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Direito Penal - Dosimetria da pena

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DIREITO
PENAL 
 
DOSIMETRIA DA PENA 
ETAPAS DA DOSIMETRIA 
JULIANA FIGUEIREDO 
(@FIGUEIREDOJULIANA_/@CAFEEPROCESSO) 
 
 
 O código Penal de 1940 adotou o modelo trifásico (Nelson Hungria) na 
aplicação da pena privativa de liberdade. Desta forma, para chegarmos até a 
pena definitiva, é necessário compreender as três fases: fixação da pena-base 
(circunstâncias judiciais); circunstâncias atenuantes e agravantes; causas de 
aumento ou diminuição – também chamadas de majorantes e minorantes; 
 
 
1ª Fase: fixação da pena-base 
 
 O juiz analisará as oito circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP; 
 A pena não poderá ficar aquém do mínimo nem acima do máximo 
abstratamente cominado (limites legais); 
 A lei não dispõe acerca do quantum de cada circunstância judicial. O Código 
Penal não prevê um critério objetivo, porém a maioria da doutrina afirma que 
Fixação da 
pena-base 
considerando 
as 
circunstâncias 
judiciais (art. 
59, CP) 
Circunstâncias 
atenuantes e 
agravantes 
(arts. 61 a 66 
do CP) 
Causas de 
diminuição ou 
de aumento. 
 
 
deveria ser aplicada a fração de 1/8 para cada circunstância judicial negativa. 
Isso porque existem oito circunstâncias judiciais. Assim, se o juiz detectasse a 
existência de três circunstâncias judiciais desfavoráveis, aumentaria a pena-
base em 3/8. Contudo, o STJ1, possui jurisprudência majoritária no sentido de 
que deve ser aplicada a fração de 1/6 para cada circunstância judicial 
negativa. 
 
 
 
1. Culpabilidade 
 
 Trata-se de um juízo de censurabilidade que recai sobre o fato típico e ilícito; 
 O STJ afirmou que ―para fins de dosimetria da pena, culpabilidade consiste 
na reprovação social que o crime e o autor do fato merecem. Essa 
culpabilidade de que trata o art. 59 do CP não tem nada a ver com a 
culpabilidade como requisito do crime (imputabilidade, potencial 
consciência da ilicitude do fato e exigibilidade de conduta diversa)‖. 
 É um juízo quantitativo; 
 Não era prevista antes da reforma penal de 1984 (substituiu o critério 
―intensidade do dolo ou grau de culpa‖); 
 
1 STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 666815/PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 01/06/2021. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 647642/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/06/2021 
C
ir
c
u
n
st
â
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c
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s 
ju
d
ic
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is
 
Culpabilidade 
Antecedentes 
Conduta Social 
Personalidade do 
agente 
Motivos 
Circunstâncias 
Consequências 
Comportamento 
da vítima 
 
 
 O fato de o agente ter se aproveitado, para a prática do crime, da situação 
de vulnerabilidade emocional e psicológica da vítima decorrente da morte 
de seu filho em razão de erro médico pode constituir motivo idôneo para a 
valoração negativa de sua culpabilidade2; 
Caso.: Defensor Público cobrou R$ 2.000,00 (dois mil reais) para ajuizar ação 
de indenização por danos morais contra determinado médico que, por 
negligência, causou a morte do filho da assistida. 
 O excesso de velocidade não constitui fundamento apto a justificar o 
aumento da pena-base pela culpabilidade, por ser inerente aos delitos de 
homicídio culposo e de lesões corporais culposas praticados na direção de 
veículo automotor, caracterizando a imprudência, modalidade de violação 
do dever de cuidado objetivo, necessária à configuração dos delitos 
culposos3. 
 
 
2. Antecedentes 
 
 São os fatos (considerados crimes) anteriormente praticados pelo 
condenado; 
 É vedada a utilização de inquéritos policiais ou ações penais em andamento 
para agravar a pena-base (súmula 444 do STJ); 
 No RE 591054 (tema 129 da Repercussão Geral) o STF afirmou que a 
existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado 
não pode ser considerada como maus antecedentes para fins de 
dosimetria; 
 Condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para 
caracterizar a reincidência, somente podem ser valoradas, na primeira fase 
da dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se admitindo sua 
utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente4; 
 Súmula 636-STJ: a folha de antecedentes criminais é documento suficiente a 
comprovar os maus antecedentes e a reincidência; 
 Não se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo 
quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código 
Penal5. 
 
 
2 STJ. 5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). 
3 STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 153549-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
4 STJ. 3ª Seção. REsp 1794854-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 
1077) (Info 702). 
5 STF. Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/8/2020 (Repercussão Geral - Tema 
150). STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 471.346/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019. 
 
 
 
 
3. Conduta social 
 
 É o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e 
no relacionamento com outros indivíduos; 
 Não pode ser confundida como antecedentes criminais; 
 Ausência de vínculo empregatício não gera negatividade para a 
circunstância (REsp 1541722, STJ, 6ª T., j. 03/05/16). 
 
 
4. Personalidade 
 
 São características psicológicas da pessoa. É formada de modo gradual e 
determinará a individualidade pessoal e social; 
 É a síntese das qualidades morais e sociais do indivíduo. Trata-se de um 
retrato psíquico do agente6; 
 A definição de personalidade do agente não encontra enquadramento em 
um conceito jurídico, em uma atividade de subsunção, devendo o 
magistrado voltar seu olhar não apenas à Ciência Jurídica7; 
 A doutrina e jurisprudência minoritária entendem pela inaplicabilidade de 
elevar a pena-base pela personalidade, pois afrontaria o princípio da 
culpabilidade do fato (aparenta uma aplicação do direito voltado para o 
autor); 
 Existe uma corrente doutrinária e jurisprudencial no sentido de somente 
aceitar a personalidade se houve prova pericial elaborada por profissional (o 
juiz não possui conhecimento para traçar personalidade). Entretanto, o STJ já 
decidiu que ―valoração da personalidade do agente na dosimetria da pena 
envolve o ‗sentir do julgador‘, que tem contato com as provas, com os 
meandros do processo. Justamente por isso, não é necessária a realização 
de qualquer estudo técnico‖8; 
 Ressalte-se que o juiz, para considerar como negativa a personalidade do 
agente, não pode fazer considerações vagas e genéricas. É imprescindível 
que o julgador aponte elementos concretos extraídos dos autos9. 
 Portanto, a personalidade deve ser verificada pelo modo de agir do agente, 
avaliando-se a insensibilidade acentuada, a maldade, a desonestidade e a 
 
6 STJ. 6ª Turma. HC 420.344/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/08/2018. 
7 STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 438.168/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 21/06/2018. 
8 STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 438.168/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 21/06/2018. 
9 STJ. 6ª Turma. HC 285.186/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 15/12/2016. 
 
 
perversidade demonstrada e utilizada pelo delinquente na pratica do 
delito10. 
 
 
5. Motivos 
 
 São as causas que inspiram o agente a praticar o crime. Podendo ser 
nobres ou não; 
 Se o motivo do crime for elementar do tipo não poderá ser considerado 
para a exasperação na primeira fase; 
Caso: O STJ já entendeu pela impossibilidade de aumento da pena-base 
pelo simples fato de lucro fácil advindo do roubo, haja vista que é 
circunstância inerente ao delito (HC 339257, STJ, 5ª T., j. 05/05/2016); 
 A simples falta de motivos para o delito não constitui fundamentoidôneo 
para o incremento da pena-base ante a consideração desfavorável da 
circunstância judicial, que exige a indicação concreta de motivação vil 
para a prática delituosa11; 
 O juiz, na análise dos motivos do crime (art. 59 do CP), pode fixar a pena-
base acima do mínimo legal em razão de o autor ter praticado delito de 
homicídio e de lesões corporais culposos na direção de veículo 
automotor, conduzindo-o com imprudência a fim de levar droga a uma 
festa. Isso porque o fim de levar droga a uma festa representa finalidade 
que desborda das razoavelmente utilizadas para esses crimes, 
configurando justificativa válida para o desvalor12. 
 
 
6. Circunstâncias 
 
 São os dados relacionados com o tempo e lugar do crime, bem como a 
maneira de sua execução; 
 A gravidade abstrata do crime não poderá ser considerada como uma 
circunstância negativa. 
 
 
 
7. Consequências do crime 
 
10 AGI, Samer; CORDEIRO, Roberta. Direito Penal: parte geral. Coleção Carreiras Jurídicas. Ed. CP Iuris. 
2022. 
11 STJ. 6ª Turma. HC 289788/TO, Rel. Min. Ericson Maranho (Des. Conv. do TJ/SP), julgado em 24/11/2015. 
12 STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 153549-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
 
 
 
 Refere-se à mensuração do dano ocasionado pelo delito, principalmente 
para a vítima e seus familiares; 
 O STJ entende que as consequências do crime só podem ser 
negativamente valoradas quando extrapoladas os efeitos do resultado 
ordinariamente previsto no tipo penal (HC 393.031, 5ª T., j. 23/05/2017); 
Caso: Furto de coisa de médio e altíssimo valor (não cabe aumento por 
causa do valor); vítima deixando filhos em tenra13 idade no delito de 
homicídio (cabe o aumento) – de acordo com o STJ. 
 Os elevados custos da atuação estatal para apuração da conduta 
criminosa e o enriquecimento ilícito obtido pelo agente não constituem 
motivação idônea para a valoração negativa do vetor "consequências 
do crime" na 1ª fase da dosimetria da pena. Em outras palavras, o fato de 
o Estado ter gasto muitos recursos para investigar os crimes (no caso, era 
uma grande operação policial) e de o réu ter obtido enriquecimento 
ilícito com as práticas delituosas não servem como motivo para aumentar 
a pena-base14. 
 
 
8. Comportamento da vítima 
 
 Trata-se da participação da vítima tanto no momento da inspiração do 
agente à prática do delito como na facilitação de sua execução; 
 É o modo pelo qual a vítima contribuiu ou não para o fato criminoso, ou 
até se preveniu; 
 O comportamento da vítima pode variar de uma mera circunstância 
judicial para um privilégio ou causa de diminuição, podendo ainda ser 
reconhecido como pressuposto fático a justificar alguma situação 
excludente de ilicitude ou culpabilidade; 
 Nesta circunstância judicial, faz-se necessário compreender as espécies 
de vítima (irritantes, sarcásticas, provocadoras, insinuantes, descuidadas 
etc.); 
 Existe divergência tanto doutrinária quanto jurisprudencial, mas, segundo 
o STJ, se o ofendido contribuir para a prática do delito, a pena-base 
deverá ser diminuída; se, ao contrário, a vítima não facilitou, incitou ou 
 
13 Designação para criança de pouca idade; novo. 
14 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Elevados custos da investigação e enriquecimento do réu não 
são argumentos para aumentar a pena-base. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/bb181e83b9ac6be1b28b2a2b26dc
d73e>. Acesso em: 13/03/2022. 
 
 
induziu o sentenciado a cometer a infração penal, trata-se de 
circunstância judicial neutra (AgRg no HC 346.988, 6ª T., j. 27/06/2017). 
 
 
ATENÇÃO: 
 
I. É possível o aumento de pena-base fundado nos abalos psicológicos 
causados à vítima sobrevivente15. Assim, a presença de sequelas psicológicas 
decorrentes do crime tem sido considerado fundamento idôneo para 
justificar o afastamento da pena-base do piso legal, pois demonstra que a 
conduta do agente extrapolou os limites ordinários do tipo penal violado, 
merecendo, portanto, maior repreensão; 
II. Se houver QUALIFICADORA (circunstância que altera o mínimo e máximo da 
pena), os limites legais da pena-base serão alterados; 
Ex.: Homicídio simples: pena de 6 a 20 anos. Homicídio qualificado (feminicídio): 
pena de 12 a 30 anos. 
No entanto, se houver pluralidade de qualificadoras (homicídio praticado por 
motivo fútil e com emprego de veneno), tem-se dois posicionamentos: 
a) Uma será utilizada para qualificar o crime, devendo as demais serem 
consideradas na segunda fase da aplicação da pena, como circunstância 
agravante, se previstas em lei. Não havendo previsão como agravante (2ª 
fase), devem ser consideradas como circunstâncias judiciais desfavoráveis 
(1ª fase). O STJ entende desta forma (AgRg no REsp 1630537, 5ª T., j. 
21/02/2017). 
b) Aplica-se uma como qualificadora e as demais deverão ser consideradas 
como circunstâncias judiciais, não podendo haver utilização como 
circunstâncias agravante, já que estas serão aplicadas somente se não 
qualificarem o crime. 
 
III. Existe divergência acerca da utilização dos atos infracionais na dosimetria da 
pena, mas o STJ entende que os atos infracionais, por não configurarem 
infrações penais, são inidôneos para subsidiar o aumento da pena, seja a 
título de maus antecedentes, personalidade desfavorável ou conduta social 
inadequada16; 
 
IV. Na prática, muitos juízes adotam o patamar de 1/8 da pena média (pena 
máxima – pena mínima) abstrata do delito para cada circunstância judicial, 
 
15 STJ. 5ª Turma. HC 624.350/SC, Rel. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020. 
16 STJ. 5ª Turma. HC 499987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1702051/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 06/03/2018. 
 
 
haja vista existirem oito. Entretanto, esse patamar pode variar a depender do 
crime. Por exemplo, no tráfico de drogas existem 10 circunstâncias (08 do art. 
59 do CP + 02 do art. 42 da Lei nº 11.343/06), tendo em vista que a lei 
especial prevê a ―quantidade‖ e ―natureza‖ como circunstância para a 
pena-base; 
 
V. Em caso de condenação do réu por concussão, na dosimetria da pena o juiz 
pode (e deve) aumentar a pena-base pelo fato de o réu ser policial. Para 
cometer o crime, basta ser funcionário público, mas o grau de 
reprovabilidade do réu é maior, tendo em vista que se trata de policial, 
agente público responsável pelo combate à criminalidade. Assim, não é 
possível nivelar a concussão de um funcionário público comum com a de um 
policial, de um parlamentar, de um juiz etc. Aquele que está investido de 
parcela de autoridade pública — como é o caso de um juiz, um membro do 
Ministério Público ou uma autoridade policial — deve ser avaliado, no 
desempenho da sua função, com maior rigor do que as demais pessoas não 
ocupantes de tais cargos17. 
 
 
2ª Fase: circunstâncias atenuantes e agravantes 
 
 Estão previstas no art. 61 a 66 do CP; 
 Somente são aplicadas se não forem utilizadas como elementares do 
crime ou como forma qualificada ou privilegiada. 
Ex.: 
a) No infanticídio não aplica a circunstância agravante de crime praticado 
contra ascendente (art. 61, II, ―e‖, do CP), tendo em vista que o 
parentesco é elementar do crime, sob pena de bis in idem. 
b) No crime de furto, a circunstância de a vítima ser criança ou maior de 60 
anos não integra o tipo penal e nem qualifica o delito. Dessa forma, 
poderá incidir agravante descrita no art. 61, II, ―h‖, do CP. 
 
 A lei não dispõe sobre o percentual de aumento da agravante ou da 
redução no caso de atenuante; 
 O percentual se torna critério do juiz, mas na prática é aplicado 1/6 
(entendimento do STJ);17 STF. 2ª Turma. RHC 117488 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/10/2013 (Info 722). 
STF. 1ª Turma. HC 132990/PE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 
16/8/2016 (Info 835). 
 
 
 A súmula 231 do STJ narra a impossibilidade de a incidência da 
circunstância atenuante conduzir à redução da pena abaixo do mínimo 
legal. O STF acompanha o entendimento; 
Ex.: Crime de furto com as seguintes circunstâncias: praticado em repouso 
noturno (causa de aumento de 1/3 na 3ª fase); agente menor de 21 anos 
na data do fato (atenuante do art. 65, I, do CP); e confissão espontânea 
(atenuante do art. 65, III, ―d‖, do CP). A pena-base foi fixada em 01 ano na 
1ª fase (ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis). Na 2ª etapa, 
diante da existência da súmula 234 do STJ, as atenuantes não incidirão, 
uma vez que a pena já se encontra no mínimo legal. Na 3ª fase o juiz 
aumentará 1/3, alcançando a pena em 01 ano e 04 meses. 
 
 
Concurso de agravantes e atenuantes: 
 
 Se compararmos a agravante e a atenuante existentes e nenhuma delas 
for preponderante em relação à outra, dizemos que elas são equivalentes 
(igualmente preponderantes)  a doutrina chama de equivalência das 
circunstâncias; 
 Circunstâncias subjetivas preponderam sobre as circunstâncias objetivas; 
 Uma circunstância agravante pode ser compensada com uma 
atenuante, isto é, elas se anulam, desde que não haja preponderação; 
 Se houver circunstância que preponderante, esta somente poderá ser 
anulada se existir outra preponderante; 
Ex.: reincidência (agravante preponderante) pode ser compensada com o 
motivo de relevante valor moral (atenuante preponderante). 
 O art. 67 do CP refere que são preponderantes: motivos determinantes do 
crime; personalidade do agente; reincidência; 
 O STJ já autorizou a compensação da atenuante da menoridade relativa 
com a agravante da reincidência, afirmando preponderância de ambas 
(HC 381.012, 5ª T., j. 09/03/2017); 
 O STJ também já entendeu pela compensação entre a reincidência e a 
confissão espontânea (HC 406.422, 5 ª T., j. 14/11/2017)  exceção: em 
caso de multirreincidência, prevalecerá a agravante e haverá apenas a 
compensação parcial/proporcional (mas não integral). Entretanto, o STF18 
diverge e prepondera a reincidência sobre a confissão, inviabilizando a 
compensação (HC 105543, j. 29/04/2014). 
 A multirreincidência revela maior necessidade de repressão e rigor penal, 
a prevalecer sobre a atenuante da confissão, sendo vedada a 
 
18 RHC 141.519/SC, j. 31/08/2020. 
 
 
compensação integral. Assim, em caso de multirreincidência, prevalecerá 
a agravante e haverá apenas a compensação parcial/proporcional (mas 
não integral)19. 
 
 
I. Agravantes 
 
 Rol do art. 61 do CP; 
 Sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime; 
 As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes 
culposos, com exceção da reincidência20. 
 
19 STJ. 5ª Turma. HC 620640, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/02/2021. 
20 STF. 1ª Turma. HC 120165/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2014 (Info 735). 
 
 
 
A
g
ra
v
a
n
te
s 
Reincidência 
 Ter o agente 
cometido o crime: 
por motivo fútil ou torpe 
para facilitar ou assegurar a 
execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro 
crime 
à traição, de emboscada, ou 
mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificultou ou tornou 
impossível a defesa do ofendido 
com emprego de veneno, fogo, 
explosivo, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou que podia 
resultar perigo comum 
contra ascendente, 
descendente, irmão ou 
cônjuge 
com abuso de autoridade ou 
prevalecendo-se de relações 
domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade, ou com violência contra 
a mulher na forma da lei específica 
com abuso de poder ou 
violação de dever inerente a 
cargo, ofício, ministério ou 
profissão 
contra crinaça, maior de 
60 anos, enfermo ou 
mulher grávida 
quando o ofendido 
estava sob a imediata 
proteção da autoridade 
em ocasião de incêndio, 
naufrágio, inundação ou qualquer 
calamidade pública, ou de 
desgraça particular do ofendido 
em estado de 
embriaguez preordenada 
 
 
I. Reincidência 
 
 A reincidência ocorre quando o agente comete novo crime, depois de 
transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha 
condenado por crime anterior (art. 63, do CP); 
 Deverá ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença anterior, não a mera 
prolação de sentença; 
 Requisitos: 
a) Prática de crime anterior; b) sentença condenatória transitada em julgado; 
c) cometimento de novo crime (após o trânsito); 
Ex.: 
 
 
 
 
 
 
 
 Crime 1 Sentença Trânsito Crime 2 Sentença condenatória 
 condenatória em julgado do crime 2 com 
 do crime 1 da sentença reincidência na dosimetria 
 
 
I.I Espécies de reincidência 
 
a) Reincidência ficta ou presumida: para esse tipo basta a prática de novo crime, 
depois de sentença transitada em julgado, mesmo que o réu não tenha 
cumprido a pena pelo crime anterior (o CP adota esta modalidade); 
b) Reincidência real: ocorre quando o agente comete novo crime após ter 
cumprido a pena pelo delito anterior. 
c) Reincidência genérica: o sujeito comete um crime e, posteriormente, comete 
um crime de outra espécie; 
d) Reincidência específica: o agente comete um crime da mesma espécie, após 
de ter tido uma sentença penal condenatória por um delito daquela espécie. 
 
I.II Efeitos 
 
a) É agravante; 
b) No concurso de agravantes, constitui ―circunstância preponderante‖ (art. 67, 
CP); 
c) Impede a concessão da suspensão condicional da execução da pena – 
reincidência em crime doloso (art. 77, I, CP); 
 
 
 
d) Aumenta o prazo de cumprimento da pena para a obtenção do livramento 
condicional – reincidente em crime doloso (art. 83, II, CP); 
e) Aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110, caput, CP); 
f) É causa interruptiva da prescrição da pretensão executória art. 117, VI, CP); 
g) Afasta a incidência de certas causas de diminuição da pena (ex.: arts. 155, 
parágrafo 2º; 170 e 171, parágrafo 1º, ambos do CP). 
 
I. III Temporariedade 
 Foi adotado o sistema da temporariedade e não o da perpetuidade em 
relação à reincidência; 
 O chamado período depurador é de cinco anos (art. 64, I, CP); 
 Reincidência no Código Penal: art. 63; reincidência na Lei de 
Contravenções Penais: art. 7º; 
 
Crime (Brasil/ exterior) Novo crime Reincidente 
Crime (Brasil/exterior) Contravenção Reincidente 
Contravenção (Brasil) Crime Não reincidente 
Contravenção (Brasil) Nova contravenção Reincidente 
Contravenção 
(exterior) 
Nova contravenção Não reincidente 
 
 
ATENÇÃO: 
 
 Crime anterior no estrangeiro sem previsão típica no Brasil: não existe 
reincidência; 
 Não existe reincidência quando houver aplicação de medida de segurança 
(absolvição imprópria) ao fato criminoso anterior; 
 Crimes militares próprios e crime políticos não geram reincidência (art. 64, II, CP); 
 Extinção da punibilidade do crime anterior antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória: não gera reincidência; 
 Extinção da punibilidade do crime anterior depois do trânsito em julgado: 
haverá reincidência (extinguir a punibilidade não é o mesmo que cessar os 
efeitos secundários da sentença condenatória transitada); 
 Anistia e abolitio criminis: não gera reincidência; 
 Graça e indulto: mantém os efeitos secundários da condenação, ou seja, 
mantém a reincidência  Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitosprimários 
da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, 
penais ou extrapenais; 
 Perdão judicial: não gera reincidência (súmula 18 do STJ e art. 120 do CP); 
 Súmula 241, STJ = condenação anterior como incidência da reincidência e dos 
maus antecedentes ao mesmo tempo  vedação ao “bis in idem”; 
 
 
 As hipóteses de reincidência específica ou multirreincidência podem justificar a 
exasperação da pena, na segunda fase da dosimetria, acima do patamar de 
1/6, para a agravante de reincidência21. 
 
II. Ter o agente cometido o crime: 
 
a) Por motivo fútil ou torpe 
 Motivo fútil: insignificante; desproporcional; desarrazoado. Existe uma 
desproporção do crime com sua causa moral; 
 Motivo torpe: ofende o sentimento ético e moral da sociedade; é 
repugnante; asqueroso; 
 O ciúme, por si só, não configura motivo fútil nem torpe. 
 
b) Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime 
 Execução: para garantir a execução de um delito posterior; conexão 
teleológica; 
 Ocultação: pratica-se um segundo delito para que se oculte o primeiro; 
conexão consequencial; 
 Impunidade: pratica-se um segundo crime para que a autoria do primeiro 
não seja descoberta; conexão consequencial; 
 Vantagem de outro crime: o nome por si só já diz; conexão 
consequencial. 
 
c) À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que 
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido 
 Traição: agressão súbita e sorrateira; a vítima está desprevenida; 
 Emboscada: é a tocaia, espreita, o agente espera às escondidas; 
 Dissimulação: se verifica na ocultação da intenção hostil para que a 
vítima seja atingida desprevenida; pode ser moral ou material; 
 Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: é necessário 
que a vítima não tenha motivo para desconfiar do ataque e o agente 
tenha consciência e vontade de utilizar esse meio de execução. 
 
d) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que podia resultar perigo comum 
 Meio insidioso: falso, desleal; 
 Meio cruel: doloroso, desumano, despiedoso; 
 Tortura: é um prolongamento dos atos executórios, um meio mais cruel. 
Pode caracterizar crime autônomo (Lei nº 9.455/97) 
 
21 STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 548.769/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro Aurélio, em 10/03/2020. 
STJ. 5ª Turma. HC 462.137/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/04/2019. 
 
 
 
e) Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge 
 
f) Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma 
da lei específica 
 Hospitalidade: convivência passageira. Ex.: pernoite, visita; 
 Relações domésticas: laços da mesma família; relação entre empregado 
doméstico e empregador; 
 Violência contra mulher: art. 5º da Lei nº 11.340/06. 
 
g) Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério 
ou profissão 
 Cargo: relativo ao serviço público; 
 Ofício: atividade de habilidade manual; 
 Ministério: atividade religiosa; 
 Profissão: relacionado ao lucro. 
 
h) Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida 
- Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, ―h‖, do Código Penal na 
hipótese em que o crime de furto qualificado pelo arrombamento à residência 
ocorreu quando os proprietários não se encontravam no imóvel, não havendo 
que se falar, portanto, em ameaça à vítima ou em benefício do agente para a 
prática delitiva em razão de sua condição de fragilidade22. 
 
i) Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade 
Ex.: o agente agride uma pessoa que está sendo conduzida pela polícia em 
razão do flagrante. 
j) Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade 
pública, ou de desgraça particular do ofendido 
- Calamidade pública: trata-se de agravante de natureza subjetiva. Assim, para 
que incida o aumento de pena, é necessário provar que o agente se 
aproveitou das circunstâncias de fragilidade, vulnerabilidade ou incapacidade 
geradas pelo estado de calamidade pública decretado em virtude da 
pandemia da Covid-19 para a prática do crime23. 
Ex.: Não é possível aumentar a pena pelo crime de tráfico de drogas em razão 
da situação de pandemia da Covid-19. Isso porque o crime, em si, não está 
diretamente relacionado a essa circunstância de calamidade em questão, 
situação diferente de quando um delito é praticado durante um incêndio, 
naufrágio ou inundação. 
 
22 STJ. 5ª Turma. HC 593219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2020 (Info 679). 
23 STJ. 6ª Turma. HC 660.930/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14/09/2021. 
 
 
 
k) Em estado de embriaguez preordenada 
 O agente se coloca em embriaguez para cometer o crime; 
 Aplica-se a teoria da actio libera in causa. 
 
 
Art. 62 do Código Penal: agravantes no caso de concurso de pessoas 
 
a) Promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais 
agentes: o legislador optou por punir severamente aqueles que possuem um 
papel de destaque e chefia. 
- A incidência da agravante do art. 62, I, do Código Penal é compatível com a 
autoria intelectual do delito (mandante). No entanto, o mandante do crime 
somente deverá ser punido com a agravante se, no caso concreto, houver 
elementos que sirvam para caracterizar a situação descrita pelo inciso I do art. 
62, ou seja, é necessário que fique demonstrado que ele promoveu, organizou o 
crime ou dirigiu a atividade dos demais agentes. Em outras palavras, o 
mandante poderá responder pela agravante do inciso I do art. 62 do CP, mas 
isso nem sempre acontecerá, dependendo das circunstâncias do caso 
concreto24. 
 
b) Coage ou induz outrem à execução material do crime 
 
c) Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não 
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal 
 
 Alguém não punível: doente mental. Rogério Greco entende que há 
diferença entre inculpável e não punível, sendo o primeiro o doente 
mental (fato típico, ilícito, mas não culpável) e o segundo o pai que furta 
o filho (escusa absolutória). 
d) Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa 
 
ATENÇÃO: 
 O rol das agravantes é taxativo; 
 Nos crimes de ação penal pública, o juiz poderá reconhecer agravantes, 
embora nenhuma tenha sido alegada (art. 385 do CPP). 
 
 
II. Atenuantes 
 
24 STJ. 5ª Turma. REsp 1563169-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 580). 
 
 
 
 Circunstâncias que sempre atenuam a pena: art. 65 do CP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A
te
n
u
a
n
te
s Ser o agente menor de 21 anos, na data do fato, ou 
maior de 70 anos, na data 
da sentença 
O desconhecimento 
da lei 
Ter o agente: 
cometido o crime por 
motivo de relevante 
valor social ou moral 
procurado, por sua 
espontânea vontade e com 
eficiência, logo após o 
crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as conseqüências, ou ter, 
antes do julgamento, 
reparado o dano 
cometido o crime sob 
coação a que podia resistir, 
ou em cumprimento de 
ordem de autoridade 
superior, ou sob a influência 
de violenta emoção, 
provocada por ato injusto da 
vítima 
confessado 
espontaneamente, 
perante a autoridade, a 
autoria do crime 
cometido o crime sob a 
influência de multidão 
em tumulto, se não o 
provocou 
 
 
I. Ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 
(setenta) anos na data da sentença 
 Menoridade relativa: menor de 21 anos 
 Senilidade: estado de velhice. 
 
II. Desconhecimento da lei 
 O desconhecimento da lei é inescusável e não isentará de pena (art. 21do CP), entretanto configura atenuante; 
 
III. Ter o agente: 
 
a) Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral 
 Relevante valor moral: interesse particular do agente; 
 Relevante valor social: interesse da coletividade, sociedade. 
 
b) Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, 
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, 
reparado o dano 
 A reparação do dano pode ensejar a extinção da punibilidade (art. 312, 
parágrafo 3º do CP), a incidência de causa de diminuição de pena (art. 
16 do CP) ou o reconhecimento da circunstância atenuante (art. 65, III, 
―b‖ do CP), se a reparação ocorrer antes do julgamento. 
 
c) Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de 
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, 
provocada por ato injusto da vítima 
 Trata-se de coação resistível; 
 Cumprimento de ordem ilegal de autoridade superior (caso a ordem não 
seja manifestamente ilegal é cabível a excludente de culpabilidade); 
 Diminuição da capacidade de autodeterminação, tornando menos 
reprovável a conduta. 
 
d) Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime 
 Colaboração do agente com a instrução processual; 
 Requisitos: espontâneo (livre de coação) + realização perante autoridade 
(delegado, juiz); 
 Se a confissão for voluntária, mas não tendo sido espontânea, pois 
alguém o influenciou, caberá a atenuante inominada pelo art. 66 do CP; 
 Para o STF, é plenamente possível aplicar a atenuante da confissão, 
quando a confissão qualificada foi valorada como meio de prova25. 
 
25 AGI, Samer; CORDEIRO, Roberta. Direito Penal: parte geral. Coleção Carreiras Jurídicas. Ed. CP Iuris. 
2022, pág. 175. 
 
 
Ex.: sujeito que confessa o fato típico de ter roubado por estar em estado 
de necessidade ou mediante inexigibilidade de conduta diversa, será 
admitida excludente de ilicitude ou excludente de culpabilidade. 
 Compensação entre confissão e reincidência: STJ admite, mas o STF não 
(para o STF a reincidência prepondera); 
 Súmula 545-STJ: confissão utilizada para formação do convencimento do 
julgador; 
 Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no 
crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da 
traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou 
propriedade para uso próprio; 
 Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do 
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 
65, III, d, do Código Penal  vale tanto para casos de confissão parcial, 
de confissão qualificada e confissão com retratação posterior. 
 
e) Cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou 
 
Art. 66 do Código Penal: atenuante inominada 
 
 A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, 
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista em lei. 
Ex.: coculpabilidade e culpabilidade pela vulnerabilidade. 
- É possível, a depender do caso concreto, que o juiz reconheça a teoria da 
coculpabilidade como sendo uma atenuante genérica prevista no art. 66 do 
Código Penal26. 
 
 
3ª Fase: Causas de aumento e de diminuição 
 Causas de aumento (majorantes) são circunstâncias que demonstram maior 
reprovabilidade e elevam a pena. Podendo ser fixo ou variável; 
Ex.: Aumento variável: art. 129, parágrafo 12 do CP = aumento de 1/3 a 2/3 
 Aumento fixo: art. 129, parágrafo 10º do CP = aumenta 1/3 
 Majorantes não são a mesma coisa que qualificadoras; 
 Causas de diminuição são circunstâncias que diminuem a pena em razão da 
menor reprovabilidade do fato; 
Ex.: art. 155, parágrafo 2º do CP = diminuição da pena de 1 a 2/3 se o criminoso 
for primário, e é de pequeno valor a coisa furtada. 
 As causas de aumento podem superar o máximo da pena abstrata e as causas 
de diminuição podem reduzir a pena abaixo do mínimo legal (não existe 
vedação como na pena-base e na pena intermediaria – 2º fase); 
 
26 STJ. 5ª Turma. HC 411.243/PE, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/12/2017. 
 
 
 Se houver concurso de causas de aumento ou diminuição previstas na parte 
geral do CP, o juiz deverá aplicar todas elas. Já no concurso de causas previstas 
na parte especial do CP, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só 
diminuição; havendo concurso entre as causas de aumento da parte geral com 
a da parte especial, haverá a incidência das duas, aplicando-se o princípio da 
incidência isolada. 
 Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de 
roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente 
para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes; 
 Quando há várias majorantes, o STJ entende que ―o deslocamento da 
majorante sobejante para outra fase da dosimetria, além de não contrariar o 
sistema trifásico, é a que melhor se coaduna com o princípio da 
individualização da pena‖27; 
 Importante mencionar sobre qualificadora (para fins de prova)  reconhecida a 
incidência de duas ou mais qualificadoras, uma delas poderá ser utilizada para 
tipificar a conduta como delito qualificado, promovendo a alteração do 
quantum de pena abstratamente previsto, sendo que as demais poderão ser 
valoradas na segunda fase da dosimetria, caso correspondam a uma das 
agravantes ou como circunstância judicial, na primeira fase da etapa do critério 
trifásico28. 
 
Exemplos de dosimetria: 
 
 Réu primário, de bons antecedentes, confesso, sem causa de 
diminuição, crime de roubo (art. 157, CP): 
A culpabilidade é inerente ao tipo; trata-se de réu possuidor de bons 
antecedentes; não há notícias sobre a sua conduta social e personalidade; os motivos 
e as circunstâncias foram inerentes ao delito; as consequências foram normal a 
espécie, o comportamento da vítima foi inerente. Ante a tais circunstâncias, fixo 
a pena base em 04 (quatro) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa. (1ª fase) 
Presente a atenuante da confissão, entretanto deixo de aplicar percentual 
redutor (1/6), em razão de a pena já se encontrar no mínimo legal, consoante termos 
da Súmula n.º 231 do STJ. Portanto, mantenho a pena provisória em 04 (quatro) anos 
de reclusão e 10 (dez) dias-multa. (2ª fase) 
Inexistente causas de aumento ou diminuição, fixo a pena definitiva em 04 
(quatro) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa. (3ª fase) 
 
27 STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020 (Info 684). 
28 STJ. 5ª Turma. HC 505.263/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/08/2019. 
 
 
 Réu primário, de bons antecedentes, confesso, sem causa de 
diminuição, crime de embriaguez no volante (306, CTB): 
A culpabilidade foi inerente; trata-se de réu primário; não há notícias que 
desabonem a sua conduta social e personalidade; os motivos não restaram 
esclarecidos nos autos; as circunstâncias são normais ao delito; no que toca às 
consequências, foram reprováveis, haja vista que, em razão da sua conduta o réu 
ocasionou um acidente de trânsito com danos materiais; por fim, a vítima foi a 
sociedade. Ante a tais circunstâncias, em que 01 (uma) foi desfavorável ao réu, fixo a 
pena-base em 09 (nove) meses e 22 (vinte e dois) dias de detenção e 45 (quarenta e 
cinco) dias-multa. (1ª fase) 
Não concorrem circunstâncias agravantes. Presente a atenuante da 
confissão, diminuo a pena em 1/6 (um sexto), encontrando o total de 07 (sete) meses 
e 15 (quinze) dias de detenção e 37 (trinta e sete) dias-multa, que, na falta de outras 
circunstâncias, torno provisória. (2ª fase) 
Inexistindo causas de aumento ou diminuição de pena, torno definitiva a 
pena de 07 (sete) meses e 15 (quinze)dias de detenção e 37 (trinta e sete) dias-
multa. (3ª fase) 
 
 Réu reincidente, de maus antecedentes, sem causa de diminuição, 
crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, Lei nº 11.343/06): 
A culpabilidade foi inerente ao crime; trata-se de réu não primário, haja vista 
possuir condenação criminal nos autos nº 20132120xxxx (TJ em 01/07/2014) e nº 
20122190xxxx (TJ em 28/03/2014), sendo que a primeira será utilizada para caracterizar 
os maus antecedentes, enquanto a última caracterizará a reincidência, em fase 
própria; não há relatos acerca da sua conduta social; não há informações sobre sua 
personalidade; as circunstâncias foram inerentes ao tipo; os motivos foram inerentes 
ao tipo; as consequências foram inerentes ao tipo; foi apreendido 35,5 g – peso líquido 
– de cocaína, ou seja, substância de alta nocividade; a vítima foi a sociedade. Ante 
tais circunstâncias, em que duas foram reprováveis (antecedentes e natureza da 
droga), fixo a pena base em 07 (sete) anos de reclusão e 700 (setecentos) dias-multa. 
(1ª fase) Observe-se que no crime de tráfico são 10 circunstâncias judiciais na pena-
base: art. 59 do CP + art. 42 da Lei de Drogas. 
Ausentes atenuantes. Presente a agravante da reincidência (AP nº 
20122190xxxx com TJ em 28/03/2014), aumento a pena em 1/6 (um sexto), totalizando 
uma pena de 08 (oito) anos e 02 (dois) meses de reclusão e 816 (oitocentos e 
dezesseis) dias-multa, em fase provisória. (2ª fase) 
 
 
Ausentes causas de aumento ou diminuição, fixo a pena definitiva em 08 
(oito) anos e 02 (dois) meses de reclusão e 816 (oitocentos e dezesseis) dias-multa, em 
fase provisória. (3ª fase) 
 Ré primária, c/ bons antecedentes, c/ causa de diminuição, crime 
de tráfico de drogas (art. 33, parágrafo 4º, Lei nº 11.343/06): 
 A culpabilidade foi inerente ao tipo; trata-se de ré primária e sem 
antecedentes; não há relatos acerca da sua conduta social; não há informações 
sobre sua personalidade; as circunstâncias foram inerentes ao tipo; os motivos foram 
normais à espécie; foram apreendidas 5,5 g (peso líquido) da substância conhecida 
como ―maconha‖ e 46,8 g (peso líquido) da substância conhecida como ―crack‖; a 
vítima foi a sociedade. Ante tais circunstâncias, sendo duas desfavorável (qualidade e 
quantidade da droga), fixo a pena base em 07 (sete) anos de reclusão e 700 
(setecentos) dias-multa. (1º fase) 
Não há circunstâncias agravantes ou atenuantes, mantenho a pena 
provisória em 07 (sete) anos de reclusão e 700 (setecentos) dias-multa. (2º fase) 
Presente a minorante do art. 33, §4.º, Lei n.º 11.343/2006, reduzo a pena em 
1/3 (um terço), alcançando o total de 04 (quatro) anos e 08 (oito) meses de reclusão, 
e 466 (quatrocentos e sessenta e seis) dias-multa, que, na falta de outras 
circunstâncias, torno definitiva. (3º fase) 
 
Referências: 
SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André de. Direito Penal: parte geral. 8º ed. 
Coleção sinopses para concursos. Salvador: Editora JusPodivm. 2018. 
AGI, Samer; CORDEIRO, Roberta. Direito Penal: parte geral. 3ª ed. Coleção Carreiras 
Jurídicas. Volume 11. Brasília: Editora CP Iuris. 2022. 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: < 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/index.php>. Acesso em 14 mar 2022. 
BRASIL. DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal. Disponível em: 
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso 
em 14 mar 2022. 
Dispositivos de sentença: pasta pessoal do TJSE.

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