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AN02FREV001/REV 4.0 25 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE INFECÇÃO HOSPITALAR – PREVENÇÃO E TRATAMENTO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 26 INFECÇÃO HOSPITALAR – PREVENÇÃO E TRATAMENTO MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 27 MÓDULO II 5 TIPOS DE INFECÇÃO HOSPITALAR A seguir estudaremos os tipos de infecção hospitalar. Atente para cada um deles com atenção. É importante conhecê-los a fim de que possamos reconhecer seus sinais e sintomas, bem como sua etiologia. Segundo Martins (2006), no Brasil, há diferenças econômicas, sociais e culturais, além disso, existem grandes diferenças regionais na prevenção e no controle das IHs. Um dos problemas mais graves que atingem os hospitais brasileiros, especialmente os universitários, é o aumento de micro-organismos multirresistentes. O que são Bactérias Multirresistentes? Bactérias multirresistentes são aquelas que desenvolveram cepas resistentes a grande número de antibióticos. O surgimento de cepas de micro-organismos multirresistentes a antibióticos é extremamente preocupante na medida em que caminhamos para um ponto em que certas infecções serão, em um futuro não muito distante, intratáveis (COHEN, 1992). É importante conhecer estas informações haja vista que muitas das infecções hospitalares podem estar relacionadas ao contágio por bactérias resistentes. Com isso, as medidas de segurança e vigilância epidemiológica deverão ser mais apuradas na tentativa de controle imediato da situação. Sabemos muitas vezes que estas bactérias tornam-se tão resistentes que causam a morte de inúmeros pacientes, principalmente aqueles que se encontram imunodeprimidos. AN02FREV001/REV 4.0 28 A seguir gráfico referente à distribuição das infecções hospitalares em pacientes internados em UTIs adulto realizada pela ANVISA em conjunto com a Universidade de São Paulo. FIGURA 10 - TAXAS DE IHS EM UTI ADULTO FONTE: Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/infectes_hospitalares_panorama.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2012. Muitos estudiosos afirmam que as Unidades de Terapia Intensiva encontram-se os maiores riscos de infecção, haja vista serem locais com grande concentração de pacientes graves e uso frequente de antibióticos. A AMIB (Associação Brasileira de Medicina Intensiva Brasileira) realizou um estudo no qual se constatou que 16,9% dos pacientes internados em UTIs adquiriram infecções e sepse. Desses, a mortalidade geral foi de 46%, sendo que 35,6% referente à sepse grave e 63,9% ao choque séptico. Dessa forma, percebemos que nas áreas hospitalares destinadas ao http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/infectes_hospitalares_panorama.pdf AN02FREV001/REV 4.0 29 cuidado intensivo demandam mais atenção em relação à qualidade do atendimento prestado bem como aos cuidados referentes à prevenção das IHs. Você sabe o que são bactérias gram-positivas e gram- negativas? É uma análise microscópica em que é realizada uma técnica de coloração a qual divide as bactérias em dois grupos: gram-positivas e gram-negativas. As gram- positivas diferenciam-se por apresentarem uma coloração violácea; já as gram- negativas vermelhas. Esta diferenciação ocorre devido às camadas externas das bactérias, fato que determina a ação de antibióticos no tratamento das infecções causadas por esses micro-organismos. FIGURA 11 - BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS E NEGATIVAS FONTE: Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br>. Acesso em: 06 fev. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 30 5.1 INFECÇÕES URINÁRIAS As Infecções urinárias (ITUs) ocorrem quando há a proliferação de micro- organismos no trato urinário. Esta infecção pode ser sintomática ou assintomática. Os micro-organismos podem chegar ao trato urinário através de três vias: ascendente, hematogênica ou linfática (ORTIZ, MAIA, 1999). A forma ascendente ocorre quando a infecção inicia-se na uretra ou bexiga e atinge as estruturas renais. A Hematogênica quando o sistema circulatório encontra- se contaminado pelo micro-organismo e este atinge o sistema urinário. Já a linfática ocorre quando há a disseminação de patógenos por meio do sistema linfático, no qual há a migração deste micro-organismo para outras estruturas do corpo. Segundo Mermel (2002), são de extrema importância as infecções urinárias que acometem pacientes em uso crônico de cateterismo vesical. A simples manipulação inadequada durante uma cateterização vesical pode ocasionar danos ao paciente, que poderão levá-lo a desenvolver uma infecção por iatrogenia. Cabe ressaltar que muitas vezes os indivíduos hospitalizados encontram- se imunodeprimidos, fato que aumenta ainda mais os riscos de contaminação e a suscetibilidade de proliferação de patógenos. Para Amadeu et al (2009) as ITUs são divididas em: Altas (superior): as quais acometem o parênquima renal ou ureteres; Baixas (inferior): envolvem a bexiga e a uretra. Nos homens acometem a próstata e o epidídimo. AN02FREV001/REV 4.0 31 A seguir ilustração do Trato urinário, a fim de visualizarmos as estruturas alvo de nosso estudo. FIGURA 12 - TRATO URINÁRIO FONTE: Disponível em: <http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_11/cap_122.html>. Acesso em: 06 fev. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 32 Com a finalidade de entendermos melhor as infecções urinárias devemos ter em mente alguns conceitos: 5.1.1 Bacteriúria Brunner e Suddarth (2001) conceituam bacteriúria como sendo a presença de bactérias na urina (100.000 bactérias/ml de urina ou mais geralmente indicam a infecção). Para sabermos mais sobre as infecções urinárias, também devemos conhecer alguns termos técnicos relacionados a este assunto: Poliúria: grande volume de urina durante a eliminação; Oligúria: pequeno volume de urina; Anúria: ausência de débito urinário; Disúria: dificuldade ou dor ao urinar; Nictúria: aumento excessivo do número de micções durante a noite; Hematúria: presença de sangue na urina. 5.2 SINAIS E SINTOMAS DAS ITUs Segundo Brunner e Suddarth (2001), as manifestações clínicas mais comuns às ITUs são: Disúria; AN02FREV001/REV 4.0 33 Aumento da frequência urinária; Urgência urinária; Nictúria; Dor e desconforto suprapúbicos; Hematúria que pode ser macroscópica ou microscópica; Em idosos o único sinal de ITU pode ser alterações no estado mental. 5.3 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO TRATO URINÁRIO 5.3.1 Cistite De acordo com Heilber e Shor (2003), consiste na aderência de bactérias à bexiga. Para Vieira Neto (2003), caracteriza-se clinicamente por presença de disúria, polaciúria e dor hipogástrica. 5.3.2 Uretrite Consiste na inflamação da uretra. A sintomatologia se caracteriza por queimação ao redor da área da uretra, desconforto no pênis, secreção uretral e disúria. Brunner e Suddarth (2001) descrevem a etiologia da doença em que o grande número dos casos é transmitido sexualmente por Chlamydia trachomatis, Ureoplasma urealytium e Mycoplasma genitalium. A Trychomonas vaginalis e o vírus da herpes são outros disseminados via relação sexual causando uretrite em homens e mulheres. Existemtambém as uretrites não transmitidas por via sexual, são: uretrite bacteriana e uretrite decorrente de traumas relacionados à passagem de sondas uretrais ou cistoscopia. AN02FREV001/REV 4.0 34 5.3.3 Pielonefrite Bacteriana Aguda Brunner e Suddarth (2001) definem Pielonefrite Bacteriana como uma infecção aguda e doença inflamatória do rim e pelve renal, afetando um ou ambos os rins. Manifestam-se por meio de febre, calafrios, náuseas, vômito e dor no flanco. Sua etiologia é ampla, podendo resultar da infecção de bactérias entéricas, obstrução ou infecção urinária, doenças renais, gestação, infecções do sangue e distúrbios metabólicos. É uma das doenças mais graves relacionadas às infecções uretrais. 5.3.4 Prostatite O termo prostatite representa diversos grupos de síndromes com os mais variados sintomas, desde quadro agudo com sintomas intensos do trato urinário inferior a indivíduos assintomáticos (NEUMAIER, 2006). Ainda segundo Neumaier (2006), a prostatite bacteriana caracteriza-se por bacteiúria com sintomas agudos do trato urinário. Os agentes etiológicos mais comuns são E.coli (80% dos casos), Pseudomonas aeruginosa, Serratia, Klebisella, Proteus e Entericoccus. 5.4 EXAMES DIAGNÓSTICOS As manifestações clínicas acima descritas podem levar a suspeita de infecção urinária, no entanto o diagnóstico deve ser realizado pelo médico por meio de avaliação clínica e realização de exames complementares. Os tipos mais comuns de exames para esta finalidade são o EAS (exames de urina simples ou urina tipo I) e nos casos de confirmação da proliferação de AN02FREV001/REV 4.0 35 bactérias na urina ou de acordo com análise médica, pode ser realizada a urocultura de urina. De acordo com Colombeli e Falkenberg (2006), exames laboratoriais solicitados em caso de suspeita de infecção do trato urinário envolvem, por exemplo, a detecção de bactérias e/ou leucócitos por tiras reagentes de urina, exame microscópico do sedimento ou cultura de urina. Como devemos colher estes exames corretamente? 5.4.1 EAS Efetuar a lavagem adequada da parte externa do aparelho geniturinário, secando posteriormente; Colher a urina em um frasco limpo e seco; Muitas vezes será necessário coletar a urina do paciente através de sondagem de alívio utilizando a técnica adequada e asséptica; Caso o paciente tenha condições de realizá-lo sozinho, solicitar que despreze a primeira porção de urina e em seguida coletar diretamente no frasco fechando-o em seguida; Encaminhar o exame ao laboratório. O exame de urina tipo I, quando realizado de maneira correta, é um ótimo auxiliar no que diz respeito ao diagnóstico da infecção urinária sendo conhecido como um teste de triagem e é uma avaliação de rotina. É um exame que envolve um custo baixo, a amostra é de fácil obtenção e a execução é bastante simples. Além disso, permite a detecção de inúmeras enfermidades de grande importância que incluem doenças renais e do sistema geniturinário e até mesmo o câncer (COSTA et al, 2006). AN02FREV001/REV 4.0 36 5.4.2 Coleta de Urina para Exame Bacteriológico – Urocultura Efetuar a lavagem adequada da parte externa do aparelho geniturinário, secando posteriormente; Colher a urina em um frasco estéril tomando o devido cuidado para não tocar a parte interior do frasco coletor; Muitas vezes será necessário coletar a urina do paciente por meio de sondagem de alívio utilizando a técnica adequada e asséptica; Caso o paciente tenha condições de realizá-lo sozinho, solicitar que despreze a primeira porção de urina e em seguida coletar diretamente no frasco fechando-o em seguida; Encaminhar o exame ao laboratório. Observação: o frasco deve ser devidamente identificado com o nome do paciente, data da coleta, leito (caso esteja hospitalizado) e demais dados exigidos pelo laboratório. AN02FREV001/REV 4.0 37 FIGURA 13 - FRASCO PARA COLETA DE EXAME DE URINA FONTE: Disponível em: <http://sintomasedicas.com>. Acesso em: 06 fev. 2012. 5.5 BACTÉRIAS CAUSADORAS DE ITU A frequência dos germes causadores de ITU varia na dependência de onde foi adquirida a infecção, intra ou extra-hospitalar e também difere em cada ambiente hospitalar considerado. Os maiores responsáveis pela ITU são os germes gram-negativos entéricos especialmente a E.coli, que é o mais frequente independente da série estudada, seguido dos demais gram- negativos como Klebsiella, Enterobacter, Acinetobacter, Proteus, Pseudomonas, etc. Além destes, na maioria das séries americanas, o Staphylococcus saprophyticus, um germe gram-positivo, tem sido apontado como segunda causa mais frequente de ITU não complicada (HEILBER, SHOR, 2003,). AN02FREV001/REV 4.0 38 FIGURA 14 - E. COLI FONTE: Disponível em: <http://www.inquisitr.com/151052/study-finds-e-coli-bacteria-in-1-out-of-6- mobile-phones/>. Acesso em: 06 fev. 2012. As complicações em longo prazo da infecção urinária incluem o desenvolvimento de cicatrizes renais, a hipertensão arterial, a insuficiência renal crônica e em casos mais graves a migração destes micro-organismos para corrente sanguínea. 5.6 INFECÇÕES CIRÚRGICAS As infecções do sítio cirúrgico (ISC) são aquelas adquiridas no ato operatório às quais ocorrem, segundo o Ministério da Saúde (2005), em até 30 dias após o ato cirúrgico, ou ainda, se for introduzida prótese, este prazo é de um ano. Segundo Emori e Gaynes (1993), são responsáveis por 14% a 16% da totalidade das infecções hospitalares, representando um problema de saúde pública, pois ocasiona aumento da mortalidade, morbidade e dos gastos hospitalares. Visualmente a incisão cirúrgica apresenta secreção purulenta, edema, dor, calor e rubor. Em alguns casos poderá haver a presença de abcesso. http://www.inquisitr.com/151052/study-finds-e-coli-bacteria-in-1-out-of-6-mobile-phones/ http://www.inquisitr.com/151052/study-finds-e-coli-bacteria-in-1-out-of-6-mobile-phones/ AN02FREV001/REV 4.0 39 FIGURA 15 - CENTRO CIRÚRGICO FONTE: Disponível em: <http://www.solacqua.com.br/>. Acesso em: 06 fev. 2012. Para melhor entendermos as ISC devemos conhecer os conceitos a seguir em relação às fases cirúrgicas: Segundo Smeltzer e Bare (2004), são: Pré-operatória: período que compreende o momento da decisão de se realizar o procedimento cirúrgico até quando se dá a internação cirúrgica, terminando quando o paciente der entrada na sala cirúrgica; Intraoperatória: período que compreende a transferência do paciente para mesa de cirurgia até sua admissão na sala de recuperação pós-anestésica; Pós-operatória: pode ser subdividida em: Pós-operatório imediato: quando o paciente é admitido na unidade de recuperação pós-anestésica para realização de cuidados; Pós-operatório tardio: após 48 horas da realização da cirurgia. Continua após a alta hospitalar até a completa recuperação do paciente. As ISC podem ser divididas conforme o Manual da ANVISA - Sítio Cirúrgico (2009) em: Infecção do sítio cirúrgico incisional superficial: Envolve apenas os tecidos cutâneos e subcutâneos; Ocorre em até 30 dias após o ato cirúrgico; AN02FREV001/REV 4.0 40 Pode apresentar: drenagem purulenta, dor, calor rubor, cultura positiva de material coletado, edema. Infecção do sítio cirúrgico incisional: Ocorre nos primeiros 30 dias após o ato cirúrgico ou em até um ano deste caso houver inserção de prótese; Pode apresentar: drenagem purulenta, mas que não envolva órgãos ou cavidade, deiscência parcial ou total da parede cirúrgica, cultura positiva, temperatura maior ou igual a 37, 8°C, dor. Infecção de órgão ou cavidade: Ocorre nos primeiros 30 dias apóso ato cirúrgico ou em até um ano deste caso houver inserção de prótese; Cultura positiva da secreção ou do tecido mole/cavidade, dor, calor, rubor, calafrios, hiperemia, leucocitose, dentre outros. Outro fator importante é reconhecer a classificação das cirurgias de acordo com o grau de contaminação. A ilustração a seguir define as feridas limpas, potencialmente contaminadas, contaminada e infectada. AN02FREV001/REV 4.0 41 FIGURA 16 - CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS CONFORME GRAU DE CONTAMINAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.saude.df.gov.br/sites/100/163/00007578.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2012. 5.7 DEISCÊNCIA Segundo Pereira et al (2008), deiscência é a ocorrência da separação das camadas superficiais da pele ou tecido subcutâneo, e/ou profundas da fáscia muscular em feridas cirúrgicas. A seguir ilustração de uma deiscência: AN02FREV001/REV 4.0 42 FIGURA 17 - INFECÇÃO E DEISCÊNCIA CIRÚRGICA FONTE: Disponível em: <http://www.medhiperbarica.com.br/f30.html>. Acesso em: 06 fev. 2012. Segundo Camargo (2001) a infecção da ferida operatória ocorre levando-se em consideração: fatores relacionados ao paciente, fatores bacterianos e relacionado ao procedimento cirúrgico: Fatores relacionados ao paciente: idade, sexo, risco anestésico, inerentes ao paciente (hipóxia, uremia, drogas imunossupressoras, etc.); Fatores Bacterianos: contaminação de um número acima de 100.000 organismos, características do agente invasor; Relacionado ao procedimento cirúrgico: grau de contaminação da cirurgia, duração da cirurgia, tipo de cirurgia (em cirurgias de emergência muitas vezes as medidas de cuidado podem não ser realizadas com o rigor adequado), técnica cirúrgica (preparo da equipe – EPI, degermação, dentre outros). http://www.medhiperbarica.com.br/f30.html AN02FREV001/REV 4.0 43 5.8 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS As infecções do trato respiratório estão entre as mais frequentes infecções humanas, sendo as do trato respiratório inferior são muitas vezes letais, principalmente em pacientes hospitalizados. Para se otimizar os procedimentos de tratamento dessas infecções, torna-se muito importante a correta identificação do agente causador, assim como o conhecimento do padrão de sensibilidade desse agente diante dos diversos antimicrobianos frequentemente utilizados na prática médica (MENDES, 1997). As pneumonias (PNM) estão entre os quatro tipos de infecções, mais frequentes, juntamente com as infecções cirúrgicas, sepse e infecções urinárias. A pneumonia se refere à inflamação distal do pulmão causada por infecção por micro-organismos e é caracterizada histologicamente pelo acúmulo de neutrófilos nos bronquíolos distais, alvéolos e interstício (GEORGE, 1996). De acordo com Rufino et al (2011), as pneumonias adquiridas no hospital (PAH) são definidas como processos inflamatórios infecciosos que se desencadeiam em decorrência do ambiente hospitalar com elevada taxa de mortalidade e morbidade. Um número entre 0,4% a 1,1% dos pacientes hospitalizados desenvolvem a PAH, sendo esta a segunda causa de infecção em pacientes internados, mas a primeira causa em unidades fechadas. Também devemos saber da existência da Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) que pode acometer pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva e que estão respirando através de ventilação mecânica. Segundo Bancock et al (1993), a incidência da PAVM é alta, podendo variar entre 6% a 52%, porém depende do tipo de UTI, da população estudada e tipo dos critérios diagnósticos utilizados. Apesar de ser uma infecção importante, possui um diagnóstico dos mais difíceis de ser realizado em um paciente gravemente doente. Pneumonia por Aspiração é segundo, Brunner e Suddarth (2001), aquela que ocorre pela inalação de secreção orofaríngea e/ou conteúdo gástrico para dentro dos pulmões. Isso pode ocorrer devido ao estado alterado de consciência do paciente, durante administração de dietas via sonda, repleção do estômago quando da dieta mal administrada, dentre outros. Pode desenvolver complicações, tais como abscessos pulmonares, Empiema ou PNM necrotizante. AN02FREV001/REV 4.0 44 A Pneumonia apresenta um início rápido e progressivo, porém é uma patologia que tende demorar a melhorar. FIGURA 18 - PACIENTE EM VENTILAÇÃO MECÂNICA FONTE: Disponível em: <http://cifba.wordpress.com/>. Acesso em: 06 fev. 2012. Brunner e Suddarth (2001) relatam que as manifestações clínicas mais comuns às pneumonias bacterianas são: Calafrios; Febre que ascende rapidamente variando entre 39,5°C a 40,5°C; Tosse produtiva com escarro purulento; Dor torácica pleurítica agravada pela respiração ou tosse; Dispneia – dificuldade respiratória; Taquipneia – aumento da frequência respiratória; Batimento das asas do nariz; Uso de músculos acessórios da respiração; Fadiga; Pulso forte e rápido. http://cifba.wordpress.com/ AN02FREV001/REV 4.0 45 FIGURA 19 – PNEUMONIA FONTE: Disponível em: <http://www.pneumo.com.br>. Acesso em: 06 fev. 2012. Acima, ilustração evidenciando o alvéolo normal e o alvéolo pulmonar comprometido pela pneumonia. Métodos diagnósticos mais comuns para Pneumonias: Raio-x de tórax; Ausculta pulmonar; Coleta de escarro para análise laboratorial; Coleta de secreção brônquica para análise laboratorial; Análise da clínica do paciente. Lembrando que estes métodos deverão ser associados para que o diagnóstico seja fidedigno. AN02FREV001/REV 4.0 46 FIGURA 20 - RAIO X DE PULMÃO COMPROMETIDO PELA PNM FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/pneumonia.htm>. Acesso em: 06 fev. 2012. Estudamos as pneumonias, porém não podemos deixar de conhecer algumas doenças do trato respiratório superior que também podem se desenvolver durante uma internação hospitalar e que muitas vezes podem desencadear processos infecciosos graves em nosso organismo. Sinusite Nosocomial: as sinusites podem se desenvolver tanto no meio em que vivemos, como durante a hospitalização. Como nosso estudo se restringe a temática IH, vamos ver a seguir um tipo específico desta patologia específica. Ramsey (1995) define a sinusite nosocomial como aquela adquirida no hospital, sendo um problema comum em pacientes internados em UTI devido ao uso prolongado de tubos naso ou orotraqueais. É geralmente causada por germes gram-negativos resistentes a antibióticos. O tratamento depende de resultados das culturas de material obtido de punção sinusal direta. Infecções Faríngeas: as faringites que ocorrem no meio hospitalar se dão por bactérias tais como Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter spp, enterobactérias, etc. Se tornam muitas vezes mais difíceis de serem http://www.brasilescola.com/doencas/pneumonia.htm AN02FREV001/REV 4.0 47 tratadas por colonizarem pacientes imunodeprimidos, comprometendo este indivíduo como doença secundária à causa da internação. Outras patologias: devemos estar atentos também a outras patologias que podem ser adquiridas, principalmente em pacientes imunodeprimidos são: otites, amidalites, laringites, epiglotites, candidíase oral, dentre outras. 6 EXAMES DIAGNÓSTICOS Para a correta identificação da bactéria causadora da infecção deverá ser colhida amostra, que após análise laboratorial, deverá ser tratada com a conduta centrada sob o resultado. 6.1 COLETA DE ESCARRO Deverá ocorrer preferencialmente pela manhã; Higienizar a cavidade oral; Coletar o exame através da estimulação da tosse; Manter a amostra em frasco estéril; Encaminhar devidamente identificado ao laboratório o mais rápido possível. 6.2 COLETA DE EXAMES EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOSOU COM INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL Aspiração da secreção do tubo endotraqueal ou traqueostomia; Deverá ocorrer de forma asséptica com a sonda de aspiração: depois de realizada a coleta, cortar com tesoura estéril a ponta da sonda com a secreção guardando-a em frasco estéril; AN02FREV001/REV 4.0 48 Em alguns hospitais existem sistemas próprios para coleta, como um frasco coletor que é acoplado à sonda de aspiração. 6.2.1 Broncoscopia Segundo Brunner e Suddarth (2001), é a inspeção direta da laringe, traqueia e brônquios através de broncoscópio flexível ou rígido. O flexível é utilizado sua fibra ótica, possibilitando maior conforto ao paciente, bem como uma melhor visualização das vias aéreas de menor calibre; o rígido é normalmente utilizado em crianças pequenas e para ressecção de tumores endobrônquicos. Por meio deste método pode-se colher secreções, determinar a localização e extensão da doença, coletar material para biópsias, diagnosticar hemorragias, além da sua utilização quando é necessária a retirada de corpos estranhos das vias aéreas. AN02FREV001/REV 4.0 49 FIGURA 12 – BRONCOSCOPIA FONTE: Disponível em: <http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_04/cap_032.html>. Acesso em: 06 fev. 2012. 6.2.2 Gasometria Arterial Conforme Brunner e Suddarth (2001), consiste na mensuração do oxigênio, dióxido de carbono e pH do sangue. O material é obtido a partir da coleta do sangue diretamente da artéria – femoral, radial ou braquial, através de punção com a técnica adequada e envio do material coletado imediatamente ao laboratório. AN02FREV001/REV 4.0 50 6.2.3 Radiologia e Imageamento Um dos exames mais comuns utilizados nos hospitais é o raio-x do tórax, por meio dele são visualizados infiltrados, presença de sombras anormais, etc. Exames mais elaborados também podem ser utilizados, tais como a Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Angiografia Pulmonar, dentre outros. Cabe ressaltar que são exames mais caros, e que muitas vezes dependem de preparo do paciente, podendo prolongar a espera de um resultado mais rápido. Porém são métodos que trazem resultados mais aprofundados e apurados sobre a patologia pesquisada. FIGURA 13 – TOMOGRAFIA FIGURA 14 - RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 6.3 SEPSE Carvalho e Trotta (2003) definem a sepse como uma síndrome complexa causada pela resposta inflamatória de origem infecciosa, que acomete o indivíduo FONTE: Disponível em: <http://portaldaradiologia.com>. Acesso em: 06 fev. 2012. FONTE: Disponível em: <http://www.portalcodo.com.br>. Acesso em: 06 fev. 2012. http://www.portalcodo.com.br/site/?p=215 AN02FREV001/REV 4.0 51 de forma sistêmica e descontrolada, sendo caracterizada por manifestações múltiplas, que podem levar a falência de órgãos ou mesmo a morte. FIGURA 15 - ESQUEMA SEPSE FONTE: Disponível em: <http://www.clasaanestesia.org>. Acesso em: 06 fev. 2012. Para melhor entender a Sepse vamos conhecer alguns termos relacionados ao assunto, porém distintos entre si. AN02FREV001/REV 4.0 52 Bacteremia: presença de bactérias na corrente sanguínea. Choque séptico: Brunner e Suddarth (2001) conceituam o choque séptico como decorrente das bactérias e seus produtos que circulam no sangue, tendo como causa primária a liberação de mediadores vasoativos liberados pelas bactérias. Qualquer foco séptico possui potencial para gerar choque séptico. Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS): resposta inflamatória inespecífica do organismo a uma determinada agressão manifesta-se segundo o American College of Chest Phsysicians e a Society of Critical Care Medicina Consensus Conference (1992) por duas ou mais das seguintes condições: Temperatura maior que 38°C ou menor que 36°C; Frequência cardíaca maior que 90 batimentos por minuto; Frequência respiratória maior que 20 incursões por minuto ou PaCO2 menor que 32 mmHg ; Leucócitos maiores que 12.000/mm³ ou menor 4.000/mm³ ou bastonetes >10%. SÍNDROME DA DISFUNÇÃO MÚLTIPLA ORGÂNICA: síndrome na qual a função dos órgãos não pode ser mantida sem cuidados intensivos. Segundo o American College of Chest Phsysicians e a Society of Critical Care Medicina Consensus Conference (1992), a Sepse pode ser definida como uma resposta inflamatória à infecção, traduzida por duas ou mais das manifestações a seguir: Frequência cardíaca maior que 90 batimentos por minuto; Frequência respiratória maior que 20 incursões por minuto; pCO2 menor que 32mmHg; Temperatura corporal: maior que 38°C ou menor que 36°C; AN02FREV001/REV 4.0 53 Achados laboratoriais: Glóbulos brancos maiores que 12.000 milímetros cúbicos ou menores que 4.000 milímetros cúbicos ou presença de bastonetes maior que 10%. O diagnóstico deve ser realizado com base na clínica do paciente, bem como por meio de exames laboratoriais. A avaliação laboratorial ou complementar é capaz de revelar dois aspectos distintos da sepse. O primeiro é o que se refere à busca ou identificação do agente agressor, através do rastreamento microbiológico do paciente; o segundo, diz respeito à identificação de alterações metabólicas ou da homeostasia, indicativas de comprometimento sistêmico e de órgãos específicos (CARVALHO; TROTTA, 2003). Você sabia que uma Conferência realizada pelo American College of Chest Physicians e Society of Critical Care Medicine em agosto 1991 uniformizou os de protocolos de tratamento e de pesquisa para detecção e intervenção precoce da sepse? Os exames laboratoriais mais utilizados para auxílio diagnóstico são culturas de: sangue, fezes, urina, secreções traqueais, liquor, ponta de cateteres periféricos e centrais, sondas vesicais, exsudatos purulentos de cicatrizes cirúrgicas, etc. 6.3.1 Tratamento da Sepse Segundo a Surviving Sepsis Campaing – “Campanha Mundial para sobreviver a Spese”, o protocolo de tratamento se baseia de forma resumida em: AN02FREV001/REV 4.0 54 FIGURA 1 - SITE DA SURVIVING SEPSIS CAMPAING FONTE: Disponível em: <www.survivingsepsis.org>. Acesso em: 06 fev. 2012. 6.3.2 Ressuscitação Inicial Tem por objetivo reverter os primeiros eventos desencadeados pela sepse no organismo. Para tanto, deve-se instalar um acesso venoso central (AVC) a fim de se infundir cristaloides ou coloides e monitorar a pressão venosa central (PVC). Nesse período também deve ser controlado o débito urinário, a pressão arterial média (PAM). Caso a hipotensão continue severamente, poderão ser administrados vasopressores. 6.3.3 Identificação do agente infeccioso Realizar a coleta hemoculturas antes do início da antibioticoterapia. São necessárias a coleta de duas ou mais amostras de acessos venosos distintos, ou seja, se a primeira amostra for colhida no membro superior direito, colher a segunda amostra, por exemplo, no outro membro e a terceira da acesso venoso central. http://www.survivingsepsis.org/ AN02FREV001/REV 4.0 55 6.3.4 Antibioticoterapia Deve ser iniciada antibioticoterapia de amplo espectro, já que os resultados laboratoriais das culturas demoram a ficar prontos. O quanto antes iniciado maiores as chances de sobrevida do paciente. 6.3.5 Controle do sítio de infecção Os focos possíveis devem ser identificados e removidos o quanto antes. Exemplos de focos: abscessos, tecidos necróticos infectados, acessos venosos, sondas vesicais, etc. 6.3.6 Reposição volêmica Utilização de cristaloides ou coloides para aumentar a volemia sanguínea. São exemplos de cristaloides Ringer Lactatoe Soro Fisiológico 0,9%. Os coloides podem ser exemplificados pela Albumina. 6.3.7 Vasopressores Quando houver falha da reposição volêmica, deverão ser administrados os vasopressores. A PAM deverá sem mantida igual ou maior a 65 mmHg. As drogas mais utilizadas são a Noradrenalina ou Dopamina. Ambas devem ser administradas através de AVC. AN02FREV001/REV 4.0 56 6.3.8 Terapia Inotrópica Terapia utilizada para manutenção das contrações musculares cardíacas que podem ser afetadas na sepse. A Dopamina está indicada em caso de baixo débito cardíaco. 6.3.9 Corticoterapia A administração de corticoides está indicada quando o paciente não respondeu adequadamente às terapêuticas anteriores. A droga adotada neste caso é a Hidrocortisona. 6.3.10 Proteína C ativada É utilizada para pacientes com grande risco de óbito, seguindo critérios específicos de avaliação da clínica do paciente. Sua contraindicação está no aumento da chance de sangramento. Xigris é um exemplo de droga a ser utilizada. Seu custo é alto e deve seguir diversos critérios de uso. 6.3.11 Ventilação Mecânica As lesões pulmonares podem complicar e muito a sepse. Logo, a utilização da ventilação mecânica é de grande valia no tratamento do paciente. Porém, deve seguir os parâmetros ventilatórios adequados, além de constante monitoração. AN02FREV001/REV 4.0 57 Quando o paciente apresentar condições deve ser realizado o desmame. 6.3.12 Controle Glicêmico Após a estabilização do paciente, é recomendável se manter o controle glicêmico por meio da infusão de insulina, buscando manter o nível de glicemia orgânico abaixo de 150 mg/dl. 6.3.13 Profilaxia de Trombose Devem utilizar Heparina profilática a fim de não desenvolver trombose venosa profunda. 6.3.14 Profilaxia de Úlceras Gástricas Para esta profilaxia devem ser utilizados inibidores de bomba de prótons tais como Esomeprazol, Cloridrato de Ondansetrona, Pantoprazol, etc. 6.4 TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL Quando o paciente estiver hemodinamicamente instável esta terapia visa manter o balanço de líquidos orgânicos através de Diálise ou Hemodiálise. FIM DO MÓDULO II
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