcionadas à alvos políticos e não estruturas económicas. Não obstante a acção terrorista, ainda em 2014 a Nigéria foi declarada a maior economia africana passando a África do Sul e isto deve-se em grande parte aos recursos que possui como o petróleo e serve também para validar a tese de que as acções do Boko Haram não impedem o país de prosperar economicamente. No entanto, este mesmo petróleo é responsável por parte dos problemas económicos do país que está mergulhado numa crise resultante da subida dos preços de petróleo. Embora o Estado possua um recurso tão valioso, este não é capaz de fazer proveito dele para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
3.6. Sector social
Na região do Sahel, neste sector o terrorismo tem um carácter mais nacionalistas, relacionados com questões separatista devido ao descontentamento ideológico (radicalismo e anarquismo), questões económicas (sobre níveis de vida baixa, falta de oportunidade expectativas insatisfeitas), questões culturais (mobilidade socialentre classe, existência de descriminação étnicas e descriminação religiosa). Neste âmbito, Nigéria é dominante por étnia da maioria Muçulmana onde a étnia de Hausa Falani são especialmente influente, até pela suas relações internacionais com irmandade muçulmana em África e no Médio Oriente. A religião tem ajudado a promover unidade entre etnias rivais, conferindo um sentimento de esperança e de alguma estabilidade (Galito, 2013:7). Porém, o governo de Sahel deve reforçar as coordenações das suas medidas contra o terrorismo que padece actualmente de falta de coerência, harmonização das políticas, respeitos ao direitos de perseguição e à negociação de reféns pois, estas debilitam as capacidades dos terrorista na exploração das zonas de influência, criação de mecanismos de institucionais e funcionais que permitam alargar os serviços de segurança dos países vizinhos sob ataques terroristas na região do Sahel (Goita, 2011:6). Portanto, a identidade nacional deve ser clara e a unidade nacional deve ser consolidada pois a ausência destes aspectos fragiliza extremamente os Estado, apesar de serem aspectos abstractos são centrais para um Estado de sucesso. Contudo, os ataques causam migrações forçando a população e obrigando a fugir para se poder proteger, pois, neste processo a unidade nacional acaba ficando fragilizada uma vez que, na sequencia dos ataques surgem alguns grupos que por terem vivenciado a violência acabam por criar mais violência e muitas vezes contra o próprio governo culpando-o pela situação que se faz sentir, e perdendo a fé no governo do dia. 
3.7. Sector ambiental 
Neste sector os ataques terroristas tem provocado efeitos negativos ao meio ambiente, pois deve-se garantir a manutenção da biosfera local assegurando os ecossistemas como elementos fundamentais á outros aspectos de vida humana. Com a exploração de petróleo e destruição de infraestruturas pelo uso de bombas, o intenso movimento de veículos militares, combustão de grandes quantidades de munição, provoca um impacto negativo poluindo a água e fauna, causando fortes emissões de anidrido carbónicos (composto químico constituído por dois átomos um de oxigénio e outro de carbono) e chuvas ácidas pela queda de gás associado pela exploração de petróleo (Galito,2013:13). Por exemplo, a força área Nigeriana perpetuou um ataque a um campo de refugiados por engano, numa tentativa de neutralizar os terroristas, afectando assim o meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste trabalho, o grupo constatou que as acções terroristas perpetuadas pelo grupo Boko Haram têm implicações para a região do Sahel e especialmente para Nigéria. O Boko Haram é um grupo que se assume contra os preceitos da civilização ocidental, porém têm as suas acções motivadas pela má governação, instabilidade política, rivalidade étnica e a corrupção que se vive na Nigéria. Neste âmbito, os ataques por este grupo terrorista perpetrados têm afectado sectores que compõem a segurança do Estado nomeadamente, o sector político, societal, ambiental e militar sem ter no entanto muita incidência no sector económico. 
No que tange à Segurança do Estado da Nigéria, o terrorismo tem sido uma grande ameaça para a segurança nigeriana, pois este fenómeno tem avançado a passos galopantes, atingindo de forma significante e preocupante cada sector de segurança da Nigéria, se não for resolvido, vai desestabilizar muito mais àquele país. Apesar da delimitação temporal a que se concentra esta pesquisa, fontes afirmam que as acções do Boko-Haram inciaram em 2002, o que significa quase 20 anos de instabilidade, obviamente que os maiores marcos fizeram-se sentir recentemente, no entanto para se chegar a instabilidade de hoje a segurança da Nigéria foi paulatina e gradualmente afectada desde 2002. Deste modo, Boko-Haram ganhou atenção e reconhecimento internacional, fazendo parcerias com outros grupos terroristas, aumentando as suas células dentro da Nigéria e ao redor do Sahel, pois as suas incursões têm extravasado mais fronteiras, e tem ganhado cada vez mais espaço dentro da Nigéria, tendo já se firmado no norte. Portanto, percebe-se que a ameaça, tornou-se mais do que real e assola o dia-a-dia dos nigerianos. Contudo, o governo nigeriano deve envidar mais esforços para esta situação. Com isto não se procura dizer que o esforço já feito é inútil, mas que está na hora de actualizarem-se as estratégias de defesa e segurança, isto porque, se em 20 anos a situação não mudou e só tem estado a piorar, existe uma deficiência. Mais do que isso, para além de confrontar o grupo terrorista há necessidade de engajar-se mais na melhoria da qualidade de vida da população de modo a evitar que esta continue a ser aliciada. Portanto, governo nigeriano deve reunir esforços para garantir o cumprimento dos seus fins tradicionais: a segurança, justiça e bem-estar no seu Estado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Livros
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Artigos 
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