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LIVRO-FARMACOLOGIA APLICADA A FARMÁCIA

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FARMACOLOGIA 
APLICADA A 
FARMÁCIA
Lucimar Filot da 
Silva Brum
Contraceptivos e 
reposição hormonal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os diferentes tipos de métodos contraceptivos.
  Explicar o modo de ação e os efeitos adversos dos contraceptivos 
hormonais.
  Descrever as ações farmacológicas e as precauções quanto ao uso 
da reposição hormonal.
Introdução
Contracepção caracteriza-se pela prevenção de gravidez, seja por mé-
todos que impedem que os espermatozoides cheguem até o óvulo 
maduro ou métodos que evitam que o óvulo fertilizado seja implantado 
no endométrio (WELLS et al., 2016).
A contracepç ã o pode ser utilizada como método profilático plane-
jado (por exemplo, pílulas contraceptivas hormonais orais, injeções de 
hormônios, preservativos, dispositivos vaginais ou intrauterinos, esper-
micidas, ligaç ã o tubária e vasectomia) ou como método pó s-coito para 
contracepç ã o de emergê ncia (por exemplo, pí lulas contraceptivas orais 
com doses elevadas de estrogê nio, pí lulas progestí nicas em altas doses) 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Entre os vá rios mé todos contraceptivos, as pí lulas, que contêm estro-
gênio e progestina associados, sã o as mais usadas e demonstram ser o 
método mais eficaz entre as modalidades contraceptivas nã o cirú rgicas.
Além de serem utilizados como contraceptivos, na prática clínica, a 
associação do estrogê nio e progestina tem sido empregada na terapia 
de reposiç ã o hormonal (TRH) em mulheres na perimenopausa ou na pó s-
menopausa. Porém, vários estudos questionam os riscos e os benefícios 
associados à terapia de reposição hormonal.
Neste capítulo, serão abordados os diferentes tipos de métodos con-
traceptivos, o modo de ação e os efeitos adversos dos contraceptivos 
hormonais, bem como as ações farmacológicas e as precauções quanto 
ao uso da reposição hormonal.
Métodos contraceptivos
Entre os diferentes métodos contraceptivos disponíveis, em geral, os métodos 
reversíveis de contracepção (pílula, preservativos) são preferíveis pelos casais 
quando comparados aos métodos irreversíveis (esterilização masculina ou 
feminina). Por outro lado, não existe nenhum método contraceptivo isolado 
ideal, pois a efi ciência de determinado método de contracepção não depende 
apenas da sua efi cácia, mas também da adesão e do cumprimento regular do 
método (WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Nesse cenário, as discrepâncias entre a eficiência teórica e a eficiência 
verdadeira ressaltam a importância da educação e da adesão de pacientes 
quando se consideram várias formas de contracepção. Assim, o conhecimento 
das vantagens e desvantagens de cada método contraceptivo é essencial para 
aconselhar um indivíduo acerca dos métodos mais seguros e mais compatíveis 
com o seu estilo de vida (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). 
Métodos de barreira
Os métodos contraceptivos de barreira são reversíveis e incluem os preser-
vativos, os diafragmas e os capuzes cervicais. Esses dispositivos podem 
ser facilmente obtidos, assim como os espermicidas, e apresentam menos 
efeitos colaterais do que os métodos contraceptivos hormonais. Entretanto, 
vale ressaltar que a efi cácia desses métodos depende muito da adesão e do 
uso adequado (KASPER et al., 2017). 
A maior vantagem do uso de métodos contraceptivos de barreira é a proteção 
proporcionada contra as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o menor 
risco de infecção pelo HIV, pela gonorreia e pela herpes genital, principalmente 
quando associado ao uso concomitante de espermicidas. 
Esterilização
A esterilização é o método de controle de natalidade escolhido com mais fre-
quência por homens e mulheres que já têm fi lhos. Refere-se a um procedimento 
Contraceptivos e reposição hormonal2
que impede a fertilização pela interrupção cirúrgica das tubas uterinas nas 
mulheres (laqueadura tubária) e dos ductos deferentes nos homens (vasectomia). 
Além da prevenção da gravidez, a ligadura tubária reduz o risco de cân-
cer ovariano, possivelmente por limitar a migração ascendente de possíveis 
carcinogênicos. A vasectomia é um procedimento cirúrgico ambulatorial 
altamente eficaz, no entanto, o paciente deve ser alertado que nos primeiros 
6 meses é preciso usar métodos contraceptivos alternativos para evitar a 
gravidez (KASPER et al., 2017).
Métodos contraceptivos hormonais
Os métodos contraceptivos hormonais incluem os anticoncepcionais adminis-
trados por via oral, os adesivos e os anticoncepcionais injetáveis. 
Em razão da facilidade de uso e da eficácia, as pílulas contraceptivas 
orais representam a forma mais utilizada de contracepção hormonal. No 
mercado, estão disponíveis as pílulas combinadas (que constituem associação 
de estrogênio e progestina) e as minipílulas (que contêm apenas progestina). 
Elas atuam na supressão da ovulação, modificam o muco cervical e alteram 
o endométrio (KASPER et al., 2017). As atuais formulações contêm estro-
gênios (etinilestradiol ou mestranol) e progestinas sintéticas. São utilizadas 
múltiplas progestinas sintéticas, como, por exemplo, a noretindrona e seus 
derivados, que são usadas em muitas formulações (BRUNTON; CHABNER; 
KNOLLMANN, 2016). 
As três principais formulações de contraceptivos orais são combinação 
de estrogênio-progestina com dose fixa, combinação fásica de estrogênio-
-progestina e apenas progestina (minipílula). Cada uma dessas formulações 
deve ser administrada de forma diária por 3 semanas, seguidas por uma semana 
sem qualquer medicação, durante a qual, em geral, ocorre o sangramento 
menstrual.
No Brasil, existem três formulações diferentes de minipílula, cada uma 
com uma progestina diferente:
  Noretisterona 0,35 µg; 
  Desogestrel 0,075 µg;
  Linestrenol 0,5 µg. 
Apesar de a minipílula ser menos eficaz como contraceptivo, ela é ade-
quada para mulheres com risco aumentado de doença cardiovascular, para 
3Contraceptivos e reposição hormonal
mães que estejam amamentando ou para aquelas que não conseguem tolerar 
os estrogênios sintéticos (KASPER et al., 2017). 
Também estão disponíveis os adesivos com hormônios e que apresentam 
eficácia semelhante as dos contraceptivos orais. A quantidade de estrogênio 
disponibilizado é comparável a de um contraceptivo oral com 40 μg de eti-
nilestradiol, o que pode gerar um maior risco de tromboembolismo venoso e, 
portanto, recomenda-se somente em casos em que a mulher não se adapta a 
outros métodos contraceptivos (WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Uma injeção mensal de contraceptivo de estrogênio/progestina é alta-
mente efetiva, com uma taxa de insucesso durante o primeiro ano de <0,2%; 
todavia, sua utilização está associada à irregularidades de sangramentos, que 
diminuem com o passar do tempo. A fertilidade retorna de forma rápida após 
sua interrupção. Também está disponível no mercado o anel vaginal mensal 
planejado para ser deixado no local durante a relação sexual. É altamente 
eficaz, com uma taxa de insucesso de 12 meses de 0,7%. A ovulação retorna 
dentro do primeiro ciclo de recuperação após a interrupção (WHALEN; 
FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
A medroxiprogesterona, disponível na formulação de acetato de medroxi-
progesterona, é administrada por via intramuscular, uma formulação injetável 
que é efetiva por 3 meses; porém é comum o aparecimento de irregularidades 
menstruais, e o retorno da fertilidade após a interrupção pode demorar de 12 
a 18 meses (KASPER et al., 2017). 
Dispositivos intrauterinos 
Existem dois tipos de dispositivos intrauterinos (DIUs): o DIU hormonal 
que libera levonorgestrel (efi cazes por 3 ou 5 anos, dependendo do tipo) e o 
DIU de cobre (efi caz por 10 a 12 anos) (KASPER et al., 2017).
O efeito contraceptivo do DIU está relacionado a vários mecanismos, 
principalmente pelo efeito espermicidacausado por uma reação inflamatória 
estéril induzida pela presença de corpo estranho na cavidade uterina (DIU de 
cobre) ou pela liberação de progestinas (KASPER et al., 2017). 
O DIU proporciona uma boa eficácia contraceptiva e poucos efeitos cola-
terais sistêmicos. No entanto, ele não deve ser indicado a mulheres com alto 
risco de DSTs. Além disso, o uso de DIU de cobre está associado a um aumento 
do fluxo sanguíneo menstrual. Esse fluxo é menos pronunciado com o DIU 
que libera progestina, que está associado a uma ocorrência de sangramento 
irregular ou amenorreia (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; 
KASPER et al., 2017).
Contraceptivos e reposição hormonal4
A atuação dos profissionais de saúde, no que se refere ao planejamento familiar, deve 
estar pautada no Artigo 226, Parágrafo 7, da Constituição da República Federativa do 
Brasil, portanto, no princípio da paternidade responsável e no direito de livre escolha 
dos indivíduos e/ou casais.
Ao mesmo tempo, os profissionais de saúde devem empenhar-se em bem informar 
aos usuários para que conheçam todas as alternativas de anticoncepção e possam 
participar ativamente da escolha do método. Considerando que a aids vem se tor-
nando uma das principais causas de morte entre mulheres jovens, é fundamental que 
se estimule a prática da dupla proteção, ou seja, a prevenção simultânea das DSTs, 
inclusive a infecção pelo HIV/aids, e a gravidez indesejada. Isso pode se traduzir no 
uso dos preservativos masculino e feminino ou na opção de utilizá-los em associação 
a outro método anticoncepcional da preferência do indivíduo ou do casal. Acesse o 
link e leia sobre os diferentes métodos anticoncepcionais.
https://goo.gl/vH4kwM
Modo de ação e efeitos adversos dos 
contraceptivos hormonais
Os contraceptivos hormonais incluem os anticoncepcionais orais, os adesivos 
e os anticoncepcionais injetáveis. 
Os anticoncepcionais orais são os mais utilizados e estão disponibiliza-
dos em formulações que contêm uma combinação de estrogênio sintético 
(etinilestradiol e mestranol) e progestina sintética (noretisterona, levo-
norgestrel, etinodiol, desogestrel ou gestodeno), a qual é denominada de 
pílula combinada, ou apenas progestina (minipílula). A pílula combinada é 
tomada por 21 dias consecutivos, seguidos por 7 dias sem pílula, o que resulta 
em sangramento. Logo após a descontinuidade do uso da pílula, ocorre o ciclo 
normal da menstruação e, raramente, mesmo em casos de uso prolongado, 
causa perda da fertilidade (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; 
KATZUNG; TREVOR, 2017). 
5Contraceptivos e reposição hormonal
Modo de ação
Com relação ao modo de ação nas pílulas combinadas, as progestinas pro-
movem o espessamento do muco cervical, retardam o transporte dos esper-
matozoides e induzem atrofi a do endométrio. Também bloqueiam o pico de 
hormônio luteinizante (LH) e, desse modo, inibem a ovulação. Por outro 
lado, os estrogênios suprimem a liberação do hormônio folículo estimulante 
(FSH), desse modo contribuem para o bloqueio do pico de LH, estabilizando 
o revestimento endometrial e controlando o ciclo ovariano (KATZUNG; 
TREVOR, 2017).
Vale ressaltar que o estrogênio e progestinas agem combinados para alterar 
o endométrio e assim inibem a implantação do óvulo. 
A minipílula (noretisterona, levonorgestrel ou etinodiol) também age 
impedindo a ovulação. Porém, esse efeito supressor da ovulação é bem mais 
fraco do que os efeitos dos anticoncepcionais combinados, que contêm estro-
gênios associados às progestinas. A pílula que só contém progesterona torna 
o muco cervical mais espesso, dificultando a viabilidade e a sobrevivência 
dos espermatozoides que não conseguem chegar às trompas para encontrar 
e fecundar o óvulo. Além disso, mesmo que a mulher ovule e mesmo que o 
espermatozoide consiga chegar ao óvulo para fecundá-lo, a minipílula também 
age tornando a parede interna do útero mais fina, dificultando a implantação 
desse possível óvulo fecundado, impedindo, assim a ocorrência de uma gravidez 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Efeitos adversos
Os efeitos adversos mais comuns relacionados ao uso dos contraceptivos hor-
monais incluem o ganho de peso, a retenção de líquidos ou o efeito anabólico. 
Também podem causar náuseas, rubor, tontura, depressão e irritabilidade. 
Algumas mulheres também podem apresentar alterações na pele, como, por 
exemplo, acne ou manchas. Amenorreia de duração variável pode ocorrer 
quando o uso da pílula for interrompido (BRUNTON; CHABNER; KNOLL-
MANN, 2016). 
Nas formulações, as doses atuais de etinilestradiol variam de 10 a 50 μg. 
No entanto, as indicações para a dose de 50 μg são raras, e a maioria das 
formulações contêm 30 a 35 μg de etinilestradiol. O conteúdo reduzido de 
Contraceptivos e reposição hormonal6
estrogênio e de progestina nas pílulas de segunda e terceira geração diminuiu 
tanto os efeitos colaterais quanto os riscos associados ao uso de contraceptivos 
orais. Assim, os efeitos colaterais comuns que incluem sangramento por in-
terrupção, amenorreia, hipersensibilidade mamária e ganho de peso, reduzem 
com a mudança da formulação (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
No entanto, até mesmo os contraceptivos orais em doses menores têm sido 
associados a um aumento de doença cardiovascular (infarto do miocárdio, aci-
dente vascular encefálico, tromboembolismo venoso); porém o risco excessivo 
absoluto é extremamente baixo (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 
2016). Em razão das baixas doses utilizadas, as pacientes devem ser alertadas 
para não esquecerem as pílulas, por causa do potencial de ovulação e, como 
consequência, de uma gravidez indesejada.
Os contraceptivos hormonais administrados por via oral estão sujeitos 
a interações medicamentosas. Nesse contexto, é importante estar atento, e 
orientar a paciente quanto à possibilidade de perda da eficácia e uma eventual 
gravidez indesejada, em razão das interações medicamentosas. 
Quais mecanismos estão envolvidos em interações medicamentosas en-
volvendo os contraceptivos orais? 
a) Os fármacos presentes nos contraceptivos orais, ou seja, os estrogê-
nios e as progestinas são metabolizados pelas enzimas do sistema 
microssomal hepático, citocromo P450 e, portanto, um fármaco que 
promova o aumento da metabolização hepática pode levar à diminuição 
da concentração plasmática ativa dos hormônios e pode ocorrer uma 
falha do efeito contraceptivo. Entre os fármacos indutores enzimáticos, 
pode-se citar os antiepiléticos (fenitoína e carbamazepina), griseoful-
vina, rifampicina e rifabutina. 
b) Fármacos como os antibióticos de amplo espectro (amoxicilina) causam 
a diminuição do efeito contraceptivo, pois interferem na circulação 
êntero-hepática do estrógeno reduzindo a concentração plasmática 
ativa (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
7Contraceptivos e reposição hormonal
O uso de anticoncepcionais orais combinados é contraindicado em mulheres em 
período menor do que 42 dias após o parto, em mulheres com alto risco de trombo-
embolismo venoso, em fumantes e, principalmente, em mulheres com idade maior 
de 35 anos. Também é contraindicado em mulheres com:
  histórico de câncer de mama, de cirrose descompensada grave, de adenoma 
hepatocelular ou de câncer hepático;
  hipertensão;
  doença isquêmica do coração;
  diabetes.
Fonte: Sech et al. (2018).
Terapia de reposição hormonal
O ovário, em geral, interrompe a sua funç ã o gametogê nica e endó crina com 
o passar do tempo e essa alteraç ã o resulta na cessação do sangramento ute-
rino, o que denomina-se de menopausa e é considerada como o fi m da vida 
reprodutiva da mulher (LIU; GASS, 2011).
A deficiê ncia de estrogê nio observada na menopausa, bem como diversos 
estudos de investigação que mostram efeitos positivos da terapia de reposiç ã o 
estrogênica sobre tais parâmetros, resultou no emprego disseminado da TRHem mulheres nos períodos peri e pó s-menopausa. Então, a terapia de reposição 
que antigamente era prescrita para aliviar as ondas de calor (fogachos) e outros 
sintomas da menopausa, passou a ser usada como uma estraté gia para impedir 
vá rios distú rbios que se aceleram depois da menopausa, incluindo cardiopatia 
coronariana, declí nio cognitivo e osteoporose (LIU; GASS, 2011).
Os sintomas mais frequentes durante a menopausa são os vasomotores, as 
alterações do sono, as alterações urogenitais e sexuais e as perturbações do 
humor. Tais sintomas interferem na qualidade de vida da mulher e o tratamento 
mais eficaz é a terapêutica hormonal de substituição, que reduz em 75% a 
frequência e a gravidade dos sintomas (LIU; GASS, 2011).
Contudo, grandes ensaios clínicos demonstraram um risco acrescido de 
patologia cardiovascular e de câncer de mama nas mulheres sob terapia de 
reposição hormonal, o que levou a comunidade médica, e mesmo as mulheres, 
a questionarem a sua segurança (LIU; GASS, 2011).
Contraceptivos e reposição hormonal8
O uso racional da TRH na pós-menopausa exige uma consideração dos 
benefícios e dos riscos potenciais à paciente. Primeiramente, é importante 
verificar se a paciente apresenta sintomas menopáusicos moderados a gra-
ves, que constituem a principal indicação para iniciar a TRH sistêmica. A 
TRH sistêmica também pode ser usada para prevenção da osteoporose em 
mulheres com alto risco de fratura que não conseguem tolerar tratamentos 
alternativos para a osteoporose (KASPER et al., 2017; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016). 
Com relação às ações farmacológicas, evidências têm demonstrado que 
a terapia estrogênica é extremamente eficaz no controle dos sintomas va-
somotores e geniturinários da menopausa. Mas, também vale ressaltar que 
terapias alternativas, incluindo o uso de antidepressivos (como paroxetina, 7,5 
mg/dia; ou venlafaxina, 75 a 150 mg/dia), gabapentina (300 a 900 mg/dia), 
clonidina (0,1 a 0,2 mg/dia), vitamina E (400 a 800 UI/dia) ou o consumo de 
produtos derivados da soja ou outros fitoestrógenos, também podem aliviar 
os sintomas vasomotores, apesar de serem menos efetivas do que a TRH. O 
fármaco bazedoxifeno, um agonista/antagonista do estrogênio, em associação 
com estrogênios conjugados, também tem sido usado para o controle dos sin-
tomas vasomotores. Para os sintomas geniturinários, a eficácia do estrogênio 
vaginal assemelha-se àquela do estrogênio oral ou transdérmico (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; KASPER et al., 2017).
O estrogênio torna mais lenta a perda óssea relatada pela maioria das 
mulheres na pós-menopausa. Ensaios clínicos randomizados demonstraram 
que a terapia com estrogênio na pós-menopausa, com ou sem progestogênio, 
aumenta rapidamente a densidade mineral óssea em 4 a 6% na coluna vertebral 
e em 2 a 3% no quadril, e esses aumentos são mantidos durante o tratamento 
(KATZUNG; TREVOR, 2017). 
A TRH também promove uma diminuição significativa de fratura ver-
tebral e de fraturas de quadril, punho e outras fraturas periféricas. Estudos 
demonstraram que os bisfosfonatos (alendronato, 10 mg/dia ou 70 mg uma 
vez por semana; risedronato, 5 mg/dia ou 35 mg uma vez por semana; ou 
ibandronato, 2,5 mg/dia ou 150 mg uma vez por mês ou 3 mg a cada 3 meses 
pela via intravenosa) e o raloxifeno (60 mg/dia), um modulador seletivo do 
receptor de estrogênio, são capazes de aumentar a densidade da massa óssea e 
de reduzir as taxas de fraturas. Outras opções para o tratamento da osteoporose 
consistem no uso de bazedoxifeno em associação com estrogênios conjugados 
e paratormônio (teriparatida, 20 µg/dia por via subcutânea). Esses agentes, 
diferentemente do estrogênio, não parecem exercer efeitos adversos sobre 
endométrio ou mama (KASPER et al., 2017). 
9Contraceptivos e reposição hormonal
Ainda, com relação aos prováveis benefícios da TRH, múltiplos estudos 
observacionais sugeriram que o uso de estrogênio promove uma redução de 35 
a 50% na incidência de doença arterial coronariana (DAC) entre as mulheres 
na pós-menopausa. A justificativa biológica dessa associação baseia-se em 
estudos que demonstram que o estrogênio exógeno reduz os níveis plasmáticos 
de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e eleva os de colesterol 
da lipoproteína de alta densidade (HDL) em 10 a 15%. A administração de 
estrogênio também afeta de forma favorável os níveis de lipoproteína (a), a 
oxidação do LDL, a função do endotélio vascular, o fibrinogênio e o inibidor 
do ativador do plasminogênio 1. Por outro lado, a terapia estrogênica tam-
bém pode exercer efeitos desfavoráveis sobre outros biomarcadores do risco 
cardiovascular, em que verifica-se uma elevação dos níveis de triglicerídeos; 
promoção da coagulação via fator VII, fragmentos 1 e 2 da protrombina, bem 
como elevações do fibrinopeptídeo A; além de elevação dos níveis do marcador 
inflamatório representado pela proteína reativa C (KASPER et al., 2017).
A prática de atividade física, a ingestão adequada de cálcio (1.000 a 1.200 
mg/dia via dieta ou suplementos em duas ou três doses fracionadas) e um 
aporte adequado de vitamina D (600 a 1.000 UI/dia) também podem reduzir 
o risco de fraturas relacionadas com a osteoporose.
Os efeitos adversos potenciais da TRH, em especial o sangramento vaginal, 
pode resultar do uso de formulações combinadas de estrogênio-progesterona 
recomendadas às mulheres com um útero intacto (BRUNTON; CHABNER; 
KNOLLMANN, 2016). 
As precauções e contraindicações para a TRH devem ser avaliadas de 
forma sistemática, e incluem sangramento vaginal, doença hepática ativa, 
tromboembolismo venoso, história de câncer endometrial (exceto no estágio 
1 sem invasão profunda) ou de mama, e história de DAC, acidente vascular 
encefálico (AVE), ataque isquêmico transitório ou diabetes. As contraindica-
ções relativas incluem hipertrigliceridemia (> 400 mg/dL) e doença ativa da 
vesícula biliar; nesses casos, o estrogênio transdérmico pode ser uma opção. 
Uma paciente que sofre um evento coronariano agudo ou AVE enquanto está 
recebendo TRH deve interromper imediatamente a terapia (KASPER et al., 
2017).
Foi demonstrado um risco três vezes maior de câncer endometrial entre 
usuárias de TRH por um curto período (1 a 5 anos) de estrogênio e um risco 
quase 10 vezes maior entre usuárias por tempo prolongado (≥ 10 anos). No 
entanto, estudos demonstram que a adiç ã o de uma progestina ao esquema de 
tratamento elimina esse risco aumentado para o desenvolvimento de câncer 
endometrial em mulheres que fazem uso de TRH (KASPER et al., 2017).
Contraceptivos e reposição hormonal10
O uso de estrogênio oral está associado a um aumento de 2,5 vezes no 
risco de tromboembolismo venoso em mulheres na pós-menopausa, portanto, 
recomenda-se o uso de estrogênio por via transdérmica, isolado ou associado 
a progestogênios (progesterona micronizada ou derivados do pregnano), que 
representa uma alternativa mais segura com relação ao risco trombótico 
(KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Existe um maior risco de câncer de mama em mulheres pós-menopausa em uso 
de TRH e o risco está diretamente relacionado ao tempo de uso. Diferentemente 
dos achados para o câncer endometrial, os esquemas combinados de estrogênio-
-progestina parecem aumentar o risco de câncer de mama mais do que apenas o 
estrogênio (TOY et al., 2015).
O uso de TRH também está relacionado ao risco 2 a 3 vezes maior de 
cálculos biliares ou de colecistectomia entre as mulheres na pós-menopausa 
que tomam estrogênio oral. 
Em resumo, a reposição hormonal com estrogê nios é mais comumente 
usada para tratar distú rbios vasomotores (as “ondas de calor”) nas mulheres 
na pó s-menopausa. Outros importantes benefí cios sã o melhorar os efeitos 
da atrofia urogenital, a menor incidê ncia de câ ncer de có lon, e a prevenç ã o 
de perda ó ssea. Uma variedade de preparaç õ es, incluindooral, transdérmica 
e vaginal estã o disponí veis. De qualquer maneira os fá rmacos especí ficos 
selecionados para o tratamento devem usar a dose e a duraç ã o mí nimos para 
o objetivo final desejado (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). 
Em mulheres na pó s-menopausa com um ú tero intacto, uma progestina é 
incluída para prevenir o câ ncer endometrial. O acetato de medroxiprogesterona 
é usado, sendo preferida uma progesterona micronizada; a noretindrona e a 
combinaç ã o norgestrel/levonorgestrel sã o també m comumente usadas. Mu-
lheres sem ú tero devem receber apenas estrogê nio (BRUNTON; CHABNER; 
KNOLLMANN, 2016). 
11Contraceptivos e reposição hormonal
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica 
de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
KASPER, D. L. et al. Manual de medicina de Harrison. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 
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Contraceptivos e reposição hormonal12
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