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Movimento criativo APRESENTAÇÃO Você já pensou sobre o movimento criativo? Atividades que trabalham essa pratica educacional permitem contemplar aspectos definidos nas competencias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), como por exemplo: " Usar diferentes linguagens – verbal, corporal, visual, sonor a e digital –para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos." Ainda segundo a BNCC, "a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo (...)", tais definições ampliam as atividades a serem trabalhadas como experiencias em sala de au la, solicitando praticas mais ricas e diferenciadas da maneira de ensinar, por esse motivo é impor tante conhecer mais sobre esse assunto, fazendo a interlocução entre atividades multidisciplinare s. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o que define o movimento criativo e como utilizá-lo em atividades, planejando de forma harmoniosa as atividades a serem realizadas com os alunos. Voce será desafiado a pensar nas práticas com movimento e poderá ver tambem exemplos de po ssibilidades. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir movimento criativo.• Identificar as atividades que utilizam movimentos criativos.• Planejar atividades com movimentos criativos.• DESAFIO A professora Mariana andava queixosa sobre o desempenho de sua turma de 5o ano. Durante os intervalos de aula, ela comentava como os alunos apresentavam dificuldades, especialmente em Língua Portuguesa. Durante vários dias consecutivos, a supervisora ouviu as queixas sem fazer intervenções, até que resolveu consultar os planos de aula da professora para entender o trabalho que estava sendo des envolvido com a turma. Após ler todos eles, concluiu que as atividades desenvolvidas estavam monótonas e cansativas para a idade dos alunos. Para tentar auxiliar a professora, ela organizou uma reunião pedagógica com a presença de um educador físico e de um arte-educador para sensi bilizar os professores na preparação e realização de aulas criativas, além de dar dicas sobre com o fazê-las. Supondo que você seja esse educador físico, apresente uma atividade prática, que use a corporei dade e expressão infantil na aprendizagem do conteúdo da Língua Portuguesa. - Descreva a atividade, indicando seu objetivo, os materiais necessários e as instruções para a su a realização. INFOGRÁFICO Estudos mostram que a atividade corporal regular favorece a memorização e o aprendizado, de u m modo geral. Além de o movimento aumentar o fluxo sanguíneo, levando mais oxigênio e glic ose para o cérebro, ele pode também deixar a atividade mais significativa, ao exigir a memória c orporal, e não somente a memorização, através da abstração. CONTEÚDO DO LIVRO Segundo Fayga Ostrower (2007) "Na espontaneidade seletiva se fundamentam os comportament os criativos. Poder responder de maneira espontânea aos acontecimentos significa dispormos de uma real abertura, sem rigidez ou preconceitos, ante o futuro imprevisível. Espontâneos, tornam o-nos flexíveis. Conseguimos adaptar-nos às contingências, reorientar as nossas atividades e os nossos interesses de acordo com novas necessidades contidas nas circunstâncias novas." Desta maneira, a experimentação e a improvisação de movimentos do corpo são formas de criar permitindo-se a abertura para o novo, o desconhecido, caminho este proporcionado por atividad es como a dança criativa. Ao transportar o movimento criativo para as atividades educacionais r egulares, é oferecido ao aluno um espaço para o desenvolvimento da percepção do proprio corpo como forma de expressão, alem dos beneficios fisicos já mencionados, estimulando a criatividad e através de um momento leve e divertido, contemplando também competências da Base Nacion al Comum Curricular. No Capítulo Movimento criativo: conceitos, danças e imaginação, da obra Educação Física e At ividades para o Ensino Fundamental, você encontrará várias dicas para introduzir esses movim entos nas atividades de ensino-aprendizagem. Boa leitura. Esta obra é direcionada àqueles professores dos anos iniciais do ensino fundamental que buscam oferecer atividades físicas de qualidade a seus alunos. Com capítulos breves, divididos entre didáticos e de prática pedagógica, apresenta como os educadores podem engajar os estudantes para a realização de atividades físicas, seja na sala, no ginásio ou no pátio. O livro ainda é um recurso útil para ajudar os professores de educação física a promover uma maior integração de seu trabalho com o currículo regular de sala de aula. Destaques da edição Fotos que complementam os elementos importantes do texto Os capítulos didáticos trazem recursos pedagógicos úteis, como pontos-chave, desafios de raciocínio, listas do que fazer e do que não fazer e resumos dos capítulos Atividades, explicações sobre os níveis de desenvolvimento, dicas de ensino, listas de dificuldades comuns, sugestões sobre como modificar as atividades e como analisar o desempenho são recursos apresentados nos capítulos de prática pedagógica ARNAIZ SÁNCHEZ & cols. A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa DE ROSE JR. & cols. Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar (2.ed.) FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem FONSECA, V. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares GODALL & HOSPITAL 150 propostas de atividades motoras para a educação infantil de 3 a 6 anos LE BOULCH, J. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar LLEIXÀ ARRIBAS, T. A educação física de 3 a 8 anos NETO, F. Manual de avaliação motora VOSER & GIUSTI O futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica Catalogação na publicação: Suelen Spíndola Bilhar – CRB 10/2269 G728e Graber, Kim C. Educação física e atividades para o ensino fundamental [recurso eletrônico] / Kim C. Graber, Amelia Mays Woods ; tradução: Marcelo de Abreu Almeida ; revisão técnica: Carlos Eduardo Berwanger. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-357-4 1. Educação física – Ensino fundamental. I. Woods, Amelia Mays. II. Título. CDU 613.71:373.3 Kim C. Graber University of Illinois A Dra. Graber é professora associada e diretora associada do Departamento de Cinesiologia e Saúde Co- munitária da University of Illinois, em Urbana-Champaign, e diretora do Curso de Licenciatura da Facul- dade de Ciências Aplicadas da Saúde. Recebeu seu diploma de bacharelado pela University of Iowa, con- cluiu o mestrado pela Faculdade de Licenciatura da Columbia University e seu doutorado pela University of Massachusetts, em Amherst. Sua pesquisa foca o bem-estar das crianças, a educação dos professores e os processos de ensino e de aprendizagem. Atuou como presidente da National Association for Sport and Physical Education, foi diretora da Curriculum and Instruction Academy, secretária do Research Consor- tium e membro da força-tarefa que redigiu as análises de desempenho nacionais de educação física. Na University of Illinois, trabalha no Comitê Executivo da Comissão de Graduação, na Comissão de Avanço de Ensino e no Comitê de Coordenação de Liderança. Amelia Mays Woods University of Illinois A Dra. Woods é professora associada de Cinesiologia e Saúde Comunitária da University of Illinois, em Urbana-Champaign. Tem PhD pela University of South Carolina, além de ter estudado na University of Tennessee e na Winthrop University. Lecionou nas escolas públicas de Newberry, no estado de South Carolina. Os interesses de pesquisa da Dra. Woods se focam no movimento dos professores de educação física ao longo de suas carreiras. Asespecificidades incluem estudos sobre os apoios necessários para man- ter práticas inovadoras, fatores que contribuem para a credibilidade dos professores nas escolas e para os traços e motivação dos professores iniciantes, incluindo professores de educação física especializados pela National Board. Woods também se interessa pelas atividades físicas praticadas pelas crianças nas escolas. Ela é fellow pelo Research Consortium da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance. Graber_Iniciais_eletronica.indd iiGraber_Iniciais_eletronica.indd ii 13/03/14 17:1413/03/14 17:14 Capítulo 17 Movimento criativo: conceitos, danças e imaginação Jeniffer, uma professora de 4o ano em seu primeiro ano de aula, entrou na sala dos pro- fessores com um sorriso largo no rosto. “Amo dar aulas de dança para essas crianças. A cria- tividade delas vive me surpreendendo”. Tiago, um professor veterano com 20 anos de carrei- ra, rolou os olhos e respondeu: “Você só pode estar brincando. Dança não tem nada a ver com movimentos atléticos. É para bailarinas”. Jeniffer parou e olhou para ele. “Você quer di- zer que a dança não tem valor nenhum para a educação física?”. Silêncio. Ela continuou: “A dança é o lugar em que as crianças colocam as ideias em movimento. Elas trabalham em con- junto, em vez de competir. É uma pena que nem todas as crianças tenham mais oportuni- dades de desenvolver sua autoconfiança com movimentos corporais”. O termo “dança” pode fazer alguns pro- fessores rangerem os dentes. Eles frequente- mente se lembram de suas tentativas malsuce- didas de imitar os passos dos outros na pista de dança quando tentavam dançar tango, val- sa, ou até dança de salão. Entretanto, para dar aulas de dança, o professor não precisa se mo- ver com a graça e a desenvoltura de um Fred Astaire ou Ginger Rogers. Para trabalhar com a dança tradicional, o professor só precisa es- tar disposto a aprender enquanto busca repli- car os passos de dança tradicionais ao som de música. Além disso, nem todas as formas de dança seguem uma rotina culturalmente esta- belecida. Em muitos casos, os passos de dança são movimentos criados pelo próprio partici- pante para expressar suas ideias e sentimentos de maneira criativa, ao mesmo tempo em que contribuem para seu condicionamento físico. BENEFÍCIOS DA DANÇA O estabelecimento de um momento específico para os alunos aprenderem danças estrutura- das e explorarem movimentos rítmicos cria- tivos lhes dá a oportunidade de usar os movi- mentos de forma funcional e criativa. Quando os alunos aprendem rotinas de dança, eles observam o modelo, que demonstra a ação desejada, guardam na memória o que viram para repetir no processo, e se avaliam quando pensam em seus movimentos em relação ao modelo, fazendo ajustes quando necessário. Por exemplo, um menino de 5o ano que ob- serva cuidadosamente um colega fazer todos os passos da valsa pega a ideia do ritmo, ten- ta alguns passos, e repete a ação até sentir-se confortável e se tornar algo quase rotineiro. Se Graber_17.indd 237Graber_17.indd 237 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 238 Kim C. Graber e Amelia Mays Woods for necessária a adição de um parceiro, soma- -se à dança um componente social. Ao dançar com uma parceira, o menino se dá conta de que os seus movimentos bem executados de repente não são mais adequados. Agora ele deve se mover em sincronia com outra pes- soa, cujos movimentos podem ser igualmen- te proficientes, muito mais bem treinados, ou fora de ritmo. Da mesma maneira, incorporar movimentos de dança nas atividades de sala de aula fornece os meios para os alunos re- fletirem sobre o que estão estudando, traduzir o conteúdo para os movimentos e elaborar a matéria por meio de gestos. Uma turma de 1o ano que esteja estudando os hábitos dos ani- mais selvagens africanos pode dividir-se em grupos, representando animais diversos, e assumir os papéis de predadores e presas, de- monstrando movimentos característicos dos seus animais enquanto música da selva toca ao fundo. Por fim, danças expressivas cria- das pelos alunos obriga-os a formular uma sequência de movimentos correspondentes aos seus pensamentos. O professor pode, por exemplo, usar tom de voz, seleção de palavras e volume como indicadores de alterações es- peradas nos movimentos. FUNDAMENTOS DA DANÇA TRADICIONAL Na tentativa de suprir a demanda do público, os estúdios de dança normalmente tentam atrair bailarinas pequenas e sapateadores ani- mados. Jovens ginastas que disputam com- petições também aprendem a integrar movi- mentos de dança em suas rotinas. Mais tarde, quando as crianças entram na adolescência, elas costumam tentar entrar para equipes de dança com pompons ou bandeiras, danças es- sas que também exigem movimentos preesta- belecidos. Além disso, nas baladas do ensino médio, os corpos giram ao rugido das caixas de som, liberando as energias acumuladas da juventude. E, durante a faculdade, aos 20 e 30 anos, os jovens gostam de dançar ao som de DJs em boates. Por fim, na vida adulta, os ca- sais entram para clubes de dança de quadrilha ou fazem aulas de dança de salão ou danças latinas pelos seus benefícios sociais. Essas experiências requerem movimen- tos disciplinados estabelecidos, sofrendo va- riações apenas em relação ao estilo pessoal de cada dançarino. Apesar dos custos em que incorrem tais experiências estruturadas de dança, aqueles que tiveram oportunidade desenvolvem compostura diante do público, confiança em seus movimentos físicos e cons- ciência dos padrões definitivos de movimento. Contudo, nem todas as crianças tiveram pais capazes de financiar essas oportunidades e que estavam dispostos a sacrificar o tempo e a energia necessários para levar e buscar seus filhos nas aulas e apresentações. Para que as crianças aproveitem essas experiências, é es- sencial reservar um tempo para o ensino dos tipos de danças estruturadas que forneçam es- ses contextos sociais. As crianças que já têm conhecimento de passos de dança específicos podem aprender novas formas de dança e aju- dar no ensino de suas próprias especialidades aos colegas. FUNDAMENTOS DA DANÇA CRIATIVA Outra forma de dança que oferece oportuni- dades de juntar expressão criativa e ativida- des físicas é a dança criativa. A integração de movimentos criativos com informações de outras disciplinas, como ciências e mate- mática, pode aumentar o aprendizado e tor- nar a atividade ainda mais prazerosa. Se, por exemplo, a turma está estudando a movimen- tação das tempestades, as crianças podem demonstrar como a umidade se acumula, flui em círculos e se derrama sobre a terra. Trovões e relâmpagos podem invocar movi- mentos ainda mais vigorosos. Para aprimorar a experiência, CDs que incluam sons da na- tureza podem contribuir para os movimentos rítmicos e dar ainda mais ideias. Graber_17.indd 238Graber_17.indd 238 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 Educação física e atividades para o ensino fundamental 239 Outra forma de utilizar tal expressividade é ler uma obra literária ao som de músicas de tom semelhante ao fundo. Conforme os alunos ouvem a leitura do professor, eles interpretam a história ou o poema por meio da dança, de modo que se concentrem não na apresentação dos outros, mas em seus próprios movimen- tos, assim reduzindo seu constrangimento e estimulando-os a expressar-se livremente. Para dar mais variedade, os alunos podem ser divididos em pequenos grupos representando diversos personagens, apresentando cada um seus próprios movimentos. ELEMENTOS DA DANÇA CRIATIVA Para que a dança criativa seja coerente, diversos fatores são necessários. O mais significativo é o corpo, pois é o elemento que cria e demons- tra o movimento. Quer o foco esteja no corpo como um todo, nos movimentos de suas mui- tas partes, ou na forma do corpo, a consciência corporal é essencial. Além disso, o movimento do corpo está limitado a determinado espaço, e a consciênciados movimentos corporais da criança naquela área limitada é um componen- te-chave do desenvolvimento de habilidades (ver Quadro 17.1). Cada movimento do corpo depende de esforço. O modo como o corpo se move é determinado pela força expendida, pela fluidez e pelo tempo. Por fim, as relações entre parceiros e entre um grupo de dançarinos ou objetos são elementos-chave na dança. O corpo Na dança, o corpo se torna um instrumento que se move como meio de expressão. As ati- vidades realizadas pelo corpo variam de movi- mentos fluidos e sutis a expressões vigorosas e definitivas. O dançarino move-se pelo chão usando movimentos de saltos, giros, levanta- mentos e quedas, ou pode estender os braços em um alongamento amplo ou recolhê-los, fechando-os em si mesmo. Partes do corpo Em geral as crianças acham que não é neces- sário se preocupar com as relações entre as partes do seu corpo. Na marcha, por exemplo, elas não pensam conscientemente que, quan- do o cotovelo direito se flexiona para levan- tar o braço direito, o braço esquerdo simulta- neamente se estende para baixo. Da mesma forma, em sincronia com o braço direito, o joelho esquerdo flexiona para levantar a per- na, enquanto a perna direita se estende em oposição. Contudo, quando a marcha se torna O uso de fitas ajuda as crianças a comuni- carem ideias. Graber_17.indd 239Graber_17.indd 239 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 240 Kim C. Graber e Amelia Mays Woods parte da dança, é essencial que as crianças fi- quem cientes do papel de cada parte do corpo no movimento de cada padrão planejado. Em movimentos de dança menos estruturados, as partes do corpo podem mover-se em harmonia ou em movimentos assimétricos. Corpo como um todo Quando o corpo se envolve na dança, diversas atividades que utilizam o corpo inteiro ofere- cem modos de expressão criativa. Movimen- tos locomotores, tais como passos, desliza- mentos, saltos, corridas, pulos e giros, podem exercer papel fundamental quando o dançari- no percorre a área de dança. Ações não loco- motoras, incluindo alongamentos, inclinações e giros, podem interromper movimentos em uma sequência de dança. Tais combinações permitem interpretações de movimentos de diversos eventos ou emoções, convidando os alunos a criar, definir e ensaiar maneiras no- vas de mover-se. Quadro 17.1 Elementos do movimento criativo O CORPO CONSCIÊNCIA ESPACIAL CONSCIÊNCIA DO ESFORÇO CONSCIÊNCIA DAS RELAÇÕES Partes do corpo Cabeça, tronco, braços, pernas, etc. Formas Curvado Torcido Estreito Amplo Simétrico Assimétrico Locomotores Caminhar Pular Saltitar Deslizar Galopar Saltar Não Locomotores Inclinar-se Balançar Girar Virar Curvar-se Alongar Afundar Empurrar Puxar Sacudir Localização Espaço pessoal, espaço geral Direções Para a frente, para trás Para cima, para baixo Direita, esquerda Sentido horário, sentido anti-horário Níveis Baixo, médio, alto Rotas Linha reta, em curva, zigue- zague Extensões Longe, perto Tempo Rápido, devagar Força Forte, leve Fluidez Contida, livre Objetos ou outros Entre, dentro, fora Ao redor, através Na frente, atrás, ao lado Sob, sobre Em cima, fora, transversal Acima, abaixo Duplas Liderar Seguir Juntar-se Separar-se Combinar movimentos Imitar movimentos Fonte: As autoras. Graber_17.indd 240Graber_17.indd 240 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 Educação física e atividades para o ensino fundamental 241 Para qualquer movimento de dança, as partes do corpo podem liderar, ficar isoladas ou servir como suporte para um movimento. Por exemplo, se uma criança estende a mão para simular que está colhendo uma flor, a mão li- dera o movimento. Se fica parada, exceto por sua cabeça, que se vira para cima e para baixo como se estivesse vendo neve cair, esse movi- mento é isolado. Por fim, se a criança ficar em apenas um pé enquanto flexiona o quadril, com as mãos estendidas para trás como um patina- dor, o pé e a perna servem de suporte. Forma do corpo O corpo tem uma forma que muda de acordo o movimento. A forma também muda quando você vê o corpo de frente, de lado, de costas e de cima para baixo. Formas comuns do corpo são curvada, contorcida e estreita. As crianças podem usar os seus corpos para criar formas específicas, como uma caixa, uma pera ou uma flecha. Sua consciência da forma cor- poral pode, inclusive, ser aprimorada quando elas trabalham em conjunto para construir uma forma. Consciência espacial O espaço é onde o corpo se move. A emoção ou o humor da dança é demonstrado por meio do uso do espaço. Conforme as crianças ex- ploram o seu uso, sua consciência espacial se desenvolve. Alterações sutis nos rumos, níveis e extensões se agregam à cor da dança e de- safiam os dançarinos a usar sua criatividade. Espaço geral e espaço pessoal O espaço geral inclui toda a área da ativida- de. Os alunos podem entrar em qualquer parte do espaço geral dentro das limitações físicas ou das impostas pelo professor. Já o espaço pessoal, entretanto, é limitado à área ao redor do corpo das crianças, sendo determinado pela distância a que suas extremidades po- dem estender-se, a partir de uma posição es- tacionária. Para que as crianças compreendam completamente a segurança, primeiramente é essencial que tenham consciência plena do seu espaço pessoal, o qual pode ser expandido quando começam a explorar o espaço geral. Rotas Padrões no chão e no ar são formados quando os alunos criam rotas por meio dos movimen- tos. Se uma criança pisasse em tinta antes de entrar na casa, suas pegadas indicariam suas rotas seguindo padrões no chão. Além disso, quando a criança traça um padrão no ar com roda (estrelinha), frequentemente seus rastros As crianças se ex- pressam conforme se envolvem na dança criativa. Graber_17.indd 241Graber_17.indd 241 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 242 Kim C. Graber e Amelia Mays Woods permanecem mesmo após a roda ter sido des- locada. E, apesar de essas rotas serem invisí- veis na dança, os padrões ainda assim estão lá. Padrões típicos são em linha reta, em curva e em ziguezague. Assim como um golfista vi- sualiza a rota que a bola vai viajar antes de dar a tacada, as crianças podem visualizar sua rota ao planejar um padrão de dança. Níveis Três níveis de espaço podem ser utilizados quando as crianças dançam. A área acima dos ombros é chamada de nível alto, em que mo- vimentos como pulos, saltos, passos nas pon- tas dos pés ou esticar-se para cima ocorrem. Quando a cintura eleva-se acima de sua posi- ção habitual, está-se penetrando um nível alto do espaço. O nível médio do espaço corporal é a área entre os ombros e os joelhos da criança. Flexionando o quadril e estendendo os braços para baixo, para a frente, para trás ou para os lados, o aluno pode explorar o espaço pessoal nesse nível. Por fim, o nível baixo do espaço é a área dos joelhos até o chão. Quando pre- cisa demonstrar um movimento nesse nível, a primeira resposta da criança pode ser sim- plesmente se jogar no chão. Contudo, o aluno também deve ser estimulado a explorar diver- sas outras possibilidades, como se agachar com os braços ao redor dos joelhos enquanto se equilibra nos dedos dos pés para apoiar o peso do corpo. Direções A dança é composta de uma série de movi- mentos em uma combinação de direções em potencial, como para trás e para a frente, de um lado para o outro, ou de cima para baixo. A mudança de direção é de extrema importân- cia para a dança, assim como o movimento contínuo é o que fornece a expressão estéti- ca. Pode-se relembrar as crianças menores de que, no movimento para frente, é o umbigo que lidera, no movimento para o lado são os quadris, e no movimento para trás são os cal- canhares. Elas também podem ser lembradas que pular para o alto é na direção do teto e que para baixo é na direção do chão. Ao desenvol- ver uma dança, a direção do movimento deve ser rotineira, para que os alunos consigam an- tecipar seu próximopasso. Extensões Dois tipos de movimentos caracterizam as extensões do corpo durante a dança: os que ficam próximos do corpo e são menos dinâmi- cos são considerados movimentos pequenos, e as crianças adoram fechar seus corpos em As crianças gostam do desafio de encolhe- rem-se em uma bola. Graber_17.indd 242Graber_17.indd 242 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 Educação física e atividades para o ensino fundamental 243 um espaço pessoal reduzido; porém, quando as partes do corpo se estendem amplamente ao longo do espaço pessoal, estes são consi- derados movimentos grandes. O uso de ges- tos irrestritos, ampliando o espaço pessoal ao máximo, libera tensão e energia acumuladas. De novo, uma combinação de movimentos pe- quenos e grandes é o que dá à dança forma e estilo. Consciência do esforço Três tipos de movimentos exemplificam a dinâmica do esforço realizado: força, fluidez e tempo. A variação de força, direção, movi- mento e ritmo é o que dá a brilho à dança. Tais esforços servem para interpretar os pensamen- tos e as emoções que determinados temas evo- cam nos jovens dançarinos. Força A energia dispendida para começar, sustentar e completar um movimento é descrita como força. Quando o movimento é pesado e firme, a força é considerada forte, como imitar um elefante passeando com sua tromba pelo es- paço geral. O movimento leve, entretanto, é aéreo e flutuante, como imitar uma folha no vento ou uma libélula em um lago. A força exerce papel fundamental para comunicar o humor da dança. Fluidez Os dois tipos de fluidez são o fluxo contido e o fluxo livre. Quando uma criança pula de um ponto para o outro, se recompõe e depois pula de novo, essa movimentação é considerada contida. Em geral vemos essa ação após uma chuvarada, quando uma pessoa tenta atraves- sar a rua pulando entre as poças, movendo-se como um gafanhoto, que pega impulso, salta, cai, então se recompõe para pular de novo. O fluxo livre difere na medida em que o movi- mento é fluido e contínuo, e qualquer pausa na fluidez é tão sutil que sequer é notada. O dançarino move-se com aparente abandono, mesmo que a estrutura básica da dança seja planejada. Danças combinando movimentos contidos intercalados com movimentos fluidos podem criar uma mistura bem interessante. Tempo A velocidade da dança pode ser lenta e deli- berada, com ênfase prolongada em cada mo- vimento, ou pode ser rápida, com ações ve- lozes e leves ou animadas e agudas. Quando o professor seleciona composições musicais para dar aula de dança, é importante expor os alunos a diversos ritmos para desenvolver sua consciência do compasso. Para os alunos se animarem com uma feira local, por exemplo, uma música animada é um convite para cor- rer, pular, girar e dar piruetas antecipando a diversão que está por vir. No entanto, quando o ambiente é pesado, a música deve ter uma ressonância profunda, indicando sombrias ou tenebrosas possibilidades. Os alunos podem estar dançando uma fuga de um bosque som- brio e desconhecido, e a música pode transmi- tir sua cautelosa vigilância. Para alcançar uma mistura de ambos os ritmos, a música deve variar entre vigorosa e serena. Consciência das relações Como as crianças se focam principalmente nelas mesmas, nada mais natural do que lhes oferecer oportunidades de concentrarem-se em danças pessoais. Ao fazer os alunos mo- verem partes específicas do corpo, esses jo- vens dançarinos podem ter mais consciência e compreensão da coordenação de movimentos dos seus corpos. Da mesma forma, quando as crianças se juntam em duplas para coordenar seus movimentos, é necessário ter atenção a ações específicas do corpo. Quer elas imitem as ações uma da outra, quer se movam assi- metricamente, a consciência que elas têm dos movimentos do parceiro em relação aos pró- prios movimentos deve ser significativa. Por fim, quando os dançarinos tiverem alcançado um grau de sofisticação das relações, eles es- tarão prontos para formar grupos com três ou quatro e dançar de forma colaborativa. Graber_17.indd 243Graber_17.indd 243 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 244 Kim C. Graber e Amelia Mays Woods Com parceiros Alguns dançarinos podem entender imediata- mente os conceitos de juntar-se e separar-se, enquanto outros ficam perplexos. Com fre- quência, é mais fácil para uma criança desen- volver a consciência das partes do seu corpo imitando ou contrastando seus movimentos com os de um parceiro. Quando uma crian- ça dança com outra para expressar uma ideia, elas reafirmam-se na presença de um colabo- rador. A vantagem de dançar com um parcei- ro não está apenas no apoio psicológico, mas também no apoio físico. Os alunos podem vir de mãos dadas, e rapidamente se afastar. Um pode erguer-se enquanto o outro se abaixa. Eles podem ficar lado a lado e inclinar-se em direções paralelas, ou juntar as mãos e se pro- jetarem para fora, unindo os quadris. A mão para o alto, na direção do céu, de um pode ser contrastada pelo movimento na direção do chão do outro parceiro. Tal exploração dos movimentos, com consciência da responsabi- lidade, não apenas para si, mas também para o outro, pode ser uma experiência valiosa. Com outros Antes de os alunos explorarem a dança cria- tiva em grupos, eles precisam ser maduros o suficiente para negociar os movimentos necessários para coreografar uma história ou um tema determinado. Quando o esforço colaborativo aumenta para incluir um grupo de dançarinos, o planejamento torna-se mais complexo. Talvez duas crianças queiram reali- zar movimentos contidos, passeando pela área com os braços estendidos como um avião, en- quanto as outras duas prefiram passear com os braços cruzados. A combinação do movimen- to dos participantes pode tornar a dança ainda mais interessante. Se o professor notar que o grupo está se atrapalhando, ele só precisa assegurar aos membros de que todas as ideias são válidas. Ao sugerir que os alunos simplesmente in- tercalem movimentos contidos leves dentro de uma estrutura de movimentos amplos e abrangentes, como uma nevasca e uma flor se escondendo da primeira neve, ambas as ideias podem ser reconhecidas como válidas. Os benefícios da dança em grupo in- cluem a construção de relações sociais, o de- senvolvimento de habilidades de negociação e a combinação de ideias para criar um pla- no. Os conceitos de movimento aplicados no movimento na dança criativa são aplicáveis a uma ampla gama de habilidades e atividades. Desenvolver habilidades para usar as rotas aumenta o movimento no uso de habilidades abertas. Utilizar o ritmo nos movimentos con- tribui para uma boa noção de tempo e da hora certa para executá-los. A consciência espacial é essencial no esporte, na ginástica, na dança e nas atividades físicas gerais, além de con- tribuir para a movimentação em segurança no ambiente. Da mesma forma, se as crianças tiverem noção clara da importância das rela- ções nas atividades físicas, será mais provável que elas obtenham sucesso em situações em que dependam de parceiros ou equipes. As crianças devem ajustar seus movimentos em relação aos outros quando dançam em duplas ou em grupos. Graber_17.indd 244Graber_17.indd 244 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 Educação física e atividades para o ensino fundamental 245 Os esforços de Jeniffer para introduzir a dança em seu primeiro ano de aula podem ter benefícios duradouros para seus alunos de 4o ano. Quando eles fazem farra no pátio, imitan- do um bando de cavalos, Jeniffer reconhece suas interpretações únicas do movimento. Ela reconhece a sua habilidade crescente em reali- zar movimentos no ritmo da música. Por meio da dança, as crianças ficam mais confiantes, utilizando seus corpos para se expressar e de- senvolver consciência dos seus corpos, do es- paço, do esforço e das relações de formas que não seriam possíveis em outro ambiente. Graber_17.indd 245Graber_17.indd 245 29/01/14 11:5029/01/14 11:50 Encerra aqui o trecho do livrodisponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Os movimentos criativos são aqueles criados espontaneamente pelo próprio indivíduo para expr essar ideias e sentimentos, podendo ser rítmico ou não. Tanto a dança folclórica quanto as dança s tradicionais, que têm passos marcados ou espontâneos, são exemplos de movimento criativo. E ste tipo de movimento dá ao indivíduo a oportunidade de usá-lo de forma funcional e criativa, al ém de contribuir para o condicionamento físico deste. Veja, nesta Dica do Professor, um pouco mais sobre as possibilidades do movimento criativo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) Durante a primeira infância, a criança estrutura o seu conhecimento de mundo e de s i mesma, através da experiência corporal - primeiro através da mãe e depois por si s ó. O ato motor, que inicialmente é um ato reflexo, modifica-se na medida em que a cri ança se desenvolve. Qual a principal característica do movimento, associada ao desenvolvimento cognitiv o? A) O movimento é intencional. B) O movimento é involuntário. C) O movimento é parcial. D) O movimento é reflexo. E) O movimento é vazio de significado. 2) https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/076c3a99c978aa3c733b0104daa333cb A criança, ao se movimentar e perceber o seu próprio corpo e o movimento que ela p roduz, adquire conhecimento de si mesma, mas também do outro e do mundo que a r odeia, com o qual deverá se comunicar. Por isso, há a necessidade de desenvolvimento da linguagem corporal. Em quais aspectos esta linguagem poderá contribuir no desen volvimento da criança? Todas as alternativas abaixo expressam formas de contribuição desta linguagem para a criança, EXCETO: A) Exploração do movimento criativo. B) Ampliação da relação com o mundo e consigo mesma. C) Descoberta de novas formas de convivência D) Descoberta de novas formas de comunicação e expressão. E) Descoberta da linguagem escrita. 3) O ser humano desenvolve a capacidade de se comunicar. Além de possuir a linguage m verbal e escrita, pode expressar- se também através da linguagem corporal. O mov imento criativo expressa ideias e sentimentos do indivíduo, podendo ser observado so b diferentes formas. Assinale a alternativa abaixo que apresenta situações favoráveis ao movimento criati vo. A) apertar um parafuso B) dirigir C) andar de bicicleta D) coçar E) manusear um controle remoto O corpo tem uma forma que muda de acordo o movimento. A forma também muda q uando se vê o corpo de frente, de lado, de costas e de cima para baixo. As formas com 4) uns do corpo são: curvada, contorcida e estreita, mas crianças podem usá-lo para cri ar formas específicas. Assinale a alternativa que aponta uma atividade em que movimentos criativos podem estar presentes. A) Na prática de esportes. B) No exercício profissional. C) Durante o sono. D) Em momentos de contemplação. E) Ao varrer a casa. 5) Para qualquer movimento criativo, como a dança, por exemplo, em que a criança ele va a perna, em seguida o braço, abaixa-se, levanta-se, pula etc., partes do corpo pode m liderar, ficar isoladas ou servir de suporte para um movimento. Neste conjunto de movimentos, identificamos as rotas. Assinale a alternativa que melhor explica o que é uma rota, no que se refere ao movi mento criativo. A) A rota é quando o corpo tem uma forma que muda de acordo o movimento. B) A rota é o espaço onde o corpo se move. Conforme as crianças exploram o seu uso, sua co nsciência espacial se desenvolve. C) A rota é toda a área da atividade do indivíduo. D) A rota é a área limitada à área ao redor do corpo das crianças, sendo determinada pela distâ ncia a que suas extremidades podem estender-se, a partir de uma posição estacionária. E) A rota são os padrões no chão e no ar que são formados quando os alunos os traçam por m eio dos movimentos. NA PRÁTICA Veja agora um exemplo sobre o movimento criativo. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Base Nacional Comum Curricular 2017 Elaborada por especialistas de todas as áreas do conhecimento, a Base é um documento complet o e contemporâneo, que corresponde às demandas do estudante desta época, preparando-o para o futuro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
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