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Unidade 1- História da construção da infancia

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Prévia do material em texto

Educação 
Infantil
Analice Oliveira Fragoso
Unidade 1
 História da 
Construção da 
Infância
Analice Oliveira Fragoso
Educação Infantil
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO
A AUTOR
Analice Oliveira Fragoso
Olá! Meu nome é Analice Oliveira Fragoso. Sou formada em 
Pedagogia, especialista em Psicopedagogia, mestre e doutora em 
Distúrbios do Desenvolvimento. Tenho experiência como professora no 
ensino superior há mais de quatro anos, tanto no curso de graduação em 
Pedagogia quanto no curso de especialização em Neuropsicopedagogia. 
Sou apaixonada por educação, por isso há mais de sete anos realizo 
pesquisas nessa área do conhecimento. É um grande privilégio transmitir 
minha experiência àqueles que estão iniciando suas profissões. Agradeço 
à Editora Telesapiens pelo convite para integrar seu elenco de autores 
independentes e estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de 
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Definindo infância ........................................................................................12
História da criança.......................................................................................17
A história da criança no Brasil ................................................................................................ 19
Construção da infância .............................................................................23
Construção da infância: uma perspectiva histórica ...............................................23
Modernidade: influências científicas .................................................................................27
História da educação de crianças de 0 a 5 anos ........................... 29
História da educação no mundo .......................................................................................... 31
Educação primitiva ...................................................................................................... 31
Educação oriental ........................................................................................................ 31
Educação na Grécia Antiga ...................................................................................34
Pensadores gregos ..................................................................................35
Educação em Roma .................................................................................................. 36
Educação na Idade Média .....................................................................................37
História da educação no Brasil ........................................................................................... 38
Estudos e teorias sobre o desenvolvimento infantil ........................................... 40
7
UNIDADE
01
Educação InfantilEducação Infantil
8
INTRODUÇÃO
A infância é um conceito muito estudado nos dias de hoje e também 
é considerada uma etapa fundamental para o desenvolvimento integral 
da criança, mas isso nem sempre foi assim.
Antigamente, a criança era conhecida como um adulto em miniatura 
e seu desenvolvimento se dava a partir do aprendizado das tarefas do dia 
a dia. Por isso, a infância era considerada um período de transição sem 
importância.
Com o passar dos anos, essa concepção foi se modificando e 
ganhando um espaço importante na educação das crianças. 
Ao longo dessa unidade, você, futuro professor, compreenderá 
que alguns marcos ao longo dessa história contribuíram para a criação 
de creches e a educação infantil e entenderá as especificidades de cada 
uma dessas etapas para o desenvolvimento da criança. Vamos lá! 
Educação InfantilEducação Infantil
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Explicar a definição da infância no curso do desenvolvimento;
2. Interpretar a história da criança e seus principais marcos;
3. Reconhecer as concepções da infância ao longo da história;
4. Identificar as influências da história da educação para crianças de 
0 a 5 anos. 
Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Educação InfantilEducação Infantil
Alberto Júnior
10
Definindo infância
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo estudaremos a definição de infância, como 
ela foi era e é considerada na história e suas fases até o 
momento atual.
A infância é compreendida como a concepção ou a representação 
que os adultos fazem sobre o período inicial da vida ou como o próprio 
período vivido pela criança (KUHLMANN, 2004).
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no 
art. 2º, “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze 
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito 
anos de idade” (BRASIL, 1990). Nos dias de hoje, não são poucos em nossa 
sociedade aqueles que gostariam de voltar à infância, passar os dias sem 
nenhuma responsabilidade, dedicando a maior parte do tempo para se 
divertir, não é mesmo?
Hoje sabemos distinguir de forma muito clara as diferentes etapas 
da vida, mas será que isso sempre foi assim?
Nós temos a tendência de naturalizar certos sentimentos que foram 
socialmente construídos ao longo da história. Um exemplo é o amor 
materno incondicional que as mães devem ter pelos seus filhos. Esse 
sentimento, assim como a infância, não é inato do ser humano. Ele foi 
construído ao longo dos séculos. 
Para iniciarmos nosso estudo sobre a infância, utilizaremos a 
classificação proposta pelo educador italiano Franco Frabboni (1990) 
em seu texto “A Escola Infantil entre a Cultura da Infância e a Ciência 
Pedagógica e Didática”. Frabboni se baseia nos estudos realizados pelo 
historiador francês Philippe Ariès, que é conhecido mundialmente como 
uma referência no estudo da infância como uma construção social. 
A primeira fase descrita por Frabboni é conhecida como infância 
negada ou criança-adulto, que tem duração até o século XV. A segunda 
é conhecida como a infância industrializada, que vai do século XVI até o 
Educação InfantilEducação Infantil
Alberto Júnior
11
século XVIII. A terceira, conhecida como a infância de direitos, teve início 
no século XIX e permanece até os dias de hoje.
Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas fases? 
Primeira fase: Conhecida como a infância negada ou criança-adul-
to (duração até o século XV). Nesse período, o historiador francês Philippe 
Ariès (1981) concluiu que a sociedade medieval desconhecia a infância. 
Tal descoberta se deu através da observação de obras de arte nas quais 
não havia a representação de crianças e, quando raramenteessa repre-
sentação acontecia, ela se assemelhava a miniadultos, conforme ilustrado 
na Figura 1.
Figura 1: Comparativo entre crianças do século XII e crianças dos dias atuais
Fonte: Wikimedia Commons/Pixabay. 
IMPORTANTE:
Algumas obras de arte na sociedade medieval ilustravam 
as crianças de mãos dadas com representações da morte 
em alusão à alta mortalidade infantil.
Com o alto índice de mortalidade infantil na época, poucas crianças 
conseguiam passar dos seis anos de idade. Aquelas que completavam 
sete anos de idade eram introduzidas no mundo adulto sem nenhum 
preparo para exercer as tarefas do dia a dia. A grande preocupação da 
Educação InfantilEducação Infantil
Alberto Júnior
Alberto Júnior
Alberto Júnior
12
sociedade medieval em ter filhos era para que esses viessem a cuidar de 
seus pais anos depois, ou seja, o pensamento já era de introduzi-los no 
mundo do trabalho (ARIÈS, 1981).
O desconhecimento em relação à infância era tão grande que até o 
amor incondicional materno, conforme citado no início deste tópico, não 
existia. Quando as mães perdiam um filho, sabiam que logo esse seria 
substituído por outro.
A infância também era negada na escola, pois, naquela época, 
a escola era reservada apenas para formação dos clérigos e não tinha 
como função a formação da criança (ARIÈS, 1981).
Nessa primeira fase, a infância não tinha características próprias. 
Por isso, as crianças eram vistas e tratadas como adultos com uma 
estatura menor. Não significa que os adultos não tinham afeto pela 
criança, mas sim que não existia a compreensão da infância como um 
estágio específico do desenvolvimento humano, diferente do adulto. 
A segunda fase, que durou aproximadamente do século XVI até o 
século XVIII, foi marcada pela Revolução Industrial e pelo surgimento da 
família moderna. Com isso, houve uma separação entre a indústria (local de 
trabalho) e a casa (onde fica a família). Essa separação levou ao fechamento 
do núcleo familiar, o que favoreceu a formação de um sentimento de afeto 
muito forte pelas crianças (cuidado, afeto) (FRABBONI, 1998).
Figura 2: Surgimento da família moderna com a Revolução Industrial
 
Fonte: Pixabay
Educação InfantilEducação Infantil
Alberto Júnior
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13
Com o surgimento da família moderna, os pais já não colocavam 
filhos no mundo apenas com o objetivo de terem mais membros da família 
trabalhando, mas sim porque tinham a convicção de que precisavam lhes 
proporcionar uma preparação para a vida. E essa preparação não poderia 
ser somente para o filho mais velho, o primogênito. De acordo com a 
nova ordem moral, todos os filhos, incluindo as filhas mulheres, deveriam 
ser preparadas para a vida. Assim, tal preparação ficou assegurada pela 
escola (ARIÈS, 1981).
IMPORTANTE:
No início, esse formato de família era constituído apenas 
em famílias de classes mais altas.
Dentro desse contexto, com a criação da escola formal, as crianças 
deixaram de aprender a vida apenas com o contato direto com os adultos 
e passaram a ser separadas de suas famílias para frequentarem a escola 
(ARIÈS, 1981). O autor define esse momento como um “enclausuramento” 
das crianças, em que elas deixam de conviver e aprender com os adultos 
(normalmente os familiares) para serem confinadas, em grande parte em 
internatos. 
Segundo Ariès (1981), foi nesse período que as ordens religiosas 
se tornaram responsáveis pelo ensino das crianças e dos jovens. Dentro 
dos internatos, os diretores e mestres possuíam uma autoridade superior, 
dispondo do dever de educar moralmente e de forma rigorosa a criança 
frágil e inocente, surgindo o conceito da disciplina dentro da escola. 
Por causa disso, as primeiras escolas mantinham uma doutrina bem 
específica e rígida. Esse sistema foi definido a partir de três características: 
a vigilância constante, a delação e a aplicação ampla dos castigos 
corporais (ARIÈS, 1981).
A diminuição da mortalidade infantil também foi decisiva nessa 
época para o fortalecimento do sentimento em torno da infância, resultado 
de melhores condições de higiene e da menor taxa de infanticídio. Assim, 
a sociedade pouco a pouco foi aderindo à nova ideia de infância. 
Educação InfantilEducação Infantil
14
A terceira fase é conhecida como infância de direitos (início no 
século XIX até os dias de hoje). Podemos iniciar refletindo sobre como a 
infância é vista hoje.
Já parou para pensar que atualmente, mesmo com todos os 
direitos reservados à infância, as crianças ainda enfrentam maus-tratos, 
abusos sexuais, miséria, exploração para o trabalho etc. Agora imagine 
antigamente, quando a infância não era reconhecida.
Também vale lembrar que os avanços que ocorreram no 
reconhecimento da infância eram nas classes mais privilegiadas 
economicamente. Será que isso mudou na sociedade atual? Apesar de 
ainda convivermos com inúmeras violações de direitos da criança, a ideia 
de criança como um sujeito que necessitava de cuidados específicos, 
construída no decorrer da história, abriu caminhos para futuras políticas 
implantadas no decorrer do século XX. 
Essa nova fase é marcada pelas novas ciências, a Psicologia, a 
Pedagogia e a Psicanálise. Essas ciências modernas mostraram ao longo 
de suas pesquisas que a qualidade da infância — e não apenas a sua 
existência — é essencial para o desenvolvimento humano. E foram esses 
saberes históricos que marcaram as concepções de infância na atualidade.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre o assunto leia o artigo “Concepções 
de infância ao longo da história”, de Mariane Rocha Niehues 
e Marli de Oliveira Costa, disponível em: 
https://bit.ly/3bSDFkg. 
RESUMINDO:
Vimos ao longo deste tópico a construção do conceito 
de infância como uma construção social, criada pela 
modernidade, tendo sofrido influências dos períodos 
históricos que contribuíram para os grandes avanços 
científicos e políticos que conhecemos hoje.
Educação InfantilEducação Infantil
https://bit.ly/3bSDFkg
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História da criança
INTRODUÇÃO:
De acordo com o que estudamos no tópico anterior, 
pudemos constatar que as crianças eram vistas como 
adultos em miniatura, não havendo diferenciação entre os 
diferentes estágios do desenvolvimento. Assim, as crianças 
realizavam as mesmas atividades sociais que os adultos: 
trabalhavam, casavam-se, iam para as guerras, vestiam-se 
da mesma maneira. A única coisa que as diferenciava dos 
adultos era a menor estatura (ARIÈS, 1981). Neste capítulo, 
nos aprofundaremos na história da criança, quais foram as 
mudanças que ocorreram até a modernidade.
A palavra “criança” só foi aparecer nos dicionários no início do século XIX.
Durante a Idade Média era comum encontrar crianças nas 
plantações, nas pescas e caças, auxiliando em tarefas que traziam 
sustento para a família. Como já mencionamos anteriormente, nessa 
época não havia a necessidade de escolas, pois o único contato que as 
crianças tinham com o aprendizado era aprender as tarefas do cotidiano, 
ou seja, a figura de criança sempre existiu, só não havia o reconhecimento 
de suas peculiaridades (ÁRIES, 1981).
REFLITA:
Já parou para pensar como seria passar a vida sem 
desfrutar dos prazeres de ser criança? E o que a ausência 
de diferenciação entre as idades poderia causar? 
Devemos lembrar que foi somente a partir do século XV que 
pequenas mudanças começaram a acontecer. Parte da sociedade 
começou a perceber peculiaridades nas crianças, então se passou a 
confeccionar vestimentas adequadas para diferenciá-las dos adultos. 
Inicia-se, assim, uma nova relação entre crianças e adultos por meio de 
uma convivência mais saudável (ARIÈS, 1978).
Educação InfantilEducação Infantil
Alberto Júnior
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Com essa forma de diferenciar as crianças dos adultos, a criança 
passou a ser vista como ingênua, meiga, engraçada e gentil. Por isso, os 
adultos começaram a observá-las tendo esse momento comodistração 
e relaxamento (ARIÈS, 1978). Esse novo sentimento ficou conhecido como 
“paparicação”.
Figura 3: Crianças brincando
Fonte: Wikimedia Commons
De acordo com Ariès (1978), os adultos brincavam com a criança 
como se elas fossem um macaquinho, algo que servia para entreter e 
passar o tempo. Por exemplo, o adulto inicia uma contagem, dezoito, 
dezenove... e a criança completa... “dezedez”. Então os adultos, diante da 
resposta da criança, caem na gargalhada, beijando-as e acariciando-as 
como se elas tivessem dito algo correto. 
Mesmo com esse novo sentimento em relação às crianças, não 
eram todas as pessoas que o tinham. Alguns criticavam quem valorizava 
essa diferença entre crianças e adultos, até então desconhecida pela 
grande maioria das pessoas. 
Como já mencionamos, esse sentimento relacionado à criança 
foi historicamente construído de acordo com os acontecimentos 
sociais, históricos, econômicos, culturais e políticos. 
Educação InfantilEducação Infantil
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A história da criança no Brasil
Até então falamos da construção social da infância e da compreensão 
de criança, desde uma perspectiva europeia, baseada nos estudos do 
historiador francês Philippe Ariès. Agora vamos abordar brevemente a 
história das crianças brasileiras.
A história da criança no Brasil foi de grandes dificuldades e com 
inúmeras tragédias. Não foi muito diferente da criança descrita por Ariès. 
No entanto, quando pensamos na história da criança brasileira, temos que 
considerar de que criança estamos falando. Não é possível compreender 
as infâncias vividas pelas crianças brasileiras descontextualizas dos seus 
contextos sociais, políticos e econômicos. Isso nos possibilita compreender 
as diferenças culturais entre as crianças indígenas, africanas filhas de 
pais escravizados, filhas dos colonos europeus ou mesmo aquelas cujos 
pais eram abastados. Não há dúvidas de que essas crianças viviam suas 
infâncias de maneira bastante diferente. 
No Brasil colônia, era comum a prática do abandono de recém-
nascidos, principalmente das crianças que viviam em situação de pobreza. 
Essa prática foi introduzida pelos portugueses (DEL PRIORI, 2006). Essas 
crianças, conhecidas como “enjeitadas”, comumente eram filhas de 
mulheres indígenas ou africanas que foram abusadas sexualmente; ou 
crianças órfãs, filhas de mulheres e homens escravizados. 
As crianças que nasciam em cativeiro também pertenciam aos 
senhores, tais como seus pais. Assim, se conseguissem sobreviver, 
poderiam ficar com suas mães ou serem vendidas pelo senhor dos 
escravos. 
Desde a perspectiva da historiadora e professora Mary Del Priore, 
que aborda essa temática, principalmente no livro A história das crianças 
no Brasil, até mais ou menos o século XVIII, as crianças que conseguiam 
sobreviver eram designadas pelos adultos com termos como “meúdos” 
ou “ingênuos” (DEL PRIORI, 2006). Esse conceito foi introduzido porque 
acreditava-se que as crianças até sete anos não sabiam diferenciar o bem 
e o mal. 
Educação InfantilEducação Infantil
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No início do século XIX, com a chegada da família real portuguesa ao 
Brasil, era o calendário religioso que regia grande parte das atividades. As 
crianças que completavam sete anos de idade participavam da primeira 
comunhão, ingressando oficialmente no catolicismo (DEL PRIORI, 2006). 
No Brasil colônia, a maioria das crianças indígenas estava sob os cuidados 
dos padres da Companhia de Jesus, responsáveis pela catequese e 
educação. Esse conceito veio da representação que os Jesuítas tinham 
de criança santa, pois as viam como puras e consideravam essa fase 
a oportunidade de ensiná-las antes que fossem contaminadas com os 
maus costumes dos adultos (DEL PRIORI, 2006).
Esse ingresso no mundo religioso permitia o exercício de atividades 
sociais na igreja em que a criança era inserida. Mas assim que a criança 
ganhava a possibilidade de diferenciar o certo do errado ingressando no 
mundo religioso, ela também era inserida no mundo do trabalho. 
Não podemos falar de infância brasileira, mas de diferentes infâncias. 
Isso dependia da classe social que a criança fazia parte. Se pertencia à 
família de elite, tinha sua identidade reconhecida, recebendo educação e 
usufruindo de momentos de brincadeira. É notório que as diferenças sociais, 
de raça, de credo e de gênero sempre sustentaram diferentes tratamentos 
voltados à primeira infância no Brasil. E até hoje essas diferenças marcam 
as diversas formas das crianças viverem suas infâncias. 
Figura 4: Diversidade social
Fonte: Pixabay
Educação InfantilEducação Infantil
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Agora vamos entender um pouco as diferenças entre as crianças de 
elite, as escravizadas e as indígenas. 
Durante o Império, os professores estrangeiros que vinham ao Brasil 
com o objetivo de ensinar as crianças de elite reclamavam dos maus 
costumes que tinham as crianças brasileiras e as viam como endiabradas. 
Essa visão mostra uma clara incompreensão em relação aos diferentes 
hábitos e costumes entre as diferentes civilizações (DEL PRIORI, 2006).
Vamos entender o porquê. Apesar de as crianças de elite 
pertencerem ao mundo da infância, tendo acesso à educação e à 
brincadeira, suas vestimentas não eram compatíveis com essa realidade. 
O modelo de roupa usado nas crianças de elite era baseado em roupas 
europeias, ou seja, feito de tecidos muito quentes, considerados 
inadequados para o clima tropical do Brasil (DEL PRIORI, 2006). Diante do 
calor e das vestimentas desconfortáveis, as crianças ficavam impacientes, 
não suportando o calor. Assim, logo se desmazelavam durante as 
brincadeiras, explicando a indisciplina das crianças brasileiras vista pelos 
estrangeiros.
Até o período de amamentação, considerado um estreito laço de 
afetividade entre mães e filhos, era uma tarefa atribuída às “amas de leite”. 
O número de mortalidade infantil era menor entre as crianças de 
elite, pois devido ao avanço da medicina, essas tinham acesso a vacinas 
contra doenças consideradas letais (DEL PRIORI, 2006).
Vimos até aqui como viviam as crianças de elite no Brasil. Será que 
as crianças escravizadas viviam a mesma realidade? 
Primeiramente, é importante entender que durante o período 
colonial, os estrangeiros imigrantes valorizavam mais as pessoas 
escravizadas nascidas no Brasil do que as que haviam nascido no 
continente Africano, pois eram consideradas mais dóceis e menos 
propensas a fugas (DEL PRIORI, 2006). 
Com isso, o nascimento de escravos no Brasil era estimulado, 
considerando as crianças como mercadorias. Então, assim que nasciam, 
eram logo separadas de suas mães para serem vendidas. As mães eram 
alugadas como “amas de leite para amamentar as crianças de elite” (DEL 
PRIORI, 2006). 
Educação InfantilEducação Infantil
Alberto Júnior
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Além disso, essas crianças, diferentemente das crianças de elite, 
não tinham acesso à educação, tampouco a brincadeiras, pois desde cedo 
eram imersas no mundo do trabalho, sendo sujeitadas a muitas privações. 
O número de mortalidade entre as crianças escravizadas também 
era maior, considerando a privação que tinham em relação às condições 
de saúde e higiene.
No Brasil Colônia e parte do Período Imperial, o número de crianças 
abandonadas era muito grande e isso acontecia por diversas razões, 
dentre elas podemos citar a falta de recursos financeiros, filhos fora do 
casamento, mulheres escravizadas que sofriam abusos e engravidavam 
de seus donos, que as obrigavam a abandonar os filhos, entre outros. 
Somente em 1871 que foi promulgada a Lei do Ventre Livre, 
também conhecida como Lei Rio Branco, que determinava que os filhos 
de mulheres escravizadas nascidos a partir desta data ficariam livres. A 
promulgação dessa Lei veio atender à exigência dos ingleses, tendo em 
vista os grandes investimentos que eles fizeram em território brasileiro. 
Não foipor razões humanitárias. 
Será que essa realidade se refere apenas à sociedade de 
antigamente? Reflita sobre a questão do abandono de crianças no 
início do século XIX e esse fato nos dias de hoje. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre o assunto, assista à entrevista com 
Mary Del Priori, professora e doutora em História pela USP, 
falando sobre a criança e as concepções de infância no 
decorrer da história. Disponível em: https://bit.ly/3rOjYiZ.
RESUMINDO:
No Brasil, a história da criança é marcada por muitas 
dificuldades e privações. Podemos ver isso nos maus-tratos, 
abusos sexuais, mortalidade infantil, miséria, fome, crianças 
abandonadas, entre outras situações que as colocam em 
posições desfavoráveis por sua fragilidade.
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https://bit.ly/3rOjYiZ
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Construção da infância
INTRODUÇÃO:
Neste momento, vocês já perceberam em nossos estudos 
as mudanças que ocorreram ao longo dos séculos. 
Atualmente, a criança é compreendida como um sujeito de 
direitos. No Brasil, existe um conjunto de leis que designa 
o Estado, a família e a sociedade como responsáveis por 
assegurar a prioridade absoluta e a garantia de todos os 
direitos fundamentais à vida, à educação, à dignidade 
e à convivência familiar e comunitária da criança e do 
adolescente (BRASIL, 2010), porém nem sempre foi 
assim. Antigamente até existia a nomenclatura “infância”, 
mas as crianças não eram entendidas como sujeitos em 
desenvolvimento, com certas especificidades relacionadas 
à sua faixa etária. 
No entanto, antes de alcançarmos tais descobertas do desenvolvi-
mento infantil e a construção da infância atual, as crianças passaram por 
outros contextos históricos e são eles que vamos estudar agora. Vamos lá?
Construção da infância: uma perspectiva 
histórica
Hoje, um bebê ao nascer já sai da maternidade com registro em 
cartório, com nome e sobrenome, bem como data e horário precisos de 
nascimento. Dos primeiros meses de sua vida até completar um ano, a 
família geralmente acompanha mês a mês, estimula e comemora cada 
conquista. 
No momento em que a criança começa a falar, é muito comum 
ensiná-la a dizer algumas palavras, como o seu nome, “mamá”, “papá” 
e até mesmo quantos anos ela tem. Ao fazer essas perguntas e ver a 
criança respondendo corretamente, sentimentos como o orgulho e a 
felicidade tomam conta dos familiares. Com isso, eles logo buscam novos 
ensinamentos e assim segue durante toda a infância, adolescência, fase 
Educação InfantilEducação Infantil
22
adulta — por toda a vida. Não paramos de aprender e sempre estamos 
nos adaptando a novos lugares, rotinas, regras para viver e conviver em 
sociedade (ARIÈS, 1981).
Contudo, na Idade Média não se tinha uma precisão da idade. Ela 
podia ser contada com dois anos a mais ou a menos e, em alguns casos, 
a data e o lugar do nascimento eram escritos em retratos. Com o tempo, 
os retratos foram datados e se tornaram documentos da história familiar 
(ARIÈS, 1981).
EXEMPLO: A obra dos Van Gindertaelen, concedida por Pourbus, 
mostra um casal com seus dois filhinhos brincando, datada de 1559.
No século XVI, as crianças poderiam até saber sua idade, porém 
as boas maneiras na época as ensinavam a ser reservadas e não falar 
claramente (ARIÈS, 1981, p. 33). 
Figura 5: A família registrada através das pinturas
Fonte: Pixabay
A partir daí, surgiu o termo “idades da vida”, expressão que ocupava 
um importante lugar nos documentos pseudocientíficos da Idade Média. 
Os autores da época nomeavam a divisão dessas idades como: infância 
e puerilidade, seguida por juventude e adolescência, velhice e senilidade 
(ARIÈS, 1981). 
Educação InfantilEducação Infantil
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DEFINIÇÃO:
Puerilidade (imaturidade, ingenuidade) e senilidade 
(caduquice, idade avançada, loucura).
Os textos mais antigos da Idade Média relatam que as idades 
representam os planetas, contadas de 7 em 7: primeiro a infância (0-7 
anos). Essa fase era caracterizada por pessoas que não sabiam falar, ou 
seja, não se expressavam verbalmente nem conheciam bem as palavras. 
Após a infância, vinha a segunda idade (7-14 anos), que era seguida 
da terceira idade, chamada de adolescência, que iniciava aos 14 e 
terminava aos 21 anos, etapas não muito valorizadas por toda a sociedades 
(ARIÈS, 1981); a valorização se iniciava a partir dos 21 e se estendia até os 
45 anos (quarta idade). 
Temos a quinta idade entre os 45 e 59 anos (não tão velha, mas 
já passada a juventude) e, por fim, a idade da velhice até a morte, 
compreendida dos 60 anos em diante.
No século XVIII, surgiu uma nova maneira de representar a idade. 
Em primeiro lugar, estava a idade dos brinquedos, caracterizada por 
brincadeiras com bonecas, cavalos de pau e moinhos ou pássaros 
amarrados. Em segundo, a idade da escola, onde os meninos carregavam 
livros e estojos e aprendiam a ler enquanto as meninas aprendiam a tecer. 
Em terceiro, as idades do amor e do esporte, as quais eram voltadas à 
cavalaria e à corte, como o passeio dos moços e das moças e as festas. 
Em quarto, as idades da guerra. Por último, as idades sedentárias, 
caracterizadas pelos homens de lei, os estudos e a ciência (ARIÈS, 1981).
Mesmo com todas essas fases da vida, os adultos demoraram 
para perceber a criança ao longo dos séculos. Como sabemos, a criança 
necessita de cuidados básicos, principalmente nos primeiros anos de vida. 
Era exatamente quando a criança não precisava mais desses cuidados 
vindos de sua mãe e sua ama que ela se tornava adulta. Não existia afeto 
na relação da criança com seus pais (ARIÈS, 1981). 
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Durante o século XVIII, com a influência do catolicismo, a infância 
começa a ser notada pelos adultos e novas práticas são aplicadas: 
cuidados de higiene, melhor alimentação, vacina para prevenir doenças, 
comportamento voltado para boas maneiras, linguagem e histórias 
adequadas com o contexto infantil. Tudo isso se enquadrou na ideia de 
“inocência infantil” (ARIÉS, 1981). De acordo com o autor, a Igreja Católica 
começou a acusar quem matasse crianças para praticar bruxaria. A 
difusão desses novos pensamentos potencializou o surgimento de novos 
modelos familiares, que ressaltavam a importância dos laços de sangue. 
Assim, a criança começou a ocupar um novo lugar dentro das famílias. 
Ela era mediadora do céu e da terra e era através dela que as falas de 
sabedoria vinham à tona. Foi nesse cenário que o sentimento de infância 
emergiu.
No entanto, essas transformações não ocorreram de forma 
homogênea. As mudanças se deram, principalmente, nas classes 
mais abastadas, portanto nem todas as crianças tiveram suas infâncias 
reconhecidas. As que pertenciam às classes populares continuavam a 
ser escravizadas como mão de obra infantil nas indústrias têxteis (ARIÈS, 
1981). 
Figura 6: Trabalho infantil
Fonte: Pixabay
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SAIBA MAIS:
O Canal Educação Física disponibilizou uma videoaula 
acerca da “Infância e Adolescência: Evolução do olhar sobre 
a criança”. Assista agora: https://bit.ly/3rXhNJS.
Modernidade: influências científicas
O avanço científico teve grande influência na compreensão que 
hoje temos da infância como um estágio específico do desenvolvimento 
humano. Atualmente, pais e professores têm um novo olhar para a criança 
e para o seu desenvolvimento, respeitando as necessidades específicas 
de cada faixa etária. 
Muitos estudos do desenvolvimento aconteceram durante a Se-
gunda Guerra Mundial, aspectos como o tempo e o lugar influenciaram a 
vida das pessoas e consequentemente a educação e o desenvolvimento 
infantil. Percebe-se, assim, que o desenvolvimento pode sofrer influên-
cias de diversas ordens: hereditária, ambiental, maturação, familiar, condi-
ção socioeconômica, cultural e étnica (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Além disso, quando pensamos no desenvolvimento infantil, é preciso 
buscarentender os diversos aspectos que envolvem aquela criança: 
físico, cognitivo e psicossocial. Todos esses aspectos estão interligados e 
um influencia o outro. A seguir, vamos descrever de forma suscinta cada 
um desses aspectos. É importante frisar que o desenvolvimento infantil 
ocorre de forma integral. Não existem avanços no desenvolvimento da 
criança que ocorram de forma isolada. A criança é um ser integral. 
Iniciamos pelo desenvolvimento físico, que se refere ao crescimento 
do cérebro e do corpo, das habilidades motoras e sensoriais e da saúde. 
Quaisquer alterações em algumas dessas questões podem impactar os 
outros aspectos do desenvolvimento, por exemplo, uma criança com 
recorrentes infecções no ouvido pode vir a desenvolver a linguagem mais 
devagar do que as outras crianças com a mesma faixa etária (PAPALIA; 
OLDS; FELDMAN, 2006).
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https://bit.ly/3rXhNJS
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O desenvolvimento cognitivo envolve as habilidades de 
aprendizagem, memória, linguagem, atenção, criatividade, pensamento, 
funções executivas e julgamento moral, todas relacionadas ao 
físico e emocional. Por exemplo, a habilidade para falar decorre do 
desenvolvimento físico da boca e do cérebro. A criança que apresentar 
alguma dificuldade de se expressar com palavras o que sente pode 
apresentar prejuízos para si mesma e nas relações com outras crianças 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
O desenvolvimento psicossocial envolve as mudanças e também 
a estabilidade de comportamentos e personalidade — para si e para as 
relações sociais. Por exemplo, a entrada na escola ou a mudança de 
professora de um ano para o outro. O apoio dos envolvidos pode ajudar 
a criança a lidar com os diferentes sentimentos, buscando melhoria para 
a saúde física e mental (emocional) (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Quando falamos de desenvolvimento, não podemos nos esquecer 
da aprendizagem, pois ela sustenta esse processo. Os estudiosos 
da aprendizagem, também conhecidos como teóricos, enxergam o 
desenvolvimento como algo constante. Eles contribuíram para que o 
estudo do desenvolvimento humano pudesse se transformar em ciência 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
RESUMINDO:
Neste tópico, estudamos brevemente a construção da 
infância e a demora para que essa fase da vida fosse 
valorizada na sociedade. No próximo tópico, vamos estudar 
um pouco sobre a história da educação nas crianças de 0 
a 5 anos e algumas abordagens teóricas que influenciaram 
esse período.
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História da educação de crianças de 0 a 
5 anos
INTRODUÇÃO:
Como você percebeu em nossos estudos até o momento, 
a concepção que temos de criança sofreu grandes 
transformações no decorrer da história. Ao mesmo tempo 
que o temo infância era nomeado durante a Idade Média, a 
criança não ocupava um lugar na história. Os adultos nem 
sempre valorizaram a infância da forma como entendemos 
na atualidade. 
Antigamente, a criança e o adolescente passaram por ensinamentos 
e formações, porém como se davam esses processos? Existia alguma 
orientação direcionada a cada faixa etária? E durante a primeira infância?
Neste tópico, tentaremos responder essas perguntas. Inicialmente, 
faremos um breve percurso na história da educação, no mundo e no 
Brasil. Depois, seguiremos com as contribuições dos principais teóricos 
da aprendizagem e suas ideias (ou teorias). 
Antes de iniciarmos, vamos pensar no significado de educação? Pode-
se dizer que a educação é a capacidade do indivíduo de aprender novos 
conhecimentos, influenciando, assim, o seu comportamento. Esse processo 
pode ser individual, através de vivências e descobertas, e por ensinamentos 
de um indivíduo para o outro, sendo muito importante na luta do homem 
para a conservação da vida humana (COTRIM; PARISI, 1979).
De acordo com o Dicionário Aurélio (online), educação define-
se como: 1. Ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades 
intelectuais e morais de alguém: educação formal; educação infantil. 
2. Processo em que uma habilidade se desenvolve através de seu 
exercício contínuo. 3. Capacitação e/ou formação das novas gerações 
de acordo com os ideais culturais de cada povo. 4. Didática; reunião 
dos métodos e teorias através das quais algo é ensinado ou aprendido; 
relacionado com pedagogia: teoria da educação. 5. Formação de hábitos 
Educação InfantilEducação Infantil
28
e comportamentos que incentivem o desenvolvimento corporal e mental, 
através de exercícios sistemáticos, jogos ou esportes. 
Em algum momento você já pensou algo do tipo: “para que eu apren-
do?” ou “o que eu devo aprender?”. Esses questionamentos acontecem des-
de a antiguidade e as respostas dadas pelos educadores variam conforme os 
pensamentos da época. Assim, existe um consentimento de que a educação 
tem objetivos e finalidades, porém há divergências de opiniões para defini-los.
Veremos que, ao longo da história, são variadas as finalidades para a 
educação. Na época primitiva, a educação era baseada em sobrevivência 
e acontecia desde a infância, por meio da imitação. Na Grécia Antiga, 
enquanto Atenas direcionava a formação com base na razão, filosofia, artes 
e ciências, Esparta preparava suas crianças para a vida militar, estimulando 
desde cedo o preparo físico. Em Roma, a finalidade era incluir o sujeito na 
vida social. Na Idade Média, a educação era fundamentada na religião. 
Com o Renascimento, novos caminhos se abriram para uma educação, 
através das construções científicas. Com isso, os educadores passaram 
a estudar o desenvolvimento humano e defenderam, com o passar do 
tempo, a importância de a criança ter equilíbrio em seu crescimento em 
cada fase da vida. Vale ressaltar que os objetivos da educação foram 
impactados pelas questões econômicas, sociais e políticas de cada época 
(COTRIM; PARISI, 1979). 
Figura 7: Criança na guerra
Fonte: Pixabay
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A história das nossas crianças pode nos proporcionar conhecimentos e 
reflexões para assim buscarmos novos caminhos para o futuro. 
História da educação no mundo
Educação primitiva
Na sociedade primitiva não existiam escolas ou métodos de 
educação. Os primitivos utilizavam uma educação prática, ou seja, a criança 
aprendia e construía o conhecimento através da imitação para adquirir 
as necessidades básicas: vestimentas, abrigo e alimentação. Durante os 
primeiros anos de vida, era considerada uma imitação “inconsciente”. 
Através de brincadeiras, por exemplo, para aprender a equilibrar-
se e um dia conseguir remar uma canoa, as crianças brincavam com 
pequenas toras de madeira na água. As meninas brincavam de fazer 
peças de barro e cozinhar. Em seguida vinha a imitação “consciente”, 
que era voltada para meninos e meninas e exigia deles o trabalho de 
fato. Depois, a educação teórica, que compreendia danças, práticas de 
feitiçaria e cerimônias religiosas (MONROE, 1988).
Educação oriental
A educação oriental, composta de povos hindus, egípcios, hebreus 
e chineses, detinha um conhecimento mais complexo de linguagem. 
Por conta disso, a China possuía seu método de educação chinesa: nos 
primeiros anos, as crianças iam para a escola treinar a memória e suas 
lições se baseavam em decorar, decorar e decorar (MONROE, 1988). 
Em um tempo anterior a esse método, a educação chinesa se 
preocupava em manter os aspectos morais da sociedade e as boas 
relações. Formava seus discípulos cedo com prática das virtudes: equilíbrio, 
tolerância e moderação. Seus ancestrais tinham forte influência, pois eram 
os modelos a serem seguidos para as próximas gerações, tanto que era 
muito comum consultar o passado para tomar futuras decisões. Outro 
objetivo em sua educação, desde a infância, era capacitar os indivíduos 
Educação InfantilEducação Infantil
30
para auxiliar o imperador. Assim, quando adulto, quem alcançava os altos 
cargos era conhecido como mandarim (COTRIM; PARISI,1979). 
A China também passou por algumas influências filosóficas e 
religiosa em sua educação:
 • Budismo: com o objetivo de libertar o homem do sofrimento, 
Buda desenvolveu As quatro nobres verdades e o nobre caminho 
das oitos etapas. A primeira refere-se às causas do sofrimento 
do homem; a segunda, aos caminhos para se seguir e se libertar 
desse sofrimento;
Figura 8: Budismo
Fonte: Pixabay
 • Confúcio: precursor do Confucionismo, acreditava que para 
adquirir virtudes básicas para uma boa educação era necessário 
mantê-las por toda a vida, desde a infância: respeitar seus pais, 
venerar seus antepassados, ser humilde e dominar as paixões. 
Com essa base, seria possível alcançar o respeito às leis na 
sociedade e da natureza;
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Figura 9: Confúcio
Fonte: Pixabay
 • Taoismo: desenvolvido por Lao-Tsé, acreditava em sabedorias 
para o equilíbrio e a harmonia do universo. Essas sabedorias não 
eram encontradas nas escolas, pois eram fruto de uma busca 
interior (COTRIM; PARISI, 1979).
Figura 10: Taoismo
Fonte: Pixabay
Na Índia, a educação era baseada na posição social dividida em 
4 castas: brâmanes (sacerdotes), xátrias (nobres guerreiros e militares), 
vaixás (agricultores e comerciantes) e sudras (camponeses e operários). A 
criança pertencia a uma casta desde o nascimento até a morte. De acordo 
Educação InfantilEducação Infantil
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com a casta, seguia as atividades religiosas e profissionais (COTRIM; 
PARISI, 1979).
Casta significa qualquer grupo social ou sistema rígido de 
estratificação social, de caráter hereditário.
Para os sudras, a educação era voltada às atividades domésticas 
e agrícolas. A educação essencial dos vaixás e dos xátrias era dada 
pela família desde a infância, até atingirem o mesmo papel social de 
seus pais. Eles até poderiam estudar nas escolas dos brâmanes, porém 
os ensinamentos eram limitados nas cerimônias religiosas e nos textos 
sagrados. A educação humanista superior pertencia aos brâmanes a 
partir de textos clássicos da literatura hindu. Nessa casta, a criança era 
direcionada a um mestre da mesma castra aos 8 anos (COTRIM; PARISI, 
1979).
Educação na Grécia Antiga
A história da educação na Grécia Antiga se dividiu em três períodos: 
homérico, cívico e helenístico.
O período homérico, descrito por Homero nos famosos poemas 
épicos, Ilíada e Odisseia, era formado por aristocratas que comandavam 
o Estado e a massa do povo com os trabalhos inferiores. A educação se 
baseava em formar guerreiros. Desde cedo, os ensinamentos eram feitos 
nos palácios voltados para o preparo físico através da prática de exercícios 
e esportes. Já a educação da mulher era voltada para as práticas do lar 
(COTRIM; PARISI, 1979).
O período cívico é conhecido pelas cidades-Estados gregas mais 
famosas: Esparta e Atenas (COTRIM, PARISI; 1979).
Na educação espartana, o homem enxergava seu corpo como 
a principal arma para a guerra. Por esse motivo, as crianças que não 
nascessem saudáveis eram sacrificadas. A partir de uma política 
aristocrática, as crianças seguiam um treino de direção geral de educação 
e permaneciam sob cuidados de suas mães até os 7 anos. Depois, eram 
encaminhadas para organizações, passando por vários estágios até os 30 
Educação InfantilEducação Infantil
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anos, sendo preparadas para a guerra (COTRIM; PARISI, 1979) (MONROE, 
1988). 
Em Atenas, a educação tinha como princípio o desenvolvimento 
intelectual. No decorrer dos primeiros anos de vida, os meninos pertenciam 
a uma educação familiar e recebiam os primeiros ensinamentos. Eram 
praticados jogos na rua e no campo. Como os primitivos, a educação 
também era de forma inconsciente. Suas mães eram responsáveis pelos 
treinos físicos e morais. Por volta dos 7 anos de idade, esses meninos 
pertencentes às famílias gregas livres iniciavam a vida escolar. Já as 
famílias economicamente incapazes permaneciam até os 8 ou 9 anos. 
As meninas eram desde cedo educadas para os deveres domésticos por 
suas mães (COTRIM; PARISI, 1979) (MONROE, 1988). 
Nessa época, as crianças ficavam sob a responsabilidade de um 
pedagogo, para cuidados gerais e zelo moral até os 16 anos.
No período helenístico, comandado por Alexandre, as escolas 
públicas com uma educação voltada mais para o intelectual (escrita, leitura 
e cálculo) do que para o físico tiveram início. O aluno ingressava aos 7 anos 
no ensino primário, seguido pelo ensino secundário e pela universidade 
(COTRIM; PARISI, 1979).
Pensadores gregos
Conhecido pela sua máxima “Só sei que nada sei”, Sócrates 
acreditava que uma boa virtude deveria vir de pensamentos treinados 
por exercícios movidos pela disciplina mental. A frase “Conhece-te a ti 
mesmo” era a base da sua filosofia, sendo esse o ponto de partida para o 
autoconhecimento. Seus ensinamentos aconteciam em praça pública em 
duas fases: a ironia e a maiêutica (COTRIM, PARISI; 1979). 
Discípulo de Sócrates, Platão, era famoso pela Teoria das Ideias e o 
Mito da Caverna. Para ele, a educação era de extrema importância para a 
reestruturação da sociedade e os filósofos deveriam influenciar o governo 
com base na sabedoria e na justiça. Do seu ponto de vista, sociedade ideal 
era dividida em três classes: filosófica, militar e trabalhadora (COTRIM; 
PARISI, 1979).
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34
Para o desenvolvimento educacional, dividiu as fases de 
aprendizagem da seguinte forma:
1ª fase (0-3 anos): a educação acontecia no lar, junto aos pais, 
para seguir seus exemplos. Nessa fase, era muito importante ensinar a 
criança a lidar com o medo que iria encontrar durante os desafios da vida, 
incentivando-a a ser corajosa e independente;
2ª fase (3-6 anos): a criança era ensinada por seus educadores a 
partir dos grandes nomes da mitologia grega, por meio das histórias e 
leituras. As boas atitudes deveriam ser recompensadas, enquanto as más 
atitudes eram castigadas;
3ª fase (6-13 anos): os meninos eram separados das meninas e 
iniciavam os estudos de matemática, religião, letras e música;
4ª fase (13-16 anos): todos seguiam as mesmas matérias, porém 
com um nível de dificuldade maior, com ênfase em matemática e música;
5ª fase (16-20 anos): acontecia o preparo físico e o treinamento 
militar;
6ª fase (20-30 anos): educação superior para filosofia e ciências 
(COTRIM; PARISI, 1979).
O projeto educacional de Platão está descrito em sua obra: 
República de Platão.
Educação em Roma
Roma recebeu uma herança grega das bases educacionais que 
foram adaptadas para a sociedade. Dois grandes períodos da educação 
se formaram.
Primeiro período: uma educação voltada somente para o lar. 
Do nascimento até os 7 anos, os meninos e as meninas ficavam sob 
os cuidados de suas mães. A partir de 7 anos, enquanto as meninas 
continuam aos cuidados das mães para os ensinamentos domésticos, os 
meninos passam a acompanhar seus pais no trabalho, para desde cedo 
se prepararem para aprender as atividades profissionais. Aos 17 anos, o 
jovem pode escolher a carreira a seguir: militar, política, comercial ou 
Educação InfantilEducação Infantil
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agrícola. É importante aqui dizer que esse padrão era seguido pela classe 
dominante, enquanto a classe econômica não tinha instruções e era 
explorada. 
Segundo período: com a influência da cultura helênica, perde-se 
a educação familiar e surgem novas escolas particulares com três níveis 
de ensino: escola do literato, escola do gramático e escola do retórico 
(COTRIM; PARISI, 1979).
Roma também teve um nome importante para a educação: Marco 
Fábio Quintiliano. Suas principais ideias consistiam em:
 • O professor deveria respeitar e se adequar ao perfil do aluno;
 • Era contra o castigo físico;
 • Os estudos deviam ter pausas para pequenos “descansos”.
Para Quintiliano, o desenvolvimento educacional era composto por três 
fases:
1ª fase - acontece na primeira infância. Os ensinamentos aconteciam 
noambiente familiar. Com seus pais, a criança deve iniciar seus estudos na 
leitura, escrita e aritmética. Depois, os pais direcionavam os ensinamentos 
das línguas latina e grega para um gramático;
2ª fase - a criança é direcionada a uma escola aos cuidados do 
mestre, que tem como objetivo identificar a personalidade do aluno, para, 
assim, adaptar as necessidades ao seu método de ensino. As matérias de 
geometria, oratória, música e literatura são estudadas;
3ª fase - educação de nível superior, chamada de Escola da 
Retórica, era direcionada somente aos melhores alunos (COTRIM; PARISI, 
1979).
Educação na Idade Média
Na Idade Média, alguns movimentos impactaram a educação: o 
Renascimento provocou mudanças em todos os pensamentos e na prática 
educativa; a reforma com mudanças sociais, políticas e principalmente 
religiosas; e a contrarreforma, como o próprio nome diz, surgiu contra o 
Educação InfantilEducação Infantil
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último movimento, visando uma educação com congregações de ensino, 
entre elas a Companhia de Jesus. Durante a reforma e a contrarreforma, 
surgiram grandes educadores, como João Calvino, Martinho Lutero e 
Filipe Melanchthon (MONROE, 1988).
A Companhia de Jesus foi o principal movimento, com o objetivo de 
pregação, ensino e confissão para educar futuros membros e juventude e 
resolver os problemas educativos. Houve toda uma organização baseada 
em formação dos professores, das matérias de estudo e dos métodos de 
ensino. Repercutiu, assim, por toda a Europa, com mais de 200 escolas, 
até chegar ao Brasil (MONROE, 1988).
História da educação no Brasil 
Quando a Companhia de Jesus chegou ao Brasil, em 1549, na Vila 
de Pereira, os padres jesuítas tinham como principal preocupação o 
ensino das crianças. Eles desejavam formá-las em “letras e virtudes”, para 
que futuramente multiplicassem, no lugar onde vivessem, os valores da 
companhia. Havia na época muitos colégios na Europa regidos por essa 
companhia, onde era possível comprovar a sua importância na educação 
de crianças e adolescentes (DEL PRIORI, 2006).
Mesmo com toda essa influência, a Companhia de Jesus 
permanecia em constante discussão das matérias e principais diretrizes 
para a educação. Tudo isso foi muito importante para a relação que os 
religiosos determinaram com os portugueses, os índios e as próprias 
crianças durante o século XVI. (DEL PRIORI, 2006).
Nesse período, a infância estava sendo descoberta a partir dos 
resultados das relações vistas entre o sujeito e o grupo, o que ocasionou 
novas formas de afetividade, “sentimento da infância” e problemas de 
ensino em que Estado e Igreja tiveram uma importante função. Não 
havia ainda uma predefinição, mas aos poucos foi se estabelecendo uma 
política para as crianças ao longo desse século (DEL PRIORI, 2006).
No início dessa nova missão jesuíta no Brasil, apesar dos padres 
perceberem dificuldades em evangelizar os meninos índios, com o tempo 
eles foram se convertendo mais rápido, até o momento em que se firma a 
Educação InfantilEducação Infantil
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ideia de que essas crianças construíram uma “nova cristandade”, ou seja, 
estavam doutrinados nas virtudes e assim seriam “firmes e constantes”. 
Assim, tempos depois, seriam possíveis as “substituições de gerações” 
com a doutrinação: a fala, a escrita e a leitura em português, ou seja, 
esses meninos poderiam “suceder seus pais” (DEL PRIORI, 2006). 
Figura 11: Castelo jesuíta
Fonte: Pixabay
Nesse contexto, pode-se dizer que as ações praticadas pela 
Companhia de Jesus foram responsáveis por converter os nativos do 
Brasil, de acordo com o modelo europeu, através de catecismo, cartas, 
poemas e gramática propostos pelos missionários, para direcioná-los à 
fé, à lei e a um rei. A criança poderia ser mística (inocência e pureza na 
ingenuidade) ou santa (divindade, doçura e bom comportamento baseado 
no menino Jesus) (DEL PRIORI, 2006).
Assim, essa educação influenciou as relações de poder entre adultos 
e a construção da infância no Brasil (DEL PRIORI, 2006).
Essas influências trouxeram também alguns conflitos e resistências 
por causa da doutrinação de crenças, leis e reorganização social. Havia 
Educação InfantilEducação Infantil
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grupos distintos com crianças escravas, nativas e até mesmo filhas 
dos senhores de engenho, gerando, assim, diferentes grupos sociais: 
classe social, étnico-racial e gênero. Meninas e mulheres obtiveram 
uma educação diferenciada dos meninos e homens e demoraram para 
ingressar na escola (DEL PRIORI, 2006). 
SAIBA MAIS:
Para complementar seus estudos sobre a história da 
educação no Brasil, assista à sugestão de aula sobre o 
tema disponível em: https://bit.ly/38HKzqv.
De modo geral, desde a idade primitiva até o século XVIII, as 
crianças eram educadas na forma de imitação. Isso acontecia até os 7 
anos, quando eram direcionadas para outras atividades de acordo com a 
cultura, religião e princípios da época. Entres os séculos XVIII e XIX, novas 
teorias da aprendizagem começaram a influenciar o olhar e o conceito de 
infância. Vamos conhecer esses teóricos?
Estudos e teorias sobre o desenvolvimento 
infantil 
Muitos estudiosos contribuíram com suas pesquisas para o 
desenvolvimento infantil. Seus resultados trouxeram novos olhares para 
o crescimento das crianças. As tendências psicológica, sociológica e 
científica não se especificam claramente, mas se conversam durante todo 
esse período (MOROE, 1988).
Jan Amos Comenius (1592-1670) foi o maior educador da sua 
época. Ele acreditava no princípio de ensinar tudo para todos, ou seja, 
não deveria haver restrição a ninguém, independentemente de sua classe 
social, religião, condições mentais ou físicas. 
Educação InfantilEducação Infantil
https://bit.ly/38HKzqv
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Figura 12: Jan Amos Comenius
Fonte: Wikimedia Commons
Comenius escreveu, em sua obra Didática Magna, algumas das 
suas principais ideias acerca da educação: 
1ª - a aprendizagem deveria iniciar na “meninice” e o conteúdo 
deveria estar de acordo com a idade do educando;
2ª - os assuntos deveriam ser apresentados sempre seguidos dos 
exemplos;
3ª - não ensinar conteúdos que estejam acima do que o educando 
possa aprender;
4ª - construir o conhecimento aos poucos e não avançar sem ter a 
certeza de que o educando compreendeu o tema estudado;
5ª - durante o aprendizado, deve-se primeiro compreender e 
somente depois memorizar;
6ª - para se aprender o tema estudado de forma geral, deve-se 
estudar suas partes;
7ª - preparar o caminho sem dar “saltos na aprendizagem”;
8ª - as escolas devem estar localizadas em lugares tranquilos e 
afastados para evitar distratores que possam atrapalhar o aprendizado;
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9ª - o objetivo principal da aprendizagem é direcionar um caminho 
e não trazer confusões, ou seja, o educador deve ter cuidado ao falar de 
assuntos com outras linhas sem influências e trazer livros mal escritos ou 
incorretos (COTRIM; PARISI, 1979). 
John Locke (1632-1704) acreditava que a mente era uma tábula rasa 
e que ela era preenchida com o conhecimento através da experiência. 
Figura 13: John Locke
Fonte: Wikimedia Commons
A educação deveria partir de três aspectos fundamentais: educação 
física, para trazer um equilíbrio entre o corpo e a mente através de 
exercícios, boa alimentação e boas horas de descanso; educação 
intelectual no ensino das matérias de escrita, desenho, geografia, latim, 
história, matemática, música, ciências e esgrima; e, por último, educação 
moral, para se construir os conceitos de bem e mal com base nos 
ensinamentos religiosos (COTRIM; PARISI, 1979).
Influenciado por Locke e Compêndio, Jean-Jacques Rousseau 
(1712-1778) defendeu uma escola ativa, de acesso e igualdade para todos. 
Acreditava que o educando adquiria conhecimentos através da sua 
curiosidade e sem influências sociais. 
Educação InfantilEducação Infantil
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Figura 14: Jean-Jacques Rousseau
Fonte:Wikimedia Commons
O educador deveria mostrar caminhos, com ideias justas e claras, 
para que o educando possa aprender por si só a resolver os problemas 
e não apenas receber uma solução para reaplicar. Defendia, assim, a 
importância do aprendizado através do erro, sendo um aspecto natural 
nessa construção do conhecimento, pois ajuda o educando a desenvolver 
suas próprias opiniões e não ser apenas “espelho” das outras pessoas. 
Além de ensinar, o professor deveria passar o prazer em aprender 
(COTRIM; PARISI, 1979). 
 • Educação de 1 a 5 anos: era contra o padrão de vestimentas, a 
punição ao erro e as vontades naturais. Acreditava que estimular a 
criança a ser forte contribuiria para torná-la boa;
 • Educação de 5 a 12 anos: era preciso estimular os sentidos para 
alcançar a força e os fenômenos da natureza. A criança descobria 
a leitura por si só;
 • Educação de 12 a 15 anos: principal fase para desenvolver o co-
nhecimento;
 • Educação de 15 a 20 anos: após educar o corpo, os sentidos e o 
intelecto, cabe aqui moldar seu “coração” (MOROE, 1988).
Educação InfantilEducação Infantil
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Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), partindo das ideias de 
Rousseau, desenvolveu projetos e dedicou-se à formação de crianças 
pobres. Para ele, o ensino elementar era primordial para o desenvolvimento 
humano. 
Figura 15: Johann Heinrich Pestalozzi
Fonte: Wikimedia Commons
O método de Pestalozzi era fundamentado na intuição, ou seja, 
as experiências e vivências do educando estimulam a observação e o 
raciocínio. As atividades deveriam ser conduzidas do simples para o mais 
complexo, partindo do conhecido para o desconhecido, do particular para 
o geral e do concreto para o abstrato (COTRIM; PARISI, 1979).
Friedrich Wilhelm August Fröbel  (1782-1852), influenciado pelas 
ideias de Pestalozzi, acreditava que a escola era o principal lugar para a 
criança aprender as questões mais importante da vida: desenvolver sua 
personalidade, a justiça, a responsabilidade, as relações casuais — tudo 
através da vivência. 
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Figura 16: Friedrich Wilhelm August Fröbel 
Fonte: Wikimedia Commons
Fröbel  criou o Jardim da Infância com o objetivo de fazer a criança 
aprender a expressar-se e a desenvolver-se através do gesto, do canto e 
a da linguagem (MONROE, 1988).
Para Jean Piaget (1896-1980), o desenvolvimento humano ocorre 
através da maturação biológica e da interação que se estabelece com 
o meio em que vive. Assim, as crianças constroem e adquirem seus 
conhecimentos e aprendizados na relação com o outro e o mundo. Seu 
principal questionamento era “Como conhecemos o mundo?” e “Como 
passar de uma fase de menor conhecimento para uma fase de maior 
conhecimento?”.
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Figura 17: Jean Piaget
Fonte: Wikimedia Commons
Ele desenvolveu os principais conceitos que influenciariam as 
fases do desenvolvimento. São eles: a adaptação é caracterizada em 
como a criança vai lidar ao receber novas informações; a assimilação é o 
momento em que adquire novas informações, sendo preciso adaptá-las 
às estruturas cognitivas já presentes; e a acomodação é a mudança das 
estruturas cognitivas ao introduzir um conhecimento novo. 
Entre a assimilação e a acomodação, temos a equilibração. Como 
o próprio nome diz, tal conceito busca um equilíbrio no processo de 
mudança entre as duas fases. Vamos pensar, por exemplo, em um bebê 
que está habituado a mamar no peito e na mamadeira e começa a usar 
um copo com canudo. Num primeiro momento, ele vai sugar o canudo 
da mesma forma que suga o peito e a mamadeira, pois é a forma que já 
conhece aplicada a algo novo. Esse processo é a assimilação. 
Com o tempo, esse bebê vai perceber que precisa de outros 
movimentos com a boca e a língua, diferentes dos quais usava com o 
peito e a mamadeira, para poder sugar o canudo. Esse processo é a 
acomodação. Nessa adaptação da mamadeira e do peito para o canudo, 
o bebê se esforça para manter um equilíbrio.
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Assim, podemos perceber que a assimilação e a acomodação 
trabalham juntas para alcançar o equilíbrio e o crescimento cognitivo 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Ao identificar que as estruturas cognitivas mudam a partir de 
comportamentos e interações com os meios social e físico, desenvolveu 
a teoria dos estágios do desenvolvimento, a qual compreende do 
nascimento à adolescência: 
No estágio sensório-motor (0-2 anos), a criança se relaciona com o 
mundo a sua volta por meio de comportamentos que executa no ambiente, 
como movimentos e percepções, ou uma coordenação sensório-motora. 
A função simbólica e a linguagem ainda não estão desenvolvidas, por isso 
a exploração e a relação com o meio em que vive acontecem através 
dos sentidos. Da perspectiva educacional, as vivências da criança nesse 
estágio são importantes para que ela possa alcançar o próximo. Para 
isso, espera-se que os programas educacionais voltados para a primeira 
infância possibilitem práticas sensoriais produtivas. Com isso, é possível 
construir as estruturas de conhecimento esperadas. 
No estágio pré-operatório ou intuitivo (2-7 anos), o pensamento 
da criança passa por algumas mudanças de desenvolvimento: linguagem, 
função simbólica para brincadeiras (semiótica), inteligência intuitiva e a 
sua relação social com o adulto. No entanto, o pensamento da criança é 
egocêntrico: ela ainda não é capaz de pensar de forma diferente. 
Esses estágios são seguidos pelo operatório concreto (7-11 anos), 
que é quando a criança passa a compreender o mundo através de um 
pensamento lógico, e pelo operatório formal (11-16 anos), marcado pelo 
início da adolescência e pela transição de pensamento do estágio anterior 
para esse. 
Dessa forma, pode-se concluir que Piaget apresentou um 
importante conceito para a pedagogia da infância: o papel ativo da criança 
na construção do conhecimento (OLIVEIRA-FORMOSINHO; KISHIMOTO; 
PINAZZA, 2011).
Temos também Lev Vygotsky (1896-1934), para o qual é importante 
olhar o contexto social, cultural e histórico que a criança está inserida, 
para assim entender seu pensamento. 
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Figura 18: Lev Vygotsky
Fonte: Wikimedia Commons
A criança aprende com a interação social. O adulto deve orientar o 
processo de aprendizagem da criança até que ela possa internalizar esse 
conhecimento. Com essa mediação, a criança tem o apoio para passar 
pela zona de desenvolvimento proximal (ZDP): distância entre o que ela já 
sabe fazer sozinha e o que ela ainda está aprendendo. A criança, quando 
está nessa zona, está aprendendo novas habilidades e por esse motivo 
precisa de ajuda para executar determinada tarefa (PAPALIA; OLDS; 
FELDMAN, 2006). 
Maria Montessori (1870-1952) começou seus trabalhos com crianças 
“retardadas”, termo muito usado na época em um hospital psiquiátrico. 
Essa fase foi muito importante, pois além de sucesso com suas técnicas, 
ela abriu seu caminho para desenvolver o seu próprio método. 
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Figura 19: Maria Montessori
Fonte: Wikimedia Commons
O Método Montessoriano, baseado em uma educação sensorial, 
tinha o objetivo de fazer a criança alcançar a autoeducação através dos 
brinquedos. Para a criança chegar à fase escrita, ela deve ser mediada e 
estimulada pela família, com o mundo ao seu redor, desde o nascimento. 
Ela dizia que a linguagem escrita era uma extensão da linguagem oral. 
Assim, a criança, desde os primeiros momentos, deve ser incluída na 
vida social. É necessário ouvi-la e conversar com ela, bem como explicar 
todas as coisas que pertencem ao seu meio para mais tarde reproduzi-
las de forma tanto oral quanto escrita. Na prática educativa sensorial, é 
disponibilizado um espaço para que ela possa escolher o brinquedo que 
vai explorar de acordo com as suas necessidades. O educador deve ser 
discreto de modo a observar antes de ajudá-la a manusear o material(COTRIM; PARISI, 1979) (LILLARD, 2017).
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RESUMINDO:
Estamos finalizando a primeira unidade do nosso estudo. Os 
pressupostos teóricos aqui apresentados abordam o tema 
de perspectivas relativamente independentes entre si. As 
escolas teóricas vistas aqui podem oferecer explicações 
que se contrapõem, portanto, é fundamental ter essa 
compreensão para poder entender as dualidades que se 
apresentam. Essas perspectivas ainda hoje são utilizadas 
para compreender e explicar o desenvolvimento infantil. 
Seguiremos nossos estudos com os aspectos políticos da 
educação infantil. 
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REFERÊNCIAS
ARIÉS, F. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: 
LTC, 1981.
BRASIL. Emenda Constitucional nº 65, de 13 de julho de 2010. 
Altera a denominação do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal 
e modifica o seu art. 227, para cuidar dos interesses da juventude. Brasília, 
2010.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto 
da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990.
COTRIM, G.; PARISI, M. Fundamentos da educação: história e 
filosofia da educação. São Paulo: Saraiva, 1979.
DEL PRIORI, M. História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 
2006.
FRABBONI, F. A escola infantil entre a cultura da infância e a ciência 
pedagógica e didática. In: ZABALZA, M. Qualidade em Educação Infantil. 
Porto Alegre: Artmed, 1998.
KUHLMANN, M. História da infância, Brasil e Modernidade. In: ALMEIDA, 
M. (org.). Escola e modernidade: saberes, instituições e práticas. Campinas, SP: 
Editora Alínea, 2004.
LILLIARD, P. P. Método Montessori: uma introdução para pais e 
professores. São Paulo: Manole, 2017.
MONROE, P. História da educação. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 1988. 
OLIVEIRA-FORMOSINHO, J.; KISHIMOTO, T. M.; PINAZZA, M. A. 
Pedagogia(s) da infância: dialogando com o passado, construindo o 
futuro. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento 
humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. 
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Analice Oliveira Fragoso
Educação Infantil
	Definindo infância
	História da criança
	A história da criança no Brasil
	Construção da infância
	Construção da infância: uma perspectiva histórica
	Modernidade: influências científicas
	História da educação de crianças de 0 a 5 anos
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