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Teoria Sistêmica Familiar Pensamento Sistêmico Qual o seu entendimento da palavra paradigma? O que é a palavra paradigma? Do grego parádeigma = modelo, padrão. Conjunto de regras e regulamentos, que estabelecem limites e nos dizem como ter sucesso na solução de situações-problemas, dentro desses limites. (Vasconcelos, M. J. E. de) Podemos entender que há paradigmas em várias aspectos das nossas vidas (práticas domésticas, religiosas, profissionais, educacionais, científicas, os pais têm seu paradigma de como educar seus filhos, a avó tem seu paradigma de cortar o queijo, a carne de porco ). São padrões, visões, modelos de como deve ser o mundo e as regras necessárias para ele funcione. Podemos dizer que em cada comunidade, tribo, povo tem um paradigma, ou seja, uma forma de ver e entender o mundo que predomina, por meio do qual as pessoas organizam seu cotidiano e criam explicações para os fenômenos da vida e morte. Pense nos paradigmas presentes em você ou na sua família. Todos nós temos paradigmas sobre a melhor maneira de lidar com situações. Paradigma Organizamos nosso cotidiano. Criamos explicações para vida e morte. Ligue os 09 pontos com 04 segmentos de reta sem tirar a caneta do papel. . . . . . . . . . Paradigma Nas diferentes esferas do cotidiano percebemos a presença de paradigmas, padrões/modelos de vida, visões de COMO DEVE SER o mundo e QUAIS REGRAS são necessárias para funcionar. “Percebemos que diante da pandemia as pessoas tem diferentes paradigmas...” “...na Psicologia esse é o novo paradigma.” “ No ramo de vendas mudou o paradigma a respeito do atendimento ao cliente”. O tempo todo estamos vendo o mundo por meio dos nossos paradigmas. Esses paradigmas limitam ou norteiam a forma de pensar e agir no mundo. Os nossos paradigmas influenciam nas nossas percepções e ações: fazem-nos acreditar que o jeito como fazemos as coisas é o certo ou a única forma de fazer. Isso costuma nos impedir de aceitar novas ideias. Quando nosso paradigma se torna o paradigma, o único modo de ver e fazer, instala-se uma disfunção que é chamada de “paralisia do paradigma” ou “doença fatal da certeza”. Essa doença é mais fácil de contrair do que se pode imaginar. Verdade absoluta??? Isso é possível diante da complexidade humana??? Os pioneiros de um novo paradigma têm que ser corajosos, pois não se sabe ainda qual é o jeito novo de se fazer. Não se tem prova ainda de que é desse jeito novo que se deve fazer. Só se sabe que o que está sendo contestado não funciona. Ex: as primeiras feministas só sabiam que o modelo anterior não servia, mas tinham coragem e confiança nas novas ideias. Por meio delas que ocorreu a cibernética de segunda ordem. História da Terapia Sistêmica Familiar Os padrões, paradigmas mudam. Nossos antepassados lidaram com profundas mudanças de paradigmas, a medida que foram surgindo o rádio, o cinema, o avião, o raio X, a luz elétrica, dentre outras novidades. Quais são os paradigmas da nossa cultura que afetam as atividades do psicólogo? Hipóteses de mudança de paradigma com a pandemia? As mudanças de paradigmas só podem ocorrer por meio de vivências, de experiências, de evidências que nos coloquem frente a frente com os limites de nosso paradigma atual. Para saber as coisas que estão sendo vistas, precisamos perguntar pelos paradigmas que estão sendo vistas. Para cada período da história da humanidade há paradigma(s) que predominam. E há outras visões de mundo que sempre coexistiram ou coexistem. Pode-se ter mais de uma visão de mundo na mesma época/momento histórico? Paradigmas Religioso Científico Sistêmico História da Humanidade - PARADIGMA RELIGIOSO O PARADIGMA RELIGIOSO (Antiguidade até meados do século XV - 1453 - próximo do final da Idade Média) Predominava a visão de mundo de que a verdade estava no plano da divindade. O acesso ao conhecimento era apenas àqueles que seguiam uma vida religiosa e buscavam uma aproximação constante ao divino. Busca do aperfeiçoamento pessoal, uma vida meditativa e de dedicação plena à divindade. História da Humanidade - PARADIGMA RELIGIOSO Organização: Tinham como princípios e valores a vida em comunidade. As demandas da comunidade eram primárias e as individuais eram consideradas secundárias diante dos interesses comunitários. Baseavam-se mais na compreensão do que no controle do mundo. História da Humanidade - PARADIGMA RELIGIOSO Explicações: As explicações dos fenômenos materiais era de ordem espiritual. O acesso ao conhecimento nessa época não era para todos. Era de quem? História da Humanidade - PARADIGMA RELIGIOSO Durante a Idade Média, toda reflexão sobre o conhecimento se dá nos quadros de uma filosofia do tipo religioso, ficando incerta as fronteiras entre teologia e filosofia. Acima das verdades da razão, estão as verdades da fé. Para o homem medieval conhecimento é graça, iluminação, irrupção de Deus no mundo dos mortais. A certeza vem da revelação divina. Divindade era o centro de explicações para os eventos da vida cotidiana. A busca por novos continentes, geraram novas demandas: embarcações, novos instrumentos científicos apontando para novas verdades. Estamos na era dos descobrimentos dos mundos novos, e com eles surge uma nova visão de mundo. História da Humanidade Do final da Idade Média até final da 1ª metade do séc. XX. O PARADIGMA CIÊNTÍFICO Transição da Idade Média para Idade Moderna A observação levou a deduções, que geraram leis universais: a verdade está no mundo, ela é exata e a matemática a explica, sendo assim possível um conhecimento total. Razão como capaz de entender e interpretar as leis da natureza e sociedade. História da Humanidade - PARADIGMA CIÊNTÍFICO O método científico passa a determinar o conhecimento e controle do mundo. Neste paradigma predominante, o interesse era maior em conhecer ou controlar o mundo? O conhecimento era acessível àqueles que compreendessem as leis. Ciência História da Humanidade - PARADIGMA CIÊNTÍFICO A ciência aparece forte no século XVII. Nesse momento marca-se também a separação entre ciência e filosofia. Isso ocorre com os modelos de cientificidade, que descobrem que podem se bastar sem a filosofia. Foi Descartes que enfatizou que o método da filosofia seria especulação ou o método reflexivo, enquanto da ciência seria a experimentação ou o método matemático. História da Humanidade - PARADIGMA CIÊNTÍFICO Transição da Idade Média para Idade Moderna Com esse novo padrão de racionalidade centrado nas matemáticas, a natureza é atomizada, reduzida a seus elementos mensuráveis. São afastadas as causas finais (finalidade, propósito) na explicação dos fenômenos, concentrando-se seus esforços nas causas eficientes (qual é o agente, a causa que precede efeito). X Y Z História da Humanidade - PARADIGMA CIÊNTÍFICO Idade Moderna Descartes foi a principal figura na origem da ciência moderna. Por isso, o paradigma da ciência é frequentemente chamado de paradigma cartesiano. Assumiu uma posição dualista sobre o pensamento e o ser, fracionou o mundo em material e espiritual, corpo e mente, nos seres vivos. História da Humanidade - PARADIGMA CIÊNTÍFICO Idade Moderna Descartes Admitia duas substâncias: uma das coisas e outra do sujeito pensante. Domínio da coisa, medida, precisão (ciência). Domínio do sujeito, da meditação interior (filosofia). Aí a disfunção da cultura humanista e cultura científica. CURIOSIDADE História da Humanidade Idade Moderna Descartes Dividiu o ser humano em duas partes: Mente – coisa pensante, que não era objeto de estudo da ciência. Ficou com o campo da filosofia e mais tarde a psicologia. Corpo – podia ser palpado, tocado, estudado, dissecado. Objeto da ciência. Essa cisão limitou e limita a compreensão do ser humano. CURIOSIDADE História da Humanidade - PARADIGMA CIÊNTÍFICO Idade Moderna Descartes Ele se opunha à filosofia da Idade Média e propôs, que para ser científico, o conhecimentodo mundo deveria substituir a fé dos escolásticos pela razão e ocupar-se dos objetos mensuráveis e quantificáveis. Assim o conhecimento científico se edifica em torno da matemática. O método é o analítico, isto é, dividir em partes cada vez menores para compreender. Conhecer é ter a representação do mundo, um espelho da natureza, é ser especialista, saber tudo sobre algo. Ciência Certo x Errado Simplista e objetiva Verdade precisa ser comprovada Verdade absoluta Influência que se iniciou com Descartes. Tripé do Pensamento Cientifico Cartesiano/ PARADIGMA CIÊNTÍFICO -Paradigma da Ciência Tradicional Pressupostos: Simplicidade Estabilidade Objetividade Paradigma da Ciência Tradicional Simplicidade É expressa pelo isolamento e pela redução do objeto, incluindo o ser humano, em partes tão pequenas, como as células, as moléculas, os átomos e engrenagens. Simplicidade O que a Ciência tradicional faz? Ela procede à análise de todos os complexos a partir a da separação em partes. Começa por retirar o objeto de estudo DOS contextos em que ele está inserido. Por exemplo: O biólogo tira a planta da montanha para ser estudada em laboratório. O psicólogo leva o indivíduo para ser observado, estudado e atendido fora do seu contexto relacional. A ciência procede a atomização. A separação de partes estabelece categorias e posteriormente à classificação. Classificar exige do cientista que esteja escolhendo/decidindo entre uma coisa ou outra. Simplicidade O que a ciência quer quando busca a simplicidade? Unificar o que é diverso. Atitude simplificadora, analítica, fragmentadora, disjuntiva, reducionista, que resultam a compartimentação do saber, a fragmentação do conhecimento científico do universo em áreas ou disciplinas científicas. Simplicidade Nessa forma de pesquisar ou de refletir sobre o funcionamento do universo está implícita a crença da causalidade linear. X Y Z X é causa de Y e Y é o efeito X. Y é a causa de Z e Z é o efeito de Y. Estabilidade Considera que as verdades valem para tudo e para todos, independentemente do tempo ou lugar. É a crença de que o mundo é estável, já é e nele as coisas se repetem com regularidade. Objetividade Entende que o observador não altera ou interfere no fenômeno observado, pressupondo uma neutralidade do sujeito observador. No final do século XIX, o paradigma científico ou moderno se consolidou, mas também passou a ser questionado. O mundo foi colocado em xeque, as verdades validadas cientificamente eram cotidianamente reanalisadas. Quem passou a questionar a ciência moderna???? Foi a área da Física que ofereceu uma nova perspectiva a partir do estudo das partículas menores que o átomo e com respostas não mais absolutas. A matéria subatômica apresenta-se com características duais; ora de partículas materiais, ora comportando como ondas, sem uma precisão aparente. Os físicos, enquanto cientistas, declararam que o princípio de indeterminação demonstra que há o grau de influência do observador nas propriedades dos objetos observados. O princípio da indeterminação surge a partir do momento em que se reconhece os observadores como não imparciais e como parte do mundo observado. Isso questiona qual pressuposto? Foi identificado que a subjetividade influenciava nos estudos científicos Este novo conceito mostra como os cientistas constataram que o mundo não é um conjunto de objetos distintos, mas atua como uma teia de relações ligando as diversas partes de modo a formar um todo unido, tornando-o complexo, instável e subjetivo (CAPRA,1988; 2006). Outras áreas das ciências também foram constatando que os fenômenos eram complexos, instáveis e traziam a subjetividade como fatores influenciadores dos estudos científicos, como: Biologia “Nosso sistema nervoso não reflete o mundo como se fosse um espelho”. Pela forma como somos biologicamente constituídos já é um dado que determina ser impossível falar objetivamente do mundo. Essa impossibilidade se dá pela nossa constituição biológica. A Antropologia insatisfeita pelos modos operantes vigentes, reviram o papel do observador em seus campos de estudo. Como os fenômenos podem compreendidos fora seus de contextos? oA presença do antropólogo no campo altera o fenômeno observado? oComo se estabelece a interação entre pesquisador/observador e sujeito observado? Em diversos campos, o interesse por temas ligados à comunicação e à retroalimentação aumentou. Conhecimentos e novos conceitos foram agrupados em torno do que veio a ser chamado de Cibernética (ciência do controle e da comunicação nos seres vivos e nas máquinas) e da Teoria Geral dos Sistemas, de Bertalanffy. A Cibernética, ciência do controle e da comunicação nos seres vivos e nas máquinas, colocou em xeque um dos princípios básicos da ciência, A vem antes de B B é uma consequência direta da A A é causa de B. a causalidade linear: A → B Pensar o objeto em contexto significa pensar em sistemas complexos, cujas múltiplas interações e retroações não se inscrevem numa causalidade linear – tal causa produz tal efeito – e exigem que se pense em relações causais recursivas. A noção de feedback, ou retroação, ou retroalimentação do sistema... quer dizer que uma parte do efeito (output) ou resultado do comportamento/funcionamento do sistema volta à entrada do sistema como informação (input) e vai influir sobre seu comportamento subsequente. Bertalanffy aborda a importância da relação da Teoria Geral dos Sistemas com a Cibernética e coloca que a base do modelo do sistema aberto é a interação dinâmica de seus componentes. Tanto a Cibernética como a Teoria Geral dos Sistemas favoreceram na consolidação do novo paradigma. Alguns representantes da ciência começaram a questionar a ciência cartesiana Darviw e a teria da evolução Freud e a Psicanálise Einstein e outros físicos Biólogos como Maturama Ciberneticistas como Heins Von Foster A ciência então começa a ser questionada (seus pilares/pressupostos). Por que ela passa a ser questionada mesmo??? Houve algum evento específico que gerou seu declínio enquanto o único paradigma? História da Humanidade – Paradigma Científico Fim da Modernidade – início do séc. XX. O efeito da explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki abalou a crença na ciência moderna, passando a representar o início do declínio de uma era, em que se acreditou que a ciência traria a redenção e o bem-estar para toda a humanidade. Começou a entrar em crise quando os problemas não previstos começaram a ser observados. Mas a ciência não tinha o controle de tudo? Século XX A partir do séc. XX passamos por grandes transformações: Nos estudos da ciência. Entendimento do ser humano como um sujeito em relação. História da Humanidade - Paradigma Sistêmico A partir da 2ª metade do século XX - ERA PÓS MODERNA Novos problemas exigiram novas soluções. Progressivamente, nos vários campos da Ciência e vários níveis das relações humanas, começou a delinear-se um conjunto de ideias, crenças e valores que participam da construção do novo paradigma sistêmico. Se continuassem pensando em termos de partes isoladas, sem interconexões, o que inicialmente pareceria uma solução, se transformaria em um problema. História da Humanidade - Paradigma Sistêmico A partir da 2ª metade do século XX Movimento que surgiu em oposição a ideologia moderna. O pensamento sistêmico se situa no marco da Pós- Modernidade. de simplicidade para a complexidade; da estabilidade para a instabilidade, e da objetividade para a intersubjetividade. Pressupostos História da Humanidade - Paradigma Sistêmico A partir da 2ª metade do século XX - ERA PÓS MODERNA Complexidade: sistemas amplos, redes, causalidade CIRCULAR... Instabilidade: imprevisibilidade, incontrolabilidade, evolução... Intersubjetividade: inclusão do observador, coconstrução, significação da experiência na conversação... https://www.youtube.com/watch?v=fmmpQ6vLbKI • Entrevista com MariaJosé Esteves Paradigma Sistêmico - Pensamento Sistêmico Não faz uso do verbo ser. Utiliza o verbo estar. A atenção está voltada para os contextos, relações e significados que são válidos localmente. Pedro é violento com seus colegas de classe e com a professora. Pensamento Sistêmico ser : define uma característica de Pedro. (paradigma científico) Pensamento Sistêmico Estamos falando muito mais sobre uma pessoa que se comporta de um modo que alguém chamou de violento. Estamos falando de .... contextos, relações e significados que são válidos localmente. Pensamento Sistêmico Perguntas!! Ele sempre se comporta desta maneira em outros contextos? E com todas as pessoas? Com quem e onde ele aprendeu a se comportar deste jeito? Será que nos espaços que ele convive esse comportamento é nomeado da mesma forma? POSSIBILIDADES de compreensão e soluções. Escreva uma história de uma situação pessoal. estar Modernismo Conhecimento como objetivo e fixo. Conhecedor e conhecimento são independentes Linguagem é a representação da verdade objetiva e da realidade. Pós-Modernismo Aquele que conhece participa da criação do mundo em que vive. Observa e conhece: de que aquilo que é criado e conhecido é somente uma das várias perspectivas e possibilidades; de que aquilo que é conhecido ou que se crê que seja conhecido muda através de interações comunicativas. Pedro é violento. Pedro está violento na escola. Modernidade X Pós-modernidade De um mundo de verdades absolutas e certezas. Uni-verso – a versão única da história. Afirmações Causas Para mundo de incertezas e múltiplos significados. Multiversos – mais de uma versão da história. Perguntas Compreensão e possibidades Pensamento Sistêmico Ao longo do século XX, no campo da ciência e na comunidade de clínicos do campo psicológico, tivemos a predominância de um paradigma que privilegiou o enfoque do ser humano isolado de seu contexto, com ênfase em pesquisas e práticas voltadas para as abordagens individuais. Esse é o paradigma científico. Pensamento Sistêmico A mudança para um modelo novo paradigmático, do pensamento sistêmico, que se baseia na complexidade do mundo e do ser humano, visto em seu contexto e em suas interações sociofamiliares, pode ser observada, por exemplo, nas políticas de saúde coletiva, que passaram a nortear suas ações não mais apenas com foco no indivíduo isolado, mas em suas relações com o grupo familiar e com a comunidade. Características do Paradigma Sistêmico Não existe uma verdade absoluta e universal. O todo é maior que a soma das partes isoladas. O observador influencia no fenômeno observado. O conhecimento é construído socialmente e intermediado pela linguagem. Características do Paradigma Sistêmico O conhecimento é acessível a quem se dispuser ao diálogo, à intersubjetividade e à conversação, levando em conta a complexidade do mundo em que vivemos. Conhecer é buscar significados que possam ser compartilhados. Não é possível uma representação do mundo como espelho da natureza. Paradigma Religioso Antiguidade até o fim da Idade Média Paradigma Científico/Moderno Do Final da Idade Média até o final da 1º metade do séc. XX Paradigma Sistêmico Inicio da 2ª metade do séc. XX Referências Esteves de Vasconcellos, Maria José. Pensamento sistêmico. O novo paradigma da ciência. Campinas, SP: Papirus, 2013. 10 ed. Livro institucional.
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