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Epidemiologia e Saúde Pública - Módulo 02

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AN02FREV001/REV 4.0 
 69 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE 
PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE 
PÚBLICA 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 71 
 
 
MÓDULO II 
 
 
6 EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE COLETIVA 
 
 
6.1 SEÇÃO 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO 
 
 
Segundo Brasil (2008), a Epidemiologia é uma disciplina da saúde 
coletiva voltada para a compreensão do processo saúde-doença na população, 
fundamentada no raciocínio causal, preocupando-se com o desenvolvimento 
de estratégias para as ações voltadas à proteção e promoção da saúde da 
comunidade. A aplicação dos conhecimentos epidemiológicos auxilia no 
desenvolvimento de políticas no setor da saúde. 
Conforme Rouquayrol (2006), Epidemiologia pode ser conceituada 
como: 
 
Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades 
humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das 
enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, 
propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou 
erradicação de doenças, e construindo indicadores que sirvam de 
suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de 
rotina, em consonância com as políticas de promoção de saúde. 
 
Podemos destacar alguns termos: 
 
 Estudo: a Epidemiologia como disciplina básica da saúde coletiva 
tem seus fundamentos no método científico; 
 Coletividade humana: a Epidemiologia está voltada para as 
ocorrências, em escala de massa, de doenças e não doenças, envolvendo 
pessoas agregadas em coletividade, tais como comunidades, grupos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 72 
demográficos, classes sociais ou quaisquer outros coletivos nos quais 
possamos classificar os seres humanos; 
 Frequência e distribuição: preocupa-se com a frequência e o 
padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. 
A frequência inclui também os estudos das taxas ou riscos de doença nessa 
população. O conhecimento das taxas permite comparações válidas entre 
diferentes populações. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao 
processo saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo 
características: 
- Tempo: tendência num período, variação sazonal, etc.; 
- Lugar: distribuição geográfica, distribuição urbano-rural, etc.; 
- Pessoa: sexo, idade, profissão, etnia, etc. 
 Fatores determinantes: é a busca da causa e dos fatores que 
influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença, 
podendo descrever a frequência e distribuição desses eventos e comparar sua 
ocorrência em diferentes grupos populacionais, assim chamados fatores de 
risco. Em condições ideais os estudos epidemiológicos oferecem condições 
para planejar as medidas de prevenção e controle; 
 Estados ou eventos relacionados à saúde: preocupa-se com 
epidemias de doenças infecciosas, sua área de atuação estende-se a todos os 
agravos à saúde; 
 Específicas populações: preocupa-se com a saúde coletiva de 
grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou área; 
 Aplicação: são os subsídios para a implementação de ações 
dirigidas à prevenção e ao controle; 
 Prevenção: visa impedir que os indivíduos sadios venham a 
adquirir a doença; 
 Controle: visa baixar a incidência até níveis mínimos da doença; 
 Erradicação: significa permanência da incidência zero da doença; 
 Promoção em saúde: consiste na produção da saúde com direito 
social, equidade e garantia dos demais direitos humanos e de cidadania. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 73 
Portanto, ela não é somente uma ciência, mas também um 
instrumento. Os estudos epidemiológicos têm por objetivo final a melhoria das 
condições de saúde da população humana, o que demonstra o vínculo 
indissociável da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da assistência 
integral à saúde. 
 
 
6.1.1 História da Epidemiologia 
 
 
6.1.2 A Epidemiologia até o Século XIX 
 
 
Como podemos verificar a Epidemiologia pode ser verificada desde a 
antiguidade, embora o termo epidemiologia seja relativamente recente. 
 
a) Hipócrates 
 
Segundo Pereira (1999), Hipócrates, médico grego que viveu há cerca 
de 2.500 anos, dominou o pensamento médico nos anos 400 a.C. Medronho 
(2005), em seu clássico “Dos Ares, Águas e Lugares”, definiu o termo 
Epidemiologia como o estudo das doenças epidêmicas e hoje analisa também 
as doenças endêmicas e, em geral, agravos à saúde. 
Neste clássico descreve as primeiras explicações epidemiológicas a 
respeito da ocorrência de doenças, com bases racionais e não no sobrenatural. 
Para ele, as doenças eram produtos da relação complexa entre a constituição 
do indivíduo e o ambiente que o cerca. Pelo muito que fez e legou à 
Humanidade, Hipócrates é considerado o pai da Medicina e também o pai da 
Epidemiologia. Este sábio grego deixou-nos um juramento, que constitui o 
fundamento da ética médica: 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 74 
 
Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo 
por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir 
segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: 
estimar, tanto quanto aos meus pais, aquele que me ensinou esta 
arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus 
bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, 
se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem 
compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de 
todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos 
inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. 
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e 
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém 
darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que 
induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma 
substância abortiva. 
Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a 
talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação 
aos práticos que disso cuidam. Em toda a casa, aí entrarei para o 
bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de 
toda a sedução, sobretudo longe dos prazeres do amor, com as 
mulheres ou com os homens livres ou escravizados. 
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no 
convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso 
divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este 
juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida 
e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu 
dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça (HIPÓCRATES, 400 
a.C.). 
 
b) Cláudio Galeno (138-201) 
 
Na Roma antiga, Galeno manteve a tradição de Hipócrates para criar 
um sistema de patologia e terapêutica de complexidade e coerência interna. 
Ele escreveu sobre farmácia e medicamentos, nas suas obras encontram-se 
cerca de 400 referências a fármacos. 
Do ponto de vista farmacêutico, Galeno contribuiu para a 
transformação da patologia humoral em uma teoria racional e sistemática. 
Assim, os medicamentos passam a ter propriedades opostas às da causa da 
doença. Foi na forma de galenismo que a Medicina greco-romana passou para 
o Ocidente cristão, dominando a Medicina e a Farmácia até ao século XVII e 
mantendo aindauma grande influência mesmo no século XVIII. 
A terapêutica galênica considerava vários fatores para a aplicação dos 
medicamentos, tais como: a personalidade do doente, a sua idade, a raça e o 
clima – que afetavam a própria natureza da mistura (krasis) dos humores no 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 
corpo humano. Segundo Pereira (1995), embora muito de Hipócrates e de 
Galeno tenha chegado até os dias atuais, parte de sua contribuição foi perdida 
ou destruída. Neste caso, encontra-se a teoria dos miasmas, vigente há 
séculos, e que dominou o pensamento médico até a segunda metade do 
século XIX. 
Miasmas: a teoria miasmática baseava-se na má qualidade do ar, 
originada de substâncias voláteis oriundas da decomposição de animais e 
plantas. Assim, os miasmas seriam transmitidos do doente para as pessoas 
susceptíveis, que dariam origem às epidemias das doenças contagiosas, por 
exemplo, a malária (junção de mal e ar). 
 
c) John Graunt (1620-1674) 
 
No século XVII, no ano de 1662, o inglês John Graunt publicou um 
estudo sobre as tabelas mortuárias de Londres, no qual foi o primeiro a 
quantificar os padrões da natalidade, mortalidade e ocorrência de doenças, 
identificando algumas características importantes, entre elas: 
• existência de diferenças entre os sexos e na distribuição urbano-rural; 
• elevada mortalidade infantil; 
• variações sazonais. 
Conforme Pereira (1997), Graunt calculou em 36% a mortalidade, valor 
julgado correto, à luz das verificações ulteriores. Ele foi considerado o pai da 
demografia ou das estatísticas vitais, devido seu pioneirismo na utilização dos 
coeficientes. 
 
 
6.1.3 Epidemiologia do Século XIX 
 
 
Conforme Pereira (1997), o centro das ciências se dá no século XIX na 
Europa. A Revolução Industrial, iniciada por volta de 1750 na Inglaterra e um 
pouco mais tarde em outros países, produziu um extenso deslocamento das 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 76 
populações do campo para as cidades, atraídas por empregos nas fábricas. 
Epidemias de cólera, febre tifoide e febre amarela constituíam graves 
problemas nas cidades, levando a maiores preocupações com a higiene. Nesta 
seção, iremos verificar algumas características do trabalho dos cinco cientistas 
epidemiologistas do século XIX. 
 
a) Pierre Louis (1787-1872) 
 
Pierre Louis contribuiu com os estudos clínico-patológicos sobre a 
tuberculose e a febre tifoide. Sua maior contribuição foi com a introdução e 
divulgação dos métodos estatísticos. Pierre foi considerado o iniciador da 
estatística médica e outros como o pai da Epidemiologia moderna. 
 
b) Louis Vilermé (1782-1863) 
 
Louis foi considerado um dos pioneiros dos estudos da etiologia social 
das doenças com sua investigação clássica sobre a pobreza, as condições de 
trabalho e suas repercussões na saúde, ressaltando as relações entre situação 
socioeconômica e mortalidade sobre os trabalhadores das indústrias de 
algodão, lã e seda. 
 
d) Willian Farr (1807-1883) 
 
Em meados do século XIX, Willian Farr iniciou a coleta e análise 
sistemática das estatísticas de mortalidade na Inglaterra e País de Gales. Com 
isso, Farr é considerado o pai da estatística vital e da vigilância. 
Entre suas contribuições podemos destacar: 
- classificação das doenças; 
- descrição das leis das epidemias: ascensão rápida no início até o 
ápice e, em seguida, uma queda mais rápida (“Lei de Farr”); 
- produção de informações epidemiológicas sistemáticas usadas para 
subsidiar o planejamento das ações de prevenção e controle. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 77 
e) Jonh Snow (1813-1858) 
 
Em 1855 o anestesiologista inglês John Snow (1813-1858) faz sua 
contribuição com os estudos sobre a maneira de transmissão da cólera, 
ocorridas em Londres em 1849 e 1854. Sua contribuição foi a sistematização 
da metodologia epidemiológica, que permaneceu até meados do século XX 
sem muitas modificações. Seus estudos descrevem o comportamento da 
cólera por meio de dados de mortalidade, em uma sequência lógica, a 
frequência e distribuição dos óbitos. Segundo aos aspectos relativos ao tempo 
e os aspectos relativos ao espaço, além de efetuar levantamento de outros 
fatores como aspectos relativos às pessoas, com o objetivo de elaborar 
hipóteses causais. 
As ricas descrições do desenvolvimento da epidemia demonstraram o 
caráter transmissível da cólera (teoria do contágio), décadas antes do início 
das descobertas no campo da microbiologia e, portanto, do isolamento e 
identificação do Vibrio cholerae como agente etiológico da cólera, contrariando, 
portanto, a teoria dos miasmas. 
Segundo o comentário de Snow podemos verificar um fortalecimento 
da teoria do contágio: “... doenças transmitidas de pessoa a pessoa são 
causadas por alguma coisa que passa dos enfermos para os sãos e que possui 
a propriedade de aumentar e se multiplicar nos organismos dos que por ela são 
atacados...” 
Snow introduz, também, o conceito de risco. Identifica como fator de 
risco para a transmissão direta a falta de higiene pessoal, seja por hábito ou 
por escassez de água, por esgotos, dos rios e dos poços de água (usada para 
beber ou no preparo de alimentos). O trabalho de Snow na elucidação da 
epidemia da cólera é considerado um clássico da epidemiologia de campo. 
 
f) Louis Pasteur (1822-1895) 
 
Pasteur foi considerado o pai da bacteriologia. Um passo essencial 
para o desenvolvimento da teoria dos germes foi a descoberta do microscópio, 
 
 
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 78 
em 1675, pelo Van Leeuwenhock, que conseguiu visualizar pequenos seres 
vivos que chamou de animálculos. Porém, a figura central da microbiologia foi 
Pasteur por identificar e isolar numerosas bactérias, além de fazer trabalhos 
pioneiros na área da imunologia. Dentre seus estudos podemos citar: 
- o estudo da fermentação da cerveja e do leite; 
- o estudo das bactérias patógenas e dos meios de destruí-las ou de 
impedir sua multiplicação, livre deles quando protegidas de contaminação pelo 
ar, por insetos ou por outros meios; 
- descobrimento do princípio da pasteurização; 
- estudou e identificou os agentes etiológicos, e os meios para 
combatê-los, da praga que prejudicava a indústria nacional do bicho-da-seda; 
- desenvolveu a vacina antirrábica, que permitiu salvar vidas de 
pessoas mordidas por cães. 
Conforme Pereira (1997), os estudos de Pasteur, seguidos pelos de 
Robert Koch (1843-1910) e outros microbiologistas, desenvolveram a teoria 
que as doenças poderiam ser causadas por um único agente etiológico, sendo 
denominada teoria dos germes. 
 
 
6.1.4 Epidemiologia no Século XX 
 
 
A história da Epidemiologia no século XX é construída por um conjunto 
de pequenos avanços que tiveram a contribuição de numerosos protagonistas, 
e não como foi descrito até agora por meio de celebridades marcantes. 
 
a) Influência da Microbiologia 
 
A revolução da era bacteriológica, na segunda metade do século XIX, 
alterou os conceitos de doença e de contágio. A partir disso, comprovou-se que 
os seres microscópicos, dotados de características especiais, desempenham 
papel predominante na gênese de muitas doenças. A clínica e a patologia 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 79 
tornaram-se subordinadas ao laboratório, que ditava também padrões de 
higiene e para a legislação sanitária. Foram criados os institutos de pesquisa 
em todo o mundo nos moldes do Instituto de Pasteur de Paris. 
No Brasil, Oswaldo Cruz (1872-1917), o renomado sanitarista 
brasileiro, fundou no início do século XX o instituto que hoje tem seu nome, em 
Manguinhos, no Rio de Janeiro, sendo reconhecido como exemplo de pesquisa 
na América Latina. 
 
b) Desdobramento da teoria dos germes 
 
Saneamento ambiental, vetores e reservatórios de agentes: o 
saneamento básico é preocupação antiga da humanidade. As descobertas 
ocorridas na Biologia e na Medicina fizeram com que o meio ambiente pudesse 
ser estudado maiscientificamente, colocando em destaque o seu papel na 
transmissão, visto que ele fornece o substrato não só para grande número de 
agentes produtores de doença, como para os hospedeiros susceptíveis. Assim, 
as investigações expandiram nos estudos dos vetores e os reservatórios de 
agentes, resultando no esclarecimento do ciclo dos parasitas, possibilitando as 
descobertas para a prevenção. Por exemplo: o papel do mosquito na etiologia 
de doenças infecciosas tais como: 
 
- malária – Alphonse Laveran (1845-1922); 
- filariose e esquistossomose – Carlos Finlay (1833-1915); 
- febre amarela – Walter Reed (1851-1902); 
- tripanossoma americamo (doença de Chagas) – Carlos Chagas. 
 
Ecologia: o aprofundamento dos estudos fez com que a teoria dos 
germes cedesse lugar às esquematizações sobre agente, hospedeiro e meio 
ambiente, sob a forma de modelo unificado, de explicação das doenças, 
explicadas na multicausalidade. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 
 
c) Bases para epidemiologia Moderna 
 
Causa mortis: coleta sistemática dos dados sobre as características 
das pessoas falecidas, útil para detectar o aparecimento e perfil de muitas 
doenças na comunidade. Assim, as estatísticas vitais que incluem informações 
sobre nascimentos e óbitos tornaram fontes de informações para os 
profissionais da saúde, para aprimorar o conhecimento das condições de 
saúde da comunidade. Estas informações passaram a funcionar como 
elementos de base para facilitar as investigações etiológicas. 
 
d) Epidemiologia nutricional 
 
Prevenção do escorbuto: o inglês James Lind (1716-1794) realizou um 
estudo experimental para a prevenção da deficiência de Vitamina C. O 
experimento foi realizado com 12 marinheiros que ingeriram frutas frescas 
(limões), a fim de comprovar que a doença poderia ser prevenida com a 
ingestão de Vitamina C. 
Prevenção do beribéri: o japonês Kanehiro Takari (1849-1915), por 
intermédio de estudos epidemiológicos, apontou a etiologia da doença beribéri 
sendo a deficiência nutricional de Vitamina B1 (tiamina). 
Prevenção da pelagra: Goldberger apontou a consistência da 
associação entre ocorrência de pelagra e os tipos de dieta, e buscou a 
confirmação de sua hipótese nutricional, que a causa da doença era a 
deficiência da niacina. Em sua investigação, feita em orfanatos e prisões, 
mostrou que a doença podia ser prevenida com a adequação das dietas e que 
as restrições alimentares podiam produzir o aparecimento de doenças. 
 
e) Ênfase à Pesquisa 
 
Após a II Guerra Mundial (1939-1945) houve um impressionante 
desenvolvimento da epidemiologia. O século XX foi marcado pela mudança do 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 81 
perfil das doenças prevalentes, com o crescente surgimento das doenças 
crônico-degenerativas, como causa de morbidade e mortalidade. Neste período 
verifica-se a progressão da pesquisa sobre vários temas, entre eles: 
- a determinação da condição de saúde da população; 
- a busca sistemática de fatores antecedentes ao aparecimento das 
doenças, que possam ser rotulados como agentes ou fatores de risco; 
- a avaliação da utilidade e da segurança das intervenções propostas 
para alterar a incidência ou a evolução da doença por meio de estudos 
controlados. 
 
f) Epidemiologia atual 
 
A compreensão e aplicação da Epidemiologia atual requerem 
conhecimento em três pilares: 
- Ciências biológicas: a partir das disciplinas afins (clínica, a patologia, 
a microbiologia, a parasitologia e a imunologia) a Epidemiologia pode contribuir 
para a descrição, classificação e determinação da frequência de uma doença 
em uma determinada população; 
- Ciências sociais: por meio desta ciência, a epidemiologia pode 
entender a forma de organização, os indivíduos que compõe os riscos de 
adoecer em uma sociedade para traçar as técnicas de prevenção das doenças 
e de promoção e recuperação das doenças; 
- Estatística: é a ciência e a arte de coletar, resumir e analisar dados 
sujeitos a variações. Fornece o instrumental a ser levado em conta nas 
investigações de questões complexas, com a aleatoriedade dos eventos e o 
controle das variáveis que dificultam a interpretação dos resultados. 
 
 
6.1.5 Principais Usos da Epidemiologia 
 
 
Conforme Pereira (1997) a Epidemiologia pode ser empregada para: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 82 
 
1) Diagnóstico da situação de saúde: que consiste em gerar dados 
quantitativos, corretos, sobre a saúde do conjunto da população ou de seus 
segmentos, seja em atividades de rotina, seja em investigações especiais. Dois 
aspectos são de maior importância em qualquer diagnóstico epidemiológico: 
- a abrangência populacional deste diagnóstico; 
- a apropriada seleção de “indicadores” que bem retratem cada 
situação. 
 
2) Investigação etiológica: que consiste nos estudos científicos para a 
descoberta das causas da distribuição das doenças. A procura das causas das 
doenças pode ter: 
- uma abordagem unicausal: “uma causa, um efeito”. Esta 
especificidade representa o isolamento de parte de um todo, procedimentos 
que, embora sujeitos à crítica, têm sido muito úteis para orientar a aplicação 
das ações de saúde. Exemplo: a poliomielite pode ser controlada por 
imunização, a varíola erradicada pela vacinação de toda a população, a febre 
tifoide controlada pelo saneamento básico. O bócio endêmico eliminado pela 
iodação do sal de cozinha, a incidência do câncer do pulmão reduzida, 
significativamente, com a diminuição da frequência do hábito de fumar, entre 
outras. 
Logo, parte-se do princípio de que um agente ou causa quando 
removido faz desaparecer a doença, sendo assim utilizado como uma medida 
preventiva. 
- uma abordagem multicausal: os danos à saúde podem ter múltiplas 
causas e uma única causa pode ter muitos efeitos. Por exemplo: a asma 
brônquica pode estar associada a numerosos agentes ou fatores, por exemplo, 
infecção, exercício físico, estresse emocional e exposição de poluentes. 
Assim, devido à existência de grande quantidade de fatores implicados 
no complexo etiológico da doença, os esforços para preveni-las podem ser 
feitos em múltiplas direções. Por isso, a importância, nos dias de hoje, das 
equipes multiprofissionais. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 83 
3) Determinação de risco: entende-se por risco o grau de probabilidade 
da ocorrência de um determinado evento, por exemplo, o risco de alguém 
acidentar-se ou ter câncer. As investigações etiológicas geram resultados que 
apontam os riscos a que uma pessoa está sujeita. Nem todas as pessoas têm 
os mesmos riscos. Há indivíduos que vivem perigosamente e, como tal, têm 
maior probabilidade de morrer prematuramente. Mas existem outras que, 
apesar de não se exporem tão intensamente, estão também em risco, não de 
morrer precocemente, mas de adoecer ou de sofrer algum tipo de 
incapacidade. 
 
4) Aprimoramento na descrição do quadro clínico: a observação da 
evolução de uma doença em um número suficiente de pacientes, reunidos de 
maneira adequada e com a necessária objetividade na aferição, permite 
descrever detalhes e completar o quadro clínico. Certos detalhes da doença só 
são esclarecidos em estudos populacionais, em que a epidemiologia muito 
auxilia na parte metodológica das investigações. 
 
5) Determinação de prognóstico: a partir das investigações sobre o 
processo de evolução da doença, com o objetivo de descrever o quadro clínico, 
fornecem os elementos para se quantificar os prognósticos. 
 
6) Identificação de síndromes e classificação de doenças: por 
intermédio dos estudos de epidemiologia pode-se agrupar os padrões 
reconhecidos em grupos homogêneos de características, de sinais e sintomas, 
e de prognósticos e utilizar estes dados básicos para desenvolver novas 
classificações ou aperfeiçoamento das já existentes, para distinguir uma 
condição patológica da outra. 
 
7) Verificação do valor de procedimentos diagnósticos: autilização dos 
resultados de uma investigação epidemiológica está subordinada à precisão do 
diagnóstico feito em nível individual: a soma destes leva ao diagnóstico 
coletivo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 84 
8) Planejamento e organização de serviços: as decisões tomadas na 
fase de planejamento e de gestão dos serviços de saúde devem estar 
baseados em informações epidemiológicas. Para isso, são empregadas 
algumas informações para subsidiar as decisões relativas à definição de 
prioridades e ao melhor uso dos recursos, tais como: 
 - as informações referentes à magnitude e à distribuição dos 
problemas de saúde, dos fatores de risco e das características da população; 
- os resultados de estudos epidemiológicos controlados sobre relação 
causal entre características da população, fatores de risco e agravos de saúde; 
- as informações sobre os recursos financeiros, humanos e materiais. 
Assim, a tomada de decisão no planejamento em saúde leva à 
execução de “ações” que podem ou não mudar a condição de saúde de uma 
determinada população. 
 
9) Avaliação das tecnologias, programas ou serviços: as avaliações 
são feitas em diferentes níveis, ou seja, refere-se ao plano ideal, à vida real e à 
quantificação dos custos no processo de avaliação. São eles que definem: 
- Eficácia: “capacidade de um produto em produzir efeitos benéficos no 
curso ou duração de uma doença”. Exemplo: vacinas, medicamentos, 
diagnósticos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROFISSIONAIS EM 
PESQUISA CLÍNICA, 2008); 
- Efetividade: qualidade ou estado daquilo que é efetivo, ou seja, 
realidade. Exemplo: Quando a avaliação é realizada no mundo real, com todas 
as imperfeições, ou uso de determinados produtos ou procedimentos, 
geralmente não tem o mesmo impacto obtido em condições ideais, visto que há 
pessoas que não os utilizam ou empregam de maneira inadequada; 
- Eficiência: fazer certo a “coisa” para não provocar perdas de tempo e 
recursos (retrabalho e desperdício). Na área da saúde os estudos sobre 
eficiência são realizados em números menores, comparados aos que visam a 
estimular os níveis de eficácia e efetividade. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 85 
10) Análise crítica de trabalhos científicos: o ensino da Epidemiologia 
permitiu a formação de profissionais da saúde com princípios básicos de 
metodologia científica, abrangendo os conceitos e os processos destinados à 
realização de investigação. 
 
 
6.2 SEÇÃO 2 - PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
 
 
6.2.1 Conceito Saúde e Doença 
 
 
Saúde – (latim) – salutis, derivado do radical salus (salvar, livrar do perigo). 
Doença – (latim) – dolentia, derivado de dolor e dolore (dor e doer). 
 
Saúde pode ser definida como “estado de adaptação do organismo ao 
ambiente físico, psíquico ou social em que vive, em que o indivíduo sente-se 
bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas 
evidentes (saúde objetiva)” (PEREIRA, 1997). 
Existem outras definições sobre saúde que podemos que destacar: 
 
a) Saúde é a ausência de doença (BOORSE, 1975); 
b) Saúde é um completo bem-estar físico, mental e social, e não 
meramente ausência de doença (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 
1948); 
c) Saúde é o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e 
mentais se acham em situação normal (FERREIRA, 1986); 
d) Saúde é o resultado do equilíbrio entre o indivíduo e o seu 
ambiente (DUBOS, 1965 apud PEREIRA, 1997). 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 86 
Já doença pode ser definida como “estado de falta de adaptação ao 
ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) 
e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais)”. 
 
 
6.2.2 História Natural da Doença 
 
 
História natural da doença é o nome dado ao conjunto de reações que 
compreende as inter-relações do agente, do susceptível e do meio ambiente. 
Este processo global é afetado desde o estímulo patológico, passando pela 
resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, 
invalidez, recuperação ou morte (LEAVELL; CLARK, 1976 apud 
ROUQUAYROL; ALMEIDA-FILHO, 2003). 
Portanto, a história natural da doença tem desenvolvimento em dois 
períodos sequenciados, conforme figura 3: 
 
a) Vertente epidemiológica: é dirigida para as relações susceptível-
ambiente; 
b) Vertente patológica: está relacionada com as modificações que se 
passam no organismo vivo. 
 
O homem está presente em todas estas etapas. É gerador das 
condições socioeconômicas, favorecedoras das anomalias ecológicas 
predisponentes a alguns dos agentes diretamente responsáveis por doenças. 
Ao mesmo tempo, é a principal vítima do contexto de agressão à saúde por ele 
favorecido. 
A história natural das doenças nada mais é do que um quadro 
esquemático que dá suporte à descrição das múltiplas e diferentes 
enfermidades. Sua utilidade maior é de apontar os diferentes métodos de 
prevenção e controle, servindo de base para a compreensão de situações reais 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 87 
e específicas, tornando operacionais as medidas de prevenção 
(ROUQUAYROL; ALMEIDA-FILHO, 2003). 
 
 
6.2.3 Prevenção das Doenças e Promoção da Saúde 
 
 
Etiologia e prevenção são aspectos muitos relacionados. O 
conhecimento da etiologia indica os melhores caminhos para concretizar a 
prevenção. 
 
 
6.2.4 Etiologia 
 
 
Etiologia na vertente epidemiológica (período pré-patogênico): nesta 
fase estão os eventos que ocorrem na fase anterior à resposta biológica inicial 
do organismo. Para que possamos escolher as melhores medidas de 
prevenção é importante conhecer as relações causais sobre as características 
dos agentes e fatores de risco envolvidos, a intensidade das exposições, a 
susceptibilidade do organismo frente às agressões e as condições do ambiente 
onde estas situações ocorrem. 
Etiologia na vertente patológica (período de patogênese): encontram-se 
as reações que ocorrem no interior do corpo humano e que se sucedem da 
resposta orgânica da afecção. O conhecimento desta fase da doença permite a 
melhor escolha dos critérios para diagnósticos e tratamentos, com o objetivo de 
detectar e interromper a evolução da doença já instalada no organismo e, se 
possível, fazê-la regredir. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 88 
 
FIGURA 3 – HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E A PREVENÇÃO 
 
FONTE: Rouquayrol; Almeida-Filho, 2003. 
 
 
6.2.5 Medidas Preventivas 
 
 
Medidas preventivas são todas aquelas utilizadas para evitar as 
doenças ou suas consequências, quer ocorra sob forma esporádica, quer de 
modo endêmico ou epidêmico. 
 
 
6.2.5.1 Classificação das medidas preventivas 
 
 
As medidas preventivas podem ser classificadas, segundo Pereira 
(1997), em: 
- Medidas inespecíficas e específicas: são ações propostas pela 
sociedade no intuito de influir na ocorrência da doença. As medidas 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 89 
inespecíficas, ditas gerais ou amplas, têm objetivo de promover o bem-estar 
das pessoas; as específicas, ou restritas, incluem as técnicas próprias para 
lidar com cada dano à saúde, em particular. Exemplo: Doença de Chagas; 
- Prevenção primária, secundária e terciária (figura 4): As ações 
primárias são aplicadas em fases anteriores ao início biológico da doença e 
estão dirigidas para a manutenção da saúde. Exemplo: educação em saúde, 
saneamento ambiental. As secundárias ocorrem após o início da doença, 
quando ela está progredindo, seja em fase subclínica, seja de evolução 
clinicamente aparente, visam à tentativa de, se possível, fazê-la regredir. 
Exemplo: a administração de antibióticos em doenças infecciosas. O termo 
terciário visa incluir medidas recomendadas em fase mais avançada da 
doença, no intuito de prevenir deterioração ainda maior da história natural da 
doença e passou a ser amplamente utilizada. 
 
 
FIGURA 4 - NÍVEIS DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS PREVENTIVAS 
NA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
PERÍODO PRÉ-PATOLÓGICOPERÍODO PATOLÓGICO 
Interação de fatores Alterações Precoces 
Primeiros Sintomas 
Doença Avançada 
Convalescenças 
 
Promoção da saúde Proteção específica Diagnóstico 
e tratamento 
precoces 
Limitação do Dano Reabilitação 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA PREVENÇÃO 
TERCIÁRIA 
MEDIDAS PREVENTIVAS 
 
FONTE: Pereira, 1997. 
 
 
Cinco níveis de prevenção: 
As prevenções (primárias, secundárias e terciárias) desdobram-se em 
cinco níveis (figura 5): 
 
1) Promoção da saúde: 
- Educação sanitária; 
- Alimentação e nutrição adequada; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 90 
- Habitação adequada; 
- Emprego e salário adequado; 
- Condições para satisfação das necessidades básicas do indivíduo. 
 
2) Proteção específica: 
- Vacinação; 
- Exame pré-natal; 
- Quimioprofilaxia; 
- Fluoretação da água; 
- Eliminação de exposição a agentes carcinogênicos. 
 
3) Diagnóstico e tratamento precoce: 
- Rastreamento; 
- Exames periódicos de saúde; 
- Procura de casos entre contatos; 
- Autoexame; 
- Intervenção em função das necessidades. 
 
4) Limitação do dano: 
- Acesso facilitado a serviços de saúde; 
- Tratamento médico ou cirúrgico adequado; 
- Hospitalização em função das necessidades. 
 
5) Reabilitação: 
- Terapia ocupacional; 
- Treinamento de deficientes; 
- Melhores condições de trabalho para o deficiente; 
- Educação do público para aceitação do deficiente; 
- Próteses e órteses. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 91 
 
FIGURA 5 - NÍVEIS E APLICAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE E 
EQUIVALÊNCIA DE TERMOS EMPREGADOS PARA DESIGNÁ-LOS 
1º. Nível 2º. Nível 3º. Nível 4º. Nível 5º. Nível 
Promoção da 
Saúde 
Proteção 
específica 
Diagnóstico 
precoce e 
tratamento 
oportuno 
Limitações do 
dano 
Reabilitação 
Prevenção Primária 
 
Prevenção secundária Prevenção 
terciária 
 
Prevenção 
 
Cura 
 
Reabilitação 
 
Promoção 
 
 
Proteção 
 
Recuperação 
FONTE: Pereira, 1997. 
 
 
6.2.5.2 Promoção da saúde 
 
 
A promoção da saúde é uma das estratégias de produção de saúde. É 
um modo de pensar e de operar por meio das políticas e tecnologias do SUS 
para contribuir na construção de ações que possibilitam responder às 
necessidades sociais em saúde. No SUS a estratégia de promoção da saúde é 
uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-
doença em nosso país, como, por exemplo: violência, desemprego, 
subemprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, 
dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade 
do ar e da água ameaçada, deteriorada; e potencializar formas mais amplas de 
intervir em saúde. 
Segundo a Política Nacional de Promoção de Saúde, entende-se, 
portanto, que a promoção da saúde: 
 
É uma estratégia de articulação transversal na qual se confere 
visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e 
às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no 
nosso país, visando à criação de mecanismos que reduzam as 
situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e 
incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas 
públicas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 92 
Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na articulação 
sujeito/coletivo, público/privado, Estado/sociedade, clínica/política, setor 
sanitário/outros setores, visando romper com a excessiva fragmentação na 
abordagem do processo saúde-adoecimento e reduzir a vulnerabilidade, os 
riscos e os danos que nele se produzem. 
Conforme a Política Nacional de Promoção à Saúde para o biênio 
2006-2007 foi priorizada as ações voltadas à: 
- Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da 
Saúde; 
- Alimentação Saudável; 
- Prática Corporal/Atividade Física; 
- Prevenção e Controle do Tabagismo; 
- Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de 
álcool e outras drogas; 
- Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito; 
- Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz; 
- Promoção do desenvolvimento sustentável. 
 
 
6.3 SEÇÃO 3 - MEDIDAS DE SAÚDE COLETIVA 
 
 
6.3.1 Medidas de Frequência de Doenças 
 
 
A cada cinco minutos uma pessoa com idade entre 10 e 24 anos de 
idade é infectada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em todo mundo, 
ocorrendo cerca de 2,3 mil óbitos (COSTA; KALE, 2005). Em 2007, mais de 33 
milhões de pessoas vivem com o vírus HIV, 1,6 milhão delas na América 
Latina, segundo as últimas estimativas da Onuaids. No mundo 33,2 milhões 
(entre uma estimativa de 30,6 a 36,1 milhões), sendo 30,8 milhões de adultos 
entre 15 e 49 anos (entre 28,2 e 33,6 milhões) e 2,5 milhões de crianças com 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 93 
menos de 15 anos (de 2,2 a 2,6 milhões). Deste total, 15,4 milhões de adultos 
contaminados são mulheres (13,9 a 16,6 milhões) (PRESSES, 2007). 
Estes números despertam o interesse de muitas pessoas e são citados 
frequentemente, seja pelos meios de comunicação de massa, como em 
publicações especializadas. Eles nos permitem caracterizar, de diferentes 
maneiras, a ocorrência da AIDS. Em comum, estas estimativas expressam o 
quão frequente a infecção pelo HIV e a AIDS tem sido em diferentes 
momentos, regiões e população humana. 
Segundo Costa e Kale (2005), quantificar ou medir a frequência com 
que os problemas de saúde ocorrem em populações humanas é um dos 
objetivos da Epidemiologia. Assim, conforme Paneth (2008), para descrever a 
frequência de uma doença em uma determinada população podemos utilizar: 
 
 
6.3.2 Frações 
 
 
O numerador e o denominador são elementos de mesma natureza e 
mesma dimensão, mas são de grupos excludentes, ou seja, o numerador não 
está incluído no denominador. A razão mede relação entre eventos. Exemplo: 
razão entre duas doenças, razão masculino/feminino. 
 
 
6.3.3 Proporções 
 
 
Os casos incluídos no numerador são também subconjuntos do 
denominador, mas não expressam risco. Exemplo: mortalidade proporcional; 
letalidade. Os sinônimos para proporções são: risco, mas se expresso por 100 
é uma percentagem. Muitas frações em Epidemiologia são proporções. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 94 
6.3.4 Coeficientes ou Taxas 
 
 
É considerada como uma proporção que muda com o tempo, mas, na 
prática, muitas vezes é usada como uma proporção, sem se referir ao tempo 
(como foi dito previamente para a taxa de mortes fetais). As medidas de 
frequência são definidas a partir de dois conceitos fundamentais da 
epidemiologia, denominados incidência e prevalência. A incidência e 
prevalência medem diferentes aspectos da morbidade, que será relatada nas 
próximas seções. 
 
a) INCIDÊNCIA 
 
Incidência é a frequência de casos novos de uma determinada doença, 
ou problema de saúde, oriundos de uma população sob risco de adoecimento, 
ao longo de um determinado período de tempo. O cálculo da incidência é a 
forma mais comum de medir e comparar a frequência das doenças em 
populações. 
Os casos novos, ou incidentes, são aqueles indivíduos não doentes no 
início do período de observação e, portanto, sob risco de adoecimento, que, no 
seu decorrer, acabam por adoecer. Em geral, entende-se por incidência a 
ocorrência do primeiro episódio da doença ou problema de saúde de interesse. 
As medidas de incidência estão necessariamente relacionadas à dimensão do 
tempo (COSTA; KALE, 2005). 
O termo casos novos depende do tipo de problema em foco, os casos 
podem referir-se: 
 
- ao número de pessoas afetadas; 
- ao número de episódios de um agravo à saúde. 
 
Segundo Pereira (1997), a incidência é a medida mais importante da 
Epidemiologia. Ela é preferida em investigações científicas, seja nas pesquisas 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 95 
etiológicas, em estudos de prognóstico, na verificação da eficácia das ações 
terapêuticas e preventivas. 
Taxa de incidência: é a variação de um fenômeno por unidade de 
tempo,ou de uma variável qualquer. Uma taxa é a expressão da velocidade 
média com que ocorre o fenômeno de interesse. A taxa de incidência (TI) é 
calculada como a razão entre o número de casos novos de uma determinada 
doença ou problema de saúde, o total de pessoa-tempo gerada a partir da 
população de estudo acompanhada, de acordo com a equação: 
 
Taxa de incidência = Número de casos novos em determinado período X Constante 
 Número de pessoas expostas ao risco, no mesmo período 
 
EXEMPLO: Entre 400 crianças pré-escolares, acompanhadas durante 
um ano, foram diagnosticados dois casos de sarampo. Calcule a incidência: 
I = 2x1000/400 = 5 casos em 1000 crianças no ano. 
 
Na expressão matemática do cálculo da taxa de incidência a 
constante é um múltiplo de 10; assim, expressaremos a incidência 10n 
habitantes. Da mesma forma, a constante pode ser 100, 1.000, 10.000, 
100.000 ou 1.000.000 de habitantes. A escolha da unidade de referência 
(constante) é a critério do pesquisador e o tipo de estudo epidemiológico em 
questão. 
Para se comparar a ocorrência de doenças em diferentes populações 
deve-se usar a incidência e não números absolutos. A transformação do 
número absoluto de casos numa taxa relativa a uma população genérica (por 
exemplo, 100.000 habitantes) permite a comparação de coeficiente assim 
obtido com outros, cujo denominador tenha sido reduzido à mesma base – no 
exemplo, 100.000 habitantes (TANCREDI, 1998). 
 
 Tipos de incidência: 
 
Conforme Pereira (1997), a variação nas especificações, tanto no 
numerador como do denominador, resulta em diferentes tipos de taxas de 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 96 
incidência. No denominador da fórmula de um coeficiente, coloca-se a 
população sob risco. Nem sempre é fácil obter a informação exata sobre ela, 
de modo que aproximações têm de ser utilizadas para possibilitar a 
computação de coeficientes. 
Em estudos nos quais há o seguimento de corte de pessoas e sem 
perdas no seu período, essa população sob risco é a do início do período da 
observação (situação rara). Porém, em estudos de corte há perdas durante o 
desenrolar da investigação, sendo então conveniente levar-se em conta a 
fração de tempo que as pessoas nela participam, sob a forma de pessoa-
tempo (PEREIRA, 1997). 
Pessoa-tempo: é o período durante o qual um indivíduo está exposto 
ao risco de adoecimento e, caso viesse a adoecer, seria considerado um caso 
novo ou incidente. É a expressão da experiência individual de exposição ao 
risco de adoecimento, referida a uma unidade de tempo, como o DIA, MÊS ou 
ANO. Assim, a fórmula geral para a incidência pelo método pessoa-tempo fica: 
 
Número de casos novos 
Tempo total de observação 
 
Exemplo: 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 97 
 
Participante Tempo de participação Pessoa-ano 
1 8 anos 8 
2 2,5 anos 2,5 
3 5 anos 5 
4 3,5anos 3,5 
5 8anos 8 
6 7 anos 7 
7 11 anos 11 
Total 45 pessoas-ano 
 
Portanto, o denominador será composto pelo total de pessoas-ano, ou 
seja, 45 pessoas-ano. E o numerador pelo número de casos novos existentes 
no período. A quantidade de pessoa-tempo pode ser calculada de diferentes 
formas, dependendo do tipo de população e das características do estudo 
epidemiológico. As populações podem ser definidas como fechadas ou abertas. 
População fechada: é quando nenhum membro novo é a ela 
incorporado ao longo do tempo e seus integrantes a deixam somente devido à 
morte. O seu tamanho (N) diminui sistematicamente ao longo do tempo. 
População aberta: é se novos membros são adicionados no tempo, em 
decorrência da natalidade ou da imigração, e seus integrantes a deixam por 
emigração ou quando morrem. A população aberta é estável ou estacionária, 
para cada indivíduo que a deixa, por qualquer motivo, outro é reposto 
imediatamente no seu lugar, mantendo assim o seu tamanho constante. 
Assim, por esta forma de equivalência, tem-se em conta tanto o 
número de indivíduos quanto o tempo de duração de observação de cada um. 
A correção é aplicada no denominador, que passa a ser pessoa-ano e não 
número de pessoas. O coeficiente calculado, desta maneira, quando o 
denominador representa unidades em pessoas-tempo, também é denominado 
densidade de incidência (PEREIRA, 1997). 
 
Densidade de incidência: fornece a estimativa do verdadeiro risco de 
adquirir uma doença a qualquer momento em dado tempo. A expressão 
matemática da densidade de incidência é a seguinte: 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 98 
 
Densidade de incidência = número de novos casos na unidade de tempo x Constante 
 número de pacientes-tempo 
 
Por vezes, é possível medir a frequência da doença em uma população 
de composição constante, ou seja, uma população fixa. É o que ocorre em 
investigações longitudinais de morbidade, nas quais é feito o segmento de um 
grupo de pessoas por um determinado tempo, por exemplo, de indivíduos 
expostos a acidentes de radiação nuclear. Na população não há entrada de 
novos membros. Em tal situação, os resultados podem ser expressos por meio 
da incidência acumulada. 
Incidência acumulada (IA): fornece a melhor estimativa de quantas 
pessoas terá a doença em uma população. É estimada de acordo com a 
equação: 
 
IA = número de indivíduos acometidos pela doença, no período x Constante 
Número de indivíduos sadios, no início do período 
 
EXEMPLO: 26 casos de leucemia detectados entre 520 pessoas 
expostas à radiação pelo Césio 134, em 10 anos de acompanhamento. Cálculo 
da incidência cumulada: 
IA = 26/520 X 100 = 5 casos por 100 habitantes em 10anos 
 
Taxa de ataque: nos casos de doenças ou agravos de natureza 
aguda, que coloquem em risco toda a população ou parte dela por um período 
limitado, a incidência recebe a denominação taxa de ataque. É o que ocorre, 
tipicamente, nos surtos epidêmicos. As taxas de ataque são expressas em 
porcentagem. Para uma população definida (população sob risco), durante um 
intervalo de tempo limitado, podemos calcular a taxa de ataque da seguinte 
forma: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 99 
 
Taxa de ataque = Nº de casos novos numa população durante um determinado período x Constante 
 População sob risco no início do período 
 
EXEMPLO: Entre os 257 pessoas que jantaram no restaurante A, no 
dia 21 de setembro de 2007, 90 desenvolveram um quadro agudo de 
gastrenterite. 
Assim, para calcular a taxa de ataque de gastrenterite, devemos 
primeiro definir o numerador e o denominador: 
Numerador: casos de gastrenterite identificados no intervalo de tempo 
correspondente ao período de incubação da gastrenterite entre as pessoas que 
participaram do jantar no restaurante A em 21 de setembro de 2007. 
Denominador: número de pessoas que participaram do jantar no 
restaurante A em 21 de setembro de 2007. 
Portanto, 
 
Taxa de ataque = 90x100/257 = 35% 
 
Assim, podemos dizer que a probabilidade de desenvolver um quadro 
de gastrenterite entre os participantes do jantar no restaurante A em 21 de 
setembro de 2007 foi de 35%. 
Taxa de ataque secundário: é a medida de frequência de casos 
novos de uma doença entre contatos de casos conhecidos. O cálculo da taxa 
de ataque secundário pode ser efetuado da seguinte forma: 
 
Taxa de ataque secundário = 
Nº de casos entre contatos de casos primários durante um intervalo de tempo x Constante 
Número total de contatos 
 
Exemplo: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 100 
 
FIGURA 6 – DISSEMINAÇÃO SECUNDÁRIA DE HEPATITE A A PARTIR DA 
CRECHE PARA RESIDÊNCIAS 
 
FONTE: Disponível em: 
http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/03_02_02.html. 
Acesso em: 27 Dez. 2012. 
 
 
Entre as 70 crianças que frequentam uma escola ocorreram sete casos 
de hepatite A. As crianças pertencem a sete diferentes famílias, compostas por 
um total de 32 pessoas. Após um intervaloequivalente a um período de 
incubação, cinco membros das sete famílias desenvolveram hepatite A. 
O cálculo da taxa de ataque de hepatite A na escola e a taxa de 
ataque secundário entre os contatos domiciliares deve ser feito da seguinte 
maneira: 
1) Taxa de ataque na creche: 
Numerador: casos de hepatite A entre crianças que frequentam a escola 
= 7 
Denominador: número de crianças que frequentam a escola = 70 
 
Portanto, 
Taxa de ataque = 7x100/70 = 10% 
 
2) Taxa de ataque secundário 
 
 
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 101 
Numerador: casos de hepatite A entre os contatos domiciliares das 
crianças que desenvolveram hepatite A= 5 
Denominador: número de pessoas sob risco de desenvolverem 
hepatite A entre os contatos domiciliares (número de membros das famílias, 
excluídas as crianças que já apresentavam hepatite A). 
 
Portanto, 
Taxa de ataque = 5x100/ (32-7) = 500/25 = 20% 
 
A Taxa de mortalidade é um tipo de taxa de incidência que 
discutiremos com maiores detalhes mais adiante. Ela é a medida mais utilizada 
em saúde coletiva. 
 
b) PREVALÊNCIA 
 
Prevalência é definida como a frequência de casos existentes de uma 
determinada doença, em uma determinada população e em um dado momento 
(COSTA; KALE, 2005). 
Os casos existentes, ou prevalentes, são aqueles que envolvem 
pessoas que adoecem em algum momento do passado mais ou menos remoto, 
por exemplo, os casos antigos e os novos e que estão vivos quando se realiza 
a observação. Assim, os doentes que vierem a falecer antes do período de 
observação não são considerados da prevalência. 
A prevalência assemelha-se a uma fotografia na qual se registra a 
fração de indivíduos doentes, naquele instante do tempo. É uma medida 
estatística em relação ao processo de adoecer. No cálculo da prevalência o 
numerador abrange o total de pessoas que se apresentam doentes em um 
período determinado (casos novos acrescidos dos já existentes). Por sua vez, 
o denominador é a população da comunidade no mesmo período. A 
prevalência pode ser expressa da seguinte forma: 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 102 
 
Taxa de Prevalência = Nº de casos existentes x Constante 
 Número de pessoas da População durante o mesmo período 
 
 
 
EXEMPLO: Entre 400 crianças submetidas a exame de parasitológico 
de fezes, no início do ano, foram encontrados 40 com exames positivos para 
Ascaris. Calcule a prevalência: 
 
TP = 40/400 X 1000 = 100 casos em 1000 habitantes ou 10%. 
 
A prevalência pode ser entendida como um corte da população em 
determinado ponto no tempo. Nesse momento, determinam-se quem tem e 
quem não tem certa doença. Conforme as características da doença 
investigada, podemos encontrar pessoas que adoeceram há uma semana, um 
mês, um ano ou ainda 10 ou 15 anos. De um modo geral, quando estimamos a 
prevalência de uma doença na comunidade, não levamos em conta a duração. 
O termo prevalência, usado sem especificação, refere à prevalência 
pontual ou instantânea. Logo, é efetuada em um ponto definido no tempo, 
como, por exemplo, dia, semana, mês, ano. Sendo uma proporção, a 
prevalência pontual é uma medida adimensional. Os seus valores possíveis 
estão incluídos no intervalo fechado entre 0 e 1, e são usualmente expressos 
por percentuais. 
Entretanto, desde que especificadas, as estimativas de prevalência 
podem ser apresentadas como frações de qualquer potência com base igual a 
10 (dez), com a intenção de facilitar a sua interpretação. Por exemplo, uma 
estimativa de prevalência igual a 0,01% equivale a um caso entre 10.000 
pessoas (COSTA; KALE, 2005). No entanto, há também a prevalência no 
período, pouco empregada, que inclui os casos existentes em um dado 
momento somados aos que ocorreram no passado. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 103 
 
6.3.4.1 Relações entre incidência e prevalência 
 
 
FIGURA 7 - DIFERENTES RELAÇÕES ENTRE INCIDÊNCIA E 
PREVALÊNCIA 
 
FONTE: Saúde e Cidadania. Vigilância em Saúde Pública. Disponível em: 
<http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/03_02_04.htm
l>. Acesso em: 25 fev. 2008. 
 
 
A figura 7 acima apresenta algumas relações entre incidência e 
prevalência. Na figura 7a observa-se um tanque, que representa uma 
comunidade, e o líquido, a prevalência. 
Como fazer para aumentar a prevalência? 
Na figura 7b, a prevalência pode aumentar com a elevação da 
incidência, sem um correspondente aumento das mortes e/ou curas. 
Como fazer para diminuir a prevalência? 
A figura 7c mostra-nos que a prevalência pode diminuir com a elevação 
do número de curas e/ou mortes, mantido o mesmo nível da incidência ou com 
sua diminuição. 
Como fazer para manter um determinado nível de prevalência? 
Analisando o esquema apresentado na figura 7d, verificamos que isso 
é possível quando mantemos a incidência e mortes ou curas constantes. A 
http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/03_02_04.html
http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/03_02_04.html
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 104 
prevalência pode ser expressa como o produto da incidência pela sua duração 
média, quando a incidência é constante. 
 
Prevalência = I X D 
Ou I = P/D 
Ou D = P/I 
Onde, 
I = Incidência 
P = Prevalência 
D = duração (tempo) 
 
Complementando a figura 7, vemos a seguir vários fatores que podem 
influenciar o comportamento da prevalência (figura 8). 
 
 
FIGURA 8 - FATORES QUE INFLUEM NA MAGNITUDE DAS TAXAS DE 
PREVALÊNCIA 
 
FONTE: Saúde e Cidadania. Vigilância em Saúde Pública. Disponível em: 
<http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/03_02_04.htm
l>. Acesso em: 25 fev. 2008. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 105 
 
6.3.4.2 Uso das taxas de incidência e prevalência 
 
 
A prevalência é muito útil para medir a frequência e a magnitude de 
problemas crônicos, ao passo que a incidência é mais aplicada na mensuração 
de frequência de doenças agudas adquiridas. A incidência é mais importante 
quando se pensa na etiologia da desordem, prevalência quando se pensa na 
sobrecarga social da desordem, incluindo os custos e os recursos consumidos 
como um resultado da desordem. 
A incidência sempre requer uma duração, na prevalência pode ou não 
ser um requisito. 
 
 
 
 
Atividades de autoavaliação 
 
Teste seus conhecimentos: 
No final da apostila você encontrará a resolução do exercício, mas 
antes de ver a resposta, tente resolver sozinho. 
1. Em 1/7/80 existiam 2.000 casos de tuberculose, em tratamento, em um 
dado município, cuja população era de 1.176.935 habitantes. Calcule o 
número de casos de tuberculose em relação à população. Trata-se de 
prevalência e incidência? 
a) Incidência, cujo número de casos é de: 1,7/1000 habitantes 
b) Prevalência, cujo número de casos é de: 1,7/1000 habitantes 
c) Incidência, cujo número de casos é de: 2,7/1000 habitantes 
d) Incidência, cujo número de casos é de: 0,7/1000 habitantes 
e) Prevalência, cujo número de casos é de: 2,7/1000 habitantes 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 106 
 
6.3.5 Indicadores de Saúde 
 
 
Segundo Vermelho Costa e Kale (2005), os indicadores de saúde têm 
sido utilizados internacionalmente, com o objetivo de avaliar, sob o ponto de 
vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como fornecer subsídios 
ao planejamento de saúde, permitindo o acompanhamento das flutuações e 
tendências históricas do padrão sanitário de diferentes coletividades, em 
diversos períodos de tempo. 
Os indicadores de saúde são expressos, em sua maioria, como já 
relatados na seção 3, por meio de proporções e de taxas. 
Indicador: é o que indica, ou seja, o que reflete uma particular 
característica. Em geral, o termo indicador é utilizado para representar ou medir 
aspectos não sujeitos à observação direta; a saúde está nesse caso, assimcomo a normalidade, a qualidade de vida e a felicidade (PEREIRA, 1997). 
“Indicador ou índice” são termos empregados, ora como sinônimos, o 
que era comum no passado, ora com significados distintos, o que é a tendência 
atual. O indicador inclui apenas um aspecto: por exemplo, a mortalidade. O 
índice expressa situações multidimensionais, pois incorporam em uma medida 
única diferentes aspectos ou diferentes indicadores. Por exemplo, índice de 
morbimortalidade: incorpora tanto o impacto das doenças quanto o dos óbitos 
que incidem em uma população. 
Usualmente, as populações a que se referem os indicadores de saúde 
são dinâmicas, definidas segundo áreas de residência, como, por exemplo, 
município, estado, ou países, e por um determinado período, em geral, um ano. 
Nesse contexto, o número de pessoas expostas ao risco de adoecimento, ou 
morte, varia ao longo do ano, pois, os nascimentos e mortes, assim como as 
migrações, ocorrem em diferentes momentos. 
Para tal, assume-se que os nascimentos, as mortes e as imigrações 
ocorrem homogeneamente ao longo do ano, ou seja, os movimentos de 
entrada e saída de pessoas se compensam, nos dois semestres de um ano. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 107 
 
6.3.5.1 Critérios de avaliação de indicadores 
 
 
Conforme Pereira (1997), a escolha do indicador mais apropriado 
depende dos objetivos de cada situação, em especial, das questões científicas 
formuladas, assim como de aspectos metodológicos, éticos e operacionais. 
a) Validade: refere-se à adequação do indicador para medir ou 
representar, sinteticamente, o fenômeno considerado. Exemplo: se a condição 
a ser mensurada for a anemia, a medida de hemoglobina no sangue periférico 
pode ser um indicador de escolha, já que alcança níveis de validade julgados 
consideráveis; 
b) Confiabilidade ou reprodutibilidade: significa a obtenção de 
resultados semelhantes, quando a mensuração é repetida. Exemplo: anemia e 
cardiopatia chagásica. Ao se verificar a repetição da dosagem de hemoglobina 
ou da leitura de um traçado eletrocardiográfico, em uma mesma amostra de 
material, apresenta concordância de resultados; 
c) Representatividade (cobertura): um indicador sanitário será tanto 
mais apropriado quanto maior a cobertura populacional que alcançar. Exemplo: 
Estatísticas vitais no Brasil; 
d) Questões éticas: é imperativo ético que a coleta de dados não 
acarrete malefícios ou prejuízos às pessoas investigadas; 
e) Ângulo técnico-administrativo: o emprego de indicadores exige 
considerações detalhadas de outras características como simplicidade, 
flexibilidade, facilidade em obtenção, custo operacional, compatível e 
oportunidade. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 108 
 
6.3.5.2 Principais indicadores de saúde 
 
 
O conhecimento das condições de saúde de uma população implica o 
manuseio adequado de numerosas informações. Em avaliações realizadas na 
área da saúde, são utilizados indicadores negativos, como mortalidade e a 
morbidade, em lugar dos positivos, do tipo bem-estar de vida e normalidade. 
Dentre os indicadores de saúde, em nosso estudo podemos destacar: 
 MORBIDADE 
Morbidade é a medida de frequência de doença em uma população. 
Existem dois grupos importantes de taxas de morbidade: as de incidência e 
as de prevalência. 
 
Taxa de incidência 
Incidência = 
Nº de casos novos de uma doença num determinado período x Constante 
 Somatório de pessoas-tempo acumulada pela população durante o mesmo período. 
 
Exemplo: Uma amostra aleatória, composta de 1.000 adultos, 
residentes em um dado município, é acompanhada por um ano. Findando este 
período, constatou-se que 100 deles foram vítimas de acidentes de trânsito. 
 
I = 100x100/1000= 10% acidentados ou 100 acidentes em 1000 
habitantes 
 
A incidência de acidentes de trânsito na população está contida em um 
intervalo de confiança de, em geral, 95% obtido a partir da incidência pontual, 
da seguinte forma: 
I + 2 √I(1-I)/n = 0,1 + 2√0,1(1-0,1)/1000 = 0,1+0,02 
Limite inferior do intervalo= 0,1-0,02 = 0,08= 8% 
Limite superior do intervalo = 0,1+0,02 = 0,12 =12% 
Portanto, os limites do intervalo são 0,08 a 0,12, ou seja, o limite de 
confiança vai de 8% a 12%. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 109 
 
Taxa de prevalência: 
 
Prevalência = 
Nº de casos conhecidos da doença num determinado período x Constante 
 População durante o mesmo período 
 
 
Exemplo: Uma investigação realizada em um dado município promoveu 
o exame de pressão arterial de 1.000 adultos, aleatoriamente selecionados, 
dos quais 100 foram considerados hipertensos. 
P = 100x100/1000= 10% hipertensos ou 100 hipertensos em 
1000habitantes 
 
A prevalência de hipertensão na população estará contida em um 
intervalo de confiança de, em geral, 95% obtido a partir da incidência pontual, 
da seguinte forma: 
I + 2 √I(1-I) /n = 0,1 + 2√0,1(1-0,1) /1000 = 0,1+0,02 
Limite inferior do intervalo= 0,1-0,02 = 0,08= 8% 
Limite superior do intervalo = 0,1+0,02 = 0,12 =12% 
Portanto, os limites do intervalo são 0,08 a 0,12, ou seja, o limite de 
confiança vai de 8% a 12%. 
Existe um complexo problema conceitual quando se lida com 
morbidade, pois diferentes perspectivas podem ser consideradas. A palavra 
doença denota uma ou todas as seguintes acepções: 
a) Anormalidade do estado de saúde, da maneira como ele é 
percebido pelo paciente, ou seja, uma queixa, sofrimento ou incômodo físico ou 
mental. O termo moléstia é o mais adequado para caracterizar esta situação; 
b) Anormalidade biológica em estrutura ou função, diagnosticada por 
um profissional de saúde, após o exame do paciente. Em termos técnicos, 
doença designa uma entidade patológica definida por: um agente etiológico 
reconhecido, um grupo identificável de sinais e sintomas e alterações 
anatômicas consistentes; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 110 
c) A expressão social da morbidade representada pelas atitudes e 
comportamentos assumidos pelas pessoas, quando percebem desvios da 
normalidade na sua própria saúde. 
 
Então, um indivíduo pode sentir-se mal (refere-se ao item A) sem ter 
anormalidade orgânica detectável (item B) e nem passar-se por doente (item 
C). Outro pode sentir-se bem (item A), mas, ser portador, sem saber, de uma 
anormalidade biológica (item B) e quando dela tem conhecimento, após um 
exame médico, assumir ou não o papel de doente (item C) (PEREIRA, 1997). 
Em resultado das diferentes acepções acima descritas, as frequências 
de morbidade na população serão variáveis em função do aspecto, que é 
levado em conta na aferição. Assim, os profissionais de saúde referem-se a 
dois aspectos básicos: 
- Morbidade referida: é aquela percebida pelo indivíduo e relatada por 
ele durante uma entrevista; 
- Morbidade observada ou diagnosticada: é aquela diagnosticada 
por um examinador independente, em geral, um profissional da saúde de nível 
superior, utilizando métodos apropriados, cientificamente testados. 
 
Fontes de dados para o conhecimento da morbidade 
As fontes de dados para a computação de indicadores de morbidade 
podem ser os “registros” e as “pessoas”. 
Os registros rotineiros de dados são muito convenientes para o 
estudo da morbidade: eles existem em todos os estabelecimentos que fazem 
documentação, por escrito, das pessoas que os procuram, dos seus motivos, 
diagnósticos, tratamentos e encaminhamentos. Estes registros podem ser 
disponibilizados em forma de quadros estatísticos. As publicações contendo 
estatísticas de morbidade representam a primeira fonte de informação para o 
profissional de saúde, é uma forma rápida de coleta de dados. 
Na ausência de estatísticas que informem adequadamente a extensão 
do problema e suas principais características podem-se utilizar os 
levantamentos, investigando-se os prontuários, ou por inquéritos, entrando 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 111 
em contato com as pessoas, para saber o estado de saúde e os fatores a ele 
relacionados,entre os quais as opiniões e atitudes dos indivíduos. 
 
Registro rotineiro de atendimento 
Os principais registros rotineiros de dados sobre a saúde das pessoas, 
utilizados para a elaboração dos perfis de morbidade, são: 
a) Prontuários: são documentos resultantes das consultas, exames 
complementares e internações que as pessoas se submetem, e são mantidas 
em fichas, formulários ou atestados. Este documento permite acompanhar a 
evolução dos cuidados ao paciente e de sua saúde, constituindo-se um meio 
de comunicação entre os profissionais de saúde que se interessam no caso 
para um eventual atendimento; 
b) Notificação compulsória: é a notificação obrigatória de casos de 
doenças da listagem de doenças de notificação compulsória. Além das 
doenças de notificação compulsória todo e qualquer surto ou epidemia, assim 
como a ocorrência de agravo inusitado, independente de constar na lista de 
doenças de notificação compulsória, deve ser notificado. A obrigatoriedade da 
notificação é definida pela Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. O sistema 
resultante é chamado de “vigilância epidemiológica”, que será tratado na 
seção 5. A notificação compulsória produz informações valiosas para o trabalho 
diário de departamentos de saúde pública, pois permite tomar as medidas 
cabíveis em relação às pessoas e aos seus contatos; 
c) Registro de doenças: determinadas doenças são objetos de 
atenção especial, estabelecendo-se para elas um sistema próprio de anotação. 
Os tipos de registros de doenças podem ser classificados em três categorias: 
- Uni-institucional: é aquele que centraliza os dados dos pacientes 
atendidos na instituição, portadores de uma determinada condição. Exemplo: 
doenças infecciosas crônicas, tuberculose, hanseníase, câncer, AIDS; 
- Multi-institucional: trata-se de um sistema de informação sobre um 
dado agravo à saúde semelhante ao anterior, porém em maior escala, pois há 
uma rede de estabelecimentos envolvidos. Exemplo: projetos multicêntricos; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 112 
- Populacional: o registro em base populacional representa a tentativa 
de coletar dados uniformes sobre todos os casos novos de uma doença, 
ocorridos em uma população, de tamanho e composição conhecida. 
d) Cruzamento de dados: nos grandes centros urbanos existem muitos 
estabelecimentos de saúde, cada qual retendo dados detalhados sobre 
doenças e óbitos do estrato da população que atende, com omissão de parte 
significativa de outros segmentos, cujo conhecimento seria importante para a 
elaboração do perfil local de morbidade. A técnica de cruzamento (ou ligação) 
de registro é conhecida também pela terminologia linkage; 
e) Inquéritos de morbidade: têm o objetivo de obter dados sobre a 
frequência de agravos à saúde que ocorrem na população. Ao lado da 
investigação da morbidade são incluídos tópicos sobre fatores de risco, 
serviços de saúde, o consumo de medicamentos, conhecimentos, atitudes, 
práticas relacionadas com a saúde, além de dados demográficos para 
caracterizar as pessoas das quais os dados foram obtidos. Os tipos de 
inquéritos são: 
- Por entrevista e exames: a entrevista é o método mais utilizado em 
inquéritos domiciliares, por sua simplicidade; 
- Inquéritos gerais e específicos: os inquéritos gerais têm o objetivo de 
investigar o conjunto de agravos à saúde em uma população definida, ou seja, 
a morbidade geral. Nos inquéritos específicos busca-se investigar uma 
condição de cada vez, por exemplo: hipertensão, alcoolismo, diabetes ou 
estado nutricional; 
- Pesquisa nacional por amostragem de domicílios (PNAD): tem o 
propósito de buscar as informações não disponíveis ou não suficientes 
cobertas pelos sistemas convencionais de informação econômica e social, de 
modo a compor uma visão geral e atualizada do país. O PNDA é um inquérito 
de prevalência. A abrangência é nacional, sendo representativa de unidades da 
federação e das nove regiões metropolitanas. Não é feito na região rural do 
norte do Brasil, por questões econômicas; 
- Prevalência e incidência: refere-se, por facilidades operacionais e 
visando redução de custos, à procedência de uma estimativa da frequência do 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 113 
evento por meio da obtenção de dados em amostragem aleatória desta 
população. 
 
 
 
 
Atividades de autoavaliação 
 
Teste seu conhecimento. 
No final da apostila você encontrará a resposta, mas antes de ver, 
tente fazer sozinho. 
2. No ano de 1992 foram detectados 473 casos novos de hanseníase no 
DF. No final daquele ano, 2.563 estavam em tratamento, incluindo casos 
antigos. Admitindo-se uma população de 1,5 milhão de habitantes, 
calcule as respectivas taxas de incidência e prevalência. 
a) Prevalência: 1,7/1000 habitantes e incidência: 0,3/1000 habitantes. 
b) Prevalência: 0,3/1000 habitantes e incidência:1,7/1000 habitantes. 
c) Prevalência: 0,5/1000 habitantes e incidência:1,7/1000 habitantes. 
d) Prevalência: 0,7/1000 habitantes e incidência: 0,3/1000 habitantes. 
e) Prevalência: 1,7/1000 habitantes e incidência: 0,6/1000 habitantes. 
 
Classificação da morbidade – Classificação internacional das Doenças 
(CID) 
Por intermédio da Portaria nº 1.311, de 12 de setembro de 1997, foi 
definida no Brasil a implantação da Classificação Estatística Internacional 
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), que entrou em 
vigor em janeiro de 1998, em todo o território brasileiro, nos itens Morbidade 
Hospitalar e Ambulatorial. Assim, compatibilizando o Sistema de Informação de 
Mortalidade, objeto da portaria GM/MS/nº 1.832/94, com o de Morbidade. 
 
Grupo de causas na Classificação Internacional de doenças (Décima 
Revisão – CDI): 
I Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99); 
 
 
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 114 
II Neoplasias [tumores] (C00-D48); 
III Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos e alguns transtornos 
imunitários (D50-D89); 
IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E90); 
V Transtornos mentais e comportamentais (F00-F99); 
VI Doenças do sistema nervoso (G00-G99); 
VII Doenças do olho e anexos (H00-H59); 
VIII Doenças do ouvido e da apófise mastoide (H60-H95); 
IX Doenças do aparelho circulatório (I00-I99); 
X Doenças do aparelho respiratório (J00-J99); 
XI Doenças do aparelho digestivo (K00-K93); 
XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00-L99); 
XIII Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00-M99); 
XIV Doenças do aparelho geniturinário (N00-N99); 
XV Gravidez, parto e puerpério (O00-O99); 
XVI Algumas afecções originadas no período perinatal (P00-P96); 
XVII Más formações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas 
(Q00-Q99); 
XVIII Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, 
não classificados em outra parte (R00-R99); 
XIX Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas 
externas (S00-T98); 
XX Causas externas de morbidade e de mortalidade (V01-Y98); 
XXI Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de 
saúde (Z00-Z99). 
 
 
 
 
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 115 
 
 MORTALIDADE 
 
Taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado 
demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em 
uma dada região, em um período de tempo. A taxa de mortalidade pode ser 
tida como um forte indicador social, já que, quanto piores as condições de 
vida, maior a taxa de mortalidade e menor a esperança de vida. No entanto, 
pode ser fortemente afetada pela longevidade da população, perdendo a 
sensibilidade para acompanhamento demográfico (PEREIRA, 1997). 
 
Principais usos: 
 Descrição das condições de saúde de uma população; 
 Investigação epidemiológica; 
 Avaliação de intervenções saneadoras. 
 
Limitações do uso da mortalidade como indicador: 
 Exprimem gravidade/ refletem uma história incompleta da 
doença; 
 Danos que raramente levam ao óbitonão são 
representados; 
 Óbitos são eventos que incidem em pequena parcela da 
população; 
 As mudanças nas taxas de mortalidade são lentas 
(ROUQUAYROL; ALMEIDA-FILHO, 2003). 
Principais indicadores de mortalidade: 
 Coeficiente geral de mortalidade: é o número total de óbitos 
ocorridos em uma população e em determinado período – um 
ano, habitualmente – é dividido pelo número de habitantes 
existentes no mesmo período (PEREIRA, 2007). 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Demografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Indicador_social
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esperan%C3%A7a_de_vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Longevidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Demografia
 
 
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 116 
 
Coeficiente de mortalidade geral = Número total de óbitos no período x 1.000 
 População total, no período 
 
EXEMPLO: A população brasileira, estimada pelo IBGE para o ano de 
2004 foi de 179.108.134 habitantes, sendo a maioria 50,8% do sexo feminino. 
A região sudeste apresenta a maior concentração de população (42,6%), 
seguida pela região nordeste (27,8%). Em 2004, foi registrado um total de 
1.024.073 óbitos, dos quais 58% foram de indivíduos do sexo masculino 
(BRASIL, 2006). 
 
Assim, o coeficiente geral do Brasil em 2004 foi: 
Coeficiente de mortalidade geral = 1.024.073/179.108.134 x 1000 = 5,7 por 
1000habitantes 
Logo, morrem cerca seis pessoas em cada mil habitantes. 
 
 Coeficientes específicos e mortalidade proporcional: pode-se 
organizar a distribuição de óbitos para numerosas características e 
do meio ambiente. Os registros oficiais de óbitos, em geral, são 
precisos para expressar a mortalidade pelos seguintes parâmetros: 
sexo, idade, causa, local de residência do falecido e local e época de 
ocorrência do óbito. 
 
Formas mais comum de apresentação das estatísticas: 
 Mortalidade por sexo: separar os óbitos por sexo é um caminho 
habitualmente seguido para estudar o perfil da mortalidade, haja 
vista as marcantes diferenças existentes, neste particular, entre o 
que ocorre no homem e na mulher (PEREIRA, 1997). 
 
 
Coeficiente de mortalidade por sexo = Número total de óbitos de um sexo no período x 1.000 
 População do mesmo sexo, no período 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 117 
EXEMPLO: A população masculina estimada pelo IBGE para o ano de 
2004 foi de 88.121.202 homens. Em 2004, foi registrado um total de 593.962 
óbitos de indivíduos do sexo masculino (BRASIL, 2006). 
 
Assim, a taxa de mortalidade do Brasil para o sexo masculino foi: 
 
Coeficiente de mortalidade homens = 593.962/88.121.202 x 1000 = 
0,67 por 1000 habitantes ou 6,7 por 10000 habitantes 
 
Logo, morrem cerca de sete homens em cada mil habitantes. 
 
 Mortalidade por local: quando um doente falece, o óbito deve 
ser registrado em cartório no local que ocorreu o falecimento. 
 
 Mortalidade por causa: na falta de dados de morbidade que 
apontam para a frequência de doenças, a taxa de mortalidade 
suprime, em parte, esta deficiência, subsidiando os profissionais de 
saúde com informações sobre determinadas condições mórbidas. As 
causas apostas nos atestados nos permitem conhecer de que morrem 
as pessoas e, em seu conjunto, fornecem o perfil de saúde da 
população (PEREIRA, 1997). 
 
Coeficiente de mortalidade por causa = 
Número total de óbitos por determinada causa no período x 100mil 
População Total de causas no período 
 
 O modo mais simples de representar a mortalidade por causa consiste 
em distribuí-la segundo os cinco grupos em que ocorre maior número de 
óbitos: 
Coeficiente de mortalidade materna: é considerada morte materna o 
óbito de mulher em idade fértil devido a complicações da gestação, do parto e 
do puerpério. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 118 
 
Coeficiente de mortalidade materna = 
Número de óbitos por causa ligada à gravidez, parto x 100mil e puerpério, no período . 
Número de nascidos vivos, no período 
 
Coeficiente de mortalidade de causas externas: englobam os 
suicídios, homicídios e os acidentes. É a categoria das mortes não naturais. 
 
Coeficiente de mortalidade causas externas = 
Número de óbitos por causa ligada homicídio, suicídio x 100 mil e acidente 
Total de óbitos no período 
 
Coeficiente de mortalidade de causas evitáveis: englobam as 
causas evitáveis ou susceptíveis de redução ou eliminação, por intermédio dos 
diversos instrumentos resolutivos do sistema de saúde. Exemplo: Morte 
materna obstétrica. 
 
Coeficiente de mortalidade causas externas = 
Número de óbitos por causa ligada causas evitáveis x 100mil no período. 
Total de óbitos no período 
 
 Mortalidade por idade: é a expressão do número de óbitos por 
grupos etários. 
 
Coeficiente de mortalidade por idade = Número total de óbitos no grupo etário no período x 100mil 
 População do mesmo grupo etário, na metade do período 
 
A distribuição de óbitos por grupo etário é a forma mais utilizada de 
estatística de mortalidade. A escolha das faixas etárias a serem usadas não é 
feita ao acaso, conforme a decisão de cada profissional. A OMS fornece 
orientações sobre estes tópicos no próprio manual da CID. As agências 
governamentais já apresentam os dados relativos aos óbitos, agrupados em 
determinadas faixas etárias. 
 
Os óbitos neonatais x pós-neonatais 
É clássico dividir o primeiro ano de vida em dois períodos: 
 Neonatais ou infantil precoce: corresponde 
às quatro primeiras semanas de vida; 
 
 
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 Pós-natais ou infantil tardio: referente ao 
período restante do primeiro ano de vida. 
No início da vida extrauterina, corresponde ao período neonatal, 
sobressaem, na morbimortalidade, as repercussões das agressões sofridas 
pelo feto, durante a vida intrauterina, e também das condições do parto. 
Segundo Vermelho Costa e Kale (2005), é conveniente dividir em fases 
o período que vai da concepção ao final do primeiro ano de vida, para melhor 
investigar a incidência dos óbitos, pois riscos de morrer não estão igualmente 
distribuídos no período: 
 
FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DA DURAÇÃO DOS PERÍODOS 
PERINATAIS, NEONATAIS E INFANTIL 
Concepção 
 
22semanas 
de gestação 
Período 
perinatal 
 
 
 
 
Parto 0 Período neonatal 
precoce 
Período 
neonatal (ou 
infantil precoce 
 Primeiro ano de vida 
(Período infantil) 
7 dias Período neonatal 
tardio 
 
14 dias 
21 dias 
28 dias Período pós-
neonatal (ou 
infantil tardio) 
Primeiro 
aniversário 
FONTE: Vermelho; Leal; Kale, 2005. 
Conforme Vermelho, Leal e Kale (2005), o risco de morte varia ao 
longo do primeiro ano de vida, principalmente quando se consideram as causas 
 
 
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de óbitos e seus respectivos fatores determinantes. Por este motivo, o 
coeficiente de mortalidade infantil é subdividido em dois componentes, 
denominados: neonatal e pós-neonatal. 
O coeficiente de mortalidade infantil é uma estimativa do risco de 
morte antes de completarem um ano de idade. É o indicador mais empregado 
para medir o nível de saúde e de desenvolvimento social de uma região. 
 
O seu cálculo é apresentado pela equação a seguir: 
 
Coeficiente de mortalidade infantil = Número total de óbitos de crianças < 1ano x Constante 
 Número de nascidos vivos no período 
 
No Brasil, no ano de 2004, os óbitos de menores de um ano de idade 
foram de 54.183 crianças e a taxa de mortalidade infantil foi 22,6/1000, ou seja, 
22,6 óbitos de crianças com idade inferior a um ano a cada 1.000 nascidos 
vivos (BRASIL, 2006). Os coeficientes de mortalidade infantil são classificados 
em baixo, médio ou alto, em função da proximidade ou distância que varia com 
o tempo. 
Interpretação do coeficiente de mortalidade infantil: 
 50 ou mais = Alta; 
 20-49 = Média; 
 Abaixo de 20 = Baixa. 
 
Coeficiente