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Unidade 1 Conceitos e história da criança, infância e da Educação Infantil Analice Oliveira Fragoso Educação Infantil Educação Infantil Analice Oliveira Fragoso Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS A AUTORA ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO Olá. Meu nome é Analice Oliveira Fragoso. Sou formada em Pedagogia, especialista em psicopedagogia, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento. Tenho experiência como professora no ensino superior a mais de quatro anos, tanto no curso de graduação em pedagogia como no curso de especialização em neuropsicopedagogia. Sou apaixonada por educação, e por isso a mais de sete anos realizo pesquisas nessa área do conhecimento. É um grande privilégio transmitir minha experiência àqueles que estão iniciando em suas profissões. Agradeço a Editora Telesapiens pelo convite para integrar seu elenco de autores independentes e estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: ICONOGRÁFICOS INTRODUÇÃO: para o início do desen- volvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessida- de de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações es- critas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoaprendi- zagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Definindo infância ......................................................... 11 As três fases da infância ................................................. 11 História da criança ........................................................ 15 A história da criança no Brasil ........................................ 18 Construção da Infância ................................................ 22 Construção da infância: uma perspectiva histórica .......... 23 Modernidade: influências científicas ............................... 26 História da educação para as crianças de 0 a 5 anos ... 28 História da Educação no mundo ...................................... 31 Educação Primitiva .............................................. 31 Educação Oriental ................................................ 31 Educação na Grécia Antiga .................................. 33 Pensadores Gregos .................................... 34 Educação em Roma ............................................. 35 Educação na Idade Média .................................... 36 História da Educação no Brasil ...................................... 37 Estudos e teorias sobre o desenvolvimento infantil ........ 39 Educação Infantil8 UNIDADE 01 CONCEITOS E HISTÓRIA DA CRIANÇA, INFÂNCIA E DA EDUCAÇÃO INFANTIL Educação Infantil 9 INTRODUÇÃO A infância é um conceito muito estudado nos dias de hoje e, também é considerada uma etapa fundamental para o desenvolvimento integral da criança, mas isso nem sempre foi assim. Antigamente, a criança era conhecida como um adulto em miniatura e seu desenvolvimento se dava a partir do aprendizado das tarefas do dia-a-dia e, por isso, a infância era considerada um período de transição sem importância. Com o passar dos anos, essa concepção foi se modificando e ganhando um espaço importante na educação das crianças. Ao longo dessa unidade, você futuro professor, compreenderá que alguns marcos ao longo dessa história, contribuíram para criação de creches e educação infantil e entenderão as especificidades de cada uma dessas etapas para o desenvolvimento da criança. Vamos lá! Educação Infantil10 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Apresentar a definição da infância no curso do desenvolvimento. 2. Estudar a história da criança e seus principais marcos. 3. Conhecer as concepções da infância ao longo da história. 4. Estudar as influências da história da educação para crianças de 0 a 5 anos. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Educação Infantil 11 Definindo infância A infância é compreendida como a concepção ou a representação que os adultos fazem sobre o período inicial da vida, ou como o próprio período vivido pela criança (KUHLMANN, 2004). DEFINIÇÃO De acordo com o dicionário Aurélio, infância define-se como, período de crescimento que vai do nascimento à puberdade, ou seja, do zero aos doze anos de idade. Nos dias de hoje, não são poucos em nossa sociedade que gosta- riam de voltar à infância, passar os dias sem nenhuma responsabilidade, dedicando a maior parte do tempo se divertindo, não é mesmo? Hoje sabemos diferenciar de forma muito clara as diferentes etapas da vida, mas será que isso sempre foi assim? Nós temos a tendência de naturalizar certos sentimentos que foram socialmente construídos ao longo da história. Um exemplo deles é o amor materno incondicional que as mães devem ter pelos seus filhos, esse sentimento, assim como a infância não são inatos ao ser humano, eles foram construídos ao longo dos séculos. As três fases da infância O educador Franco Frabboni (1998) divide a infância em três fases: a primeira é conhecida como infância negada que tem duração até o século XV, a segunda é conhecida como a infância industrializada que vai do século XVI até o século XVIII e, a terceira é conhecida como a infância de direitos, essa última fase teve início no século XIX e permanece até os dias de hoje. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas fases? Primeira fase: Conhecida como a infância negada (duração até o século XV). Nesse período, o historiador francês Philippe Ariés (1981), descobriu que a sociedade medieval desconhecia a infância. Tal descoberta se deu através da observação de obras de artes nas Educação Infantil1212 quais não havia a representação de crianças e, quando raramente essa representação acontecia, elas se assemelhavam a mini adultos, conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1: Comparativo entre crianças do século XII com crianças dos dias atuais. Fonte: Wikipedia - Pixabay VOCÊ SABIA? Que algumas obras de arte na sociedade medieval ilustravam as crianças de mãos dadas com representações da morte em alusão a alta mortalidade infantil. Com o alto índice de mortalidade infantil na época, poucas crianças conseguiam passar dos seis anos de idade e, as que completavam sete anos de idade eram introduzidas no mundo adulto sem nenhum preparo para exercer as tarefas do dia a dia. A grande preocupação da sociedade medieval em ter filhos, era para que esses viessem a cuidar de seus pais anos depois, ou seja, o pensamento já era de introduzi-las no mundo do trabalho (ARIÉS, 1981). O desconhecimento em relação à infância era tão grande, que até o amor incondicional materno, conforme citado no início desse tópico não existia. Quando as mães perdiam um filho, sabiamque logo esse seria substituído por outro. A infância também era negada na escola, pois naquela época, a escola era reservada apenas para formação dos cléricos e não tinha como função a formação da criança (ARIÉS, 1981). Educação Infantil 13 RESUMINDO Nessa primeira fase, a infância não tinha características próprias e por isso, eram vistas e tratadas como adultos com uma estatura menor. A segunda fase, que durou aproximadamente do século XVI até o século XVIII, foi marcada pela Revolução Industrial e pelo surgimento da família moderna, com isso, houve a separação entre a indústria (local de trabalho) e a casa (onde fica a família). Essa separação levou ao fechamento do núcleo familiar que tendeu a formação de um sentimento de afeto muito forte pelas crianças (cuidado, afeto) (FRABBONI, 1998). Figura 2: Surgimento da família moderna com a Revolução Industrial Fonte: Wikipedia - Pixabay Com o surgimento da família moderna, os pais já não colocavam filhos no mundo apenas com o objetivo de terem mais membros da família trabalhando e sim, tinham a convicção de que precisavam lhes proporcionar uma preparação para vida. Assim, tal preparação ficou assegurada pela escola (ARIÉS, 1981). IMPORTANTE No início, esse formato de família era constituído apenas em famílias de classes mais altas. Com a criação da escola formal, as crianças deixaram de aprender a vida apenas com o contato direto com os adultos e passaram a ser separadas de suas famílias para frequentarem a escola (ARIÉS, 1981). Educação Infantil14 Com isso, os adultos começaram a notar a fragilidade da infância ao mesmo tempo em que notavam a responsabilidade moral dos mestres, surgindo o conceito da disciplina dentro da escola (ARIÉS, 1981). Por causa disso, as primeiras escolas mantinham uma doutrina bem específica e rígida. Esse sistema foi definido a partir de três características: a vigilância, a delação e os castigos (ARIÉS, 1981). A diminuição da mortalidade infantil também foi decisiva nessa época para o fortalecimento do sentimento em torno da infância, resultado de melhores condições de higiene e da menor taxa de infanticídio. Assim, a sociedade pouco a pouco vai aderindo a nova ideia de infância. RESUMINDO Essa segunda fase é conhecida como infância industrializada, isso por que o reconhecimento de infância teve um alto preço a pagar devido à incapacidade plena (social, e mais tarde também a jurídica) de reconhecer essa fase da vida como objeto de proteção e cuidado, ou seja, nessa época reconheciam a infância, mas consideravam essa fase inferior à vida adulta. Você deve estar se perguntando, como a infância demorou tanto a ser reconhecida? E a diferença de idade não era algo óbvio de se perceber? A resposta é não. Como vimos anteriormente, não havia a divisão territorial e de atividades em função da idade das pessoas e por isso, não havia a representação elaborada de fases da vida (ARIÉS, 1981). Somente na Idade Média é que as etapas da vida começaram a ter importância, sendo representadas em seis etapas: primeira idade (0-7) anos; segunda idade (7-14); terceira idade (14-21), etapas que não eram valorizadas pela sociedade. Apenas a partir da quarta idade (21-45) é que as pessoas começavam a ser valorizadas pela sociedade. A quinta idade considerava a pessoa que não era tão velha, mas que já tinha passado a juventude (idade mais ou menos entre os 45 e 59 anos). A sexta e última idade era a ida da velhice (dos 60 anos até a morte) (ARIÉS, 1981). Terceira fase: infância de direitos (início no século XIX até os dias de hoje). Podemos iniciar refletindo em como a infância é vista hoje. Educação Infantil 15 Já parou para pensar, que atualmente mesmo com todos os direitos reservados à infância, as crianças ainda enfrentam maus tratos, abusos sexuais, miséria, exploração para o trabalho, etc. Pois é, imagine só antigamente, quando a infância não era reconhecida. Também vale lembrar, que os avanços que ocorreram no reconhecimento da infância eram nas classes mais privilegiadas economicamente. Será que isso mudou na sociedade atual? A construção social de infância se estabelece a partir de valores morais, pois, pouco a pouco a infância começa ser vista pela sociedade como uma fase que precisa de cuidados e proteção (LAJOLO,2006). Essa fase é marcada pelas novas ciências, a psicologia, a pedagogia e a psicanálise. Essas novas ciências mostraram ao longo de suas pesquisas que a qualidade da infância e não apenas a sua existência é essencial para o desenvolvimento humano e esses saberes históricos marcam as concepções de infância na atualidade. Vimos ao longo desse tópico à construção do conceito de infância e da influência dos períodos históricos que contribuíram para os grandes avanços científicos e políticos que conhecemos hoje. No tópico a seguir veremos a trajetória da criança ao longo da história. História da criança Há dois séculos, as crianças eram vistas como adultos em miniatura, não havendo diferenciação entre os ciclos da vida. Assim, as crianças realizavam as mesmas atividades sociais que os adultos, trabalhavam, casavam-se, iam para as guerras, vestiam-se da mesma maneira e, a única coisa que as diferenciava dos adultos era a menor estatura (ARIÈS, 1981). VOCÊ SABIA? Que a palavra “criança” só foi aparecer nos dicionários no início do século XIX? Educação Infantil16 Durante a idade média era comum encontrar crianças nas plantações, nas pescas e caças, auxiliando em tarefas que traziam sustento para família. Nessa época não havia a necessidade de escolas, pois o único contato que as crianças tinham com o aprendizado era aprender as tarefas do cotidiano, ou seja, a figura de criança sempre existiu, só não havia o reconhecimento de suas peculiaridades (ÁRIES, 1981). REFLITA Já parou para pensar em como seria passar a vida sem desfrutar dos prazeres de ser criança? E o que a ausência de diferenciação entre as idades poderia causar? A partir do século XV, pequenas mudanças começaram a acontecer. Parte da sociedade começa perceber peculiaridades nas crianças, então passam a confeccionar vestimentas adequadas para diferencia-las dos adultos e observam que a relação criança com criança era uma convivência mais saudável (ÀRIES, 1978). Com essa forma de diferenciar as crianças dos adultos, a criança passou a ser vista como ingênua, meiga, engraçada, gentil e por isso, os adultos começaram a observa-las tendo esse momento como distração e relaxamento (ARIÉS, 1978). Esse novo sentimento ficou conhecido como “paparicação”. Educação Infantil 17 Figura 3: Crianças brincando de esconde-esconde em uma floresta em pintura do século XIX Fonte: Wikipedia De acordo com o autor Ariès, pode-se definir o termo “paparicação” da seguinte maneira: DEFINIÇÃO “paparicação” é quando o adulto faz a criança cair em uma armadilha, quando dizem uma bobagem ao tirar uma conclusão acertada de um princípio impertinente que lhes foi ensinado, os adultos dão risadas da conquista de as terem enganado, beijando-as e acariciando-as como se elas tivessem falado algo certo. De forma simplificada a “paparicação” é quando os adultos tentam induzir à criança a dedução, e elas caem quando dizem uma bobagem ao tirar uma conclusão precipitada de princípios que elas começaram a aprender. Exemplo: o adulto inicia uma contagem, dezoito, dezenove... e a criança completa...dezedez. E então, os adultos diante da resposta da criança caem na gargalhada, beijando-as e acariciando-as como se elas tivessem dito algo correto. Educação Infantil18 Mesmo com esse novo sentimento em relação às crianças não eram todas as pessoas que o tinham, alguns criticavam quem valorizava essa diferença entre criança e adulto até então desconhecida. A história da criança no Brasil As terras brasileiras começaram a ser povoadas trinta anos após o seu descobrimento. Naquela época ascrianças que subiam a bordo sofriam com abusos sexuais e durante os ataques as embarcações eram escravizadas pelos franceses, holandeses e ingleses (DEL PRIORI, 2006). Imaginem as crianças a bordo de navios, tendo de trabalhar, lutar pela sobrevivência durante as guerras, naufrágios e doenças que as acometiam devido à falta de higiene. Por isso, a taxa de mortalidade infantil era tão alta. As crianças eram pouco valorizadas e, os adultos as usavam ao máximo para aproveitar enquanto tinham vida. Foram poucas as crianças embarcadas rumo ao Brasil, e menor ainda o número das que conseguiram desembarcar com vida (DEL PRIORI, 2006). Até mais ou menos o século XVIII as crianças que conseguiam sobreviver eram designadas pelos adultos com termos como “meúdos” ou “ingênuos” (DEL PRIORI, 2006). DEFINIÇÃO Ingênuo ou meúdos porque acreditava-se que as crianças até sete anos de idade não sabiam diferenciar entre o bem e o mal. No início do século XIX, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil era o calendário religioso que regia grande parte das atividades. As crianças que completavam sete anos de idade participavam da primeira comunhão, ingressando oficialmente no catolicismo (DEL PRIORI, 2006). Esse conceito veio da representação que os Jesuítas tinham de criança santa, pois as viam como puras e consideravam essa fase a oportunidade de ensiná-las antes que fossem contaminadas com os maus costumes dos adultos (DEL PRIORI, 2006). Educação Infantil 19 Esse ingresso no mundo religioso permitia o exercício de atividades sociais na igreja as quais as crianças também eram inseridas. Mas, assim que a criança ganhava a possibilidade de diferenciar o certo do errado ingressando no mundo religioso, ela também era inserida no mundo do trabalho. Como visto anteriormente: isso dependia da classe social a qual ela fazia parte. Se pertencia a família de elite, tinham sua identidade reconhecida, recebendo educação e usufruindo de momentos de brincadeira. Mas, se pertenciam a classe de escravos ou indígenas, assim que fosse capaz de andar já era inserida no trabalho agrícola para auxiliar no sustento da família. Figura 4: Diversidade social Fonte: Pixabay Agora vamos entender um pouco entre a diferença das crianças de elite e das crianças escravas e indígenas. Durante o império os professores estrangeiros que vinham ao Brasil com o objetivo de ensinar as crianças de elite, reclamavam dos maus costumes que tinham as crianças brasileiras e as viam como endiabradas. Essa visão mostra uma clara incompreensão em relação aos diferentes hábitos e costumes entre as diferentes civilizações (DEL PRIORI, 2006). Educação Infantil20 Vamos entender o porquê. Apesar das crianças de elite pertencerem ao mundo da infância, tendo acesso à educação e a brincadeira, suas vestimentas não eram compatíveis a essa realidade. O modelo de roupa usado nas crianças de elite eram baseadas em roupas europeias, ou seja, feitas de tecidos muito quentes, consideradas inadequadas para o clima tropical do Brasil (DEL PRIORI, 2006). Diante do calor e das vestimentas desconfortáveis, as crianças ficavam impacientes não suportando o calor e logo se desmazelavam durante as brincadeiras, explicando a indisciplina das crianças brasileiras vistas pelos estrangeiros. O contexto de família imperial também se diferenciava, pois quanto maior a condição financeira da família, menor o número de filhos e maior a distância afetiva entre pais e filhos (DEL PRIORI, 2006). VOCÊ SABIA? Até o período de amamentação considerado um estreito laço de afetividade entre mães e filhos era uma tarefa atribuída as “amas de leite”. O número de mortalidade infantil era menor entre as crianças de elite, pois devido ao avanço da medicina essas tinham acesso a vacinas contra doenças consideradas letais (DEL PRIORI, 2006). Vimos até aqui como viviam as crianças de elite no Brasil. Será que as crianças escravas viviam a mesma realidade? Primeiramente, é importante entender que durante o período colonial, os estrangeiros valorizavam mais os escravos nascidos no Brasil do que os importados da África, pois eram considerados mais dóceis e menos propensos a fugas (DEL PRIORI, 2006). Com isso, o nascimento de escravos no Brasil era estimulado, considerando as crianças como mercadorias, então assim que nasciam eram logo separadas de suas mães para serem vendidas e as mães eram alugadas como “amas de leite para amamentar as crianças de elite” (DEL PRIORI, 2006). Além disso, essas crianças diferentemente das de elite não tinham acesso nem a educação, nem tão pouco a brincadeira, pois desde cedo Educação Infantil 21 eram imersas no mundo do trabalho, sendo sujeita a muitas privações. O número de mortalidade entre as crianças escravas também era maior, considerando a privação que tinham em relação as condições de saúde e higiene. TESTANDO Eram muitas as diferenças entre as crianças de elite e as crianças escravas. Aproveite esse momento para discutir no fórum com seus amigos sobre essas diferenças, fazendo alusão aos dias de hoje nas diferenças entre as crianças de diferentes classes sociais. Além da diferenciação entre as classes, o número de crianças abandonadas era muito grande e isso acontecia por diversas razões, dentre elas podemos citar a falta de recursos financeiros, filhos fora de casamento, escravas que tinham filhos com seus senhores, entre outros. REFLITA Será que essa realidade se refere apenas à sociedade de antigamente? Compartilhe com seus colegas no fórum de discussão sobre a questão do abandono de crianças no início do século XIX e esse fato nos dias de hoje. No Brasil a história da criança é marcada por muitas dificuldades e privações. Podemos ver isso nos maus tratos, abusos sexuais, mortalidade infantil, miséria, fome, crianças abandonadas, entre outras situações que as coloca em posições desfavoráveis por sua fragilidade. SAIBA MAIS Acesse https://bityli.com/xadM0 e assista a entrevista com Mary Del Priori falando sobre a criança no Brasil. https://bityli.com/xadM0 Educação Infantil22 Construção da Infância Neste momento, vocês já perceberam em nossos estudos as mudanças que ocorreram ao longo dos séculos. Podemos dizer nos dias de hoje que a infância é o período onde a criança se desenvolve, faz descobertas do mundo ao explorar seus sentidos. Porém, nem sempre foi assim. Antigamente, até existia a nomenclatura “infância”, porém as crianças não eram valorizadas neste período. Depois de muitos séculos, estudos científicos sobre o desenvolvimento humano baseou-se em como o indivíduo muda em cada faixa etária, e ao mesmo tempo como algumas características o acompanham durante a vida. No fim do século XIX, muitas tendências estavam abrindo o caminho para os estudos científicos do desenvolvimento infantil. Os cientistas passaram a discutir as características inatas (de natureza própria), as influências externas (vivências), as mudanças sociais no momento em que as crianças deixam de trabalhar e começam a estudar: pais e professores passam a se preocupar em cuidar das necessidades do desenvolvimento dessas crianças. Assim, essa novidade da ciência na psicologia mostrava que cada indivíduo podia entender mais de si mesmo, a partir do que havia aprendido e do que foi influenciado na sua infância (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006). Porém, antes de alcançarmos tais descobertas do desenvolvimento infantil e a construção da infância atual, as crianças passaram por outros contextos históricos e são eles que vamos estudar agora. Vamos lá? SAIBA MAIS Para complementar seus estudos sobre o desenvolvimento humano assista a minha sugestão de aula sobre o tema. https://bityli.com/eYmKB https://bityli.com/eYmKB Educação Infantil 23 Construção da infância: uma perspectiva histórica Hoje um bebê ao nascer já sai da maternidade com registro em cartório comnome e sobrenome, data e horário precisos de nascimento. Durante os primeiros meses de sua vida, até completar um ano a família geralmente acompanha mês a mês, estimula e comemora cada conquista. No momento em que a criança começa a falar, é muito comum ensina-la a dizer algumas palavras como o seu nome, “mamá”, “papá” e até mesmo quantos anos ela tem. Ao fazer essas perguntas e ver a criança respondendo corretamente, bate um orgulho e felicidade dos seus familiares e, os mesmos, logo buscam novos ensinamentos e assim segue durante toda a infância, adolescência, fase adulta, enfim por toda a vida. Não paramos de aprender e sempre estamos nos adaptando a novos lugares, rotinas regras para viver e conviver em sociedade (ARIÉS, 1981). Contudo, na Idade Média não se tinha uma precisão da idade, ela podia ser contada com dois anos a mais ou a menos, e em alguns casos a data e lugar do nascimento eram escritas em retratos. Com o tempo os retratos foram datados e se tornaram documentos da história familiar. (ARIÉS, 1981). Exemplo: a obra dos Van Gindertaelen concedido por Pourbus mostra um casal com seus dois filhinhos brincando, datada em 1559. No século XVI, as crianças poderiam até saber sua idade, porém as boas maneiras na época as ensinavam a serem reservadas e não falar claramente (ARIÈS, 1981; p. 33). Educação Infantil24 Figura 5: A família registrada através das pinturas Fonte: Pixabay A partir de então, surgiu o termo “idades da vida”, expressão que ocupava um importante lugar nos documentos pseudocientífico da Idade Média. Os autores na época nomeiam a divisão dessas idades como: infância e puerilidade, seguida pela juventude e adolescência, velhice e senilidade (ARIÉS, 1981). DEFINIÇÃO Puerilidade (imaturidade, ingenuidade) e senilidade (caduquice, idade avançada, loucura). Os textos mais antigos da Idade Média relatam que as idades representam os planetas contadas de 7 em 7: primeiro a infância (0-7 anos). Essa fase era caracterizada por pessoas que não sabiam falar, ou seja, não se expressavam verbalmente e nem conheciam bem as Educação Infantil 25 palavras. Após a infância vem a segunda idade (7-14 anos), seguida da terceira idade chamada de adolescência que terminava aos 21 anos ou se estendia até os 28 anos (ARIÉS, 1981). No século XVIII, surgiu uma nova maneira de representar a idade, em primeiro estava a idade dos brinquedos caracterizada por brincadeiras com bonecas, cavalos de pau e moinhos ou pássaros amarrados. Em segundo a idade da escola onde os meninos carregam livros e estojos e aprendem a ler enquanto as meninas aprendem a tecer. Em terceiro as idades do amor e do esporte voltados a cavalaria e a corte como o passeio dos moços e moças e as festas. Em quarto as idades da guerra por último as idades sedentárias caracterizada pelos homens de lei, os estudos e a ciência (ARIÉS, 1981). Mesmo com todas essas fases da vida, os adultos demoraram para perceber a criança ao longo dos séculos. Como sabemos, a criança necessita de cuidados básico, principalmente nos primeiros anos de vida, e era exatamente no momento que a criança não precisava mais desses cuidados vindos de sua mãe e sua ama, que ela te tornava adulta. Não existia afeto na relação da criança com seus pais (ARIÉS, 1981). Durante o século XVIII, com a influência do catolicismo, a infância começa a ser notada pelos adultos e novas práticas são aplicadas: cuidados de higiene, melhor alimentação, vacina para prevenir doenças, comportamento voltado para boas maneiras, linguagem e histórias adequadas com o contexto infantil, tudo isso se enquadrou na ideia de “inocência infantil” (ARIÉS, 1981). Porém, nem todas as crianças tiveram essa oportunidade. As que pertenciam as classes populares eram escravizadas com a mão de obra infantil nas indústrias têxtil (ARIÉS, 1981). Educação Infantil26 Figura 6: Trabalho infantiL Fonte: Pixabay SAIBA MAIS Para complementar seus estudos sobre a construção da infância assista a minha sugestão de vídeo aula sobre o tema. Acesse: https://bityli.com/KNTaW Modernidade: influências científicas Como citamos no início desse tópico, a ciência teve grande influência para alcançarmos os resultados de hoje em relação a infância. Atualmente, pais e professores têm um novo olhar para a criança e para o seu desenvolvimento, respeitando as necessidades específicas em cada faixa etária. Muitos estudos do desenvolvimento aconteceram: durante a Segunda Guerra Mundial, aspectos como o tempo e lugar influenciaram a vida das pessoas e consequentemente na educação e no https://bityli.com/KNTaW Educação Infantil 27 desenvolvimento infantil. Percebe-se assim, que o desenvolvimento pode sofrer influências: hereditária, ambiental, maturação, família, condição socioeconômica, cultural e étnica (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006). Além disso, quando pensamos no desenvolvimento infantil, é preciso buscar entender os diversos aspectos que envolvem aquela criança: físico, cognitivo e psicossocial. Todos esses aspectos estão interligados e um influenciam um ao outro. O desenvolvimento físico refere-se ao crescimento do cérebro e do corpo, das habilidades motoras, sensoriais e da saúde. Quaisquer alterações em algumas dessas questões podem impactar os outros aspectos do desenvolvimento como por exemplo, uma criança com recorrentes infecções no ouvido, pode vir a desenvolver a linguagem mais devagar do que as outras crianças com a mesma faixam etária (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006). O desenvolvimento cognitivo envolve as habilidades de aprendizagem, memória, linguagem, atenção, criatividade, pensamento, funções executivas e julgamento moral. Estão todas relacionados ao físico e emocional. Por exemplo, a habilidade para falar decorre do desenvolvimento físico da boca e também, do cérebro. Também, a criança que apresentar alguma dificuldade de se expressar com palavras o que sente, pode apresentar prejuízos para si mesma e nas relações com outras crianças (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006). O desenvolvimento psicossocial envolve as mudanças e também a estabilidade de comportamentos e personalidade, para si e as relações sociais. Por exemplo, a entrada na escola pela primeira vez, ou a mudança de professora de um ano para o outro. O apoio dos envolvidos pode ajudar essas crianças a lidar com os diferentes sentimentos, buscando melhoria para a saúde física e mental (emocional) (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006). Quando se fala de desenvolvimento, não podemos esquecer da aprendizagem, pois ela sustenta esse processo. Os estudiosos da aprendizagem, também conhecidos como teóricos, enxergam o desenvolvimento como algo constante. Eles contribuíram para que o estudo do desenvolvimento humano pudesse se transformar em ciência (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006). Educação Infantil28 RESUMINDO Neste tópico estudamos brevemente a construção da infância e a demora para essa fase da vida ser valorizada na sociedade. Vimos também como a ciência influenciou com os teóricos da psicologia e aprendizagem. No próximo tópico vamos estudar um pouco sobre a história da educação nas crianças de 0 a 5 anos e algumas abordagens teórica que influenciaram este período. História da educação para as crianças de 0 a 5 anos Como vocês perceberam em nossos estudos até o momento, a criança sofreu muito com a sociedade durante sua história. Ao mesmo tempo que a infância foi nomeada durante a Idade Média, são poucas as contribuições para educar e ensinar em cada fase do desenvolvimento e a demora para serem aplicadas na prática. Na história, a criança e o adolescente passaram por ensinamentos e formação, porém como eram distribuídos esses conteúdos? Existia alguma orientação direcionada para cada faixa etária? E durante a primeira infância? Neste tópico, tentaremos responder essas perguntas. Primeiro, será feito um breve tour nahistória da educação no mundo e no Brasil, e depois, seguiremos com as contribuições dos principais teóricos da aprendizagem e suas ideias (ou teorias). Mas, antes de iniciar, vamos pensar no significado de educação? Pode-se dizer que a educação é a capacidade do indivíduo de aprender novos conhecimentos influenciando assim o seu comportamento. Esse processo pode ser individual, através de vivências e descobertas, e por ensinamentos de um indivíduo para o outro, sendo essa muito importante na luta do homem para a conservação da vida humana (COTRIM, PARISI; 1979). Educação Infantil 29 DEFINIÇÃO De acordo com o dicionário Aurélio, educação define- se como: 1 - Ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades intelectuais e morais de alguém: educação formal; educação infantil. 2 - Processo em que uma habilidade se desenvolve através de seu exercício contínuo. 3 - Capacitação e/ou formação das novas gerações de acordo com os ideais culturais de cada povo. 4 - Didática; reunião dos métodos e teorias através das quais algo é ensinado ou aprendido; relacionado com pedagogia: teoria da educação. 5 - Formação de hábitos e comportamentos que incentivem o desenvolvimento corporal e mental, através de exercícios sistemáticos, jogos ou esportes. Ver mais em https://www.dicio.com.br/educacao/ Esses aprendizados formam nossa mente e físico por um processo educacional sistemático ou assistemático. A educação sistemática é voltada para as regras e disciplina, previamente preparadas através de um método de ensino. Pode acontecer na escola, na igreja e/ou outras instituições. A educação assistemática acontece por meio de vivências sem um planejamento ou regras pré-definidos. Ela não tem como objetivo educar e pode acontecer por exemplo, meios de comunicação como cinema, teatro e televisão (COTRIM, PARISI; 1979). Você já se perguntou em algum momento “para que eu aprendo?” e/ou “o que eu devo aprender?”. Esses questionamentos acontecem desde a antiguidade e as respostas dadas pelos educadores variam conforme os pensamentos da época. Assim, existe um consentimento de que a educação tem objetivos e finalidades, porém há divergências de opiniões para defini-los. Veremos que ao longo da história que são variadas as finalidades para a educação. Na época Primitiva, a educação era baseada em sobrevivência e acontecia desde crianças através da imitação. Na Grécia antiga, enquanto Atenas direcionava a formação com base na razão, filosofia, artes e ciências, Esparta preparava suas crianças para a vida militar estimulando desde cedo o preparo físico. Em Roma a finalidade era incluir o sujeito na vida social. Na Idade Média a educação era https://www.dicio.com.br/educacao/ Educação Infantil30 fundamentada na religião. Com o Renascimento, novos caminhos se abriram para uma educação, através das construções científicas. Com isso, os educadores passaram a estudar o desenvolvimento humano e defenderam, com o passar do tempo, a importância de a criança ter equilibro em seu crescimento em cada fase da vida. Vale ressaltar, os objetivos da educação foram impactados pelas questões econômicas, sociais e políticas de cada época (COTRIM, PARISI; 1979). Figura 7: Crianças na guerra Fonte: Pixabay A história das nossas crianças pode nos proporcionar conhecimentos e reflexões para assim buscarmos novos caminhos para o futuro. Educação Infantil 31 História da Educação no mundo Educação Primitiva Na sociedade primitiva, não existiam escolas e nem métodos de educação. Os primitivos utilizavam uma Educação Prática, ou seja, a criança aprendia e construía o conhecimento através da imitação para adquirir as necessidades básicas: vestimentas, abrigo e alimentação. Durante os primeiros anos de vida, era considerada uma imitação “inconsciente”, através de brincadeiras, por exemplo, para aprender a equilibrar-se e um dia conseguir remar uma canoa, as crianças brincavam com pequenas toras de madeira na água, as meninas brincavam de fazer peças de barro e cozinhar. Em seguida vinha a imitação “consciente” voltada para meninos e meninas e exigindo deles o trabalho de fato. Depois, segue com a Educação Teórica, para as danças, práticas de feitiçaria e cerimônias religiosas (MONROE, 1988). Educação Oriental A educação oriental, composta por povos hindus, egípcios, hebreus e chineses, possuía um conhecimento mais complexo de linguagem. Por conta disso, a China possuía seu método de educação chinesa: nos primeiros anos as crianças iam para a escola treinar a memória e suas lições se baseavam em decorar, decorar e decorar (MONROE, 1988). Em um tempo anterior a esse método, a educação chinesa se preocupava em manter os aspectos morais da sociedade e as boas relações. Formava seus discípulos cedo com prática das virtudes: equilíbrio, tolerância e moderação. Seus ancestrais tinham forte influência pois eram os modelos a serem seguidos para as próximas gerações, tanto que era muito comum consultar o passado para tomar futuras decisões. Outro objetivo em sua educação, desde a infância era capacitar os indivíduos para auxiliar o Imperador. Assim, quando adulto alcançava os altos cargos e eram conhecidos como mandarins (COTRIM, PARISI; 1979). Educação Infantil32 A China também passou por algumas influências filosóficas e religiosa em sua educação: • Budismo: com o objetivo de libertar o homem do sofrimento, Buda desenvolveu As Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho das Oitos Etapas. A primeira refere-se as causas do sofrimento do homem e a segunda, os caminhos para se seguir e se libertar desse sofrimento. • Confúcio: percursor do confucionismo, acreditava que para adquirir virtudes básicas para uma boa educação, deve mantê-las por toda a vida, desde a infância: respeitar seus pais, venerar seus antepassados, ser humilde e dominar as paixões. Com essa base poderiam alcançar o respeito às leis na sociedade e da natureza. • Taoismo, desenvolvido por Lao-tse, acredita em sabedorias para o equilíbrio e harmonia do universo. Essas sabedorias não eram encontradas nas escolas, pois era uma busca interior (COTRIM, PARISI; 1979). Na Índia a educação era baseada na posição social dividida em 4 castas: Brâmanes (sacerdotes), Xátrias (nobre guerreiros e militares), Vaixás (agricultores e comerciantes) e Sudras (camponeses e operários). A criança pertence a uma casta desde o nascimento até a morte, e de acordo com a casta, seguia as atividades religiosas e profissionais (COTRIM, PARISI; 1979). DEFINIÇÃO Casta significa qualquer grupo social, ou sistema rígido de estratificação social, de caráter hereditário. Para os Sudras, a educação era voltada as atividades domésticas e agrícolas. A educação essencial dos Vaixás e os Xátrias eram dadas pela família desde crianças, até atingirem o mesmo papel social de seus pais. Eles até poderiam estudar nas escolas dos Brâmanes, porém os ensinamentos eram limitados nas cerimônias religiosas e nos textos Educação Infantil 33 sagrados. A educação humanista superior pertencia aos brâmanes a partir de textos clássicos da literatura hindu. Nesta casta, a criança era direcionada a um mestre da mesma castra aos 8 anos (COTRIM, PARISI; 1979). Educação na Grécia Antiga A história da educação na Grécia antiga dividiu em três períodos: homérico, cívico e helenístico. O período homérico, descrito por Homero nos famosos poemas épicos Iliada e Odisséia, formado por aristocratas que comandavam o Estado e a massa do povo com os trabalhos inferiores. A educação se baseava em formar guerreiros, e desde cedo os ensinamentos eram feitos nos palácios voltado para o preparo físico através da prática de exercícios e esportes. Já a educação da mulher era voltada para as práticas do lar (COTRIM, PARISI; 1979). O período cívico, é conhecido pelas cidades-Estados gregas mais famosas: Esparta e Atenas (COTRIM,PARISI; 1979). Na educação espartana, o homem enxergava seu corpo como a principal arma para a guerra, e por esse motivo as crianças que não nascessem saudáveis, eram sacrificadas. A partir de uma política aristocrática, as crianças seguiam um treino de direção geral de educação e permaneciam sob cuidados de suas mães até os 7 anos. Depois eram encaminhados para organizações, passando por vários estágios até os 30 anos, para prepara-los anos para guerra (COTRIM, PARISI; 1979; MONROE, 1988). Em Atenas, a educação tinha como princípio o desenvolvimento intelectual. No decorrer dos primeiros anos de vida, os meninos pertenciam a uma educação familiar e recebia os primeiros ensinamentos. Eram praticados jogos na rua e no campo e, como os primitivos, a educação também era de forma inconsciente. Suas mães eram responsáveis pelos treinos físicos e morais. Mais ou menos aos 7 anos, esses meninos pertencentes as famílias gregas livres, iniciavam a vida escolar. Já as famílias economicamente incapazes, permaneciam até os 8 ou 9 anos. As meninas eram desde cedo educadas para os deveres domésticos por suas mães (COTRIM, PARISI; 1979; MONROE, 1988). Educação Infantil34 VOCÊ SABIA? Nesta época, as crianças ficavam sob a responsabilidade de um pedagogo, para cuidados gerais e zelo moral até os 16 anos. No período helenístico, comandado por Alexandre, deu início as escolas públicas com uma educação voltada mais para o intelectual (escrita, leitura e cálculo) do que para o físico. O aluno ingressava aos 7 anos no ensino primário, seguido pelo ensino secundário e universidade (COTRIM, PARISI; 1979). Pensadores Gregos Conhecido pela sua máxima “só sei que nada sei”, Sócrates acreditava que uma boa virtude deveria vir de pensamentos treinados através de exercícios movidos pela disciplina mental. A frase “Conhece- te a ti mesmo” era a base da sua filosofia, sendo esse o ponto de partida para o autoconhecimento. Seus ensinamentos aconteciam em praça pública em duas fases: a ironia e a maiêutica (COTRIM, PARISI; 1979). Discípulo de Sócrates, Platão era famoso pela Teoria das Ideias e o Mito da Caverna. Para ele a educação era de extrema importância para reestruturação da sociedade e os filósofos deveriam influencias o governo com base na sabedoria e justiça. Do seu ponto de vista, sociedade ideal era dividia em três classes: filosófica, militar e trabalhadora (COTRIM, PARISI; 1979). Para o desenvolvimento educacional, dividiu as fases de aprendizagem: • 1ª fase (0 - 3 anos): a educação acontecia no lar junto aos seus pais para seguir seus exemplos. Era muito importante nessa fase ensinar a criança a lidar com o medo que iria encontrar durante os desafios da vida, incentivando a serem corajosas e independentes. • 2ª fase (3 – 6 anos): a criança era ensinada por seus educadores a partir dos grandes nomes da mitologia grega, Educação Infantil 35 por meio das histórias e leituras. As boas atitudes deveriam ser recompensadas, enquanto as más atitudes eram castigadas. • 3ª fase (6 – 13 anos): Os meninos eram separados das meninas e iniciou os estudos de matemática, religião, letras e música. • 4ª fase (13 – 16 anos): Seguiam as mesmas matérias, porém com um nível de dificuldade maior, com ênfase em matemática e música. • 5ª fase (16 – 20 anos): Aconteciam o preparo físico e treinamento militar. • 6ª fase (20 – 30 anos): Educação superior para filosofia e ciências (COTRIM, PARISI; 1979). VOCÊ SABIA? O projeto educacional de Platão está descrito em sua obra: República de Platão. Educação em Roma Roma recebeu uma herança grega das bases educacionais que foram adaptadas para a sociedade. Dois grandes períodos da educação se formaram: Primeiro período, uma educação voltada somente para o lar. Do nascimento até os 7 anos, os meninos e as meninas ficavam sob os cuidados de suas mães. A partir de 7 anos a educação, enquanto as meninas continuam com os cuidados das mães para os ensinamentos domésticos, os meninos passam a acompanhar seus pais no trabalho para desde cedo se prepararem para aprender as atividades profissionais. Aos dezessete anos o jovem pode escolher a carreira a seguir: militar, política, comercial ou agrícola. É importante aqui dizer que esse padrão era seguido pela classe dominante, enquanto a classe econômica não tinha instruções e eram explorados. Segundo período, com a influência da cultura helênica, perde-se a educação familiar e surge novas escolas particulares com três níveis de ensino: escola do literato, escola do gramático e escola do retórico (COTRIM, PARISI; 1979). Educação Infantil36 Roma também teve um nome importante para a educação: Marco Fábio Quintiliano. Suas principais ideias consistiam em: • O professor deveria respeitar e se adequar ao perfil do aluno; • Era contra o castigo físico; • Os estudos deviam ter pausas para pequenos “descansos”; Para Quintiliano o desenvolvimento educacional era composto por 3 fases: • 1ª fase – acontece na primeira infância ensinava no ambiente familiar. Com seus pais a criança deve iniciar seus estudos na leitura, escrita e aritmética. Depois, os pais direcionavam os ensinamentos das línguas latina e grega para um gramático. • 2ª fase – a criança é direcionada para uma escola aos cuidados do mestre, que tem como objetivo identificar a personalidade do aluno para assim adaptar ao seu método de ensino. Estuda- se as matérias de geometria, oratória, música e literatura. • 3ª fase – educação de nível superior, chamada de Escola da Retórica, direcionada somente aos melhores alunos (COTRIM, PARISI; 1979). Educação na Idade Média Na Idade Média, alguns movimentos impactaram a educação: o Renascimento provocou mudanças em todos os pensamentos e na prática educativa, a Reforma com mudanças sociais, políticas e principalmente religiosas, e a Contra-reforma, como o próprio nome diz, surgiu contra o último movimento visando uma educação com congregações de ensino, entre elas a Companhia de Jesus. Durante a Reforma e Contra-Reforma, surgiram grandes educadores como João Calvino, Martinho Lutero e Filipe Melanchthon (MONROE, 1988). A Companhia de Jesus foi o principal movimento com objetivo de pregação, ensino e confissão para educar futuros membros e juventude e resolver os problemas educativos. Houve toda uma organização baseada em formação dos professores, das matérias de estudo e os Educação Infantil 37 métodos de ensino. Repercutindo assim por toda Europa, com mais de 200 escolas, até chegar ao Brasil (MONROE, 1988). História da Educação no Brasil Quando a Companhia de Jesus chegou no Brasil em 1549 na Vila de Pereira, os padres jesuítas tinham como principal preocupação o ensino das crianças. Eles desejavam formá-las em “letras e virtudes” para que futuramente multiplicassem, no lugar onde vivessem, os valores da companhia. Haviam na época, muitos colégios na Europa regido por essa companhia que comprovavam a sua importância na educação das crianças e adolescentes (DEL PRIORI, 2006). Mesmo com toda essa influência, a Companhia de Jesus permanecia em constante discussão das matérias e principais diretrizes para a educação, e tudo isso foi muito importante para a relação que os religiosos determinaram com os portugueses, índios e as próprias crianças durante o século XVI. Também resultou na escolha por crianças indígenas para o “papel blanco” (DEL PRIORI, 2006). Neste período, a infância estava sendo descoberta a partir dos resultados das relações vistas entre o sujeito e grupo, o que ocasionou novas formas de afetividade, “sentimento da infância”, e problemas de ensino em que Estado e Igreja tiveram uma importante função. Não havia ainda uma pré definição, mas aos poucos foi se estabelecendo uma política para as crianças ao longo desse século (DEL PRIORI, 2006). No início desta nova missão jesuíta no Brasil, apesar dos padres perceberamdificuldades em evangelizar os meninos índios, com o tempo foram se convertendo mais rápido até o momento em que se firma a ideia de que essas crianças construíram uma “nova cristandade”, ou seja, estavam doutrinados nas virtudes e assim seriam “firmes e constantes”. Assim, tempos depois, seria possível a “substituições de gerações” com a doutrinação: a fala, escrita e leitura em português, ou seja, esses meninos poderiam “suceder seus pais” (DEL PRIORI, 2006). Educação Infantil38 Figura 8: Companhia de Jesus no Brasil. Fonte: Wikipedia Nesse contexto, pode-se dizer que as ações praticadas pela Companhia de Jesus foram responsáveis por converter os nativos do Brasil, de acordo com o modelo europeu através de catecismo, cartas, poemas e gramática propostos pelos missionários, para direcioná-los a fé, a lei e um rei. A crianças poderia ter mística (inocência e pureza na ingenuidade) ou criança santa (divindade, doçura e bom comportamento baseado no menino Jesus) (DEL PRIORI, 2006). Assim, essa educação influenciou as relações de poder entre adultos e a construção da infância no Brasil (DEL PRIORI, 2006). Essas influências trouxeram também alguns conflitos e resistências por causa da doutrinação de crenças, leis e reorganização social. Haviam grupos distintos com crianças escravas, nativas e até mesmo, filhas dos senhores de engenho, gerando assim diferentes grupos sociais: classe-social, étnico-racial e gênero. Meninas e mulheres obtiveram Educação Infantil 39 uma educação diferenciada dos meninos e homens, e demoraram para ingressar na escola (DEL PRIORI, 2006). SAIBA MAIS Para complementar seus estudos sobre a história da educação no Brasil assista a minha sugestão de aula sobre o tema. Acesse: https://bityli.com/on03j RESUMINDO De um modo geral, desde a idade primitiva até o século XVIII, as crianças eram educadas na forma de imitação até os 7 anos quando eram direcionadas para outras atividades de acordo com a cultura, religião e princípios da época. Entres os séculos XVIII e XIX, novas teorias da aprendizagem começaram a influenciar o olhar e o conceito de infância. Vamos conhecer esses teóricos? Estudos e teorias sobre o desenvolvimento infantil Muitos estudiosos contribuíram com suas pesquisas para o desenvolvimento infantil. Seus resultados trouxeram novos olhares para o crescimento das crianças. As tendências psicológica, sociológica e científica não se especificam claramente, mas se conversam durante todo esse período (MOROE, 1988). Jan Amos Comênio (1592-1670) foi o maior educador da sua época. Ele acreditava no princípio de ensinar tudo para todos, ou seja, não deveria ser restrição a ninguém independente de sua classe social, religião, condições mentais ou físicas. Em sua obra Didática Magna escreveu algumas ideias principais para educação: • 1ª - a aprendizagem deveria iniciar na “meninice” e o conteúdo deveria estar de acordo com a idade do educando; https://bityli.com/on03j Educação Infantil40 • 2ª os assuntos deveriam apresentados sempre seguido dos exemplos; • 3ª não ensinar conteúdos que esteja acima do que o educando possa aprender; • 4ª construir o conhecimento aos poucos e não avançar sem ter a certeza que o educando compreendeu o tema estudado; • 5ª durante o aprendizado deve-se primeiro compreender e somente depois memorizar; • 6ª seguida ideia anterior, uma vez que se aprender o tema estudado de uma forma geral deve-se estudar suas partes; • 7ª preparar o caminho sem dar “saltos na aprendizagem”; • 8ª as escolas devem estar localizadas em lugares tranquilos e afastados para evitar distratores que possam atrapalhar o aprendizado; • 9ª o objetivo principal da aprendizagem é direcionar um caminho e não trazer confusões, ou seja, o educador deve ter cuidado ao falar de assuntos com outras linhas sem influências e trazer livros mal escritos ou incorretos (COTRIM, PARISI; 1979). John Locke (1632—1704) acreditava que a mente era uma tábula rasa e ela era preenchida com o conhecimento através da experiência. A educação deveria partir de 3 aspectos fundamentais: educação física para trazer um equilíbrio entre o corpo e a mente através de exercícios, boa alimentação e boas horas de descanso; a educação intelectual no ensino das matérias de escrita, desenho, geografia, latim, história, matemática, música, ciências e esgrima; e por último a educação moral para se construir os conceitos de bom e mau com base nos ensinamentos religiosos (COTRIM, PARISI; 1979). Influenciado por Locke e Compêndio, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) defende uma escola ativa, de acesso e igualdade para todos. Acreditava que o educando adquire conhecimentos através da sua curiosidade e sem influências sociais. O educador deveria mostrar caminhos, com ideias justas e claras, para que o educando possa aprender por si só a resolver os problemas e não apensas receber uma solução para reaplicar. Defendia assim, a importância do aprendizado através Educação Infantil 41 do erro, sendo um aspecto natural nessa construção do conhecimento pois ajuda o educando a desenvolver suas próprias opiniões, não serem apenas “espelhos” das outras pessoas. Além de ensinar, o professor deveria passar o prazer em aprender (COTRIM, PARISI; 1979). • Educação de 1 a 5 anos – Era contra o padrão de vestimentas, a punição ao erro e as vontades naturais. Acreditava que estimular a criança a ser forte, irá torna-la boa. • Educação de 5 a 12 anos – Era preciso estimular os sentidos para alcançar a força e os fenômenos da natureza. A crianças descobria a leitura por si só. Educação de 12 a 15 anos – Prin ci- pal fase para desenvolver o conhecimento. Educa ção de 15 a 20 anos – Após educar o corpo, os sentidos e o intelecto, cabe aqui moldar seu “coração” (MOROE, 1988). Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) partindo das ideias de Rousseau desenvolveu projetos e dedicou-se a formação de crianças pobres. Para ele, o ensino elementar era primordial para o desenvolvimento humano. Seu método era fundamentado na intuição, ou seja, as experiências e vivências do educando, estimula a observação e o raciocínio. As atividades deveriam ser conduzidas do simples para o mais complexo, partindo do conhecido para o desconhecido, do particular para o geral e do concreto para o abstrato (COTRIM, PARISI; 1979). Friedrich Wilhelm August Fröbel (1782 – 1852) influenciado pelas ideias de Pestalozzi, acreditava que a escola era o principal lugar para a criança aprender as questões mais importante da vida: desenvolver sua personalidade, a justiça, a responsabilidade, as relações casuais, tudo através da vivência. Criou o Jardim da Infância como objetivo da criança aprender a expressar e desenvolver-se através do gesto, do canto e a da linguagem (MONROE, 1988). Para Jean Piaget (1896 – 1980) o desenvolvimento humano, ocorre através da maturação biológica e da interação que se estabelece com o meio em que vive. Ou seja, as crianças constroem e adquirem seus conhecimentos e aprendizados na relação com o outro e o mundo. Seu principal questionamento era “Como conhecemos o mundo?” e “Como passar de uma fase de menor conhecimento para uma fase de maior conhecimento?” Educação Infantil42 Ele desenvolveu os principais conceitos que influenciariam nas fases do desenvolvimento. São eles: a adaptação é caracterizada como a criança vai lidar ao receber novas informações, a assimilação é o momento em que se adquire novas informações e é preciso adapta-las as estruturas cognitivas já presentes e a acomodação é a mudança das estruturas cognitivas ao introduzir um conhecimento novo. Entre a assimilação e a acomodação temos a equilibração, como o próprio nome diz, busca um equilíbrio no processo de mudança entre as duas fases. Por exemplo, vamos pensar em um bebê que está habituado a mamar no peito e na mamadeira e começaa usar um copo com canudo: num primeiro momento ele vai a sugar o canudo da mesma forma que ele suga o peito e mamadeira, pois é forma que já conhece com algo novo, este processo é a assimilação. Com o tempo, este bebê vai perceber que precisa de outros movimentos com a boca e língua para poder sugar o canudo, diferentes dos quais usava com o peito e mamadeira, este processo é a acomodação. Nesta adaptação da mamadeira e peito para o canudo, o bebê se esforça para manter um equilíbrio. Assim, podemos perceber que a assimilação e a acomodação trabalham juntas para alcançar o equilíbrio e crescimento cognitivo. (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006) Ao identificar que as estruturas cognitivas mudam a partir de comportamentos e interações com o meio social e físico, desenvolveu a teoria dos estádios do desenvolvimento do nascimento até a adolescência: No estádio sensório motor (0-2 anos) a criança se relaciona com o mundo a sua volta através de comportamentos que executa no ambiente através de movimentos e percepções, ou como muito escutado, uma coordenação sensório motora. A função simbólica e a linguagem ainda não estão desenvolvidas, por isso a exploração e a relação com o meio em que vive acontece através dos sentidos. Da perspectiva educacional, as vivências da criança neste estádio são importantes para ela possa alcançar o próximo, e para isso, espera- se que os programas educacionais voltados para a primeira infância possibilitem práticas sensoriais produtivas para assim construir as Educação Infantil 43 estruturas de conhecimento esperadas. No estádio pré-operatório ou intuitivo (2-7 anos) o pensamento da criança passa por algumas mudanças no desenvolvimento: linguagem, função simbólica para brincadeiras (semiótica), inteligência intuitiva, e a sua relação social com o adulto. Porém, o pensamento da criança é egocêntrico: ela ainda não é capaz de pensar de uma opinião diferente. Após esses estádios, é seguido pelo operatório concreto (7-11 anos) quando a criança passa a compreender o mundo através de um pensamento lógico, e o pelo operatório formal (11-16 anos), marcado pelo início da adolescência, e pela transição de pensamento do estádio anterior para esse. Pode-se concluir que Piaget apresentou um importante conceito para a pedagogia da infância: o papel ativo da criança na construção do conhecimento (OLIVEIRA-FORMOSINHO, KISHIMOTO, PINAZZA; 2011). Para Lev Vygotsky (1896 – 1934) é importante olhar a para o contexto social, cultural e histórico que a criança está inserida para assim entender seu pensamento. A criança e aprende com a interação social. O adulto deve orientar o processo de aprendizagem da criança até que ela possa internalizar esse conhecimento. Com essa mediação, a criança tem o apoio para passar pela zona de desenvolvimento proximal (ZDP): distância entre o que ela já sabe fazer sozinha para o que ela ainda está aprendendo. A criança quando está nesta zona está aprendendo a nova habilidade e por esse motivo ela precisa de ajuda para executar determinada tarefa. (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2006) Maria Montessori (1870 – 1952) começou seus trabalhos com crianças “retardadas”, termo muito usado na época, em um hospital psiquiátrico. Esta fase foi muito importante, pois além de sucesso com suas técnicas, ela abriu seu caminho para desenvolver o seu próprio método. O Método Montessoriano, baseado em uma educação sensorial, tinha o objetivo de a criança alcançar a autoeducação através dos brinquedos. Para a criança chegar na fase escrita, ela deve ser mediada e estimulada pela família com o mundo ao seu redor desde o nascimento. Ela dizia que a linguagem escrita era uma extensão da linguagem oral. Assim, a criança desde os primeiros momentos deve ser incluída na Educação Infantil44 vida social, deve-se conversar e ouvi-la, explicar todas as coisas que pertencem ao seu meio para mais tarde reproduzi-las de forma tanto oral quanto escrita. Na prática educativa sensorial, é disponibilizado um espaço para ela possa escolher o brinquedo que vai explorar de acordo com as suas necessidades. O educador deve ser discreto de modo a observar antes de ajuda-la a manusear o material (COTRIM, PARISI; 1979; LILLARD, 2017). RESUMINDO Estamos finalizando a primeira unidade do nosso estudo. Em todos os conceitos estudados, teorias pode-se perceber as influências e crenças que perduram até hoje. Seguiremos nossos estudos com os aspectos políticos da educação infantil. Educação Infantil 45 ARIÉS, F. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC , 1981. COTRIM, G; PARISI, M. Fundamentos da educação: história e filosofia da educação. São Paulo: Saraiva, 1979. DEL PRIORI, M. História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 2006. FRABBONI, F. A escola infantil entre a cultura da infância e a ciência pedagógica e didática.In: ZABALZA, M. Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. KUHLMANN, M. História da infância, Brasil e Modernidade. In ALMEIDA, M. (org.). Escola e modernidade: saberes, instituições e práticas. Campinas, SP: Editora Alínea, 2004. LILLIARD, P.P. Método Montessori: uma introdução para pais e professores. São Paulo: Manole, 2017. MONROE, P. História da educação. São Paulo: Companhia editora nacional, 1988. OLIVEIRA-FORMOSINHO, J; KISHIMOTO, T M; PINAZZA, M A. Pedagogia (s) da infância: dialogando com o passado, construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2011. PAPALIA, D E; OLDS, S W; FELDMAN, R D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. BIBLIOGRAFIA Educação Infantil46 Analice Oliveira Fragoso Conceitos e história da criança, infância e da Educação Infantil Educação Infantil Analice Oliveira Fragoso Histórico da Educação Infantil Concepção de infância ao longo da história da Humanidade A história da criança no Brasil Políticas Públicas e Legislação na Educação Infantil no Brasil Aspectos legais Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Aspectos legais da Educação Infantil Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Aspectos gerais do RCNEI As práticas no sistema do RCNEI _Hlk3833475
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