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Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:20:16 PROVA OBJETIVA Administração Estratégica Nota: 100 Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:20:16 Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:20:16 Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:20:16 Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. 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Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:23:12 Questão 1/12 - Administração Estratégica O objetivo da elaboração da Matriz S.W.O.T. é indicar o estado atual e futuro do negócio, permitindo à organização estabelecer quais são as ações necessárias para a sobrevivência, crescimento, transformação ou manutenção das suas atividades empresariais. Os elementos que correspondem aos fatores do ambiente interno da organização, na matriz S.W.O.T., são: Nota: 10.0 A Oportunidades e pontos fortes B Ameaças e pontos fracos C Ameaças e pontos fortes D Pontos fortes e pontos fracos E Oportunidades e ameaças Questão 2/12 - Administração Estratégica Uma administração estratégica adequadamente desenvolvida, implementada e operacionalizada pode proporcionar à empresa uma série de benefícios. Avalie os benefícios a seguir: I – Melhoria dos resultados da empresa. II – Melhoria do comprometimento e dos níveis de motivação. III – Facilidade de identificação das necessidades de capacitações. IV – Modelos de gestão mais simples, flexíveis e sustentados. É correto o que se afirma em: Nota: 10.0 A I, apenas. B II e III, apenas. C IV, apenas; D Todas são falsas. E Todas são verdadeiras. Questão 3/12 - Administração Estratégica O ambiente geral, também denominado de macroambiente, refere-se às amplas questões do universo social, econômico, político, tecnológico e legal, que devem ser considerados pelas organizações durante o processo de formulação estratégica. Sobre os fatores do macroambiente relacione a coluna A (fatores do macroambiente) com a coluna B (exemplos dos fatores do macroambiente): Coluna A Coluna B 1 – Econômicos A – Computadores, internet, inteligência artificial. 2 – Tecnológicos B – Incentivos fiscais, leis trabalhistas, monopólios e concessões 3 – Sociais C – PIB, inflação, taxas de juros. 4 – Políticos e legais D – taxas de violência, taxas de nascimento, longevidade humana Agora marque a sequência correta: Nota: 10.0 A 1-A; 2-B; 3-C; 4-D. B 1-D; 2-C; 3-B; 4-A. C 1-C; 2-A; 3-D; 4-B. D 1-C; 2-B; 3-A; 4-D. E 1-B; 2-A; 3-D; 4-C. Questão 4/12 - Administração Estratégica Analise as afirmativas e a relação proposta entre elas: I - Os gestores Estratégico Eduardo e Mônica idealizaram um novo processo de aproveitamento de energia solar. Pesquisas de mercado e análises consistentes demonstraram que a ideia é inovadora. Constatou-se, porém, que ela não representa uma oportunidade. Porque II - Não há demanda para o produto, e as análises financeiras do plano de negócios demonstraram poucas chances de retorno, demonstrando que não há potencial para investimento de longo prazo para o negócio. A respeito destas frases, é correto afirmar que: Nota: 10.0 A a primeira afirmação é falsa, e a segunda verdadeira B a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa C as duas afirmações são falsas D as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda contraria a primeira E as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira Questão 5/12 - Administração Estratégica As organizações são organismos complexos, que envolvem processos, regras, cultura, pessoas, relacionamentos, mercado e governo. Enfim, estão sob o prisma de diferentes dimensões e necessitam estar sempre muito bem alinhadas em seus objetivos, buscando permanentemente a integração entre suas diferentes áreas de negócio para inovar e criar diferenciais competitivos. Com base nesse contexto, assinale a alternativa que descreve, corretamente, o termo” estratégia”. Nota: 10.0 A É a maneira como a empresa percebe o mundo, gerando comprometimento com atitudes e respostas para determinadas situações, é a busca de uma posição, em uma relação da organização com o ambiente. B É um método gerencial que nos permite estabelecer uma direção a ser seguida pela empresa, visando um grau maior de ajuste com o ambiente. C Surge para satisfazer a necessidade das organizações de adequação ao seu ambiente, de maneira a assegurar a criação de riquezas para os acionistas e a satisfação dos seus stakeholders. D Faz análise do ambiente externo, visando à identificação de ameaças e de oportunidades, tanto no presente quanto no futuro e na análise do ambiente interno consiste na avaliação dos recursos da empresa (financeiros, humanos, tecnológicos e materiais) e busca identificar os pontos fortes e pontos fracos. Questão 6/12 - Administração Estratégica A Empresa ABDE estabeleceu como seu posicionamento estratégico os seguintes itens: Busca contínua pela redução dos custos operacionais; Aumento da margem de lucro de 5% aa para 7,5% aa; Aumento da utilização de seus ativos, potencializando seu uso e retorno sobre o investimento; Respeito a legislação ambiental e redução dos impactos a ela associados; Estabelecimento de indicadores de desempenho que vizem a eficiência e eficácia organizacional; Garantir a qualidade dos produtos e maximizar a satisfação dos clientes; Reduzir perdas de processo e perdas decorrentes dos processos de assistência técnica; Aumentar as vendas em 10%aa; Diante destas ações a estratégia adotada pela ABDE envolve que tipo de estratégia organizacional ? Nota: 10.0 A Estratégia de Custo Operacional Baixo B Estratégia de Inovação de Produtos C Estratégia de Aprisionamento de Clientes D Estratégia de Qualidade Assegurada E Estratégia de Satisfação dos Clientes Questão 7/12 - Administração Estratégica A Matriz Ansoff permite que sejam entendidas as possibilidades existentes de crescimento em um negócio. Com base na Matriz Ansoff, o elemento que está ligado à atuação com Produtos Existentes, em Mercados Existentes é: Nota: 10.0 A Desenvolvimento de novos produtos B Diversificação C Desenvolvimento de novos mercados D Penetração de mercado E Diversificação de mercado Questão 8/12 - Administração Estratégica O diretor da empresa Alfa tem uma tarefa a realizar e, para tanto, estabeleceu uma equipe de projetos, cujo objetivo é criar um novo produtopara a empresa. O que ele precisa fazer para que o projeto funcione e traga os resultados por ele esperados? Nota: 10.0 A incentivar a todos os funcionários da organização, independentemente do nível hierárquico, a contribuírem com o projeto. B propor incentivos aos interessados em participar do projeto, garantindo que existirão pessoas interessadas em dele participar. C estabelecer um prazo para a realização do projeto, indicando pessoas e recursos para sua realização, indicando os resultados esperados, ganhos para a organização e para os participantes do projeto. D não vincular a este grupo qualquer tipo de recompensa, seja social ou financeira, mencionando os riscos da participação no projeto, inclusive possibilidade de demissões. E neste caso a ferramenta de projetos não é adequada, a empresa deveria ter um programa de pesquisa e desenvolvimento, com equipe de projetos fixa, onde as pessoas sejam remuneradas pela efetividade de seus desenvolvimentos, evitando pagamentos desnecessários. Questão 9/12 - Administração Estratégica A estratégia de ______________ é voltada para empresas que querem atuar em mercados de nicho. Segundo Porter (2004), deve enfocar um determinado grupo comprador, um segmento ou linha de produtos ou um determinado mercado geográfico Seleciona a alternativa que melhor preenche a lacuna no texto apresentado: Nota: 10.0 A Liderança de custo. B Imitação. C Inovação. D Foco. E Diversificação. Questão 10/12 - Administração Estratégica Um grupo financeiro recém adquiriu uma empresa de software que detinha 25% do mercado de programas de segurança bancária. Após uma análise organizacional, percebeu-se que a expansão desejada não vinha ocorrendo devido à falta de agressividade da empresa adquirida, em função de sua estrutura extremamente pesada, inflexível e de pouca interação com o mercado. O grupo decidiu implementar uma transformação radical na nova empresa, redesenhando-a como uma organização adaptativa. Você, convidado a opinar sobre as ações necessárias à consolidação de uma organização adaptativa, identificou ações imediatas a serem implementadas, em que se destaca: Nota: 10.0 A promover um downsizing, redefinindo a estrutura de organização, capaz de aprender e de adaptar-se às mudanças e valorizando a inovação e a criatividade. B implementar um programa de vendas arrojado para atender aos antigos consumidores. C estabelecer uma estrutura organizacional rígida com desenho mecanístico e clara unidade de comando. D rever a política de cargos e salários, estabelecendo melhores salários e maior número de órgãos de staff. E redesenhar o organograma da empresa de modo a melhorar a pirâmide de necessidades. Questão 11/12 - Administração Estratégica (questão opcional) A administração estratégica de um negócio consiste em um processo sequencial lógico de análises e escolhas que pode aumentar as chances de um gestor ou de uma equipe de gestores estratégicos tomarem decisões acertadas em uma organização, gerando vantagens competitivas que sejam duradouras. Leia as afirmativas a seguir: I. A missão organizacional procura expressar as habilidades e capacidades de uma organização (seus pontos fortes), demonstrando a realidade atual e futura da organização de forma compreensível, exprimindo o espírito da organização, motivando seus colaboradores para a realização da estratégia e para o atendimento e satisfação dos clientes atuais e futuros da organização. Porque II. A visão empresarial nos remete a um cenário imaginário para a organização, que corresponde às aspirações do gestor e muitas vezes acaba por gerar pressão e desmotivação, por ser muito além da realidade. A respeito destas assertivas, assinale a opção correta. Nota: 0.0 A As assertivas I e II são falsas. B A assertiva I é falsa e a II é verdadeira. C As duas assertivas são falsas e a primeira explica a segunda. D A assertiva I é verdadeira e a II é falsa. E As duas assertivas são verdadeiras e a segunda explica e complementa a primeira. Questão 12/12 - Administração Estratégica (questão opcional) A análise do ciclo de vida do produto ajuda a organização a tomar decisões sobre o lançamento de produtos e serviços. É sabido que o processo de desenvolvimento de produtos é lento e em muitos casos pode levar anos, por isso as ações da organização devem ser previstas e planejadas no escopo do planejamento estratégico organizacional, destinando e aplicando corretamente os recursos necessários (Aula 2, pg. 18) Com base no ciclo de vida do produto, relacione as informações das colunas abaixo: COLUNA 1 COLUNA 2 A- Introdução 1- O produto perde participação de mercado e importância na curva de faturamento da organização, ficando com margens de lucro baixas. B- Crescimento 2- O produto começa a firmar-se no mercado, aumenta a demanda e alteram-se os processos produtivos visando maior produtividade a agilidade. C- Maturidade 3- A demanda do produto tende a estabilizar e os processos industriais tendem a ficar mais estáveis e confiáveis. D- Declínio 4- É caracterizada por baixos volumes de vendas, baixo volume de produção, pedidos sob encomenda e sob medida e produção em pequenos lotes. Selecione a alternativa que corresponde à relação correta: Nota: 0.0 A A2 – B3 – C1 – D4 B A4 – B2 – C3 – D1 C A2 – B3 – C4 – D1 D A4 – B1 – C2 – D3 E A3 – B2 – C4 – D1 Você acertou! Alternativa “d”. Ambiente interno está relacionado às competências distintivas, que revelam os pontos fortes e pontos fracos da organização. As demais estão incorretas, sendo que o Ambiente interno possui relação com os fatores chaves de sucesso, onde devem ser identificas as ameaças e oportunidades do Mercado (externo à organização). (Aula 2, pg. 8-12) Você acertou! A resposta correta é E). Conforme Vanin e Rancich (2013, p. 17-18), os benefícios da administração estratégica são: modelos de gestão mais simples, flexíveis e sustentados; identificação facilitada das capacitações e incapacitações dos profissionais da empresa; consolidação da postura de atuação empresarial direcionada para as necessidades e expectativas atuais e futuras do mercado; melhoria nos níveis de motivação e comprometimento, produtividade e qualidade; incremento na amplitude de atuação e nos resultados das empresas. Você acertou! Resposta Correta é C). De acordo com Vanin e Rancichn (2013, p. 55), a sequência correta é: Coluna A Coluna B 1 – Econômicos C – PIB, inflação, taxas de juros. 2 – Tecnológicos A – Computadores, internet, inteligência artificial. 3 – Sociais D – taxas de violência, taxas de nascimento, longevidade humana 4 – Políticos e legais B – Incentivos fiscais, leis trabalhistas, monopólios e concessões Você acertou! Produtos e tecnologias que visem economia e redução de consumo de energia, possuem características de inovação, podendo ser classificadas desta forma, porém isso não significa que as mesmas sejam viáveis e portanto boas oportunidades de negócios, a tecnologia pode ser muito cara para o momento atual, fazendo com que poucos tenham acesso a mesma e desta forma acabe inviabilizada (Aula 02, tema 07). Você acertou! Estratégia: é a maneira como a empresa percebe o mundo, gerando comprometimento com atitudes e respostas para determinadas situações. O objetivo é buscar o posicionamento da empresa no ambiente competitivo, o qual pode ser pré-selecionado, planejado e atingido por meio de um processo emergente, ou seja, de modo não predeterminado. (SERTEK et al., 2011, p. 114). Você acertou! Pela característica das ações que envolvem, aumento dos ativos, indicadores de eficácia e eficiência, aumenta da margem, amento das vendas, programas de qualidade voltados a qualidade do produto e seus processos, bem como, respeito a legislação ambiental a estratégia adotado envolve a ESTRATÉGIA DE CUSTO OPERACIONAL BAIXO (Aula 05, tema 05). Você acertou! Alternativa “d”. A matriz Ansoff compara a atuação de Produtos (novos e existentes) em mercados (Novos e existentes), conformefigura abaixo (Aula 3, pg. 7): Você acertou! Projetos: tem duração delimitada, são temporários, terminam quando o resultado pretendido é obtido, podem ser únicos e não repetitivos, muitas vezes exigindo envolvimento de várias pessoas de áreas diferentes por tempo determinado. Exigem do gestor do projeto capacidade de planejamento, organização, direção e controle de todo o projeto. Ex. Projeto de uma nova planta industrial, ou desenvolvimento de um novo produto (Aula 05, tema 02). Você acertou! Alternativa “d”. A estratégia de foco ou enfoque competitivo é voltada para empresas que querem atuar em mercados de nicho, como mercado de alto luxo ou de preços extremamente baixos, ou então com estratégias ditas híbridas ou mistas que envolvem o desenvolvimento de produtos diferenciados. Por exemplo, no caso dos telefones celulares da linha Galaxy da Samsung, as melhorias tecnológicas e funcionalidades são rapidamente repassadas às linhas de produtos mais básicas, permitindo à empresa competir em várias faixas de renda dos consumidores. (Aula 3, pg. 18) Você acertou! Em processos de diversificação um dos principais objetivos consiste em obter ganhos de escala com a otimização de recursos, ou seja, um único gerente de compras para as duas linhas de produtos ou organizações. Desta forma, a primeira questão identifica uma das ações a serem implantadas em casos de aquisição de empresa como estratégia de diversificação (Aula 03, tema 05). Alternativa “d”. A definição de missão está correta. A visão empresarial nos remete à visualização de um cenário futuro para a organização, que inspire, motive, nos traga uma imagem de um futuro excitante e desafiador que só depende da organização para se tornar realidade (Aula 4, pg 7). Alternativa “b”. Introdução: É a fase inicial da vida do produto, caracterizada por baixos volumes de vendas, baixo volume de produção, pedidos sob encomenda e sob medida e produção em pequenos lotes. Muitos produtos não passam desta fase, sendo substituídos ou até mesmo descontinuados; Crescimento: O produto começa a firmar-se no mercado, aumenta a demanda e alteram-se os processos produtivos visando maior produtividade a agilidade. Os componentes tendem a ser padronizados, os processos automatizados, o produto passa a ter mais versões e detalhes opcionais, os lotes de fabricação aumentam, o estoque passa a ser considerado uma opção para os momentos de alta ou baixa demanda; Maturidade: Na maturidade, a demanda do produto tende a estabilizar e os processos industriais tendem a ficar mais estáveis e confiáveis. Geralmente, o produto já chegou ao seu ápice de padronização e automação; Declínio: Nesta fase o produto apresenta demanda decrescente, perdendo participação de mercado e importância na curva de faturamento da organização, e principalmente, suas margens de lucro tendem a ficar muito baixas, levando-o a ser descontinuado e eliminado da carteira de produtos (Aula 2, pg. 17-18). Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 ATENÇÃO: Gabarito no final da página Questão 1/12 - Administração Estratégica A autoridade configura-se como um dos componentes da estrutura organizacional. Hunter (2005), no livro “O monge e o executivo”, diz que autoridade é a habilidade de influenciar as pessoas no sentido de fazerem prazerosamente o que lhes é solicitado. Um dos itens abordados neste componente é o nível hierárquico, dividido em três níveis: estratégico, tático e operacional. Associe a coluna A com a coluna B, relacionando esses níveis às suas respectivas características e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. Nota: 10.0 A I- II-A – B – III-C Você acertou! A estrutura do nível hierárquico está divida em: • nível estratégico: representa as funções e as atividades de tomadas de decisão na empresa, ou seja, são as ações que direcionam. Geralmente, esse nível é composto por diretores, assessores, consultores, gerentes etc. • nível tático: representa os cargos de liderança e o comando na organização, nos quais supervisores, líderes, chefes, coordenadores etc. atuam. • nível operacional: encontram-se as pessoas que executam tarefas. São Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 aquelas que trabalham, por exemplo, na fabricação dos produtos, no setor de vendas ao consumidor, no atendimento ao público etc. Constam aqui cargos como auxiliares, assistentes, secretárias, estagiários etc. (SERTEK et al., 2011, p. 82- 83) B I- II-B – C – III-A C I- -C – II B – III-A D I- II-A – C – III-B Questão 2/12 - Administração Estratégica ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Resumidamente poderíamos conceituar a Administração Estratégica como sendo a administração voltada a fortalecer as competências da organização com vistas a obtenção da vantagem competitiva ante a concorrência. Sobre esse tema analise a descrição a seguir e assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o conceito correspondente. “Concentra-se na monitoração e na avaliação do processo de administração estratégica no sentido de melhorá-lo, assegurando um funcionamento adequado.” Nota: 10.0 A Administração estratégica. B Estratégia. C Planejamento estratégico. D Controle estratégico. Você acertou! Controle estratégico: é o controle organizacional que se concentra na monitoração e avaliação do processo de administração estratégica no Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 sentido de melhorá-lo, assegurando um funcionamento adequado. (SERTEK et al., 2011, p. 121) Questão 3/12 - Administração Estratégica A autoridade é um poder legítimo, como o das leis, de um pai, de um chefe. Portanto, a autoridade é considerada um dos componentes da estrutura organizacional, composta pelos elementos: níveis hierárquicos, delegação, centralização e descentralização. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a definição do elemento delegação. Nota: 10.0 A É vista, facilmente, em pequenas e médias empresas em que o dono/chefe é a pessoa que decide tudo. B É transferir atribuições e autoridade a outras pessoas, geralmente subordinados, para a realização de tarefas e atividades. Você acertou! Delegação é transferir atribuições e autoridade a outras pessoas, geralmente subordinados, para a realização de tarefas e atividades. O gestor precisa acompanhar o processo, o que permitirá ao funcionário designado para a função realizar sua tarefa sem comprometer o processo final. (SERTEK et al., 2011, p. 86) C Referem-se às pessoas e às atividades realizadas sob o paradigma da autoridade dentro das organizações. D Quando a empresa passa do porte médio para o grande, as informações geradas são inúmeras então o gestor necessita diminuir o seu trabalho. Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 Questão 4/12 - Administração Estratégica A estratégia é um tema de extrema relevância para o mundo empresarial na atualidade. Diversos são os pensadores da área a proporem suas teorias e modelos com fins diversificados, que vão do objetivo acadêmico de contribuir com a sociedade, ganho de autoridade, respeito e visibilidade, até as variadas formas de disputas de poder e de mercado. Analise o trecho a seguir e assinale a alternativa que corresponde,corretamente, à descrição apresentada. “Surge para satisfazer a necessidade das organizações de adequação ao seu ambiente, de maneira a assegurar a criação de riquezas para os acionistas e a satisfação dos seus stakeholders.” Nota: 10.0 A Estratégia. B Estrategista. C Administração estratégica. Você acertou! Surge para satisfazer a necessidade das organizações de adequação ao seu ambiente, de maneira a assegurar a criação de riquezas para os acionistas e a satisfação dos seus stakeholders. (SERTEK et al., 2011, p. 119) D Planejamento estratégico. Questão 5/12 - Administração Estratégica A estratégia pode ser entendida como o conjunto de ações e iniciativas criativas e intuitivas que levam uma empresa ao sucesso, mas não pode ser confundida com planejamento estratégico e administração estratégica. Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o objetivo da estratégia. Nota: 10.0 A Atingir os objetivos e metas previamente definidos pela organização. B Ajudar o processo de escolha, planejamento, execução e avaliação das escolhas. C Buscar o posicionamento da empresa no ambiente competitivo, o qual pode ser pré-selecionado, planejado e atingido por meio de um processo emergente, ou seja, de modo não predeterminado. Você acertou! O objetivo é buscar o posicionamento da empresa no ambiente competitivo, o qual pode ser pré-selecionado, planejado e atingido por meio de um processo emergente, ou seja, de modo não predeterminado. (SERTEK et al., 2011, p. 114) D Desenvolver ações programadas para alcançar os objetivos. Questão 6/12 - Administração Estratégica ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Quando uma organização enfrenta dificuldades (tem sua sobrevivência ameaçada ou a base de recursos está com problemas), estratégias de redução de despesas são muito apropriadas. Nessas situações, a empresa pode optar por três estratégias: de rotatividade, de desinvestimento e de liquidação. Associe a coluna A com a coluna B, relacionando essas estratégias às suas respectivas características e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 Nota: 10.0 A I- II-A – B – III-C Você acertou! • Estratégia de rotatividade: a organização visa, com essa estratégia, melhorar seu sistema de custos. Assim, a empresa geralmente se livra de alguns inconvenientes, tais como: produtos não lucrativos, força de trabalho desnecessária, canais de distribuição que geram prejuízo. Quando a rotatividade tem sucesso, a organização pode, em seguida, pensar em estratégias de crescimento. • Estratégia de desinvestimento: nessa estratégia, a empresa tem por objetivo se livrar de algum tipo de negócio que está indo mal. Para isso, pode vender essa parte ou transferi-la para a organização isolada, com o objetivo de não contaminar o todo. • Estratégia de liquidação: essa opção visa encerrar as atividades, liquidando os ativos, ou seja, fechando as portas. Nesse processo, se houver mais negócios no portfólio da organização, ela pode liquidar uma operação e continuar com as outras. (SERTEK et al., 2011, p 180-181). B I- -C – II B – III-A C I- II-B – A – III-C D I- II-B – C – III-A Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 Questão 7/12 - Administração Estratégica ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Sertek (2011) lista 12 quesitos que considera importante para o gestor do et al. futuro são eles: bom relacionamento, formação adequada, perfil autodidata, facilidade para aprender, diversidade de conhecimentos, independência financeira, senso de iniciativa, rapidez e perfeição, liderança, habilidade de delegar, controle emocional, receber auxílio de um mentor particular. Sobre essa temática, analise as afirmativas abaixo, classificando-as em verdadeiras (V) ou falsas (F) e depois assinale a alternativa correta. ( ) O novo profissional deve ter a capacidade de liderar o maior número de pessoas e conquistar o respeito e a admiração de seus companheiros. ( ) Saber distribuir as tarefas é uma das características fundamentais do novo gestor. ( ) Os gestores absorvem a pressão do mercado e estão sempre estressados, isso é normal. ( ) É importante que o gestor tenha um consultor particular, um conselheiro. Nota: 10.0 A V V V – – – V B V V – F – – F C V V – – F – V Você acertou! Liderança: O novo profissional deve ter a capacidade de liderar o maior número de pessoas e conquistar o respeito e a admiração de seus companheiros. Habilidade em delegar: Saber distribuir as tarefas é uma Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 das características fundamentais do novo gestor. Controle emocional: a pressão do mercado não deve ser absorvida pelo gestor. Mentor/consultor particular: É importante que o gestor tenha um consultor particular, um conselheiro. (SERTEK et al., 2011, p. 232- 234) D F F F – – – F Questão 8/12 - Administração Estratégica A globalização corresponde ao fenômeno de abertura e de interação de mercados e da rapidez do fluxo de informações e de conhecimentos que chegam de lugares distantes do planeta, os quais interferem nas decisões da vida das organizações de qualquer parte do mundo. As mudanças tornam-se cada vez prementes para atender a novas necessidades, que são cada vez mais frequentes, tornando obsoletos produtos e serviços. Empresas se posicionam melhor no mercado por meio de um diferencial competitivo, porquanto não é possível buscar a excelência em todos os aspectos. Diante desse cenário, analise as sentenças a seguir e assinale a alternativa correta. I. Chamamos de competência essencial de uma empresa o fato de ela ser capaz de agregar valor aos serviços e produtos que fornece aos consumidores. II. Manter uma competição frontal com os concorrentes vai de encontro à batalha de preços menores, assemelhando-se à competição de mercados de matérias-primas básicas, chamamos de . commodities III. A diferenciação exige a inovação de produtos, de processos e de gestão de pessoas, o que torna as empresas de um mesmo segmento todas iguais entre si, desfavorecendo os consumidores. IV. Foco e diferenciação também são necessários para evitar a apresentação ao mercado de uma proposta de valor pouco clara. Nota: 10.0 Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 A Apenas a sentença I está correta. B Apenas as sentenças I e II estão corretas. C Apenas as sentenças II, III e IV estão corretas. D Apenas as sentenças I, II e IV estão corretas. Você acertou! Empresas se posicionam melhor no mercado por meio de um diferencial competitivo, porquanto não é possível buscar a excelência em todos os aspectos. Chamamos de competência essencial de uma empresa o fato de ela ser capaz de agregar valor aos serviços e produtos que fornece aos consumidores. Manter uma competição frontal com os concorrentes vai de encontro à batalha de preços menores, assemelhando-se à competição de mercados de matérias-primas básicas, chamamos decommodities. A diferenciação exige a inovação de produtos, de processos e de gestão de pessoas, o que torna as capacidades da empresa dificilmente imitáveis. Foco e diferenciação também são necessários para evitar a apresentação ao mercado de uma proposta de valor pouco clara. (SERTEK et al., 2011, p. 68) Questão 9/12 - Administração Estratégica A autoridade corresponde ao poder de comandar os outros e levá-los a agir da forma desejada e constitui a base para a responsabilidade, caracterizando-se como um dos componentes organizacionais. Dentre os elementos que compõem a autoridade temos a centralização e a descentralização. Sobre as vantagens e desvantagens da centralização e da descentralização, associe as Colunas A e B e depois assinale a alternativa correta. Impresso por Rodrigo Barbosa, E-mail rsb407@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/08/2022 00:21:14 Nota: 10.0 A II I – – II B I I – – II C II – II I – D I II – – I Você acertou! A centralização é vista, facilmente, em pequenas e médias empresas em que o dono/chefe é a pessoa que decide tudo. Tem suas vantagens, como: tudo o que acontece na empresa é de conhecimento do dono/chefe. Mas, por outro lado, isso dificulta o andamento da empresa quando ele não está presente. A descentralização também tem suas vantagens e desvantagens, assim como a centralização. Por exemplo: quando a empresa passa do porte médio para o grande, as informações geradas são inúmeras. A delegação de decisões cotidianas, as quais não interfiram no bom andamento e no direcionamento da empresa, possibilita ao gestor uma diminuição de trabalhos operacionais e de riscos de erros no dia a dia. (SERTEK et al., 2011, p 86-88). Questão 10/12 - Administração Estratégica Além da técnica do PDCA, que facilita o entendimento de controle do processo, devemos analisar os componentes da estrutura organizacional para conhecermos melhor a empresa. Os componentes da estrutura organizacional que estão ligados à empresa são: responsabilidade, autoridade, decisão, comunicação e fatores de interferência. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/22 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 1 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/22 Profª Dayse Mendes CONVERSA INICIAL Nesta aula, veremos um pouco do cenário em que se iniciaram os estudos e usos sobre estratégia, para contextualizar essa prática tão disseminada entre as organizações da atualidade. Assim, você terá uma visão do cenário político‑econômico da nossa sociedade na atualidade, reconhecendo a importância das análises estratégicas para as empresas. Mas, a seguir, vai descobrir que a ideia de estratégia é quase tão antiga quanto a humanidade, já que a origem da estratégia encontra-se na Grécia Antiga e no uso da expressão stràtégos – a arte do general. Então, vou apresentar a você alguns estrategistas militares clássicos, como Sun Tzu, Maquiavel e Von Clausewitz, para complementar seu conhecimento sobre estratégistas militares relevantes. Veremos que as estratégias militares começam a fazer sentido para o mundo corporativo, mundo esse cheio de grandes batalhas entre importantes empresas. Essas empresas começam a usar as ideias militares em sua gestão para assim vencer o inimigo, ou seja, seu rival no domínio de determinado mercado consumidor. Mostro para você que essa transição acontecerá nas empresas e, logo a seguir, essas empresas exigem das instituições de ensino que colaborem, seja para um melhor entendimento teórico da estratégia, seja para colocar profissionais no mercado que possuam a necessária visão sistêmica, base das estratégias de uma empresa. Finalmente, você compreenderá um modelo prático de administração estratégica que pode ser aplicado em qualquer organização que deseje alcançar seus objetivos de forma mais racional, por meio de análise, planejamento e controle estratégico. TEMA 1 – UMA VISÃO DA ATUALIDADE O mundo em que vivemos já não conhece mais barreiras comerciais, sociais ou geográficas. Estamos todos conectados e usando amplamente as tecnologias disponíveis para melhorar nossa sobrevivência como indivíduos, mas também para melhorarmos a competitividade das empresas em que atuamos. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/22 A sociedade atual, com todos os problemas inerentes a qualquer civilização, tem em seu caminho a necessidade de entender e trabalhar dualidades como riqueza x pobreza, necessidade x medo de inovações tecnológicas, aceitação x não aceitação das diferenças entre as pessoas e suas culturas, sustentabilidade x avanço industrial, e saúde x doença, entre uma série de outras situações. E como parte dessa sociedade, as organizações precisam compreender seu lugar e seu papel de atuação nessa situação. Novas preocupações surgiram após a crise mundial de 2008 e com ela novas soluções. Até 2008, agentes financeiros incentivavam as pessoas a se endividarem para possuírem bens. Após a crise, as pessoas começaram a compreender que viver de forma colaborativa pode ser tão interessante quanto ter uma casa só sua, um carro, ou qualquer outro bem que desejasse. Assim, as empresas precisaram se repensar e oferecer às pessoas não mais uma casa, um carro, um bem qualquer, mas sim a possibilidade de experenciar esses bens. Figura 1 – Crise de 2008 Crédito: Norman Chan/Shutterstock. Surgem as empresas que permitem às pessoas andar de carro sem possuir um, passar uma temporada na praia sem ter casa de praia, realizar trabalhos em um escritório sem possuir um ponto comercial. Mas, ao mesmo tempo, encontramos organizações tradicionais atuando como se estivéssemos iniciando a Revolução Industrial, ainda no século XVIII. Assim como, também, encontramos pessoas que não se sentem confortáveis com os avanços sociais e tecnológicos e que sonham com a volta de um mundo que nunca existiu, mas que, para essas pessoas, era mais fácil de entender e de vivenciar. Dessa forma, cada vez mais vemos pessoas 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/22 que não “acreditam” em vacinação, em Terra esférica e em efeito estufa, entre outras questões, como se os resultados positivos das vacinas, o formato geoide da Terra ou os impactos da sociedade no ambiente fossem passíveis de crença, ao invés de serem fatos. E, ao mesmo tempo, essas pessoas usam de suas redes sociais para disseminar suas ideias contrárias à tecnologia, como se suas redes sociais ou seu smartphones não fossem resultados da aplicação da ciência da e tecnologia, que essas pessoas dizem ser inadequadas! Somos novamente testados em 2020, com uma pandemia que, como o próprio nome expressa, afeta o mundo todo, todas as nações que o compõem, todas as economias e as empresas inseridas nesse contexto. Mais uma vez é necessário repensar os caminhos, os planos, a forma de gerenciar nossas vidas e as organizações que estão à nossa volta para que possamos sobreviver e para que as empresas atendam, da melhor forma possível, nossa sociedade. Mudanças serão necessárias nessa adequação das organizações a esses novos tempos, dentre elas uma nova relação com os trabalhadores e com as formas de trabalho e de emprego; modificações nas linhas produtivas; alternativas para os processos de venda, sejam eles físicos ou virtuais; novas formas de entender e fazer acontecer a gestão nas empresas; novas configurações e políticas logísticas, de cadeia de suprimentos e de estoques precisarão ser planejadas e colocadas em ação. A inovação deverá estar presente em todas as organizações e em todos os processos organizacionais. É nessa sociedade que se insere nosso país, com os problemas que o mundo enfrenta, além de nossas próprias dificuldades. É nesse cenário que nossosempresários precisam se ajustar para poder oferecer à sociedade a sua contribuição. 1.1 O BRASIL E A ATUALIDADE O Brasil, assim como o resto do mundo, vive um momento de mudanças de paradigma e de todos os conflitos que esse tipo de situação gera. Desde pequenos ouvimos que o Brasil é o país do futuro e que somos “abençoados” por nele ter nascido. Desde 1516, quando Thomas More publicou “A utopia”, inspirado nos relatos que chegavam à Europa sobre o Brasil, que se imagina nosso país como um paraíso. Mas esse paraíso e esse futuro glorioso parece demorar a se tornar presente para quem vive por aqui. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/22 Figura 2 – Brasil, o país do futuro Crédito: Luciano Marques/Shutterstock. Nossa cultura social e empresarial, baseada em grande dependência do Estado, torna a transformação da nação em um processo moroso e bastante atrelado a disfunções burocráticas, à corrupção, aos problemas decorridos dessa dependência, que existe desde sempre, desde que os portugueses por aqui chegaram. Aproximar-se de uma medida equilibrada entre o que é função do Estado e o que é tarefa da sociedade é algo difícil e que demanda mudança no pensamento das pessoas e das instituições. Há uma série de novas perspectivas se apresentando. Ao mesmo tempo em que convivemos com polarização política, e com queda em rankings que comparam o Brasil às demais nações do mundo quanto à educação, inovação tecnológica e proteção ao meio ambiente, vemos uma perda de protagonismo em relação à sua influência no continente, e estagnação econômica. Por outro lado observamos a transformação de nossa economia, desde sempre pautada na agricultura e que começa a ser movida por serviços. Novos programas surgem para fomentar novas tecnologias e a capacidade de inovação dos brasileiros. O uso dessas novas tecnologias de forma intensiva pelas novas gerações, com o espírito da sociedade colaborativa, faz com que haja um aumento na geração de serviços e um decréscimo da indústria. Cresce o consumo de serviços e sua representatividade no PIB nacional. A recuperação pós‑pandemia passa pela busca por novas oportunidades, novos nichos de mercado, novas formas de fazer as coisas. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/22 Figura 3 – O Brasil e o mundo Crédito: Lightspring/Shutterstock. Para que os empresários brasileiros ultrapassem as dificuldades e voltem a ter organizações competitivas no mercado, se faz necessária a adoção de planejamento e implementação de ações estratégicas. Empresas que pretendam ser competitivas devem definir de forma clara seus objetivos e a forma de atingi‑los. Conforme Drucker (1997, p. 47), uma empresa que “traça objetivos e metas, e busca alcançá-los, tem claramente definido porque ela existe, o que e como faz, e onde quer chegar”. TEMA 2 – STRÀTÉGOS Sobrevivência e competição fazem parte da história dos seres vivos, incluindo os seres humanos. A luta por recursos escassos, por poder, por conflito de interesses, ou qualquer outro tipo de motivação, está presente na história da humanidade desde sempre. Quando, ainda nos primórdios da civilização, alguns grupos começam a ter moradias fixas e cultivar suas terras, obtendo mais recursos do que povos que eram nômades, suscitam nos nômades o desejo de também ter esses recursos. Assim, roubavam, pois acham mais fácil e rápido proceder dessa forma. É possível que essas ações tenham dado origem às primeiras guerras, cujo objetivo era se apropriar de bens alheios (Baptista, s.d.). Mas a elaboração mais sofisticada de participação em lutas ou batalhas com o objetivo de conquista pode ser observada a partir do desenvolvimento de ações planejadas com antecedência. Podemos observar esse planejamento na obra de SunTzu, “A arte da guerra”, um tratado militar datado do século IV a.C. em que se apresentava, pela primeira vez, a guerra como uma ciência a ser estudada e transformada em técnicas que, ao serem colocadas em prática, trouxessem os resultados 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/22 desejados. Baseado em conceitos taoístas, como o do Yin/Yang, conduziu os governantes chineses a uma nova forma de tratar a questão da guerra e de seus procedimentos. Figura 4 – “A arte da guerra”, de Sun Tzu, em livro de bambu Crédito: Fenghui/Shutterstock. Por outro lado, na Europa, mais especificamente na Grécia Antiga, por volta do século V a.C. surge um título que designaria um importante cargo militar, o de Stràtégos. A palavra stràtégos significa, literalmente, a arte do general. Existe uma lenda que conta a origem da palavra e que narra que, em uma batalha muito acirrada, na qual soldados morriam, sangue jorrava pelo campo de combate, e tudo estava muito confuso. A visão que se tinha da batalha, dentro dela, era muito limitada. Era impossível saber quem estava ganhando e quem estava perdendo. Nesse momento, um general avistou, próximo ao campo de batalha, uma colina. O general decide se afastar do centro da batalha e sobe a colina. Ao chegar no topo, o que ele percebe: a visão que tinha da batalha dali de cima era muito melhor, muito mais ampla do que a visão que tinha anteriormente. Nosso general grego passa a ter visão sistêmica, um importante conceito para a gestão estratégica. E o que isso significa? Na batalha em si significava poder ver os pontos fracos e os pontos fortes, tanto do inimigo quanto do seu próprio exército. Com essa percepção, era possível elaborar planos mais eficazes para o alcance do objetivo: ganhar a batalha, ganhar do inimigo, e aplicar esses planos por meio de táticas elaboradas com base nessa observação sistêmica e nesses planos. Todas essas ações configuravam a Arte do General! Conforme Mintzberg e Quinn (2001, p. 20) a palavra 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/22 stràtégos referia-se, inicialmente a um papel (um general no comando de um exército). Posteriormente, passou a significar “a arte do general”, ou seja, as habilidades psicológicas e comportamentais com as quais exercia seu papel. Ao tempo de Péricles (450 a.C.), passou a significar habilidades gerenciais (administração, liderança, oratória, poder). E, à época de Alexandre (330 a. C.), referia-se à habilidade de empregar forças para sobrepujar a oposição e criar um sistema unificado de governo global. Atualmente, no Exército Helênico moderno, ainda existe a figura do stràtégos, sendo essa a sua mais alta patente de oficial. Figura 5 – Visão sistêmica do general Crédito: Rudall30/Shutterstock. Teóricos militares clássicos e suas obras continuam balizando os estudos estratégicos militares atuais. Conhecer, além de Sun Tzu e as origens gregas de estratégia, se faz importante porque, independentemente de quando foram criadas as obras sobre estratégias, estas continuam válidas na atualidade. Assim, outros nomes surgem, tal como Maquiavel, um italiano que viveu na Florença entre os anos 1469 a 1527, e seus tratados “O príncipe”, no qual se encontra sua filosofia sobre como governar, e “A arte da guerra”, sobre como organizar um exército, como constituir uma hierarquia de comando, como formar os soldados, o estado-maior e os códigos de leis militares. Pode-se perceber conceitos como forças e fraquezas, ameaças e oportunidades presentes na obra contendo, portanto, elementos de estratégia. Outra figura importante é Carl Von Clausewitz, um militar prussiano que viveu de 1780 a 1831 e que desenvolveu um tratado denominado “Da guerra”. Von Clausewitz também desenvolve conceitos 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/22 relevantes sobre estratégia militar que se tornarão úteis para as estratégias organizacionais, posteriormente. Conforme Daros (2017, p. 91-92), são conceitos basilares do pensamento estratégico, passando pelo uso da força, a exploração das fraquezas do adversário, a atenção as oportunidades e a como evitar asameaças. Dentre os três coube a ele a mais desenvolvida sistematização conceitual da diferença entre tática e estratégia aplicada ao mundo militar. Diz o prussiano: “[...] a tática ensina o emprego das forças armadas no engajamento. A estratégia, a utilização dos engajamentos para atingir o propósito da guerra”. Em outras palavras, a tática ensina o emprego das forças nas batalhas e a estratégia a utilização das batalhas para atingir o objetivo da guerra, ou ainda, a arte de ligar as batalhas umas com as outras. Deste modo o [...] estrategista deve definir, portanto, uma meta para todo o aspecto operativo da guerra, que deverá estar de acordo com o seu propósito [que] determinará a série de ações pretendidas para atingi-lo. Assim, é possível perceber que as primeiras ações estratégicas ocorreram na esfera militar. Desde a Antiguidade o assunto é tema de análise e foi progredindo ao longo do tempo. Enquanto o ser humano continuar resolvendo seus problemas por meio de guerras, haverá estratégias militares sendo estudadas e desenvolvidas, bem como os importantes teóricos do pensamento estratégico. Isso porque esses estudiosos das artes militares consolidaram “com suas produções intelectuais as bases fundamentais para a elaboração dos conceitos contemporâneos de estratégia e tática que são largamente utilizados no planejamento estratégico de governos, de instituições da sociedade civil e, do mesmo modo, na esfera privada” (Daros, 2017, p. 100). Embora as guerras em si não sejam algo a se desejar, é notável o desenvolvimento científico, tecnológico e de processos gerenciais que ocorrem nessas situações. O mesmo acontece com a estratégia. Conforme as guerras foram ficando maiores, envolvendo mais nações e, por consequência, se apresentando mais complexas, mais complexa e desenvolvida também se torna a análise estratégica militar. E é dessa forma que a palavra stràtégos continua viva e virou até cena de cinema, quando em Tropa de Elite, um filme brasileiro de 2007, o personagem principal recita várias formas de se falar a palavra estratégia aos aspirantes ao ingresso no BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), em várias línguas, tornando-se uma referência popular após sua divulgação. Figura 6 – Tropa de Elite 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/22 Crédito: Leandro PP/Shutterstock. TEMA 3 – DA ESTRATÉGIA MILITAR À ESTRATÉGIA CORPORATIVA Com as modificações sociais, em especial aquelas que surgiram após a Segunda Guerra Mundial, a economia e as organizações começam a ter um papel diferente em nossa sociedade. Embora as guerras continuem acontecendo entre as nações, é possível observar que, atualmente, as obras de Sun Tzu, Maquiavel ou Von Clausewitz parecem fazer muito sentido também nas guerras comerciais entre as empresas do mundo corporativo. Tanto é assim que “A arte da guerra”, de Sun Tzu, se tornou best-seller entre gestores do mundo todo e figura como uma das obras mais vendidas no século XXI. Conforme cresce a quantidade de empresas que pretendem atuar num mesmo mercado, a busca por vantagem competitiva também cresce, evidenciando a necessidade de novas estratégias a cada momento. Batalhas comerciais épicas, como as das colas, por exemplo, fazem parte desse cenário. Quem não conhece as campanhas publicitárias utilizadas por Coca-Cola e Pepsi-Cola, ao longo das décadas, em que uma tenta enfraquecer a imagem da outra. Em setores econômicos mais maduros e já estabelecidos, há uma tendência de estagnação, ou até diminuição, do mercado consumidor. Nesse momento, a competição se torna tão acirrada entre os grandes players a ponto de gerar discussões sobre a ética das ações dessas empresas. Figura 7 – A batalha das colas 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/22 Crédito: Tommy Alven/Shutterstock. O caso das colas é clássico porque se estendeu a uma série de decisões estratégicas de ambos os lados, que tiveram tanto resultados positivos como resultados que deixaram a desejar, mas que serviram de exemplo para que não se cometessem novos erros. Em uma dessas situações, a Coca- Cola, na ânsia de vencer suas batalhas contra a Pepsico, acabou cometendo um erro estratégico importante: Roberto Goizueta foi o executivo que comandou a Coca-Cola nas décadas de 80 e 90 até seu falecimento em 1997. Sua gestão foi extremamente vencedora e as ações da companhia tiveram uma valorização sensacional no período. Entretanto, o maior erro de Goizueta enquanto esteve à frente da Coca-Cola foi o lançamento da “New Coke” em 1985. A Pepsico havia iniciado uma campanha publicitária agressiva mostrando blind tests reais realizados no meio da rua em diversas cidades americanas. Nesses blind tests, a pessoa era vendada, provava um gole de Coca-Cola e um gole de Pepsi-Cola e depois era instada a dizer qual sabor preferira. A esmagadora maioria dos testes indicava uma preferência pelo sabor da Pepsi-Cola. Goizueta entendeu que estava havendo uma mudança de gosto no consumidor e colocou em curso um projeto para alterar a fórmula da Coca-Cola, deixando-a mais açucarada. Nascia a “New Coke”. A New Coke foi um fracasso tanto nas métricas mercadológicas como em relação a outros stakeholders: houve uma onda de processos movidos por engarrafadoras independentes além de represálias na opinião popular e recordes de reclamação nos serviços de SAC. Apenas alguns meses após o lançamento da New Coke, a fórmula original foi reintroduzida no mercado com o nome de Coca-Cola Classic. O livro Blink de Malcolm Gladwell faz uma análise post-mortem interessante do fiasco. Afinal, por que o produto concebido com base em resultados estatisticamente significativos dos blind tests falhou tão espetacularmente? A explicação é que os blind tests não refletiam a experiência de consumo da vida real. Nos primeiros goles, os consumidores de fato preferem o sabor mais açucarado, mas ele se torna enjoativo rapidamente e piora substancialmente a experiência de beber uma latinha inteira. (Andrade, 2020) 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/22 E as guerras comerciais se estendem a outros produtos e setores econômicos. Empresas do setor automobilístico, por exemplo, são conhecidas por suas rivalidades, gerando inclusive guerras comerciais não só entre as empresas, mas também entre suas nações de origem. Exemplo clássico são as diferentes estratégias adotadas pela japonesa Toyota que, na década de 1980, levaram a indústria automobilística norte-americana a um quase colapso. Por outro lado, quando há necessidade, como em qualquer guerra, é possível ver inimigos se juntando em parcerias estratégicas para vencer um novo player. Um exemplo é a parceria entre a Volkswagen e a Ford para o desenvolvimento de carros elétricos e autônomos. Visto que muitas empresas que não são do setor automobilístico, como Tesla, Amazon, Apple, Samsung e Google, estão muito à frente em seus desenvolvimentos de carros autônomos, faz sentido que duas rivais se juntem para combater o inimigo comum, reduzindo tempo e custos, entre outros recursos que possam ser compartilhados. Para tanto, as duas rivais investiram conjuntamente em uma startup de inovação: a Argo AI. Figura 8 – Carro autônomo da Argo AI Crédito: Jordi_Cor/Shutterstock. Outro exemplo clássico, brasileiro, diz respeito à guerra das cervejas durante as décadas de 1980 a 1990. Conforme Krohn (2018), nesses anos houve um acirramento da competição nesse mercado, que era dominado até então por Brahma e Antarctica, com a chegada da Kaiser. Outros elementos que contribuíram para o surgimento da guerra das cervejas foram a recuperação econômica do país, 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/22 a abertura de mercado e o surgimento de fábricas regionais, pequenas, mas que alteraram a forma como o mercado se conduzia até então. Krohn (2018, p. 53) continua o relato com o surgimento da Schincariol, em1989, uma empresa cervejeira derivada de uma fábrica de refrigerantes. “O uso de capacidade produtiva e distributiva, casados com pesadas campanhas de marketing levam a empresa a um crescimento rápido de mercado” assim como as acusações de práticas ilegais, “levando à instauração de investigações fiscais que resultam em novos métodos de controle de produção para fins tributários”. Entre os anos de 1989 a 1992 se dá efetivamente a “guerra das cervejas”, uma disputa entre as empresas cervejeiras calcadas agora em especial na questão da divulgação, da formulação de produtos, de pesquisa de mercado e de equipe de vendas (Krohn, 2018), com lances que deixaram atônitas as pessoas que acompanhavam a situação como, por exemplo, a perda pela Schincariol de seu garoto-propaganda, Zeca Pagodinho, para a rival Brahma! Figura 9 – Guerra das cervejas Crédito: Dado Photos/Shutterstock. Sem dúvida, as guerras comerciais demonstram como as guerras entre nações se tornaram guerras entre corporações, fazendo com que o uso das ferramentas de estratégia se transferisse do campo de batalha militar ao campo de batalha empresarial. TEMA 4 – O ESTUDO DA ESTRATÉGIA 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/22 Embora a estratégia em si seja algo milenar, o seu uso nas organizações, bem como a sua construção teórica, é bem mais recente. Uma de suas origens está na necessidade que a empresa Ford apresentou durante a década de 1950. A empresa observou, nessa época, que seus gestores eram excelentes especialistas. O gestor de produção conhecia muito de produção, o gestor financeiro conhecia muito de finanças, o gestor de vendas conhecia muito de vendas, e assim sucessivamente. Mas não havia nenhum gestor que tivesse um olhar sistêmico sobre a organização. Cada um conhecia muito sobre sua área e quase nada sobre a empresa inteira. Assim, a Ford percebeu que, embora tivesse ótimos especialistas, não tinha nenhum profissional que pudesse traçar objetivos e metas para a empresa como um todo. E percebeu também que as faculdades da época não estavam formando esse profissional. Portanto, esse tipo de profissional não estava disponível no mercado de trabalho. Nesse momento a Fundação Ford fez uma análise global sobre os estudos de gestão e estimulou “fortemente todas as instituições americanas a introduzir um curso de fecho de política de negócios (business policy) para facilitar a capacidade dos alunos de integrar os conhecimentos adquiridos nas diferentes disciplinas especializadas” (Hafsi; Martinet, 2008, p. 1133). Harvard já trabalhava com um modelo de aprendizagem de estudo de casos e incorporou a ideia de uma abordagem estratégica em sua formação. Assim, seus alunos iam conhecendo aos poucos uma empresa, suas características e as possibilidades de planejar o alcance dos objetivos organizacionais. E assim, Harvard acaba criando uma disciplina em seu currículo, denominada Administração Estratégica, em que uma junção de conteúdos sobre política de negócios e economia industrial traz a base necessária para uma visão sistêmica. Nesse cenário surge um dos mais importantes teóricos de estratégia corporativa: Michael Porter. Porter desenvolveu desde o início da década de 1980 até os dias atuais uma série de conceitos e de ferramentas muito utilizadas pelos gestores em suas formulações estratégicas. Outras instituições de ensino e outros pesquisadores desenvolveram outras fórmulas e ferramentas igualmente importantes, tanto que atualmente há mais de uma centena de conceitos diferentes sobre o que seria estratégia. Mas também surgem no cenário do desenvolvimento de ferramentas e conteúdos algumas empresas de consultoria importantes. E é nesse cenário que se desenvolvem ideias como a análise SWOT (forças‑fraquezas‑oportunidades‑ameaças), a matriz BCG (sendo BCG a sigla para Boston Consulting Group), a matriz de Ansoff (importante teórico da estratégia), os cinco P’s da Estratégia de Mintzberg (outro importante teórico da área), o BSC 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/22 (Balanced Scorecard) e o Canvas Business Model, entre outras ideias, sempre renovando o arsenal de possibilidades de análise e planejamento estratégico. Figura 10 – A matriz de Ansoff Crédito: Dan White 1000/Shutterstock. 4.1 ESCOLAS DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO Tendo em vista a grande quantidade de desenvolvimento teórico sobre estratégia ao longo dos anos, e que esses desenvolvimentos, em sua maioria, tratam somente de um aspecto específico do universo estratégico, Mintezberg, Ahlstrand e Lampel (2000) fazem uma pesquisa crítica e apontam uma contradição atual nos estudos estratégicos: buscar visão sistêmica ao mesmo tempo em que se pesquisa pequenas partes do conteúdo de estratégia. Para construir essa crítica, os autores iniciam sua obra contando uma fábula sobre “Os cegos e o elefante”. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/22 Figura 11 – Os cegos e o elefante Crédito: Leremy/Shutterstock. OS CEGOS E O ELEFANTE Eram cinco homens do Hindustão Desejosos de muito aprender, Que foram ver o Elefante (Embora fossem todos cegos) Cada um, por observação Poderia sua mente satisfazer. O Primeiro aproximou-se do Elefante, E aconteceu de chocar-se Contra seu lado amplo e forte Imediatamente começou a gritar: “Valha-me Deus, mas o Elefante É como uma parede”. O Segundo, pegando na presa, Gritou: “Oh! O que temos aqui Tão redondo, liso e pontiagudo? Para mim isto é muito claro Esta maravilha de Elefante É como uma lança!” O Terceiro aproximou-se do animal E aconteceu de pegar A sinuosa tromba com suas mãos Assim, falou em voz alta: “Vejo”, disse ele, “o Elefante É muito parecido com uma cobra!” O Quarto esticou sua mão, ansioso E apalpou em torno do joelho. “Com o que este maravilhoso animal Se parece é muito fácil”, disse ele: “Está bem claro que o Elefante É muito semelhante a uma árvore!” O Quinto, por acaso, tocou a orelha, E disse: “Até um cego Pode dizer com o que ele se parece: Negue quem puder, Esta maravilha de Elefante É muito parecido com um leque!” O Sexto mal havia começado A apalpar o animal, Pegou na cauda que balançava Que veio ao seu alcance. “Vejo”, disse ele, “o Elefante É muito semelhante a uma corda!” E assim esses homens do Hindustão Discutiram por muito tempo, Cada um com sua opinião, Excessivamente rígida e forte. Embora cada um estivesse, em parte certo, Todos estavam errados! (Mintzberg; Ahlstrand; Lampel, 2010, p. 19) 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/22 A fábula nos leva a entender que a construção da estratégia tem sido realizada com base na compreensão das partes, e não no entendimento do todo. A partir da fábula, os autores apresentam 10 escolas de pensamento sobre formulação da estratégia e demonstram que umas complementam às outras para uma melhor compreensão das estratégias organizacionais. Assim, fazem uma grande síntese sobre os estudos estratégicos do século XX. Você pode ver um resumo dessas escolas no Quadro 1. Quadro 1 – Escolas do pensamento estratégico Fonte: Rancich Filho; Vanin, 2013, p. 30. TEMA 5 – MODELO DE ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Para que uma empresa possa sobreviver num mundo em que as organizações atuam em qualquer lugar do planeta e mesmo fora dele, e em que as demandas já não são as mesmas de uma década atrás e serão naturalmente diferentes no futuro, é necessário estabelecer claramente quais são os seus grandes objetivos, de que forma essa empresa pretende suprir uma necessidade da sociedade e assim sobreviver e se sobressair entre tantas outras empresas que oferecem o mesmo tipo de produto. Nesse sentido, pode-se dizer que uma estratégia é um conjunto de objetivos e a forma com a qual a empresa decide alcançá-los. Esse conceito, apesar de simples, abarca o cerne da questão estratégica de “concretizar uma situação futura desejada, tendo em conta as oportunidadesque o mercado oferece, por um lado, e os recursos de que a organização dispõe, por outro”. (Fernandes; Berton, 2012). 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/22 Para tanto, é necessária a elaboração de planos, o estabelecimento de políticas, a definição de alternativas a serem seguidas e a implantação das ações para concretizar aquilo que a empresa almeja alcançar. Ou seja, é necessária a Administração Estratégica. Para Wright et al. (2009), a administração estratégica pode ser vista como uma série de passos que a alta administração deve realizar para assegurar que a organização formule e mantenha adaptações benéficas com o ambiente no qual está inserida. O Quadro 2 ilustra todos esses passos necessários para que uma empresa possa colocar suas estratégias em prática de forma a alcançar seus objetivos organizacionais. Wright et al. (2009) entendem que o primeiro passo é analisar o que está ocorrendo fora da empresa. Quais são as forças que estão no ambiente externo com as quais a empresa deve se preocupar e que forçarão a empresa a adotar essa ou aquela estratégia. Dentre as forças, há aquelas que estão mais distantes da organização, tais como a força demográfica, a tecnológica, a político- legal, a cultural, a econômica e a ambiental (natural). Cada uma dessas forças encontra‑se no macroambiente e pode afetar a empresa das mais diversas maneiras. Há também as forças mais próximas à organização, as de forças do ambiente setorial. São elas as relacionadas à concorrência por meio da rivalidade já existente no mercado, das novas empresas que estão tentando entrar no mercado e podem abocanhar uma fatia do mercado já existente, dos produtos substitutos que podem fazer com o consumo do produto da empresa seja reduzido. Também há as forças pertinentes ao poder de negociação de clientes e fornecedores em relação à empresa. Quadro 2 – Modelo de administração estratégica 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/22 Fonte: Wright et al., 2009, p. 27. Analisadas as forças externas é necessário estabelecer questões específicas do ambiente interno à empresa. Quando se está começando essa análise estratégica é preciso definir missão, visão e valores. Em novas rodadas de análise estratégica outros itens também devem ser avaliados, em especial os recursos disponíveis para colocar as estratégias em práticas. Feita a análise do ambiente interno é possível formular as estratégias. Elas podem ser entendidas e planejadas sob uma ótica de hierarquia. Define-se a estratégia para a empresa como um todo. O que se quer é crescer, manter a situação atual, ou reduzir a fim de não se ter problemas futuros. As estratégias de crescimento, estabilidade ou redução são definidas nessa fase. Num segundo nível, define-se as estratégias de unidades de negócios, caso a empresa tenha esse tipo de estrutura . Finalmente, pensa-se nas estratégias funcionais, aquelas que darão o suporte à estratégia [1] 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/22 empresarial. Nesse nível encontram-se as estratégias de marketing, finanças, operações, recursos humanos e inovação, entre outras. Figura 12 – Formulação de estratégias Crédito: Alphaspirit/Shutterstock. Formuladas as estratégias, passa-se à sua implementação, observando questões organizacionais como estrutura e cultura organizacional. Para completar o ciclo, verifica-se o desempenho da estratégia por meio de indicadores pré-definidos. Conforme o controle acontece, define-se a necessidade de mudanças nas estratégias. E assim completa-se o ciclo de administração estratégica. FINALIZANDO Nessa aula você pode compreender que a estratégia das organizações está relacionada ao contexto em que vivemos no momento. Conhecer esse contexto fará com que o estrategista possa buscar o alcance dos objetivos organizacionais de forma mais assertiva. Você pôde perceber que a ideia de estratégia é milenar, já que o conceito surge na Grécia e na China Antigas, por meio da obra “A arte da guerra”, de Sun Tzu, e do desenvolvimento da ideia de stràtégos, a arte do general. Na verdade, todo o desenvolvimento conceitual de estratégia deriva das questões militares. Como vencer o inimigo? Assim, você viu que as batalhas militares entre nações se tornaram as batalhas comerciais entre corporações. As empresas, em busca de vantagem competitiva, lançam mão de ferramentas estratégicas, de forma a se sobrepor em relação a suas concorrentes de mercado. Esse 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/22 fenômeno de transição de uma ideia militar para uma ideia empresarial fará com que estudos sobre estratégias organizacionais sejam necessários. Dessa forma, você viu que instituições de ensino importantes, como Harvard, e pesquisadores como Michael Porter, começaram a desenvolver novos pensamentos sobre o tema, gerando assim uma infinidade de entendimentos sobre o que seria estratégia e como implantá-la nas organizações. Mintzberg e colegas de pesquisa fazem então uma coletânea de pensamentos sobre estratégia até o início dos anos 2000, resumindo esses pensamentos em dez escolas. Por último você aprendeu que é possível organizar toda a implantação estratégica por meio de um modelo construído por Wright e seus colegas pesquisadores, em que é possível compreender que há uma série de passos para implantar estratégia, desde a análise dos ambientes até o controle estratégico, passando pela formulação das estratégias a serem implementadas na empresa. REFERÊNCIAS ANDRADE, M. Home oyster. 2020. Disponível em: <http://c- ponto.blogspot.com/2020/07/home-oyster.html>. Acesso em: 18 dez. 2020. BAPTISTA, J. Conceitos de estratégia. s.d. 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Beber, fazer, vender: formação do mercado de cerveja “artesanal” no Brasil. 2018. 195f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2018. MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000. RANCICH FILHO, N. A.; VANIN, J. A. Administração estratégica. Curitiba: Intersaberes, 2013. WRIGHT, P. ; KROLL, M. J.; PARNELL, J. Administração estratégica: Conceitos. São Paulo: Atlas, 2009. Uma unidade estratégica de negócios tem missão e objetivos distintos e pode ser planejada independentemente dos outros negócios da empresa, uma linha de produtos dentro de uma divisão ou, algumas vezes, um único produto ou marca (Kotler; Armstrong, 1993). [1] 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/22 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 2 Profª Dayse Mendes 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/22 CONVERSA INICIAL Nesta aula você conhecerá o conceito de ambiente sob a óticada estratégia. A estratégia depende de uma visão sistêmica, e a ideia de sistema é uma série de elementos que têm uma função e estão colocados em determinado ambiente, e as empresas podem ser pensadas como sistemas. Assim, antes de formular uma estratégia você entenderá que é necessário analisar o ambiente em que essa empresa está inserida, pois nesse ambiente existem forças que impactam, tanto de forma positiva quanto negativa, as ações e os resultados estratégicos da empresa. Você saberá que há ambientes distintos. Há um ambiente externo e um ambiente interno à empresa. O ambiente externo é composto por dois ambientes diferentes: o macroambiente e o ambiente setorial. E há o ambiente interno, em que estão dispostos os recursos e as capacidades da empresa, o que compõe suas competências essenciais. Mas para analisar o ambiente externo e o ambiente interno é necessário compreender a base estratégica da empresa. Para isso é preciso entender o que são a missão, a visão e os valores organizacionais. Vamos começar essa análise? TEMA 1 – O QUE É O AMBIENTE? Visão sistêmica, ou visão do todo, é uma ideia muito importante para a Administração Estratégica. É por meio de uma visão sistêmica que se pode observar uma organização e planejar seu futuro para o alcance dos objetivos organizacionais. Assim, faz sentido adotar a ideia de que as organizações são uma espécie de sistema. Sabendo que um sistema é um “complexo de elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente” (Motta, 1971, p. 17), percebemos que as empresas podem ser representadas desta forma por elementos que, interligados, constituem um todo, como se pode observar na Figura 1. Figura 1 – Elementos de um sistema 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/22 Os elementos entrada, saída e processamento compõem o ambiente interno da organização e estão inseridos em um ambiente externo, com o qual esse sistema interage. Nesse ambiente se encontram uma série de forças distintas que impactam a organização, tanto positiva quanto negativamente. Para que o sistema possa melhorar continuamente é necessário que receba feedback, de forma a modificar o processamento toda vez que se fizer necessário. É o ambiente que estabelece o contexto histórico e espacial em que a organização atua. Assim não há como uma empresa fazer um planejamento estratégico eficaz, realizar a formulação, a implementação e o controle de estratégias sem realizar, inicialmente, uma análise ambiental. É essa análise que propiciará ao gestor a possibilidade de verificar ameaças e oportunidades no ambiente externo e pontos fortes e pontos fracos no ambiente interno à organização. Vasconcelos Filho (1979, p. 115) aponta que para que se possa fazer uma análise correta dos ambientes é necessário conhecê-los primeiro, já que eles se subdividem em três segmentos distintos: Macroambiente, onde se acham as variáveis de nível macro, tais como as econômicas, sociais, culturais, demográficas, políticas, tecnológicas, legais e ecológicas. Ambiente operacional [ou setorial], composto pelos públicos relevantes externos com os quais a organização mantém vários tipos de relacionamentos. Os públicos relevantes são pessoas, grupos de pessoas, entidades, empresas e órgãos do governo que mantêm um processo de intercâmbio com a organização, através de relacionamentos diversos (consumo, fornecimento, financiamento, apoio, antagonismo etc.). Ambiente interno, formado pelos públicos relevantes internos e pelos elementos da oferta expandida da organização. Figura 2 – Componentes ambientais 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/22 Fonte: Gamble; Thompson, 2012, p. 36. Porter (2008) complementa a informação ao dizer que no macroambiente encontram-se fatores que são comuns a todas as empresas; no ambiente setorial encontram-se fatores que influenciam empresas do mesmo setor, tais como a rivalidade entre empresas ou a preferência dos consumidores; e no ambiente interno encontram-se fatores específicos da empresa, como produtos, processos ou capital intelectual. Compreender os ambientes que cercam a organização é fundamental, visto que as forças do ambiente podem exigir mudanças da empresa para que ela continue atuando de forma competitiva no mercado. As empresas que resistem ou não se atentam às mudanças podem não sobreviver. Nesse sentido, de acordo com Jacomassi (2005, p. 84), para “se buscar a excelência organizacional, é fundamental a avaliação da influência que as tendências mundiais e do macroambiente exercem em relação às mudanças nas organizações, constituindo-se em fatores condicionantes de sucesso no futuro”. Ou seja, se a empresa quer ter vantagem competitiva em relações às suas concorrentes de mercado, ela precisa conhecer muito bem o ambiente no qual está inserida e estar disponível para as mudanças que se fizerem necessárias. 1.1 VANTAGEM COMPETITIVA A análise do ambiente externo está relacionada à busca de vantagem competitiva pelas organizações. Para que uma empresa possa se manter em seu mercado de atuação e ser mais importante que suas concorrentes, ela precisa buscar ter essa vantagem competitiva. Assim, é 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/22 necessário compreender o que é competitividade. Para Coutinho e Ferraz (1994, p. 18), a competitividade é “a capacidade da empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam conservar de forma duradoura uma posição sustentável no mercado”. Figura 3 – Vantagem competitiva Crédito: Dooder/Shutterstock. Ou seja, não basta elaborar boas estratégias para alcançar um patamar elevado entre as demais concorrentes. São necessárias ações que levem a empresa para o topo e que depois a mantenham por lá. Pode-se dizer que a manutenção é um processo mais difícil do que o de alcançar a vantagem competitiva Podemos dizer que a vantagem competitiva está relacionada à gestão estratégica da empresa. Tendo em vista ser a estratégia um conceito desenvolvido inicialmente por militares, a questão de vencer o inimigo está presente na ideia de vantagem competitiva. Ou seja, na guerra comercial, o concorrente é o inimigo a ser vencido para que sua empresa conquiste o mercado e o consumidor final. TEMA 2 – AMBIENTE EXTERNO: MACROAMBIENTE Há um ambiente externo às organizações sobre o qual as empresas têm pouca ou nenhuma possibilidade de modificá-lo, alterá-lo. Por outro lado, esse ambiente afeta ao extremo as decisões que devem ser tomadas pelas empresas para que possam se manter no mercado e buscar ter vantagem competitiva. Denominamos esse ambiente de macroambiente ou ambiente geral. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/22 O macroambiente é um supersistema que envolve toda a sociedade, no qual encontram-se todas as influências, ou forças, relevantes que estão fora dos limites da empresa. São forças relevantes visto que alteram a forma como a empresa deverá atuar, no longo prazo, para se manter no mercado. Essas forças podem ter impacto de grandeza diferenciada, desde um forte impacto até um impacto pequeno. Mas, independentemente da força do impacto, precisam ser observadas pelas organizações, visto que são elas que geram oportunidades e ameaças sofridas pelas organizações. As forças do macroambiente são normalmente divididas de acordo com as seguintes categorias: demográfica, natural, tecnológica, político/legal; sociocultural; econômica. A demografia, conforme Kotler e Armstrong (2015, p. 77) é “o estudo da população humana em termos de tamanho, densidade, localização, idade, sexo, raça, ocupação e outros dados estatísticos” populacionais, bem como todo o movimento demográfico que aconteça no mercado de atuação da empresa. A força demográfica é relevante para a empresa na medida em que demostra crescimento ou redução da população, modificações de faixa etária e de expectativa de vida, mudanças em percentuaisde homens e de mulheres, movimentos de deslocamento geográfico da população, entre outras situações, que acabam por impactar no mercado consumidor da empresa, bem como no tamanho desse mercado, seja aumentando seja diminuindo, exigindo que a empresa repense suas estratégias, já que ela não tem o poder de modificar o ambiente. Figura 4 – Força demográfica Crédito: Inspiring/Shutterstock. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/22 A força econômica está relacionada ao momento econômico da nação em que a empresa está sediada. É preciso saber se a economia dessa nação demonstra prosperidade, recuperação, recessão ou depressão; se há inflação ou deflação; se o país atrai investimentos externos ou não; e quais são as políticas monetárias adotadas. De acordo com a situação econômica do país, as estratégias da organização deverão ser diferentes, pois é de acordo com essa situação que o consumidor apresentará um maior ou menor poder de compra, “podendo determinar, muitas vezes, o volume de operações das organizações, o nível de preços e de lucratividade, a facilidade ou dificuldade na obtenção de recursos básicos, os mecanismos de oferta e procura do mercado em geral, entre outros elementos” (Zamberlan et al., 2009, p. 38). A força natural, do meio ambiente ou ecológica, diz respeito às cobranças da sociedade em relação às organizações quanto ao seu comportamento referente à utilização racional dos recursos naturais, visto que são escassos, assim como a utilização de processos produtivos que causem o menor impacto possível ao meio ambiente. Kotler e Armstrong (2015, p. 77) explicam que qualquer tipo de acontecimento inesperado no ambiente físico como, por exemplo, grandes mudanças climáticas ou desastres naturais tais como terremotos, furacões, tsunamis, erupções vulcânicas, pandemias, podem afetar as estratégias organizacionais, já que esse tipo de evento pode alterar sensivelmente a quantidade de vendas ou, de forma mais direta, afetar o processo produtivo da empresa. Como qualquer força do macroambiente, a empresa não tem como alterar esse tipo de evento, mas ela pode e deve se precaver, preparando planos de contingência para lidar com eles. Além disso, conforme Zamberlan et al. (2009, p. 39), as empresas devem observar oportunidades e ameaças devidas a “escassez de matérias-primas, custo crescente da energia, níveis crescentes de poluição e mudança do papel dos governos em relação à proteção ambiental”. Figura 5 – Força natural 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/22 Crédito: Corona Borealis Studio/Shutterstock. No que se refere à força tecnológica, ela está relacionada a todo e qualquer conhecimento útil gerado na sociedade que possa afetar, de forma positiva ou negativa, as organizações. É uma força de difícil análise, pois o que pode ser uma boa tecnologia sob um aspecto, sob outros pode ser uma tecnologia de impactos impróprios. Tudo depende de como se dá sua utilização. Além disso, deve-se considerar nessa análise as tecnologias que estão fora da empresa, não aquelas que a organização já domina, e qual será sua importância para o futuro organizacional. Lembrando que as forças tecnológicas não dizem respeito somente às tecnologias embarcadas em processos produtivos ou em produtos, mas sim num conjunto muito maior de conhecimentos e técnicas disponíveis e que afetam a sociedade como, por exemplo, com a mudança de comportamento das pessoas e de suas relações. Vide o impacto das redes sociais em todos os aspectos da vida cotidiana das pessoas. Cabe às organizações observar ameaças e oportunidades oferecidas por essas novas tecnologias. A força sociocultural é aquela que representa os aspectos de crenças, valores e normas das pessoas que compõem determinado nicho da sociedade. De acordo com Zamberlan et al. (2009, p. 39), essas pessoas terão uma visão de mundo própria “que define seu relacionamento consigo mesmas, com os outros e com o universo. Refletem valores, pressupostos básicos e hábitos que prevalecem em uma determinada sociedade e são levados para as organizações pelas pessoas”. A forma de enxergar o mundo é construída pelas pessoas ao longo do tempo e é consistente, embora possam haver mudanças. Essa visão fará grande diferença na forma como as pessoas se relacionam com as organizações. Cabe às empresas perceber a força dessas crenças e o quanto estas interferem em suas estratégias. Um exemplo clássico dessa força acontece no Festival de Parintins, uma festa 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/22 muito popular que acontece no estado do Amazonas. Ao longo do evento é representada a rivalidade entre dois grupos, o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, numa encenação folclórica sobre o boi-bumbá. Cada um dos grupos tem uma cor específica: vermelho e azul. Durante o festival várias marcas de produtos alteram suas cores para atender as pessoas que participam do evento. A força cultural é tão intensa que faz com que uma marca mundial como a Coca-Cola ofereça suas latinhas não só em vermelho, mas também em azul. Figura 6 – Força cultural Crédito: Jeferson Schinaider. Finalmente, a força político/legal representa o impacto exercido pelo governo de uma nação em relação às organizações que nela se encontram, força essa que influencia seu grau de atividades, seja por meio de barreiras ou por incentivos devidos às disposições legais referentes ao setor de atuação da organização. Scherer et al. (2016, p. 61) argumentam que essa força diz respeito, portanto, às decisões governamentais no nível federal, estadual e municipal e exemplificam os aspectos de impacto legal nas empresas citando “salários e controles de preços, higiene e segurança do trabalho, concessão de crédito direto ao consumidor, construção de edifícios, condições de trabalho, faturamento, estocagem e depósitos de matérias-primas e de produtos acabados, além de impostos e uma infinidade de outros aspectos”. Alertam também que as empresas estão sujeitas a uma série de restrições legais que precisam ser observadas quando do seu planejamento estratégico. Portanto, as empresas precisam acompanhar todos os desdobramentos das ações de seu congresso e senado, câmara de deputados e de vereadores, bem como das tendências políticas apontadas por essas instituições. Figura 7 – Força político/legal 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/22 Crédito: Thiago Fernandes BHZ/Shutterstock. TEMA 3 – AMBIENTE EXTERNO: AMBIENTE SETORIAL Há um segundo ambiente externo à organização, que se encontra mais próximo à empresa e no qual ela consegue ter uma maior interferência, numa comparação direta em relação ao macroambiente. Esse ambiente mais próximo é denominado de ambiente operacional ou setorial, ou ainda, de microambiente. Daremos preferência à denominação de ambiente setorial, tendo em vista ser esse ambiente relacionado ao setor de operações da empresa. Nesse ambiente encontram-se outras empresas e grupos/indivíduos com os quais a organização convive de forma direta. O estudo fundamental de Michael Porter, How Competitive Forces Shape Strategy, publicado em 1979, indica que existem cinco forças competitivas básicas a serem analisadas pela empresa para compreender o ambiente setorial no qual encontram-se inseridas. Para Porter (2008), alguns estrategistas entendem a questão da formulação estratégica de uma forma muito restrita, observando e analisando somente seus concorrentes diretos, e isso limita a visão acerca de outras forças que também têm impacto sobre a organização. Compreender as forças competitivas e suas causas revela de onde vem a rentabilidade de um setor, ao mesmo tempo que fornece uma estrutura para antecipar e influenciar a competição entre as empresas que fazem parte desse setor ao longo do tempo. Conforme Porter (1991), é necessário que a empresa compreenda como lidar com cada uma das forças de forma individual e única,já que estas afetam todas as empresas de um mesmo setor com a mesma intensidade. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/22 O autor diz que existem cinco dessas forças competitivas: rivalidade entre os concorrentes atuais; entrantes potenciais; ameaça de produtos substitutos; poder de negociação de fornecedores; e poder de negociação de compradores. Veja essas forças e suas relações na Figura 8. Figura 8 – Forças que dirigem a concorrência no setor Fonte: Porter, 1991, p. 23. A força mais conhecida pela empresa normalmente é a de concorrentes. Essa força está associada à rivalidade pré-existente em empresas já maduras no setor. Nesse caso, os rivais são altamente comprometidos com o negócio e têm aspirações de liderança; assim, há uma disputa por posição, para verificar quem vai ter vantagem competitiva – por exemplo, quem terá o maior número de consumidores ou quem terá a maior lucratividade. Porter (2008) assinala que a intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes pode acontecer por uma série de razões, tais como os concorrentes serem numerosos ou quase iguais em tamanho e poder; o crescimento do setor se apresentar lento; haver grande dificuldade em uma empresa deixar de atuar no setor, ou seja, as barreiras de saída são altas. E quanto mais alta a rivalidade, mais limitada a lucratividade do setor, já que todas as empresas que estão competindo dividem os consumidores existentes nesse setor. “A rivalidade é especialmente destrutiva para a lucratividade se gravitar unicamente em relação ao preço, porque a concorrência de preços transfere lucros diretamente de uma indústria para seus clientes” (Porter, 2008, p. 85). Assim, é necessário ter cuidado ao adotar uma estratégia baseada 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/22 unicamente em cortes de preços, em especial porque os consumidores vão se acostumar com esse tipo de prática e estarão menos propensos a valorizar outras características de produto oferecidas pela empresa. Porter (2008) aponta então que, para que a rivalidade seja positiva para o setor e para as empresas que compõem esse setor, cada concorrente busque atender necessidades de diferentes segmentos de clientes, com diferentes combinações de preços, produtos e recursos. Assim o autor entende que o setor pode expandir conforme as necessidades de mais grupos de clientes são mais bem atendidas. A força de novos entrantes diz respeito à possibilidade de empresas começarem a participar de um setor do qual não faziam parte anteriormente, entrando nesse setor e competindo com as concorrentes já existentes. Dessa forma, a ameaça de entrada limita o potencial de lucro em um setor. Ao perceber a possibilidade de novos entrantes e de que sua ameaça é alta, as empresas que já atuam no setor buscam impedir essa entrada. É o que Porter (1991) denomina de barreira de entrada, ou seja, os fatores que dificultam as empresas de começarem a atuar num novo setor. “Se as barreiras de entrada forem baixas e os recém-chegados esperam pouca retaliação dos concorrentes já existentes, a ameaça de entrada é alta e a lucratividade da indústria é moderada”. Por outro lado, os concorrentes pré-existentes no mercado podem lançar mão de uma série de ações que aumentem essas barreiras de entrada, a tal ponto que impeçam novas empresas no setor. Lobby com o governo, redução de preços que não possam ser sustentados pela nova empresa, ou mesmo a compra da entrante por uma empresa já concorrente no mercado são modelos conhecidos de imposição de barreiras. Grandes organizações como Microsoft ou Facebook são conhecidas por comprar empresas que estão iniciando no mercado, seja para compor seu mix de produtos, seja simplesmente para extinguir a concorrente e o produto que ela oferecia ao mercado. Um exemplo brasileiro desse tipo de ação foi a compra do Guaraná Jesus, uma importante marca de refrigerante maranhense, pela Coca-Cola Brasil, eliminando assim uma forte concorrente regional. Figura 9 – Entrantes potenciais Crédito: Pxl.Store/Shutterstock. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/22 Quanto à força de produtos substitutos, está relacionada ao fato de que é possível que empresas com produtos diferentes concorram pelo mesmo mercado. E isso acontece quando o produto em si é diferente, mas atende a uma mesma necessidade dos consumidores. Ou seja, o substituto executa a mesma função ou semelhante a um produto das empresas do setor, só que por meios diferentes. Porter (2008, p. 84) alerta que “os substitutos estão sempre presentes, mas são fáceis de ignorar porque podem parecer muito diferentes do produto da indústria”. E assim podem tomar clientes do setor sem que as empresas que nele estão percebam essa ameaça. Embora seja uma análise difícil de se fazer, é importante que as empresas do setor estejam atentas, já que, em muitas das vezes, o produto substituto pode tomar totalmente o lugar do produto já existente. Alguns exemplos de produtos substitutos são as videoconferências como substituto para deslocamentos; o plástico como substituto do alumínio e o alumínio como substituto do plástico; o e-mail como substituto do correio; água, chá ou suco como substitutos de refrigerante; o celular como substituto de uma infinidade de aparelhos como relógio, despertador, câmera fotográfica, gravador de som e vídeo etc.; o computador, notebook, tablet ou mesmo o smartphone como substituto do papel. Há ainda duas forças que atuam da mesma forma, por meio de relações de poder, mas estão em lados diferentes da cadeia produtiva da empresa. São o poder de negociação de fornecedores e de consumidores. O poder de negociação de fornecedores trata da necessidade das empresas do setor conhecerem as empresas fornecedoras poderosas e as que não detêm poder. A preocupação, que trará a necessidade de uma análise mais acurada será com o fornecedor que detém poder, já que ele pode comandar a relação com as empresas do setor, decidindo inclusive para quais empresas vai fornecer, ou não, os seus recursos. Porter (2008, p. 82) diz que os “fornecedores poderosos capturam mais valor para si próprios, cobrando preços mais altos, limitando a qualidade ou os serviços ou transferindo os custos para os participantes” do setor. Uma situação bastante delicada é quando o fornecedor tem praticamente o monopólio de determinado insumo. A empresa cliente será refém desse tipo de situação. Porter (2008, p. 82) traz um exemplo importante ao comentar sobre o quase monopólio da Microsoft em sistemas operacionais, em relação ao fragmentado setor de montadores de PC. Nesse caso, a Microsoft contribuiu para anular a lucratividade dos montadores de computadores pessoais ao aumentar os preços dos sistemas operacionais. Do outro lado da cadeia produtiva, encontram-se os consumidores dos produtos daquele setor produtivo. Esses compradores, assim como os fornecedores, podem ou não apresentar poder de negociação em relação às empresas do setor. Embora haja uma máxima que diz que o cliente é o rei, 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/22 essa máxima não é verdadeira. O cliente só será o rei se detiver mais poder do que as empresas do setor. Clientes poderosos podem capturar mais valor forçando o setor a oferecer preços baixos, exigindo melhor qualidade ou mais serviço (aumentando assim os custos), e geralmente jogando os concorrentes uns contra os outros, às custas de lucratividade do setor. A maior parte destas fontes de poder do comprador pode ser atribuída a consumidores/compradores industriais e comerciais”, assim como a atacadistas e varejistas, que por comprarem em grandes quantidades ou serem representativos em relação ao consumidor final, podem ter uma maior facilidade nas negociações (Porter, 1991, p. 42). O consumidor final, por sua vez, não apresenta grande força em relação as empresas, sendo assim desconsiderado como uma ameaçaao setor. Figura 10 – Poder de negociação Crédito: Texelart/Shutterstock. TEMA 4 – AMBIENTE INTERNO: COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS Para que a organização possa colocar estratégias em prática e alcançar a desejada vantagem competitiva, é necessário realizar antes uma série de análises. Dentre essas análises se encontra a análise do ambiente interno à organização. É preciso verificar pontos fortes e pontos fracos para a manutenção e ampliação dos pontos fortes e a eliminação ou, pelo menos, a redução, de pontos fracos. Assim, para que a estratégia seja bem-sucedida é indispensável uma avaliação objetiva de recursos e de capacidades que a empresa já possui, bem como os recursos e capacidades que a 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/22 empresa não tem e serão necessários para colocar as estratégias organizacionais em prática. O conjunto de recursos e de capacidades vão gerar as competências organizacionais. Existe uma teoria econômica que explica que, num setor em que as empresas concorrentes sofrem o mesmo tipo de pressões externas, essas empresas só conseguiriam se sobressair uma em relação às outras devido às diferenças existentes em relação a seus recursos e capacidades internos. Essa teoria se chama visão baseada em recursos (VBR). Wernerfelt (1984, p. 72), ao explicar a VBR propõe que: 1. A análise das empresas em termos de seus recursos conduz a critérios imediatos diferentes da perspectiva tradicional de produtos. Em particular, as empresas diversificadas são vistas sob uma nova luz. 2. Pode-se identificar tipos de recursos que podem conduzir a altos lucros. Analogamente às barreiras à entrada, estes estão associados com [...] barreiras à posição de recursos. 3. A estratégia para uma grande empresa envolve o atingimento de um equilíbrio entre a exploração dos recursos existentes e o desenvolvimento de novos recursos. 4. uma aquisição pode ser vista como a compra de um pacote de recursos em um mercado altamente imperfeito. Baseando a compra em um recurso raro, é possível, tudo o mais permanecendo igual, maximizar essa imperfeição e as probabilidades de comprar barato e obter bons retornos. Figura 11 – Visão baseada em recursos Fonte: Craig; Grant, 1999. Para Craig e Grant (1999) os recursos são os meios colocados à disposição de uma organização para que ela possa realizar suas atividades. Por sua vez, a capacidade organizacional é o resultado da 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/22 totalização das competências individuais encontradas na empresa. Uma vantagem competitiva só será alcançada quando todos os recursos e capacidades estiverem à disposição para a implantação das estratégias. Não é possível ter uma estratégia bem-sucedida se só se tiver recursos, ou só se tiver capacidades. É como ter um carro de Fórmula 1 e não saber dirigir, ou cozinhar excepcionalmente e não ter um fogão. Os recursos são, normalmente, divididos em dois tipos: os recursos tangíveis e os recursos intangíveis. Os recursos tangíveis são concretos e, portanto, facilmente mensuráveis e identificáveis. Já os recursos intangíveis são de difícil mensuração e avaliação, tendo em vista sua característica de serem abstratos, não físicos, não palpáveis. Dentre os recursos tangíveis é possível observar os recursos financeiros e os recursos físicos. Já quanto aos recursos intangíveis, podem se apresentar na forma de qualificação, tecnologia, reputação e/ou relacionamento da organização. Como exemplos, é possível citar reservas de caixa, ativos financeiros, capacidade de empréstimos e fluxo de caixa, entre outros, como recursos financeiros; local, equipamentos e matéria-prima, como recursos físicos; experiência e conhecimento, adaptabilidade e fidelidade, como recursos de qualificação; patentes, direitos autorais e segredos comerciais e pessoal de P&D, como recursos tecnológicos; marca e renome da empresa, como recursos de reputação; formas de relação com clientes, fornecedores, distribuidores e autoridades governamentais, como recursos de relacionamento. Para compreender melhor a capacidade organizacional é possível utilizar a ideia de cadeia de valor, proposta por Michael Porter. A cadeia de valor é o conjunto de atividades que a organização realiza para criar algo que seus clientes valorizem e, por causa desse valor, prefiram o produto da sua empresa em detrimento dos produtos de outras empresas. De acordo com Porter (1991), o foco da cadeia de valor não são os departamentos da empresa, mas sim seus sistemas, ou seja, como entradas são transformadas em saídas. Essa transformação passa por uma série de atividades comuns a qualquer empresa. Porter as divide em duas: as atividades primárias e as atividades de apoio. Figura 12 – Cadeia de valor de Porter 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/22 Crédito: Darride/Shutterstock. As atividades primárias são aquelas que impactam diretamente na transformação das entradas em saídas dentro do sistema. São elas: a Logística de Entrada; as Operações; a Logística de Saída; o Marketing e as Vendas; e os Serviços. Quanto as atividades de apoio, essas dão suporte às atividades primárias e são compostas por Infraestrutura; Gestão de Recursos Humanos; Desenvolvimento Tecnológico; e Aquisição/Compras. Cada uma dessas atividades agrega valor ao produto que está sendo elaborado na organização. Ao final, ainda se deve considerar uma Margem, ou seja, a diferença entre o valor percebido pelo produto e o custo de criação/produção do produto. Assim, chega-se ao valor real desse bem e/ou serviço. Assim, a maneira como as atividades primárias e de apoio são realizadas determina os custos de produção e afeta os lucros da organização. É por isso que o uso dessa ferramenta auxilia a empresa a entender quais são suas fontes de valor. Ao analisar e compreender suas capacidades e seus recursos, a empresa terá a possibilidade de compreender quais são suas competências. Prahalad e Hamel (1990) trazem um estudo fundamental sobre o tema, popularizando a teoria VBR, em que reforçam a ideia de “core competences”, ou seja, competências essenciais de uma empresa, que estão relacionadas à possibilidade de aprendizagem coletiva na organização, especialmente ao coordenar diversas habilidades de produção e integrar múltiplos fluxos de tecnologias, juntando assim os recursos e as capacidades da empresa “de forma valiosa, difícil de imitar, e versátil, que contribuem para o desempenho da empresa, em um fator- chave de sucesso ao negócio” e para a manutenção de sua vantagem competitiva em relação a seus concorrentes (Berton; Fernandes, 2012, p. 95). TEMA 5 – MISSÃO, VISÃO, VALORES 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/22 Ao principiar o processo de formulação estratégica, os primeiros passos dizem respeito a analisar o ambiente externo e o ambiente interno da organização. De posse dessas informações é possível compreender melhor o tipo de negócio da empresa. Mas conhecer as forças externas e conhecer as competências organizacionais não é suficiente para planejar e colocar as estratégias da empresa em prática. Antes se faz necessário entender o negócio do qual a empresa participa e de como ela pretende fazer parte desse negócio. Assim, ao iniciar uma formulação estratégica é necessário observar, em um primeiro momento, se a empresa já tem expressas sua missão e visão organizacionais. A missão de uma empresa “responde à pergunta mais básica que uma organização (e, talvez, uma pessoa) pode se propor: para que existimos?” (Berton; Fernandes, 2012, p. 143). Ou seja, qual necessidade da sociedade a empresa pretende atender. É com base nesse propósito amplo que todas as demais atividades organizacionais serão planejadas e realizadas, possibilitando a todos que compõem a organização o entendimento de como o seu trabalho se encaixa nos grandes objetivos organizacionais. Assim, além de indicar oporquê da empresa existir, também serve como inspiração e fator de incentivo ao trabalho de todos. É por apresentar esse caráter inspirador que, de um modo geral, a construção formal da missão de uma empresa passa pela formulação de uma frase, normalmente criativa, que demonstre a todos que a lerem o que a empresa faz, mas, além disso, o que a diferencia de outras organizações. Para formular a missão, portanto, é necessário pensar não no produto oferecido ao cliente, mas sim na necessidade atendida, na contribuição que a empresa traz para a sociedade. Mas a formulação não pode ser genérica em excesso, já que a missão de uma empresa deve ser única, não pode servir a várias outras organizações. Nesse sentido frases como “oferecer um produto de qualidade” ou “servir da melhor forma possível o nosso cliente” são péssimos exemplos de missão, visto poderem ser usadas por qualquer tipo de empresa em qualquer ramo de negócios. Alguns exemplos de missão adequadas à atuação de suas empresas são: Refrescar o mundo – Coca-Cola Company [...] tornar o ser solteiro mais divertido e gratificante, conectando pessoas que de outra forma não teriam se conhecido na vida real – Tinder Criamos oportunidades ao colocar o mundo em movimento – Uber Se faz bem, a gente faz: melhorar a qualidade de vida e contribuir para um futuro mais saudável – Nestlé 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/22 Organizar as informações do mundo para que sejam universalmente acessíveis e úteis para todos – Google Conforme Berton e Fernandes (2012), definir de forma adequada a missão da empresa traz vantagens visíveis para o alcance dos objetivos organizacionais, na medida em que uniformiza os esforços de todos naquilo que é fundamental para a empresa, e também auxilia nas tomadas de decisão, já que norteia o que é importante para a empresa. É dessa forma que a missão se torna parte da rotina organizacional e deixa de ser apenas uma frase no site da empresa ou no crachá do funcionário. Outro conceito que deve se tornar algo concreto para as pessoas, preparando o processo de formulação de estratégias, é a visão da empresa. A visão está relacionada ao que a empresa gostaria de ser no futuro, ou seja, “a visão é a explicitação do que se idealiza para a organização” (Berton; Fernandes, 2012, p. 147). Dessa forma, as pessoas que fazem parte dessa empresa terão um balizador do que se pretende ao longo do tempo, de quais são as grandes metas a serem alcançadas. Embora muitas empresas não coloquem datas ou prazos em sua descrição de visão, é importante notar que a visão diz respeito ao estabelecimento de um limite de tempo para que a mesma seja alcançada. Alguns exemplos de visão: Impacto positivo 2050: Seremos geradores de impactos econômico, social, ambiental e cultural positivos, entregando valor para toda a nossa rede de relações, em todos os negócios, marcas e geografias em que atuarmos, por meio de nossos produtos, serviços e canais de comercialização – Natura Ser a maior e melhor rede de chocolates finos do mundo – Cacau Show Finalmente, faz parte desse conjunto de busca de conhecimento acerca da própria empresa distinguir os valores que orientam suas ações. Os valores de uma empresa dizem respeito às crenças de seus fundadores que se perpetuaram ao longo do tempo, indicando assim a ética de trabalho da organização. Portanto definem princípios que norteiam, direcionam as práticas organizacionais, em especial quanto a comportamentos e atitudes esperados de todos que fazem parte da empresa, no que se refere à relação entre si e com todas as partes interessadas da empresa: clientes, fornecedores, a sociedade como um todo. Como exemplos de valores tem-se: 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/22 Alta Performance, Adicionar Valor, Renovação, Respeito, Responsabilidade, Sustentabilidade, Proximidade ao Cliente – Volkswagen Temos mentalidade de dono; construímos times fortes e diversos; buscamos a eficiência inteligente – Nubank Dar voz às pessoas, criar conexão e comunidade, servir a todos, manter as pessoas seguras e proteger a privacidade, promover a oportunidade econômica – Facebook Figura 13 – Missão, visão, valores Crédito: Shutterstock. FINALIZANDO Nesta aula você pode conhecer o conceito de ambiente e entender o porquê da sua importância para a formulação das estratégias. Não é possível formular uma estratégia bem-sucedida e buscar vantagem competitiva sem fazer uma análise correta dos ambientes que envolvem a empresa. Assim, você pôde entender cada uma das forças que compõem o macroambiente e como cada uma delas (demográfica, natural, tecnológica, político/legal; sociocultural; econômica) pode causar impactos positivos ou negativos nas organizações. Também aprendeu sobre as forças do ambiente setorial, aquele ambiente mais próximo à organização por ser o ambiente de negócios no qual a empresa atua. Pode ver que Porter definiu que existem cinco forças nesse ambiente: rivalidade entre os concorrentes atuais; entrantes potenciais; ameaça de produtos substitutos; poder de negociação de fornecedores; e poder de negociação de compradores. Cada uma dessas forças deve ser analisada pela empresa, pois não é só a concorrência direta que interfere na lucratividade de uma organização. 8/4/22, 12:09 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/22 Conheceu a ideia de que recursos e capacidades, que estão no ambiente interno da organização, também são relevantes para o alcance das estratégias pretendidas pela empresa. Viu que se pode analisar as capacidades por meio de uma ferramenta oferecida por Porter: a cadeia de valor. Viu também que a junção de recursos e capacidades pode dar a medida das competências essenciais de uma empresa e que são essas competências que diferenciam uma empresa das outras que atuam num mesmo setor. Finalmente, pode aprender sobre missão, visão e valores das organizações. Esses são conceitos que auxiliam as pessoas que fazem parte da empresa a compreender de forma mais sistêmica o que se espera da organização e, por consequência, delas próprias, para se alcançar bons resultados e obter vantagem competitiva. REFERÊNCIAS BERTON, L. H.; FERNANDES, B. H. R. Administração estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. Estudo da competitividade da indústria brasileira. Campinas, Papirus, 1994. CRAIG, J.; GRANT, R. Gerenciamento estratégico. São Paulo: Littera Mundi, 1999. GAMBLE, J. E.; THOMPSON, A. A. Fundamentos da administração estratégica. Porto Alegre: AMGH, 2012. JACOMASSI, E. P. Ambiente externo e processo de definição de estratégias organizacionais: uma revisão e síntese teórica. Administração de Empresas em Revista, Curitiba, n. 4, p. 77-102, 2005. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 15. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. MOTTA, F. C. 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Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/301247004_analise_do_ambiente_de_marketing_um_estu do_aplicado_em_uma_cooperativa_do_setor_de_agronegocios_da_regiao_centro- oeste_do_rio_grande_do_sul>. Acessoem: 21 dez. 2020. VASCONCELLOS FILHO, P. Análise ambiental para o planejamento estratégico. RAE, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 115-127, abr./jun. 1979. WERNERFELT, B. A resourced-based view of the firm. Strategic Management Journal, n. 5, p. 171-180, 1984. ZAMBERLAN, L. et al. Marketing empresarial. Ijuí: Ijuí, 2009. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/25 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 3 Profª Dayse Mendes 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/25 CONVERSA INICIAL Nesta aula, você compreenderá que, para que uma estratégia seja formulada, é necessário compreender quais são os propósitos para que uma empresa exista. Para tanto, você conhecerá o conceito de objetivo estratégico, assim como o de meta. Além do mais, verá que ter objetivos claros traz uma série de vantagens para a empresa, dentre elas uma formulação mais eficaz das estratégias. Conhecerá também a ideia de que os objetivos e, por consequência, as estratégias estão distribuídas em diferentes níveis organizacionais, o que por sua vez leva a cada um desses níveis a ter papéis diferentes não só na formulação, mas também na implantação e na manutenção das estratégias da empresa. Poderá fazer, assim, a distinção entre estratégias empresariais, estratégias de unidades de negócios e estratégias funcionais. Além disso, você verá que as estratégias empresariais envolvem toda a empresa e são divididas em três tipos distintos, de acordo com o objetivo definido pela empresa: estratégia de crescimento, estratégia de estabilidade e estratégia de redução. Conhecerá as estratégias de unidades de negócios, estabelecidas por Porter como estratégias genéricas de liderança no custo total, de diferenciação e de enfoque. E finalizará seu aprendizado sobre tipos de estratégia entendendo sobre a obrigação das áreas funcionais da empresa em sustentarem as estratégias empresariais e as estratégias genéricas, formulando estratégias funcionais. Assim, cada área da organização pode estabelecer seus objetivos que harmonizem com os objetivos estratégicos gerais e formular, dessa forma, as estratégias funcionais como, por exemplo, as estratégias de produção, de marketing, de finanças, de recursos humanos, de P&D (pesquisa e desenvolvimento) entre outras. Vamos lá! TEMA 1 – OBJETIVOS ESTRATÉGICOS Não há como imaginar uma empresa, que possa funcionar de modo adequado, sem ter estabelecido quais são seus objetivos, quais são os propósitos para sua existência. Mesmo que esses 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/25 objetivos não tenham sido formalizados, eles estarão presentes durante as tomadas de decisão, refletindo sobre como a empresa se conduz para alcançar um futuro desejado. Podemos entender como objetivos organizacionais a descrição dos resultados que a empresa pretende alcançar para cumprir com sua missão. Aqui, é interessante comentar sobre outro conceito relacionado à ideia de objetivo, as metas. Metas são as definições concretas de um objetivo, já que demonstram os resultados desejados em termos quantitativos e com prazo determinado, em comparação com os objetivos que são qualitativos e sem prazo estabelecido para seu alcance. Objetivos e metas se complementam e auxiliam o estrategista no controle dos resultados estratégicos. Richers (1980, p. 8) diz que os objetivos relacionam os desejos das pessoas que formam a organização com os meios a serem utilizados para que se satisfaçam esses anseios. Assim, o autor define que: Há sempre pelo menos dois elementos presentes na concepção de quaisquer objetivos: o elemento psicológico, que envolve valores, atitudes, motivações e sobretudo anseios de indivíduos, além de um conjunto de instrumentos, composto de recursos (técnicos, financeiros, humanos, etc.) que deverão ser aplicados para atingir os objetivos e satisfazer os anseios. Com base nesse relacionamento, Richers (1980) conceitua objetivos estratégicos como “posições projetadas para a empresa como um todo, aceitas pelos seus dirigentes como desejáveis e exequíveis”. Assim, os objetivos são definidos antes de especificar quais serão as estratégias a serem implementadas pelas organizações. Figura 1 – Objetivos 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/25 Créditos: EMOJOEZ/Shutterstock. De acordo com Berton e Fernandes (2012, p. 153), é necessário que o estrategista observe alguns pontos antes de formular objetivos, que são: Quantificar e definir prazos para os objetivos da organização, levando em consideração as diversas partes interessadas (stakeholders) da empresa; comunicar claramente os objetivos e alinhá-los à missão e aos valores da empresa; detalha-los em diversos níveis, sabendo desafiar as pessoas sem desanimá-las; e manter a flexibilidade. Ou seja, os objetivos devem ser transformados em metas para evitar equívocos entre as pessoas que compõem a empresa, estabelecendo quantidades e tempos determinados. Também é necessário compreender que cada stakeholder tem objetivos distintos a serem alcançados. O que clientes, fornecedores, mão de obra ou acionistas desejam da organização precisa então ser ponderado pela empresa para conciliar todas essas necessidades diferentes e atendê-las. Também é importante deixar claro a todos quais são os objetivos a serem perseguidos e como os envolvidos podem auxiliar para seu alcance. Por isso a comunicação é tão relevante. Não se deve deixar de alinhar os objetivos à missão da empresa, já que eles são uma espécie de detalhamento da missão e de como fazer para cumpri-la, percebendo que esse detalhamento da missão se dará nos vários níveis organizacionais. Berton e Fernandes (2012, p. 154) explicam que os objetivos se dividem em “objetivos gerais, mais próximos da missão da empresa, [...] objetivos específicos, que são versões mais restritas e normalmente quantificadas dos objetivos gerais” e também que no: Nível mais estratégico da organização estão os objetivos gerais, de caráter mais amplo, que refletem diretamente os princípios e a missão da empresa, fornecendo aos funcionários uma visão de aonde se pretende chegar em curto, médio e longo prazos. Por sua vez, os objetivos funcionais – para cada área específica da organização – tem mais características de curto e médio prazos e serão detalhados, porém sempre procurando seguir o rumo estabelecido pelos objetivos gerais da empresa. Objetivos estratégicos gerais podem se amparar em desejos da organização em crescer, um anseio da maioria dos empresários, visto que o crescimento parece significar que a empresa está saudável e traz vantagens competitivas, como ser mais reconhecida do que seus concorrentes ou ter um poder de negociação maior com seus fornecedores, por exemplo. Mas há momentos em que a empresa percebe que o ambiente externo está muito instável e que é difícil determinar o que acontecerá no futuro. Nessa situação, é interessante que o objetivo geral seja de conservar a empresa 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/25 como ela está no momento, sem crescer nem diminuir. E há momentos em que a empresa precisa repensar os negócios nos quais atua, com a possibilidade de deixar alguns deles, buscando assim um objetivo geral de redução. Figura 2 – Objetivos gerais Créditos: MIX3R/Shutterstock. Berton e Fernandes (2012) alertam ainda que deve haver um equilíbrio quanto à dimensão do objetivo proposto, que não deve ser tão desafiante a ponto de fazer com que as pessoas desanimem pela dificuldade em alcançá-lo, e nem tão simples que acabe por ser desprezado e deixado de lado. Além disso, os objetivos devem ser flexíveis, ou seja, modificáveis de acordo com as necessidades que vão se apresentando ao longo do tempo. Ao tratar todas essas questões, conforme Berton e Fernandes (2012), as empresas podem usufruir das vantagens de administrar por objetivos,tais como concentrar esforços nos resultados, sem perder energia com situações que tragam desperdícios; propiciar o uso de indicadores que auxiliarão a empresa a ter um controle melhor sobre seus resultados; facilitar o aprendizado por meio da vivência do alcance, ou não, dos resultados esperados, melhorando a escolha futura de novos objetivos, e, finalmente, auxiliar o estrategista em uma formulação mais eficaz das estratégias da empresa. TEMA 2 – NÍVEIS ESTRATÉGICOS Visto que os objetivos estratégicos devem ser pensados em termos de níveis, é possível compreender que as estratégias formuladas para a empresa também estarão atreladas a níveis 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/25 organizacionais distintos, e que cada um desses níveis terá uma função distinta em relação à implementação e à manutenção das estratégias organizacionais. Figura 3 – Níveis da estratégia Fonte: Dayse Mendes, 2020. É importante, antes de prosseguir, explicar o que são UENs ou Unidades Estratégicas de Negócios. Uma unidade estratégica de negócios, conforme Kotler e Armstrong (1993), tem missão e objetivos distintos e pode ser planejada independentemente dos outros negócios da empresa, podendo ser uma linha de produtos dentro de uma divisão ou, algumas vezes, um único produto ou marca distinto em relação aos demais negócios da empresa. Esse é um tipo de estrutura organizacional, ou seja, uma forma como a empresa se organiza para atender setores distintos, normalmente encontrada em empresas que têm produtos muito distintos, que a levem a ter de tomar decisões bastante diversas acerca das ações de suas áreas funcionais. Assim, mesmo estando sob as ordens de uma mesma organização, suas estratégias serão diferentes, em conformidade com o setor em que atuam. Um exemplo de empresa que atua com esse tipo de estrutura é a Nestlé, tendo em vista seu portfólio de produtos, que atendem desde o bebê, com papinhas; até o adulto, com café solúvel; passando pelas crianças, com ovos de Páscoa; ou cães e gatos, com ração. Embora os produtos citados sejam todos do setor alimentício, a forma de produzir, a forma de se relacionar com o consumidor, a forma de contratar mão de obra etc. é totalmente diferente para cada um dos produtos citados. Assim, é mais estratégico dividir esses produtos em áreas distintas dentro da 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/25 empresa, com tomada de decisão e formulação de estratégias distintas, mesmo pertencendo a uma única organização. Figura 4 – Unidade Estratégica de Negócios (UEN) Créditos: ROZENSKIP/Shutterstock. No nível estratégico, serão formuladas as estratégias empresariais, no nível das unidades de negócios serão formuladas as estratégias genéricas, e no nível funcional serão elaboradas as estratégias funcionais. TEMA 3 – ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS Ao lembrar que conceituamos estratégia como um conjunto de objetivos e a forma de alcançá- los, fica claro que a formulação de estratégias passa pela necessidade de observar os objetivos gerais da organização, e com base nesses objetivos, buscar as ações que conduzam ao seu alcance. Uma estratégia empresarial será aquela que busca o alcance do objetivo geral da empresa, envolvendo a organização em sua totalidade. Podemos classificar esses objetivos gerais em três possibilidades: crescer, ficar do jeito que está, ou reduzir. Cada um desses macro objetivos leva a estratégias bastante diferenciadas. As estratégias formuladas com o objetivo de crescer são denominadas de estratégia empresarial de crescimento. Conforme Berton e Fernandes (2012), o crescimento de uma organização pode 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/25 acontecer como o aumento de seu lucro, de suas vendas ou de sua participação no mercado. Essa, então, é uma estratégia que abrange toda a empresa, cujo objetivo é crescer e ser maior do que suas empresas concorrentes. Esse objetivo traz vantagem competitiva, pois a organização pode, ao crescer, ter mais clientes, uma imagem que alcança mais pessoas na sociedade, maior poder de negociação com fornecedores, entre outras vantagens. Figura 5 – Estratégia empresarial de crescimento Créditos: SERGII TVERDOKHLIBOV/Shutterstock. Para alcançar o objetivo de crescimento, é possível agir de várias formas. As maneiras reconhecidas na literatura para isso são: Crescimento interno: ocorre quando a empresa cresce com seus próprios recursos que vão sendo acumulados ao longo do tempo, normalmente com o aumento de suas vendas, da sua capacidade de produção, ou da sua força de trabalho. Os lucros obtidos são reinvestidos na organização, aumentando sua estrutura, seu processo produtivo, sua capacidade de vendas ou mesmo criando novos negócios. A maioria das empresas que atualmente são de grande porte um dia foram pequenas e iniciaram sua ampliação com uma estratégia de crescimento interno. É possível observar esse tipo de estratégia sendo usada no início de suas atividades, por exemplo, pelo Magazine Luiza. O Magazine Luiza surgiu da aquisição, por Pelegrino José Donato e sua esposa Luiza Trajano Donato, de uma pequena loja de presentes na cidade de 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/25 Franca, interior de São Paulo, em 1957. A loja passa a ser conhecida na cidade por causa do atendimento feito pelos próprios donos, especialmente Luiza. Durante os próximos vinte anos, a empresa viveu uma grande expansão de seus negócios, em especial com a entrada de capital vinda com o ingresso de outros familiares no negócio, proporcionando, em 1974, a abertura de uma grande loja de departamentos. A partir desse momento, novos tipos de estratégias começam a ser utilizadas pela empresa (Magazine Luiza, 2020) Integração horizontal: esse tipo de estratégia de crescimento é proporcionado quando uma empresa cresce por meio da aquisição de outra empresa que seja concorrente direta da compradora e atue exatamente em uma mesma linha de negócios, oferecendo o mesmo tipo de produto. Sua denominação pode ser explicada por integrar uma empresa em outra, no nível da concorrência, normalmente denominado de horizontal em contraposição ao nível da cadeia de produtiva da empresa, normalmente denominado de vertical. Esse tipo de estratégia é vantajoso não só pelo crescimento obtido pela empresa que adquire as outras, mas também porque tira do mercado uma concorrente direta, tornando a atuação da empresa compradora mais simplificada, já que houve redução da concorrência. Nessa situação, a empresa compradora poderá até manter as marcas da empresa adquirida, mas na maior parte das vezes retira aos poucos o seu nome do mercado, visto que a empresa deixou de existir. No entanto, isso não é uma regra, tudo depende da aceitação do consumidor em relação à aquisição. Às vezes, se torna mais estratégico manter o nome, mesmo que oficialmente a empresa já não exista mais. Aquisições são comuns, por exemplo, no setor bancário, vide a compra do Banco Real pelo Banco Santander, a compra do banco Bamerindus pelo banco HBSC, a compra do banco HSBC pelo banco Bradesco, entre outras. Outro setor em que comumente se faz integração horizontal é o de tecnologia e informática. Como exemplo, temos a compra pelo Facebook do Instagram e do WhatsApp. Uma observação importante: muitas vezes, o jornalismo de negócios anuncia esse tipo de estratégia como fusão. Aquisição e fusão são estratégias com ações completamente distintas. Mais à frente, você encontrará explicações sobre fusão. Diversificação horizontal relacionada: no caso da formulação de uma estratégia de diversificação, uma empresa decide adquirir outra empresa para alcançar seu objetivo de crescimento, mas para tanto, compra uma empresa que oferece produtos diferentes do seu (por isso o nome de diversificação). Mas como é uma estratégia de crescimento horizontal, a empresa está adquirindo uma concorrente, que não concorre deforma direta, mas que atua no 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/25 mesmo setor econômico. Nessa situação, a empresa normalmente está em busca do compartilhamento de recursos para aumentar a sua eficiência no mercado, atingindo assim um grupo maior de consumidores ao mesmo tempo em que reduz a rivalidade de possíveis concorrentes indiretos. Um bom exemplo desse tipo de estratégia são as aquisições da Coca- Cola Company ao longo das últimas duas décadas. A empresa, que se notabilizou pela produção de refrigerantes, vem adquirindo empresas fabricantes de produtos substitutos, tais como a Del Vale (produtora de sucos); a Matte Leão (produtora de chás); a Crystal (produtora de água); a rede de cafés Costa; entre outras empresas que não concorrem diretamente com refrigerantes, mas que atuam na indústria de bebidas. Diversificação horizontal não-relacionada: nesse caso, a empresa que adota uma estratégia de diversificação horizontal não relacionada estará adquirindo uma empresa que não é sua concorrente direta e não atua no mesmo setor econômico que a empresa compradora. Conforme Berton e Fernandes (2012, p. 159), nesse caso a empresa está em busca de “maior proteção no mercado, por meio de uma diluição de riscos em mais de um negócio, ou mesmo aplicar o excesso de caixa, se existente, em setores de crescimento rápido, buscando aumentar o lucro em curto prazo”. Integração vertical de empresas relacionadas: a integração vertical é mais um tipo de estratégia em que uma empresa adquire outra. Mas nesse caso, trata-se de integrar uma empresa do nível vertical, ou seja, que pertence à cadeia produtiva da organização, seja ela uma empresa fornecedora (a montante), seja uma empresa cliente (a jusante). O fato de ser relacionada diz respeito à empresa que será adquirida estar ligada diretamente ao core business da empresa compradora. Como core business, deve-se entender a atividade principal da empresa, aquilo para que ela foi constituída, sua essência. Nesse caso, a empresa compradora pode ter um maior controle dos diferentes processos da cadeia, podendo ter vantagem em relação a custos, prazos, qualidade. Por outro lado, deverá gerir negócios com os quais não estava habituada, o que gera a necessidade de elaborar novas estratégias e novos processos. Como exemplo, temos a aquisição do Hotmail pela Microsoft. De acordo com a própria Microsoft, o Hotmail era um elemento importante nos serviços de comunicação e informação online da Microsoft Network (MSN). Outro exemplo é o da Tesla, a montadora de carros elétricos de Elon Musk, adquirindo a ATS Automotion, uma fabricante alemã de células de bateria, deixando a Tesla com autonomia em relação a esse componente do carro e, ao mesmo 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/25 tempo diminuindo a vantagem competitiva da BMW e da Mercedes Benz que, até a aquisição, eram cliente da ATS. Figura 7 – Integração vertical de empresas relacionadas Créditos: PIOTR SWAT/Shutterstock. Integração vertical de empresas não-relacionadas: nesse caso, a estratégia continua sendo adquirir uma empresa fornecedora ou cliente, mas de produtos não relacionados ao core business da empresa compradora. Como exemplo genérico, podemos citar a compra de uma empresa fabricante de garrafas plásticas por uma empresa produtora de suco de laranja. Fusões: este é um tipo de estratégia mais complexo para se alcançar o objetivo de crescimento. Tal complexidade se deve ao fato de que, para que uma fusão aconteça, é necessário que duas ou mais empresas, que apresentem portes semelhantes, combinem-se e então sejam unificadas “sob uma mesma razão social ou marca” (Berton; Fernandes, 2012, p. 159). Com a fusão, as empresas esperam partilhar recursos e ganhar em forca competitiva. Por outro lado, há uma série de dificuldades e empecilhos, desde as questões legais, no ambiente externo, até as questões internas de processo e cultura organizacional. No que diz respeito às leis, é necessário verificar se a fusão poderá gerar uma empresa monopolista. Nesse caso, não será possível o “casamento” entre as empresas. Quem regula esse tipo de situação no Brasil é o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, uma autarquia federal que analisa situações que possam ir contra a política nacional de livre concorrência. No ambiente interno, pessoas que até o momento da fusão não trabalhavam juntas e, muito menos, conviviam, passam a se relacionar 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/25 e ter de alcançar objetivos conjuntos. Esse momento de alteração da cultura das duas (ou mais empresas) costuma ser estressante e pode levar ao insucesso da estratégia. Um exemplo já clássico de fusão bem-sucedida é o ocorrido entre as empresas Companhia Antarctica Paulista e Companhia Cervejaria Brahma, no ano de 1999. Até então, as empresas eram concorrentes diretas no mercado de cervejas e refrigerantes e, após a fusão, transformarem-se numa única empresa, mantendo a marca de seus produtos e expandindo seu portfólio, criando assim uma empresa altamente atrativa ao mercado. Tanto é que, em 2004, sofreu um novo processo de fusão, agora com a belga Interbrew, se tornado líder no mercado mundial de bebidas e cervejas e alterando seu nome para AB InBev. Figura 8 – Fusão Créditos: JULIO RICCO/Shutterstock. Alianças estratégicas: uma outra forma estratégica de crescer se dá quando duas ou mais empresas, concorrentes diretas em seu setor de atuação, decidem realizar um projeto em conjunto. Esse tipo de ação é denominado de aliança estratégica. O relacionamento e, por consequência, a estratégia entre as empresas dura enquanto durar o projeto. Conforme Berton e Fernandes (2012, p. 159), durante a parceria, as empresas podem partilhar “os custos, os riscos e os benefícios em explorar e arriscar novas oportunidades de negócios. Essas alianças podem ser: joint ventures, acordos de franquia/licenciamento, P&D conjuntos, operações conjuntas, acordos conjuntos para fornecimento a longo prazo, acordos de marketing, conjuntos ou consórcios”. Exemplo: uma situação clássica é a joint-venture realizada entre a Volkswagen e a Ford (Autolatina), realizando uma cooperação econômica entre essas empresas, no Brasil, entre os anos de 1987 a 1996. Atualmente, a Volkswagen e a Ford formaram nova parceria estratégia para projetos de autonomação. Outro exemplo importante é o realizado por 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/25 pequenos supermercados, normalmente de bairro, que se unem para fazer compras conjuntas e assim reduzir os custos com seus fornecedores. Em uma situação distinta, quando o cenário não está propício ao crescimento, é possível que uma empresa adote uma estratégia com o objetivo de deixar a empresa como ela está no momento em que se toma essa decisão. Esse tipo de estratégia é denominado de estratégia empresarial de estabilidade. Uma estratégia de estabilidade é aquela que abrange toda a organização, cujo objetivo é mantê-la no tamanho em que está e com a mesma receita, durante determinado período de tempo. Esse objetivo traz vantagem competitiva pois a organização pode, ao se manter, sobreviver a situações que as suas concorrentes não suportem. Figura 9 – Estabilidade Créditos: ORLA/Shutterstock. Essa é uma estratégia de difícil implementação e conservação, pois para se manter, há a necessidade de a empresa tomar uma série de decisões internas e externas, melhorando seus processos e seus produtos. Uma estratégia de estabilidade não significa paralisação das atividades da empresa. A estabilidade é decidida pelo empresário em duas situações distintas: Quando há instabilidade no ambiente externo, seja ela econômica, política, natural, entre outras. Nesse momento, pode ser mais interessante para a empresa não correr risco tentando crescer, já que não há certeza quanto ao que ocorrerá no mercado; Quandoa empresa é reconhecida, pelos seus consumidores, tradicionalmente de uma determinada forma. Ao mudar a empresa, corre o risco de perder seus clientes, que já não se reconhecem mais na empresa modificada. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/25 O último tipo de estratégia empresarial é aquela estratégia formulada com o objetivo de diminuir a organização. Esse tipo de estratégia é denominado de estratégia de redução. Uma estratégia empresarial de redução é uma estratégia que abarca toda a organização, cujo objetivo é reduzir, “tirar” um pedaço da organização ou até encerrar suas atividades. Esse objetivo pode ser estratégico na medida em que se reduz custos, se mantém uma boa imagem da organização, ou, caso nada dê certo, evita-se um processo falimentar. A implementação de uma estratégia de redução se dá por três diferentes formas: a reviravolta (turnaround); o desinvestimento; e a liquidação. Reviravolta (turnaround): nessa situação, a empresa, ou seu produto principal, estão em fase final de ciclo de vida. A empresa decide que não quer encerrar suas atividades e elabora ações para retomar seu lugar no setor em que atua. Exemplo clássico é o das Havaianas, sandálias de borracha desenvolvidas pela empresa Alpargatas, que durante muitos anos foi uma espécie de um produto para as classes C e D e quase entrou em extinção com a chegada de sandálias de plástico, como o Rider, no início dos anos 1990. Com o desenvolvimento de pesquisas de marketing e de produto, aliadas a um pouco de sorte, a Alpargatas conseguiu não só reverter a situação de fim de ciclo de vida do produto, como reinventá-lo totalmente quanto ao público consumidor, à imagem do produto em si e à rentabilidade que o produto traz para a empresa. Hoje, uma singela Havaiana pode custar até 100 libras em algumas lojas de Londres. Outras situações de reviravolta aconteceram ao longo dos anos 2000 por conta do saudosismo em relação a determinados produtos. Foi possível observar nas redes sociais, por exemplo, o reviver de muitos brinquedos por adultos saudosos de sua infância. E, a partir disso, o relançamento da marca Estrela e de produtos como Ferrorama, Autorama, Genius, Susi, Falcon, Pula-Pirata, Aquaplay, entre outros. Figura 10 – Reviravolta 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/25 Créditos: KONMAC/Shutterstock. Desinvestimento: esta estratégia empresarial de redução diz respeito a encerrar ou vender uma unidade de negócio, retirando da empresa a necessidade de tomar decisões referentes a esse negócio específico. Para Berton e Fernandes (2012, p. 160), o “desinvestimento geralmente ocorre quando a unidade de negócio está tendo um desempenho ruim ou deixa de se adequar ao perfil estratégico da empresa”. Como exemplo, pudemos observar muitas empresas encerrando ou reduzindo suas operações aqui no Brasil. É o caso da montadora de automóveis Ford, que fechou sua fábrica em São Bernardo do Campo; da Roche, uma companhia do setor farmacêutico, que fechou sua fábrica em Jacarepaguá; da Fnac, uma famosa rede de livrarias, que encerrou totalmente suas operações no Brasil, tanto físicas como online; do fechamento de lojas físicas da C&A, uma varejista de roupas; entre outras. Liquidação: como última estratégia empresarial de redução, tem-se a situação de quando o empresário toma a decisão de encerrar as atividades da empresa. Esse tipo de estratégia é denominado de liquidação. A formulação desse tipo de estratégia pode trazer bons resultados quando a empresa está́ ameaçada e já não consegue competir com eficiência, assim, o encerramento pode evitar um processo falimentar. Por outro lado, existem negócios que exigem renovação constante. É o caso de “baladas da moda”. Ao se extinguir a moda e a movimentação que a moda traz, é comum que os empresários encerrem aquele negócio específico e montem outro em seu lugar. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/25 TEMA 4 – ESTRATÉGIAS DE UNIDADES DE NEGÓCIOS A formulação de estratégias também se dá no nível das unidades estratégicas de negócios. Tais estratégias são conhecidas como as estratégias genéricas de Porter. Caso a organização não apresente esse tipo de estrutura, as estratégias genéricas também podem ser usadas na empresa como um todo. Porter (1991) propõe que, para que uma empresa tenha vantagem competitiva e rentabilidade no setor em que atua, ela precisa escolher uma entre três tipos distintos de estratégia, que ele denomina de estratégias genéricas. Figura 11 – Estratégias genéricas de Porter Créditos: OPTURADESIGN/Shutterstock. São elas: a estratégia genérica de liderança no custo total; a estratégia genérica de diferenciação; e a estratégia genérica de enfoque. Estratégia genérica de liderança no custo total: nesse caso, a empresa deve apresentar os menores custos em relação a todas as outras empresas que com ela competem num mesmo mercado e, assim, pode obter uma maior lucratividade ou oferecer um menor preço aos seus clientes, sendo assim a líder do setor. Essa é uma estratégia difícil de colocar em prática, pois exige características específicas da organização. Normalmente, precisa ser uma empresa de grande porte, que tenha um sistema de controle bastante eficaz. Ajuda adotar essa estratégia se a empresa trabalhar com produção em massa, ou seja, atuar com ganho de escala. A produção em grandes quantidades auxilia a diminuir custos por conta das possíveis 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/25 negociações com fornecedores, ao aprendizado constante que reduz retrabalho e traz mais produtividade, entre outros fatores. Um exemplo já clássico desse tipo de estratégia foi a formulada pela Gol, quando de sua estreia no mercado de aviação comercial, em 2001. A Gol acaba por modificar totalmente o mercado ao oferecer, diferentemente de suas concorrentes da época, não uma “Experiência de Voar!”, mas sim a possibilidade das pessoas se deslocarem do ponto A para o ponto B com as menores tarifas oferecidas, quando comparadas com as tarifas das concorrentes. E isso era possível graças à sua estratégia de reduzir custos em todos os processos em que isso fosse possível, por exemplo: eliminando o tradicional bilhete de papel; reduzindo as refeições oferecidas à bordo e, com isso, aumentando sua capacidade de transporte de passageiros, já que eliminou a necessidade de cozinha na aeronave; usando a internet como canal preferencial de comunicação com seus consumidores; atuando com uma frota padronizada de aeronaves etc. Cada uma dessas modificações reduzia seus custos de operação, fazendo com que a empresa fosse inovadora quanto a oferta desse novo modelo de negócios. (Gol, 2020). Figura 12 – Liderança no custo total Créditos: WINDWALK/Shutterstock. Estratégia genérica de diferenciação: aqui, para que a empresa tenha uma vantagem competitiva, ela busca ser diferente em relação às demais concorrentes, oferecendo ao cliente algo que ele entende que proporciona um maior valor ao produto oferecido por essa empresa do que pelas outras. Esse valor pode ser qualquer elemento, uma forma diferente de oferecer o produto, um gosto diferente, um serviço extra agregado ao bem adquirido, um preço menor, 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/25 quantidades distintas, entre outras características. Exemplo tradicional desse tipo de estratégia são produtos alimentícios oferecidos para compra em menores quantidades, tais como caixinhas de 6 ovos em vez de uma dúzia. Esse tipo de produto se adequa mais às famílias atuais, constituídas por muito menos pessoas, do que em décadas passadas. Mais um exemplo é a venda e a assistência técnica diferenciada para notebooks oferecidas pela Dell. Outro exemplo: os preços bastante acessíveis de roupas oriundas da China. A estratégia de diferenciação é a de mais simples implantação, porém sua manutenção é difícil, já queoutras empresas podem imitar ou melhorar a diferença proposta pela empresa, com custos menores por não serem iniciadoras do processo. Figura 13 – Diferenciação Créditos: HADRIAN/Shutterstock. Estratégia genérica de enfoque: nessa situação, o empresário observou um nicho de mercado ainda não atendido por nenhuma outra empresa. Como nicho de mercado, entende-se um segmento, um “pedaço” de mercado com características próprias, específicas. Quando o empresário decide atuar em um nicho, ele detém o mercado para si ao colocar um produto à disposição dessa porção de mercado específica, implantando então uma estratégia de enfoque. A denominação diz respeito ao foco dado a um segmento inexplorado ou ainda pouco explorado. Esse tipo de estratégia exige muita observação do mercado, de forma a descobrir consumidores que não estejam sendo atendidos em suas necessidades. Exemplos já clássicos desse tipo de estratégia são as atuações em mercados como o de produtos estéticos para peles pretas, cruzeiros marítimos para roqueiros, roupas para mulheres evangélicas, condicionadores para cachorros com pelo branco, entre outros mercados específicos. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/25 Figura 14 – Enfoque Créditos: WAYHOME STUDIO/Shutterstock. Porter (1991) assegura que essas são três abordagens eminentemente viáveis para lidar com as forças competitivas, aconselhando os gerentes a adotarem apenas uma delas. Caso contrário, segundo o autor, as empresas ficariam "presas no meio-termo", sem estratégia de defesa. Ao escolher uma dentre essas estratégias, a empresa terá que operacionalizar seus sistemas produtivos para alcançar a um desses objetivos propostos: reduzir custos, ser diferente, atender a um público específico. TEMA 5 – ESTRATÉGIAS FUNCIONAIS Para que a empresa possa alcançar seus objetivos gerais, ela precisa contar com o suporte de suas áreas funcionais, que precisam compreender como cada área pode agir para que a empresa como um todo tenha resultados positivos em relação à implantação de estratégias. Cada função deve determinar objetivos e estratégias específicos que conduzam e deem a base necessária para o alcance da estratégia empresarial. Algumas estratégias funcionais são mais conhecidas do que outras, por serem divulgadas há mais tempo e, às vezes, se confundir com as estratégias gerais da empresa, como é o caso das estratégias de Marketing. Mas de fato, embora seja nas áreas funcionais que a estratégia acontecerá na prática, é necessário que sua formulação siga os passos da estratégia empresarial e da estratégia de unidade de negócios. Para Rancich Filho e Vanin (2013, p. 82), se “uma das áreas não for bem, poderá estar comprometendo o conjunto da organização e, por consequência, seus resultados”. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/25 Cada empresa será constituída por áreas diferentes, mas é possível notar que algumas funções e, portanto, algumas estratégias, podem ser comuns a todas as organizações. Sendo assim, vamos observar algumas estratégias funcionais. Estratégias de Produção: na área da produção, suas estratégias são conhecidas como prioridades competitivas da produção. Para Pires (1995), existem quatro prioridades competitivas clássicas e mais duas prioridades que têm sido discutidas mais recentemente. São elas o custo, a qualidade, o desempenho de entregas e a flexibilidade, mais a inovatividade e a sustentabilidade. Quanto ao custo, a ideia é de que a área deverá produzir a um custo de forma a ser o mais baixo que for possível. Para tanto, a área deve se basear em economia de escala, curva de experiência e produtividade. No que se refere à qualidade, é importante entender que o conceito de qualidade, por si só, é abstrato. Assim, é necessário adotar um vocabulário que demonstre todas as dimensões da qualidade, de forma que a área possa definir sua atuação em relação a cada uma dessas dimensões. Conforme Garvin (1987), são oito as dimensões da qualidade: desempenho, características, confiabilidade, conformidade, durabilidade, assistência técnica, estética e imagem do produto. O desempenho de entregas, como o próprio nome aponta, diz respeito à confiabilidade e velocidade nos prazos de entrega dos produtos. A flexibilidade é a possibilidade de alterações no processo produtivo, mantendo sua eficiência. Dessa forma, pode-se dizer que flexibilidade é a habilidade de responder de forma efetiva a mudanças circunstanciais, as incertezas no processo produtivo. A flexibilidade pode se apresentar na produção sob diferentes formas, tais como: flexibilidade no mix; flexibilidade no volume; flexibilidade a substituições (changeover); flexibilidade a modificações; flexibilidade nos roteiros; flexibilidade nos materiais; flexibilidade nos sequenciamentos. Quanto à inovatividade, essa é uma prioridade competitiva relacionada à capacidade que uma empresa tem de introduzir em suas linhas novos produtos/processos num determinado período de tempo. Finalmente, mas não menos importante, há a sustentabilidade relacionada, no caso dos processos produtivos, em especial a não agressão ao meio ambiente. Figura 15 – Desempenho de entregas 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/25 Créditos: ROBERT KNESCHKE/Shutterstock. Estratégias de Marketing: na área de marketing, há muitas questões determinantes quanto à sua função de suporte às estratégias organizacionais. É em marketing que se determinam quatro questões de grande relevância para que a empresa se posicione e entenda melhor seu mercado de atuação, que são: o produto, o preço, a promoção e a praça. Ao estudar cada um dos 4Ps do marketing, a área fica encarregada de compreender e repassar as informações necessárias a cada uma das outras áreas da empresa acerca do produto, ou seja, do que a empresa pretende disponibilizar ou já disponibiliza para o seu consumidor, identificando as necessidades do cliente. Quanto ao preço, o marketing auxilia na determinação do valor de venda do produto, percebendo o que o cliente valoriza no produto e quanto o cliente está disposto a pagar por esse produto. A determinação do preço é fundamental na medida em que ela determina a lucratividade, ou não, da organização. Praça diz respeito ao local em que o produto será vendido, bem como a definição de que esse será um lugar físico, virtual ou ambos. Finalmente, promoção está relacionada à forma de divulgação do produto e como ela será realizada para alcançar o máximo de clientes possível e torná-los suscetíveis de compra. Publicidade e propaganda estão atreladas a essa atividade. Estratégias de P&D: tendo em vista ser a inovação uma possível vantagem competitiva para as organizações, é adequado planejar ações e, consequentemente, estratégias funcionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Não é necessário que a empresa tenha uma área específica de P&D, mas sim que busque observar as inovações que surgem no mercado; que valorize as invenções desenvolvidas por seus funcionários, de forma a transformá-las em inovação; que estabeleça alianças estratégicas para o desenvolvimento de novas tecnologias e novos 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/25 produtos; que tenha uma estrutura e uma cultura organizacionais abertas a mudanças. Assim, haverá a possibilidade de criar valor para os clientes e para a própria organização, aproveitando o conhecimento gerado pela empresa. Figura 16 – Estratégias de P&D e de TI Créditos: GRAPHICWITHART/Shutterstock. Estratégias de TI: na atualidade, não é possível imaginar uma empresa eficaz em seus processos que não utilize sistemas de tecnologia de informação. Cabe ao TI, conforme Rancich Filho e Vanin (2013, p. 87), coletar, sistematizar, transformar informação em material útil, e assegurar seu uso. Assim, a informação gera conhecimento a ser utilizado “não só para análise do passado, mas como orientação para o crescimentofuturo”. Desta forma, várias decisões estratégicas são tomadas por essa área. Dentre elas, é possível destacar a adoção das ferramentas adequadas ao negócio; a definição de políticas de segurança e de controle das informações; a busca por sistemas inovadores que facilitem os processos organizacionais etc. Estratégias de Recursos Humanos: se pensarmos que são as pessoas que realizam as estratégias organizacionais, conseguimos mensurar a importância da área de recursos humanos para a sustentação das estratégias. É a área de recursos humanos a responsável por várias ações, tais como a atração e a escolha das pessoas certas para a empresa; a obtenção do melhor resultado que as pessoas puderem oferecer em sua atuação; a preparação e o desenvolvimento dos funcionários; a decisão sobre a melhor forma de recompensar as pessoas pelo seu trabalho; a proposição de ações para retenção e avaliação adequada dos talentos que a organização possui. Realizando essas ações de forma correta, a área de RH auxiliará a empresa a continuar obtendo vantagem competitiva. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/25 Figura 17 – Estratégias de Recursos Humanos Créditos: ALICE-PHOTO/Shutterstock. Para finalizar, Wright, Kroll e Parnell, citados por Rancich Filho e Vanin (2013, p. 88), afirmam que: Para que uma estratégia genérica de uma unidade de negócio obtenha sucesso, cada área funcional deve ir além de apenas operar de forma eficaz. O sucesso estratégico em geral exige que todas as atividades funcionais estejam integradas, de modo que suas operações mesclem-se umas com as outras de forma homogênea. As empresas com maior capacidade para realizar a integração funcional terão maior probabilidade de conquistar as vantagens competitivas [...]. FINALIZANDO Nesta aula, você pôde conhecer sobre objetivos e como eles são importantes para que a empresa entenda qual são seus propósitos, para que ela foi criada. É com base nos objetivos que novas estratégias serão formuladas. Assim, eles precisam estar claros e definidos para todos que deles precisam dentro da organização. Sua transformação em metas auxilia a tornar os objetivos menos abstratos. Ademais, você ficou sabendo que as empresas estabelecem suas estratégias de acordo com níveis distintos, desde o nível estratégico, no qual é realizada a formulação de estratégias empresariais; passando pelo nível de Unidades Estratégicas de Negócios, no qual surgem as estratégias genéricas de Porter, até o nível mais operacional, no qual são formuladas as estratégias funcionais. A partir daí, você compreendeu que as estratégias empresariais envolvem a empresa como um todo e são divididas em três tipos diferentes, de acordo com seus objetivos estratégicos: a 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/25 estratégia empresarial de crescimento, a estratégia empresarial de estabilidade, e a estratégia empresarial de redução. Seguindo em frente, você descobriu que as Unidades de Negócios têm suas próprias estratégias, mas que essas estratégias podem ser usadas na empresa como um todo, caso não haja esse tipo de estrutura na mesma. Porter denominou essas estratégias como genéricas e disse que são três: liderança no custo total, diferenciação e enforque. Finalmente, você pôde compreender que as estratégias acontecem, na prática, nas diversas áreas da empresa e que cada uma dessas áreas deve formular suas próprias estratégias para sustentar as estratégias organizacionais gerais. Seu nome é estratégia funcional, e as estratégias funcionais podem estar em áreas como produção, marketing, P&D, TI, entre outras. REFERÊNCIAS BERTON, L. H.; FERNANDES, B. H. R. Administração estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. GARVIN, D. A. Competing on the Eight Dimensions of Quality. Harvard Business Review, nov. 1987. Disponível em: <https://hbr.org/1987/11/competing-on-the-eight-dimensions-of-quality>. Acesso em: 13 jan. 2021. GOL. Gol completa dez anos de operações com mais de 160,5 milhões de passageiros transportados. Disponível em: <http://ri.voegol.com.br/arquivos/10%20anos%20GOL%20clean%20final.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2021. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 5. ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1993. MAGAZINE LUIZA. Nossa história. Disponível em: <https://ri.magazineluiza.com.br/ShowCanal/Nossa-Historia?=maMhsoEQNCOr/Wxrb98OXA>. Acesso em: 13 jan. 2021. PIRES, S. Gestão estratégica da produção. Piracicaba: Editora Unimep, 1995. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991. 8/4/22, 12:07 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/25 RANCICH FILHO, N. A.; VANIN, J. A. Administração Estratégica. Curitiba: Intersaberes, 2013. RICHERS, R. Objetivos como razão de ser da empresa. Revista de Administração de Empresas RAE, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 7-18, jul./set. 1980. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 4 Profª Dayse Mendes 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18 CONVERSA INICIAL Nesta aula, você conhecerá mais uma etapa do processo estratégico: sua implementação. Após concluir todas as análises de ambiente interno e externo, de ter em mente qual a missão e a visão da organização e, com essas informações, realizar a formulação dos objetivos estratégicos da empresa, é possível colocar essas estratégias em prática. Mas é preciso compreender uma série de elementos que compõem a organização, para que, somente então, as ações estratégicas sejam colocadas em prática. Assim, você será apresentado à ideia de que a implementação é uma etapa tão importante quanto a formulação das estratégias. Dessa forma, você entenderá a necessidade de mudanças na organizações quando se implantam as estratégias. Saberá como analisar a estrutura e todos os seus elementos componentes para verificar se estrutura e estratégia estão alinhadas, antes de começar o processo de implementação. Vai compreender também o que é a cultura da organização e se é possível adequar a estratégia às formas de a organização se comportar perante a sociedade. Finalmente, compreenderá que, ao gerenciar esses processos, o responsável pela implementação da estratégia deverá estar atento às pessoas, estabelecer um sistema de recompensas e premiar seus colaboradores quando a implementação trouxer resultados positivos para a empresa. TEMA 1 – IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA Para que uma organização alcance seus objetivos estratégicos e obtenha vantagem competitiva em sua atuação no mercado, não basta formular as estratégias. O processo estratégico pede que se implementem as ações planejadas. Há uma forte correlação entre a formulação e a implementação. Bons resultados só serão possíveis quando ambas as etapas forem praticadas de forma correta. Jofre (2011, p. 47) nos alerta que a implementação é um determinante do sucesso ou fracasso do processo estratégico como um todo e está profundamente conectada ao processo de formulação. “No 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/18 entanto, apesar de sua relevância, a implementação é de longe o estágio menos estudado e documentado no processo de estratégia”, mas a evidência prática (e lógica) sugere que, “embora altamente entrelaçadas, são duas fases muito diferentes”. Assim, logo após formular as estratégias organizacionais, é necessário pensar em todas as variáveis que impactam na ação de colocar em prática o que foi planejado em termos estratégicos. Mesmo assim, não é possível garantir que haverá 100% de sucesso, visto que são muitas as variáveis que interferem nos resultados, não somente variáveis internas, mas também variáveis externas sobre as quais a organização não tem controle. Figura1 – Resultado das estratégias Fonte: Certo et al., 2005, p.115. Tanto em termos práticos quanto em termos de estudos de estratégia, há uma tendência maior de preocupação com a formulação. Assim, a possibilidade de se ter problemas por causa de uma implementação ruim (inadequada) é sempre grande. Conforme Barbosa e Drummond (2008), há uma série de obstáculos a serem levados em consideração no momento da implementação de uma estratégia, tais como uma formulação inadequada; uma estratégia não alinhada à estrutura da empresa; uma comunicação feita de forma incorreta ou incompleta; a tradicional resistência a mudanças apresentada pelos colaboradores; um apoio inconsistente ou, até mesmo, inexistente, da alta gerência; uma alocação de recursos inadequada e o não envolvimento dos colaboradores-chave na formulação e na implementação da estratégia. Tendo em vista os possíveis problemas listados, vários são os autores que apontam a necessidade de se observar e agir em relação a algumas variáveis organizacionais específicas e às 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/18 mudanças nelas decorrentes da implementação das estratégias. As mais citadas na literatura são os processos, a estrutura, a cultura, as pessoas e os demais recursos organizacionais, bem como as recompensas. Para que todas essas variáveis se adequem à estratégia formulada, um primeiro cuidado é observar que as ações que acontecerão na empresa devem ter uma ordem pré-definida, planejada, para que os objetivos sejam alcançados. As ações, em especial as ações humanas, também precisam de coordenação para que a empresa possa operar de forma eficaz. Ou seja, é preciso compreender tanto aspectos humanos quanto aspectos técnicos, assim como aspectos pessoais e aspectos organizacionais para se planejar e praticar a implementação. Nesse sentido, conforme Cândido (2012), a implementação da estratégia está relacionada a se colocar em prática uma série de atividades que são essencialmente de gestão. TEMA 2 – NECESSIDADE DE MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS Para iniciar a implementação das estratégias formuladas durante o processo estratégico, um primeiro passo importante é ter clareza do quanto a organização terá que sofrer modificações/alterações para que essa implementação seja bem-sucedida. Algumas estratégias exigem somente alterações mínimas no modo como a empresa conduz o negócio no presente, outras exigem mudanças mais globais. Desta forma, para Certo et al. (2005), é útil dividir as mudanças que possam acontecer na empresa em níveis distintos, desde o nível em que não será necessária nenhuma mudança até o nível de transformações profundas na empresa. Esse conhecimento auxiliará nas análises, trazendo a vantagem de conhecer melhor a situação com a qual se vai lidar, bem como os possíveis problemas que possam surgir durante a implementação das estratégias. Certo et al. (2005) propõem que existem cinco níveis diferentes de mudança devidos às estratégias escolhidas para a empresa, que são os níveis de estratégia de continuação, estratégia de mudança de rotina, estratégia de mudança limitada, estratégia de mudança radical, e redirecionamento organizacional. Quanto mais se avança nesses níveis, mais complexa se torna a implementação e menos programado se torna o processo decisório organizacional. Figura 2 – Time totalmente aberto a novas ideias 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/18 Créditos: CARTOON RESOURCE/Shutterstock. No nível de estratégia de continuação, a empresa repete estratégias já utilizadas anteriormente. Assim, já está familiarizada com os recursos que precisa utilizar e com a sequência de ações que precisa colocar em prática. Nesse sentido, a possibilidade de uma implementação de sucesso é muito grande, visto que já há todo um aprendizado anterior e, portanto, uma menor probabilidade de que erros aconteçam durante a execução dessa estratégia. Por outro lado, é importante verificar se por uma questão de acomodação, de um pensamento senso comum que diz que “em time que está ganhando não se mexe”, ou “sempre fizemos assim e sempre deu certo”, a empresa decidiu por manter suas estratégias, mesmo que elas não sejam mais adequadas ao ambiente em que estão inseridas. Por isso, a cada novo ciclo do processo estratégico na empresa, é fundamental seguir todas as etapas e realizar novas análises de ambiente externo e interno à empresa. Na estratégia de mudança de rotina, haverá alterações quanto ao apelo ao mercado, mantendo inalterados o setor de atuação da empresa, seus produtos, como também sua estrutura organizacional. Ao buscar atrair seus consumidores de uma forma diferente das praticadas anteriormente, a empresa poderá, por exemplo, modificar suas ações publicitárias, suas táticas de precificação, substituir distribuidores, mesmo assim mantendo suas demais operações sendo executadas como normalmente seriam. Para Certo et al. (2005), um bom exemplo desse tipo de situação são as ações de empresas alimentícias que, conforme muda o clima e se sucedem as estações, modificam sua publicidade, estimulando os consumidores a adquirir produtos para se aquecerem quando está frio ou se refrescarem quanto está calor. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/18 Figura 3 – Adequação conforme o clima Créditos: GEORGE DOLGIKH/Shutterstock; VALBAR/Shutterstock. No que se refere à estratégia de mudança limitada, haverá alterações nos produtos e no apelo ao mercado, mantendo iguais o setor de atuação da empresa e sua estrutura organizacional. Aqui, a variedade de modificações pode ser muito grande na medida em que produtos podem sofrer de mudanças incrementais a mudanças fundamentais, que alteram desde muito pouco o processo produtivo até a necessidade de se promover uma nova forma de produzir tais itens. Também é possível que as alterações no produto provoquem mudanças muito distintas em termos de apelo ao mercado, independentemente do fato de ser inovação mais simples ou mais radical. Por exemplo, a introdução de um produto vegano junto à linha de produção tradicional, em uma empresa de produtos cosméticos, pode não trazer alterações profundas na linha produtiva em si, mas com certeza deverá ser anunciada ao mercado consumidor de forma diferenciada, mostrando a preocupação da empresa em relação ao trato com os animais e levando em consideração as necessidades desse tipo de público-alvo. Figura 4 – Mudança limitada 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/18 Créditos: JOHN DORY/Shutterstock. A mudança radical pede uma reorganização abrangente da empresa para que possa acontecer. Nesse sentido, a única característica que não se modifica é o setor de atuação da empresa. Comum em situações de estratégias de aquisição ou fusão, para Certo et al. (2005, p.120), será necessário trabalhar com novos produtos e novos mercados; desenvolver uma nova estrutura organizacional, que seja capaz de integrar as empresas que passam pelo processo; cuidar de questões legais e tentar conciliar “valores e crenças organizacionais conflitantes” para que os objetivos possam ser alcançados sem grandes conflitos internos. Figura 5 – Fusões e aquisições Créditos: NESPIX/Shutterstock. Finalmente, existe a possibilidade de a estratégia adotada pela empresa levá-la a um redirecionamento organizacional. Essa situação ocorre quando a empresa decide ou precisa modificar seu ramo de atuação, ou diversificar fortemente em negócios em que ainda não atua. “Esse tipo de redirecionamento organizacional é a estratégia mais complexa de ser implementada, porque 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/18 envolve mudanças na missão da empresa e pode exigir o desenvolvimento de um conjunto inteiramente novo de experiências e tecnologias” (Certo et al., 2005, p. 121). TEMA 3 – ANÁLISE DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A estrutura de uma organização diz respeitoà distribuição das pessoas em seu interior e a forma como essa distribuição influencia os relacionamentos entre essas pessoas. Tanto os relacionamentos formais (que regulam a especialização, a formalização, a margem de controle, a cadeia de comando, a unidade de comando, a autoridade, a responsabilidade, a centralização e a descentralização de tomada de decisão e a departamentalização) quanto os relacionamentos informais (advindos das relações sociais baseadas em amizade ou em interesses semelhantes entre as pessoas que fazem parte da organização) representam a estrutura da empresa. Os elementos formais que constituem essa estrutura são explicados no Quadro 1. Quadro 1 – Elementos formais de uma estrutura organizacional Elemento Conceito Especialização Processo de dividir um trabalho em uma série de etapas, com cada etapa sendo concluída por diferentes indivíduos. Formalização Regras e normas estabelecidas para se exercer o comando. Margem de controle Número de funcionários que um gestor pode supervisionar com eficiência e eficácia. Cadeia de comando Linha contínua de autoridade em uma organização. Unidade de comando Princípio que declara que um funcionário deve ter apenas um gestor a quem responde diretamente. Autoridade Direitos inerentes a uma posição de supervisão para dar ordens e esperar que essas ordens sejam obedecidas. Responsabilidade Obrigações da gestão, como atingir os objetivos da unidade, manter os custos dentro do orçamento, seguir as políticas organizacionais e motivar os funcionários. Centralização Responsabilidade de tomada de decisão nas mãos da alta gerência. Descentralização Delegar para baixo a autoridade na tomada de decisão aos que estão mais próximos dos problemas. Departamentalização Agrupamento de departamentos com base em funções de trabalho, bens ou serviços, cliente-alvo, 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/18 território geográfico ou processo usado para transformar entradas em saídas. Fonte: Elaborado com base em Robbins et al., 2014, p.110-119. Observando tanto os relacionamentos formais como os informais, é possível pensar a estrutura como um elemento dinâmico de constituição da organização, já que pode ser alterada a qualquer momento. Mas também é composta por um elemento burocrático estático, o organograma, que demonstra, em determinado momento (como se fosse uma fotografia), quais são as relações formais aceitas para constituir essa estrutura organizacional. Mas também existem as relações que não são mostradas no organograma. São as relações informais, ou seja, um conjunto de interações entre as pessoas que formam a organização e que se estabelece de maneira espontânea quando as pessoas estão reunidas, seja dentro dos limites físicos da empresa, seja fora deles. Tais interações não são oficiais e, portanto, não são documentadas, mas podem influenciar fortemente o alcance, ou não, dos objetivos organizacionais, já que estão mais relacionadas aos desejos e ambições pessoais e dos grupos informais, do que às metas da empresa. Figura 6 – Organograma Créditos: FORD PREFECT/Shutterstock. Para Sertek et al. (2012, p. 197), deve-se entender que uma empresa é necessariamente formada por essas duas estruturas, já que uma empresa real “mostra-se como um espaço onde ocorre a interação de pessoas que buscam um fim comum, e não apenas o funcionamento dos sistemas produtivo e distributivo e do sistema de incentivos”, ou seja, a empresa não existe somente por conta de deveres e benefícios, mas de uma diversidade muito maior de razões e ambições. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/18 Ao implantar uma estratégia na organização, o responsável pelo processo deve observar tanto a estrutura formal da empresa como os relacionamentos informais. Conforme Certo et al. (2005), há três razões para tanto. A primeira diz respeito ao tamanho da cadeia de comando da organização. Quanto mais níveis hierárquicos a empresa possuir, mais difícil a implantação já que, caso haja necessidade de alteração da estrutura, essa não acontecerá de forma rápida, podendo assim alterar os prazos planejados para o alcance dos objetivos estratégicos. A segunda está relacionada ao conhecimento prévio de quem terá a responsabilidade de implantação das estratégias, desde as de nível empresarial, até as estratégias funcionais. A terceira razão diz respeito à possibilidade de uso da organização informal para facilitar a condução do processo de implantação da estratégia e subsequente alcance dos objetivos. No que diz respeito à terceira razão, é necessário compreender tanto os objetivos da empresa quanto os objetivos pessoais para que se possa equalizá-los e, assim, realizar os objetivos de ambas as partes e cumprir com a missão e a visão organizacional. Sertek et al (2012, p. 207) ressaltam ainda um outro lado desse relacionamento ao dizer que, assim como a estratégia influencia a estrutura, a estrutura também influencia a estratégia, pois o “fator sistema de objetivos e estratégias tem influência na estrutura organizacional à medida que, quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros, é mais fácil organizar, pois se sabe o que esperar de cada membro do grupo que compõe a empresa”. Ou seja, a conexão entre os processos de estratégia e de estrutura acontece numa via de mão dupla. Novas estratégias influenciam na estrutura da empresa assim como a estrutura organizacional auxilia ou se torna uma barreira para uma implementação estratégica eficaz. TEMA 4 – ANÁLISE DA CULTURA ORGANIZACIONAL O termo cultura deriva dos estudos antropológicos, ou seja, dos estudos acerca do ser humano e de seu desenvolvimento social ao longo do tempo. Assim, é um termo que pode ser compreendido, sociologicamente, ao se analisar a palavra em latim culturus, que significa “futuro, o que se vai trabalhar, o que se quer cultivar”. Dessa ideia surgiu o conceito de cultura ou paideia em grego, como um ideal de ensino/aprendizagem voltado para a formação do adulto na polis (cidade) e no mundo. Essa ideia se propaga até se compreender que qualquer sociedade tem sua própria cultura, relacionada à identidade de seu povo. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/18 Em termos antropológicos, Tylor será um dos primeiros pesquisadores do assunto a conceituar cultura, no século XIX, como um “complexo no qual estão incluídos conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (Tylor, 2005, p. 17). Tais hábitos seriam adquiridos por meio artificiais, ou seja, os humanos não dependem somente da natureza ou de artifícios biológicos para modificar o ambiente à sua volta e facilitar a sua sobrevivência. Daí vem a relação que normalmente fazemos entre cultura e educação, na medida em que se associa a ideia de cultura a uma situação de aquisição de conhecimentos e práticas que melhorem nossas vidas, que melhor atendam e satisfaçam as necessidades humanas. Nesse sentido, a cultura de um povo é sua criação e essa criação vai se transformando ao longo do tempo, conforme mudam as necessidades dessa sociedade. Figura 7 – A cultura muda conforme mudam as necessidades de uma sociedade Créditos: SEAHORSE VECTOR/Shutterstock. A ideia de cultura se transporta dos estudos antropológicos para os estudos organizacionais e começamos a pensar que existe não somente uma cultura de um povo ou de uma nação, mas também de um grupo ou uma organização. É possível perceber que cada organização tem uma linguagem, uma ideologia, uma forma própria de agir e de se inserir na sociedade da qual faz parte, ou seja, mesmo fazendo parte de uma cultura mais abrangente de sua nação, por exemplo, a empresa também apresenta características que são só suas e que podem vir a ser distintas das características do país onde surgiu ou onde atua. A cultura organizacional pode ser descrita, portanto, comoum conjunto de comportamentos que um grupo específico de pessoas apresenta, determinando a maneira certa de pensar, agir e sentir. Esses comportamentos foram sendo úteis ao grupo ao longo de sua história e, por isso, vão sendo transmitidos às gerações futuras. Normalmente, a cultura de uma empresa é fortemente 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/18 influenciada pelo que chamamos de líder fundador, ou seja, aquele que orienta as ações que vão sendo estabelecidas como a forma certa de agir, à medida que vão dando certo naquele contexto. Schein (2009) nos informa que a cultura de uma empresa se torna visível em três diferentes níveis, desde aqueles facilmente visualizados por qualquer pessoa, inclusive quem não faz parte da empresa, até aqueles que são muito inerentes à organização e não são tão fáceis de serem observados. São eles os artefatos, os valores e os pressupostos básicos. Schein (2009, p .24-29) conceitua a cada um desses níveis da seguinte forma: Artefatos: nível mais superficial, relacionado aos elementos visíveis e possíveis de serem observados. Valores: aquilo que os integrantes da organização acreditam intuitivamente e que, junto com os artefatos, são as manifestações da cultura. Pressupostos Básicos: ou suposições básicas são ideias assumidas como verdadeiras e, portanto, inquestionáveis. Este grau de consenso resulta do sucesso repetido em implementar certas crenças e valores [...]. As suposições básicas [...] tendem a não ser confrontadas ou debatidas e por isso são extremamente difíceis de mudar. É desse entendimento de Schein que surge uma metáfora muito comumente utilizada para compreender cultura organizacional, que a compara a um iceberg, já que, como num iceberg, é a grande parte submersa que sustenta tudo o que é visível em uma organização. Desta forma, desvendar o que está oculto embaixo d’água é fundamental para se entender a cultura de uma empresa, em especial porque esse entendimento facilitará o processo de implementação estratégica. Quando todos os elementos da cultura da empresa estão claros aos colaboradores, incluindo aí sua declaração de missão, mais simples será entender o que motiva se colocar determinadas estratégias em prática, enquanto outras não serão utilizadas pela empresa. Figura 8 – Cultura como um iceberg 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/18 Créditos: ANDREY_KUZMIN/Shutterstock. Em algumas situações, a estratégia a ser implantada exige algum tipo de alteração na cultura da empresa. Mas Certo et al. (2005, p.130) nos alertam que “mudar uma cultura organizacional é uma tarefa difícil, que, se tiver de ser feita, pode exigir muitos anos para se efetivar”. Assim, há aquelas estratégias mais simples e conhecidas, porque já foram utilizadas na empresa ou porque são de mais simples implementação e que podem ser implementadas na cultura organizacional já existente, sem grandes problemas ou dificuldades. “Já no caso de mudanças radicais na estratégia e de redirecionamento organizacional, talvez seja necessária uma mudança a longo prazo na cultura da organização”. Um bom exemplo dessa situação é a implantação de uma estratégia de fusão ou de aquisição, em que duas ou mais empresas precisam começar a conviver e compartilhar processos a partir do momento da implementação. A possibilidade de existir um choque cultural é muito grande, especialmente em uma situação em que se precise fundir culturas corporativas muito distintas. Essa é uma situação delicada, que exige um estudo sobre como proceder, já sabendo que haverá barreiras a serem vencidas. É comum, ao final desse tipo de processo, que somente uma das culturas acabe sobrevivendo, enquanto a outra é absorvida pela cultura que se apresentou mais forte e eficaz ao longo do tempo. Figura 9 – Choque cultural 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/18 Créditos: UNCLEFREDDESIGN/Shutterstock. A cultura de uma organização, conforme Perez e Cobra (2017), está ligada à sua estrutura, às suas estratégias e à sua missão. Assim, uma empresa que não reconhece suas crenças, seus valores, seus pressupostos, acaba por não conquistar vantagem competitiva e nem atingir os objetivos estratégicos desejados. Desta forma, é necessário compreender todos os componentes dessa cultura, desde sua origem histórica e tradições até sua ética e sua forma de se mostrar ao mundo. É a cultura de uma empresa que leva seus colaboradores a sentirem orgulho e, dessa maneira, se mostrarem mais aptos e interessados em colocar em prática todas as ações, incluindo as estratégicas, que façam com que a empresa progrida e se torna cada vez competitiva. TEMA 5 – RECOMPENSAS As mudanças que venham a ser determinadas na organização devidas à implementação de uma nova estratégia podem gerar comportamentos de resistência das pessoas. É um comportamento natural e já esperado, tendo em vista as inseguranças em relação à carreira, à estabilidade, à perda de poder, entre outras situações, que as pessoas normalmente demonstram nesse tipo de situação. Uma forma de lidar com essas resistências é a inserção de um sistema de recompensas. Barbosa e Drummond (2008) relatam que há empresas que negligenciam o impacto de incentivos e recompensas quando da implementação de estratégias, enquanto outras percebem esses incentivos como investimentos da empresa para o alcance dos resultados esperados em relação à estratégia implantada, e não como custo adicional. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/18 Tal visão vem do fato de que, ao propor um sistema de recompensa e de símbolos de prestígio, a empresa consegue remover ou minimizar comportamentos inadequados ou indesejados de seus colaboradores em relação à implementação, maximizando, assim, novas atitudes em relação ao processo. Isso se deve ao fato de que “os incentivos moldam o comportamento para os fins desejados, bem como direcionam as ações de forma consistente com os resultados desejados da implementação” (Barbosa; Drummond, 2008, p. 6). Figura 10 – Sistema de recompensas Créditos: IMEGINATOR/Shutterstock. Um sistema de recompensas trata de reconhecer os esforços realizados e as metas atingidas pelos colaboradores. Por outro lado, conforme Certo et al. (2005, p. 68), “o funcionário cujo desempenho não esteja contribuindo para o alcance dos objetivos é desencorajado – uma vez que não está recebendo recompensas – e até mesmo pode ser punido”. Além disso, ao se elaborar o sistema de incentivo, deve-se observar que as recompensas estejam alinhadas à estratégia e à cultura da empresa. Wood Jr. e Picarelli Filho (1996, p. 83) definem como sistema de recompensas “um conjunto de diferentes formas de recompensa que se complementam e buscam alinhar atitudes e comportamentos com os objetivos organizacionais”. Para Rosa (2012, p. 11), os principais objetivos desse tipo de sistema são “atrair, reter e motivar trabalhadores de elevado potencial, reconhecendo que as pessoas são o principal e maior recurso das organizações”. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/18 Rosa (2012) descreve que sistemas de recompensa são complexos e que não existe um modelo universal a ser usado por qualquer organização de precise dele. A autora, no entanto, afirma que a recompensa em si é constituída por duas partes: as recompensas extrínsecas e as extrínsecas. Como recompensas extrínsecas, que são recompensas materiais, tem-se o salário, os benefícios (como um seguro de vida ou um plano de saúde), os incentivos (como comissões, prêmios, participação nos lucros) e os símbolos de status (como uma sala diferenciada, vaga de estacionamento reservada, motorista particular). Como recompensas intrínsecas, que são recompensas não materiais, tem-se como exemplos a responsabilidade, a autonomia, o crescimento pessoal, a progressão de carreira. A escolha, pelo gestor, entre os vários elementosdessas componentes, “deve refletir tanto a qualidade da relação de trabalho como a situação financeira da empresa” (Rosa, 2012, p. 15). Figura 11 – Recompensa extrínseca Créditos: SANTIAGO CORNEJO/Shutterstock. Para Cândido (2012, p. 45,) o reconhecimento pelo empenho dos colaboradores durante a implementação das estratégias pode ser realizado em qualquer etapa, visto que a “medição da performance e a recompensa podem ser realizadas desde as etapas iniciais” do processo. O autor ainda comenta que o “reconhecimento e a recompensa, bem como a crítica construtiva ou a sanção, devem ser distribuídas com critério para assegurar que os obstáculos à mudança são sistematicamente removidos”. Cândido (2012) também assinala que há a necessidade de contínuo estímulo, apoio e recompensa dos comportamentos desejados, já que a retirada desses incentivos pode atuar em sentido oposto ao desejado, desestimulando os colaboradores a continuarem cooperando com a implementação das estratégias. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18 FINALIZANDO Nesta aula, você pôde observar questões de importância prática que acontecem na etapa de implementação das estratégias. Embora seja a menos estudada e a menos compreendida dentre as etapas do processo estratégico, você pode perceber que, sem uma implementação correta, há uma grande chance de insucesso em relação às estratégias pretendidas pela empresa. E existe uma série de problemas que podem ocorrer quando se começa a colocar as estratégias em prática. Assim, o gestor do processo tem de estar atento para minimizar os problemas e levar a empresa a alcançar os objetivos estratégicos formulados. Uma primeira situação a ser observada é que, independentemente do tipo de estratégia a ser implementado, a organização passará por algum tipo de mudança. É essencial observar que tipo de mudança está ocorrendo, não importa se é uma mudança de continuação ou um total redirecionamento estratégico. Todas as alterações devem ser analisadas e planos devem ser feitos para amenizar seus impactos, tanto na empresa quanto nas estratégias. Outro elemento importante é a estrutura organizacional. A forma como as pessoas se relacionam, seja formal ou informalmente, altera os resultados da implementação das estratégias, podendo ser uma barreira ou um elemento impulsionador do processo. Você também pôde compreender o papel da cultura organização na implementação das estratégias, ao observar que crenças, valores e pressupostos básicos diferem para cada organização e, caso tenham de ser modificados por conta de uma nova estratégia, podem demandar ações de difícil execução. Finalmente, você pôde perceber que uma forma de lidar com as barreiras durante o processo de implementação é a introdução de um sistema de recompensas para os colaboradores que tem ação direta na implementação. Assim, as pessoas se sentem valorizadas pelos seus esforços e vão tentar ao máximo auxiliar para que o processo se concretize e as estratégias tragam a vantagem competitiva desejada pela organização. REFERÊNCIAS BARBOSA, L. L. S.; DRUMMOND, A. O processo de implementação da estratégia em uma empresa do setor têxtil. In: Anais do XXXII Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro, 2008. CÂNDIDO, C. J. F. Implementação da estratégia. In: ANTÓNIO, N. (Ed.). Estratégia organizacional: do mercado à ética. Lisboa: Escolar Editora, 2012, p. 61-117. 8/4/22, 12:10 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/18 CERTO, S. C. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. JOFRE, S. Strategic Management: the theory and practice of strategy in (business) organizations. Lyngby, Denmark: DTU Management, 2011. PEREZ, F. C.; COBRA, M. Cultura organizacional e gestão estratégica: a cultura como recurso estratégico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. ROBBINS, S.; DECENZO, D. A.; WOLTER, R. A nova administração. São Paulo: Saraiva, 2014. ROSA, A. I. V. Sistema de recompensas: estudo de um caso. Dissertação (Mestrado em Gestão Estratégica de Recursos Humanos) – Escola Superior de Ciências Empresariais, Instituto Politécnico de Setubal. Setubal, Portugal, 2012. SCHEIN, E. H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Atlas, 2009. SERTEK, P.; GUINDANI, R. A.; MARTINS, T. S. Administração e planejamento estratégico. Curitiba: Intersaberes, 2012. TYLOR, E. B. In: CASTRO, C. (Org.). Evolucionismo cultural: textos de Morgan, Tylor e Frazer. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. WOOD Jr., T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração estratégica: a nova vantagem competitiva. São Paulo: Editora Atlas, 1996. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/21 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 5 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/21 Prof.ª Dayse Mendes CONVERSA INICIAL Nesta aula, vou apresentar a você itens relevantes referentes ao controle estratégico, atividade fundamental para que o processo estratégico como um todo possa acontecer de forma adequada, levando assim aos resultados desejados. Para tanto, você conhecerá ferramentas e conceitos que possam levá-lo a ter uma visão sistêmica das ações decorrentes da formulação das estratégias. Uma primeira ferramenta é o Mapa Estratégico. Elaborado por Kaplan e Norton, o mapa estratégico é uma ferremanta visual para o entendimento dos relacionamentos das estratégias que ocorrem na busca de objetivos elaborados sob a ótica de quatro perspectivas: a financeira, a de clientes, a de processos internos e a de aprendizado e crescimento. Ao se ter essa visão estratégica, é possível começar a elaborar as ferramentas de controle para manutenção e melhoria do processo estratégico da empresa. Por isso, é relevante entender o que é controle estratégico é como é possível colocá-lo em prática. Um instrumento importante para a realização do controle é a construção de indicadores de desempenho e seu uso de forma planejada. Finalmente, você conhecerá mais uma ferramenta proposta por Kaplan e Norton, o Balanced Scorecard (BSC), um painel de indicadores que demonstra o desempenho organizacional em cada uma das perpectivas, já indicadas anteriormente: financeira, de clientes, de processos internos e de de aprendizado e crescimento. Dessa forma, o gestor estará preparado para manter as ações que trazem resultado e revisar aquelas ações cujo desempenho não esteja se mostrando conforme o planejado. TEMA 1 – MAPA ESTRATÉGICO O gerenciamento da estratégia formulada para a organização deve ser realizado de forma a que se obtenha uma visão sistêmica dos desdobramentos estratégicos necessários para que se alcance os resultados esperados no processo. Da mesma forma que o general precisa de mapas detalhados do terreno em que acontecerão as batalhas para formular suas estratégias e comunicá-las a seus 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/21 soldados, o gestor também precisa mapear suas ações para comunicá-las a seus subordinados e para que se possa alcançar os resultados desejados (Kaplan; Norton, 2000). Desta forma, ter à disposição uma ferramenta visual que mostre os relacionamentos entre a estratégia organizacional e as estratégias funcionais, bem como os objetivos a serem alcançados nesses diferentes níveis é fundamental. Assim, o gestor não se perde com análises que não são pertinentes ou não são tão relevantes quanto outras que, por sua vez, podem estar sendo deixadas de lado. Figura 1 – Mapas para formular estratégias Créditos: EVERETT COLLECTION/Shutterstock. A ferramenta que as organizações estão utilizando para ter essa visão sistêmica e esse controle quanto aos desdobramentos estratégicos é o Mapa Estratégico. Este foi elaborado por Kaplan e Norton com o objetivo de proporcionar uma linguagem comum entre gestores de uma organização, e também para trazer um equilíbrio quanto a importânciade outras perspectivas organizacionais, não somente a financeira. Assim, todos podem trabalhar de forma coordenada e colaborativa em busca dos mais variados objetivos desejados pela organização. Conforme Kaplan e Norton (2000, p. 2), os “mapas fornecem uma representação visual dos objetivos críticos de uma empresa e os relacionamentos cruciais entre eles que impulsionam o desempenho organizacional”. De tal modo os gestores terão a possibilidade de descrever objetivos relativos às ações que acontecerão desde a base da organização, observando sempre os investimentos necessários em pessoas e sistemas para que os resultados sejam sustentados em termos de crescimento, a busca por processos eficazes que se traduzam em bens e serviços excelentes e, por consequência, tragam o aumento desejado de valor observado pelos clientes da organização, fazendo com os negócios se ampliem e as margens de lucratividade e rentabilidade da empresa aumentem, alcançando assim os objetivos de crescimento da receita. Ou seja, os “mapas estratégicos mostram os vínculos de causa e 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/21 efeito pelos quais melhorias específicas criam os resultados desejados” e, de uma perspectiva mais ampla, “os mapas estratégicos mostram como uma organização converterá suas iniciativas e recursos - incluindo ativos intangíveis, como cultura corporativa e conhecimento dos funcionários - em resultados tangíveis” (Kaplan; Norton, 2000, p. 2). Kaplan e Norton (2000, p. 3) entendem que, ao vivermos em uma sociedade regida pela informação e pelo conhecimento, é necessário que as organizações passem a se preocupar não somente com seus ativos tangíveis (como estrutura, equipamentos, estoques), mas também, especialmente, com seus ativos intangíveis, visto que eles se tornaram a principal fonte de vantagem competitiva para as organizações. Mas há dificuldade em se atribuir o valor exato de um ativo intangível, pela sua própria natureza que é a de ser de difícil contabilização por ser abstrato. Para os autores, só é possível atribuir valor aos ativos intangíveis quando se analisa “todo o conjunto de ativos e da estratégia que os une”. Para construir um mapa estratégico, deve-se iniciar “de cima para baixo”, ou seja, trazendo à análise a missão e a visão organizacionais. É com base nesses valores organizacionais que se explica por que a empresa existe e no que ela acredita para seu futuro, que se pode desdobrar as estratégias nas várias perspectivas. “Com essas informações, os gerentes podem desenvolver uma visão estratégica ou o que a empresa deseja se tornar”. Com base nisso, formula-se a estratégia que define como chegar a esse destino (Kaplan; Norton, 2000, p. 4). Figura 2 – O Mapa Estratégico 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/21 Fonte: Kaplan e Norton, 2004, p. 11. Revisadas a missão e a visão da organização, pode-se começar a construção do mapa estratégico. O início se dá com a elaboração dos objetivos estratégicos financeiros, que devem resultar no aumento para o valor do acionista. O resultado financeiro de uma organização acontece em função de duas abordagens básicas: crescimento da receita e aumento da produtividade. Para tanto, a empresa pode buscar o crescimento de suas vendas por meio de novos produtos, novos mercados, novos serviços agregados, por exemplo. Também pode reduzir custos, melhorar o uso dos ativos reduzindo desperdícios e melhorando a capacidade organizacional. Estabelecidos os objetivos da perspectiva financeira, é possível analisar a proposição de valor para o cliente, na qual a empresa deve buscar uma “combinação única de atributos de bens e serviços, de relações com o cliente e de imagem corporativa” a ser oferecida para o mercado que a empresa pretende atingir. Normalmente, a proposta de valor é escolhida entre três diferenciadores: excelência operacional, intimidade com o cliente e liderança de produto. Para tanto, devem ser elaboradas ações relativas a preço, qualidade, disponibilidade, seleção, funcionalidade, serviços, parcerias e marca. A proposta de valor é crucial porque ajuda a empresa a conectar seus processos internos ao alcance de melhores resultados com seus clientes. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/21 Depois que a organização definiu claramente seus objetivos referentes a suas perspectivas financeira e de clientes, ela pode determinar seus objetivos relativos aos processos internos. A perspectiva do processo interno trabalha as atividades organizacionais críticas, que se enquadram em quatro tipos distintos de processos: os processos de gestão operacional, os processos de gestão de clientes, os processos de inovação e os processos regulatórios e sociais. Para Kaplan e Norton (2000, p. 9), a “base de qualquer mapa estratégico é a perspectiva de aprendizado e crescimento, que define as competências e habilidades essenciais, as tecnologias e a cultura corporativa necessárias para apoiar a estratégia de uma organização”. São esses objetivos, de acordo com os autores, que permitem o alinhamento dos recursos humanos, dos sistemas e da tecnologia de informação da organização com sua estratégia, por meio de seu capital humano, capital da informação e capital organizacional. Especificamente, a organização deve determinar nessa etapa do desenho do mapa estratégico como irá satisfazer os requisitos de processos internos críticos, a proposta de valor diferenciada e os relacionamentos com o cliente para alcançar a produtividade e o crescimento desejados. Elaboradas todas as etapas, a organização terá em mãos um mapa estratégico que a auxiliará a entender melhor suas próprias estratégias, de uma “maneira coesa, integrada e sistemática”, pois o mapa estratégico especifica as relações de causa e efeito, que acontecem após a implantação das estratégias, o que as torna explícitas e testáveis. “A chave, então, para implementar a estratégia é fazer com que todos na organização entendam claramente as hipóteses subjacentes, alinhar todas as unidades organizacionais e recursos com essas hipóteses, testar as hipóteses continuamente e usar esses resultados para se adaptar conforme necessário” (Kaplan; Norton, 2000, p. 11). TEMA 2 – AVALIAÇÃO E CONTROLE ESTRATÉGICOS Uma etapa importante do processo estratégico diz respeito à avaliação e controle das estratégias formuladas. Para compreender o que é e como realizar avaliação e controle estratégico, antes é necessário definir o que é controle organizacional. A ideia de controle nasce junto com uma série de outros conceitos fundamentais para a gestão, tais como planejar, organizar e dirigir. Mas seu desenvolvimento foi de fundamental importância para que as organizações que surgiram ao longo da Revolução Industrial pudessem se tornar cada vez mais eficazes e produtivas, na medida em que 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/21 se buscava controlar as pessoas e o que elas faziam em suas atividades dentro da empresa, para que realizassem somente o que agregasse valor aos processos organizacionais. Nesse momento, o controle era pensado como a observação do que foi realizado para verificar se aquilo que foi planejado foi efetivamente executado, num claro sentido de fiscalização. Com o passar do tempo, o procedimento de controle se amplia e passa-se a analisar o processo como um todo, bem como as variáveis que afetam esse processo, para que se possa propor intervenções nesse processo, seja para manter seus resultados, seja para melhorar o processo e elevar os resultados, quando necessário. Atualmente, de acordo com Sertek et al. (2012), o controle passa a ser usado como instrumento de feedback, ou seja, de devolutiva em relação às atividades realizadas na empresa. Como objetivo, a ideia de exercer controle é de ter a certeza de que os recursos organizacionais não estão sendo desperdiçados, ou seja, que estão sendo utilizadospara a consecução dos objetivos da empresa, em conformidade com o planejado. Figura 3 – Controle organizacional Créditos: RUDALL30/Shutterstock. Conforme Certo et al. (2005, p. 146), para que se possa realizar o controle organizacional na prática, os gestores trabalham nesse processo em três etapas distintas: “medição do desempenho da organização; comparação do desempenho medido com as metas e os padrões previamente estabelecidos; determinação da ação corretiva necessária para garantir que os eventos planejados realmente ocorram”. Independentemente da área ou setor da organização onde o controle for aplicado, essas três etapas acontecerão com as devidas adequações a cada situação. Assim como em cada organização diferente, o processo de controle também terá suas características próprias de acordo com a cultura, os métodos, os procedimentos de cada empresa. Então, embora as etapas sempre existam, não há uma forma padronizada para o acompanhamento dos processos organizacionais. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/21 Compreendido o conceito de controle, podemos partir para o entendimento do controle estratégico. Para Certo et al. (2005, p. 147), pode-se entender o controle estratégico como um tipo específico de controle organizacional, cuja diferença reside no fato de que o controle estratégico “se concentra na monitoração e avaliação do processo de administração estratégica para garantir que funcione apropriadamente”, ou seja, ele é realizado para garantir que se alcancem todos os objetivos estratégicos planejados quando da formulação das estratégias organizacionais. Visto que o processo estratégico, de modo geral, é complexo e varia conforme mudam as forças que impactam na organização, é necessário avaliar e acompanhar esse processo para que seus gestores possam redirecionar esforços quando for necessário. Para se realizar o controle estratégico, é possível utilizar as três etapas de controle organizacional já apresentadas, mas se preocupando com o desempenho interno e com o ambiente no qual a organização está inserida. Na Etapa 1, se propõe medir o desempenho organizacional no momento atual, normalmente por meio de auditoria estratégica. Uma auditoria estratégica pode ser tanto um processo formal quanto uma análise mais informal sobre como a empresa está se saindo nesse momento. Tudo depende da necessidade de se ter dados precisos ou apenas um direcionamento para os gestores, quando se inicia essa auditoria. Na Etapa 2, se faz a comparação entre o desempenho organizacional com os objetivos e padrões estabelecidos quando se iniciou o processo de formulação estratégica. Uma forma de fazer essa etapa é analisar a situação da empresa em relação ao seu Mapa Estratégico. Finalmente, na Etapa 3, determina-se a ação corretiva necessária, ou seja, a mudança definida pelo gestor para garantir o alcance dos “objetivos organizacionais de modo mais efetivo e eficiente e que trabalhe de acordo com os padrões estabelecidos” (Certo et al., 2005, p. 161). As medições em si podem ser qualitativas ou quantitativas, ou se pode utilizar um método misto, em que se usa tanto dados relacionados às características do processo estratégico, quanto dados tratados numericamente, como taxas ou índices. 2.1 BENCHMARKING Uma forma de fazer comparações para um melhor controle estratégico está na ação de observar e analisar o que outras organizações, concorrentes ou não, realizam em termos de processo estratégico. Existe uma ferramenta que é utilizada exclusivamente para a concretização dessas comparações: o benchmarking. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/21 Figura 4 – Benchmarking Créditos: OLIVIER LE MOAL/Shutterstock. A ideia de benchmarking é que se estabeleça como referência uma ou mais empresas e se analise os procedimentos utilizados por essas empresas, buscando entender o que elas fazem de melhor e, com base na comparação feita, propor mudanças nos processos estratégicos da organização que está fazendo a análise. De acordo com Rancich Filho e Vanin (2013, p. 98-99), a seleção das empresas benchmark deve ser feita de acordo com o seu desempenho, já que deveriam “apresentar em seus processos as melhores práticas naqueles que serão utilizados como itens de comparação”. Essas melhores práticas, então, deveriam se transformar nos modelos a serem seguidos. Assim, essas empresas podem ser modelos tanto pelo seu processo estratégico como um todo, como também em áreas específicas, como um excelente procedimento de gestão de pessoas, ou um processo produtivo que conduz a produtos de alto desempenho, entre outras situações. Naturalmente, tais empresas não disponibilizam todas as suas informações. Deste modo, cabe ao gestor que busca esse tipo de ferramenta fazer uma boa análise de fontes de informação disponíveis, tais como grupos de benchmarking, que reúnem empresas para trocas de informações. TEMA 3 – INDICADORES Para que o controle estratégico se efetive e possa realmente auxiliar no processo de tomada de decisões da empresa para sua melhoria contínua e o alcance dos objetivos planejados, é necessário que a empresa possua um sistema de medição. Há uma frase célebre, atribuída a Peter Drucker, em que se afirma que não é possível gerenciar se não for possível medir. E um bom sistema de medição será composto por indicadores criados pela empresa com o intuito de analisar o desempenho da organização. Ou seja: A existência de um bom sistema de indicadores de desempenho em uma organização permite uma análise muito mais profunda e abrangente sobre a efetividade da gestão e de seus resultados do que a simples constatação de que está indo bem porque seu faturamento ou o número de clientes [1] 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/21 está crescendo. Além disso, a medição sistemática, estruturada e balanceada dos resultados por meio de indicadores de desempenho permite às organizações fazerem as intervenções necessárias com base em informações pertinentes e confiáveis, à medida que ocorrem as variações entre o planejado e o realizado. (FNQ, 2014, p. 3) Ao possibilitar a comparação de uma forma clara e visual, o sistema de indicadores auxilia as organizações em sua caminhada para a excelência estratégica, pois promove uma cultura de avaliação e melhoria quando todos os colaboradores entendem como trabalhar com esse sistema, se acostumando com as verificações periódicas e os ajustes nos procedimentos. Ou seja, é possível afirmar que toda e qualquer organização, não importa seu tamanho, sua área de atuação e seu ciclo de vida, precisa ter algum tipo de forma de medir seu desempenho por meio de indicadores. Um indicador de desempenho pode ser conceituado como “uma informação quantitativa ou qualitativa que expressa o desempenho de um processo, em termos de eficiência, eficácia ou nível de satisfação e que, em geral, permite acompanhar sua evolução ao longo do tempo e compará-lo com outras organizações” (FNQ, 2014, p. 4). Vale ressaltar que, embora sejam mais conhecidos, os indicadores financeiros não devem ser os únicos a serem elaborados e acompanhados. Na verdade, deve-se usar indicadores das mais diversas naturezas. Uma forma de tratar essa questão ao planejar seus indicadores se dá quando a empresa leva em conta as quatros perspectivas propostas por Kaplan e Norton, elaborando indicadores para a perspectiva financeira, a perspectiva de clientes, a perspectiva de processos internos e a perspectiva de aprendizado e crescimento. Um bom indicador tem característica principal a possibilidade de permitir análises comparativas em relação a várias situações: quando se pretende observar o passado, por meio de série histórica, seja para confrontar com o momento atual, seja para prospectar situações futuras (um bom exemplo é a projeção de demanda, de acordo com vendas realizadas no passado); quando o indicador assume um papel de referencial de desempenho,incluindo nessa caso a comparação com organizações benchmark; quando se transforma em compromisso assumido, ou seja, se estabelece o indicador como uma meta de desempenho desejada a ser alcançada num futuro definido pela gestão da organização (FNQ, 2014). Assim, independentemente de ser qualitativo ou quantitativo, o indicador deve servir para todas essas possíveis comparações. Um indicador quantitativo será aquele que usará dados e informações manipuladas matematicamente e, portanto, se apresentará em formato de números. Já indicadores qualitativos 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/21 estarão voltados àquelas situações em que números não são adequados para se fazer a comparação. Normalmente, estarão relacionados a características de qualidade que expressam se algo é bom ou ruim, positivo ou negativo. Figura 5 – Indicador qualitativo Crédito: R.BORDO/Shutterstock. Após definidas quais áreas/setores/perspectivas serão objeto de análise para a construção de indicadores, é necessário pensar como construí-los. Um primeiro conhecimento necessário é o de que indicadores não são dados ou informações. Indicadores utilizam de dados e informações para serem gerados e são apropriados para as comparações. Um erro comum das empresas é acreditar que possuem indicadores quando têm em mãos somente informações ou, ainda pior, dados. Por isso, é necessário conhecer a diferença entre os três: DADOS - é a menor instância de uma estrutura de indicadores e o componente sem o qual nada mais existirá, entretanto, ele fica armazenado abundantemente em bancos de dados estruturados e parametrizados conforme certa lógica e interesse temporal (ou “bando” de dados, quando mal estruturado) de forma a estar disponível para ser manipulado, ou seja, em seu estágio primário não fornece necessariamente um parâmetro para tomada de decisão e para a gestão. Exemplo: o registro do valor de uma única Nota Fiscal, o registro de uma única reclamação de cliente etc. INFORMAÇÕES - é a instância intermediária de uma estrutura de indicadores, uma vez que se caracteriza como sendo o primeiro grau de manipulação dos dados disponíveis. As informações são, em última análise, a soma de determinados dados perante um certo interesse temporal, além de melhorar, em algum grau, a qualidade da tomada de decisão. Exemplo: faturamento mensal (uma mera SOMA de diversas notas fiscais geradas em um certo período), quantidade de reclamações mensais (uma SOMA de diversos registros de reclamações individuais ocorridas em um certo período) etc. INDICADORES - é a última instância de uma estrutura de indicadores propriamente dita. Sua característica principal é a existência de fórmulas mais complexas para seu cálculo que preconizam, 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/21 no mínimo, uma razão entre duas informações. Se não houver uma divisão entre duas informações, então ainda não existe um indicador genuíno, apenas uma informação (ou um “número puro”). O indicador é aquele que mais auxilia na tomada de decisão e com maior qualidade do que as informações ou os dados. Exemplo: rentabilidade (indica o porcentual de remuneração do capital investido na empresa), faturamento per capita (resultado da divisão do faturamento de um determinado período pela quantidade de pessoas da força de trabalho da empresa no mesmo período) etc. (FNQ, 2014, p. 5) Figura 6 – Diferença entre dados, informações e indicadores Fonte: FNQ, 2014, p. 4. Os indicadores, por sua vez, podem ser subdivididos em duas categorias, que são a taxa e o índice, de acordo com as grandezas utilizadas em sua construção. No caso das taxas, a fórmula desse tipo de indicador apresenta uma divisão entre duas informações cujas grandezas são as mesmas, gerando assim um valor que pode ser representado por uma porcentagem. Como exemplo, pense em um indicador de defeito de peças em que a fórmula seria quantidade de peças defeituosas/quantidade de peças produzidas. A grandeza é a mesma: quantidade de peças. Já o indicador do tipo índice apresenta uma divisão de informações de grandezas diferentes, o que impossibilita expressá-lo por meio de uma porcentagem. “Trata-se, portanto, de uma unidade típica e dependente das duas grandezas que estão sendo divididas” (FNQ, 2014, p. 6). Como exemplo, pense no cálculo da velocidade. Sua fórmula pode ser escrita como distância (m)/ tempo (s). Assim, teremos um indicador de velocidade do tipo índice, pois estamos dividindo a informação de distância medida com grandeza em metros por informação de tempo mensurada com grandeza em segundos. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/21 Ao construir seu sistema de indicadores de desempenho, a empresa deve prezar para que suas métricas sejam bem elaboradas, pois somente assim serão capazes de indicar as necessidades de melhoria ou de manutenção das estratégias organizacionais. É importante ressaltar que “nem todos os indicadores serão estratégicos, mas todos têm a função de monitorar o desempenho dos processos atuais e/ou a consecução efetiva dos objetivos estratégicos da organização” (FNQ, 2014, p. 5). Um sistema que tem sido bastante utilizado pelas empresas é o Balanced Scorecard, que proporciona uma visão sistêmica em relação a todos os itens que devem ser acompanhados para a verificação do desempenho estratégico da empresa. TEMA 4 – BALANCED SCORECARD (BSC) Em 1992, a Kaplan e Norton publicaram, na revista da Harvard, um artigo que marca o início de uma nova forma de se compreender o controle estratégico por parte das organizações, denominado The Balanced Scorecard. Conforme os autores, durante muito tempo as empresas tiveram preocupação somente com o controle financeiro do resultado das estratégias. E essa forma de controlar acabava por não observar outras questões e outras dimensões tão relevantes quanto a financeira para a manutenção e melhoria das ações estratégicas. Como as exigências de mercado mudaram, as competências exigidas das empresas para atuar nesse novo mercado se atualizaram. Surge a necessidade de se observar, também, medidas operacionais. Os autores propõem que as empresas medissem e acompanhassem um conjunto de indicadores que daria aos gerentes das organizações uma visão mais sistêmica das estratégias organizacionais e, portanto, dos negócios como um todo. Além dos indicadores financeiros, os gestores deveriam acompanhar medidas operacionais sobre seus clientes, seus processos internos e suas atividades de inovação e melhoria organizacional. Para o entendimento da ferramenta proposta, os autores usam da seguinte metáfora: Pense no balanced scorecard como os mostradores e indicadores da cabine de um avião. Para a complexa tarefa de navegar e pilotar um avião, os pilotos precisam de informações detalhadas sobre muitos aspectos do voo. Eles precisam de informações sobre combustível, velocidade do ar, altitude, rumo, destino e outros indicadores que resumem o ambiente atual e previsto. Depender de um único instrumento pode ser fatal. Da mesma forma, a complexidade de gerenciar uma organização hoje requer que os gerentes sejam capazes de visualizar o desempenho em várias áreas simultaneamente. (Kaplan; Norton, 1992, p. 72) 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/21 Figura 7 – Painel de instrumentos de avião Créditos: PGMART/Shutterstock. Quatro perguntas deveriam ser respondidas pelos gestores quando da utilização do Balanced Scorecard, que são: 1. Como os acionistas são vistos?; 2. Como os clientes veem a organização?; 3. Quais os processos nos quais a empresa pode se destacar?; 4. O que deve ser feito para continuar a melhorar e criar valor? Cada uma dessas perguntas está relacionada a uma das perspectivas organizacionais dispostas no mapa estratégico da empresa, ou seja, a perspectiva financeira; a perspectiva de clientes; a perspectiva dos processos internos e a perspectiva de aprendizadoe crescimento. Assim, os gestores se concentrariam naqueles indicadores que realmente são relevantes para que a empresa alcance os resultados desejados no momento da elaboração de suas estratégias. Campos (1998, p. 60) explica a denominação Balanced Scorecard ao traduzir a expressão como cenário balanceado, ou seja, se os indicadores de cada uma das quatro perspectivas se mostrarem devidamente balanceados, “aplicados com graus de importância relativa, porém equitativa, de forma a possibilitar um desenvolvimento real e equilibrado”. Assim, uma empresa que apresenta, por exemplo, bons resultados na perspectiva financeira, mas resultados inadequados na perspectiva de clientes demonstra uma tendência de declínio de todos os resultados num médio prazo, já que os resultados não estão equilibrados, balanceados. O Balanced Scorecard funciona como uma ferramenta que, por ser visual, consegue transmitir a todos os que precisam entender sobre a estratégia da organização seus objetivos e metas e, por consequência, também sua visão e estratégia num conjunto integrado de medidas de desempenho, que se relacionam entre si. Nesse sentido, se torna possível articular os objetivos estratégicos de cada 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/21 perspectiva, de forma que os objetivos da perspectiva de aprendizado e crescimento sustentem os objetivos de processos internos que, por sua vez, sustentam os objetivos da perspectiva de clientes, que assim devem resultar nos objetivos pretendidos da perspectiva financeira. Veja essa relação na Figura 8. Figura 8 – As perspectivas do BSC em relação à visão e à estratégia Fonte: Kaplan; Norton, 1997, p. 10. Mas é importante ter em mente que, conforme Sertek et al. (2012, p. 216), o Balanced Scorecard não é uma ferramenta de formulação estratégica, mas sim de comunicação das estratégias para toda a organização e, principalmente, de avaliação e controle das estratégias propostas pela empresa, com base nas quatro perspectivas. Como uma ferramenta de controle, o BSC deve ser revisado com uma frequência determinada pela empresa para “verificar se o desempenho está sendo mostrado, se a estratégia mudou e se os indicadores escolhidos inicialmente devem ou não ser mudados”. O lado positivo do BSC é o de que ele leva os gestores a se concentrarem em indicadores-chave do desempenho organizacional, incluindo outras áreas além da financeira. Por outro lado, conforme alertam Van Assen et al. (2010, p. 184), a tarefa de encontrar os indicadores mais adequados para um acompanhamento eficaz das estratégias não é simples. Os autores comentam que: 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/21 Um número apropriado de indicadores em um balanced scorecard para a alta gerência é de 12 a 16, se houver um consenso total da equipe de gestão em relação a eles. Além disso, os principais indicadores precisam ser divididos em indicadores de apoio que possam ser aplicados pela gerência média ou pela linha de frente. Sem isso, há o risco de os funcionários concentrarem-se somente nas poucas metas gerais estabelecidas no scorecard. TEMA 5 – APLICAÇÃO DO BSC Campos (1998, p. 137) relata que a implementação do Balanced Scorecard é única para cada organização e até mesmo para cada departamento ou setor dentro de uma mesma empresa, visto sua característica de listar os objetivos estratégicos daquela empresa em específico. Por outro lado, o autor acredita que há necessidade de se estabelecer um “plano de desenvolvimento sistemático” que auxilie as pessoas responsáveis pelo BSC da empresa a colocar a metodologia em prática, sem grandes dificuldades e com um maior foco estratégico. Para tanto, o autor apresenta um projeto com oito etapas de implantação, que são: a preparação; o primeiro turno de entrevistas; a primeira sessão executiva de trabalho; o segundo turno de entrevistas; a segunda sessão executiva de trabalho; a terceira sessão executiva de trabalho; a implementação; as revisões periódicas. Na primeira etapa – a preparação – a empresa escolhe uma única unidade de negócios para fazer uma primeira aproximação em relação à implantação do método. A empresa deve escolher uma área que esteja motivada e disponível para implementar a metodologia. Campos (1998, p. 138) alerta que é apropriado escolher uma unidade de negócios “que têm seus próprios clientes, canais de distribuição, facilidades de produção e medidas de desempenho financeiro”. Assim, será possível estabelecer objetivos para todas as perspectivas do BSC, sem depender de outras áreas da organização. Dessa forma, a unidade de negócios, por si só, poderá alcançar os resultados desejados com a implementação da metodologia. A segunda etapa consiste em realizar um primeiro turno de entrevistas, na qual cada gestor da unidade de negócios escolhida para a implementação recebe um material explicativo sobre o BSC, bem como uma revisão dos elementos estratégicos da empresa, como missão, visão e estratégias empresariais atuais. Após o estudo do material, o responsável pela condução da implementação (pode ser um executivo da empresa ou um consultor externo), denominado de facilitador, realiza entrevistas individuais com cada um dos gestores escolhidos para “identificar a sua opinião e 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/21 participação no atendimento dos objetivos estratégicos da empresa e elaborar uma lista tentativa de propostas de medição” para compor o BSC. Na terceira etapa, realiza-se a primeira sessão executiva de trabalho. Nessa sessão, reúnem-se a diretoria da empresa e o facilitador do processo de implementação do BSC para debater a missão e a visão da organização e, com base nesse debate, poder elaborar os indicadores de medição de desempenho para cada uma das perspectivas do BSC. Nesse ponto, são respondidas as questões relativas a cada perspectiva que podem ser resumidas, conforme Campos (1998, p. 139), da seguinte forma: “se a nossa visão e estratégia forem bem sucedidas, qual é o diferencial que vamos apresentar aos nossos acionistas, aos nossos clientes, nos nossos processos internos e na nossa capacidade de inovar, crescer e melhorar?”. Nesse ponto, a empresa pode montar um BSC preliminar. Figura 9 – Primeira sessão executiva de trabalho Créditos: GAUDILAB/Shutterstock. A quarta etapa diz respeito ao segundo turno de entrevistas na qual o facilitador do processo consolida o material produzido na terceira etapa e apresenta o primeiro esboço do BSC para a alta gerência da empresa. Assim, decide-se quais ações serão realizadas de imediato e quais os custos envolvidos nessa situação. Na quinta etapa, se realiza a segunda reunião executiva de trabalho, na qual reúnem-se novamente a liderança e os gestores para debater novamente a missão, visão e estratégia, de forma que se refine o processo e se adequem os objetivos estratégicos e o material preliminar do BSC. Caberá a esses gestores estabelecerem as metas e os planos de ação para os objetivos de cada perspectiva. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/21 A terceira reunião executiva de trabalho diz respeito à sexta etapa. Nessa sessão, a diretoria chegará ao consenso final sobre missão, visão, estratégia e medidas de desempenho relacionadas a cada uma das perspectivas que foram desenvolvidas nas duas reuniões anteriores. Assim, conforme Campos (1998, p. 142), o BSC será definido pelo grupo de trabalho que “deve chegar a acordo com relação ao plano global de implementação, que incluirá o método de comunicação do cenário a todas as pessoas, a integração à filosofia gerencial e os sistemas de suporte à implementação”. Chega-se, assim, ao final do planejamento com planos de ação definidos para se poder iniciar a implementação por meio de “Times de Trabalho Autodirigido”. Na sétima etapa, efetua-se a implementação, na qual cada um dos times observa o plano de ação pelo qual é responsávele o coloca em prática, de acordo com as especificidades da empresa. Figura 10 – O gerenciamento do BSC Fonte: Campos, 1998, p. 144. O ciclo conclui-se com a oitava etapa, na qual se faz uma revisão periódica, em uma frequência definida pela empresa e que seja confortável para o acompanhamento, ao mesmo tempo que são fornecidas as respostas necessárias para a tomada de decisões com base nas análises dos indicadores do BSC. Campos (1998, p. 145) diz que nessa etapa são “avaliados os resultados de cada meta ou 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/21 objetivo. Nessa oportunidade os indicadores e seus pesos devem ser revistos de acordo com o sucesso ou insucesso das medidas adotadas”. Repete-se o ciclo com o aprendizado ocorrido ao longo de todas as oito etapas apresentadas, melhorando assim, continuamente, o BSC desenvolvido pela organização. FINALIZANDO Esta aula serviu para você compreender a importância de mais uma etapa do processo estratégico: o controle. Para tanto, você pôde conhecer dois importantes autores dessa temática, que são Kaplan e Norton. Esses estudiosos vêm desenvolvendo desde a década de 1990 uma série de ferramentas que se tornaram extremamente relevantes para os profissionais que atuam com controle estratégico. A primeira ferramenta que você entrou em contato foi a de Mapas Estratégicos, cujo objetivo é tornar mais visível quais são os objetivos estratégicos da organização, bem como sua inter- relação. Para tanto, os autores dizem se necessário estabelecer objetivos para quatro perspectivas: financeira, de clientes, de processos internos e de aprendizagem e crescimento. Você também pôde compreender a necessidade da avaliação e do controle estratégicos, incluindo o que é um controle, que os controles podem ser realizados por meio de indicadores e também com uma ferramenta de comparação bastante utilizada pelas empresas, que é o benchmarking. Sabendo que o controle exige a criação de indicadores, você pôde observar o que eles são, a diferença entre os indicadores, os dados e as informações, assim como a diferença entre taxa e índice. Já tendo noção sobre indicadores, você pôde retornar a Kaplan e Norton, que oferecem a ferramenta de controle estratégico mais utilizada na atualidade: o Balanced Scorecard ou BSC, que também utiliza quatro perspectivas estratégicas para sua formulação. Finalmente, você conheceu um modelo de implementação do BSC que, de forma prática, estabelece uma série de etapas para o trabalho com a ferramenta numa situação real. REFERÊNCIAS CAMPOS, J. A. Cenário balanceado: painel de indicadores para a gestão estratégica dos negócios. São Paulo: Aquariana, 1998. 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/21 CERTO, S. C. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. FNQ. Sistema de indicadores. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2014. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. The balanced scorecard – measures that drive performance. Harvard Business Review, jan./fev. 1992. _____. A estratégia em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. _____. Having Trouble with Your Strategy? Then Map It. Harvard Business Review, set./out. 2000. _____. Mapas estratégicos - Balanced Scorecard: convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. RANCICH FILHO, N. A.; VANIN, J. A. Administração Estratégica. Curitiba: Intersaberes, 2013. SERTEK, P.; GUINDANI, R. A.; MARTINS, T. So. Administração e planejamento estratégico. Curitiba: Intersaberes, 2012. VAN ASSEN, M.; VAN DEN BERG, G.; PIETERSMA, P. Modelos de gestão: os 60 modelos que todo gestor deve conhecer. 2. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2010. Veja, por exemplo, o CBEG - Comitê de Benchmarking para Excelência na Gestão, um grupo formado por organizações de destaque no cenário corporativo paranaense. [1] 8/4/22, 12:12 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/21 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/23 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA AULA 6 Profª Dayse Mendes 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/23 CONVERSA INICIAL Esta aula trará para você alguns aspectos de tendências de atuação estratégica. Você perceberá que vivemos a quarta Revolução Industrial, um momento em que a indústria está cada vez mais conectada, cada vez mais inserida no uso de ferramentas tecnológicas, consolidando a indústria 4.0 e a sociedade 5.0. Essas modificações na sociedade trazem a necessidade de se repensar o processo estratégico das organizações. E um dos modelos de negócio que tem surgido com força nesse momento é o das plataformas digitais. Você poderá entender como as empresas estão trabalhando em rede nesse novo tipo de estratégia, a das plataformas. Negócios desse tipo se tornam cada vez mais conhecidos, por buscar conectar vários diferentes usuários em um mesmo local virtual. Esse tipo de estratégia está relacionado às atuais possibilidades tecnológicas, mas também a um fenômeno definido como efeito de rede. O efeito de rede, como você poderá compreender, diz respeito ao impacto exercido pela comunidade de usuários de uma plataforma sobre o valor criado para cada um deles. Cabe ao estrategista observar esse efeito e gerenciar os impactos causados por eles nas organizações que trabalham com estrategia de plataforma. Outra situação estratégica que vem ocorrendo nos últimos tempos diz respeito às estratégias de contexto global. Decidir por atuar, ou não, em global sourcing exige análises complexas. Há vantagens e desvantagens em ser uma empresa global e você poderá compreender todo esse contexto. Finalmente, você compreenderá que para que todos os processos estratégicos organizacionais aconteçam, é necessário que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, assuma essa responsabilidade. Essa pessoa deve apresentar algumas características para que as estratégias possam ser desenvolvidas de forma adequada e tragam os resultados desejados pela organização. TEMA 1 – A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/23 Nossa sociedade tem como característica natural sofrer alterações em sua maneira de funcionar e, de tempos em tempos, essas alterações se configuram como verdadeiras revoluções. A forma como vivemos, como nos relacionamos, como trabalhamos, enfim, como nos comportamos frente às exigências de sobrevivência e de continuidade da sociedade vem se transformando de forma sensível. É possível notar os impactos dessas transformações nas organizações assim como no mercado de trabalho. Transformações essas devidas à convergência do uso cada vez mais sistêmico de tecnologias digitais, físicas e biológicas. Tal inserção de tecnologias não é somente mais um desenvolvimento, mas sim uma mudança radical na forma como essas tecnologias afetam a nossa vivência. Por ser tão relevante, essa nova fase da nossa sociedade é denominada de revolucionária: a quarta Revolução Industrial. Se estamos começando a vivenciar a quarta Revolução, é porque houveram três revoluções anteriores. Quais são elas: a Primeira Revolução Industrial ocorre a partir de 1760, com o surgimento da máquina a vapor promovendo uma completa transformação na forma como o trabalho era realizado, ao substituir a força motora animal ou humana por força da pressão exercida pelo vapor. Essa modificação tornou possível a produção mecânica e o transporte, por meio de ferrovias, de grandes quantidades de produtos a longas distâncias, definindo o início da indústria. Figura 1 – Máquina a vapor Créditos: Hein Nouwens/Shutterstock. A segunda Revolução Industrial inicia-se por volta de 1840 com o advento da eletricidade e da linha de montagem, tornando possível a produção em massa. Por volta da década de 1960, inicia-se8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/23 a Terceira Revolução Industrial, cuja tônica foi a inserção do computador e da automação nas indústrias e, posteriormente, na casa das pessoas e a consequente revolução digital da sociedade como um todo, em especial com o advento da Internet (Schawb, 2016). Finalmente, a quarta Revolução Industrial começa a ser vislumbrada a partir da virada do século e do uso cada vez maior de ferramentas informáticas e de inovação tecnológica tais como a inteligência artificial, a robótica, a internet das coisas, a manufatura aditiva (impressão 3D), a autonomação de veículos, a nanotecnologia, a biotecnologia, entre outras, numa tendência de automatização total das fábricas e da sociedade como um todo. Conforme Schawb (2016), tal revolução não deve ser caracterizada somente pelos avanços dos sistemas de informação ou por novas descobertas. O que a torna “fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos”. Figura 2 – As quatro revoluções industriais Créditos: ChickenDoodleDesigns/Shutterstock. Assim, num futuro próximo, a tendência é da consolidação das fábricas inteligentes (Indústria 4.0) e das cidades inteligentes (Sociedade 5.0) com estruturas cibernéticas conectadas ao mundo físico, facilitando os processos organizacionais e criando uma sociedade com um modo de vida mais inteligente, eficiente e sustentável. 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/23 Essa nova sociedade, que se apresenta para nós, traz o desafio de se transformar a maneira como os modelos de negócios organizacionais são elaborados e colocados em prática. O estrategista terá que se preparar para redefinir a sua forma de entender o mundo e os negócios, afetando assim todo o processo estratégico da empresa. Novas informações e nova forma de interagir com a sociedade serão necessárias. Conforme Torrance e Staeritz (2019), se faz urgente transformar os modelos de negócio tradicionais, visto que a maioria das organizações não são economicamente viáveis para atuar em um mundo cada vez mais digital. Os autores afirmam que o modelo de negócios mais adequado para esses novos tempos “em termos de valor para o cliente, taxas de crescimento de receita e de avaliação de mercado” é o das plataformas digitais, tais como a Amazon, a Apple, a Alibaba, ou startups unicórnios como Nubank ou iFood. Assim, caberia aos estrategistas organizacionais começarem a compreender o modelo de estratégia de plataforma e investir esforços nessa direção (Torrance; Staeritz, 2019). Pensando nas dificuldades para a mudança do modelo de negócios tradicional de uma organização para um modelo que traga vantagem competitiva num mundo hiperconectado, Torrance e Staeritz (2019) propõem uma lista de verificação que auxilia estrategistas a iniciarem o processo. Você pode ver esses dez passos no Quadro 1: Quadro 1 – Atuação estratégica na 4° Revolução Industrial A sua diretoria e equipe executiva compreendem totalmente a economia dos modelos de negócios da plataforma digital? Muitos líderes hoje não sabem o que não sabem. As plataformas digitais são um fenômeno relativamente novo e poucos têm experiência em operá-las. Todos devem entender como funcionam para que possam ter uma ideia mais clara sobre como copiar, competir ou colaborar com elas. Você tem uma estratégia de plataforma ousada em vigor, integrada à sua estratégia Uma vez que os líderes entendam as novas oportunidades e ameaças, eles podem incluir adequadamente o pensamento de plataforma em sua estratégia de crescimento corporativo. [1] 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/23 corporativa e digital? Você realocou pelo menos 10% de seu capital e recursos para modelos de negócios de plataforma? É hora de colocar seu dinheiro onde é necessário e investir em modelos de negócios que agreguem melhor valor para todas as partes interessadas. A realocação de capital é a melhor maneira de transformar estratégia em realidade. Você criou um portfólio sinérgico de modelos de negócios novos e antigos? É necessário redesenhar o seu “sistema” de negócios com o pensamento de plataforma, em que todos os aspectos de seu negócio se apoiam e se reforçam. Você reconcebeu o propósito de sua empresa para a 4°RI? Modelos de negócios de plataforma permitem que as organizações atendam aos clientes sem ter que investir em ativos tradicionais; eles se concentram em facilitar interações de alto valor entre várias partes (a Airbnb não possui nenhuma propriedade, o Facebook não desenvolve nenhum conteúdo, os desenvolvedores criam aplicativos para a Apple). Isso muda o escopo potencial do que uma organização pode alcançar e a velocidade. Seus líderes estão abertos para canibalizar partes de seu negócio principal? Permitir que terceiros atendam seus clientes costuma ser contraintuitivo para as empresas. Mas ajuda a criar um novo negócio digital, em escala global, valendo muito mais do que seu modelo de negócios anteriormente local e com muitos ativos. Steve Jobs foi originalmente contra permitir que outros criassem aplicativos para o iPhone. Se ele tivesse prevalecido, a Apple não teria se tornado a empresa mais valiosa do mundo. Sua organização possui competência abrangente em software, dados, IA? Em seu novo livro Smart Business, Ming Zeng, o diretor de estratégia da Alibaba, descreve como a empresa investe pesadamente na otimização de todas as atividades com software, dados e aprendizado de máquina: usando algoritmos para otimizar cada troca, replicando a tomada de decisão humana com software, e permitir o fluxo de dados dentro e fora da organização por meio de APIs e padrões. O objetivo é que a maioria das decisões operacionais sejam feitas por máquinas, para que a empresa possa se adaptar mais rapidamente à demanda do mercado. Você criou novas métricas para orientar seus negócios? Frequentemente, as métricas da empresa são de curto prazo e retrospectivas, se concentrando em medir o sucesso do modelo de negócios existente dominante, mas não em permitir novos modelos de negócios. Compreender os novos tipos de métricas é fundamental. Você tem uma verdadeira “organização ambidestra”: com Leva muito tempo para transformar um modelo de negócios legado, devido a barreiras culturais, estruturas organizacionais arraigadas e, é claro, métricas existentes. Poucas organizações têm líderes com a combinação de visão, experiência digital e poder pessoal de Jeff Bezos para conduzir mudanças fundamentais de cima para baixo em uma empresa estabelecida. A melhor prática hoje é 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/23 diferentes unidades focadas em “otimizar o legado” e “inventar o futuro”, com igual poder e status? não tentar lutar contra a resistência humana natural à mudança. Melhor contornar isso. Enquanto o negócio principal está sendo otimizado, invista em uma unidade de negócios separada com o poder de inventar o futuro com novos modelos de negócios, novas métricas, novas pessoas. É crucial que ele se reporte diretamente ao CEO e não fique preso a uma “unidade de inovação” dentro da organização legada. Precisa de oxigênio, recursos e energia para respirar e ter sucesso. Você está alavancando empreendedores de tecnologia comprovados para construir novos empreendimentos digitais em áreas que são estrategicamente relevantes para o seu negócio? Essa etapa pode e deve ser implementada primeiro, em paralelo com as demais. Se a definição de inovação é o processo de levar ideias desde o início até o impacto então o método que consideramos mais bem-sucedido é fazer parceria com empreendedores de tecnologia comprovados, para alcançar de forma rápida as novas oportunidades de mercado. É improvável que os empreendedores queiram trabalhar diretamente para uma empresa já estabelecida,mas eles valorizam seus ativos (clientes, dinheiro, redes). Assim, os empreendedores podem aproveitar esses ativos para alcançar rapidamente novas oportunidades de mercado estrategicamente relevantes antes dos outros. Fonte: Elaborado com base em Torrance; Staeritz, 2019. TEMA 2 – ESTRATÉGIAS DE PLATAFORMA Ao se deparar com a quarta Revolução Industrial, muitas empresas têm partido para a implementação de uma estratégia de plataforma. Boa parte dos estudiosos dos modelos de negócio atestam a importância de as empresas compreenderem como funciona essa estratégia e buscar implementá-la, de acordo com suas possibilidades e necessidades. Assim, se faz necessário compreender o que é esse novo modelo de negócios. Para tanto, vale a pena lembrar como funcionam os modelos de negócio tradicional. Conforme Parker et al. (2018), o modelo tradicional, denominado de pipeline, segue um roteiro passo a passo para “criar e transferir valor, com produtores numa extremidade e consumidores na outra”. Assim, a empresa começa observando necessidades e expectativas de possíveis consumidores, projeta um novo produto de acordo com essas expectativas, elabora o processo produtivo, fabrica o produto, para então colocá-lo à venda, buscar um cliente que queira comprar o produto e, finalmente oferecer um serviço pós-venda. Há, portanto, uma cadeia linear de agregação de valor nesse tipo de modelo de negócios. 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/23 Em contraposição, muitas empresas vêm saindo desse modelo tradicional, nos últimos anos, e buscam atuar em processos que não fluem numa linha reta, do produtor ao consumidor, mas sim criando, modificando, trocando e consumindo produtos “de diversas formas e em diversos lugares, graças às conexões facilitadas pela plataforma” (Parker et al., 2018). A plataforma citada se refere ao novo modelo de negócios baseado em intermediação massiva de bens e serviços, por meio de plataformas digitais, possibilitando às empresas se estruturar e conectar pessoas e organizações cujo interesse seja complementar, promovendo assim interações de valor entre todos os envolvidos. Figura 3 – Plataformas digitais Créditos: kapralcev/Shutterstock. Se observarmos os rankings das maiores empresas nos últimos dez anos, notaremos uma sensível transformação. As maiores empresas da atualidade são aquelas que estão no setor de tecnologia, atuando com estratégia de plataforma, diferentemente da década anterior, na qual se observava empresas com estratégia pipeline liderando tal ranking. Mesmo as empresas que atuavam com tecnologia, o faziam como produção de um bem como os iPhones da Apple ou os computadores da IBM. Quadro 2 – Comparação do ranking de maiores empresas 2020 x 2010[2] 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/23 2020 2010 Empresa Área de atuação Empresa Área de atuação Apple Tecnologia Exxon Mobil Petróleo e gás Google Tecnologia Apple Tecnologia Microsoft Tecnologia Berkshire Hathaway Investimentos Exxon Mobil Petróleo e gás General Electric Variado Berkshire Hathaway Investimentos Walmart Varejo Wells Fargo Finanças Chevron Petróleo e gás Johnson & Johnson Variado IBM Tecnologia General Electric Variado P&G Variado JP Morgan Chase Finanças AT&T Telecomunicações Facebook Tecnologia Johnson & Johnson Variado Fonte: Elaborado com base em Forbes, 2020. Mas essa transformação já vinha ocorrendo anteriormente. Em 2006, Eisenmann, Parker e Van Alstyne apresentavam, pela primeira vez, o conceito de plataforma em um artigo da Harvard Business Review. Denominado de estratégias de mercado para os dois lados, os autores revelavam que “bens e serviços que unem grupos de usuários em redes de dois lados são plataformas” e que essas plataformas são uma espécie de organização em rede cujo objetivo é conectar dois grupos distintos, gerando novas fontes de criação valor para ambos (Eisenmann et al., 2006, p. 2). Em resumo, uma plataforma pode ser qualquer organização que cria conexões entre dois ou mais grupos de usuários, usando para tanto de tecnologia. E para que a conexão aconteça, a plataforma digital precisa apresentar algumas características, que são: a criação de valor conjunta, que não aconteceria na mesma proporção com as empresas atuando de forma separada; uma infraestrutura de tecnologia que permita a conexão entre dois ou mais usuários da plataforma; uma boa gestão de redes sociais, para que a sociedade se mobilize de forma positiva em torno da plataforma; o uso dos ativos da sociedade e não da plataforma; a eliminação de intermediários nos processos de negociação; a possibilidade de avaliação e melhoria 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/23 contínua dos processos e a busca pelo uso constante de inovações, tais como a inteligência artificial, para melhorar as conexões entre os usuários da plataforma. A mais conhecida história de empresa que atua em estratégia de plataforma é a da Airbnb, uma das primeiras organizações a ser reconhecida por esse tipo de estratégia. A Airbnb nasce da necessidade, em 2007, de Brian Chesky e Joe Gebbia de arcar com o aluguel do local em que moravam. Assim, os rapazes tiveram a ideia de oferecer moradia temporária para participantes de convenções na cidade em que residiam, São Francisco. O primeiro compartilhamento de espaço rendeu o dinheiro para o aluguel. Contentes com a experiência, chamaram mais um colega, Nathan Blecharczyck, para auxiliá-los a criar um site em que qualquer um pudesse disponibilizar um espaço e qualquer um pudesse locar esse espaço. Surgia uma das mais reconhecidas empresas que atua em plataforma e que, em menos de uma década, atingiu maior vantagem competitiva em relação a seus concorrentes diretos, os hotéis, mesmo sem ter quartos, transformando-se numa gigante apenas com um percentual do valor da locação (Parker et al., 2018). Figura 4 – Plataforma Airbnb Créditos: Song_about_summer/Shutterstock. Conforme Lima (2020), para que uma plataforma tenha sucesso e apresente bons resultados, ela precisa ter as seguintes características: ser um modelo de negócios viabilizado por tecnologia, ser um real facilitador das interações entre os usuários, principalmente entre fornecedores e clientes, apresentar um valor proporcional ao tamanho da sua rede de relacionamentos, garantir a 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/23 confiabilidade nas interações, ser escalável para atender aos volumes crescentes de usuários, oferecer uma experiência agradável ao usuário e possuir conectividade externa, viabilizada por meio de APIs . Reillier e Reillier (2017), por sua vez, ao buscarem implementar estratégias de plataforma em empresas, observaram que estruturas de gerenciamento tradicionais impediam uma boa prática com plataformas. Assim, os autores construíram um modelo, denominado de modelo de foguete, baseado nas atividades principais que empresas que atuam com plataformas realizam. São elas: atrair uma massa crítica de usuários em cada lado do mercado; combinar esses usuários; permitir que os usuários se conectem; permitir que os usuários negociem entre si e otimizar suas próprias operações e ecossistema de forma interativa. Quadro 3 – Exemplos de plataformas e usuários Plataforma Usuários Uber Motorista Usuário Airbnb Locador Locatário Google Empresas patrocinadoras Usuário final Wikipédia Usuários que escrevem artigos Usuários que leem artigos Youtube Canais de vídeos Usuários que assistem Fonte: Elaborado com base em Freire Neto, 2017. O que é consenso entre todos os estudiosos de estratégia de plataforma, além do uso óbvio de tecnologia, é a necessidade de se conhecer em profundidade as interações específicas entre os usuários para que os efeitos de rede proporcionados pela estratégia, ou seja, o resultado que a quantidade de usuários que utilizam a plataforma tem sobre o valor do produto oferecido na plataforma, sejam conhecidospara que possam ser gerenciados. TEMA 3 – EFEITOS DE REDE [3] 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/23 Ao definir atuar com uma estratégia de plataforma, a organização precisa observar que, além de ter a tecnologia adequada, ela precisa se preocupar com a natureza das interações entre os usuários da plataforma, já que uma estratégia bem-sucedida não diz respeito somente ao tamanho ou à estrutura da plataforma. O efeito das interações, mais conhecido como efeito de rede, trará uma série de diferentes impactos a cada organização que sofre essas influências. Assim, para a empresa que deseja atuar sob a ótica da quarta Revolução Industrial, é necessário ter conhecimento sobre atuação em rede em sobre os possíveis efeitos dessa rede na empresa. O termo rede, em si, não é novo. Nova é a forma como ele vem sendo utilizado. Conforme Marcon e Moinet (2000), em sua forma original, o termo reportava a uma pequena armadilha para capturar pássaros ou outros tipos de caça, constituída por um conjunto de linhas entrelaçadas, cujos nós eram formados pelas intersecções das linhas, formando uma malha. Com o tempo, o termo rede foi sendo absorvido por diversas áreas de estudo e seu conceito foi se modificando. No campo de estudos das ciências sociais, o termo rede passa a designar um conjunto de pessoas ou de organizações que se encontram interligadas direta ou indiretamente. Tal relação entre um conjunto de pessoas causa uma série de efeitos em outros conjuntos de pessoas. No caso das organizações e, mais especificamente, das plataformas, conforme Parker et al. (2018), os efeitos de rede se referem ao impacto exercido pela comunidade de usuários de uma plataforma sobre o valor criado para cada um deles. Desta forma, a principal vantagem competitiva de uma plataforma está na criação de valor que a rede oferece. Os efeitos também podem ser negativos, caso os usuários decidam abandonar, por algum motivo, a plataforma. Figura 5 – Efeito de rede 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/23 Créditos: Imageflow/Shutterstock. Como explica Freire Neto (2017), ao começar a ser relacionar em uma nova rede, por meio de plataforma, o usuário irá causar um impacto nos demais usuários que já a utilizam. Cabe à organização se planejar para esses impactos, aproveitando-os para levá-la aos resultados desejados. Quando uma plataforma como a Airbnb tem poucos apartamentos para alugar, o valor criado para o consumidor é muito pequeno, pois ele tem menos opções para escolher. Dessa forma, cada locador que se cadastra, cria mais uma opção para o locatário. Esse impacto causado em outros usuários, pela entrada de um novo usuário, é chamado de efeito de rede. (Freire Neto, 2017, p. 22) Cada vez que a plataforma adquire mais usuários, mais dados ela terá à sua disposição e assim terá a possibilidade de oferecer mais e melhores produtos, bem como começar a customizá-los, de acordo com as necessidades e expectativas desses usuários. Mas os efeitos não são só positivos. Para Freire Neto (2017), pode-se entender os impactos dos efeitos de rede sob quatro perspectivas distintas, que são os efeitos positivos diretos, os efeitos positivos indiretos, os efeitos negativos diretos e os efeitos negativos indiretos. Os efeitos de rede diretos são gerados quando o ingresso de um usuário na plataforma impacta no uso dos membros que desempenham um mesmo papel dentro dela. Se esse impacto aumenta o valor para estes usuários, então eles são efeitos de rede positivos diretos. Já se o valor da plataforma diminuir para esses usuários, então eles são efeitos de rede negativos diretos. Efeitos de rede diretos podem acontecer tanto do lado dos produtores quanto dos consumidores. Já os efeitos de rede indiretos ocorrem quando a entrada de um usuário na plataforma impacta no uso dos membros que desempenham o papel oposto ao dele, a entrada de um consumidor impacta no uso dos produtores, ou a entrada de um produtor impacta no uso dos consumidores. Se esse impacto gera valor para o lado oposto, então são efeitos de rede indiretos positivos. Entretanto, se esse impacto piora o uso dos que estão do lado oposto, então são efeitos de rede negativos indiretos. (Freire Neto, 2017, p. 25) Conforme Louzada (2019), os efeitos de rede existem no mercado como um todo, mas “eles atuam de maneira diferente em diferentes contextos e casos de uso”. Assim, cabe ao gestor desse tipo de estratégia observar essas diferenças e quais são as suas implicações no resultado da plataforma, visto que os efeitos de rede existem. É preciso, então, compreender a extensão e o tipo de valor de rede que podem ser criados e aproveitados pelas empresas de plataforma. Questões como a facilitação de integração entre usuários que, normalmente, teriam dificuldade de interagir entre si; o oferecimento de redes locais eficazes, com a presença de participantes importantes nas 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/23 proximidades de quem usa a rede, independentemente de seu tamanho global e a permissão e interação direta entre usuários acabam por determinar se uma estratégia de plataforma terá bons resultados ou não. Vale ressaltar que se pode ter a impressão de que quantidade de usuários é uma métrica suficiente para que se tenha efeitos de rede positivo, mas essa é uma impressão incorreta. O valor entregue e a capacidade de oferecer interações descomplicadas podem trazer uma vantagem competitiva maior do que somente angariar grandes quantidades de usuários. Ou seja, ao optar por uma estratégia de plataforma, é necessário conhecer todos os possíveis efeitos de rede nessa plataforma, para então estabelecer as ações que manterão a vantagem competitiva dessa plataforma. TEMA 4 – ESTRATÉGIAS DE CONTEXTO GLOBAL Você já pensou como um iPhone é produzido e distribuído até chegar às mãos do usuário final e depois retornar, via logística reversa? É um caminho bastante longo que envolve uma série de países, fábricas, empresas, pessoas e processos distintos. O trabalho realizado em nossa cadeia de abastecimento é complexo e variado – desde fundições e refinarias, para os parceiros de fabricação que constroem componentes e realizam a montagem final de nossos produtos, para recicladores. Também inclui prestadores de serviços que apoiam nossas operações, como a logística, parceiros que enviam nossos produtos para todo o mundo e as equipes de zeladoria que mantêm nossas lojas de varejo. Nossos programas e requisitos se aplicam a fornecedores em todas essas áreas, até mesmo onde os materiais são adquiridos por nossos fornecedores. (Apple, 2020, p. 9) A empresa tem centenas de fornecedores espalhados pelo mundo, desde os EUA, passando por China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Vietnã, Congo, Itália, entre outros, somando 49 países distintos (Apple, 2020), sendo que em nenhum desses países se faz um processo completo de produção. Ou seja, um iPhone ou qualquer outro produto Apple vai transitar por vários países até estar finalizado. Naturalmente, esse tipo de estratégia não é utilizado somente pela Apple, mas por muitas outras grandes organizações, que observam uma série de vantagens competitivas por buscarem essa atuação em formato de Global Sourcing . Essa é mais uma forma de se manter competitivo num mercado inserido na quarta Revolução Industrial e que diz respeito à busca por estratégias globais. Figura 6 – Trabalhadoras produzem circuito impresso usado em produtos Apple [4] 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/23 Créditos: Humphery/Shutterstock. O tema globalização se tornou recorrente no mundo dos negócios a partir da década de 1990, mas é importante ressaltar que o comércio entre povos e nações existe desde o início da história humana. O comércio entre nações, mesmo que distantes, também sempre foi desejado a tal ponto de levar governantes a investirem em operações de alto risco para realizartransações comerciais. Vide, por exemplo, a era das descobertas marítimas, nas quais desbravadores se lançavam em caravelas por mares desconhecidos em busca de novas riquezas. O que se modificou ao longo do tempo foram as tecnologias utilizadas para realizar essas transações, que deixaram o mundo menor, facilitando as trocas, naquilo que se decidiu denominar de globalização. Tal fenômeno possibilitou o surgimento de empresas globais (como a Apple), ou seja, de empresas que são compostas por diversas unidades atuante pelo mundo todo e que possuem um grau de envolvimento internacional extremamente elevado. Esse tipo de empresa tem a capacidade de estabelecer suas próprias estratégias tanto em termos de mercado local quanto em termos de mercado global (Wright et al., 2009). Importante ressaltar a importância do mercado local. Embora grandes corporações possam efetivamente atuar no mundo todo e ter sua cadeia produtiva distribuída pelo mundo, a maioria das empresas que buscam atuação global precisam estar atentas ao fato de que produtos não são necessariamente globais. Na verdade, de acordo com Peng (2008), as empresas que fazem investimentos externos de forma direta, que controlam e administram atividade com valor agregado em outros países que não o de sua origem, geralmente devem adaptar suas estratégias, seus bens e serviços aos mercados locais. O autor exemplifica essa situação com diversas citações de empresas que tiveram que se 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/23 adequar, já que não havia um mercado para um produto mundial, como carros da Ford e da Volkswagen, serviços do HSBC, ou mesmo o sabor da Coca-Cola, designada de bebida mundial mas que apresenta variação no teor de açúcar, de acordo com o paladar de cada país. Por outro lado, há ainda a decisão por não globalizar. Embora haja vantagens na globalização, há também desvantagens como altos custos, dificuldades de coordenação, redução da eficiência etc. Figura 7 – A globalização Créditos: Brian a jackson/Shutterstock. Uma estratégia global bem planejada pode proporcionar à empresa mais pontos de ataque e contra-ataque à concorrência, mas o que determina o seu sucesso ou fracasso está relacionado à governança. De acordo com Peng (2008), as empresas com boa governança apresentam menores custos de capital e, consequentemente, melhores desempenhos. Isso acontece porque na medida em que as empresas vão se igualando em termos de produtos, de serviços, de tecnologias, a governança corporativa acaba por trazer a necessária diferenciação competitiva. A Governança corporativa pode ser compreendida como uma forma de administrar, com o intuito de defender os interesses de uma organização e de seus investidores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2009, p. 19): Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgão de controle. As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade. 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/23 Pode-se dizer, então, que a governança auxilia a identificar os caminhos que a empresa deve seguir para alcançar os resultados desejados. Ao ter seus mecanismos presentes, os principais representantes das empresas, tais como os administradores, os conselheiros, os acionistas e os executivos têm acesso a métodos de decisão que valorizam as várias perspectivas dos seus negócios. No caso da globalização especificamente, a decisão está, inicialmente, em globalizar ou não. Figura 8 – A desglobalização Créditos: Shustriks/Shutterstock. Não globalizar ou desglobalizar pode ser uma decisão tão difícil quanto buscar atuar de forma global. Já sabemos que há vantagens em atuar globalmente. Mas há várias situações contemporâneas que vêm sendo discutidas ao longo da última década, em especial, em que a “ideia de desglobalização surge associada não só à exigência de uma maior justiça nas trocas comerciais globais, bem como à partilha de aquisições tecnológicas e à redistribuição de renda entre, e no interior, dos países” (Cunha, 2019, p. 18). Chegar ao modelo de negócios ideal, como qualquer decisão estratégica, exige análise e consciência de quais objetivos estratégicos a empresa realmente gostaria de alcançar. TEMA 5 – O ESTRATEGISTA Para todas as questões e análises propostas para a construção do processo estratégico de uma empresa, bem como o entendimento das tendências futuras, é necessário ter um estrategista, ou um grupo deles, que possua uma série de características muito específicas, assim como de 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/23 comportamentos e de habilidades que só um estrategista apresenta. Conforme Montgomery (2012), o estrategista é um tipo de pessoa especial, que se sente responsável por fazer a coisa certa, que investe em sua visão de negócio e que se arrisca, que se preocupa se está fazendo seu trabalho de forma correta e se sua liderança é efetiva. Figura 9 – Os riscos do estrategista Créditos: Pictrider/Shutterstock. O que se tem percebido, seja na literatura sobre estratégia, seja em situações práticas, é que o estrategista não tem um trabalho glamoroso, como a maioria das pessoas acredita que seja. Pelo contrário, é um trabalho cheio de pressão, riscos, incertezas, em que qualquer erro ou deslize pode comprometer o sucesso da organização inteira. A vida da empresa e de seus colaboradores está nas mãos de quem conduz as estratégias. Assim, conectar ambições de realização pessoal às contribuições para a manutenção e crescimento organizacional deve ser parte da rotina do estrategista. Caso estrategistas de ocasião assumam as atividades relacionadas à estratégia da empresa, estes naturalmente acabarão causando desalinhamentos e confusões (Bruhn, 2014). De acordo com Bruhn (2014), é possível observar a importância dos estrategistas nas organizações ao se perceber que ser estrategista não é um papel que se pode delegar a terceiros, já que a estratégia deve estar vinculada ao processo pessoal do estrategista e ao seu conhecimento da organização. Ele deve ser um participante ativo da vida da organização – não um consultor, um guru ou um escritor acadêmico. Pessoas externas à organização podem ser fontes complementares de informação sobre o ambiente ou sobre outras empresas e suas práticas, mas não são os estrategistas que as empresas necessitam. O estrategista necessita estar totalmente envolvido e 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/23 comprometido com a organização em que atua, ser conhecedor profundo do ambiente organizacional e das capacidades da organização. (Bruhn, 2014) Por outro lado, o papel do estrategista pode ser exercido por qualquer pessoa ou grupo de pessoas dentro da organização que detenha conhecimento suficiente para tomar decisões estratégicas. Para Bruhn (2014), essa atividade pode vir a ser exercida “por planejadores, analistas, líderes, pensadores, pessoas dispostas a aprenderem, detentores de algum poder e mesmo ser desempenhado em forma de colegiado ou coletivamente”. Mas é necessário que a pessoa, ou o grupo, detenha poder e apresente influência e legitimidade frente aos demais colaboradores da empresa para que haja aceitação nas suas tomadas de decisão. Sertek et al. (2012) oferecem uma lista de quesitos que, segundo os autores, seriam importantes que o estrategista apresente em sua atividade na empresa. Veja o Quadro 4. Quadro 4 – Quesitos para ser um estrategista Quesito Ações Bom relacionamento Flexibilidade na compreensão e no posicionamento da defesa de suas ideias. Formação adequadaTer, no mínimo, uma graduação e sempre buscar qualificação. Perfil autodidata Ter habilidade de aprender sozinho. Facilidade para aprender Descobrir como é sua forma de aprender e aprender rapidamente os novos ensinamentos impostos pelo mercado. Diversidade de conhecimento Saber fazer muitas coisas, e fazer bem. Independência financeira Para gerenciar a uma organização, é necessário saber gerenciar sua própria vida. Senso de iniciativa É necessário ter vontade e coragem para realizar as tarefas do dia a dia. Rapidez e perfeição Observar que os mercados mudam muito e não se pode perder tempo em ações improdutivas. Liderança Conquistar o respeito e a admiração das pessoas na organização. Habilidade em delegar Saber distribuir tarefas para ter mais tempo em atividades estratégicas. Controle emocional A pressão do mercado não deve ser absorvida pelo estrategista. Mentor/consultor Ter um conselheiro pode auxiliar positivamente na tomada de decisão, 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/23 particular Fonte: Elaborado com base em Sertek et al., 2012. Todas essas características dizem respeito a comportamentos esperados dessa pessoa que assumirá o importante papel de dar continuidade, de maneira eficaz, à gestão estratégica da organização. Para Montgomery (2012), o estrategista tem um “imenso potencial” e “a grande oportunidade de fazer a diferença na vida de sua empresa” e de poder conduzir a organização a se diferenciar ou não no mercado. FINALIZANDO Nesta aula você pôde compreender que vivemos um momento novo na história da nossa sociedade, que é a quarta Revolução Industrial. Esse novo momento é caracterizado pelo uso extensivo de tecnologia e de conexões. Uma nova indústria, a Indústria 4.0, e uma nova sociedade, a Sociedade 5.0, surgem com novas características e que exigem novos modelos de negócios, e novos modelos de negócios exigem novas estratégias. Uma dessas novas estratégias é a de plataforma. Você pôde observar que a partir dos últimos anos surgiram uma série de negócios pautados na ideia de conectar usuários e que se transformaram em grandes organizações, reconhecidas mundialmente. Esses negócios são baseados em plataformas digitais e necessitam do efeito de rede para crescer e se estabelecer de forma estratégica no mercado. O efeito de rede, como você pôde descobrir ao longo da aula, diz respeito ao processo de aumento de valor dessas conexões conforme há impacto positivo da inserção das pessoas na plataforma. Tais impactos devem ser monitorados pelo estrategista que conduz esse tipo de estratégia, de forma a compreender todos esses impactos e como agir frente a eles. Além disso, você também descobriu que há organizações que atuam no momento totalmente espalhadas pelo mundo, numa estratégia de contexto global. Esse tipo de atuação pode trazer uma série de vantagens competitivas, mas também pode trazer problemas à empresa que não compreende que há graduações nessa atuação e que hora ela precisa atuar de forma global hora de forma local. Há momentos, inclusive, em que é necessário desglobalizar. Todas essas decisões estratégicas devem ser tomadas de forma a minimizar os riscos e maximizar os resultados. Cabe ao estrategista da empresa agir nesse sentido. Então, você pôde compreender que o estrategista é uma 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/23 pessoa especial para a empresa e que apresenta uma série de características que o fazem ser determinante para que a empresa alcance os resultados desejados. REFERÊNCIAS APPLE. Supplier Responsibility: 2020 Progress Report. Disponível em: <https://www.apple.com/ supplier-responsibility/pdf/Apple_SR_2020_Progress_Report.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2021. BRUHN, P. O papel do estrategista: integrando gestão e estratégia. 2014. Disponível em: <http://www.inovadata.com.br/?p=177>. Acesso em: 14 jan. 2020. CUNHA, I. Da globalização à desglobalização. 2019. Disponível em: <https://www.researchgate. net/publication/333973995_Da_Globalizacao_a_Desglobalizacao>. Acesso em: 14 jan. 2020. 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Uma startup unicórnio é aquela que alcançou valor de mercado de 1 bilhão de dólares ou mais As empresas estão ranqueadas da 1° na primeira linha para a 10° na última linha do quadro. Application Programming Interface ou, traduzindo, Interface de Programação de Aplicativos Abastecimento global [1] [2] [3] [4] https://www.weforum.org/agenda/2019/01/is-your-business-model-fit-for-the-fourth-industrial-revolution/ 8/4/22, 12:13 AM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/23 Prova Objetiva - Administração Estratégica _ Passei Direto Prova Objetiva - Administração Estratégica _ Passei Direto 2 PROVA OBJETIVA - ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA + GABARITO _ Passei Direto Fichário1 aula 1 aula 2 aula 3 aula 4 aula 5 aula 6