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Proteína do Soro do Leite e a utilização por praticantes de atividade física

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nutrição em pauta | 1julho / Agosto / 2012
O conhecimento sobre os meca-
nismos que promovem a interação entre 
a dieta e os genes para modificar a es-
trutura e função biológica progrediram 
consideravelmente nos últimos anos. De 
modo geral, os seguintes termos são usa-
dos: nutrigenômica refere-se aos efeitos 
da nutrição na expressão gênica, nutri-
genética refere-se aos efeitos da variabi-
lidade gênica nas respostas à nutrição e 
a genômica nutricional considera esses 
dois aspectos.
A melhor saúde cerebral possível é 
resultado de uma sofisticada rede de in-
terações entre vários fatores ambientais 
e genéticos. Avanços futuros no entendi-
mento de complexas interações entre nu-
trição, genes e o cérebro deverão ajudar a 
maximizar a saúde mental, o bem-estar e 
a qualidade de vida.
Este trabalho se concentra nos 
avanços recentes sobre o papel das inte-
rações nutrição-gene e especialmente o 
papel do estado energético na maximi-
zação da saúde mental e bem-estar. A 
revisão mostrará que as interações de-
sempenham um papel importante na de-
terminação da saúde cerebral em todas as 
etapas da vida.
Sibele B . Agostini 
Dra. Sibele B. Agostini
CRN 1066 – 3a Região
editorial
Por Sibele B. Agostini
NutriçãoEM RPAUTA
Prepare-se para o Mega Evento Nu-
trição 2012, englobando o 13o Congresso 
Internacional de Nutrição, Longevidade e 
Qualidade de Vida, 13o Congresso Inter-
nacional de Gastronomia e Nutrição, 8o 
Fórum Nacional de Nutrição, 7o Simpósio 
Internacional da American Academy of 
Nutrition and Dietetics (USA), 5o Sim-
pósio Internacional da Nutrition Society 
(United Kingdom), 5o Simpósio Inter-
nacional do Le Cordon Bleu (França), 1o 
Simpósio Internacional da Italian Culina-
ry Institute for Foreigners (Itália), 13a Ex-
posição de Produtos e Serviços em Nutri-
ção e Alimentação, dentre outros, que será 
realizado em São Paulo no período de 04 
à 06 de outubro de 2012 e já conta com 
parcerias com as principais entidades in-
ternacionais e nacionais do setor.
E também o 8o Fórum Nacional 
de Nutrição 2012, que será realizado este 
ano em 11 capitais do país: RJ, MG, BA, 
SC, DF, PE, AM, PA, PR, RS e SP.
Estamos muito 
felizes pois em 2012 
a Nutrição em Pauta 
está completando seu 
20o aniversário.
Novos Conhecimentos sobre
Nutrição, Genes e Saúde do Cérebro
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br2
Novos Conhecimentos sobre Nutrição, Genes e Saúde do Cérebro.
Resultados do Uso de Glutamina na Doença Inflamatória Intestinal: 
Uma Revisão
Proteína do Soro do Leite e sua Utilização por Praticantes de Ativi-
dade Física.
A Gastronomia no Contexto da Humanização Hospitalar.
Dieta Mediterrânea e os seus Benefícios nas Doenças Crônicas não 
Transmissíveis.
Alimentação Hospitalar e Fatores que Influenciam a sua Aceitação.
Estratégias de Intervenção Nutricional para Adolescentes: Conheci-
mentos, Percepções e Motivações.
Aquisição e Ingestão de Lanches e Guloseimas por Escolares: Relação 
com a Exposição à Televisão e o Tipo de Escola.
Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu.
NutriçãoEM RPAUTA
ISSN 1676-2274
Ano 20 - número 115 - julho / Agosto 2012 - edição impressa
Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br
Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br
Daniela Bossolani Agostini | marketing@nutricaoempauta.com.br
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Produzida em julho/2012
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dade de seus autores.
nesta edição
Índice Julho/agosto/2012
3.
11.
17.
23.
29.
35.
41.
49.
55.
A REvISTA DoS MELHoRES PRoFISSIoNAIS DE NUTRIção
nutrição em pauta | 3julho / Agosto / 2012
New Insights into Nutrition, 
Genes and Brain Health
Novos Conhecimentos sobre Nutrição, 
Genes e Saúde do Cérebro
matéria de capa
Por Margaret Joy Dauncey 
Mecanismos moleculares e celulares subja-
centes à estrutura e função cerebral são afetados 
pela nutrição durante toda a vida, com profundas 
implicações na saúde e doença. Essas respostas à 
nutrição são, por sua vez, influenciadas pelas dife-
renças individuais em vários genes-alvo. O conhe-
cimento sobre os mecanismos de interação entre 
a nutrição e os genes está aumentando graças aos 
recentes avanços na genômica e epigenômica. Esta 
revisão começa com um breve resumo dos conheci-
mentos atuais sobre as interações nutrição-gene, 
concentrando-se no papel da epigenética na regu-
lação nutricional da expressão gênica, e da impor-
tância dos polimorfismos de base única (SNPs) e va-
riação no número de cópias (CNVs) para determinar 
as respostas individuais à nutrição. Uma avaliação 
crítica sobre os novos conhecimentos no papel das 
interações nutrição-gene, em particular o estado 
energético na saúde mental e bem-estar. O melhor 
estado energético possível, incluindo a atividade 
física, tem impacto positivo na saúde mental. Por 
outro lado, desbalanços no estado energético, 
inclusive a subnutrição e superalimentação, es-
tão envolvidos em muitos transtornos mentais e 
neurológicos. Essas ações são mediadas pelas al-
terações no metabolismo energético e múltiplas 
moléculas de sinalização que costumam envolver 
mecanismos epigenéticos, incluindo a metilação 
do DNA e alterações de histonas. A melhor saúde 
cerebral possível é resultado de uma sofisticada 
rede de interações entre vários fatores ambientais 
e genéticos. Avanços futuros no entendimento de 
complexas interações entre nutrição, genes e o 
cérebro deveriam ajudar a maximizar a saúde men-
tal, o bem-estar e a qualidade de vida.
Molecular and cellular mechanisms underlying 
brain structure and function are affected by nutrition 
throughout the life-cycle, with profound implications for 
health and disease. These responses to nutrition are, in 
turn, influenced by individual differences innumerous tar-
get genes. Recent advances in genomics and epigenomics 
are increasing understanding of mechanisms by which nu-
trition and genes interact. This review starts with a short 
account of current knowledge on nutrition-gene interactions, 
focusing on the significance of epigenetics to nutritional 
regulation of gene expression, and the importance of single 
nucleotide polymorphisms (SNPs) and copy number variants 
(CNVs) in determining individual responses to nutrition. 
A critical assessment is then provided of new insights into the 
role of nutrition-gene interactions, and especially energy sta-
tus, in mental health and well-being. Optimal energy sta-
tus, including physical activity, has a positive role in mental 
health. By contrast, sub-optimal energy status, including 
undernutrition and overnutrition, is implicated in many 
disorders of mental health and neurology. These actions are 
mediated by changes in energy metabolism and multiple 
signalling molecules. They often involve epigenetic mecha-
nisms, including DNA methylation and histone modifica-
tions. Optimal brain health results from a sophisticated 
network of interactions between numerous environmental 
and genetic factors. Future advances in understanding 
the complex interactions between nutrition, genes and the 
brain should help to optimize mental health, well-being 
and quality of life.
weber
Em 1903, reconheceu-se que a inges-
tão energética, atividade física e heredi-
tariedade são importantes para saúde ce-
rebral e longevidade. O comprometimento 
da estrutura cerebral e suas funções são 
hereditários em muitas famílias, mas isso é 
parcialmente evitável por meio da modera-
ção significativa no consumo de alimentos 
e estimulantes e por meio da atividade físi-
ca regular.”
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br4
NutriçãoEM RPAUTA Novos Conhecimentos sobre Nutrição, 
Genes e Saúde do Cérebro
Introdução
As interações entre nutrição e genes desempenham 
um papel importante na modificação da estrutura e fun-
ção cerebral (DAUNCEY 2009 a,b). Isso pode ter grande 
impacto na saúde, disfunção e doença cerebral. Os efei-
tos da nutrição no cérebro são essencialmente mediados 
pelas alterações na expressão gênica. Essas mudanças 
apresentam muitas e variadas características: podem ser 
dinâmicas e de curto prazo, estáveis e de longo prazo, e 
mesmo hereditárias entre divisões celulares e por muitas 
gerações. Além disso, a variabilidade genética pode modi-
ficar os efeitos da nutrição na expressão gênica de manei-
ra significativa. Variações gênicas comuns envolvendo um 
único nucleotídeo ou porções maiores do DNA genômico 
são parcialmente responsáveis pelas diferenças individu-
ais nas respostas à nutrição.
Muitos nutrientes, alimentos e dietas estão envol-
vidos na saúde cerebral (ALVARENGA 2009; DAUN-
CEY 2009 a,b; BENTON 2010; GU & SCARMEAS 2011; 
INNIS 2011; KENNEDY; WIGHTMAN 2011; MORRIS 
2012). Macronutrientes, micronutrientes, fitoquímicos, a 
dieta do mediterrâneano e estado energético, isto é, inges-
tão energética, atividade física e metabolismo energético. 
Em 1903, reconheceu-se que a ingestão energética, ativi-
dade física e hereditariedade são importantes para saúde 
cerebral e longevidade. O comprometimento da estrutura 
cerebral e suas funções são hereditários em muitas famí-
lias, mas isso é parcialmente evitável por meio da modera-
ção significativa no consumo de alimentos e estimulantes 
e por meio da atividade física regular (WEBER 1903). Es-
tudos realizados no último século elucidaram muitos dos 
mecanismos subjacentes a essas ações. Nos últimos anos, 
as novas tecnologias genômicas e epigenômicas promove-
ram o avanço nos conhecimentos sobre a importância da 
nutrição e genes em saúde cerebral e doenças.
Progressos recentes nas interações nutrição-gene e 
transtornos cerebrais, inclusive problemas de saúde men-
tal, doenças neurodegenerativas e outras que afetam o 
neurodesenvolvimento, são discutidos em outra revisão 
(DAUNCEY 2012). Este trabalho se concentra nos avan-
ços recentes sobre o papel das interações nutrição-gene e 
especialmente o papel do estado energético na maximiza-
ção da saúde mental e bem-estar. A revisão mostrará que 
as interações desempenham um papel importante na de-
terminação da saúde cerebral em todas as etapas da vida.
Metodologia
Uma ampla busca na literatura e inúmeras consul-
tas foram realizadas para garantir que todas as publica-
ções relevantes fossem avaliadas. Concentrou-se atenção 
nos trabalhos publicados entre 2010 e fevereiro de 2012, 
mas vários outros publicados anteriormente também fo-
ram avaliados. O maior banco de dados eletrônicos usado 
foi o PubMed (um serviço da Biblioteca Nacional de Me-
dicina e do National Institutes of Health dos EUA). Alguns 
importantes periódicos científicos não indexados em 
muitos bancos de dados eletrônicos também foram pes-
quisados, pelo seu conteúdo relevante. Discussões deta-
lhadas foram realizadas com especialistas do mundo todo 
sobre diferentes tópicos apresentados nesta revisão. A au-
tora também participou de conferências e palestras cientí-
ficas, para garantir o máximo de conhecimento sobre no-
vos avanços em todos os tópicos relevantes. Finalmente, a 
avaliação crítica de muitas centenas de trabalhos científi-
cos garantiu que esta revisão apresentasse uma descrição 
equilibrada, exata e focada de novos conhecimentos em 
nutrição, genes e saúde cerebral.
Interações Nutrição-Gene
Nutrigenômica e nutrigenética
Mecanismos moleculares e celulares permeiam to-
dos os aspectos das interações nutrição-gene. Um pano-
rama de importantes interações entre nutrição e genes é 
apresentado na Figura 1. O conhecimento sobre os meca-
nismos que promovem a interação entre a dieta e os genes 
para modificar a estrutura e função biológica progrediu 
consideravelmente nos últimos anos. Isso aconteceu pa-
ralelamente a uma ampla gama de terminologias e defi-
nutrição em pauta | 5julho / Agosto / 2012
nições confusas. De modo geral, os seguintes termos são 
usados: nutrigenômica refere-se aos efeitos da nutrição 
na expressão gênica, nutrigenética refere-se aos efeitos da 
variabilidade gênica nas respostas à nutrição e a genômi-
ca nutricional considera esses dois aspectos (DAUNCEY; 
ASTLEY 2006; FENECH et al., 2011; SCHUCH et al., 
2011). 
Progressos significativos nas técnicas de biologia 
molecular e celular na última década revolucionaram 
abordagens na ciência da Nutrição. Estudos no papel da 
nutrição na saúde e doença envolvem a genômica, epi-
genômica, modificações pós-translacionais, proteômica, 
metabolômica e biologia sistêmica (KUSSMANN et al., 
2010; ROGERO; ONG 2010; LIU; QIAN 2011; MOORE; 
WEEKS 2011; MORINE et al., 2011). Além disso, análises 
abrangentes sobre a variabilidade gênica estão aumentan-
do o conhecimento das diferenças individuais em respos-
ta à nutrição. Juntas, essas abordagens estão garantindo 
uma abordagem mais alvo dirigida para a definição da 
melhor nutrição durante o ciclo de vida. 
Nutrição e expressão gênica: epigenética
A nutrição afeta a expressão gênica na transcrição, 
translação e modificações pós-translacionais. Mecanis-
mos epigenéticos desempenham um papel-chave em al-
gumas dessas respostas. O sentido literal da palavra epige-
nética é ‘acima da genética’ e refere-se a mecanismos que 
induzem mudanças na expressão gênica, sem alterações 
na sequência de DNA. Esses mecanismos frequentemente 
incluem a marcação química de cromatina, forma na qual 
o DNA é empacotado com proteínas de histona no núcleo 
da célula (DULAC 2010). Marcas epigenéticas induzem 
o remodelamento da cromatina e alterações relacionadas 
à expressão gênica. Elas incluem a metilação do DNA, 
que reduz a atividade gênica, e alterações de histona, tais 
como acetilação, que aumenta a atividade gênica.
Definições precisas de epigenética variam muito: 
de mudanças estáveis e herdáveis para mudanças muito 
rápidas, dinâmicas e passageiras (AGUILERA et al., 2010; 
RODRÍGUEZ-RODERO et al.,2010; HOCHBERG et 
al., 2011). A maior parte do tecido neuronal adulto não 
é mitótica. Consequentemente, há argumentos de que a 
manutenção herdável no cérebro pode ser menos pro-
blemática que alterações na metilação, independente da 
replicação e remodelamento da cromatina (MEANEY; 
FERGUSON-SMITH, 2010). Muitos fatores ambientais, 
incluindo estresse nutricional, fisiológico e psicológico, 
agentes químicos e infecções, exercem muita influência 
na regulação epigenética da expressão gênica (MATHERS 
et al., 2010; ZHANG; MEANEY, 2010; CAMPBELL et 
al., 2011; GALEA et al., 2011; PARLE-McDERMOTT; 
OZAKI 2011; SIMMONS, 2011). Isso, em conjunto com 
o fato de que as marcas epigenéticas podem ser transmiti-
das por gerações, sugere que o limite entre riscos ambien-
tais e herdáveis para uma doença não é tão claro quanto 
imaginávamos (CHOULIARIS et al., 2010). 
Mecanismos epigenéticos regulam a expressão gê-
nica dos processos fisiológicos e patológicos do cérebro e 
são parte integral de diversas funções cerebrais (GRÄFF 
et al., 2011). São plásticos e reversíveis, sugerindo um me-
canismo para modulação ambiental da saúde e da doença. 
A nutrição poderia ser usada por toda a vida, para acen-
tuar o bem-estar mental e aliviar os efeitos adversos da 
experiência no início da vida. A metilação do DNA e alte-
rações de histona são particularmente relevantes para esta 
revisão, por causa de importantes estudos já realizados 
sobre o papel do meio ambiente na modificação epigené-
tica da função cerebral. Esses mecanismos estão envolvi-
dos com cognição, inteligência, transtornos alimentares, 
autismo, depressão, esquizofrenia e doença de Alzheimer 
(TSANKOVA et al., 2007; CHOULIARIS et al., 2010; HA-
GGARTY et al., 2010, CAMPBELL et al., 2011; MURGA-
TROYD; SPENGLER 2011). Estudos sobre outros me-
canismos epigenéticos envolvendo a metilação de RNA, 
falta de codificação de microRNAs, controle telomérico e 
efeitos de posição cromossômica também devem oferecer 
um novo entendimento sobre os mecanismos que ligam 
nutrição e saúde cerebral (MATHERS et al., 2010; SARA-
CHANA et al., 2010; PAUL, 2011).
Variabilidade genética
Diferenças na sequência do DNA podem influen-
ciar o fenótipo, as respostas biológicas ao ambiente e o 
risco de doença. Variações genéticas incluem mutações 
relativamente raras e aquelas mais comuns, como poli-
morfismos de base única (SNPs) e variação no número 
de cópias (CNVs). Esses podem afetar a extensão da in-
fluência da nutrição na expressão gênica de maneira sig-
nificativa.
As mutações envolvem uma mudança na sequên-
New Insights into Nutrition, 
Genes and Brain Health
matéria de capa
Por Margaret Joy Dauncey 
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br6
cia do DNA e isso pode 
resultar na perda ou mu-
dança da função gênica. 
Algumas vezes elas estão 
ligadas a raros transtor-
nos de um único gene, 
como a fenilcetonúria. 
Por outro lado, variações 
de genes comuns envolvendo uma mudança de um único 
mucleotídeo em pelo menos 1% da população são deno-
minadas SNPs. Elas desempenham um papel essencial 
nas respostas individuais à nutrição e são importantes nas 
respostas neurais e cognitivas a nutrientes específicos, es-
tado energético e envelhecimento (DAUNCEY; ASTLEY 
2006; DAUNCEY 2009 a,b; WALTER et al., 2011). 
Diferentemente dos SNPs, os CNVs são variações 
estruturais de genes envolvendo múltiplas cópias ou de-
leções de grandes partes do genoma, e podem afetar de 
1 kb a muitas megabases de DNA por evento (REDON 
et al., 2006). CNVs podem ser herdados ou causados 
por uma mutação de novo e acontecem em genes, par-
tes de genes e fora dos genes. Mudanças em um gene ou 
em sua região regulatória podem ter grande impacto no 
RNA e na expressão proteica. Essas inserções ou deleções 
comuns são responsáveis pela maior parte da variabi-
lidade gênica entre as pessoas e costumam estar ligadas 
aos genes envolvidos nas interações moleculares-meio 
ambiente. O papel preciso delas nas doenças multifato-
riais comuns é foco de atenção considerável, sendo que 
as diferenças nas metologias são algumas vezes respon-
sáveis por associações falso-positivas (WELLCOME 
TRUST CASE CONSORTIUM, 2010). Muitos estudos 
atuais analisam a extensão do envolvimento dos CNVs 
nos transtornos neuropsiquiátricos e de neurodesenvol-
vimento (MERIKANGAS et al., 2009; MORROW, 2010). 
Saúde Mental e 
Bem-Estar
Estado energético e 
saúde mental
Boa saúde mental 
não é apenas a ausência 
de problemas de saúde 
mental. Em vez disso, ela é marcada por vantagens positi-
vas, incluindo a habilidade para ler, interagir com outros 
e enfrentar mudanças e incertezas (MENTAL HEALTH 
FOUNDATION, 2012). Saúde mental foi definida como 
estado de bem-estar, no qual a pessoa consegue realizar 
seu potencial, lidar com estresses normais da vida, tra-
balhar de maneira produtiva e profícua e contribuir com 
a comunidade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2012). Nos últimos anos, houve interesse considerável no 
estudo científico do bem-estar e felicidade (HUPPERT et 
al., 2005; BEDDINGTON et al., 2008). Fatores culturais, 
econômicos, sociais e ambientais, incluindo a nutrição, 
todos contribuem para o bem-estar e qualidade de vida.
O estado energético desempenha um importante 
papel na saúde mental e bem-estar. O termo estado ener-
gético usado aqui inclui a ingestão energética, atividade 
física e metabolismo energético. Dessa maneira, o signi-
ficado é mais amplo e menos preciso que balanço energé-
tico. Estado energético é considerado o termo mais apro-
priado nesta revisão, porque tanto a superalimentação 
quanto a subnutrição, por exemplo, têm efeitos adversos 
na saúde cerebral. Além disso, pouquíssimos estudos con-
centraram-se no balanço energético, genes e cérebro, mas 
estudos sobre aspectos específicos do estado energético 
foram conduzidos. Assim, estudos sobre a atividade física 
tendem a não controlar a ingestão energética, enquanto 
aqueles sobre a ingestão energética não costumam con-
trolar a atividade física.
Evidências consideráveis ligam atividade física e 
melhor ingestão energética possível com melhora de hu-
mor e função cognitiva, sendo que tanto baixo peso quan-
to obesidade estão associados com comprometimento do 
desempenho cognitivo (DAUNCEY 2009 a,b; SABIA et 
al., 2009; BURKHALTER; HILLMAN, 2011; FOSTER et 
al., 2011). Estudos em psicoterapia denominados dessen-
sibilização e reprocessamento dos movimentos oculares 
(Eye Movement Desensitization e Reprocessing - EMDR) 
colocam a possibilidade de atividades ao ar livre, tais 
NutriçãoEM RPAUTA Novos Conhecimentos sobre Nutrição, 
Genes e Saúde do Cérebro
world health organization
Saúde mental foi definida como es-
tado de bem-estar, no qual a pessoa con-
segue realizar seu potencial, lidar com 
estresses normais da vida, trabalhar de 
maneira produtiva e profícua e contribuir 
com a comunidade.”
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nutrição em pauta | 7julho / Agosto / 2012
matéria de capa
Por Margaret Joy Dauncey 
New Insights into Nutrition, 
Genes and Brain Health
como caminhada, serem particularmente benéficas para 
a saúde mental e bem-estar. Apesar de um pouco contro-
verso, EMDR é comprovadamente efetivo no tratamento 
do transtorno do estresse pós-traumático e também foi 
usado para o tratamento da depressão (COETZEE; RE-
GEL 2005). Seu elemento exclusivo é a estimulação bilate-
ral do cérebro, principalmente dos movimentos oculares, 
que podem evocar mudanças neurológicas e psicológicas 
no tratamento de memórias adversas. Esses movimentos 
oculares acontecem frequentemente durante caminhadas 
ao ar livre e podem parcialmente explicar porque essa ati-
vidade é especialmente benéfica.
Interações entre estado energético, genes e saúde ce-
rebral são extremamente complexas. Em vez de pensar em 
um indivíduo como tendo alto ou baixo estado energético, 
o foco deveria ser no estado energético melhor possível, 
comparado a cenários onde isso não acontece. A com-
preensão dos mecanismos subjacentes ligando nutrição, 
genese cérebro permitirá que se façam futuras recomen-
dações para melhor nutrição e saúde cerebral possíveis. 
Mecanismos subjacentes: moléculas de 
sinalização e epigenética
O estado energético durante o ciclo de vida in-
fluencia diferentes hormônios e fatores de crescimento 
(DAUNCEY et al., 2001; DAUNCEY; WHITE, 2004). 
Esses atuam como sensores nutricionais que influenciam 
a estrutura e função cerebral, por meio de mudanças na 
expressão gênica. Moléculas como glicocorticoides, hor-
mônios tireoidianos, insulina, fatores de crescimento in-
sulin-like (IGFs) e fator neurotrófico derivado do cérebro 
(Brain-Derived Neurotrophic Factor - BDNF) participam 
de múltiplos sistemas de sinalização celular e redes neu-
rais e atuam como mediadores das ações de energia na 
saúde cerebral (GOMEZ-PINILLA, 2008; DAUNCEY, 
2009 a,b; ZHANG; MEANEY, 2010).
Avanços recentes na elucidação do papel do BDNF 
nos transtornos neurológicos e saúde mental são parti-
cularmente importantes (NAGAHARA; TUSZYNSKI 
2011). Esta molécula está envolvida na neurogênese pré-
-natal e no adulto, no crescimento, diferenciação e so-
brevida de neurônios e sinapses, e na plasticidade sináp-
tica. O BDNF desempenha um papel crítico no córtex 
cerebral e no hipocampo e é vital para aprendizagem, 
memória e cognição. Os efeitos benéficos da atividade 
física na saúde mental e cognição podem ser parcialmen-
te explicados pela indução da expressão gênica de BNDF 
no hipocampo (GOMEZ-PINILLA, 2008; ERICKSON 
et al., 2012). Além disso, os efeitos adversos do elevado 
consumo energético ou exercícios extenuantes estão re-
lacionados ao aumento de espécies reativas de oxigênio, 
redução da expressão de BDNF e comprometimento da 
plasticidade sináptica e cognição.
A bioenergética oferece a interface entre meio am-
biente e epigenoma, e há uma relação bastante estreita 
entre metabolismo energético e eventos epigenéticos (SY-
MONDS et al., 2009; WALLACE, 2010). Resultados re-
centes mostram que o exercício influencia a plasticidade 
cerebral induzida pelo BDNF no hipocampo, por meio 
do remodelamento epigenético da cromatina contendo o 
gene BDNF (GOMEZ-PINILLA et al., 2011). Ratos com 
acesso voluntário à corrida em roda apresentam queda da 
metilação do DNA e mudanças na acetilação de histonas 
na região promotora do exon IV de BNDF, uma região do 
gene que é altamente responsiva à atividade neuronal. Es-
sas mudanças estão associadas a aumentos concomitantes 
no mRNA do BNDF e expressão proteica. Nesses estudos, 
os animais foram alimentados ad libitum, sugerindo-se 
que mudanças na ingestão energética associada ao exercí-
cio também podem interferir na expressão de BDNF. Nu-
trientes específicos conseguem intensificar os efeitos posi-
tivos do exercício no cérebro. O ácido docosahexaenoico 
(DHA), ácido graxo poliinsaturado omega-3, acentua os 
efeitos do exercício na plasticidade sináptica relacionada 
ao BDNF e cognição (GOMEZ-PINILLA;YING, 2010). 
Em conjunto, evidências atuais sugerem que o me-
lhor estado energético possível intensifica a saúde mental 
e bem-estar, em parte por meio de mudanças no metabo-
lismo energético mitocondrial, regulação epigenética do 
gene BDNF e plasticidade sináptica. Muitas outras molécu-
las de sinalização também estão envolvidas (DAUNCEY et 
al., 2001; DAUNCEY; WHITE, 2004; GOMEZ-PINILLA, 
2008). Por exemplo, IGF-1 media as ações de BDNF, e o 
regulador de histona deacetilase sirtuina 1 (SIRT1) é mo-
dificado pelo metabolismo energético. Glicocorticoides, 
hormônios tireoidianos e outros ligantes da super famí-
lia de receptores nucleares também podem desempenhar 
um papel fundamental. Os receptores atuam como fatores 
de transcrição que têm impacto em múltiplos genes, por 
meio de mudanças epigenéticas envolvendo a acetilação 
da histona e o remodelamento da cromatina (DAUNCEY 
et al. 2001; GOMEZ-PINILLA; YING 2010). 
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br8
Variabilidade genética: BDNF
Variações de gene de várias moléculas de sinaliza-
ção podem afetar a resposta individual às alterações em 
ingestão energética e atividade física. O reconhecimento 
da importância das variações genéticas na determinação 
de respostas individuais à nutrição está aumentando. 
Os SNPs estão ligados a muitos transtornos poligênicos 
comuns: a ação combinada de alelos de diferentes genes 
aumenta o risco de obesidade, diabetes, câncer, doença 
cardiovascular e transtornos cerebrais. Estudos sobre a 
associação genômica em um grande número de indiví-
duos estão aumentando o conhecimento sobre o papel 
dos SNPs nas respostas à nutrição. Por exemplo, a ativi-
dade física está associada com uma redução de 40% na 
predisposição genética à obesidade (LI et al., 2010). Este 
achado resultou na genotipagem de 12 SNPs em locos as-
sociados à obesidade, em um estudo envolvendo mais de 
20.000 indivíduos.
Os transtornos cerebrais foram ligados a raras mu-
tações gênicas, sendo que as mais comuns são SNPs e CNVs 
(DAUNCEY, 2012). Com relação ao BDNF, uma variação 
genética comum é o SNP Val66Met. Este polimorfismo 
está relacionado ao trânsito e secreção anormal de BDNF 
em neurônios e é associado ao funcionamento anormal 
do hipocampo e processamento da memória (EGAN et 
al., 2003). Há interesse considerável sobre a possível re-
lação entre este SNP e a atrofia do hipocampo, assim 
como com o comprometimento da memória relacionado 
à idade (ERICKSON et al., 2012). Dados atuais sugerem 
apenas uma associação fraca e isso pode refletir intera-
ções complexas com outros genes e fatores ambientais.
Estudos genéticos revelaram associações con-
sistentes entre variabilidade individual no gene BDNF, 
concentrações sanguíneas de BDNF e incidência de 
transtornos de alimentação (MERCADER et al., 2007). 
O SNP -270C/T está ligado à bulimia, enquanto o Val-
66Met está associado tanto com a anorexia quanto com 
a bulimia. Isso aumenta a possibilidade de os efeitos do 
estado energético na saúde mental e bem-estar serem 
significativamente afetados pelas variações em múltiplos 
genes que codificam as moléculas de sinalização envol-
vidas no desenvolvimento e função cerebral. Estudos 
futuros sobre o papel crítico das variações genéticas na 
determinação de respostas à nutrição permitirão novas 
abordagens para maximizar a saúde mental e bem-estar 
durante a vida toda. 
Conclusão
Esta revisão se concentra nos avanços recentes no 
conhecimento dos mecanismos pelos quais as interações 
nutrição-gene influenciam a saúde cerebral. Análise crí-
tica de diversos estudos clínicos e experimentais revela 
que o estado energético tem grande influência no cére-
bro: a melhor ingestão energética possível e atividade fí-
sica têm efeitos benéficos na saúde mental e bem-estar. 
O impacto global da nutrição está relacionado à idade, 
ao estágio de desenvolvimento, às interações com outros 
componentes dietéticos e à variabilidade gênica indivi-
dual. Está claro que a melhor ingestão alimentar possível 
e atividade física são essenciais para a saúde cerebral e 
que múltiplos genes estão envolvidos nesta resposta. En-
tretanto, a definição precisa do que ‘é o melhor possível’ 
é extremamente difícil e será, sem sombra de dúvidas, o 
assunto de investigações futuras.
Os efeitos da ingestão energética e atividade física 
na expressão gênica são modulados por nutrientes espe-
cíficos, tais como o DHA, ácido graxo ômega 3. Várias 
moléculas de sinalização, incluindo BDNF, TrkB, IGFs e 
receptores hormonais nucleares, desempenham um im-
portante papel, mediando ações da ingestão energética, 
atividade física e metabolismo energético no cérebro. Di-
ferenças nas respostas individuais podem ser parcialmen-
te explicadas pelas múltiplas variações gênicas envolvidas 
NutriçãoEM RPAUTA Novos Conhecimentos sobre Nutrição, 
Genes e Saúde do Cérebro
nutrição em pauta | 9julho / Agosto / 2012
matéria de capa
Por Margaret Joy Dauncey 
New Insights into Nutrition, 
Genes and Brain Health
na sinalização celular e redes neurais. Estudos futuros 
sobreBDNF e milhões de outras variações genéticas de-
vem sugerir novas possibilidades para maximizar a saúde 
mental e bem-estar e para prevenção e tratamento de do-
enças cerebrais.
A nutrição é apenas um dos muitos fatores ambien-
tais que influenciam a saúde cerebral, sendo que o resulta-
do depende da idade, sexo e experiência de vida. A figura 
2 mostra que, juntamente com diversos fatores genéticos, 
eles compreendem uma sofisticada rede de controle, com 
grande impacto na saúde cerebral. Futuros estudos bene-
ficiar-se-ão das novas tecnologias de biologia de sistemas 
para aumentar o entendimento das complexas interrela-
ções entre esses fatores, para a determinação da melhor 
saúde cerebral durante toda a vida. Em longo prazo, essa 
complexa abordagem holística deverá permitir que faça-
mos recomendações alvo dirigidas para se maximizar a 
saúde mental e bem-estar na sociedade. Avanços recentes 
no entendimento do papel das interações nutrição-gene 
na prevenção, tratamento e alívio dos devastadores trans-
tornos mentais e neurológicos, tais como depressão, es-
quizofrenia e doença de Alzheimer, serão discutidos em 
outra revisão (DAUNCEY, 2012).
Agradecimentos
Este artigo é baseado nas conferências apresenta-
das no 4° Simpósio Internacional da Sociedade de Nutri-
ção do Reino Unido sobre “Nutrição, genes e saúde: co-
nhecimento atual e direções futuras”, e do 12º Congresso 
Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de 
Vida, realizados como parte do Mega Evento Nutrição, 
São Paulo, Brasil, em outubro de 2011. Gostaria de agra-
decer aos organizadores, especialmente Cláudio Agosti-
ni e Sibele Agostini, por me convidarem para participar 
deste evento. Uma versão em inglês deste artigo foi publi-
cada no Proceedings of the Nutrition Society, UK (2012). 
Gostaria de agradecer a vários colegas pelos conselhos 
como especialistas e pela valiosa discussão, principal-
mente J. C. Mathers, diretor do Human Nutrition Resear-
ch Centre, Institute for Ageing and Health, Newcastle Uni-
versity, e G. C. M. Selby, Ministry of Justice Mental Health 
Review Tribunal, UK. Gostaria de agradecer à equipe da 
biblioteca e de computação do Wolfson College e Univer-
sity of Cambridge pelo suporte. Finalmente, agradeço a 
Cecilia Tsukamoto pela tradução deste manuscrito para 
o português.
Sobre a autora 
Profa. Dra. Margaret Joy Dauncey
Cientista Sênior e Conselheira em Ciências Biomédicas e 
Nutrição, Professora visitante Internacional, Membro do Conse-
lho Diretor - Wolfson College, Universidade de Cambridge, Rei-
no Unido.
Palavras-chave: saúde cerebral, ingestão energética, atividade 
física e metabolismo energético, genômica e epigenômica, saúde 
mental e bem-estar, interações nutrição-gene.
Keywords: brain health; energy intake, physical activity and energy 
metabolism; Genomics and epigenomics; Mental health and well-
-being; Nutrition-gene interactions.
Recebido: 25/11/2012 – Aprovado: 23/5/2012
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nutrição em pauta | 11julho / Agosto / 2012
Resultados do Uso de Glutamina na 
Doença Inflamatória Intestinal: 
Uma Revisão
clínica
Por Letícia de França Ferraz
Results of the use of glutamine in Inflammatory 
Bowel Disease: a review
As doenças inflamatórias intestinais são 
afecções crônicas, que acometem o trato gastrin-
testinal, possuindo duas formas de apresentação: 
a retocolite ulcerativa inespecífica e a doença 
de Crohn. Novas possibilidades de intervenção 
buscam a diminuição da atividade inflamatória, 
sendo uma alternativa a utilização de glutamina, 
já que são descritos benefícios de sua suplementa-
ção em situações catabólicas. Com o objetivo de 
apresentar a eficácia da glutamina nas doenças 
inflamatórias intestinais, este trabalho discorre 
uma revisão que levantou trabalhos publicados 
sobre o tema. A glutamina parece favorável na 
preservação da mucosa intestinal, porém não está 
relacionada à melhora de parâmetros nutricio-
nais e atividade da doença. Portanto, seu uso não 
está necessariamente indicado. 
The inflammatory bowel diseases are chronic conditions 
that affect the gastrointestinal tract, having two forms of pre-
sentation: ulcerative colitis and Crohn’s disease. New possibili-
ties for reducing seek intervention inflammatory activity, as an 
alternative, the use of glutamine, as are described benefits of its 
supplementation in catabolic situations. In order to present the 
effectiveness of glutamine in inflammatory bowel disease, this 
paper discusses a review that got published on the subject. Glu-
tamine seems to favor the preservation of intestinal mucosa, but 
is not related to improvement in nutritional parameters and 
disease activity, therefore their use is not necessarily indicated. 
Introdução
A doença inflamatória intestinal é uma doença 
crônica, de etiologia desconhecida, que acomete o trato 
gastrintestinal, possuindo duas formas de apresentação: 
a retocolite ulcerativa inespecífica e a doença de Crohn 
(SALVIANO; BURGOS; SANTOS, 2007; WALTER et al, 
2010). Atualmente se aceita que sua origem seja multifa-
torial, envolvendo agentes genéticos, imunes, ambientais 
(possivelmente microbiológicos), alimentares e alterações 
na permeabilidade da barreira do epitélio colônico (CO-
HEN; BIN; FAYH, 2010).
A doença de Crohn se caracteriza por inflamação 
com maior frequência na região terminal do íleo, enquan-
to a retocolite é limitada ao comprometimento da mucosa 
do cólon. Esta última tem como principal manifestação 
diarreia sanguinolenta e, na doença de Crohn, os princi-
pais sintomas são diarreia, dor abdominal e perda de peso 
(BALLESTEROS et al., 2010).
Descritas em todo o mundo, há tendência do cres-
cimento de incidência, inclusive no Brasil. Apresentam 
distribuição semelhante em ambos os sexos, sendo que o 
Crohn atinge mais a população feminina, adultos jovens, 
na faixa etária entre 20 a 40 anos, e um segundo pico a 
partir dos 55 anos (BALLESTEROS et al., 2010; MISZPU-
TEN, 2002). 
es
tu
di
ol
um
in
e
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br12
NutriçãoEM RPAUTA Resultados do Uso de Glutamina na Doença 
Inflamatória Intestinal: Uma Revisão
A nutrição pode funcionar como terapia primá-
ria na doença de Crohn, através da diminuição da ativi-
dade inflamatória; já na retocolite não ocorre o mesmo. 
(BALLESTEROS et al., 2010; EL-MATARY, 2009). Uma 
alternativa bem discutida é a utilização de nutrientes imu-
nomoduladores, como a 
glutamina (BALLESTE-
ROS et al., 2010; CAMPOS 
et al., 2002; EL-MATARY, 
2009). Esta é considerada o 
principal combustível oxi-
dativo da célula epitelial, 
especialmente do enteró-
cito jejunal, e, embora não 
seja um aminoácido essen-
cial, experimentalmente e 
clinicamente sugere-se que 
se torne essencial em esta-
dos catabólicos (DOURA-
DO et al., 2007). Porém, 
há relatos na literatura de 
aumento da permeabilida-
de intestinal e consequente 
piora da atividade da doen-
ça, mesmo com o uso deste 
aminoácido (BUCHMAN, 
2001). Daí, o seu uso não 
estaria indicado. Essa con-
tradição fundamentou o 
objetivo do presente traba-
lho, que foi de realizar uma 
revisão crítica da literatura 
científica sobre a eficácia 
da utilização do nutriente 
imunomodulador gluta-
mina nas doenças infla-
matórias intestinais,mais 
especificamente na doença 
de Crohn. Para tal, foram consultados livros, artigos origi-
nais e de revisão do período de 1995 a 2011, por meio das 
bases de dados MedLine, Scielo, Cochrane Library, Bireme 
e Lilacs, utilizando-se cruzamentos dos seguintes uniter-
mos: glutamina/glutamine; doença inflamatória intestinal/
inflammatory bowel disease; retocolite ulcerativa/ colitis, 
ulcerative; doença de Crohn/Crohn’s disease e terapia nu-
tricional/nutrition therapy. 
Doenças Inflamatórias Intestinais
As doenças inflamatórias intestinais são processos 
inflamatórios crônicos que cursam de maneira impre-
visível, com períodos de atividade e remissão variáveis. 
Apesar de sintomatologia clínica semelhantes, são con-
sideradas doenças distin-
tas (BALLESTEROS et al., 
2010; GLOVER; COL-
GAN, 2011). As diversas 
formas de terapia nutricio-
nal visam corrigir os déficits 
e modular a resposta infla-
matória, podendo, desta 
forma, influir na atividade 
da doença (FLORA, 2006; 
HOU; ABRAHAM; EL- 
SERAG, 2011; RAJEN-
DRAN; KUMAR, 2009).
A compreensão 
etiológica e patogênica 
melhorou nos últimos 
anos, provavelmente por 
maior entendimento do 
sistema imunológico in-
testinal e, particularmen-
te, sua reação inflamatória 
decorrente na flora intesti-
nal normal (BAUMGART; 
DIGNASS, 2004). Acredi-
ta-se que a doença tenha 
etiopatogenia multifato-
rial. Estudos epidemioló-
gicos vêem demonstrando 
a importância de fatores 
ambientais, genéticos, ali-
mentares, psicológicos, 
da microbiota e imuno-
lógicos (ANTJE, 2011; 
COHEN; BIN; FAYH, 2010; RUFFOLO, 2011). Além 
destes, acontece uma alteração na permeabilidade da mu-
cosa intestinal e resposta imunológica anormal, que ativa 
uma cascata imunoinflamatória, resultando em lesão da 
mucosa intestinal (GLOVER; COLGAN, 2011; RAPIN; 
WIERNSPERGER, 2010). 
São comumente associadas à desnutrição proteica 
energética, como também à carência de micronutrientes 
ganep; rapin; wiernsperger
acredita-se que fornecer glutamina 
a pacientes com alterações do sistema imu-
nológico, como os com deficiências imunitá-
rias, críticos, aos com patologias gastroin-
testinais e oncológicos seja favorável.”
marc; wu
Além de ser responsável pela diges-
tão e absorção de nutrientes, o trato di-
gestório representa o maior tecido imune 
do organismo. Aliado a isso, é o principal 
tecido de captação e metabolismo da gluta-
mina, que é consumida primariamente pelas 
células da mucosa intestinal.”
rapin; wiernsperger
Igualmente, a glutamina é o principal 
substrato energético para as células epite-
liais e é precursora de purinas e pirimidinas, 
que são utilizadas em altas taxas por células 
de rápido turnover, como os enterócitos.”
borges; rogero; tirapegui; 
oliveira
Adicionalmente, a glutamina participa da 
síntese de hexosaminas, que são importantes 
para a manutenção da integridade intesti-
nal, evitando a translocação bacteriana.”
nutrição em pauta | 13julho / Agosto / 2012
clínica
Por Letícia de França Ferraz
Results of the use of glutamine in Inflammatory 
Bowel Disease: a review
(CAMPOS, 2002; COHEN; BIN; FAYH, 2010; FIOCCHI, 
2005; GLOVER; COLGAN, 2011; TEIXEIRA-NETO; GO-
MES, 2004) causada por necessidades nutricionais aumen-
tadas, anorexia, má absorção e maiores perdas gastroin-
testinais (ZACHOS; TONDEUR; GRIFFITHS, 2011). Esse 
quadro, por sua vez, agrava o prognóstico tanto do pacien-
te em tratamento clínico quanto naqueles submetidos a ci-
rurgias, além de deteriorar a competência imune, aumen-
tando desta forma a ocorrência de infecções (COHEN; 
BIN; FAYH, 2010; OLIVEIRA et al., 2010). As deficiências 
nutricionais manifestam-se de diversas formas, sendo as 
mais frequentemente apresentadas: perda de peso, hipoal-
buminemia, balanço nitrogenado negativo, anemia e defi-
ciência de vitaminas (folato, B12, D) e minerais (ferro, cál-
cio, zinco e magnésio). Todas estas alterações dependem 
do grau de extensão e gravidade com que se manifestam 
(CAMPOS, 2002; FLORA; DICHI, 2006; TEIXEIRA-NE-
TO; GOMES, 2004; ZACHOS; TONDEUR; GRIFFITHS, 
2011). A terapia nutricional deve objetivar a redução da 
atividade da doença, das indicações cirúrgicas e das com-
plicações pós-operatórias, mantendo e/ou recuperando o 
estado nutricional (FLORA; DICHI, 2006; RODRIGUES; 
PASSONI; PAGANOTTO, 2008).
Glutamina
A glutamina é um aminoácido não essencial do 
ponto de vista nutricional, cujo papel é relevante tanto em 
estados normais como fisiopatológicos (CRUZAT; PETRY; 
TIRAPEGUI, 2009). É fundamental para o crescimento e à 
diferenciação celular, transporte de cadeia carbônica entre 
os órgãos e fornecimento de energia para células de rápi-
da proliferação, como os enterócitos e as células do siste-
ma imune (MARC; WU, 2009; OLIVEIRA et al., 2010). 
Sugere-se que a baixa das concentrações plasmáticas deste 
aminoácido, que acontece em situações de estresse, quan-
do o decaimento intracelular pode chegar a até 50%, se não 
for suprida pela dieta (frequentemente reduzida devido à 
anorexia), favorece a ocorrência de um estado de imunos-
supressão. Por isso, acredita-se que fornecer glutamina a 
pacientes com alterações do sistema imunológico, como os 
com deficiências imunitárias, críticos, aos com patologias 
gastrointestinais e oncológicos seja favorável (GANEP, 
2005; RAPIN; WIERNSPERGER, 2010).
Além de ser responsável pela digestão e absorção 
de nutrientes, o trato digestório representa o maior tecido 
imune do organismo. Aliado a isso, é o principal tecido 
de captação e metabolismo da glutamina, que é consu-
mida primariamente pelas células da mucosa intestinal 
(MARC; WU, 2009). Igualmente, a glutamina é o princi-
pal substrato energético para as células epiteliais e é pre-
cursora de purinas e pirimidinas, que são utilizadas em 
altas taxas por células de rápido turnover, como os enteró-
citos (RAPIN; WIERNSPERGER, 2010). Adicionalmente, 
a glutamina participa da síntese de hexosaminas, que são 
importantes para a manutenção da integridade intestinal, 
evitando a translocação bacteriana (BORGES; ROGE-
RO; TIRAPEGUI, 2008; OLIVEIRA et al., 2010; LI et al., 
2004). Trabalhos experimentais têm demonstrado a ação 
desse aminoácido sobre a parede colônica, com potencial 
aplicabilidade clínica em situações de estresse, através da 
modulação da resposta inflamatória (DEN et al., 1999; 
FIOCCHI, 2005; OLIVEIRA et al., 2010; RODRIGUES; 
PASSONI; PAGANOTTO, 2008).
Utilização na Terapia Nutricional
O tratamento nutricional objetiva recuperar e/ou 
manter o estado nutricional, proporcionar o crescimen-
to em crianças, fornecer aporte adequado de nutrientes, 
contribuir para o alívio de sintomas, reduzir as indica-
ções cirúrgicas e diminuir a atividade da doença (BAU-
MGART; DIGNASS, 2004; DEN et al., 1999; BORGES; 
ROGERO; TIRAPEGUI, 2008; FLORA; DICHI, 2006; 
HOU; ABRAHAM; EL-SERAG, 2011). O uso de nutrien-
tes com propriedades farmacológicas, como a glutamina, 
em terapia nutricional, tem sido abordado intensamente 
na literatura (BORGES; ROGERO; TIRAPEGUI, 2008; 
BUCHMAN, 2001; CAMPOS, 2002; OLIVEIRA et al., 
2010; RAPIN; WIERNSPERGER, 2010).
Há alguns mecanismos propostos para explicar de 
que forma esse aminoácido regularia a resposta inflama-
tória originada no intestino com a presença de alguma 
anormalidade. Dentre os propostos, estão: aumento da ca-
pacidade antioxidante do intestino, por meio do aumento 
da síntese de glutationa - um dos principais antioxidan-
tes corporais que diminui a ação dos radicais livres, res-
ponsáveis pela aceleração dos danos às células da mucosa 
intestinal -, diminuição da apoptose de células intestinais, 
preservação da integridade da barreira intestinal e mo-
dulação direta da resposta inflamatória (CAMPOS, 2002; 
DEN et al., 1999; FIOCCHI, 2005; OLIVEIRA et al. 2010). 
Outro mecanismo sugerido para a modulação da inflama-
ção pela glutamina refere-se à manutenção da integridade 
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br14
NutriçãoEM RPAUTA Resultados do Uso de Glutamina na Doença 
Inflamatória Intestinal: UmaRevisão
das junções intercelulares, visto que alterações na barreira 
paracelular podem permitir a passagem de antígenos que 
estimulariam a resposta inflamatória (RAJENDRAN; KU-
MAR, 2009; RAPIN; WIERNSPERGER, 2010).
Não existe consenso sobre a melhor dosagem de 
glutamina a ser oferecida nem qual seria a melhor for-
ma a ser utilizada. Em estado normal, o organismo utiliza 
diariamente cerca de 19 a 23 g (BUCHMAN, 2001). Uma 
recomendação sugerida para adultos é de 0,57 g/ kg por 
dia (SCHULMAN et al., 2005).
A literatura é escassa e o que há parece contradi-
tório no que se diz respeito à utilidade da suplementação 
de glutamina nas doenças inflamatórias intestinais, quer 
por via enteral ou parenteral. Os resultados dos estudos 
relacionados encontram-se condensados na tabela abaixo.
Tabela 1. Resultados obtidos com a suplementa-
ção de glutamina na doença de Crohn.
Referências Data Desfechos
Buchman e col 1995 Manutenção da morfologia e 
funções intestinais. 
Savy e col 1997 Redução da atividade da 
doença e da permeabilidade 
intestinal. 
Akobeng e col 2000 Sem alterações em relação à 
remissão da doença, contagem 
plaquetária e peso corpóreo. 
Bourreille e col 2004 Sem alterações em relação 
à remissão da doença e 
parâmetros nutricionais.
Ockenga e col 2007 Sem diferenças nutricionais. 
ESPEN 2009 Não há comprovações 
suficientes. 
Buchman et al. (1995) realizaram um experimento 
com indivíduos que receberam nutrição enteral padrão ou 
fórmula suplementada com glutamina. Concluíram que a 
suplementação de glutamina pode contribuir na manuten-
ção da morfologia e funções intestinais. Savy et al. (1997) 
demonstraram também que a suplementação de glutami-
na em pacientes com doença de Crohn resultou em redu-
ção da atividade da doença e da permeabilidade intestinal. 
No entanto, resultados controversos mais recen-
tes foram demonstrados por Akobeng et al. (2000). Não 
foram observadas alterações em relação à remissão da 
doença, contagem plaquetária e peso corpóreo. A equi-
pe concluiu que a dieta suplementada com nutrientes 
imunomoduladores não ofereceu vantagens sobre a dieta 
polimérica padrão. Nessa mesma linha, quatro anos de-
pois, Bourreille et al. concluíram, através dos dados ob-
tidos, que não há exigência óbvia da utilização do ami-
noácido nessa patologia, por não influenciar no curso da 
doença. Ockenga et al. (2007) não acharam diferenças 
significativas nos parâmetros nutricionais, atividade da 
doença e tempo de permanência hospitalar nos pacientes 
suplementados com glutamina, quando comparados ao 
grupo-controle. Em síntese, nenhum desses estudos de-
monstrou vantagens para os grupos suplementados com 
a glutamina. 
A European Society for Clinical Nutrition and 
Metabolism (ESPEN), 2009, divulgou em consenso que 
ainda não há evidências suficientes para recomendar 
a sua utilização no tratamento das doenças inflamató-
rias intestinais.
Considerações Finais
Como observado com esta revisão, são conflitan-
tes os escassos dados existentes sobre a eficácia da suple-
mentação de glutamina. Estudos mais recentes não apre-
sentam resultados vantajosos de sua utilização (melhora 
de parâmetros nutricionais e remissão ou diminuição da 
atividade da doença) e, sendo assim, seu uso não está ne-
cessariamente indicado no tratamento das doenças infla-
matórias intestinais. 
Sobre a autora 
Dra. Letícia de França Ferraz
Nutricionista Clínica do Hospital Guilherme Álvaro Aprimo-
ramento em Nutrição Hospitalar - Hospital Guilherme Álvaro; Espe-
cialista em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional – GANEP. 
Palavras-chave: glutamina, colite ulcerativa, doença de crohn, 
terapia nutricional.
Keywords: glutamine, colitis ulcerative, crohn’s disease, nutritional 
therapy.
Recebido: 19/12/2011 – Aprovado: 22/5/2012
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clínica
Por Letícia de França Ferraz
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2012
O8
29 a 31 de março - Rio de Janeiro • 26 a 28 de abril - Belo Horizonte • 10 e 11 
de maio - Salvador • 10 e 11 de maio - Florianópolis • 17 e 18 de maio - Brasília 
• 24 e 25 de maio - Recife • 24 e 25 de maio - Manaus • 31 de maio e 01 de 
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dos para avaliação até 30 dias do Fórum cor-
respondente nas seguintes áreas: Nutrição 
Clínica/Hospitalar; Nutrição e Saúde Pública; 
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mia. Todos os trabalhos aprovados terão os 
seus resumos pulicados nos anais do fórum 
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do Fórum de Nutrição irá selecionar e premiar 
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16h30 - Curso de Nutrição Clínica • 16h30 às 19h30 
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Sexta-Feira
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trição Clínica • 11h30 às 12h30 - FoodService • 
14h às 16h - Nutrição Esportiva • 16h15 às 17h30 - 
Saúde Pública.
nutrição em pauta | 17julho / Agosto / 2012
Proteína do Soro do leite 
e sua Utilização por Praticantes 
de Atividade Física
Whey Protein and its Use for Physical 
Activity Practitioners
esporte
Por Tamara Stulbach, Andrea Matarazo Carraro, 
Thaís Suzana Kocsis e Rogério Eduardo T. Frade
O uso de suplementos alimentares está em 
ascendência, acometendo principalmente prati-
cantes de atividade física. Estima-se que, dentre 
esses, a proteína do soro do leite tem se destacado 
no mercado de suplementos alimentares. Objeti-
vo: Revisão bibliográfica da proteína do soro do 
leite e a sua utilização por praticantes de ativi-
dade física. Método: Revisão bibliográfica basea-
da em livros, sites, artigos originais e de revisão, 
pesquisados por meio de descritores Mesh/ DeCS 
nas bases de dados Scielo, Bireme, Lilacs, Pubmed, 
nos idiomas português e inglês. Resultados: Os 
estudos indicaram que a proteína do soro do lei-
te fornece todos os aminoácidos essenciais para 
o organismo, atuando na construção muscular, 
síntese hormonal, melhora do sistema imunológi-
co, entre outras funções para o bom desempenho 
físico. Conclusão: A proteína do soro do leite é 
um suplemento alimentar seguro, que proporcio-
na ao organismo benefícios comprovados. Entre-
tanto, faz-se necessária uma gama mais extensa 
de estudos relacionados ao tema.
The use of dietary supplements is on the rise, affecting 
mainly physical activity practitioners. It is estimated that 
among these, the whey protein has been outstanding in 
the market for dietary supplements. Objective: Literature 
review of the whey protein and its use by mainly physical 
activity practitioners. Method: Literature review based 
on books, websites, original and review articles, browsed 
through the MeSH / DeCS in the databases SciELO, BI-
REME, LILACS, Pubmed, in Portuguese and English. 
Results: The studies indicate that whey protein provides 
all essential amino acids for the body, acting on muscle 
building, hormone synthesis, improves the immune system 
among other functions for the good physical performance. 
Conclusion: Whey protein is a safe dietary supplement that 
provides benefits to the body, however, it is necessary to a 
wider range of studies related to the topic.
Introdução
 A Associação Brasileira de Academias (ACAD) 
estima existirem atualmente 7.000 academias em todo 
o país, onde 2,8 milhões de brasileiros realizam seus 
programas de exercícios (BERGALLO, 2004). O uso de 
suplementos é significante pelos alunos de academias, 
ficando clara a necessidade de estudos sobre o consu-
mo desses produtos e seus efeitos, enfocando aspectos 
dantas; williams
Historicamente, o homem tem bus-
cado recursos que propiciem o aprimora-
mento da performance, encontrando em 
suplementos alimentares recursos ergogê-
nicos que podem auxiliar na performance, 
como meio de atingir esse fim, sem os indese-
jáveis efeitos colaterais das drogas.”
dantas
Surgem cada vez maisevidências 
de que a ingestão de nutrientes no perío-
do posterior ao treinamento pode influen-
ciar na resposta dos músculos e de outros 
tecidos, permitindo uma adaptação mais 
eficaz às sessões de treinamento. Estraté-
gias especiais de alimentação e ingestão de 
líquidos antes, durante e após os exercí-
cios físicos podem ajudar a reduzir a fadi-
ga e melhorar o desempenho.”
| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br18
NutriçãoEM RPAUTA Proteína do Soro do Leite e sua Utilização 
por Praticantes de Atividade Física
de educação nutricional 
do consumidor de suple-
mentos, para aumentar o 
nível de informação so-
bre os mesmos e garantir 
segurança na sua utili-
zação (PEREIRA, 2003). 
Na busca incessante pelo 
corpo perfeito ou pela 
obtenção de melhoria na 
performance, os frequentadores de academias, mais es-
pecificamente os praticantes de musculação, têm se sub-
metido ao consumo de produtos, muitas vezes de forma 
abusiva, com o intuito de atingir objetivos a curto prazo 
(SANTOS, SANTOS; 2002). 
 As proteínas estão entre os suplementos ali-
mentares mais consumidos no mundo, (MORAIS, 2008; 
SGARBIERI,2008). 
 O estado de saúde é fortemente influenciado pela 
predisposição genética e pelos hábitos, principalmente 
atividade física apropriada e dieta balanceada (WILLIA-
MS, 2002).
Historicamente, o homem tem buscado recursos 
que propiciem o aprimoramento da performance, en-
contrando em suplementos alimentares recursos ergogê-
nicos que podem auxiliar na performance, como meio de 
atingir esse fim, sem os indesejáveis efeitos colaterais das 
drogas (DANTAS, 2005; WILLIAMS, 2005).
Todos os dias, a alimentação deve fornecer ao atle-
ta o combustível e os nutrientes necessários para otimizar 
o desempenho durante as sessões de treinamento, além 
de garantir recuperação rápida posteriormente. Surgem 
cada vez mais evidências de que a ingestão de nutrien-
tes no período posterior ao treinamento pode influenciar 
na resposta dos músculos e de outros tecidos, permitindo 
uma adaptação mais eficaz às sessões de treinamento. Es-
tratégias especiais de alimentação e ingestão de líquidos 
antes, durante e após os exercícios físicos podem ajudar a 
reduzir a fadiga e melhorar o desempenho (MAUGHAN, 
BURKE; 2007).
Os suplementos alimentares priorizam aumentar 
o tecido muscular, ofertar e produzir energia para o mús-
culo, minimizar os efeitos da fadiga, aumentar o alerta 
mental, reduzir gordura corporal e diminuir a produ-
ção e aceleração da remoção de metabólicos tóxicos do 
músculo (DANTAS, 2005). Dentre esses suplementos, 
há uma grande gama de 
atletas utilizando suple-
mentos protéicos, como é 
o caso da proteína do soro 
do leite (POWERS; HO-
WLEY, 2005).
Este artigo tem 
como objetivo uma re-
visão bibliográfica da 
proteína do soro do leite 
(whey protein) e a sua utilização por praticantes de ati-
vidade física.
Metodologia
Estudo de revisão bibliográfica baseado em livros 
consultados, sites, artigos originais de revisão, dos últimos 
7 anos, pesquisados por meio dos escritores Mesh/DeCS 
nas bases de dados Scielo, Bireme, Lilacs, Pub Med e Goo-
gel acadêmico®, nos idiomas português e inglês, relacio-
nados ao tema proteína do soro do leite (whey protein) e 
a sua utilização por praticantes de atividade física. Alguns 
estudos clássicos da literatura publicados anteriormente 
aos últimos 7 anos foram incluidos neste estudo. Foram 
utilizados na metodologia de pesquisa operadores bole-
anos (and, or, not) para busca com as seguintes palavras-
-chave: proteína do leite, exercícios, suplementos dietéti-
cos, suplementação, treinamento.
Resultados/Discussão
Consumo de suplementos 
Segundo a diretriz da Sociedade Brasileira de Me-
dicina do Esporte (2009), a recomendação da ingestão de 
proteínas no treinamento de resistência é de 1,2 a 1,6 g/
kg/dia e no treinamento de força, 1,6 a 1,7 g/kg/dia (HER-
NANDEZ, NAHAS, 2009).
Excessos na ingestão de proteínas podem, contudo, 
proporcionar efeitos negativos no metabolismo hepático 
e renal (SGARBIERI,2008).
Proteína do soro do leite
No artigo de Campbell et.al (2007) foram re-
lacionadas 7 questões sobre a ingestão de proteína 
para indivíduos saudáveis e ativos: 1) indivíduos pra-
ticantes de exercício regularmente requerem mais 
proteína na dieta do que indivíduos sedentários. 2) 
dantas
Os suplementos alimentares priori-
zam aumentar o tecido muscular, ofertar 
e produzir energia para o músculo, minimi-
zar os efeitos da fadiga, aumentar o alerta 
mental, reduzir gordura corporal e dimi-
nuir a produção e aceleração da remoção 
de metabólicos tóxicos do músculo.”
nutrição em pauta | 19julho / Agosto / 2012
Estudo da utilização da proteína do soro do 
leite em exercício de resistência
O exercício de resistência é fundamentalmente 
anabolizante, estimulando o processo de síntese de pro-
teína do músculo esquelético a quebra da proteína do 
músculo esquelético. No entanto, o efeito somente do 
exercício de resistência acarreta uma mudança no balan-
ço de proteína líquida para um valor mais positivo. No 
entanto, na ausência de alimentação, este balanço perma-
nece negativo. Quando combinados exercícios de resis-
tência e alimentação sinergeticamente identificou-se um 
resultado de balanço de proteína líquida maior do que se 
encontra só com a alimentação. Esta alimentação e a es-
timulação do exercício induzem o aumento da proteína 
que, embora lentamente, resulta na hipertrofia muscular 
(STUART, 2005).
A pesquisa feita por Tracy et al. (2006) comparou 
a resposta inicial da síntese de proteína múscular esque-
lética e a tradução após o início da ingestão de diferentes 
fontes de proteína após o exercício de resistência. Neste 
experimento foram utilizados ratos tanto como grupo 
controle como grupo esforço, sendo alimentados só de 
carboidratos (CE), carboidratos e proteína de soja (ES) 
ou carboidratos e proteínas do soro do leite (EW). Con-
centrações séricas de aminoácidos de cadeia ramificada 
no ES e EW foram maiores do que no CE, mas, no soro, 
A ingestão de proteína de 1,4-2,0 g/kg/dia para indi-
víduos fisicamente ativos não é apenas segura, mas 
pode melhorar as adaptações de treinamento para 
exercício de treinamento. 3) Quando parte de uma 
equilibrada ingestão de proteína, não há prejuízo à 
função renal ou metabolismo ósseo em pessoas sau-
dáveis e ativas. 4) Embora seja possível para indiví-
duos fisicamente ativos obter sua necessidade diária 
de proteínas através de uma dieta variada e regular, a 
utilização de suplementação proteica, em várias for-
mas, é uma maneira prática de garantir a ingestão ade-
quada de proteínas e de qualidade para os atletas. 5) 
Diferentes tipos e qualidade de proteínas podem afetar 
a biodisponibilidade de aminoácidos na suplementa-
ção de proteína. A superioridade de um tipo de pro-
teína em relação à outra em termos de otimização da 
recuperação e/ou adaptação ao treinamento continua 
a ser convincentemente demonstrada. 6) A ingestão de 
proteína em determinados horários é um componente 
importante no treinamento, essencial para que haja a 
recuperação adequada, função imunológica, cresci-
mento e manutenção da massa corporal magra. 7) Em 
determinadas circunstâncias, suplementos de aminoá-
cidos específicos, como o de cadeia ramificada de ami-
noácidos (BCAA), podem melhorar o desempenho e 
recuperação do exercício. (CAMPBELL, 2007).
Whey Protein and its Use for Physical 
Activity Practitioners
esporte
Por Tamara Stulbach, Andrea Matarazo Carraro, 
Thaís Suzana Kocsis e Rogério Eduardo T. Frade
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| nutrição em pauta nutricaoempauta.com.br20
leucina e isoleucina na EW foram superiores no ES. No 
entanto, tanto ES quanto EW promoveram a taxa fracio-
nal de síntese de proteína do músculo esquelético signi-
ficativamente maior do que o grupo CE. Em conclusão, 
a síntese de proteínas em geral é promovida comparavel-
mente por proteína de soja e proteína de soro no múscu-
lo esquelético de ratos exercitados. 
Estudo da utilização da proteína

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